Avatar e a Kabbalah

Um dos melhores desenhos de todos os Tempos, “Avatar: The Last Airbender”, é carregado de referências Hermetistas. Como não poderia deixar de ser, como todo grande projeto de contar uma história, Avatar se utiliza da Jornada do Herói, ancorada pesadamente na Kabbalah Hermética. Os Principais Personagens seguem os grandes Arquétipos das Sephiroth e os personagens menores oscilam entre os Caminhos e as correspondências entre as Esferas, formando uma história fabulosa em 61 episódios e 3 Temporadas. Tentarei ser o mais sucinto possível para não dar nenhum grande Spoiler, mas recomendo que vocês assistam à série antes de ler o post a seguir.

AVISO: Contém Spoilers. Não abra se não assistiu à série ainda.

Malkuth: Toph tem 12 anos e é uma excelente dobradora de terra. Apesar de ser cega, Toph está longe de ser uma menina inútil e frágil, pois é a pessoa mais forte (no sentido de força física) do grupo. Seus pais não acreditam que ela é forte, o que faz ela duvidar se eles realmente a amam. Aprendeu a dobrar terra com as toupeiras dobradoras, consideradas as primeiras dobradoras de terra do planeta. Como ela mesma diz, apesar de ter nascido cega nunca teve problemas para ver, pois com a dobra de terra, seus “pés podem enxergar” qualquer vibração à sua volta através das ondas transmitidas pelo solo. Desde que fugiu de casa para se juntar ao grupo, Toph ensina a Dobra de Terra a Aang. A garota é uma típica baderneira e tem um gênio muito forte, entrando em conflito com Katara várias vezes. Seu senso de humor é parecido com o de Sokka e parece ter uma queda pelo mesmo. Ela também inventou a dominação de metal, quando descobriu que há partículas de terra no metal.

Yesod: Katara é a última Dobradora da Tribo da Água do Sul. No começo de suas aventuras com Aang ela era apenas uma amadora na Dobra de Água, mas, após sair do Polo Norte, Katara atingiu o nível de mestra na Dobra de Água. Ela quem ensina Aang a dobra d’água. O temperamento de Katara é um pouco maternal, porém instável, irritando-se com facilidade. Ela é muito caridosa, prestativa e responsável, uma vez que teve que assumir o comando de sua família após a morte de sua mãe (apesar de estarem com a avó). Ao final da trama, corresponde ao amor de Aang, que foi se apaixonando por ela ao longo da história.

Hod: Sokka é o irmão mais velho de Katara. Ele era o único guerreiro que havia sobrado na Tribo da Água do Sul depois que seu pai e as suas tropas saíram da tribo. Sokka não pode dobrar nada, mas é muito inteligente e também é um bom guerreiro. Ele é muito engraçado, mas a maior parte da graça do garoto advém do fato dele ser extremamente sarcástico. Utiliza um bumerangue como arma, além de sua espada negra, feita de um meteoro. Se apaixonou pela Princesa Yue, que foi sua primeira namorada; e também por Suki, na qual fica com ele no final. É o estrategista de todo o grupo e planeja a Invasão ao Reino do Fogo.

Netzach: Suki é uma jovem e bonita garota que mora na Ilha de Kyoshi, que conheceu Aang e seus amigos, e desde lá, nutre fortes sentimentos por Sokka. Ela saiu da Ilha de Kyoshi com suas guerreiras e foi lutar na guerra contra a Nação do Fogo. É capturada, e levada a prisão da mais alta segurança da Nação do Fogo por ser a líder das Guerreiras de Kyoshi. Nos últimos episódios do terceiro livro é libertada por Sokka, que acreditava que seu pai estivesse em tal prisão, mas encontra Suki acidentalmente. Apesar de esperar encontrar seu pai, Sokka, ficou tremendamente feliz por ter finalmente re-encontrado sua amada (a libertação da Princesa da Masmorra). No final, os dois ficam juntos.

Tiferet: Aang é um típico garoto de 12 anos de idade (tempo em que conviveu com o mundo. Na realidade são 112, já que passou 100 anos congelado em um iceberg), exceto pelo fato de ele ser o Avatar. Ele é o último remanescente dos dobradores de ar, e foi descoberto depois de passar cem anos aprisionado em um iceberg. Aang nunca quis ser o Avatar, mas sim uma criança normal. Não obstante, ele é muito importante para restaurar a paz do mundo e seu destino é derrotar o senhor do fogo Ozai, ele entende isso e sempre segue o que lhe foi ensinado no Templo do Ar onde cresceu, que inclui o princípio de que “toda vida é sagrada”. Contudo, apesar dele ser o Avatar, ele tenta sempre que possível realizar brincadeiras para afastá-lo de sua enorme responsabilidade. É apaixonado por Katara.

Geburah: Príncipe Zuko. “Eu vou capturar o Avatar, e restaurar minha honra!” Essa era a fixação do Príncipe Zuko, que frequentemente tentava capturar o Avatar para que ele pudesse ser de novo aceito como príncipe da Nação do Fogo. Sob o manto de sua fúria, Zuko é um jovem que foi privado do amor de seu pai, que marcou seu rosto com uma enorme cicatriz, o que o levava a fazer qualquer coisa para agradá-lo, tornando suas decisões confusas e impensadas, mas seu pai nunca deu nenhum sinal da afeição. Mesmo depois que seu tio e ele foram banidos da Nação do Fogo, ele ainda tentou realcançar sua “honra” para ser aceito de volta pelo pai, ajudando sua irmã a dominar o Reino da Terra. Não obstante, após voltar para sua casa e ser aceito por seu pai, Zuko percebeu o quão errado ele havia sido em sua vida e decidiu se juntar a Aang e seus amigos para ensinar ao Avatar a Dobra de Fogo. Apesar de ser um tanto quanto sarcástico e impulsivo, Zuko é uma pessoa bondosa e justa.

Chesed: Iroh. Conhecido “O Dragão do Oeste”, Iroh é um general aposentado. Ele é o irmão mais velho do Senhor do Fogo Ozai, e acompanha Zuko em todos os lugares em que ele vai. Seu filho, Lu Ten, morreu quando ele realizava um cerco na cidade de Ba Sing Se. Desde então, considera Zuko como seu próprio filho. Tem com uma de suas principais características sua apreensão por chás, sendo o “Chá de Jasmin” o seu favorito. Iroh é uma pessoa calma e muito sábia, e é também o maior Dobrador de Fogo existente, e era até mesmo considerado um dos orgulhos da Nação do Fogo em tempos antigos. Ele adora jogar Pai Sho, uma espécie de jogo de tabuleiro, a qual se refere “não sendo apenas um jogo”. Iroh tem uma elevada posição na secreta Ordem da Lótus Branca, ordem essa qual os participantes se identificam por meio do Pai Sho. Iroh seria o Senhor do Fogo atual, mas com a morte do filho acabou ficando sem herdeiros, e o seu irmão Ozai assumiu o seu lugar.

Daath: Senhor do Fogo Ozai. É um líder tirano e com imensa sede de poder que faz de tudo para poder ganhar a guerra e controlar todas as nações.

Binah, Hochma e Kether: Os Avatares passados. Aang possui a habilidade de se conectar a todas as suas vidas anteriores, representadas principalmente por Avatar Kyoshi (Binah/Terra) e Avatar Roku (Hochma/Fogo). Ao longo de seu treinamento, conforme Aang avança no domínio dos chakras, mais próximo fica de atingir a Forma-Deus (Kether) onde possui o poder reunido de todos os Avatares que vieram antes dele.

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#Arte #Kabbalah

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/avatar-e-a-kabbalah

Trigo, Vinho, Óleo e Sal

Trigo, Vinho, Óleo e Sal na Cerimônia de Consagração

Há vários casos na Bíblia em que todos os quatro “elementos” são mencionados juntos em uma única frase, por exemplo em Esdras, 6:9, “trigo, sal, vinho e óleo…” e novamente em Esdras, 7:22, e em I Esdras, 6:30. Nas nossas cerimônias de consagração da atualidade, esses “elementos” devem a introdução, quase que certamente, ao seu uso nos tempos bíblicos como oblações, oferendas e sacrifícios sem sangue, como no Templo. Trigo, Vinho e Óleo são mencionados em Deuteronômio, 11:14, entre as recompensas para os que seguiam os mandamentos de Deus. Eles também eram considerados as necessidades primárias da vida diária, daí o seu uso entre os hebreus como oferendas de agradecimento e sacrifícios (não animais).

O sal também é relacionado com o sacrifício, mas possui uma variedade de significados simbólicos na Bíblia. O seu uso é determinado em Levítico 2:13.

Salgarás todas as tuas oblações… Porás, pois, sal em todas as tuas ofertas.

Cruden, na sua Concordance, interpreta o Sal, nessa passagem, como um símbolo de amizade, e na Idade Média era costume na Europa e no Oriente Próximo receber visitantes distintos em uma vila ou cidade com Pão e Sal.

Como o Sal ajuda a preservar da corrupção e é imune ao apodrecimento, ele tornou-se símbolo da incorruptibilidade. Brewer, Dict. of Phrase and Fable, chama-o de símbolo da perpetuidade e essa associação do Sal com a ideia de permanência aparece frequentemente na Bíblia:

“Esta é uma aliança de sal, que vale perpetuamente diante do Senhor…” (Números 18:19).

Rashi, um dos maiores comentaristas hebraicos, disse o seguinte dessa passagem:

“Assim como o sal nunca apodrece, a aliança de Deus… irá perdurar”.

Em um tema mais próximo à Maçonaria,

“O Deus de Israel deu para sempre o reino… para Davi por uma aliança de sal” (2 Crônicas 13:5)

Aqui, mais uma vez, a ideia da permanência é enfatizada e esse é, sem dúvida, um dos principais motivos para o uso do Sal nas nossas cerimônias de consagração maçônica. Pelo que sei, o tema da preservação e permanência não costuma ser mencionado pelo Oficial Consagrador, mas em alguns dos numerosos memoriais de Consagração na nossa biblioteca, o verso cantado, antes que o Sal seja usado na cerimônia, é o seguinte:

Derramamos sal sobre nosso labor,

Divisa de Teu poder conservador,

Em Tua presença oramos, Senhor,

De nosso templo sede o protetor

Pode ser interessante reproduzir as explicações simbólicas dos elementos, como foram fornecidas na cerimônia de Consagração inglesa.

Trigo (Ar): símbolo da Abundância.

Vinho (Água): símbolo da Felicidade e Alegria.

Óleo (Fogo): símbolo da Paz e Unanimidade.

Sal (Terra): símbolo da Fidelidade e Amizade.

O simbolismo Maçônico para os elementos parece ter variado consideravelmente em diferentes épocas e locais. C. C. Hunt, na sua obra Masonic Symbolism (Iowa, 1939, pp. 100, 101), cita o relato de uma cerimônia de pedra fundamental na década de 1920, na qual o Grão-Mestre Provincial de Nottinghamshire oficiou, naquela ocasião, o Óleo como “emblema da caridade”, e o Sal, “emblema da hospitalidade e da amizade”. O mesmo escritor nota os poderes curativos e purificadores do Sal, citando II Reis, 2:20-21, em que Eliseu com um vaso de Sal “sanou as águas”. Outra referência similar em Êxodo, 30:35, “Farás com tudo isso um perfume… temperado com sal, puro e santo”.

O uso do Sal na Consagração de Lojas Maçônicas parece ser introdução moderna, provavelmente posterior a 1850. No fim da década de 1780, as descrições feitas por Preston das Cerimônias de Dedicação mencionam Trigo, Vinho e Óleo, mas nunca Sal. Além disso, o Irmão T. O. Haunch, Bibliotecário da Grande Loja, verificou um certo número de descrições das cerimônias Maçônicas de Consagração e Dedicação até a década de 1840. Nenhuma delas menciona o Sal, parecendo impossível dizer com certeza quando esse “elemento” foi introduzido. Incidentalmente, a cerimônia de Consagração praticada na Grande Loja da Escócia usa Trigo, Vinho e Óleo, mas não há menção ao Sal.

Fraternalmente,

Wagner Veneziani Costa

#Maçonaria #MagiaPrática

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Referências Ocultistas em Promethea

O Alan Moore é um gênio. E Promethea é uma de suas obras primas, com referências muito mais complexas do que Watchmen ou mesmo a Liga Extraordinária.

Recentemente, comentei sobre uma sequencia de páginas de Promethea referentes a Daath e o pessoal me pediu para escrever sobre toda a série. Nesta série de posts, que começará no Sedentário e continuará no Teoria da Conspiração, tentarei comentar sobre as referências ocultistas que ele utilizou enquanto escrevia Promethea.

Não será um trabalho simples. Ao longo de 32 edições (que por si só já foi uma escolha pensada, visto que a Árvore da Vida possui 32 Paths (entre 10 Esferas e 22 Caminhos) que relacionam praticamente todos os Sistemas magísticos e filosóficos que existem.
A primeira HQ, “The Radiant Heavenly City”, traz na capa Promethea desenhada por ninguém menos do que Alex Ross, em um estilo egipcio, mas a própria capa já traz dentro de si algumas surpresas e referências:

O Nome “The Radiant Heavenly City” é uma referência bíblica; Apocalipse 22,14 “Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na Cidade Celestial pelas portas.”. A Cidade Celestial mencionada é o Paraíso que os crentes pensam que é de verdade e os ateus pensam que é de mentira mas, na realidade, é apenas simbólica para representar Kether, o Universo e a origem de todas as idéias. A Árvore da Vida é uma estrutura simbólica que representa todos os níveis de consciência humanos, de Malkuth (a pedra bruta) a Kether (o todo).

“Se Ela não existisse, nós teríamos de inventá-la” é uma referência ao maçon Voltaire, que disse “Se deus não existisse, nós teríamos de inventá-lo“.

E finalmente, o conjunto de imagens à direita de Promethea não são apenas desenhos aleatórios: são hieróglifos egipcios e símbolos esotéricos que contam uma história: O Sol (que acompanha Promethea durante sua jornada – o iniciado, iluminado); Ibis (que representa o Pai); O Por do Sol (que representa o fim de um período ou era); o Labirinto (que representa a jornada); O capacete (representando as muralhas de tróia, o conflito e a guerra); As águas e o olho (o despertar da consciência e a pesquisa – a protagonista entra na Jornada do Herói fazendo uma pesquisa a respeito de Promethea); os dois ankhs (herança – promethea é filha do sábio que morre no início da HQ), o escaravelho (renascimento de Promethea) e o Alef (o Começo)… em resumo para quem não leu: Alan Moore conta a história da primeira HQ em hieroglifos!

No Lado esquerdo, os hieroglifos representam as águas (consciência, emoções), a serpente e os dois lados da árvore da Vida (A via úmida e a via Seca dos alquimistas), a pena de Maat queimada (a incompletude), o abismo (a separação entre o reino material e o das idéias) a Lira e louros (representando a poesia e poetas), o Ankh (o domínio da árvore, a própria Promethea) e finalmente Hórus, filho do Sol. Novamente, para quem não leu, spoilers: Alan Moore explica que a idéia de Promethea e a escalada até a iluminação não pode ser destruída, permanecendo dormente até cruzar novamente o abismo através da poesia (ou textos).

O caduceu e as duas vias de subida na Árvore da Vida são representadas no bastão que Promethea segura. A palavra “Promethea” vem de Prometeus, o titã que roubou o fogo dos deuses para trazer aos mortais e, por causa, disso foi punido e condenado a permanecer acorrentado a uma rocha pela eternidade, com uma águia comendo seu fígado, que renascia a cada novo dia. Tal qual os símbolos, cujos significados atravessam o tempo e as culturas.

e acabamos a CAPA… faltam 32 paginas. Agora vocês têm uma idéia do porquê o Alan Moore é foda!

Alexandria 411 DC – Ano em que Santo Agostinho faz o discurso sobre “A imutabilidade de Deus é percebida através da mutabilidade de suas criações”. O mesmo tema de Promethea, já que estamos falando de idéias e formas mutáveis. Voce pode conferir este discurso no site do Vaticano. Obviamente a escolha da data não é uma coincidência.

O pai de Promethea está terminando traduções do egipcio para o grego (note as estátuas de Hermes e Toth sobre a mesa, representando o mesmo deus na cultura grega e egípcia) quando é abordado pelos fanáticos cristãos malucos. Ele possui o dom da profecia, não apenas avisando Promethea sobre seu reencontro (que só vai acontecer lá pela edição 19) mas também falando as frases dos cristãos antes deles próprios, demonstrando que já sabia seu destino e o aceitava (se ele previa o futuro, poderia ter fugido, mas não o fez, e estava sorrindo quando o mataram). Note as imagens do Sol nos cantos dos quadrinhos, desenhados como se estivesse pondo. A partir do começo da história, o Sol é retratado de uma forma moderna, mas DE OLHOS FECHADOS no presente, até o final do capítulo, quando o sol moderno abre os olhos ao renascimento de Promethea.

Na página 20-21, Promethea conversa pela primeira vez com Toth-Hermes. Ambos conversam com ela como se fossem uma única pessoa e explicam o que Moore chamou de Immateria, ou o que os cabalistas conhecem como Ruach, o Mundo das Idéias e Emoções. Ali, todas as histórias possuem vida e podem acessar nosso mundo de tempos em tempos. Carl Jung chamou este estado de consciência de Inconsciente Coletivo e Richard Dawkins chamou estas “idéias vivas” de Memeplexes.

Na página 22 é mostrado um Centauro como sendo o tutor de Promethea. Centauros são construções imagéticas que representam o signo de Sagitário. Sagitário, ou Fogo Mutável, é a essência espiritual/filosófica manifestada no estado mental; é o processo de síntese: de reunir várias teorias e configurá-las em uma tese, como uma espiral.
No arquétipo grego, este período de tempo no qual estas energias estavam mais manifestas coincidia com a fase próxima ao inverno, quando eram valorizados os caçadores e os cavalos (a caça era necessária para obter carne e peles para o inverno e o cavalo para percorrer estas distâncias), daí a fusão de cavalo + cavaleiro em uma única figura, que absorvia o arquétipo de acadêmico e se tornava Quíron, o professor de Herakles (o Sol, filho de Deus com uma humana, Jesus, o Iniciado).

Na última página, uma referência o Arcano do Mundo, do tarot. Moore coloca como símbolos dos quatro elementos o Escaravelho (Terra), os Louros (Fogo), o pássaro/Toth (Água) e o Homem/Hermes (Ar).
Esta representação iconográfica acaba confundindo um pouco os iniciantes, porque aparentemente o pássaro deveria representar o Ar, mas a razão para isso é astronômica. Quando os primeiros zodíacos foram criados na Babilônia, o posicionamento das constelações no céu era diferente do que está ai hoje e a que ocupava o correspondente às emoções era a Constelação de Aquila (daí a imagem da Águia Dourada estar associada à Coragem) e o Ar é a constelação de Aquadeiro (era representado por um homem carregando uma jarra de água, o que causa confusão nos esquisotéricos com o nome Aquário e a correlação com o elemento AR). Constelações e os Signos nunca tiveram nada a ver um com o outro, ao contrário do que a Veja e os leigos astrônomos afirmaram recentemente.

#AlanMoore

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Star Wars e a Kabbalah

star-wars-cabala

Em meados da década de 70, dois sujeitos chamados George Lucas e Steven Spielberg reuniram-se com um outro sujeito chamado Joseph Campbell para estudar. Juntos produziram um documentário chamado “o poder do Mito”, baseados no livro de Campbell e logo em seguida, produziriam a trilogia Star Wars.

Não é por sorte ou coincidência que Star Wars se tornou até uma religião. Ele possui todos os elementos essênciais e simbólicos de uma Saga, construída em torno dos conceitos da Árvore da Vida.

Comecemos por Luke Skywalker, o Iniciado Solar (Tiferet), destinado a trazer o equilíbrio à Força. Ele é um nobre que desconhece suas origens e vive em um deserto com seus tios, até ser chamado para um universo muito maior do que o que está acostumado a viver e pensa que é a sua realidade (Malkuth).

A Princesa Léia, irmã de Luke tal qual Ísis e Osíris, é a donzela virginal aprisionada nas masmorras e guardada por seres extremamente materiais, ateístas e mesquinhos, representado na forma grotesca de Jabba, o Hutt. Léia é Yesod, a Lua, nosso subconsciente preso nos afazeres diários que nos impedem a prática da meditação e autoconhecimento. Seu pedido de ajuda é o início da Jornada do herói. Nos mitos antigos, é comum que Sol e Lua, apesar de irmãos, realizem simbolicamente o Casamento alquímico mas, obviamente, isso não seria aceitável pelos padrões culturais do ocidente, então surge a figura de Han Solo.

Han Solo e Chewbacca são faces de Geburah, o rigor, representante dos antigos deuses da Guerra como Thor, Ogun e Ares. Chewbacca é a energia primordial instintiva e selvagem; Han, que atirou primeiro, é o impulso aventureiro.

Para acompanhar o Herói, Lucas adicionou dois protagonistas que permanecem durante toda a saga, os companheiros da Intuição (Yesod/Léia) e formadores do Microcosmos: Hod (a Razão) e Netzach (a Intuição).

C3PO representa Mercúrio, deus da comunicação (“versado em seis bilhões de línguas”), extremamente metódico virginiano e senhor de todos os códigos e linguagens; R2D2 representa Vênus, as emoções, expressas em suas formas arredondadas e sua comunicação impossível de ser compreendida se não for traduzida para palavras por Hod/C3PO. Os dois formam uma dupla inseparável (razão e emoção) e, sem ela, o herói não conseguirá terminar sua jornada.

Ao se descobrir Herói, Luke precisa ainda buscar a peça final de seu treinamento, o Santo Graal, o Caldeirão de Dagda… representado na figura de yod, ou Yoda, a menor letra em tamanho do alfabeto hebraico, mas uma das mais importantes. Yoda representa a figura paterna, protetora e mais poderosa de todos os jedis, tal qual Chesed é representado pelos grandes deuses-pai (Júpiter, Odin, Jeovah, Wotan).

O Sétimo Planeta antes do Abismo é Saturno, ou Daath, na figura de Darth Vader. Para compreender o universo além do Abismo, é necessário olhar para o Abismo e sentir o abismo olhar de volta para você. E então, na transcendência, percebemos que Saturno era apenas o reflexo do Imperador/Plutão (Hades, Dragão, Caronte, Nornes, Parcas, A Bruxa da Branca de Neve).

Saturno torna-se Binah, a Esfera do Controle, o Pilar Restritivo, representante do Império. Sua contraparte é Obi-Wan, Hochma, o Pilar Expansivo, trabalhando no Caos/Rebelião. E A Força Motriz que permeia todo o Mito do Jedaísmo foi chamada de “Força”, representando Kether, a origem.

Cada mito tem o seu tempo, espaço e cultura e deve ser entendido dentro destes parâmetros. A estrutura da Kabbalah Hermética, mais abrangente e completa do que a Cabalá Judaica, nos permite estudar e compreender qualquer cultura em qualquer período de tempo. O estudo da importância e valor atribuído a cada deus (ou deuses) e características destes deuses em cada cultura se torna um espelho daquele tempo-espaço, acompanhando inclusive as mesmas regras da evolução proposta por Darwin. Mitos nascem, crescem, multiplicam-se, modificam-se e eventualmente morrem. Sobrevivem os Mitos mais adaptados.

#Arte #Kabbalah #StarWars

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A Existência Negativa

Olam ha Atzilut (Mundo da Emanação) é onde a Vontade está plena. O Deus Criador, portanto Manifesto, está um pouco abaixo desta localização (metafisicamente falando) da Etz ha Chiim (Árvore da Vida). Olam ha Briah (Mundo da Criacão), é onde o Manifesto acaba por se dividir e se confundir em Criador e Criatura. Podemos dizer que esta é a mente da Criação, pois é aqui que as ideias dela vivem (É, tudo é vivo. Não é uma surpresa, né?) e seus arquétipos, nas estruturas mais densas desta realidade, dão forma a tais ideias. Olam ha Yetzirah (Mundo da Formação). É aqui onde as as ideias que tomaram formas nos arquétipos de Briah tomam forma, por assim dizer. Este é um mundo de pura emoção, luz, cor e fantasmagoria. Este é o lar da emoção, onde a informação de Briah toma a forma pictórica que permite uma apreenção. Lar dos elementais, gênios, orixás, devas, demônios e todos os outros seres fantásticos. Aqui a Vontade de Deus se manifesta pela emoção. Olam ha Asiyah (Mundo da Ação): este é o nosso mundo. O Universo conhecido. Tudo de fantástico acontece aqui, pois é a razão da Existência. A partir de Malkuth se conhece Kether. Assim como é abaixo, também é acima.

Todas as dez sephirot estão relacionadas com os quatro mundos, sendo esta, sua disposição. Sabemos agora o que NÃO É Deus.

Acima de toda a Existência estão os véus da Existência-Negativa. Estes são Ain (ou En), Ain Soph (ou En Soph) e Ain Soph Aur (ou En Soph Aur). Nada, Nada Absoluto e Nada Absoluto de Luz, respectivamente. Não poderei falar nada deles agora, pois não conheço muito para ensinar acerca disso, e precisaria de mais um post pra explicar. Mas brincando a gente já viu o que é a Existência-Negativa, a Árvore da Vida, os 4 Mundos e Deus. Nada mal… Bom, os próximos textos vão explicar detalhadamente cada dente que move esta fabulosa engrenagem…

Que as vossas Rosas floresçam na tua Cruz.

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Afrodite: All You Need is Love

Semana anterior falamos sobre a Razão: um dos 3 pilares da Magia e também dos 3 estados de consciência que precisam ser trabalhados e dominados dentro de cada um de nós. Falei sobre os deuses associados à razão, à lógica e ao entendimento e como os antigos utilizavam-se destas alegorias e representações para facilitar o domínio destes conceitos.

Hoje falaremos sobre o contraponto feminino em nossa mente. Associado ao elemento Água, ao naipe de taças (copas) e ao sagrado feminino, a Emoção está representada na esfera de Netzach.

Antes de prosseguir com a leitura desta matéria, recomendo que vocês leiam (ou releiam) o post sobre Hermes Trismegistrus antes de continuar.

Inanna
A representação mais antiga de Netzach era a deusa Inanna.
Inanna era a deusa do amor, do erotismo, da fecundidade e da fertilidade, entre os antigos Sumérios, sendo associada ao planeta Vênus.
Era especialmente cultuada nos enormes e importantes templos em Ur, mas era alvo de culto em todas as cidades sumérias.

Inanna surge em praticamente todos os mitos, sobretudo pelo seu carácter de deusa do amor (embora seja sempre referida como a virgem Inanna). Inanna representava também a primavera e as festividades relacionadas com o plantio. Sua história conta que como a deusa se tivesse apaixonado pelo jovem Dumuzi (um deus que antes era humano, representante das plantações, que todo ano morria e posteriormente era ressuscitado… já viram este mito em algum lugar antes?). Durante o Inverno, tendo Duzumi morrido, a deusa Inanna desceu aos Infernos para o resgatar dos mortos, para que este pudesse dar vida à humanidade, agora transformado em deus da agricultura e da vegetação no final dos tempos tenebrosos.

É cognata das deusas semitas da Mesopotâmia (Ishtar) e de Canaã (Asterote e Anat), tanto em termos de mitologia como de significado.

Ishtar
Da deusa Inanna, surgiu na suméria o culto a Ishtar.
Ishtar é a deusa mãe dos acádios, herança dos seus antecessores sumérios, cognata da deusa Asterote dos filisteus, de Isis dos egipcios, Inanna dos sumérios e da Astarte dos Gregos. Mais tarde esta deusa foi assumida também na mitologia Nórdica como

Easter – a deusa da fertilidade e da primavera.
Esta deusa era irmã gêmea de Shamash (que era o deus solar – preste atenção que isto é importante!) e filha do deus Sin, o deus lunar (e isto também será importante). Até este momento da história, quando os homens não tinham muita certeza sobre como as mulheres geravam os filhos, as principais divindades eram todas matriarcais, e associadas ao Sol.

Assim como Inanna, Ishtar também é representada pelo planeta Vênus.
Eu já havia falado sobre os ritos sexuais do Hieros Gamos então não vou repetir. Além destes rituais, o mais importante festival em honra a Ishtar consistia na Celebração do

Equinócio da Primavera.
Neste ritual, os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam nos campos. Para quem não fez as contas ainda, o Equinócio da Primavera cai aproximadamente dia 21 de Março, inicio do período de plantações.
Estes ovos continham runas e magias de Sigil pintadas cuidadosamente sobre eles (ensinarei sobre magia de Sigil daqui algumas colunas). Estes ovos eram enterradas nos campos e, quando os ovos eram destruídos pelos arados, os desejos escritos nos ovos se realizavam. Esta é a origem dos ovos “coloridos” de “Páscoa” (na verdade, eles não eram apenas “pintados”, mas escritos com runas e sigils de várias cores, representando cada cor e símbolo dos desejos a serem realizados)… calma que chegaremos nos coelhos daqui a pouco.

[um parênteses – hoje em dia, quando alguém vai em um templo de Umbanda e Candomble e recebe uma instrução de um Exú ou Bombo-Gira para acender tantas velas de tal cor para realizar um pedido, ou quando amarramos fitas de cores específicas nos galhos de uma árvore no Japão, no festival de Tanabata, ou quando desligamos nossa mente pintando mandalas com areia colorida, estamos falando do MESMO tipo de magia ritualística, apenas em formas e culturas diferentes – fim do parênteses].

Ísis
Isis é a deusa suprema do panteão egipcio; a grande mãe, a grande deusa, a criadora da vida. Ela era descrita como tendo pele clara, olhos azuis e cabelos negros. Junto com Osíris e Hórus, fazia parte da trindade sagrada dos deuses egípcios.
As lendas diziam que suas sacerdotisas eram capazes de controlar o clima prendendo ou soltando seus cabelos. Seus sacerdotes conheciam como ninguém as artes de trabalhar com metalurgia. Assim como nas culturas anteriores, o culto à deusa-mãe que representava as forças da natureza era muito difundido. Ísis era a deusa da sabedoria, detentora de todos os poderes mágicos dentro nas iniciações das Pirâmides (o chamado “Véu de Ísis”). Repare no “carretel de empinar pipas” que ela carrega em sua mão esquerda. Mais tarde falaremos sobre ele.

Ísis era casada com seu irmão osíris e ambos governavam o Egito. Enquanto Osíris estava espalhando suas idéias de civilização pelo mundo, Isis governava o Egito. Porém, seu irmão Seth era um deus violento e invejoso e queria o trono para si. Quando Osíris retornou a Menphis, Seth convocou 72 auxiliares e o convidou para um banquete. Durante o jantar, ele mostrou um belíssimo baú e disse que qualquer pessoa que coubesse dentro dele seria seu dono. Osíris coube perfeitamente, mas Seth e seus seguidores fecharam o baú com chumbo derretido e jogaram a caixa no Nilo.

A caixa chegou na Fenícia, onde uma árvore de Tâmaras cresceu ao seu redor. Mais tarde, quando esta árvore foi cortada e levada para fazer um pilar de um templo no palácio do rei, o odor da árvore era tão maravilhoso e diferente que a história acabou chegando até os ouvidos de Ísis e Seth.

Seth chegou primeiro ao baú e despedaçou o corpo de Osíris em 14 pedaços, que espalhou pelo Egito. Quando Ísis conseguiu chegar até o baú, ficou desesperada e começou a procurar pelas partes de Osíris por toda a terra, até que conseguiu recuperar todas as partes de seu amado (exceto seu falo, que havia sido devorado por um caranguejo) e levá-lo para os pântanos da deusa cobra Buto. Ali, utilizando-se de magias de Thoth e Anubis, Ísis conseguiu reanimar a essência de seu amado tempo suficiente para gerar um filho (sem contato sexual), chamado Hórus. Ísis era considerada uma deusa-virgem até então, de onde pode-se dizer que Hórus nasceu de uma Virgem.

Hórus simboliza a criança do solstício de Inverno; a esperança que o sol mais uma vez surgirá após o tenebroso inverno.

Em seguida, Ísis realiza os ritos de embalsamar, preparando Osíris para a viagem ao Próximo Mundo. Ísis e Hórus permanecem no pântano de Buto até que Hórus esteja forte o suficiente para desafiar seu tio Seth.
Quando estava em idade adequada, foi chamado um conselho dos deuses e Hórus pediu a eles que recuperasse o trono que era seu por direito. Todos os deuses votaram para que o trono permanecesse com Seth, exceto Toth (a Razão). O trono permanecia com Seth.

Ísis começou a proferir maldições e Seth ficou furioso, ameaçando matar um deus por dia até que os deuses decidissem a seu favor. Para evitar maiores problemas, Rá ordenou que a votação fosse movida para um santuário em uma Ilha e deu instruções ao barqueiro Ani para que nenhuma mulher cruzasse aquelas águas.

Ísis, então, decidiu usar um estratagema: transformou-se em uma linda donzela e, disfarçada, subornou Ani para que a levasse até a ilha de santuário de Seth, onde o seduziu com sua beleza. Quando Seth estava prestes a cair em sua sedução, ísis contou a ele que era uma viúva com um filho, cuja herança em gado havia sido tomada injustamente por seu tio estrangeiro, e perguntou o que ela deveria fazer para ajudar o filho da viúva. Seth disse a ela que o filho dela era o verdadeiro herdeiro.
Ísis foi, então, até o conselho dos deuses onde contou a todos o que havia acontecido e, dado que o julgamento foi proferido pela própria boca de Seth, os deuses não tiveram outra alternativa senão entregar o trono a Hórus.

Seth pediu, então, que o trono fosse disputado em uma batalha entre os dois e o conselho concordou. A partir de então, os dois deuses combatem, sendo responsabilidade de Toth velar para que haja sempre equilíbrio entre as estações.
Ísis era considerada uma deusa LUNAR. Ao contrário de suas predecessoras, que eram divindades solares, a partir do Egito as deusas femininas que possuem as atribuições sexuais e de fertilidade passam a adquirir atributos lunares. Isto se deve, em parte à associação do ciclo menstrual feminino (de 28 dias) com os ciclos lunares e, em parte, com a tomada do poder pelo patriarcado, que elevou o Sol à categoria de deus masculino dominador todo-poderoso.

Afrodite
De acordo com a Teogonia, de Hesíodo, Afrodite nasceu quando Urano (pai dos titãs) foi castrado por seu filho Cronos/Saturno, que atirou os genitais cortados de Urano ao mar, que começou a ferver e a espumar, esse efeito foi a fecundação que ocorreu em Tálassa, deusa primordial do mar. De aphros (“espuma do mar”), ergueu-se Afrodite e o mar a carregou para Chipre. Assim, Afrodite é de uma geração mais antiga que a maioria dos outros deuses olímpicos.

Após destronar Cronos, Zeus ficou ressentido pois tão grande era o poder sedutor de Afrodite que ele e os demais deuses estavam brigando o tempo todo pelos encantos dela, enquanto esta os desprezava a todos. Como vingança e punição, Zeus fê-la casar-se com Hefesto, que usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Segundo Homero, Afrodite e Hefesto se amavam mas, pela falta de atenção deste, que estava sempre envolvido com os trabalhos encomendados pelos deuses, Afrodite começou a trair o marido com Ares.

Suas festas eram chamadas de “Festas Afrodisíacas” e eram celebradas por toda a Grécia, especialmente em Atenas e Corinto. Suas sacerdotisas eram consideradas prostitutas sagradas, que representavam a própria Afrodite, e o sexo com elas era considerado um meio de adoração e contato com a Deusa. Com o passar do tempo, e com a substituição da religiosidade matriarcal pela patriarcal, Afrodite passou a ser vista cada vez mais como uma Deusa frívola e promíscua, como resultado de sua sexualidade liberal.

Afrodite/Vênus representa as paixões incontroladas, o espírito deixado levar pelo sentimento, as forças primordiais do SENTIR, incontroláveis. Vênus simboliza a emoção pura. O desejo, ciúmes, amizade, amor, ódio, luxúria, a arte, inspiração, etc… todos os sentimentos que não podem ser controlados pela Razão são de domínio de Vênus. Tudo o que não pode ser contabilizado, quantificado ou racionalizado pertence à Esfera de Vênus… a esfera de Netzach.

Eostre
Eostre ou Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados.
A lebre (e NÃO um coelho) era seu símbolo. Suas sacerdotisas eram capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada (claro que a versão “coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?” é bem mais comercialmente interessante do que “Lebre de Eostre, o que suas entranhas trazem de sorte para mim?”, que é a versão original desta rima.

A lebre de Eostre pode ser vista na Lua cheia (vide desenho neste post) e, portanto, era naturalmente associada à Lua e às deusas lunares da fertilidade.
De seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações judaico-cristãs. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora” (ou novamente, o planeta Vênus). É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.

Afrodite/Vênus na Kabbalah
A Árvore da Vida representa um mapa dos estados de consciência humanos. Vamos falar mais detalhadamente sobre isso em posts futuros, mas vou fazer a referência agora e vocês podem retornar e ler novamente este texto mais tarde, ok?

Em razão de sua ligação com o amor incondicional e com as emoções, Vênus está associado na Kabbalah à sétima esfera (sephira), chamada Netzach (Vitória). Netzach representa a emoção pura, o amor, desejo, luxúria, as águas torrentes das paixões. Enquanto Hod, sua contraparte racional, é simbolizada pelos ventos frios do deserto, Netzach é associada ao elemento Água e ao lado feminino de nossos pensamentos.
Netzach está associado ao planeta Vênus, ao metal cobre, ao incenso de benzoin e rosas, às rosas, à cor verde, à esmeraldas, velas e aos cinturões. Netzach influencia os Caminhos de Qof (29), a “antiga bruxa”, a conexão entre o Emocional e o Plano Físico, representado pelo sentimento que deu origem a todas as grandes festividades ao redor das fogueiras; Tzaddi (28) a “Estrela”, que liga as fortes conexões entre o Plano Astral e o Emocional. É um caminho tão importante que Aleister Crowley o substituiu com o caminho de Heh (Imperador) no cruzamento do Abismo (falaremos sobre isto mais adiante, mas por enquanto, lembrem-se da frase “Todo Homem e toda Mulher é uma estrela”). Peh (27), a Torre, o caminho turbulento que conecta a esfera da Razão Pura à esfera da Emoção Pura. Imaginar este estado de consciência é como colocar um fanático cético com um fanático religioso para discutir. Mais cedo ou mais tarde, a estrutura vai rachar ao meio.

Da conexão entre Netzach e Tiferet está Nun (24), a terrível Morte através do sacrifício pela Humanidade, a maneira do caminho da Mão Direita para se chegar a Ascensão. A frase usada ad nauseam pelos católicos e evangélicos (“Jesus morreu para nos salvar”) vem de uma má interpretação ou de uma interpretação literal deste caminho. O quinto caminho, conectando os rituais de fertilidade com a esfera da prosperidade (Hesed) é o caminho de Koph (21), também conhecido como a “Roda da Fortuna”, que rege os ciclos da natureza.

Assim como os excessos de Hod criam os fanáticos-céticos, os excessos de Netzach criam os fanáticos religiosos: Aqueles que acreditam em algo baseados apenas na fé, sem razão nem imaginação. Como eu já disse alguns posts atrás, fanáticos ateus e fanáticos religiosos são duas faces da mesma moeda, e aqui está a demonstração. Sem equilíbrio e domínio dos quatro elementos não vamos a lugar nenhum, ficando perdidos e isolados nestas esferas que, como vocês podem observar, ocupam o mesmo grau dentro do mapa da consciência humana.

Os símbolos de Vênus
O primeiro e mais conhecido deles é o Pentagrama. Observando o céu e anotando a posição da “Estrela Matutina” durante 8 anos, o traçado do chamado “período sinódico” de Vênus forma um Pentagrama (período sinódico é o tempo que um planeta leva para retornar a uma mesma posição em relação ao sol por um observador na Terra – observe o desenho ao lado).

O outro símbolo de Vênus, que também é a sua representação planetária utilizada por cientistas e ocultistas, é este que está representado ao lado. Ele possui a chave para entender o caminho de Nun através da Mão Direita (somente através do amor e do sacrifício pela humanidade é que se consegue atingir a Iluminação).

Examinemos o símbolo de Vênus por um momento: um círculo sobreposto a uma cruz. A cruz representa o Plano Material e o Microcosmos, enquanto o círculo representa o Espírito e o Macrocosmos. A cruz representa o ciclo de reencarnações, os quatro elementos que precisam ser dominados para se chegar até o estado de Iluminado, enquanto o círculo representa o ciclo divino, já fora da Roda de Samsara. O ponto central do símbolo é a esfera de Tiferet – O Sol.

Também quero que vocês prestem atenção na estrutura da Árvore da Vida. Quando estudamos as relações entre o Microcosmo e o Macrocosmo na alquimia, podemos sublinhar alguns dos caminhos mais relevantes para este processo de Autoconhecimento: Aleph, Beth, Vav, Chet, Yod, Lamed, Sameck, Peh e o mais importante de todos: Tav.

Vamos ver o que acontece quando eu seleciono estes caminhos no diagrama:

Vejam só, crianças… que símbolo curioso surgiu!
Não é um prendedor de cinto de Ísis e muito menos um segurador de pipas, como os céticos acreditam. É o símbolo da Árvore da Vida, retratado pelos Antigos Egípcios através do Ankh, o Símbolo da VIDA ETERNA.

E qual seria a razão pela qual o símbolo astronômico de Vênus e o Símbolo da Árvore da Vida e do caminho até Deus serem os mesmos?
Porque… não importa quanto conhecimento você adquira (Hod), não importa o quanto você seja fodão em alquimia e magia (Yesod), não importa o quão rico e bem estruturado você esteja no Plano Material (Malkuth), sem AMOR você não vai chegar a lugar nenhum.

E o Símbolo de Netzach/Vênus representa o “Tudo o que está acima é igual ao que está abaixo”. De nada adianta um mundo com tecnologia melhor que a Atlântida se a humanidade continua fazendo as mesmas merdas…

Love, love, love, love, love, love, love, love, love.
There’s nothing you can do that can’t be done.
Nothing you can sing that can’t be sung.
Nothing you can say but you can learn how to play the game
It’s easy.
There’s nothing you can make that can’t be made.
No one you can save that can’t be saved.
Nothing you can do but you can learn how to be in time
It’s easy.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
Love, love, love, love, love, love, love, love, love.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
There’s nothing you can know that isn’t known.
Nothing you can see that isn’t shown.
Nowhere you can be that isn’t where you’re meant to be.
It’s easy.
All you need is love, all you need is love,
All you need is love, love, love is all you need.
All you need is love (all together now)
All you need is love (everybody)
All you need is love, love, love is all you need.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/afrodite-all-you-need-is-love

A Raposa e as Uvas – Uma Fábula Moderna

Passeando por grupos do facebook, uma raposa, morta de fome de conhecimentos, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas ramas de uma viçosa videira, alguns cachos de exuberantes uvas negras, e o mais importante, maduras. Eram quase 700 paginas coloridas e 800 mil palavras de conhecimento vinífero penduradas ali na sua frente.

Não pensou duas vezes, depois de certificar-se que o caminho estava livre de intrusos, resolveu colher o seu alimento.

– Alguém conhece este livro? Fiquei muito interessada…

Usou de todos os seus dotes, conhecimentos e artifícios para apanhá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou cansando-se em vão, e nada conseguiu.

– Alguém tem um PDF para me mandar?

Desolada, cansada, faminta, frustrada com o insucesso de sua empreitada, suspirando, encolheu de ombros e deu-se por vencida. Outras raposas chegaram junto, mas nada conseguiram.

Deu meia volta e foi-se embora, desapontada foi dizendo:

– Está muito caro!

Outras disseram:

– Parece um trabalho superficial, o livreto de 100 paginas da Dion Fortune que pegamos de graça pirata é bem mais profundo.

– Não gosto do autor, autores nacionais nunca se aprofundam nos temas

– A parte gráfica deixa a desejar…

– Não recomendo o autor para ninguém que queira estudar Magia(k), ele é muito pop, só fala de Kabbalah e Harry Potter, Matrix e Senhor dos Aneis

– Com todo respeito aos meus amigos ocultistas, mas se quer aprender cabala “de verdade”, estude Hebraico e pegue livros como Tikunei Zohar, Zohar Hakadosh, Likutei Amarim, Likutei Moharam, Shney Luchot Habrit…

– Um amigo de um primo meu da capital disse que o autor colocou círculos cabalísticos reais em um RPG e faz com que o primo de um conhecido meu invocasse demônios em uma sessão de RPG, por isso não podemos comprar nada deste autor.

Quando já estavam indo, um pouco mais à frente, escutaram um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão… Voltaram correndo pensando ser um pdf…

Mas quando chegaram lá, para sua decepção, era apenas uma folha que havia caído da parreira. As raposas, decepcionadas, viraram as costas e foram-se embora de novo.

Fábula de Esopo, baseada em fatos reais.

#Arte #Fábulas

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-raposa-e-as-uvas-uma-f%C3%A1bula-moderna

Hermes Trismegistus

“O que está em cima é como o que está embaixo.

E o que está embaixo é como o que está em cima”

O que é magia? Esta é uma questão que, mesmo em círculos esotéricos, levanta muita discussão. Vários autores e filósofos em todas as épocas teceram variadas interpretações a respeito do assunto. Entretanto, os elementos-chave de todas as definições existentes parecem concordar em apenas um ponto: Magia (ou Magick) envolve o uso da mente humana para causar uma alteração: Mudança no mundo, mudança do próprio indivíduo, mudança para com os outros. Aleister Crowley definiu mágica como “a Arte ou Ciência de causar uma mudança. Para que esta ocorra em conformidade com a Vontade”. Doreen Valiente define magia como “a ciência do controle das forças secretas da natureza”. Scott Cunningham chama a magia de “o movimento de energias naturais para criar uma mudança necessária”. Mas é Margot Adler que tem a definição que considero ser a mais interessante de todas. Ela diz:

“Magia é uma palavra conveniente para toda uma coleção de técnicas, todas as quais envolvem o uso da mente. Neste caso, veremos que todas estas técnicas envolvem a mobilização da confiança, vontade e emoção, direcionadas a partir do reconhecimento da necessidade, do uso das faculdades da imaginação, principalmente através da habilidade de visualizar, a fim de entender como outros seres funcionam na natureza para que possamos usar este conhecimento de forma a atingir os fins necessitados”.

Magia, portanto, é um instrumento da mente e, como tal é mental por natureza. Magia é um meio através do qual a vontade (Thelema), a emoção (Emotionem) e a imaginação (Imaginatio) criam uma mudança verdadeira no mundo físico. Como, porém, pode um instrumento mental e não físico criar uma alteração no mundo físico e corpóreo? A resposta está na Verdade de que o universo em si mesmo é Mental por natureza e que a mente é a chave para abrir os poderes do Cosmo.

“Substância” pode ser definida como aquilo que está por dentro de todas as manifestações exteriores. Atrás de toda aparência exterior neste mundo e em todos os outros mundos, deve existir uma realidade substancial. Um imenso Panteão de deuses e deusas mostra-nos como o homem tentar dar nome a esta realidade substancial.

Como John Barnes afirmou certa vez, “O Todo é a Realidade Substancial que está escondida em todas as manifestações de vida. O Todo é a Grande Avó -Avô que criou a si mesmo, que sempre existiu e que irá existir para sempre”

Uma das chaves para entender como o Universo funciona nos foi dada por Hermes-Toth, também conhecido como Hermes Trismegistus. Algumas pessoas o consideram um deus, outras um grande iniciado, e algumas ainda acreditam que este nome represente uma das primeiras Ordens Iniciáticas do Antigo Egito e Grécia, cujos trabalhos de seus Iniciados perduram até os dias de hoje, através da ciência conhecida como Hermetismo. A seguir, falarei um pouco sobre quem foi esta figura e o que ele nos deixou de legado.

Toth

Toth (ou Thoth) é considerada uma das divindades mais importantes do Egito. Também chamado de “O escriba dos Deuses”, ele é geralmente descrito como tendo a cabeça de um Íbis.

Sua contraparte feminina era Maat, deusa da Justiça, e seu principal templo ficava em Khemennu (que os gregos chamavam de Hermopolis e os árabes de Eshmunen). Mas Toth também tinha templos iniciáticos em Abydos, Hesert, Urit, Per-Ab, Rekhui, Ta-ur, Sep, Hat, Pselket, Tamsis, Antcha-Mutet, Bah, Amen-heri-ab e Ta-kens. Nestes templos, seus discípulos aprendiam as bases do que chamamos de “Livro de Toth”, ou como é conhecido pelos profanos, o Tarot. As 78 lâminas, também chamada “Espelho da Alma”, são capazes de reproduzir simbolicamente todos os fluxos de energia que permeiam uma situação (as pessoas acreditam que o Tarot serve para “prever o futuro” mas isto não é verdade. Seu uso principal é para autoconhecimento). Falarei mais sobre Tarot em posts futuros.

Ele era considerado o coração e a língua de Rá, assim como a vontade de Rá traduzida para a fala (o Verbo). Dentro do Panteão Egípcio, ele possuía diversas funções muito importantes (entre elas, ensinar a escrita, magia, ciência, astrologia e ajudar no julgamento dos mortos).

Toth também é responsável pelo governo dos Planetas e das estações. È chamado de “Senhor das palavras Sagradas” pois foi ele quem inventou os hieroglifos e os números. Por ter sido o primeiro magista, Toth possuía mais poder até mesmo do que Osíris ou Rá.

Em algumas representações, podemos vê-lo com a crescente lunar sobre sua cabeça e sua figura carregando uma palheta e cinzel. Toth possuía duas esposas, Seshat e Nehmauit. Seu festival principal acontecia no décimo nono dia do mês de Toth, alguns poucos dias após a lua cheia do começo do ano.

Toth é considerado deus da Magia, escrita, invenções, profecia, música, tarot, conhecimento, ciências, medidas, matemática, fala, oráculos, julgamento, desenhos, arquitetura, gramática, teologia, hinos, aprendizado, livros, registros Akashicos, paz e orações.

Hermes

Hermes também é tido como uma das mais importantes divindades gregas do Panteão Olímpico. Considerado o mais jovem dos deuses, ele é o protetor de todos os viajantes e ladrões, é o mensageiro dos deuses, responsável por levar a palavra dos deuses até os mortais (qualquer semelhança com Prometeu ou Lúcifer NÃO é mera coincidência); Hermes é o deus da eloqüência, ao lado de Apolo, é o Deus dos diplomatas e da diplomacia (que era chamada de Hermeneus pelos gregos) e é o deus dos mistérios e interpretações (da onde vem a palavra Hermenêutica). Além disto, era um dos únicos deuses que tinha permissão para descer ao Hades e partir quando desejasse. Todos os outros (incluindo Zeus) estavam sujeitos às leis de Hades.

Hermes tinha vários símbolos, mas os mais tradicionais eram as sandálias com asas, o caduceu (que curiosamente representa a Kundalini, duas serpentes enroscadas em um cajado) e a tartaruga (de cujo casco ele criou a primeira Lira).

Como inventor de diversos tipos de corrida e também das lutas, Hermes era considerado o patrono dos atletas. Finalmente, era tido como o inventor do Fogo (em alguns textos anteriores a Prometeu) e considerado um deus pregador de peças, que adorava aprontar com seus irmãos (isto desde seu nascimento, quando a primeira coisa que fez quando aprendeu a andar foi roubar os bois de Apolo e esconde-los). Hermes era patrono dos alquimistas, magos e filósofos.

Mercúrio

Para os romanos, Mercúrio surgiu da fusão do deus Turms (Etrusco) com as características de Hermes grego, em aproximadamente 400 AC. Mercúrio tornou-se assim o deus do comércio (em muitos países o símbolo do Caduceu é usado para indicar administração e não medicina), das estradas e das relações de diplomacia. Mercúrio não era tão popular entre os romanos como Hermes era entre os gregos, sendo considerado um deus menor dentro do Panteão romano.

Mercúrio era patrono do comércio, transportes, sucesso, magia, viagens, apostas, atletas, eloqüência, mercadores e mensageiros.

Hermes Trimegistus

Hermes Trismegistus é a tradução em latim e significa “Hermes, o três vezes grande”.

Trata-se do nome dado pelos neoplatônicos, místicos e alquimistas ao deus egípcio Toth ou Tehuti, identificado com o deus grego Hermes. Ambos eram os deuses da escrita e da magia nas respectivas culturas.

Toth simbolizava a lógica organizada do universo. Era relacionado aos ciclos lunares, cujas fases expressam a harmonia do universo. Referido nos escritos egípcios como “duas vezes grande”, era o deus do verbo e da sabedoria, sendo naturalmente identificado com Hermes. Na atmosfera sincrética do Império Romano, deu-se ao deus grego Hermes o epíteto do deus egípcio Toth.

Como “escriba e mensageiro dos deuses”, no Egito Helenístico, Hermes era tido como o autor de um conjunto de textos sagrados, ditos “herméticos”, contendo ensinamentos sobre artes, ciências e religião e filosofia – o Corpus Hermeticum – cujo propósito seria a deificação da humanidade através do conhecimento de Deus. É pouco provável que todos esses livros tenham sido escritos por uma única pessoa, mas representam o saber acumulada pelos egípcios ao longo do tempo, atribuído ao grande deus da sabedoria.

Segundo Clemente de Alexandria, eram 42 livros subdivididos em seis conjuntos. O primeiro tratava da educação dos sacerdotes; o segundo, dos rituais do templo; o terceiro, de geologia, geografia, botânica e agricultura; o quarto, de astronomia e astrologia, matemática e arquitetura; o quinto continha os hinos em louvor aos deuses e um guia de ação política para os reis; o sexto era um texto médico.

Também é creditado a Hermes Trismegistus, “O Livro dos Mortos” ou “O Livro da Saída da Luz” e o mais famoso texto alquímico – a “Tábua de Esmeralda”.

Os Escritos Herméticos

Os escritos Herméticos são uma coleção de 18 obras Gregas. Estes escritos contêm os aspectos teórico e filosófico do Hermetismo em seu aspecto teosófico. O período bizantino é marcado por uma outra coleção de obras herméticas, que também são relacionadas ao Hermes Trismegistus e contêm uma tradição hermética popular a qual é composta essencialmente por escritos relacionados a astrologia, magia e Alquimia. Esta versão popular encontra sustentação ou base nos diálogos Hermeticos, apesar dele se distanciar da magia.

A prática da magia entretanto não está distante das praticas realizadas no antigo Egito, a qual em uma última análise é a fonte de todos os diálogos herméticos, pois o Hermetismo lá floresceu e, portanto estabelece uma conexão entre as duas tradições Hermeticas: filosófica e magia.

Os ensinos de Hermes-Toth chegaram à atualidade baseados em escassos documentos que constituem o “Kabalion“, “A Tábua da Esmeralda“, “Pistis Sophia“, “Corpus Hermeticum“, e alguns outros papiros. Naturalmente que o acervo de ensinamentos de Toth estão contidos em muitos outros documentos que foram preservados e mantidos sob a guarda de Ordens Iniciáticas. Tratam-se de documentos originais e cópias que foram preservados do incêndio da Biblioteca de Alexandria. Entre os documentos preservados existem aqueles que deram base ao desenvolvimento da Alquimia.

As sete Leis Herméticas

As sete principais leis herméticas se baseiam nos princípios incluídos no livro Kabalion que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Kabalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Kabbalah, que em hebraico, significa recepção. De acordo com Hermes Trismegistus:

Lei do Mentalismo

O universo é mental ou Mente. Isso significa que todo universo fenomenal é simplesmente uma criação mental do TODO… Que o universo tem sua existência na Mente do TODO.

Uma outra maneira de dizer isso é: “tudo existe na mente do Deus e da Deusa que nos ‘pensa’ para que possamos existir. Toda a criação principiou como uma idéia da mente divina que continuaria a viver, a mover-se e a ter seu ser na divina consciência.”

“O Universo e toda a matéria são consciência do processo de evolução.”

Minha opinião é que toda a matéria são como os neurônios de uma grande mente, o universo consciente, que “pensa”.

Todo o conhecimento flui e reflui de nossa mente, já que estamos ligados a uma mente divina que contem todo o conhecimento.

É claro que não estamos conscientes de “todo o conhecimento” em qualquer momento dado, por que seria uma tarefa exorbitante manuseá-lo e processa-lo e ficaríamos loucos no processo.

Os cinco sentidos do cérebro humano atuam tanto como filtros como fontes de informação. Eles bloqueiam uma considerável soma de informação caso contrário seriamos esmagados por informações que nos bombardeiam minuto a minuto como sons, cheiros e até idéias, não seriamos capazes de nos concentrarmos nas tarefas especificas em mãos. Mas sob condições corretas de consciência podemos moderar, ou até desligar o processo de filtração, com a consciência alterada, o conhecimento universal (Registros Akáshicos) torna-se acessível.

Lei da Correspondência

“Aquilo que está em cima é como aquilo que está embaixo.”

Essa lei é importante porque nos lembra que vivemos em mais que um mundo.

Vivemos nas coordenadas do espaço físico, mas também vivemos em um mundo sem espaço e nem tempo.

A perspectiva da Terra normalmente nos impede de enxergar outros domínios acima e abaixo de nós. A nossa atenção está tão concentrada no microcosmo que não nos percebemos o imenso macrocosmo à nossa volta. O principio de correspondência diz-nos que o que é verdadeiro no macrocosmo é também verdadeiro no microcosmo e vice-versa.

Portanto podemos aprender as grandes verdades do cosmo observando como elas se manifestam em nossas próprias vidas.

Por isso estudamos o universo: para aprender mais sobre nós mesmos.

Na menor partícula existe toda a informação do Universo.

A Lei da Correspondência, em conjunto com a Lei da Causa e Efeito, é a explicação para o funcionamento perfeito do Tarot e da Astrologia, bem como de todos os outros oráculos.

Lei da Vibração

“Nada está parado, tudo se move, tudo vibra”

No universo todo movimento é vibratório. O todo se manifesta por esse princípio. Todas as coisas se movimentam e vibram com seu próprio regime de vibração. Nada está em repouso. Das galáxias às partículas sub-atômicas, tudo é movimento.

Todos os objetos materiais são feitos de átomos e a enorme variedade de estruturas moleculares não é rígida ou imóvel, mas oscila de acordo com as temperaturas e com harmonia. A matéria não é passiva ou inerte, como nos pode parecer a nível material, mas cheia de movimento.

A Lei da Vibração rege toda a comunicação entre espíritos e matéria, bem como a conjuração de elementais, devas, exús, orixás, anjos enochianos e qualquer outro tipo de serviçal astral. Também rege os princípios de atração e repulsão entre indivíduos, a harmonia e as egrégoras.

Lei da Polaridade

“Tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados”

A polaridade revela a dualidade, os opostos representando a chave de poder no sistema hermético. Mais do que isso, os opostos são apenas extremos da mesma coisa. Tudo se torna idêntico em natureza. O pólo positivo + e o negativo – da corrente elétrica são uma mera convenção.

O claro e o escuro também são manifestações da luz. A escala musical do som, o duro versus o flexível, o doce versus o amargo. Amor e o ódio são simplesmente manifestações de uma mesma coisa, diferentes graus de um sentimento.

Lei do Ritmo

“Tudo tem fluxo e refluxo, tudo tem suas marés, tudo sobe e desce, o ritmo é a compensação”

Pode se dizer que o princípio é manifestado pela criação e pela destruição. É o ritmo da ascensão e da queda, da conversão da energia cinética para potencial e da potencial para cinética. Os opostos se movem em círculos.

É a expansão até chegar o ponto máximo, e depois que atingir sua maior força, se torna massa inerte, recomeçando novamente um novo ciclo, dessa vez no sentido inverso. A lei do ritmo assegura que cada ciclo busque sua complementação.

Lei do Gênero

“O Gênero está em tudo: tudo tem seus princípios Masculino e Feminino, o gênero se manifesta em todos os planos da criação”

Os princípios de atração e repulsão não existem por si só, mas somente um dependendo do outro. Tudo tem um componente masculino e um feminino independente do gênero físico. É semelhante ao principio com o principio animas animus que Carl Jung e seus seguidores popularizaram, ou seja que cada pessoa contém aspectos masculinos e femininos, independente do seu gênero físico, nenhum ser humano é 100% homem ou mulher, e isso é até astrologicamente explicado, uma vez que todos somos influenciados por todos os signos (uns mais, outros menos), e metade do zodíaco é feminino, enquanto que a outra metade é obviamente masculina (Esse é mais um argumento que suporta a igualdade entre Deus/Hochma e Deusa/Binah dentro das Esferas da Kabbalah).

Em todas as coisas existe uma energia receptiva feminina e uma energia projetiva masculina, a que os chineses chamavam de Yin e Yang.

Lei de Causa e Efeito

“Toda causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa, existem muitos planos de causalidade mas nenhum escapa à Lei”

Nada acontece por acaso, pois não existe o acaso, já que acaso é simplesmente um termo dado a um fenômeno existente e do qual não conhecemos e a origem, ou seja, não reconhecemos nele a Lei à qual se aplica.

Esse princípio é um dos mais polêmicos, pois também implica no fato de sermos responsáveis por todos os nossos atos e é muito mais cômodo deixar os acontecimentos ao “acaso” ou ao “divino”. Também é conhecido como Lei do Karma.

Hermes/Toth na Kabbalah

A Árvore da Vida representa um mapa dos estados de consciência humanos. Vamos falar mais detalhadamente sobre isso em posts futuros, mas vou fazer a referência agora e vocês podem retornar e ler novamente este texto mais tarde, ok?

Em razão de sua eloqüência e inteligência privilegiada, Mercúrio está associado na Kabbalah à oitava esfera (sephira), chamada Hod (explendor). Hod representa a razão pura, a lógica, a matemática, o ceticismo e os desertos dos códigos rígidos e cartesianos, em contraste com Netzach (Vênus) que representa a Emoção Pura.

Hod está associado ao Planeta Mercúrio, ao metal mercúrio, ao incenso de sândalo, Mastic e Storax, à cânfora, lavanda, lírios, marjoran e mirtila e ao caduceu. Seu elemento é o Ar.

Hod influencia os Caminhos Shin (31), a Inteligência Perpétua, conectando a Razão ao Plano Material, servindo de filtro entre as idéias que permeiam o mundo material e o que pode ser aproveitada delas (este é literalmente o caminho do despertar dos céticos), Resh (30), o Sol, que conecta a Razão ao Plano Astral, perfazendo a segunda trilha que um mago deve percorrer na consciência, usando a razão de maneira questionadora no Plano Astral, Peh (27), a Torre, o caminho turbulento que conecta a esfera da Razão Pura à esfera da Emoção Pura. Imaginar este estado de consciência é como colocar um fanático cético com um fanático religioso para discutir. Mais cedo ou mais tarde, a estrutura vai rachar ao meio. Da conexão entre Hod e Tiferet (Sol) há o Caminho 26, Ayin, o Diabo, o caminho da iluminação através da razão ou através do Caminho da Esquerda, como vocês já devem ter ouvido falar por aí. O famoso “Faze o que tu queres há de ser o todo da Lei” e finalmente, o caminho 23, Mem, que liga a Razão às planícies de provação de Marte/Geburah, simbolizando a estagnação do Enforcado.

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Nun-Vav-Nun

nun-vav-nun

A letra Nun é a 14ª letra do Aleph-Bet, tendo o valor numérico de 50. O pictograma Nun é algo como uma semente, enquanto que a escrita hebraica clássica (Ketav Ashurit) é construída de um Vav dobrado com uma coroa como um Zayin. No judaísmo, a raiz da palavra Nun significa “peixe”.

De acordo com os Chaz’l (sábios), NUN é dito representar tanto a fidelidade e a recompensa pela fidelidade. Moisés, por exemplo, é visto como o humilde servo paradigmático do Senhor.

A palavra “Nun” em si é soletrada Nun-Vav-Nun(final) e parece como se segue:

Fazendo a leitura da direita para a esquerda: primeiro temos NUN, representando uma pessoa humilde, curvada. Em seguida VAV representando a pregação e o recebimento da Sabedoria de Deus (HOCHMA – VAV é o Caminho que conecta Hochma a Chesed) e finalmente o NUN Sofit (o Nun usado no final da frase) que representa o humilde agora de pé.

Rashi disse que esta ortografia sugere que aquele que é humilde diante de Deus vai ficar de pé no final do dia. No olam hazeh (vida atual), isto significa que tzaddik (justo), simultaneamente, afirmará: “Eu não sou nada além de pó”, e “o próprio mundo foi feito por minha causa.” Humilha-te perante os olhos do SENHOR, e ele vos exaltará (Tiago 4:10).

NUN-VAV-NUN Também faz paralelo com a história de Jesus como ela nos é contada: o messias humilde é pregado na cruz (VAV também significa “prego” tanto no verbo pregar quanto no substantivo prego) e ao final do processo renasce em ascenção. Dentro da Árvore da Vida, temos que a humildade e o amor estão diretamente ligado a NETZACH e após o sacrifício, a ressurreição se dará em TIFERET, que são justamente os dois Caminhos que esta letra conecta.

A palavra Nun também significa “propagar”, “multiplicar”, o que explica em muita coisa um dos principais milagres atribuídos a Jesus: a multiplicação dos peixes. O primeiro NUN representa a pessoa que abdica do ego para passar adiante a palavra de uma verdade maior que ela. Essa “pregação” está representada na forma da letra VAV e finalmente temos o NUN final que traz o resultado dessa multiplicação de idéias verdadeiras.

Infelizmente, a religião usurpou para si o conceito de “verdade” e distorceu esta atribuição da letra NUN para servir a seus próprios interesses, mas podemos ver que a palavra NUN pode servir muito bem para indicar o CIÊNCIA ou o conhecimento científico, pois a cada descoberta feita por um pesquisador ou cientista, este faz o anuncio de maneira “humilde” (ou seja, não apelando para sua autoridade, mas sim para a verdade em suas palavras).

Esta “pregação” (feita na forma da publicação em periódicos científicos, que vai multiplicar sua voz de modo que muitos a escutem, testem e verifiquem se é ou não é verdadeira). Caso seja verdadeira, ao “final do dia”, ou seja, na conclusão, o NUN final indicará que a teoria está aceita pela comunidade como sendo uma verdade que se somará à sabedoria adquirida.

– Do livro “Kabbalah Hermética”, de Marcelo Del Debbio

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Algumas Noções de Cabalá Judaica

Arvore-judaica

O Deus de Israel, Deus Vivente, Rei do Universo, El Shaddai. Misericordioso e Cheio de Graça. Mais Alto e Exaltado Habitando na Eternidade. Cujo nome é Sagrado. E Ele criou Seu universo com três livros (Sepharim), com texto (Sepher), com número (Sephar) e com comunicação (Sippur).

Sepher Yetzirah 1:1

Kabbalah é o Verbo da Criação. É a raiz na qual se sustenta o tronco e os galhos de toda a Sabedoria Divina. É o caminho de retorno para o Ponto Central. Não há nada que a contenha (exceto o Criador), porém ela está em Tudo (a partir do Criador). O Senhor nos deu a possibilidade de sermos unos com Ele através da apreensão dos frutos da Árvore da Vida (Etz haChaim).

Foram 10 os Mandamentos recebidos por Mosher (Moisés) no pico do Monte Sinai. Seus nomessão: Kether, Hochmah, Binah, Chesed, Pechad, Tipheret, Netzah,Hod, Yesod e Malkuth. 32 são as Vias da Sabedoria. E 22 as letras do alfabeto hebreu. É sustentada por 3 pilares que são: Severidade, Misericórdia e Equilíbrio. Cujas bases se alicerçam em um mundo e seu teto em outro. Seu meio é como o de duas grandes águas. Seus mundos são em número de 4. E são: Olam ha Atziluth, Olam ha Beriyah, Olam ha Yetzirah e Olam ha Asiyah.

A Árvore da Vida aparece muitas vezes nos textos sagrados do mundo inteiro, mas na Bíblia e na Torah é que ela (para mim) tem o maior significado. Elohim, a potência criadora, cria o Universo e todas as suas maravilhas, e para coroar sua obra, cria o homem como legislador de tudo. Havia uma única condição: que ele não comesse o fruto proibido da Árvore. Este fruto era Daath, a não-sephira. Daath é o Conhecimento. Fruto do ego e da auto-exaltação. O homem (princípio ativo), sendo iludido pela mulher (princípio passivo), aceitou o fruto que lhe foi entregue pela Serpente. Samael (a cobra), na Árvore da Morte é o demônio correspondente à qlipah de Iauch, tem o poder sobre a heresia e a decepção. Ademais, a própria serpente é tida como símbolo de sabedoria. O problema é que tomaram o hábito pelo frade… Então, profundamente decepcionado com tudo isso, o Senhor expulsou-os do Paraíso.

E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada flamejante que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida.

Gênesis 3:24

Bom, o homem não foi expulso do paraíso de verdade. No sentido literal, eu quero dizer. Esse, na verdade, foi o modo como os mestres da época usaram para revelar (re-velar) para as massas as suas doutrinas. Nós estamos em um ciclo evolutivo de éons. A descida na matéria foi necessária para que pudéssemos, como Deus, nos tornar no futuro, criadores de mundos. Tinhamos poderes divinos e nada sofríamos, pois vivíamos no seio do Pai. Mas o maior dos problemas era a inocência. Inocência não é sinal de defeito, porém também não é sinal de virtude. Para que tivéssemos a noção de indivíduo, de ação e de evolução, Ele nos conduziu, com as Hierarquias Criadoras, até o ponto onde estamos hoje: Malkuth – O Reino. Para que com o esforço necessário voltemos ao nosso ponto de origem com toda a bagagem que não tínhamos. Para isso temos a Kabbalah.

Cada um dos caminhos e cada uma das sephiroth (plural de sephirah) é como um mapa para nossa ascensão ao Princípio (Reschit). TODAS as energias da Criação estão na Árvore. E vale lembrar, são apenas dez sephiroth. Nem nove, nem onze. Não são nove porque Kether não é Deus. Nem onze pois Deus não é a Kabbalah.

Shalom!

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