O Culto às Virgens Negras

Publicado no S&H dia 11/10/09,

Para compensar o atraso no post dos Hashashins, estou colocando um post extra esta semana, em um feriadão misto de peregrinação a locais santificados, do Dia das Crianças e, principalmente, ao Aniversário de Aleister Crowley. Feliz aniversário, grande magista!

Há, em algumas partes da Europa, África América do Norte, Central e do Sul (e Brasil, claro!), uma devoção incomum a certas imagens “de cor escura”, encontradas não apenas em basílicas, igrejas e pequenos santuários, mas também em grutas, nas encostas das montanhas ou na forquilha de árvores no meio de florestas. De onde se originam essas imagens, calculadas em cerca de 450 (cerca de 300 na França e 150 espalhadas pelo mundo)? Por que são negras ou escuras e tão veneradas? haveria algum tipo de conspiração por trás disto?

A Igreja Católica tem sua resposta na ponta da língua: “As imagens”, diz o clero, “eram claras, mas com o passar do tempo ficaram “bronzeadas”, em virtude da fumaça das velas dos seus devotos, por causa da poluição e até pelo fato de que muitas estiveram expostas às intempéries, mergulhadas na água ou enterradas”. Essa explicação, contudo, parece uma desculpa esfarrapada, porque hoje se sabe que as imagens espalhadas pelo mundo SEMPRE foram negras e as que se encontram na África seriam, por força das circunstâncias, escuras. Este fato é confirmado por documentos antigos datados de 1340, 1591, 1619, 1676 e 1778. Até mesmo um santo católico, São Luiz, fala das estatuetas escuras que conseguiu no Oriente e deixou em Forenz (França), num relatório escrito em 1235.

Outro santo católico, São Bernardo de Clairvaux (1090 – 1153), não por coincidência um dos grandes patronos e patrocinadores dos Cavaleiros Templários em seus primórdios, não só possuía sua própria Virgem Negra (que ele venerava), mas, segundo a lenda, a imagem entronizada em Chatillon (França) lhe teria dado três gotas do leite de seu seio. Este alimento foi tão poderoso que Bernardo transformou a pequena e moribunda Ordem de Cireaux numa poderosa multinacional, com centenas de abadias e mosteiros espalhados por diversos países pela Europa, todos dedicados a “Notre Dame”. Existem também algumas catedrais construídas pelos Templários dedicadas a “Notre Dame”, uma delas, a mais famosa, foi imortalizada nos textos de um maçom chamado Victor Hugo.
Mas quem seria esta “Notre Dame”?

Para conhecer esta resposta, em primeiro lugar, é interessante saber que, para incentivar a segunda cruzada, São Bernardo pregou na catedral de Metz (França), outrora um centro druida onde, até o século 16, havia uma estátua de Ísis, a deusa negra egípcia.
O povo do Sul da França sempre mostrou uma devoção incomum por essas imagens escuras, e isto é compreensível porque, segundo as lendas, elas não só curam, mas praticam milagres prodigiosos. Um deles é o poder que têm de ficar excessivamente pesadas quando não querem sair do lugar onde foram descobertas ou no qual se encontram no momento. E, quando mostram sua predileção por um determinado local, elas o defendem dos que perturbam a sua paz. Conta se que, em 1580, durante uma guerra, a Virgem Negra de Hal, entronizada na Igreja de St. Martin, em Bruxelas (Bélgica), interceptou os grandes petardos de ferro lançados pelos canhões inimigos, colocando-os em seu colo. Esses petardos ainda podem ser vistos naquela.
Outra Virgem Negra também serviu como defensora da cidade onde se encontrava. É Nossa Senhora de Vilvoorde, que há séculos se encontra num convento de carmelitas em Vilvoorde (Bélgica). Durante o sítio a que foi submetida aquela cidade, ela apareceu nas muralhas, de onde não pôde ser retirada em virtude de seu grande peso. De lá impediu a invasão das tropas inimigas e, em seguida, mudou de lugar para apagar o fogo que consumia a igreja e o convento. Essa imagem foi um presente da duquesa de Brabant ao convento, em 1247.

Muitos milagres são descritos nos textos e documentos que ficam guardados nas igrejas ou santuários onde as imagens estão entronizadas. A Nossa Senhora de Vie, em Avioth (França), perto da fronteira belga, ressuscitava bebês mortos para que pudessem ser batizados e, assim, saíssem do limbo onde se encontravam. Debaixo do seu templo há uma fonte cujas águas tornam as mulheres férteis.
Mas as Virgens Negras, além de serem guerreiras, piedosas, curarem os doentes e ressuscitarem os mortos podem ser vingativas com os que profanam suas imagens. Conta se que a de Evaux les Bains (França) teve sua cabeça decepada e
o corpo lançado num poço por quatro incrédulos. Os profanadores foram duramente punidos: o que arrancou a cabeça da imagem cortou seu próprio pescoço; o segundo morreu ao cair de um penhasco; o terceiro, que se gabava de ter quebrado o queixo da estátua, teve sua língua decepada. O último morreu quando um raio o atingiu.
Claro que estas são apenas lendas, antes que os céticos e pseudo-céticos venham exigir provas científicas de que estes fatos ocorreram…

Maria Madalena, A Dama Venerada pelos Templários
Como eu já havia comentado em colunas antigas, após a retirada de Yeshua da cruz, seus companheiros levaram sua esposa, Maria Madalena, em segurança para o Egito, junto com a criança que estava para nascer (o Sangue Real). Os ciganos contam esta história com orgulho, pois a filha de Maria Madalena é ninguém menos do que Santa Sara Kali, protetora dos ciganos, que chegou com sua mãe no Sul da França em um barco e por ali ficaram.
A história da Santa que carregava em seus braços uma criança, vinda do Egito e de cor escura (ela não era realmente “negra”, mas imaginemos o contraste de uma judia de Jerusalém que passou um ano no Cairo em comparação com os europeus branquelos que viviam no sul da França naquele período).

Além da ligação das imagens com o paganismo, existem elos não religiosos associando as Virgens à dinastia dos merovíngios e a Maria Madalena. Observou-se que, onde há uma Virgem Negra, geralmente se encontra um santuário ou uma igreja onde Maria Madalena é venerada. Seus lugares sagrados são centros de energia telúrica, enlaçados com as “Linhas de Ley” e construídos com as regras da arquitetura sagrada. Desde os tempos remotos até hoje, multidões peregrinam a seus Santuários, mergulhando em seus mistérios e entregando-se a seus miraculosos trabalhos de cura, transformação interior e inspiração.

Os cátaros e os templários sempre estiveram envolvidos com o culto da Virgem Negra. Sabe-se que Igreja católica considerava os cátaros hereges e promoveu uma pré-Inquisição no século 12 que praticamente os aniquilou (veremos isto daqui alguns posts, quando eu chegar na Quarta Cruzada). Contudo, um pequeno grupo conseguiu escapar do massacre e asilou-se numa área perto dos Pirineus. Outro grupo de famílias cátaras se ocultou na zona entre Arques e Lirnoux (França) e é naquelas áreas que se encontram duas importantes Virgens Negras: a Nossa Senhora da Paz e a Nossa Senhora de Merceille. Os sobreviventes dos combates e perseguições foram mesclados às fileiras Templárias e ali obtiveram abrigo e proteção.

E como este culto chegou ao Brasil?
Uma imagem vale mais do que mil palavras… não vou me adiantar porque ainda quero explicar em detalhes como Pedro Álvares Cabral chegou a ser Grão Mestre Templário (Ordem de Sagres) e até mesmo há indícios de que se encontrou com Leonardo DaVinci antes de vir ao Brasil… mas isso fica para colunas futuras… ainda tem muito caminho até chegar no Descobrimento do Brasil.
O importante, agora, é observar este desenho das caravelas “Santa Maria”, “Pinta” e “Nina” (Caravelas da frota de Cristóvão Colombo) e ver se você reconhece o desenho que está nas velas destes três barcos… aposto que sua professora de história nunca explicou para você o que este símbolo significava, certo?

O Culto à Virgem Negra permaneceu entre os Templários e Beneditinos até que, em meados de 1717. (outra data cheia de significados, que marca inclusive o ano em que a Maçonaria decidiu se revelar ao mundo, mudando de Ordem Secreta para Ordem Discreta), um monge beneditino chamado Frei Agostinho de Jesus teria feito uma Virgem Negra que foi perdida em uma viagem de barco no rio Paraíba e encontrada posteriormente por pescadores.
A explicação católica pode ser lida na íntegra AQUI, mas a desculpa esfarrapada é a mesma dos católicos europeus:

“Pode ter sido originalmente pintada, mas depois de ficar anos no leito do rio o material escureceu, adquirindo uma cor castanho dourada”.

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Textos relacionados no blog Teoria da Conspiração e na Wikipedia de Ocultismo.
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#Templários

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Questionário DeMolay

Para conhecimento dos DeMolays, Maçons e do público ocultista em geral, trago no final do texto um Questionário adotado por alguns Capítulos DeMolay no Brasil. Alguns usam outros questionários e outros nem usam. Este deve ser tomado juntamente com o Exame de Proficiência do Grau Iniciático, para que o DeMolay possa percorrer seu primeiro degrau nos Graus dentro da Ordem. Para os que tiverem interesse em adotar esse Questionário em seu Capítulo só tenho a dizer que muito acrescentará na Jornada Iniciática do Irmão que for interessado.

A Egrégora da Ordem DeMolay possui vínculos com Egrégoras Templárias antiquíssimas, por isso que durante nossas diversas Iniciações e Consagrações temos suas companhias e, em alguns casos, nosso astral é marcado com seus símbolos. Como deve ser dado um passo de cada vez, esse Questionário é fundamental ao Irmão que iniciou e quer percorrer os Graus da Ordem absorvendo tudo que a Ordem tem a oferecer.

A Ordem DeMolay trás em seu corpo a totalidade de 11 Graus a serem percorridos, repartidos entre a Ordem DeMolay e os Nobres Cavaleiros da Ordem Sagrada dos Soldados Companheiros de Jacques DeMolay (ou Ordem da Cavalaria). Dentro da Ordem da Cavalaria existem outras divisões que seguem a estrutura do Rito Escocês Antigo e Aceito, dividindo os graus em Históricos e Filosóficos. Além de existir o Grau de Chevalier que é uma Honraria dada ao DeMolay que se destaca pelo seu trabalho e dedicação por anos a fio.

A estrutura dos Graus é a seguinte:

Ordem DeMolay

Grau Iniciático

Grau DeMolay

Ordem da Cavalaria

Cavaleiro

Série Histórica:

Cavaleiro da Capela

Cavaleiro da Cruz de Salém

Ex-Templário

Tableau

Tríade

Série Filosófica:

Ordem do Ébano

Cavaleiro de Anôn

Cavaleiro da Cadência

No Grau Iniciático é apresentado ao DeMolay os preceitos de Virtude e Boa Conduta através de símbolos para que este possa percorrer sua Jornada Iniciática, se afastando de tudo que é profano. O Casamento Alquímico, a união do Sol com a Lua, ocorre no momento chave da Iniciação, e é o que marca nossa entrada na Egrégora. O Grau DeMolay traz uma nova perspectiva sobre exercer a Virtude, e é Templário por excelência.

Na Ordem da Cavalaria nos reunimos em Conventos ou Priorados, e iniciamos o conflito contra o Mal e o dever de preservar o Bem como Cavaleiros. Entramos em um ambiente mais filosófico e ainda mais intelectual, e o interior do Convento/Priorado chama-se Umbral. E nessa perspectiva cavalgamos o restante dos Graus da Ordem, trazendo sempre a energia e símbolos Templários e Herméticos.

Muitos chegam ao Grau Iniciático, e boa parte alcança ao Grau DeMolay. Alguns são Investidos na Cavalaria e o número vai diminuindo pelos Graus. Alguns se afinam com a Egrégora já no Grau Iniciático, e outros com todos os Graus e Honrarias jamais o fazem.

Aos que tiverem interesse em implementar e conhecer certos assuntos essenciais em seus Capítulos, deixo o Questionário para o Grau Iniciático abaixo. Em breve trarei um Programa de Instruções para ser feito também no Grau Iniciático e DeMolay. Aos que apoiam esse conteúdo, peço que divulguem em seus blogs e lista de emails DeMolay e Maçom.

QUESTIONÁRIO DO GRAU INICIÁTICO

1ª Parte:
História Templária

01 – Quantos eram e como se denominavam os primeiros Templários?

02 – Qual era o objetivo dos Templários?

03 – Quem era o “patrono espiritual” do Templo?

04 – De onde originou o nome “Templário”?

05 – Quem foi o primeiro Grão Mestre da Ordem dos Templários?

06 – Quando e como foi a prisão dos Templários?

07 – Quem foram os 3 responsáveis pela morte de Jacques Demolay e pelo suposto “fim dos Templários”?

08 – Quem foram os outros Templários presos juntos com Jacques Demolay?

09 – Como ficou a situação da Ordem templária após 1314?

2ª Parte:
História DeMolay

01 – Quantos foram os fundadores da Ordem DeMolay e quem foi seu idealizador?

02 – Quem elaborou o ritual?

03 – Descreva sucintamente a história de Louis Gordon Lower.

04 – Quantos e quais são os graus da Ordem DeMolay?

05 – Quantos Brasões já existiram na Ordem Demolay até hoje?

06 – Qual a cidade onde foi instalado o Primeiro Capítulo Demolay do mundo?

07 – Qual a data de Fundação da Ordem Demolay no Brasil?

08 – Quem foi o fundador da Ordem Demolay no Brasil?

09 – Quando foi fundado e instalado o seu Capítulo de origem?

3ª Parte:
Simbolismo

01 – Descreva os vários significados atribuídos ao número 7 através dos tempos.

02 – Por que a lua crescente se situa no centro do Brasão DeMolay?

03 – O que significam as espadas cruzadas?

04 – Qual a importância dos paramentos no ritual?

05 – Qual a postura que deve ser adotada dentro de reunião e por que?

06 – Por que se ajoelha de forma usual?

07 – Por que a reunião é iniciada e terminada com a palavra de emulação?

08 – Por que o 1° Diácono pode cruzar a linha imaginária durante a cerimônia de iniciação?

09 – Qual o significado do malhete?

Nada do que passo aqui é obrigatório e tido como interpretação oficial por algum Supremo ou Capítulo, portanto não vejam como tal.

Leia também:

A História dos Graus de Cavalaria escrito pelo Irmão Matheus de Noronha.

N.N.D.N.N.

Leonardo Cestari Lacerda

Leonardo Cestari Lacerda é Sênior DeMolay do Cap. Imperial de Petrópolis, nº 470, e Maçom da A.’.R.’.L.’.S.’. Amor e Caridade 5ª, nº 0896.

Virtude Cardeal é uma coluna com o propósito de desenvolver a reflexão sobre características fundamentais de todo DeMolay, bem como apresentar a Ordem aos olhos dos forasteiros.

#Demolay #Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/question%C3%A1rio-demolay

O que vos liga à fraternidade?

A Ordem DeMolay conta com Iniciações e, portanto, pode ser chamada de Ordem Iniciática. No entanto, não é uma Ordem magística – seu intuito é formar bons homens, amigos fiéis, jovens cidadãos de nossa grande nação, dignos dos elogios de todos os homens de bem. Como a Maçonaria, ela é uma organização fraternal, tanto que sua 4ª Virtude é o Companheirismo, e, por isso, seus membros tratam-se entre si como Irmãos, chamando os maçons de Tios [nos Estados Unidos, o termo é Dad, Pai]. Entre nossos Tios, incluem-se Marcelo Del Debbio, criador deste portal.

Não é uma ideia curiosa? Um belo dia, você é admitido como membro de um grupo e, a partir daquela data, passa a tratar pessoas que você nunca viu na vida como Irmão. Não parece surreal e falso? Na melhor das hipóteses, forçado. Afinal, quem é aquele DeMolay Iniciado no Capítulo Abaeté, nº 583, ou no Capítulo Xanxerê, nº 469? Nos Congressos Regionais, Estaduais e Nacionais, dezenas e centenas de outros jovens que eu devo chamar de Irmãos? Não é um conceito estranho?

Este é o mistério dos Iniciados, o mistério que está além do véu e mesmo quem devassar nossos Rituais e observar nossas Cerimônias, sem contudo tomar parte de nossas reuniões, jamais será capaz de compreendê-lo. Os Maçons o conhecem, os Cavaleiros Templários o conhecem, os Pitagóricos o conhecem – e nós, os DeMolays, também o conhecemos.

O que nos liga nessa fraternidade indissolúvel são os juramentos que realizamos. Nós nos dedicamos aos mesmos ideais e seguimos as mesmas Virtudes. Nosso grande objetivo é sermos melhores e sabemos que, para isso, podemos contar com todos os nossos Irmãos – e eles sabem que podem contar conosco.

Como dissemos, esta não é uma exclusividade da Ordem DeMolay. Todas as organizações fraternais são assim. Aí está a grande dificuldade para entendê-las – e os homens temem aquilo que não compreendem, acovardam-se diante do terrível enigma “Decifra-me ou devoro-te” e recorrem à violência para não desnudarem seus corações.

As empresas e as corporações fazem longas pesquisas e traçam estratégias para conseguir com que seus funcionários “vistam a camisa”. Nós, seres humanos, temos vontade de sermos parte de algo maior do que nós mesmos. Queremos ser parte de algo grandioso, algo que vá além de nossas vidas breves, pois somos coisas frágeis.

O que os empresários falham em perceber é que seus empregados estão ali motivados por objetivos particulares; a grande meta é o salário, utilizado para diversos fins, a influência e o poder. Não há como vestir a camisa e se identificar plenamente quando não se tem tanto em comum, exceto frequentar o mesmo lugar. Até certo ponto, funciona – basta lembrar dos anos de escola e da rivalidade com outros colégios – mas, internamente, não existe coesão. Não existe fraternidade.

Por isso, dentro das Ordens fraternais, temos pessoas de todo tipo, de todo credo, de toda história e de todo pensamento. Somos cristãos e somos agnósticos, somos judeus e somos muçulmanos, somos espíritas e espiritualistas, somos petistas e psdbistas, somos esquerdistas, direitistas e centristas, somos apoiadores e condenadores do governo atual e do passado, somos ricos e somos pobres, somos negros, brancos, mulatos, somos muito novos e somos bastante velhos. Porque nós estamos unidos em torno de uma causa comum, uma chama [que se manifesta em sete, no caso dos DeMolays] que reconhecemos arder no íntimo dos nossos Irmãos.

O verdadeiro espírito de Companheirismo e de fraternidade é sublime e mesmo as discordâncias intelectuais e materiais são incapazes de fazer frente à ligação que nos une de modo permanente.

A Ordem DeMolay permanece ativa através das décadas porque ela não existe somente nos sábados e domingos em que seus membros se reúnem, mas se manifesta a cada instante que os DeMolays agem de acordo com seus princípios, na escola, na faculdade, em casa, com os amigos, com a namorada, com um estranho e com um Irmão. Nossas cerimônias não são palavras mortas no papel ou fórmulas vazias, posto que tomam vida nos nossos gestos, palavras e pensamentos.

Ser um DeMolay não é um privilégio que nos torna homens especiais ou superiores aos demais; na verdade, trata-se de uma dádiva, um presente de serviço porque o verdadeiro DeMolay trabalha para ser um homem melhor, sabendo que esta é a melhor maneira de fazer com que as luzes das Virtudes Cardeais brilhem diante dos homens, de modo que eles vejam nossos bons trabalhos e glorifiquem o Pai Celestial.

Hugo Lima

#Demolay #VirtudeCardeal

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O Alfabeto Templário, o Alfabeto Marciano e o Menino do Acre

Olá crianças,

Desde o suposto desaparecimento do guri lá nos cafundós do Acre, quase todos os dias recebo emails e mensagens pedindo algum comentário sobre todo o circo que a mídia retardada brasileira ergueu. Bem, a gente tem como base “não bater palma para maluco dançar” aqui no TdC, por isso não comentamos falsos Videntes da Luz que “avisam” sobre os desastres DEPOIS que eles ocorrem, ou fazem “previsões” de eventos DEPOIS que eles ocorrem, ou picaretas que vendem “Pactos com Lucifer”, “Pactos Pactoruns” e outras baboseiras porque a cada cinco pessoas que são alertadas e se afastam desses picaretas, outras dez escrevem pedindo recomendações e indicações dos videntes e amarradores “sérios”…

Logo que mostraram as primeiras imagens, ficou claro que o tal “círculo mágico” desenhado aos pés da estátua era uma cópia de um desenho animado japonês (Full Metal Alchemist) e o tal “alfabeto mágico” dos livros nada mais era do que uma versão do Alfabeto Templário, que publiquei no RPG Trevas em 2001. Graças aos deuses este alfabeto saiu também em infinitos lugares e, mais especificamente, no “Manual do Escoteiro Mirim” que tem um alcance infinitamente maior do que os meus livros e blog. E Graças a Zeus que a mídia tosca chegou primeiro ao “Manual do Escoteiro Mirim” e não ao “Manual de RPG” senão teríamos outra caça às bruxas vinda da mídia retardada, como foi no começo dos anos 2000.

Mas tio Del Debbio, não é um alfabeto muito fácil de ser decifrado?

Sim e não. É necessário lembrar que na Idade Média, 99,9% da população era analfabeta, então nem o latim ou inglês as pessoas eram capazes de ler. a substituição funcionava por que mesmo as pessoas que sabiam ler não tinham a ideia de que poderia haver uma substituição deste tipo e acreditavam que os textos fossem runas esculpidas em uma outra língua. E você mesmo só sabe que o alfabeto é de substituição simples porque leu na internet, senão não saberia…

Em 1974, o Manual do Escoteiro Mirim publicou estas cifras como sendo “Alfabeto Marciano”, já que colocar isto como “Alfabeto Maçônico” traria um tremendo problema junto com os crentes de plantão do Brasil. Vale lembrar que o Walt Disney era Rosacruz e Demolay e muito do que foi colocado nos Manuais antigos vinha de conhecimentos hermetistas.

Provavelmente o Full Acre Alchemist escolheu as cifras dos infinitos alfabetos templários disponíveis na internet, ou até mesmo deu uma adaptada e tinha esperança que a mídia fosse pensar que aquilo era um “alfabeto doziluminatti” ou “alfabeto maçônico” mas, para azar dele, a Editora Abril reimprimiu recentemente o Manual do Escoteiro Mirim e a zueira never ends… muito mais engraçado para os sites avacalharem o moleque com referência ao Manual do Escoteiro Mirim do que associarem a escrita à Eliphas levi ou aos Templários.

Sorte nossa, que livrou o RPG de mais uma caça às bruxas, e azar do garoto, que a cada dia que passa perde cada vez mais o status de “cool” para o marketing do livro dele.

Se você gosta de assuntos relacionados a hermetismo e alquimia, apoie o Projeto RPGQuest, um jogo de tabuleiro de Alquimia.
https://www.catarse.me/rpgquest

#Blogosfera

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A Santa Ceia e os Símbolos Astrológicos

O que chamamos de “signo” nada mais é do que a posição do SOL no céu, no momento de nascimento de cada pessoa, mas para termos uma idéia das energias que estão presentes (e que precisam ser desenvolvidas ou utilizadas) na encarnação de cada um, precisamos observar também os planetas (lua, mercúrio, vênus, marte, júpiter, saturno, urano, netuno e plutão), bem como em qual casa astrológica estas energias se encontram. O princípio básico sobre o qual tudo isto está edificado chama-se SINCRONICIDADE ou ACAUSAL (voltarei a falar sobre isso em próximas colunas) mas, por enquanto, para vocês viajarem até a semana que vem, fica o seguinte pensamento:

Se acreditarmos que todos os planetas seguem órbitas perfeitamente mensuráveis, com ciclos matematicamente ordenados e previsíveis (ou seja, você pode prever com exatidão onde cada planeta estará posicionado no céu em qualquer data e em qualquer local da superfície da terra);
Se acreditarmos que existe reencarnação e que, pela lei da afinidade, grupos de pessoas precisam desenvolver e trabalhar suas essências de acordo com determinadas energias;
Podemos assumir, por absurdo, que os seres responsáveis por organizar estas encarnações (os chamados “Engenheiros de Karma”) precisariam de um sistema que fosse ao mesmo tempo preciso e confiável o suficiente para posicionar o nascimento de cada espírito em determinado lugar em determinado dia/mês/ano. Por que não utilizar um “computador celeste” que já funciona com precisão absoluta?
Supondo-se que esta estrutura exista, hackeando este computador, obtém-se a astrologia.

Sem mais delongas, vamos à Santa Ceia:

“E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus. E quando já era dia, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze deles a quem também deu o nome de apóstolos: Simão, ao qual também chamou Pedro, e André seu irmão; Tiago (menor) e João, Filipe e Bartolomeu; e Mateus e Tomé, Tiago (maior) filho de Alfeu e Simão chamado o Zelador e Judas (Tadeu) filho de Tiago e Judas Iscariotes, que foi o traidor”. LC:6 12-16

Para compreender melhor, colocamos Aqui uma reprodução da imagem.
Os apóstolos devem ser observados da direita para a esquerda.

Quem está na cabeceira da mesa é São Simão, que corresponde ao signo de Áries (Signo de fogo e de ação). Simão indica com as mãos a direção a tomar. Áries rege a cabeça na anatomia astrológica, e a testa de Simão é bem realçada na pintura. Sua prontidão ariana também é mostrada pelas mãos desembaraçadas, para agirem conforme a vontade e coragem dos arianos.

Ao seu lado direito, Judas Tadeu, representando Touro. Seu semblante é sereno enquanto escuta Simão (Áries) e vai digerindo lentamente suas impressões, suas mãos na postura de quem recebe algo, caracterizando a possessividade de Touro (que é terra/receptivo, o signo que acumula). No corpo humano, Touro rege o pescoço e a garganta, e o de Judas Tadeu está bem destacado.

Mateus vem em seguida, correspondendo à Gêmeos, signo duplo que rege a interação com as pessoas e a habilidade de colher informações. Mateus tem as mãos dispostas para um lado e o rosto para o outro, revelando o hábito geminiano de falar e ouvir à todos ao mesmo tempo. Mateus era escriba e historiador da vida de Jesus (escreveu um dos 4 livros aceitos como verdadeiros pela Igreja Católica) e Gêmeos rege a casa III, setor de comunicação e conhecimento.

Logo após está São Filipe, representando Câncer. Suas mãos em direção ao peito mostram a tendência canceriana para acolher, proteger e cuidar das coisas. Regido pela Lua, Câncer trabalha com o sentir. Filipe está inclinado, retratado como se estivesse se oferecendo para realizar alguma tarefa.

Ao seu lado está Tiago Menor, o Leonino, de braços abertos, revelando nesse gesto largo o poder de irradiar amor (Leão rege o coração e o chacra cardíaco), ele se impõe nesse gesto confiante, centralizando atenções.

Atrás dele, quase que escondido, está São Tomé, o Virginiano, o famoso “ver para crer”, que, apesar de modesto, não deixa de expressar o lado crítico e inquisitivo de Virgem – com o dedo em riste ele contesta diante de Cristo.

Libra é simbolizado por Maria Madalena, esposa de Jesus. Com as mãos entrelaçadas, ela pondera e considera todas as opiniões antes de tomar posições – Libra rege a casa VII, é o setor do casamento e parcerias, deixado também como mais uma evidência de que os templários possuíam conhecimento sobre o casamento de Jesus e seus descendentes.

Ao seu lado, está Judas Iscariotes, guarda-costas de Jesus, representando Escorpião. Com uma das mãos ele segura um saco de dinheiro (Escorpião rege a casa VIII, que trata dos bens e valores dos outros) e com a outra mão ele bate na mesa, protestando.

Em seguida, Pedro, o Pescador de Almas, representando o alegre Sagitário. Foi ele quem fez o dogma e instituiu a lei da Igreja – Sagitário rege a casa IX, setor das leis, religiões e filosofia. Seu dedo aponta para Jesus – a meta de Sagitário é espiritual. Ele se coloca entre Maria e Judas, trazendo esclarecimentos (luz) à discussão (Sagitário é o “alto-astral” do zodíaco).

Ao seu lado está Santo André, Capricórnio. O signo mais responsável do zodíaco, que com seu gesto restritivo, impõe limites. Seu rosto magro e ossos salientes revelam o biotipo capricorniano. Seus cabelos e barbas brancas e seu semblante sério mostram a relação de Capricórnio com o tempo e a sabedoria.

Ao lado, Tiago Maior, Aquariano, que debruça uma de suas mãos sobre seus ombros, num gesto amigável, enquanto a outra se estende aos demais. Ele visualiza o conjunto, percebendo ali o trabalho em grupo liderado por Jesus. Aquário rege a casa XI, que é o setor dos grupos, amigos e esperanças.

Finalmente, sentado à esquerda, temos São Bartolomeu, o viajante, representando Peixes. Seus pés estão em destaque (que são regidos por Peixes na anatomia astrológica). Ele parece absorvido pelo que acontece à mesa e, com as mãos apoiadas, quase debruçado, revela devoção envolvido pelo clima desse encontro.

Como já disse anteriormente, os iniciados possuem diversas maneiras de passar mensagens uns para os outros bem debaixo das barbas dos profanos. Como disse o Mestre, “quem tiver ouvidos que ouça”.

Até a próxima semana, crianças,
Votos de paz profunda.

Marcelo Del Debbio

#Astrologia #Conspirações

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-santa-ceia-e-os-s%C3%ADmbolos-astrol%C3%B3gicos

Arcano 15 – Diabo – Ayin

Três personagens estão representados de pé. No meio, sobre um pedestal vermelho em forma de cálice, um hermafrodita com asas e chifres; embaixo, uma figura feminina e outra masculina, pequenas e dotadas de atributos animais, presas, por uma corda que lhes passa ao pescoço, a um aro que se encontra no centro do pedestal.

O personagem central, despido, veste somente um cinto vermelho; tem na cabeça uma curiosa touca amarela, da qual sobem dois chifres de veado; duas asas amarelas (ou azuis, na ed. Grimaud), de desenho semelhante à dos morcegos, brotam das suas costas. Tudo indica que o personagem é do sexo masculino, mas seus seios estão desenvolvidos como os de uma mulher. Suas mãos e pés apresentam características simiescas; a mão direita, erguida, mostra o dorso; a esquerda segura a haste de uma tocha. O par acorrentado é visto de três quartos. Estão completamente nus, mas têm uma touca vermelha da qual sobem chifres negros.

Têm rabo, patas e orelhas de animal e escondem as mãos atrás das costas. No nível em que se encontram, o chão é preto, mas na altura do pedestal torna-se azul (ou amarelo) com listas negras. O fundo é incolor.

Significados simbólicos

As provas e provações. As tentações e seduções.

Magias. Desordem. Paixão. Luxúria. Dependência.

Intercâmbio, eloqüência, mistério, força emocional.

Interpretações usuais na cartomancia

Paixões indomáveis. Atração sexual. Ação mágica, magnetismo. Capacidade milagreira. Poder oculto, exercício de influências misteriosas. Proteção contra as forças obscuras e os encantamentos.

Mental: Grande atividade, mas totalmente egoísta e sem preocupação pela justiça.

Emocional: Pluralidade, diversidade, avidez, inconstância. Busca em todas as direções para atrair tudo. Sem a menor preocupação com o próximo. Libertinagem.

Físico: Grande irradiação neste plano, em particular no domínio material e nas realizações concretas. Poderosa influência sobre os outros.

Forte atração pelo poder material.

Tem, contudo, uma deficiência: todos os sucessos a que promete serão obtidos por vias censuráveis. Desta forma a fortuna será feita e os delitos permanecerão na impunidade.

Inclui também a punição: de acordo com a sua relação com as outras cartas, pode significar que os sucessos serão efêmeros e que o castigo virá na seqüência.

Do ponto de vista da saúde: grande instabilidade nervosa, transtornos psíquicos; aparição de enfermidades hereditárias.

Sentido negativo: A ação parte de uma base má e seus efeitos podem ser calamitosos. Desordem, inversão de planos, coisas obstruídas. Do ponto de vista da saúde: ampliação do mal, complicações. Disfunção. Superexcitação, sensualidade. Ignorância, intriga. Emprego de meios ilícitos. Enfeitiçamento, fascinação repentina, escravidão e dependência dos sentidos. Debilidade, egoísmo.

História e iconografia
Durante a baixa Idade Média o Diabo era representado freqüentemente como um dragão ou uma serpente, imagem derivada sem dúvida de seu papel no Gênese. Por um processo simbiótico – característico da iconografia – Eva e o Diabo se fundiram com freqüência na figura da serpente com cabeça de mulher: isto pode ser visto quase sempre nas ilustrações dos mistérios franceses que falam da Queda.

O desenvolvimento antropomórfico, que levou o Diabo a se converter na figura que conhecemos tem sua origem, provavelmente, nas tradições talmúdicas e nas lendas pré-cristãs, segundo as quais a serpente edênica teria tido mãos e pés de homem, membros que perdeu como castigo por sua maldita intervenção no drama do Paraíso, ficando condenada a arrastar-se até o fim dos tempos.

De modo similar o Diabo aparece no Apocalipse de Abraão, onde o Tentador é descrito como um homem-serpente, descrição retomada por Josefo e por boa parte dos autores judeus dessa época.

Já no Antigo Testamento (Jó 1,6-12 e 2,1-7) menciona-se esta humanização de Satã, e em Mateus (4, 3-11) aparece com toda clareza o antropomorfismo do personagem. Ele é assim descrito num manuscrito de Gregório de Nicena, onde toma a forma de um homem jovem, alado e nu da cintura para cima.

É somente no fim do primeiro milênio que o Diabo sofre a mais cruel de suas metamorfoses; a que acabou por transformar o mais formoso dos anjos em sinônimo de abominação e horror. Van Rijneberk atribui aos miniaturistas anglo-saxões essa mudança iconográfica, que respondia à simplicidade analógica da época. Se o Diabo continha a soma de todos os pecados e escândalos, seria lógico, dessa forma, que fosse representado como o apogeu de feiúra e pavor.

O homem com garras das figuras mais tênues sofreu a inclusão de chifres, dentes enormes, pêlos, cascos de bode, seios enrugados, rabo que terminava em seta. Assim aparece nos manuscritos alemães dos séculos X e XI, e no Missel Oxonien do bispo Léofric (960-1050). O diabo da lâmina do Tarô – um morcego hermafrodita – mostra-se como herdeiro dessa representação.

Van Rijneberk destaca o sentido metafísico de Satã para os Pais da Igreja, longe ainda dessas representações. Entre os séculos III e IV, Atanásio relatou as fadigas que costumavam acompanhar os tentados: o aspecto do Maligno produzia mais angústia do que repulsa; sua voz era terrível e seu movimento oculto como o de um assassino.

Tanto Cirlot como Wirth – a partir dos seus respectivos planos de observação – evitam entrar no complexo campo da demonologia ao comentarem o Arcano XV.

Assim, o primeiro destes autores se limita a compará-lo ao “Baphomet dos templários, bode na cabeça e nas patas, mulher nos seios e braços” e a mencionar que o personagem tem como finalidade “a regressão ou a paralisação no fragmentado, inferior, diverso e descontínuo”. Wirth, por seu lado, diz que o Diabo é o inimigo do Imperador (IV) na luta política pelo poder no mundo material, e se pergunta quem é “que opõe os mundos ao Mundo, e os seres entre si”. Para Ouspensky, sua figura “completa o triângulo cujos outros dois lados são a morte e o tempo”, no sentido da formalidade do ilusório.

Ele dá origem ao terceiro e último setenário do Tarô, plano do mundo físico ou do corpo perecível do homem. Do ponto de vista da finitude temporal, não é menos importante do que o Prestidigitador para o reino do espírito, ou o triunfal protagonista de O Carro (VII) para a análise psicológica.

“Na medida em que sempre houve áreas sombrias e ainda desconhecidas para o conhecimento e que presumivelmente, os enigmas subsistirão sempre – diz Jaime Rest no seu artigo Satanás, Suas Obras e Sua Pompa —, o demoníaco foi e continuará sendo uma constante de nossa realidade, já que esta experiência parece nutrir-se primariamente de algo que se desdobra além do domínio humano, e cuja índole tremenda e estremecedora suscita em nós este abalo íntimo que os teólogos denominam temor numinoso”.

Baphomet
O estudo dessa figura pode incluir as metamorfoses sofridas pelo Diabo (incluindo a variabilidade do aspecto: da beleza resplandecente com que Milton e William Blake o imaginaram até o horror da sua corte nas telas de Goya) para retornar ao memorável ponto de partida de onde se concebe sem dificuldades a permanência do demonismo: Satã como “um desafio da ordem que os homens atribuíram a Deus”.

A figura do Tentador, por outro lado, é inseparável das legiões que o servem (ou seja, da idéia do Inferno), e o Tarô repete esta associação ao representá-lo junto com o casal acorrentado – seres que podem ser tanto seus prisioneiros como seus colaboradores. A repetição do esquema dantesco é atribuída por Carrouges à paralisia imaginativa dos séculos posteriores em relação ao tema; daí a fixação e o empobrecimento do ciclo mítico na literatura européia.

Esta visão demonológica contemporânea, que faz do Diabo uma metáfora conflitante da dignidade humana, não é menos importante que a tradicional. Impõe-se, ao menos, como mais uma referência para a análise atualizada do Tarô.

Os comentários reunidos até aqui, porém, estão longe de esgotar as indicações para o estudo deste personagem tão ambíguo. Vale a pena conhecer o que diz G. O. Mebes em Os Arcanos Maiores do Tarô, sobre o papel de Baphomet, enquanto representação “da bipolaridade do turbilhão astral”, passagem inevitável no processo evolutivo.

Por Constantino K. Riemma
http://www.clubedotaro.com.br/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcano-15-diabo-ayin

Segunda e Terceira Cruzadas

Publicado no S&H dia 2/11/09,

Continuando a nossa saga pelas primeiras cruzadas e a Origem das Ordens de Cavalaria, seguimos com um texto rápido segunda e terceira cruzadas, apenas para dar entrada na parte que realmente interessa ao templarismo: A Quarta Cruzada, ou a Cruzada na qual cristãos matavam cristãos!

A Segunda e especialmente a Terceira Cruzadas são importantes porque marcaram a presença de duas figuras muito conhecidas e lendárias: Saladino e Ricardo Coração de Leão. Para situar os leitores, os acontecimentos narrados neste post são também retratados no filme “A cruzada” (Kingdon of Heaven) de Ridley Scott.
A Segunda Cruzada

Durante a Primeira Cruzada os nobres peregrinos europeus criaram estados cruzados no chamado “Levante”, forjados em guerras, conquistas e massacres contra os povos muçulmanos que dominavam estas regiões.

Em 1144, Zengi, o governador das cidades de Alepo e Mossul, que controlava as regiões da Síria e do norte do Iraque, conquistou o Condado de Edessa das mãos dos cristãos. As últimas palavras que Joscelino, o governador de Edessa, escutou de Zengi antes de sua expulsão da cidade em 24 de dezembro de 1144, de acordo com historiadores locais, foram: “Perdeu, Playboy”.

Foi imediatamente lançado um apelo ao papa e, por toda a Europa, imediatamente se ouvem vozes clamando pela retomada do condado pelos cruzados. O Papa Eugênio III achou que já era hora de empreender uma segunda cruzada e convocou-a por meio de uma bula especial em 1145. São Bernardo de Claraval, a pedido do Papa Eugênio III, antigo monge cisterciense e discípulo do Santo, lhe pede que convoque os cristãos a empreenderem uma nova cruzada. Eugênio III havia tomado o lugar do Papa Lúcio II, eleito a 12 de março de 1144, mas morrera em 15 de fevereiro de 1145 com uma pedrada na cabeça ao tentar apaziguar um distúrbio popular.

Na Páscoa de 1146, em Vezelay, são muitos os franceses que se reúnem para escutar as palavras de Bernardo. A nova convocação atraiu vários expedicionários, entre os quais se destacaram o rei Luís VII de França, o imperador Conrado III do Sacro Império Romano-Germânico, além de Frederico da Suábia, herdeiro do império germânico, e dos reis da Polônia e da Boêmia.

Homens não faltavam: soldados flamengos e ingleses tinham conquistado Lisboa das mãos dos sarracenos e voltavam para casa, agora estavam sem ter o que fazer.

A situação no Oriente, porém, tornara-se ainda mais perigosa em virtude da presença de Zangi, governador de Mosul e conquistador de Edessa, que então governava em Alepo e ameaçava Constantinopla.

A cruzada

O imperador Conrado III do Sacro Império Romano-Germânico partiu para Constantinopla, onde chegou em Setembro de 1147. Ignorando o conselho do imperador bizantino Manuel I Comneno, atravessou a Anatólia e, em 25 de outubro, seu exército foi esmagado em Doriléia pelos turcos.

O imperador alemão, contudo, conseguiu escapar e refugiou-se na Nicéia. No começo do mês seguinte, Luís VII, acompanhado da esposa, Leonor da Aquitânia, chegou a Constantinopla, alcançando Nicéia em novembro e ali soube da sorte de Conrado. O que sobrou do exército de Conrado juntou-se aos franceses, com o apoio dos templários.

Com algumas dificuldades de transporte, mais uma vez uma parte do exército teve de ser abandonado para trás (sobretudo os plebeus a pé), e estes tiveram de abrir caminho contra os turcos.

Os franceses, entretanto, chegam a Antioquia em Março de 1148, rumando para Jerusalém com cerca de 50 mil soldados. Em Jerusalém, Luís VII e Conrado, depois de algumas discussões, decidem atacar Damasco. Em 28 de Julho de 1148, depois de cinco dias de cerco, concluíram tratar-se de uma missão impossível e acabaram tendo de recuar, terminando assim a segunda cruzada. Em mensagem enviada aos cruzados que se retiravam de volta à Europa, o governador de Damasco fez o seguinte comunicado: “Não sabe brincar, não desce pro Play”.

A Segunda Cruzada acabou se tornando uma autêntica fanfarronice, com os seus líderes regressando aos países de origem sem qualquer vitória. Porém, vale a pena notar que foi desta cruzada que saíram alguns dos líderes cruzados dos contingentes flamengos e ingleses para auxiliar Afonso Henriques na conquista de Lisboa em 1147, uma vez que eram concedidas indulgências para quem combatia na Península Ibérica, como relata nas suas cartas o cruzado inglês Osberno.

No final das contas, o resultado desta Cruzada foi algo próximo do miserável (se não considerarmos a conquista de Lisboa), tendo sucesso apenas em queimar ainda mais as relações entre os reinos cruzados, os bizantinos e os “amigáveis” governantes muçulmanos. O fracasso da segunda Cruzada permitiu a reunificação das potências muçulmanas com aquele ar de “Já ganhamos” e novas investidas contra algumas cidades na região.

Com a moral baixa, nenhuma nova cruzada foi lançada até que ocorreu um novo acontecimento: a conquista de Jerusalém pelos muçulmanos em 1187. Ficou no ar aquela sensação de “Ih, agora ferrou!” e desta vez os cristãos enfrentariam um adversário decidido: Saladino.

Crise no Reino Latino de Jerusalém

Na década de 1180, o Reino Latino de Jerusalém atravessava uma fase delicada. O rei Balduíno IV estava sendo devorado pela lepra e desafiado por um baronato cada vez mais petista. Os muçulmanos, pressentindo essa fraqueza, mantinham a pressão no máximo. Qualquer passo em falso seria catastrófico para os cristãos. E, claro, não tardou para que ele fosse dado, pelo cavaleiro Reinaldo de Châtillon, que atacou uma caravana na qual viajava a irmã do sultão Saladino. Até explicar para os muçulmanos o que estava acontecendo, na confusão que se seguiu, Saladino convocou uma jihad contra os infiéis…

Saladino captura Damasco em 1174 e Alepo, em 1183. Em 1187, avançou pela Galiléia e, nos Cornos de Hattin, travou a Batalha de Hattin contra um exército cristão. Do lado cristão, as tropas do francês Guy de Lusignan, o rei consorte de Jerusalém, e o príncipe da Galiléia Raimundo III de Trípoli. Ao todo, havia cerca de 60 mil homens – entre cavaleiros, soldados desmontados e mercenários muçulmanos. Já a dinastia aiúbida, representada por Saladino, contava com 70 mil guerreiros.

Quando os cruzados montaram acampamento em um campo aberto, forçados a descansar após um dia de exaustivas batalhas, os homens de Saladino atearam fogo em volta dos inimigos, cortando seu acesso ao suprimento de água fresca. A cortina de fumaça tornou quase impossível para os cristão se desviarem da saraivada de flechas muçulmanas. Sedentos, muitos cruzados desertaram. Os que restaram foram trucidados pelo inimigo, já de posse de Jerusalém (tomada em em Outubro de 1187).

Saladino poupou a vida de Guy, enquanto Raimundo escapou da batalha com sucesso. Isso desencadeou na cristandade uma nova onda de preocupação com a Terra Santa.

No cativeiro, Guy ouviu a frase mágica que se tornaria célebre: “Reis Verdadeiros não matam uns aos outros”, vindo de Saladino. Eventualmente, ele foi libertado em troca de um resgate.

Em 1189, Guy de Lusignan tentou reconquistar a cidade, num conflito que duraria anos e só seria resolvido com a chegada de um novo personagem: Ricardo Coração de Leão, o rei da Inglaterra.

Saladino e o começo da Terceira Cruzada

Saladino (1138 – 4 de março de 1193) foi um chefe militar muçulmano que se tornou sultão do Egito e da Síria e liderou a oposição islâmica aos cruzados europeus no Levante. No auge de seu poder, seu domínio se estendia pelo Egito, Síria, Iraque, Iêmen e pelo Hijaz. Foi responsável por reconquistar Jerusalém das mãos do Reino de Jerusalém, após sua vitória na Batalha de Hattin e, como tal, tornou-se uma figura emblemática na cultura curda, árabe, persa, turca e islâmica em geral. Saladino, adepto do islamismo sunita, tornou-se célebre entre os cronistas cristãos da época por sua conduta cavalheiresca, especialmente nos relatos sobre o sítio a Kerak em Moab, e apesar de ser a nêmesis dos cruzados, conquistou o respeito de muitos deles, incluindo Ricardo Coração de Leão; longe de se tornar uma figura odiada na Europa, tornou-se um exemplo célebre dos princípios da cavalaria medieval.

Por volta de 1185, Saladino já havia capturado quase todas as cidades dos cruzados. Ele tomou Jerusalém em 2 de outubro de 1187, após um cerco. Saladino inicialmente não pretendia garantir termos de anistia aos ocupantes de Jerusalém, até que Balian de Ibelin ameaçou matar todos os muçulmanos da cidade, estimado entre três e cinco mil pessoas, e destruir os templos sagrados do Islã na Cúpula da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa se não fosse dada anistia. Saladino consultou seu conselho e esses termos foram aceitos. Um resgate deveria ser pago por cada franco na cidade, fosse homem, mulher ou criança. Saladino permitiu que muitos partissem sem ter a quantia exigida por resgate para outros. De acordo com Imad al-Din, aproximadamente sete mil homens e oito mil mulheres não puderam pagar por seu resgate e se tornaram escravos.

De todas as cidades, apenas Tiro resistiu. A cidade era então comandada pelo Conrado de Montferrat. Ele fortaleceu as defesas de Tiro e suportou dois cercos de Saladino. Em 1188, em Tortosa, Saladino libertou Guy de Lusignan e devolveu-o à sua esposa, a rainha Sibila de Jerusalém. Eles foram primeiro a Trípoli, e depois a Antioquia. Em 1189 eles tentaram reclamar Tiro para seu reino, mas sua admissão foi recusada por Conrado, que não reconhecia Guy como rei. Guy então começou o cerco de Acre.

Hattin e a queda de Jerusalém foram o estopim para a Terceira Cruzada, financiada na Inglaterra por um especial “dízimo de Saladino”. Essa Cruzada retomou a cidade de Acre. Após Ricardo I de Inglaterra executar os prisioneiros muçulmanos em Acre, Saladino retaliou matando todos os francos capturados entre 28 de agosto e 10 de setembro. Os exércitos de Saladino engajaram-se em combate com os exércitos rivais do rei Ricardo I de Inglaterra na batalha de Apollonia, em 7 de setembro de 1191, na qual Saladino foi finalmente derrotado. Apesar de nunca terem se encontrado pessoalmente, a relação entre Saladino e Ricardo era uma de respeito cavalheiresco mútuo, assim como de rivalidade militar; ambos eram celebrados em romances cortesãos. Quando Ricardo foi ferido, Saladino ofereceu os serviços de seu médico pessoal. Em Apollonia, quando Ricardo perdeu seu cavalo, Saladino enviou-lhe dois substitutos. Saladino também lhe enviou frutas frescas com neve, para manter as bebidas frias. Ricardo sugeriu que sua irmã poderia casar-se com o irmão de Saladino – e Jerusalém poderia ser seu presente de casamento.

Os dois finalmente chegaram a um acordo sobre Jerusalém no Tratado de Ramla em 1192, pelo qual a cidade permaneceria em mãos muçulmanas, mas estaria aberta às peregrinações cristãs; o tratado reduzia o reino latino a uma estreita faixa costeira desde Tiro até Jafa.

Saladino morreu no dia 4 de março de 1193, em Damasco, pouco depois da partida de Ricardo. Quando o tesouro de Saladino foi aberto não havia dinheiro suficiente para pagar por seu funeral; ele havia dado a maior parte de seu dinheiro para caridade.

Templários e o Xadrez

Uma curiosidade bacana a respeito da segunda cruzada foi que, durante este período, as regras do que se conhecia como Shatranj acabaram sofrendo algumas modificações, derivando o que hoje conhecemos como as regras modernas do Xadrez.

Como este era um jogo Persa, até esta época, as Torres eram conhecidas como “Elefantes”, não haviam Bispos, as peças que se movimentavam na diagonal eram conhecidas como “Navios de Guerra”; também não existia Rainha; a peça era conhecida como “Vizir” e os peões, quando chegavam até o lado oposto do tabuleiro, tornavam-se “conselheiros”, com capacidade de se movimentar uma casa na horizontal, vertical ou diagonal. Como os Templários adoraram este jogo e acabaram levando-o para a Europa, os termos acabaram sendo modificados para um gosto mais Europeu, dando origem aos nomes das peças tal quais as conhecemos hoje. Os Bispos foram a contribuição do Vaticano ao jogo, por acharem que os clérigos deveriam ter um papel de destaque no xadrez…

A Terceira Cruzada

A Terceira Cruzada (1189-1192), pregada pelo Papa Gregório VIII após a tomada de Jerusalém por Saladino em 1187, foi denominada Cruzada dos Reis. É assim denominada pela participação dos três principais soberanos europeus da época: Filipe Augusto (França), Frederico Barbaruiva (Sacro Império Romano Germânico) e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), constituindo a maior força cruzada já agrupada desde 1095. A novidade dessa cruzada foi a participação dos Cavaleiros Teutônicos.

O imperador Frederico Barbarossa, atendendo os apelos do papa, partiu com um contingente alemão de Ratisbona e tomou o itinerário danubiano atravessando com sucesso a Ásia Menor, porém, afogou-se na Cilícia ao atravessar o Sélef (hoje Goksu), um dos rios da Anatólia. A sua morte representou o fim prático desse núcleo. FAIL.

Os franceses e ingleses foram por mar até Acre. Em Abril de 1191 os franceses alcançam Acre, no litoral da Terra Santa, e dois meses depois junta-se-lhes Ricardo. Ao fim de um mês de assédio, os cruzados tomam a praça e rumam para Jerusalém, agora sem o rei francês, que regressara ao seu país depois do cerco de Acre. Ainda em 1191, em Arsuf, Ricardo derrotou as forças muçulmanas e ocupou novamente Jaffa.

Se Ricardo Coração de Leão conseguiu alguns atos notáveis – a conquista de Chipre (que se tornou um reino latino em 1197), Acre, Jaffa e uma série de vitórias contra efectivos superiores – também não teve pejo em massacrar prisioneiros (incluindo mulheres e crianças). Ao garantir a volta do Acre para a mão da cristandade, Ricardo conquistou o título de Coeur de Lion (Coração de Leão, em francês).

Os combates contra os exércitos de Saladino terminaram em 1192, num acordo: os cristãos mantinham o que tinham conquistado e obtiveram o direito de peregrinação (desde que desarmados) a Jerusalém, que ficava em mãos muçulmanas. Isso transformou São João de Acre na capital dos Estados Latinos na Terra Santa.

Se esse objetivo principal falhara, alguns resultados tinham sido obtidos: Saladino vira a sua carreira de vitórias iniciais entrar num certo impasse e o território de Outremer (o nome que era dado aos reinos cruzados no oriente) sobrevivera. Com isso terminou a terceira cruzada, que, embora não tenha conseguido recuperar Jerusalém, consolidou os estados cristãos do Oriente.

Comandantes Templários no período:
– Everard des Barres (1147-1149) – Preceptor dos Templários na França, ocupava o maior posto quando Robert de Craon morreu em 1147. Assim que ocupou o cargo, acompanhou o rei LouisVII na Segunda cruzada. De acordo com historiadores, era extremamente piedoso e nobre. Após a falha ao cerco de Damasco em 1148, Louis VII retorna À França e Everard tem de acompanhá-lo, pois era o guardião dos tesouros reais. Os templários ficaram em Jerusalém e auxiliaram na defesa da cidade contra os turcos em 1149. na França, Everard abdica do comando (que estava com Bernard de Tremelay desde 1149, na prática) e se torna um monge em Clairvaux.
– Bernard de Tremelay (1149-1153) – Tornou-se comandante dos Templários quando Everard precisou retornar à França. O rei Balduíno III deixou que ele utilizasse das ruínas de Gaza, que foram reconstruídas como base templária. Em 1153, os Templários participaram da Batalha de Ascalon, na qual Bernard e outros trinta e poucos templários acabaram sendo capturados pelos muçulmanos durante a queda do muro principal da cidade. Todos os templários capturados foram decepados, seus corpos foram expostos nos muros da cidade e suas cabeças enviadas ao sultão.

– André de Montbard o substituiu e, com o auxílio das tropas de Balduíno, conseguiram derrotar os muçulmanos em Ascalon em algumas das batalhas mais sangrentas das cruzadas. Montbard foi descrito como um dos cavaleiros mais nobres e valentes que já lideraram os Cavaleiros Templários. André faleceu em Jerusalém em 1156, de causa desconhecida.

– Bertrand de Blanchefort (1156-1169) – Foi conhecido por suas reformas na Ordem, tornando-os mais negociadores e menos agressivos. Também modificou as estruturas da ordem, tanto na parte administrativa quanto ritualística, dando menos poderes aos Grãos Mestres e criando conselhos de Senescais para auxiliarem nas decisões do comandante.

– Phillipe de Milly (1169-1171) – O sétimo Grão Mestre Templário era filho de Guy de Mille, um cavaleiro que lutou na Primeira Cruzada e já era um dos lordes de Nablus. Phillipe, como sucessor de seu pai, participou de diversas batalhas naquele período, antes da morte de Bertrand, inclusive tendo sido voto vencido na infeliz idéia de atacar Damasco. Phillipe deixou o Grão mestrado em 1171, tornando-se monge (e acabou falecendo 3 anos depois).

– Odo de St. Armand (1171-1179) St. Armand tomou parte em diversas expedições, incluindo Naplouse, Jericó e Djerach, conquistando grandes vitórias junto aos Templários. Sua melhor conquista foi a vitória na batalha de Montgisard, onde seus cavaleiros derrotaram uma força três vezes maior de soldados de Saladino. Com ele, os Templários ganharam a fama de grandes guerreiros e conseguiram grandes doações para a Ordem na Europa. Odo acabou sendo capturado na batalha de Marj Ayun, onde Balduíno IV conseguiu escapar do cerco com a “Verdadeira Cruz de Cristo” (na verdade, era a cruz picareta que a mãe do Imperador Constantino disse que era a verdadeira, para que Constantino pudesse tomar conta da Bíblia em 312 DC… de qualquer maneira, não deixava de ser uma relíquia de quase 700 anos). Odo foi morto pelos muçulmanos em 1180.

– Arnold de Torroja (1179-1184) foi um grande líder militar, participando de diversas batalhas na Espanha e Portugal, tendo sido chamado como Grão mestre justamente porque estava além das politicagens de Jerusalém. Durante seu governo, os Hospitalários atingiram o pico de prestígio em Jerusalém, bem como as rivalidades entre as duas ordens. Mas com a presença constante dos muçulmanos, não havia espaço para disputas internas e Torroja sentou-se à mesa para negociar com o grão Mestre Hospitalário Roger de Moulin e conseguiram estabelecer um acordo entre as duas Ordens. Torroja faleceu em Verona, vítima de uma doença, em 1184.

– Gerard de Ridefort (1184-1189) – O décimo Grão Mestre Templário enfrentou diversos problemas políticos dentro de Jerusalém. Gerard participou, junto com Guy de Lusignan, da Batalha de Hattin (1187), onde ambos foram capturados pelos muçulmanos. Gerard ficou prisioneiro até 1188, enquanto a Ordem permaneceu sob o comando de Thierry de Tiro (alguns historiadores incluem Thierry como Grão Mestre Templário em suas listas, mas a lista mais comum inclui apenas os 23 Grãos Mestres tradicionais até Jacques de Molay). Em 1189, Gerald voltou a combater os muçulmanos no Cerco ao Acre, onde veio a falecer.

– Robert de Sablé (1189-1193) foi o Comandante Templário durante as batalhas finais do Cerco do Acre, recapturou diversas cidades que haviam caído sob o domínio muçulmano e participou da batalha de Arsuf, onde com a ajuda dos Hospitalários, conseguiu derrotar um dos maiores exércitos de Saladino. Ele foi o último Grão Mestre Templário a participar abertamente das batalhas, pois a exposição da cabeça de Ridefort como troféu nas frentes muçulmanas fez com que os Templários e Hospitalários votassem que seus Grãos Mestres não mais se arriscassem na linha de frente, porque o dano moral causado caso fossem capturados seria muito grande.

Pelo que eu vi, ele é um dos chefes de fase do jogo Assassins Creed…

Na semana que vem: “Matem todos, Deus escolherá os seus”

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#Templários

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/segunda-e-terceira-cruzadas

Quinta, Sexta e Sétima Cruzadas

Postado no S&H dia 4/12/09,

Estamos chegando na reta final das cruzadas (faltam apenas mais duas) e o conflito no Oriente Médio entre Cristãos e Muçulmanos atinge seu ápice. Neste post, comentarei sobre as cruzadas que normalmente são ignoradas pelos professores nas aulas de história.

A Cruzada das Crianças

Uma das lendas a respeito das cruzadas inclui a famosa “Cruzada das crianças”, que teria ocorrido em 1212. As diversas histórias que chegaram aos tempos modernos sobre a Cruzada das Crianças giram em torno de eventos comuns. Um rapaz na França ou na Alemanha começou a espalhar que teria sido “visitado por Jesus” que o teria instruído para liderar a próxima cruzada. Após uma série de milagres, juntou um considerável grupo de seguidores, incluído possivelmente cerca de 20 mil crianças. Conduziu os seus seguidores em direção ao Mar Mediterrâneo, onde as águas deveriam se abrir para eles poderem avançar até Jerusalém.

Como (obviamente) isto não aconteceu, dois mercadores teriam oferecido sete barcos para levar tantas crianças quantas coubessem… hummm não sei quanto a você, leitor, mas isso cheira a cilada, Bino!

Os crentes teriam entregado as crianças para os mercadores e foram, então, levadas para a Tunísia tendo morrido em naufrágios ou sido vendidas como escravos. Em alguns relatos, as crianças não terão mesmo chegado ao Mediterrâneo, morrendo no caminho de fome ou exaustão.

O que provavelmente ocorreu foram migrações de vilas inteiras de pobres por toda a Europa, motivadas pelas mudanças nas condições econômicas da época que forçaram muitos camponeses no norte de França e na Alemanha a vender as suas terras. Estes bandos eram chamados de pueri (“rapaz” em latim). Mais tarde as referências ao puer alemão Nicholas e ao puer francês Stephan, ambos liderando multidões em nome de Jesus, terão sido unificadas num único relato, tendo o termo “pueri” sido traduzido para “crianças”.

A Quinta Cruzada

A Quinta Cruzada (1217-1221), ocorreu pela iniciativa do Papa Inocêncio III, que a propôs em 1215 no quarto Concílio de Latrão, mas foi somente posta em prática por Honório III, seu sucessor no trono de São Pedro. O papado havia também contribuído para desacreditar o ideal das cruzadas, quando manipulou a fé das pessoas para esmagar os Cátaros do sul da França, na chamada Cruzada albigense. Mesmo assim, o papa Honório III conseguiu adesões para uma nova expedição.

A Quinta Cruzada foi liderada por André II, rei da Hungria; Leopoldo VI, duque da Áustria; Jean de Brienne, rei em título de Jerusalém e Frederico II, imperador do Sacro Império. O imperador Frederico II concordou em organizar a expedição.

Decidiu-se que para se conquistar Jerusalém era necessário conquistar o Egito primeiro, uma vez que este controlava esse território. Em maio de 1218, as tropas de Frederico II se puseram a caminho do Egito, sob o comando de Jean de Brienne. Desembarcados em São João D’Acre, decidiram atacar Damietta (hoje chamada de Dumyat), cidade que servia de acesso ao Cairo, a capital. Em agosto atacaram Damietta. Depois de conquistar uma pequena fortaleza de acesso aguardaram reforços. Em junho, foram reforçadas pelas tropas papais do cardeal Pelágio. Homem autoritário, Pelágio não quis subordinar-se a Brienne e também interferiu constantemente nos assuntos militares.

Depois de alguns combates, e quando tudo parecia perdido, uma série de crises na liderança egípcia permitiu os cruzados ocupar o campo inimigo. Porém, numa paz negociada em 1219 com os muçulmanos, o incrível aconteceria: Jerusalém era oferecida aos cristãos, entre outras cidades, em troca da sua retirada do Egito. Mas os chefes cruzados, nomeadamente o cardeal Pelágio, recusaram tal oferta (que, vou refrescar a memória do leitor, era o objetivo principal das Cruzadas): o papado considerava que os muçulmanos não conseguiriam resistir aos cruzados quando Frederico II chegasse com os seus exércitos.

Os cruzados começaram, então, a cercar o porto egípcio Damietta e, depois de algumas batalhas, sofreram uma derrota. O sultão renovou a proposta, mas foi novamente recusada. Depois de um longo cerco que durou de Fevereiro a novembro de 1219 a cidade caiu. A estratégia posterior requeria assegurar o controle da península do Sinai. Os conflitos entre os cruzados e muçulmanos tornaram-se praticamente diários e perdeu-se tanto tempo que os egípcios recuperaram as forças. Em julho de 1221, o cardeal ordenou uma ofensiva contra o Cairo, mas os muçulmanos levaram os cruzados a uma armadilha; quando os cristãos avançavam, os muçulmanos recuavam e levavam todos os alimentos (e envenenavam os poços)… sem comida e cercados, acabaram por ter de chegar a um acordo: retiravam do Egito e tinham as vidas salvas. Tiveram também de aceitar uma trégua de oito anos. #Fail

O principal motivo para a derrota cristã tem um nome: os reforços prometidos por Frederico II não chegaram. Razão pela qual ele foi excomungado pelo papa Gregório IX. Essa foi a última cruzada para a qual o papado mandou suas próprias tropas.

A Sexta Cruzada

A Sexta Cruzada (1228-1229), lançada em 1227 pelo imperador do Sacro Império Frederico II de Hohenstauffen, que tinha sido excomungado pelo Papa, só no ano seguinte ganharia forma.

Frederico, genro de Jean de Brienne, herdeiro do trono de Jerusalém, pretendia reclamar seus direitos sobre Chipre e Jerusalém-Acre. Depois que sua frota partiu, o imperador recebeu uma missão de paz do sultão do Egito, que retardou o seu avanço e acabou causando aquele vexame nas tropas cristãs…

Finalmente, no verão de 1228, depois de muita hesitação, acabou por partir ao Oriente para tentar se livrar da excomunhão que o papa lhe havia imposto, apesar de ser defensor do diálogo com o Islã, religião da qual era admirador, e preferir conversar em vez de combater.

Enquanto suas tropas estavam longe, o papa proclamou outra Cruzada, desta vez contra o próprio Frederico, e seguiu atacando as possessões do imperador na Península Itálica.

O minguado exército de Frederico II, auxiliado pelos cavaleiros Teotônicos, foi diminuindo com as deserções e uma semi-hostilidade das forças cristãs locais devido à sua excomunhão pelo Papa. Aproveitando-se das discórdias entre os sultões do Egito e Damasco, Frederico II conseguiu, por intermédio da diplomacia, um vantajoso tratado com o Egito de Malik el-Kamil, sobrinho de Saladino.

Pelo tratado de Jafa (1229), Jerusalém ganhou Belém, Nazaré e Sídon, um corredor para o mar, para além de uma trégua de dez anos. Em contrapartida, os cristãos reconheciam a liberdade de culto para os muçulmanos.

Por causa disso, o Papa excomunga Frederico II mais uma vez.

Frederico foi coroado rei de Jerusalém, mas por conta dos inúmeros ataques dos cruzados em suas terras e receoso de perder seu trono na Germânia e Nápoles, regressou à Europa. Retomou relações com Roma em 1230.

Sétima Cruzada

Após o fim dos dez anos da trégua de 1229 (assinada durante a Sexta Cruzada), uma expedição militar cristã, com poucos homens e poucos recursos, liderada por Ricardo de Cornualha e Teobaldo IV de Champanhe, encaminhou-se para a Terra Santa a fim de reforçar a presença cristã nos lugares santos. Não era exatamente uma “cruzada”, mas mais um reforço. Não pôde impedir, entretanto, que, em 1244, Jerusalém caísse nas mãos dos turcos muçulmanos. No ano seguinte dava-se o desastre de Gaza.

Nesse ano, quando o Papa Inocêncio IV abriu o Concílio de Lyon, o rei da França Luís IX, posteriormente canonizado como São Luís, expressou o desejo de ajudar os cristãos do Levante. Luís IX levou três anos para embarcar, mas o fez com um respeitável exército de 35.000 homens. O monarca francês aproveitou as perturbações causadas pelos mongóis no Oriente e partiu de Aigues-Mortes para o Egito em 1248. Escalou em Chipre em setembro de 1248, atacando depois o Egito

Em junho de 1249, Damietta foi recuperada para os cristãos e serviria de base de operação para a conquista da Palestina. No ano seguinte, quase conquista o Cairo, só não o conseguindo por causa de uma inundação do Nilo e porque os muçulmanos se apoderaram das provisões alimentares dos cruzados, o que provocou fome e doenças como o escorbuto nas hostes de São Luís. #Fail

Ao mesmo tempo, Roberto de Artois, irmão do rei, depois de quase vencer em Mansurá, foi derrotado devido a sua imprudência.

Perante este cenário, com seu exército dizimado pela peste de tifo, São Luís bateu em retirada. O rei é capturado e feito prisioneiro em Mansurá, sendo posteriormente libertado após o pagamento de um resgate de 800 mil peças de ouro (parecem números de MMORPG) e restituição de Damieta, em maio de 1250. Só a resistência da rainha francesa em Damietta, permitira que se conseguisse negociar com os egípcios.

Mas o pior ainda estava por vir…

Semana que vem: Corram para as colinas! Os mamelucos estão chegando!

#Templários

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/quinta-sexta-e-s%C3%A9tima-cruzadas

Arcano 5 – Hierofante – Vav

Um grupo de três personagens em que um deles é visto de frente, sentado, com a mão direita levantada no sinal da benção, tendo em sua mão esquerda o eixo de uma cruz de seis braços; sua cabeça está coroada por uma tiara. Os outros dois personagens que se encontram em primeiro plano, de costas para quem contempla a imagem, têm os rostos voltados para o primeiro personagem.

Este, protagonista da figura, tem veste azul, capa vermelha ornada de amarelo. Sua mão esquerda está fechada e coberta por uma luva que tem impressa uma cruz dos templários. A barba e o cabelo do Pontífice são brancos.

Percebe-se apenas vagamente a cadeira em que o personagem central está sentado, com duas colunas ao fundo.

Os dois personagens que estão de costas mostram a tonsura. O da esquerda aponta sua mão direita para o solo, com os dedos separados. O homem da direita aponta para o alto com sua mão esquerda, com os dedos juntos.

Significados simbólicos
É o arcano do ato da bênção, da iniciação, da demonstração, do ensino. Lei, simbolismo, filosofia, religião.

Dever. Moral. Consciência. O Santo.

Interpretações usuais na cartomancia
Autoridade moral, sacerdócio. Proteção, lealdade. Observância das convenções, respeitabilidade. Ensino, conselhos equilibrados. Benevolência, generosidade indulgente, perdão. Mansidão.

Busca de sentido, revelação, hora da verdade, confiança, indicações do caminho da salvação.

Mental: O Pontífice representa a forma ativa da inteligência humana, que traz principalmente as soluções lógicas.

Emocional: Sentimentos poderosos, afetos sólidos, solicitude, sem cair em sentimentalismos. O Pontífice indica os sentimentos normais, tal como devem ser manifestados na vida, de acordo com as circunstâncias.

Físico: Equilíbrio, segurança na situação e na saúde. Segredo revelado. Vocação religiosa ou cientifica.

Sentido negativo: Indica um ser desprovido de sua razão e seus instintos, na obscuridade, carente de apoio espiritual. Projeto retardado.

Chefe sentencioso, moralista estreito, prisioneiro das formalidades, metafísico dogmático, professor autoritário, teórico limitado, pregador da “boca pra fora”.

Conselheiro desprovido de sentido prático.

Problemas com saúde, indecisão, negligência.

História e iconografia
O Arcano V é uma das figuras que permitiram precisar com maior exatidão a antiguidade do Tarô, já que seus detalhes iconográficos remontam a um modelo perdido em que se inspirou necessariamente o desenho de Fautrier (Tarô de Marselha), o que é confirmado pelas diferenças e semelhanças com maços mais antigos, como os de Baldini (1436-1487) e Gringonneur (1450).

Em primeiro lugar, é preciso destacar que o Pontífice do Tarô de Marselha é barbudo, enquanto seus precursores renascentistas e medievais não o são. Há estudos que estabelecem uma curiosa cronologia da moda papal neste aspecto. Torna-se assim evidente que o tarô clássico copia um modelo mais antigo que não chegou até nós, mas que assegura a continuidade evolutiva do Tarô desde os imagiers du moyen age até a atualidade.

Outro detalhe interessante é o da evolução da tiara papal na iconografia do Tarô. A tiara (com seu simbolismo sobre a existência dos três reinos ou mundos) não é um elemento litúrgico que permaneceu invariável ao longo da História. Os estudiosos tendem a concluir que as composições das tiaras representadas no Tarô clássico estão inspiradas em gravações bem anteriores ao final do século XV, possivelmente dos fins do primeiro milênio.

A luva papal ornada com a cruz-de-malta indica também a origem remota da imagem, já que desde os tempos de Inocêncio III (1197-1216) a cruz havia sido substituída por uma plaqueta circular.

Arcano da capacidade adivinhatória, da intuição filosófica, do conhecimento espontâneo, o Pontífice simboliza também (por seu número) o homem como intermediário entre a divindade e o plano das coisas criadas.

A soma destes simbolismos permite associá-lo ao mediador por excelência, o pacifista, o construtor de pontes, o que encontra a saída para situações aparentemente insolúveis, mediante um luminoso clarão intuitivo.

O Papa também é visto como representante da lei moral, não escrita, que domina a consciência e, no setenário que as pontas da sua cruz organizam, as virtudes necessárias para vencer os sete pecados capitais:

– orgulho (Sol), preguiça (Lua),

– inveja (Mercúrio), cólera (Marte), luxúria (Vênus),

– gula (Júpiter) e avareza (Saturno).

Wirth o imagina um ancião pleno de indulgência para com as debilidades humanas, pontificando ante duas categorias de fiéis: aqueles que compreendem (representados pelo personagem com a mão para o alto); e os que formam o rebanho cego e inconsciente que obedece por temor ao castigo, e não por autodeterminação (representados pelo personagem que aponta a mão para o chão). Estas combinações (alto e baixo, direita e esquerda) voltam a colocar a ordem do quaternário como modelo de organização. Considerado do ponto de vista do quaternário formado pelos arcanos anteriores, o Pontífice representaria o conteúdo da forma, a quintessência concebível (se bem que imperceptível), o domínio da quarta dimensão.

Por Constantino K. Riemma
http://www.clubedotaro.com.br/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcano-5-hierofante-vav

A Saga do Rei Arthur – parte final

Publicado no S&H em 19/07/09.

As lendas Arthurianas têm nos fascinado por mais de mil anos. Nos seus textos herméticos estão contidos todos os simbolismos dos quatro elementos, bem como diversos poemas de cavalaria que se tornaram imortais. Os contos foram repassados pelas cortes, pelos templos e pelas ordens iniciáticas até os dias de hoje, tendo sido perpetuados em muito graças aos Cavaleiros Templários, cuja saga começarei a contar a partir das próximas semanas.
Para quem não leu os outros textos, recomendo começar pelos elementos AR (Rei Arthur, Excalibur e Sabres de Luz), ÁGUA (o Santo Graal e a Linhagem Sagrada), FOGO (Merlin, José de Arimatéia e o Bardo Taliesin) e TERRA (Guinevere, Lancelot e Camelot); por fim, a primeira parte de Quem é quem em Camelot.
Nesta última etapa, examinaremos os seis cavaleiros menos conhecidos da Távola Redonda, justamente alguns dos mais interessantes: Gaheris, Bedivere, Lamorak de Galis, Tristão, Gareth e Geraint

Sir Bedivere
Sua contraparte histórica teria nascido em 495 DC, ele aparece pela primeira vez no poema “Culhwch and Olwen” como o mais belo cavaleiro da Távola Redonda. Junto com Sir Kay (ou Cai Hir, o “tall knight”). De acordo com o poema, apesar dele possuir apenas uma de suas mãos, nenhum guerreiro arrancava sangue mais rápido do que ele no campo de batalha.
Também há anotações sobre sua aparição na batalha de Tryfrwyd (“By the hundred they fell before Bedwyr Bedrydant” for “Furious was his nature with shield and sword”). Geoffrey de Monmouth o colocou como Duque da Normandia e um constante companheiro e “braço direito” do Rei Arthur, e Bedivere foi o único dos Cavaleiros a sobreviver à batalha contra Sir Mordred em Slaughterbridge, próximo a Tintagel.
Em suas aventuras, ele enfrentou o gigante do monte St. Michel e participou de diversas campanhas militares, tendo perecido em uma destas batalhas. A riqueza de detalhes sobre sua vida sugerem que Bedivere tenha sido inspirado em uma pessoa real.
Nos contos de Thomas Mallory, ele sobrevive até o final da saga; quando o Rei Arthur foi mortalmente ferido, ele encarregou Bedivere de retornar sua espada Excalibur à Dama do Lago, em Dosmary Pool, próximo a Tintagel. Após atirá-la de volta ao lago, um braço emergiu das águas, apanhou a espada e sumiu nas águas.
Após a morte de Arthur, Bedivere tornou-se um eremita e permaneceu assim até sua morte.

Sir Gaheris
Em sua origem, ele foi um personagem secundário chamado Gwalchafed, nos poemas gálicos e celtas; mais tarde, nas tradições arthurianas, ele é descrito como filho de Lot e Morgause, e irmão de Mordred, tendo sido apresentado à corte bem jovem. Foi durante uma destas visitas que seu irmão, Mordred, foi concebido. Com a morte de seu pai, Gaheris e seus irmãos são aceitos na corte e se tornam cavaleiros. Gawain se torna Cavaleiro da Távola Redonda e Gaheris seu escudeiro. Muitas aventuras se passam até que os irmãos conseguem vingar a morte de seu pai, assassinando lord Pellinore.
Gaheris foi um grande amigo de Percival e auxiliou Tristão em seus problemas com o rei Mark.
Gaheris foi um dos cavaleiros mais conquistadores: sua paixão oficial foi a demoiselle de La Blanche, mas outros poemas relatam diversos affairs (claro que ele sofreu do mesmo problema de Zeus e suas amantes). Sir Gaheris também é retratado como um cavaleiro extremamente piedoso e cuidadoso com os pobres.
Gaheris tentou convencer seu irmão Mordred a não revelar a Arthur a traição de Lancelot, mas não conseguiu. Após a queda de Camelot, Gawain foi indicado para ser um dos executores de Guinevere mas não aceitou o cargo, sugerindo seus irmãos Gaheris e Gareth. Gaheris aceitou o trabalho e acabou sendo morto por Lancelot quando este resgatou a rainha.
Gaheris foi enterrado no castelo de Dover.

Sir Lamorak de Galis
Sir Lamorak era o filho mais novo do rei Pellinore. É considerado o terceiro maior cavaleiro da Távola Redonda, atrás apenas de Sir Lancelot e sir Tristão. Em mais de uma oportunidade foi o campeão dos torneios realizados em Camelot, derrotando em cada uma mais de trinta cavaleiros.
Lamorak tornou-se o amante da rainha Morgause, apesar do fato de seu pai, sir Pellinore, ter matado o marido anterior de Morgause, Lot. Os filhos de Morgause desconfiaram de uma conexão entre Lamorak e Pellinore e eventualmente, Gaheris pegou os dois na cama. Cheio de ódio, Gaheris decepou a cabeça de sua mãe e atacou Lamorak, que conseguiu escapar com vida do castelo. Mal conseguindo chegar até Camelot, Lamorak pediu ajuda ao rei Arthur, mas os filhos de Lot chegaram antes que o monarca pudesse preparar uma escolta e o assassinaram.
Lamorak parece ter sido inspirado em um personagem real, chamado rei Lywarch Hen, que diziam ter sido um cavaleiro na corte do rei Arthur histórico.

Sir Tristão
Tristão era filho do rei Meliodas e da rainha Isabella de Lyonesse, uma ilha que ficava próxima da Sicília mas que hoje foi coberta pelo mar. Foi educado na França e lutou ao lado de seu tio Mark contra as tropas irlandesas. No final da batalha, enfrentou o campeão irlandês e o derrotou.
Enviado para a Irlanda para buscar Isolda (futura esposa de Mark), Tristão e Isolda acidentalmente bebem uma poção do amor e se tornam apaixonados um pelo outro. Tristão se torna o amante de Isolda, apesar do casamento dela com seu tio (e ter tido com ele quatro filhos, que nunca sabemos quem é o pai verdadeiro de cada um). Mais tarde, quando a situação para ele começa a ficar muito complicada, Tristão vai para a Inglaterra e se torna um Cavaleiro da Távola Redonda, casando com a filha do rei Howel, também chamada Isolda.
Tristão foi ferido gravemente em combate, e manda chamar sua amante para curá-lo. Quando sua esposa mente que ela se recusou a atendê-lo, ele acaba morrendo de desgosto. Ao saber da morte de Tristão, Isolda se suicida. Este conto medieval foi a base para que o escritor rosacruz Shakespeare escrevesse a peça mais famosa sobre a mesma história, chamada “Romeu e Julieta”.

Sir Gareth
Sir Gareth foi um dos filhos do rei Lot de Orkney e da rainha Morgause. Ele era bem mais jovem que seus irmãos e foi deixado em Orkney quando eles viajaram para o sul em busca de Camelot e dos Cavaleiros da Távola Redonda. Muitos anos depois, porém, Gareth foi até Camelot disfarçado. Arthur o colocou sob a tutela de sir Kay como auxiliar de cozinha. Seu apelido na corte era “Beaumains” (Mãos macias) porque o jovem príncipe nunca havia visto um único dia de trabalho em toda a sua vida. Quando lady Lynette veio até Camelot em busca de um cavaleiro para defender sua irmã, cujo castelo havia sido sitiado por sir Ironside, o Cavaleiro Vermelho, Gareth voluntariou-se para ajudá-la.
Kay tentou impedi-lo, mas Gareth o derrotou em combate facilmente. Apesar de Lynette estar muito decepcionada por ter conseguido apenas a ajuda do auxiliar de cozinha, Gareth massacrou não apenas sir Ironside, mas também seus três irmãos, o cavaleiro negro, azul e verde (teria sido esta a origem medieval dos Power Rangers, crianças?). Lady Lyonesse apaixonou-se por Gareth e ambos se casaram logo em seguida.
Gareth teve várias participações na saga Arthuriana, provando-se mais admirável do que seus dois irmãos: ele impediu Gawain e Agravaine de matarem Gaheris após ele ter decapitado Morgause e foi um dos que pediu a agravain e Mordred que não revelasse o affair entre Guinevere e Lancelot. Por ter sido ignorado por seus irmãos, acabou morrendo nas mãos de sir Bors durante o resgate a Guinevere.
Muitos historiadores afirmam que Gareth e Gawain originaram-se de um único personagem, chamado Gwalchafed, que consta nos poemas mais antigos a respeito da corte de Arthur.

Sir Geraint
Sir Geraint (ou Gereint) era o filho mais velho do rei Erbin de cornwall. Geraint foi um dos primeiros Cavaleiros da Távola Redonda e participou de muitas aventuras. Uma de suas batalhas mais importantes ocorreu quando enfrentou sir Yder, que havia ofendido lady Guinevere.
Geraint casou-se com lady Enid e passava metade de seu tempo na corte de Camelot e a outra metade em seu castelo em Cornwall. Apesar de ser considerado um grande guerreiro, Geraint foi tido como um péssimo governador e acabou eventualmente retornando a Camelot.
Sua esposa sempre o acompanhava em suas aventuras, até quase ser violentada por um gigante quando este conseguiu nocautear Geraint. Geraint acordou com os gritos de Enid e conseguiu matar o gigante Limuris antes que este fizesse algum mal à ela.
Geraint é inspirado no rei Gerren, filho de Erbin, da Dumnonia, que ficou famoso no poema celta “Elegia a Gereint”, descrevendo sua morte na batalha de Llongborth na virada do século VI.

#ReiArthur

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