O Problema não é o Problema

O problema não é o problema, mas a incapacidade de prosseguir diante da adversidade. É a perda da possibilidade de transformação, uma decisão puramente interna, que depende apenas de si próprio. Você terá dois interlocutores durante esse processo: o ego que o fará sentir injustiçado, pois tem a certeza que não era merecedor dos difíceis acontecimentos e lhe aplicará a mais insalubre prisão, a vitimização. Do outro lado temos a alma, o espírito eterno que somos, que anseia por evolução e sabe que a covardia não muda a realidade.

A dificuldade é grave? Morte, doenças com sequelas irreversíveis, amores que se vão, falências dolorosas… E daí?… Impossível reverter externamente? Pode ser a Vida sinalizando que as mudanças devem ser dentro de nós.

Não, não é fácil e ninguém falou ao contrário.

Você fala assim porque não foi contigo, gritarão muitos. Não foi, não desta vez. Todos, sem exceção, enfrentam suas batalhas.

Cada um tem os problemas na exata razão da necessidade da sua evolução. O ego do sofredor tem uma dificuldade enorme de entender isto. Afinal somos todos do bem e quase perfeitos, não é assim? Sim e não. Todos caminhamos para a plenitude, porém a estrada é longa e se torna esburacada na medida que o andarilho teima em pisar torto. A falta de entendimento da maneira correta de andar torna a viagem mais difícil e demorada. Quer mudar o Caminho? Basta mudar o seu jeito de caminhar. Entenda que você pode se arrastar ou voar durante a travessia e esta escolha é toda sua. Patas ou asas? Basta que entenda, evolua e transforme a si próprio. As tradições xamânicas, que buscam a sabedoria na natureza, ensinam que essa é a lição da borboleta. O poder é seu.

Simples assim? Sim e não.

Durante algum tempo vivenciei a rotina de um hospital especializado no combate ao câncer. Encontrei pessoas sinceramente felizes, como nunca tinham se sentido antes, por terem contraído a doença. Estranho? Não. A proximidade da morte trouxe um novo sentido à vida, lhes deu clareza no olhar e, então, o motivo para viver. Mudaram os valores, o olhar e a importância de todas as coisas.

Uma amiga querida viu o grande amor de sua vida partir. Após momentos de muita tristeza e revolta, percebeu que a verdadeira felicidade está somente dentro de cada um e rigorosamente em nenhum outro lugar ou pessoa, pois ninguém tem a força e a obrigação de fazer o outro feliz. Só quando nos bastamos, entendemos e amamos a nossa própria companhia, sem qualquer traço de dependência emocional, estaremos prontos para compartilhar a pureza e, mais importante, a verdadeira liberdade do amor com alguém. Sim, só quando entendemos que embora seja maravilhoso estar ao lado de quem amamos, isto não pode ser indispensável para a nossa felicidade. Indispensável para ser feliz é o encontro de você com você mesmo. Essa amiga decidiu aceitar o desafio de desenvolver um outro olhar sobre todas as coisas e sobre si própria, e, só então, viveu a sua verdadeira e grande história de amor. Consigo e com o outro.

Uma família conhecida muito rica foi levada a falência em pouco tempo por diversas decisões erradas e conjunturas macroeconômicas. Alguns membros afundaram em depressão e houve até mesmo caso de suicídio. Outros integrantes descobriram a força de se reinventar e a alegria de descobrir que as melhores histórias são as de superação. Cada um fez a sua escolha. Diante da mesma matéria prima cada artista escreveu a sua obra. O que para uns foi um drama de final triste, para outros foi a mais incrível aventura de suas vidas.

Sim, tudo se resume as escolhas e, preste atenção, fazemos muitas delas no decorrer de um único dia. Por mais absurdo que possa parecer, diante de qualquer dificuldade, procure serenar a mente e o coração. Desespero, medo e raiva são os piores conselheiros. Com calma, coragem e ousadia você em pouco tempo perceberá que tem à disposição todas as ferramentas para enfrentar o problema.

Procure manter o espírito forte aguçando e elevando sempre o seu nível de consciência para enfrentar as dificuldades quando elas surgirem. É bom lembrar que várias situações que já lhe tiraram o sono em passado recente, hoje são irrelevantes em sua memória.

O verdadeiro guerreiro é forte no mental e no espírito. Pois ele é o seu próprio e maior aliado nos grandes embates, assim como é também o seu adversário capital. As principais batalhas são travadas dentro de nós.

O importante é entender que as dificuldades fazem parte da vida, as melhores soluções são as que operamos dentro de nós, pois sinalizam evidentes transformações. Viver é evoluir. Problemas ensinam valiosas lições. São mestres disfarçados.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/18/o-problema-nao-e-o-problema/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-problema-n%C3%A3o-%C3%A9-o-problema

A Cura pela Verdade no Xamanismo

Por Yoskhaz

Os povos nativos americanos, adeptos do xamanismo, têm um símbolo sagrado chamado Roda de Cura ou Roda da Vida. Não à toa, entendem que viver é um processo infinito de cura, caminhar em beleza pela infinita estrada da vida, nas palavras de um ancião Navajo. O símbolo tem a sagrada missão de nos lembrar que através de nossas relações vamos encontrar o remédio ou o veneno para as nossas dores. Na medida que aprendemos quem somos e pacificamos o nosso convívio com tudo e com todos saltamos um aro na Roda da Vida. Ficamos mais forte para seguir adiante.

Certa vez ouvi de um sábio monge tibetano que o Budismo não era religião, tampouco filosofia. Budismo é convívio social, esclareceu, pois toda teoria só terá alguma serventia se aplicado aos meus relacionamentos do cotidiano. Conhecimento que não é vivido é como pão na vitrine, embora encha os olhos, não sacia a fome.

A vida nada mais é do que um processo contínuo de cura. A razão de viver é puramente de cicatrizar as feridas emocionais, extirpar tumores psicológicos, sarar dores afetivas. Só assim seremos plenos, verdadeiramente felizes. Antigas e atuais relações costumam ferir e machucar de tal maneira que, se deixarmos, o sofrimento se instala como se ali fosse a sua casa eterna. Todos que passam por nossas vidas, em maior ou menor grau de intensidade, são nossos mestres, pois trazem situações, agradáveis ou não, que permitirão florescer o melhor em nós. Desde que tenhamos coragem, sabedoria e amor de buscar as respostas na fonte de toda a verdade. Esta luz está dentro de você. Não é fácil e nem sempre o primeiro encontro é agradável, pois costumamos usar o artificio da ilusão para personificar quem gostaríamos de ser, na vã esperança que isso atenue nossas dores. É a mentira que contamos para nós que impede a cura. Indispensável despir-se do personagem social que criamos, que por irreal, atrasa o nosso encontro com a verdade, retardando o desejado trem rumo às terras altas da plenitude. Para ser feliz é preciso ser todo. Ser todo somente é possível se viajarmos de carona no vagão da verdade.

A verdade cura porque levanta o véu que embaça o perfeito olhar. O melhor entendimento te permite modificar a rota. Para tanto temos que nos lançar em voo fantástico através dos vales iluminados e sombrios do autoconhecimento. A antiga e boa filosofia socrática já nos avisava da necessidade de conhecer-te a ti mesmo. Entender quem somos de verdade é o único caminho para entender os outros.

E ficar em paz com o universo.

Todos reclamam das imperfeições do mundo e esquecem que fazem parte dele como as flores ou os espinhos; os leões ou os carneiros; o fogo ou a água. Vez como um, noutra como outro. Por ignorância ou comodidade, esquecemos que se fazemos parte das delícias da vida, somos, por vezes, elementos de suas dores também. Um pouco mais ou um pouco menos de acordo com o entendimento de cada um, porém, sem exceções. Reclamamos muito porque desejamos que tudo e todos se adequem ao nosso conforto e necessidade, como uma avenida em que os sinais vão ficando verde na medida que nosso carro se aproxima. Seria perfeito, não? E aqueles que trafegam pelas ruas transversais, terão sempre que nos esperar? O problema é que todos se imaginam na via principal.

Está instalado conflito. No entanto, todos buscamos a felicidade e mesmo quando verbalizamos nossa descrença, inconscientemente ansiamos este estado de espírito.

Para pacificar as suas relações e curar seu sofrimento é indispensável entender quais os sentimentos que te movem.

– Será que o amor não nos foi ingrato porque ansiamos por possui-lo ao invés de simplesmente vivê-lo?

– Será que a pessoa amada não partiu porque não suportou a pesada carga de ser obrigada a te fazer feliz nesse insensato ônus que você mesmo impôs a ela?

– Será que o outro não tem o direito de partir quando bem entender, fazer suas escolhas e, cabe a nós, apenas respeitar em ato repleto de dignidade, por saber que nossas decisões merecem igual consideração?

– Quando pleiteamos uma sentença estamos movido por justiça ou vingança?

– Será que quando nos sentimos maltratados não foi porque concedemos ao outro tal poder? Não estará na hora de rever tal concessão?

Apenas algumas indagações pequenas e comuns a todos nós.

O sentimento é o combustível que move a vida, no entanto é o seu nível de consciência que permite a melhor combustão.

Entender seus sentimentos e emoções é se conhecer cada vez mais e melhor, ter a capacidade de escolher as melhores reações para você e consequências para o mundo. Maturidade é entender que não há liberdade sem responsabilidade. Ser pleno, um pouco mais adiante, é entender que suas escolhas desenham a sua história e são decisivas para o mundo ao seu redor. Como uma pedra atirada no lago, a liberdade de escolha se expande em ondas até os confins do universo. Este reage aos nossos impulsos em perfeita proporção.

Em que direção seguir? Como um passageiro desorientado em uma grande estação, perguntamos em qual plataforma saíra o próximo trem. Todos desejamos o mapa secreto do paraíso e nem nos damos conta que ele pode ser o nosso próprio quintal.

Os cabalistas contam uma parábola em que um rico mercador ofereceu metade de sua fortuna se alguém fosse capaz de resumir toda a sabedoria do Talmude no curto espaço de tempo em que se equilibraria sobre uma perna. Não faça ao outro o que não quer que façam a ti, todo o resto são apenas comentários, sintetizou com perfeição um inteligente rabi.

No belo e profundo Sermão da Montanha, Jesus ensina a mesmíssima lição ao explicar que todos os mandamentos se resumem tão e somente a fazer ao outro o que deseja que façam a ti. Eis o Norte da bússola a indicar a estrada para a plenitude.

Perceber com clareza a amplitude de suas escolhas e os verdadeiros sentimentos que a movem é entender tudo e todos. O mundo se expande, serena e ilumina na medida exata que entendemos quem somos e o que fazemos. De verdade.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/29/a-cura-pela-verdade/

#Alquimia #xamanismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-cura-pela-verdade-no-xamanismo

O Desequilíbrio é Fundamental

A vida é uma infinita e fantástica viagem a caminho da luz. Esta vida é apenas um trecho da estrada. Viajar significa evoluir; evoluir exige transformação. Ninguém nasce pronto. Entender que o que trouxemos na mochila até aqui nos foi útil, mas pode não nos servir mais, é sinal de sabedoria. Se faz necessário deixar algumas coisas para trás para dar lugar a outras. Reinventar-se todos os dias. Nada nos atrasa tanto quanto o trem perdido do preconceito, o voo cancelado das ideias obsoletas e o beco sem saída da atitudes ultrapassadas. Orgulho, vaidade e teimosia são pedras pesadas que, não raro, guardamos escondidas no fundo da mala, debaixo da blusa do ciúme e da calça do egoísmo. Precisamos de leveza para andar. É fundamental abrirmos espaço para o novo, trocarmos a bagagem.

Analise a sua mochila com carinho. O amor é o melhor manual para te indicar o conteúdo essencial.

Queiramos ou não, temos que caminhar. Quando nos negamos, seja por inércia, preguiça ou conforto, a vida nos desequilibra. Nos presenteia com novas e, a princípio, indesejáveis situações para nos obrigar a caminhar. Desequilibrado, para não cair, você dá um passo a frente em busca do equilíbrio e depois outro por ansiar uma nova estabilidade, que cedo ou tarde, a depender da sua capacidade de perceber e entender o momento, virá. Então, olhará para trás e verá que já não está no mesmo lugar. Você andou e foi para buscar um novo equilíbrio que isto aconteceu. Houve transformações, você evoluiu.

Olhe para trás e analise quem você era a cinco, dez ou vinte anos e quem é hoje. Percebe a evolução? Entende as transformações que operou em si próprio? Não falo das mudanças em relação a situação material ou financeira, mas da clareza do pensamento e da amplitude dos sentimentos. Estes são os instrumentos da plenitude que todos buscamos. A serenidade diante das tempestades é um desses sinais que indicam um bom progresso, afinal nem sempre foi assim, lembra?

Se passado todo esse tempo, você ainda está sentado na beira do caminho, prepare-se. Caminhamos por vontade ou por imposição. Esta escolha define as flores que irão colorir a paisagem.

Preste muita atenção às suas escolhas. Fazemos dezenas ou centenas delas todos os dias. Das mais banais às mais complexas. De sorrir e cumprimentar um estranho na rua a mudar de emprego, cidade ou casamento. O somatório dessas escolhas definem quem cada um de nós é. Define quantas transformações você se permitiu. O quanto evoluiu.

O budismo ensina que devemos caminhar sempre, ficar atento à paisagem sem nos ater a ela. Diferenciar o eterno do que é transitório significa estar pronto para participar da grande sinfonia do universo. Ter uma boa casa e uma vida confortável são coisas maravilhosas, mas são bens passageiros. Ser um bom filho, um pai atencioso, trocar abraços e sorrisos sinceros, criar laços amorosos com quer que seja, construir uma ambiência harmônica onde estiver são bens imperecíveis.

A viagem não tem fim e o que carimba o passaporte na próxima estação é o conteúdo da nossa bagagem. Ela define o guichê que nos dará a passagem para o próximo trecho da travessia. A vida, como um pai amoroso que ralha com o filho porque deseja que ele chegue ao destino, vai lhe desequilibrar se você apenas quer ficar sentado assistindo ao trem passar. Portanto, levante-se e reveja a bagagem. Mochila nas costas e boa viagem!!!

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/21/o-desequilibrio-e-fundamental-7/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-desequil%C3%ADbrio-%C3%A9-fundamental

O Livre Pensar não é só Pensar

Por Yoskhaz

As piores prisões são as que não têm grades. A ilusão da liberdade é o mais cruel dos cárceres por não te permitir a consciência dos limites da suas escolhas, de não perceber que suas fronteiras estão cada vez mais estreitas e, ao contrário do que parece, apenas limita o tamanho e empalidece as cores do seu mundo. O livre pensar, a autonomia das ideias, o espaço para aceitar o diferente exige esforço, ousadia e coragem, mercadorias raras nas prateleiras dos corações e mentes.

O mundo sempre olhou esquisito para vozes e atitudes dissonantes que atrapalham a administração, controle e negócios daqueles que pensam que os outros não estão ali para dividir, mas para servir. Quem não se adequa fica à margem do mundo, são marginais.

Não falo dos que confundem coragem com violência, dos que enveredam pelas raias da criminalidade por ignorância ou covardia. Refiro-me aos homens mais sábios e corajosos da História, aqueles que tiravam o sono de generais sem desferir um único tapa ou mesmo palavra agressiva. Jesus foi o melhor exemplo, porém temos outros mais contemporâneos como Martin Luther King. Mahatma Gandhi colocou o poderoso Império Britânico de joelhos tendo como armas a sabedoria de pensar diferente, a ousadia de desobedecer, concomitante com o amor de caminhar pelos trilhos da não violência. Arrebatou multidões, pois tocou em seus corações e mentes. Emprestou cores às suas almas.

O convívio social cria a falsa sensação de que para ser aceito é necessário pertencer a alguma tribo, pois, além de cômodo, facilita o controle da administração ao te encaixar em modelos já estabelecidos e com limites definidos. E existem várias já preestabelecidas. Você escolhe uma e faz uma espécie de contrato de adesão, tácito e inconsciente, igual a esses que já estão prontos para operadoras de telefonia ou TV a cabo, aceitando os conceitos e preconceitos, ideias formatadas e enlatadas, definindo certo e errado, o permitido e o proibido. Veste-se como eles, passa a usar um vocabulário próprio e frequentar os mesmos lugares. Você até mesmo pensa que é feliz e encontrou o seu lugar. Um processo de uniformização, homogeneização e, pior, pasteurização. Você abre mão do seu melhor para ser aceito sem problemas no grupo e supostamente feliz. Assim, abre mão de você mesmo. Lembrou de Fausto? Pois é, guardadas as devidas proporções é exatamente isso. Você abdica do livre pensar em troca de aceitação e pseudo-felicidade. A administração agradece.

Homens livres pensam globalmente, são cidadãos planetários, são solidários, mas sabem que cada qual é único. Não há outro igual a você. E existe beleza em cada um de nós, cada qual do seu modo, do seu jeito, como peças distintas que compões um maravilhoso mosaico.

O afã das muitas novidades de cgada dia te fazem esquecer o novo. O verdadeiro novo é o que de fato é diferente, capaz de provocar transformações estruturais e não apenas mudanças aparentes das novidades.

Na verdade a História nos mostra que foram aqueles que acreditaram que tudo pode ser diferente e melhor, deram a cara a tapa – afinal a administração não gosta de ser incomodada – que transformaram o mundo, pois eram o exemplo vivo da mudança. Usaram suas próprias vidas como matéria-prima de uma obra de arte maior. E desmoronaram os alicerces do status quo, fazendo com que o mundo avançasse. Essas pessoas fazem a diferença porque ousam a pensar diferente. Transformam-se em heróis pelo simples fato de não aceitarem o papel de figurante, os limites que lhe foram impostos, as amarras que lhe impediam de voar. Por vezes somos como a lagarta que se maravilha com a beleza e voo da borboleta sem saber que também temos asas.

Será que não está na hora de passar a limpo todos os seus conceitos e ideias? Transformar-se no protagonista da sua vida? Você tem este poder. Uma insurreição no seu modo de pensar, uma análise cuidadosa do que de fato é seu e o que te foi imposto sem que você percebesse. Pondere principalmente sobre o que te faz agir por automatismo e pense se faz realmente sentido. Se, do fundo do coração, você de fato concorda com essas ideias ou apenas as acompanha por simples comodidade ou medo de rejeição social.

Um bom truque é perceber se o seu jeito de pensar e agir traz dor e sofrimento aos outros. Se trouxer, está na hora de mudar. Semear a alegria por onde passar é uma maneira inteligente tê-la dentro de nós.

Durante esse processo você vai se conhecer melhor e, apesar das flores e espinhos que fazem parte de todo caminho, é maravilhoso. Afinal você é a sua melhor companhia. Não estranhe se as pessoas começarem comentar sobre um brilho estranho nos seus olhos. É pura luz!

Seja o herói da sua própria revolução, da transformação da sua alma. A única maneira de mudar o mundo é mudando a si próprio.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/23/o-livre-pensar-nao-e-so-pensar-2/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-livre-pensar-n%C3%A3o-%C3%A9-s%C3%B3-pensar

Isto não têm Importância

Por Yoskhaz

A magia da vida acontece enquanto vivemos as coisas banais do dia a dia, dizia o Velho, como carinhosamente chamávamos o monge mais antigo do mosteiro. Lembro disto ao perceber como desperdiçamos tempo e energia em situações que não têm nenhuma importância para as nossas vidas e, desta maneira, terminamos por atrasar a fantástica viagem ao permitir que naveguemos em círculos. “Isto não tem importância” é um mantra de uma única frase que ele repetia e ensinava o tempo todo. Todos os dias há pelo menos um momento mágico que pode transformar a vida. O segredo para ver e atravessar esse portal reside em suas escolhas e, para exercê-las com plenitude, não se pode estar distraído ou enfraquecido com o que não tem importância. As urgentes desnecessidades são armadilhas do Caminho.

Certa vez chegávamos de uma longa viagem e havia uma enorme fila para atravessar o controle alfandegário do aeroporto. Enquanto eu acompanhava irritado o lento desenvolvimento da fila, o Velho estava sereno e parecia encantado com qualquer coisa que estivesse a sua volta. Quando estava para chegar a nossa vez, um casal, entre abraços e beijos, atravessou a nossa frente, nos fazendo esperar mais um pouco. Olhei indignado para o Velho e antes de iniciar o meu discurso sobre falta de educação, ele falou baixo, quase em tom de sussurro, “isto não tem importância”. E antes que eu pudesse me alongar nas palavras para rebater o seu mantra, um funcionário nos chamou para passar pelo controle. Ele apenas me olhou com o seu sorriso maroto como se dissesse “viu?”. “Gosto de ver casais apaixonados”, justificou, a aumentar ainda mais o volume da minha impaciência. Percebi que eu, embora bem mais jovem, caminhava pesado por carregar as pedras da irritação; o Velho, apesar da inexorabilidade do tempo, circulava lépido e fagueiro pelo saguão do aeroporto. E pela vida. Entendi que sabedoria e amor dão asas.

Noutra ocasião, enfrentávamos o engarrafamento no trânsito de uma grande cidade, comigo ao volante, quando fui fechado por outro motorista, que não satisfeito, ainda me ofendeu. Contrariado, olhei para o Velho sentado no banco do carona em busca de sua cumplicidade contra aquela falta de civilidade. Ele apenas me sorriu e mantrou, “isto não tem importância”. E continuou a se encantar com o burburinho daqueles que andam apressados pela vida. Tentei discordar, porém fui interrompido por um leve toque em meu braço e pela sua fala mansa. “De um jeito ou de outro continuamos a viagem”. Não satisfeito, rebati que a pressa daquele motorista quase provocou uma colisão. O Velho tornou a se virar para mim. “Por que se chatear e perder tempo com o que não aconteceu?”. Silenciei-me. Ali entendi que a falta de tolerância apenas atrapalha a viagem.

Um pouco mais a frente paramos em um sinal vermelho. Um rapaz veio até a minha janela e pediu uma esmola. Alegou que tinha fome. Afeito aos perigos típicos das metrópoles, mantive o vidro fechado e a expressão facial dura, como automatismo de defesa. O Velho fez sinal para que o jovem fosse até a sua janela, entregou-lhe uma nota e ofereceu o seu melhor sorriso. Recebeu outro belo sorriso de volta. Imediatamente disparei a surrada retórica de que aquele rapaz talvez usasse o dinheiro para comprar drogas e não comida. O Velho me olhou com serenidade e recitou o mantra, “isto não tem importância”. Retruquei sob alegação de que a sua atitude talvez estivesse afastando o jovem da rotina saudável do trabalho. “Isto não tem importância”, tornou a recitar o mantra. Porém, ampliou o ponto de vista. “A fome tem pressa. Fiz a minha parte da melhor maneira que me foi possível. Cada um faça a sua e entenda a responsabilidade por suas escolhas. Nunca saberei se aquele jovem usou o dinheiro para comprar drogas ou saciar a fome. A escolha será dele, eu apenas ofereci ao rapaz o meu melhor e a oportunidade que neste momento a vida apresentou a mim e a ele”. Calei-me e entendi que sem compaixão a viagem se torna impossível.

Em outro momento estávamos a caminho de um cerimonial familiar. Eu estava ansioso para rever parentes que não encontrava há anos e sentir como reagiriam com a passagem da minha avó para o outro plano, vez que ela era uma típica matriarca, ao mesmo tempo amorosa e participativa, quase intrusa, nos projetos individuais de cada filho ou neto. O tempo estava muito ruim e o medo de não chegar no horário foi, aos poucos, alterando meu estado de ânimo. “Do jeito que está a tempestade só falta ter uma árvore derrubada a nos fechar a estrada”, revelei todo meu temor. “Isto não tem importância”, disse com seu jeito manso habitual. “Como assim?”, repliquei. “Viemos de longe e quando estamos quase chegando somos surpreendidos com essa chuva?”, revelei todo o meu nervosismo. “Por que se preocupar com o que não podemos interferir? Algumas coisas têm que acontecer, outras simplesmente não. Vamos fazer a nossa parte e esperar que o melhor aconteça”, deu uma pequena pausa e concluiu, “mesmo que a gente, no momento, não entenda a extensão da inteligência cósmica. Os dedos dos mestres são longos e mexem onde ainda não podemos ver. Acredite, tudo que acontece em nossas vidas é para o bem… até as catástrofes. E você sabe disto”.

Eu sabia que ele estava certo e apenas tinha que praticar os ensinamentos que já possuía. Por que sempre sabemos mais do que conseguimos vivenciar? Conhecimento sem prática não se transforma em sabedoria, é como pão adormecido na vitrine que não sacia a fome. Não disse mais palavra.

Diminuí a marcha em respeito ao tempo. Chegamos depois da hora marcada, porém a cerimônia atrasou em razão de que muitas outras pessoas enfrentaram a mesma chuva. Cumprimentamos a todos e depois, discretamente, nos dirigimos aonde repousava o corpo de minha avó para encaminhar, em silêncio, sua alma em paz para a outra estação da vida. Ao final de tudo nos despedimos das pessoas, algumas bastante emocionadas, outras presentes por obrigação social ou familiar. E seguimos para o aeroporto, vez que pegaríamos o voo de volta naquele mesmo dia, próximo à meia-noite. Na estrada lamentei com o Velho que tinha ficado triste com a maneira quase impessoal que alguns parentes tinham me tratado. “Isto não tem importância”, tornou a repetir o mantra. “Não se pode dar o que não se tem. São corações ainda desertos de amor”. E mais uma vez o Velho mostrava que nas bifurcações do Caminho a compaixão era a placa que indicava o destino do sol.

No entanto comentei que tive vontade de abraçar mais longamente um primo que havia sido criado comigo, com quem tive uma briga, há tempos, bem antes do meu iniciado na Ordem, nunca resolvida. Talvez tivesse sido a hora de nos perdoarmos. Na época éramos, os dois, ainda tão imaturos, que olhando para trás, agora, parecíamos até mesmo outras pessoas. Somente o perdão teria força para me libertar da amargura que ainda sentia. Encontrei os olhos do Velho pelo espelho retrovisor a me fitar seriamente. Ri e disse que já sabia que ele falaria: aquilo não tinha importância. O Velho me tocou no braço e me repreendeu. “Não, Yoskhaz. Isto tem importância, sim. Vamos voltar agora”. Diante do meu espanto, insistiu para que retornássemos imediatamente. “Costurar laços entre corações é o sentido da vida”, explicou. Lembrei-lhe que se fizéssemos isto perderíamos o voo, teríamos várias despesas que não estavam previstas e outros compromissos restariam prejudicados. Enfim, seria uma enorme confusão.

“Isto não têm importância”, o Velho tornou a sentenciar o mantra com um sorriso maroto.

E voltamos.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/08/15/isto-nao-tem-importancia/

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Ser Gente Nunca Sai de Moda

A necessidade de andar na moda, a aflição inconsciente de estar em sintonia com o que se imagina ser moderno, revela uma busca por identificação e aceitação, uma vontade, em geral não percebida, de encontrar um lugar para se viver em paz. A moda nasce da necessidade cultural das pessoas de entender quem são e aonde caminham. Roupas, acessórios, carros, ideias enlatadas, maneiras de agir e falar tentam desesperadamente rotular o ser na tentativa de fazê-lo acreditar que pela casca se reconhece o valor da fruta. Em vão.

Perde-se a beleza de inventar a si próprio e a força de ser único. A moda traz consigo o perigo de projetar um suposto ideal que com certeza não somos.

O limite da forma estabelece fronteiras. Qualquer modelo pronto a ser usado rouba a originalidade do indivíduo, a beleza dos voos solos em altitudes inimagináveis, onde, só então, se defrontará com mundos e possibilidades apenas acessíveis a quem ousa ir além da normalidade e das permissões mundanas. O exercício da criatividade desenvolve as asas da liberdade.

Nada contra a indústria de consumo, como roupas, carros ou entretenimento que precisa produzir e vender para gerar riqueza e empregos que movimentam o planeta. Beleza e conforto, quando atingidos e usufruídos de maneira digna, são bem-vindos. Para ser feliz não é preciso ser um asceta no sentido original da palavra. Porém, há que se entender o limite de todas as coisas e o sentido da busca de cada um.

A moda costuma servir de referência para o sujeito se situar em determinado grupo social seja atrás de aceitação ou destaque. Um jeito ingênuo de imaginar quem é ou gostaria de ser, um lugar na tribo que admira, na tentativa de se impor e encontrar o seu canto no mundo. Em suma, a moda tenta acomodar nos porões da mente as mitológicas indagações de quem somos e para aonde vamos. Mas de que adianta um espelho se não se quer ver? De que serve mapa e bússola se não se sabe para aonde ir? Pode a forma ganhar mais importância do que a essência?

Inconscientemente a moda ilude o consciente, vendendo o que não pode entregar.

Ainda que não esteja claramente decodificado no entendimento de cada indivíduo, caminhamos, invariavelmente, em busca da plenitude do ser, onde, só então, conseguiremos encontrar toda a paz que precisamos e, em análise honesta, é o que importa. Entretanto, chegar até esse paraíso é a pergunta que não se cala.

Por ainda não terem decodificado o processo, muitos ainda procuram desesperadamente na moda signos de identificação, na ilusão de não se sentirem perdidos, como se a felicidade estivesse disponível na vitrine ou na prateleira das lojas ao alcance do cartão de crédito. É bem mais simples e confortável trabalhar a forma do que a essência. Porém, o resultado nunca será o mesmo. Trocar de vestido não cicatriza as feridas do coração; o brilho de uma jóia não ilumina os vãos escuros da tristeza; um belo e caro carro pode despertar admiração dos outros e te levar a um confortável passeio, mas as angústias mal resolvidas te acompanharão por toda a parte; o acesso as modernas tecnologias não te dão resposta às questões profundas da alma. Adiar o mergulho no autoconhecimento é ficar sentado na estação vendo passar o trem da plenitude. É necessário coragem de se ver e entender quem realmente é, encarar as próprias dores e frustrações, assumir as responsabilidades, lamber as feridas para curá-las. E, então, se transformar. A busca é árdua, mas o encontro é mágico. Extrair e vivenciar o que há de melhor em si, como diamante que precisa lapidar o cascalho até refletir perfeita luz, define a sua roupa.

Na medida que vamos nos conhecendo e transmutando sombras em luz, trocamos o paletó da inteligência, o vestido do coração, o guarda-roupa da alma. Saber quem somos é fundamental para entender os outros e o mundo. Se a vida oferece andrajos ou prêt-à-porter, lembre-se que somos os nossos próprios alfaiates. Cabe a cada um escolher os tecidos do amor, costurar com as linhas da compaixão, abotoar com sabedoria, vestir com a paciência da eternidade. Depois basta distribuir os lenços da alegria por onde passar, a qualquer um, sem distinção. Encontrar brilho na trajetória de todas as pessoas revela a luz que há em ti. A beleza de suas novas vestes vai encantar inimagináveis passarelas e todos desejarão estar por perto, desfilar ao seu lado, independente da cor da calça, do modelo do carro ou da marca do sapato. A elegância não está na grife, porém no estilo.

Não é o que se usa, mas um jeito de ser.

Ser gente nunca sai de moda.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/06/26/ser-gente-nunca-sai-de-moda/

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Alquimistas Modernos

Um dos grandes sonhos da humanidade através dos tempos é transformar ferro em ouro. O outro é a imortalidade. Assim, a humanidade atravessou os séculos a alimentar a ambição de viver para sempre, de maneira nababesca e sem o esforço do trabalho cotidiano. Bastaria um pedaço de metal barato no caldeirão em ebulição para que transformasse a mais antiga e preciosa mercadoria que o mercado tem notícia. Castelos luxuosos, mesa farta, prazeres todos para todo o sempre.

Existe uma boa literatura medieval desses cientistas que sobreviveu às explosões e ao tempo. Todas com criptografias próprias, como em códigos para que apenas os iniciados em assuntos esotéricos, fossem capazes de ler. Para alguns o motivo do segredo seria resguardar a fórmula que garantiria a transformação e a fortuna, pois se o valioso metal estivesse disponível a todos perderia o seu nobre valor. Outros têm certeza que tudo isso é uma grande bobagem.

O homem vive através dos séculos conforme seu nível de consciência a trazer para si as exatas experiências essenciais ao seu aprendizado. Culturas distintas se misturam propositalmente para que uns aprendam com outros e ensinem a alguns. Numa corrente invisível a humanidade cria elos de liberdade e unidade.

A vida nos mostra que a evolução é filha da transformação. O mundo se renova e avança com as mudanças operadas sobre o próprio eixo. Uma sociedade ou tribo apenas melhora seu entendimento sobre todas as coisas quando cada um dos seus membros modifica verdadeiramente o seu olhar e agir sobre algo. Qualquer mudança imposta além das fronteiras da consciência é frágil e passageira.

Em suma, desde sempre entendemos o valor das transformações ou a essência alquímica. Ou deveríamos.

Falta decodificar a pedra filosofal e o elixir da longa vida.

Alquimistas sempre tiveram fama de sujeitos estranhos e inteligentes. Ou loucos. Penso que continuam assim, ao menos os verdadeiros alquimistas. Por que intitulariam de pedra filosofal o segredo que transforma ferro em ouro? Por que usar o termo filosofia em uma questão puramente financeira ou científica?

Desde o início dos tempos o ouro é símbolo maior de riqueza e poder. Traz em si dois conceitos importantes: seu valor é inabalável independente das crises políticas ou mundanas; é imperecível, não enferruja ou estraga. Em tese, seria um porto seguro a atracar e proteger nossa frota de preocupações e inseguranças. No entanto, filosofia significa, grosso modo, a capacidade de pensar a realidade de forma crítica e independente, a observar e analisar todas as coisas por todos os ângulos e possibilidades. Ora, não estávamos falando de ouro? Exato. Falta-nos conceituar o ouro a que se referiam aqueles esquisitos bruxos de outrora. A referência era em sentido literal ou figurado? A resposta está em se podemos interpretar os textos e parábolas sagradas em sentido literal.

Não. O sagrado estará sempre oculto e a disposição no mundano até que cada qual o revele para si.

Nossa riqueza mais valiosa é o nosso espírito, imaterial por absoluto. Estamos todos, sem exceção em uma viagem infinita e maravilhosa da estação das trevas ao porto da luz. Com muitas escalas. O tempo de travessia é próprio e relativo, pois depende da capacidade individual de se transformar. De entender as próprias sombras e transmutar em luz. Sombra em luz, ferro em ouro, esta é a pedra filosofal.

O espírito forte e livre enfrenta as tempestades deste mundo tridimensional com serenidade, pois tem a consciência de que a sua verdadeira riqueza ninguém poderá lhe subtrair. Incêndios destroem casas, guerras arruínam patrimônios e impérios poderosos, ladrões lhe batem a carteira, mas quem lhe roubará o amor e a sabedoria enraizadas em sua alma? Nenhum rei ou juiz poderá lhe condenar a perda destes bens. Tampouco o tempo o apodrecerá ou o mercado depreciará o seu valor. Você estará sempre além desses débeis poderes. Eis o ouro.

No entanto, teremos a morte sempre a espreita, com sua afiada foice a nos ameaçar e assustar pelos signos das doenças, desastres, assassinatos, sentenças condenatórias ou do próprio relógio da existência. Para que serviria todo o ouro se a morte encerra a vida e com ela todo o ganho trazidos pelo amor e a sabedoria? Daí a necessidade do elixir da longa vida a permitir que o ouro pudesse ser usufruído em paz para todo o sempre.

O mais curioso é que esse precioso líquido a permear a sua existência lhe pertence e você bebe um sua fonte desde sempre. Muitos ainda não entenderam ou se esquecem disso a cada problema que surge. Somos eternos, todos. Não através do nosso corpo frágil e transitório, templo provisório do espírito. Este, sim, é eterno. Você é seu espírito infinito e não o personagem físico de hoje a atravessar este trecho da grande travessia, cada qual com sua beleza, na oportunidade de aprender, compartilhar transformar e evoluir. A morte é uma das grandes e bonitas lições transformadoras. Você é e tem tão somente o que você vive: seus sentimentos, a alegria que semeou por onde passou, o abraço sentido, o sorriso sincero. Eis a sua bagagem. Morre-se muitas vezes e cada nascimento significa uma nova oportunidade de alcançar a próxima estação até o porto de destino ou a iluminação, a usar termo típico da milenar filosofia oriental. Entender este processo significa se libertar do sofrimento que questões e preocupações menores, trazidas pela transitoriedade do físico, lhe impede de usufruir todo o ouro que é seu e atrapalha a transformação de ainda mais ferro no reluzente metal. Sombras em luz, mais e mais, cada vez mais.

Assim, conscientes ou não, trazemos a alquimia viva pulsando a cada dia em nossas almas. Há a busca incessante e essencial a operar infinitas transmutações capazes de transformar ferro em ouro para seguir a viagem, pois, a cada porto é necessário apresentar bagagem alquímica maior e, consequentemente, mais leve. Amor e sabedoria são os vistos indispensáveis a carimbar o passaporte.

Simples assim? Perguntam os mais céticos e desconfiados. Por que esses sábios da antiguidade não apresentaram a fórmula de maneira didática e direta ao invés de codificá-la para poucos? Temos que entender que tudo, absolutamente tudo, está de acordo com o seu tempo. A História está repleta de bruxos amaldiçoados e assassinados por falar de assuntos com abordagem distintas daquelas oficialmente aceitas. As fogueiras da Inquisição e intolerância arderam e queimaram consciências cristalinas na ilusão de que o fogo poderia extinguir a verdade. Ainda hoje existe desconfiança e descrença da parte de muitos que se negam a entender, usufruir e se encantar com a alquimia da vida. Da própria vida. O homem sempre temeu o que não consegue entender ou imagina ser uma ameaça capaz de lhe furtar sua pobres posses e conquistas ilusórias. O tempo é inexorável e traz as transformações necessárias para que possamos continuar a viagem. A vida é a estrada, somos andarilhos, a luz é o destino.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/26/alquimistas-modernos/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/alquimistas-modernos

Milagres são Transformações ocultas em Nós

Por Yoskhaz

“O que chamamos de magia em outras Tradições recebe o nome de milagre. Muda-se o nome, mas é a mesma força e poder”, falou Canção Estrelada, ancião nativo do Povo do Caminho Vermelho, enquanto preparava o cachimbo de fornilho de pedra. Estávamos sentados em volta de uma pequena fogueira sob o manto fantástico da Via Láctea a nos provocar indagações sobre os mistérios do universo. Esperei que ele desse uma pequena baforada e, assim, convidasse seus ancestrais que já cavalgam com o vento para participar da nossa conversa. Depois me fitou com as labaredas refletidas em seus olhos e explicou: “Magias ou milagres são como chamamos transformações que ainda não conseguimos explicar. O importante é entender que você é parte do milagre, assim como a semente só germina se encontrar solo fértil. Cada qual é o seu do próprio jardineiro, que sem o devido trabalho nenhuma rosa fará florescer. O sol e a chuva são para todos, porém a semeadura é pessoal e intransferível. O essencial é entender que cada qual tem que fazer a sua parte para se encantar com a magia da vida”.

Explicou, ainda, que existe um intercâmbio incessante entre esferas, porém os aliados do plano invisível somente podem intensificar o trabalho conosco se estivermos preparados: “Somos os pilares da ponte em que atravessam; portanto, quanto mais firmes forem os alicerces, maior o trânsito deles. Sem o aperfeiçoamento de um código moral próprio, onde não se pratique nenhum mal a qualquer coisa ou pessoa, não se chega a lugar nenhum. Tais conceitos são os sólidos fundamentos da alma”, acrescentou.

Não se disse mais palavra. O vagar da noite trouxe a sua sinfonia a nos ajudar no exercício de ver além. O pensamento voou e me trouxe recordações do Velho, o monge mais antigo do mosteiro da Ordem, que me orientou quanto à importância das energias que emanamos. “Tudo no universo é energia. Até o que chamamos de matéria nada mais é do que energia condensada, conceito hoje admitido pela Física Quântica, mas aceito pelos esotéricos há séculos. As energias se alinham por afinidade ou semelhança. Sendo nossos pensamentos, sentimentos e atitudes as fontes geradoras. Assim, se queres a aproximação dos anjos, benfeitores espirituais ou amigos invisíveis – não importa qual o nome que lhes aplique – sutilize a sua energia para, na medida do possível, se aproximar da frequência vibratória deles. Preste atenção em ti. Aperfeiçoe o que pensa, sente e faz. ”.

“Os mais importantes milagres são as pequenas transformações que se dão em nosso íntimo, permitindo uma permeabilidade cada vez maior entre os planos. A espinha dorsal de toda a sabedoria universal se resume a amar a todos como gostamos de ser amados. Fazer o bem ao invés de esperar por ele. Todos os outros conhecimentos são apenas os muitos comentários a respeito desse ensinamento maior. Amar incondicionalmente é ato de profunda sabedoria, pois traz consigo a ampliação de consciência, a libertação da alma e a permissão de ver no escuro. Torne-se uma pessoa melhor a cada dia e desperte o poder adormecido nos porões do ser. O segredo milenar dos alquimistas de transformar chumbo em ouro nada mais era do que iluminar as próprias sombras, alinhando-a à alma. Não há riqueza ou milagre maior”.

Como se adivinhasse os meus pensamentos, o sábio xamã rompeu o silêncio: “Magia é transformação. As mais importantes são as que ocorrem na essência mais íntima do ser. Você é o mago e é também a própria magia. Pois, ao nos transformar modificamos o mundo, operando pequenos milagres do cotidiano, quase imperceptíveis, só visto pelos olhares atentos. Passamos a transbordar as mudanças de maneira natural através do brilho no olhar; da sensibilidade amorosa no sentir; do pensar claro e luminoso, liberto dos automatismos; da melhor palavra; da compaixão pelo não entendimento do outro; do agir sereno e digno. Um ser moral despido de qualquer moralismo. Suas emoções primárias e densas que até então lhe dominavam como reações imediatas diante dos entraves do cotidiano, passam a se transformar em sentimentos nobres e sutis cada vez com mais facilidade, até que um dia seu coração vibrará apenas a pura luz. Sinal de um passo importante, onde traços da evolução individual passam a integrar o espírito como uma estrela a brilhar no firmamento, que, aos poucos, se expande a iluminar a tudo e todos que encontrar, em sintonia com a expansão do próprio Universo, até por tê-lo em si”.

Naquela noite, duas Tradições convergiam para me mostrar que a verdadeira sabedoria é una.

A manhã começava a dar sinais de que não tardaria. Canção Estrelada pegou o seu tambor e tocou em ritmo suave “para entrar em sintonia com a pulsação do planeta que despertava”. A música me fez estampar um sorriso de satisfação. O xamã me olhou, devolveu o sorriso e disse: “Compartilhar com alegria para toda a gente o que há de mais precioso em seu coração é a melhor maneira de agradecer ao Grande Mistério por todas as magias permitidas. Só assim é possível seguir Caminhando em Beleza. Esta é a lição e o poder do sol que ilumina e aquece gerando vida a todos, sem distinção”.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/08/25/milagres-sao-transformacoes-ocultas-em-nos/

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O Ego deseja brilho, a Alma anseia por luz

Somente a clareza de entender realmente quem se é poderá te transformar na pessoa que buscas em ti. O ego, a parcela da consciência mais ligada às sensações primárias e imediatas, repleto de condicionamentos sociais e ancestrais, pensa te proteger ao criar um personagem moldado em modelo de suposta aceitação e admiração que ilude sobre o sentido da existência. O ego impulsiona o indivíduo a ser o mais belo, rico e importante, alimentando o vício do aplauso fácil na esteira do brilho efêmero no show das ilusões terrestres de prazeres baratos, resultados vazios e soluções improdutivas. As consequências, imediatas ou não, mas que um dia virão, são o sofrimento e as dificuldades nas relações pessoais. Além do desgosto consigo próprio. O ego, repleto de boas intenções, inventa virtudes que ainda não exercemos, direitos que não possuímos e, comumente nos vitimiza em relação aos movimentos do mundo, criando falsos motivos de revolta. Ou, ainda, nos força a fugir da realidade quando desagradável. Em qualquer dos casos leva à estagnação ao impedir de enfrentar a situação com a maturidade necessária para entender, se transformar, compartilhar e seguir adiante.

Diante da insegurança comum, fruto da ignorância, o mecanismo mais comum que o ego dispara são as sombras, nossos sentimentos mais densos, frutos do, como diz o nome, egoísmo. Ciúme, inveja, ganância e mágoa são os mais conhecidos e presentes nas entranhas de todos, sem exceção. São inerentes à natureza humana. No entanto, o que fazemos com eles define quem somos.

As sombras impedem o melhor olhar ao projetar a nossa vida dentro da vida alheia, como se o outro fosse determinante e responsável pela nossa felicidade. Transferir a terceiros a causa de inevitáveis frustrações não ajuda em absolutamente nada. Entender que não encontrará paz em nenhum lugar, salvo dentro de ti ou aceitar que cada decisão modela o próprio destino significa maturidade, passos fundamentais para a plenitude.

Buda ensina que se alguém quer saber como será o seu amanhã basta prestar atenção ao que faz hoje. O Cristianismo nos indica a atravessar pela estreita porta da virtude. O Xamanismo lembra que somos herdeiros de nós mesmos.

Negar nossas sombras não é a melhor solução, ao contrário, somente permite que ela continue a se movimentar sem qualquer controle até o momento em que nos domine por completo. E toda vez que a sombra assume o comando revelamos o pior de nós. Como um amigo que é mau conselheiro, ao tentar te proteger a sombra apenas atrapalha a tua evolução. A sabedoria consiste em fazer com que ela comece a trabalhar a nosso favor até se transmutar por completo em luz. Por exemplo, existe quem, por sentir ciúme mate ou maltrate a pessoa amada sem qualquer respeito pelo sagrado direito de escolha do outro. Os jornais cansam de nos contar casos assim. No entanto, há aquele que ao sentir ciúme busque seu violão para compor uma bela canção. Com a mesma matéria-prima uns enveredam pelas raias da criminalidade e da loucura, enquanto outros fazem da sombra uma aliada para produzir a mais fina obra de arte. Um jeito iluminado de transformar o denso em sutil, um belo exercício de espiritualidade e evolução.

A inveja pode se transmutar em força de trabalho e criatividade; a mágoa transformada em entendimento de que o outro, assim como você, também está na estrada e, por vezes, ainda não consegue ver a paisagem que já lhe é clara no iluminado e perfumado jardim da compaixão. Importante entender o automatismo de algumas de nossas reações, principalmente daquelas que nos deixa um gosto amargo e modificá-lo. Perceber que tudo pode ser diferente e melhor torna as possiblidades infinitas e expande o universo.

As sombras lançam um véu que nos impede de ver a realidade com a devida clareza. Descortinar a névoa nos leva ao discernimento de que não competimos contra ninguém e na verdade somos os únicos responsáveis pela nossa felicidade. Entender quais sentimentos realmente movem as nossas atitudes é passo importante na estrada da evolução. Vingança não é justiça; ciúme não é amor. As maiores batalhas são travadas onde moram as sombras, ou seja, dentro de nós.

Assim, pouco a pouco, vamos transmutando sombras em luz, identificando cada vez mais cedo quando a emoção se apresenta para direcioná-la na Estrada do Sol. Dominá-la com inteligência é imprescindível. E sem a vergonha ou medo de admitir a sua existência, vamos aos poucos refinando nossas escolhas, estas ferramentas poderosas a instrumentalizar infinitas transformações do ser em busca da integralidade, onde reside a paz. Pouco a pouco a luz leve da sabedoria e do amor dissipa a escuridão das emoções pesadas, cada vez mais próximo à sua raiz, amansando sua selvageria. Trata-se de harmonizar os desejos do ego às necessidades da alma. Enquanto o ego deseja brilho, a alma anseia por luz. Somente a percepção apurada de quais sentimentos te movimentam e as consequentes escolhas que faz permite adquirir o bilhete para a próxima estação. Na essência, a vida é uma infinita e fantástica viagem rumo à Luz.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/07/25/o-ego-deseja-brilho-a-alma-anseia-por-luz/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-ego-deseja-brilho-a-alma-anseia-por-luz

As mais belas Histórias são as de Superação

Por Yoskhaz

Não raro escuto pessoas dizendo que fariam tudo “exatamente igual” se iniciassem novamente a sua trajetória de vida. Se é apenas uma alusão a como aprenderam com os próprios erros e como eles ajudaram a chegar onde estão, entendo. Sim, por vezes, os erros são preciosos mestres que nos oferecem valiosas lições, embora a vida disponibilize outros, como a percepção e o amor, que permitem encurtar tempo e pavimentar a estrada. São as mesmas lições oferecidas pelo erro, porém ministradas de maneira suave, afinal aprende-se por imposição ou gosto. A escolha é sempre nossa. No entanto, na maioria dos casos vejo alguns amigos sustentando verbalmente a repetição da trajetória de vida por vergonha, negação ou orgulho. Pena, pois a não aceitação do próprio caminho trilhado impede de entendermos quem realmente somos, por consequência, não permite ver as transformações que devemos operar em nós, atrasando a viagem evolutiva e, assim, a paz da plenitude que tanto ansiamos.

Revejo a minha história e, grato às duras lições que o erro me ofereceu, percebo que poderia fazer diferente. Pessoas que magoei, voltas em círculos que dei por teimosia, tempo e energia desperdiçados com situações que não tinham nenhuma importância e por aí vai. A lista é enorme. É verdade que aquele era o meu nível de consciência naquele momento e ali eu não conseguia perceber que poderia fazer de outra maneira. Sim, sempre é possível fazer diferente e melhor.

Embora ainda muito longe de onde tenho que chegar, já não sou o mesmo da partida. Mudou o olhar e o viver. Não é assim com todos nós?

E o que eu fiz com o meu passado? Principalmente aqueles capítulos que no íntimo tenho, hoje, a plena consciência de que poderia ter feito de outra maneira? Decidi abraçá-lo e ser agradecido por minha história. Ao invés de ficar paralisado pelo erro, aceitei a responsabilidade, reparei o que foi possível e segui adiante com uma nova postura em relação a tudo e todos. Ninguém precisa se envergonhar, tudo no universo está em eterna evolução e todos somos parte dele.

Reinventar-se todos os dias é uma exigência do Caminho.

Encante-se com a transformação que chega na esteira da sabedoria e com a beleza do amor que te contaminará sempre que tentar o melhor. As mais fantásticas histórias são as de superação.

Imagine um filme em que uma criança nasce em um lar repleto de amor e com todas as condições para uma vida saudável. Desde cedo seus pais, almas evoluídas, lhe ministram sábias lições de amor, tolerância, compaixão, dentro de um bonito código de ética existencial e valores morais nobres. Esta criança, afeita ao bem e a luz, aprende com rapidez e, desde sempre, espalha sementes de alegria por onde passa. Ao entrar na vida adulta abraça a medicina como instrumento para levar a cura e o conforto a toda gente, no esforço de difundir a felicidade e contentamento que existe dentro dela. Sem dúvida, uma belíssima história de vida e, com certeza, eu gostaria de assistir a este filme.

Imaginemos um outro filme onde uma criança nasceu em um ambiente governado pela desarmonia, impaciência, ausência de indicativos morais e condições razoáveis de subsistência. Cresce nas ruas selvagens das grandes cidades na proximidade de um invertido código de ética, valores morais deturpados ou inexistentes, onde o instinto de sobrevivência costuma se sobrepor aos sentimentos mais nobres e sutis. Pequenos furtos, atos de violência que pratica e sofre, sexo irresponsável são páginas comuns da sua adolescência ao lado da fome e, principalmente, da ausência de amor. Aos poucos, a princípio em mínimos atos, percebe que quando age diferente, deixando florescer o melhor de si, um sentimento amoroso por todas as pessoas e coisas cria uma esfera agradavelmente leve a sua volta e parece levantar-lhe do chão. Tem a sensação de que a vida parece reagir na exata medida de suas ações. Sente-se diferente, tudo muda. Aos poucos começa a praticar mais e mais tais atitudes que descobriu adormecidas na gaveta mais alta do seu coração, até a decisão de reinventar-se de vez. A pessoa que era já não cabe mais em si. Embora ela mesma, necessita ser outra. Então, ocorre a transmutação de que falavam os alquimistas medievais e transforma metaforicamente chumbo em ouro. Quando muda o seu jeito de ser, o mundo também se transforma. Aos poucos, pessoas e situações comuns em sua vida deixam de se fazer presente dando lugar a outras. Decide retornar aos bancos escolares, dedica-se com afinco aos estudos, começa a entender que o conhecimento expande o olhar e, após infrutíferas tentativas e inúmeras dificuldades, acaba por conseguir uma vaga em uma faculdade de Direito. Após alguns anos de luta incansável torna-se um juiz misericordioso e exerce a cura em todos aqueles que cruzam o seu caminho, utilizando ferramentas como a verdade e a justiça, na alegria de espalhar a semente da esperança em si e em todos. Outro belo filme que eu adoraria assistir.

Na absurda hipótese de ser possível assistir a apenas um, qual deles você escolheria? Embora sejam duas belíssimas histórias de amor, tanto esta quanto aquela, minha escolha recairia por esta última. As histórias de superação encantam a humanidade desde sempre, pois são a prova de sua evolução. Na verdade, a História do Mundo se conta através das pequenas histórias de pessoas comuns, como a minha e a sua. Os grandes personagens que conhecemos nos livros são apenas reflexos mais visíveis da mudança de um novo nível de consciência já sedimentado no íntimo de todos.

Assim, não existe caminho feio. São as curvas e dificuldades da estrada que desenham a beleza da trajetória de cada um de nós, colorindo a paisagem na medida que mudamos o nosso jeito de ser, reflexo de cada escolha que fazemos. Basta estar disposto a ver com outros olhos e ter a coragem, sabedoria e amor para fazer diferente. Como dizia um anjo que esteve encarnado recentemente entre nós, “é impossível reescrever o passado, mas podemos construir um futuro diferente”.

Abrace a sua história, sem vergonha ou vitimização, aproveite para se conhecer melhor, aceite os erros como lições, abra-se para a mestria do amor adormecido em teu coração, permita que a coragem que reside em sua alma guerreira faça em ti as transmutações essenciais a cada dia e todos os dias. Entender que tudo, absolutamente tudo, pode ser diferente e melhor é o bilhete para a próxima estação.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/as-mais-belas-hist%C3%B3rias-s%C3%A3o-as-de-supera%C3%A7%C3%A3o