RPGQuest – Diário de Produção – 01

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Muita gente tem pedido para acompanhar o dia-a-dia da criação e desenvolvimento do Boardgame RPGQuest. A proposta é colocar nesta sessão as decisões que tomamos ao longo do processo, para que vocês possam entender melhor o complicado processo de transformar uma idéia em algo real.

A primeira dica que eu posso dar a alguém que queira publicar um Boardgame é “Escreva sobre o que você conhece”. Não adianta querer criar um RPG ou jogo de tabuleiro sobre algum tema porque é modinha ou porque você acha que vai dar dinheiro ou porque todo mundo está falando sobre um assunto X. Um boardgame bem sucedido nasce no coração do designer, antes de passar pelo cérebro e pelas matemática das regras até se materializar. Quem já acompanha meus textos sabe o quanto sou apaixonado por alquimia, hermetismo e RPG. Um Boardgame meu teria, obviamente, de envolver estes assuntos!

Desde 2006 tínhamos a idéia de lançar um jogo de tabuleiro. Quando o Hero Quest deixou de ser fabricado, o mercado de tabuleiros ficou sem uma excelente porta de entrada para os RPGs. Na época, eu e meu sócio, Norson Botrel, pensamos em um jogo que fosse um RPG simplificado, fácil e gostoso de ser jogado, sem muitas regras e preocupações, de modo que pudesse ser utilizado como módulo básico para iniciantes, barato e acessível. Nos juntamos ao Ronaldo barata e bolamos a essência do RPGQuest. Um Dungeon-Crawler (tipo de jogo no qual os jogadores controlam heróis que se aventuram por masmorras e labirintos, matando monstros e recolhendo tesouros) que tivesse características de um RPG simples.

Lançado na Bienal do Livro de 2006, o jogo vendeu mais de 20 mil cópias e teve 5 volumes publicados (Masmorras, Mitologia Grega, Templários, Oriental China e Oriental Reinos de Jade), um Módulo Básico e um Livro de Monstros. O jogo acabou se tornando um sucesso também entre os professores que acompanhavam as hordas de alunos do primeiro grau no evento. Uma aventura que poderia ser usada para praticar matemática, redação e desafios lógicos enquanto as crianças se divertiam.

RPGQuest vendeu até 2010, quando as regras de distribuição em bancas de jornal foram radicalmente afetadas e muitas editoras fecharam as portas, levando inclusive ao fim da Dragão Brasil. o RPG de Mesa nunca mais foi o mesmo e as crianças debandaram para os videogames e jogos eletrônicos. Os jogadores de RPG de antigamente cresceram, se formaram, arrumaram emprego, família e a imensa maioria nunca mais conseguiu jogar uma Campanha de Fantasia Medieval. Mas a chama da Aventura em nossos corações nunca se apagou…

Por volta de 2013, tivemos um boom no mercado de Boardgames. Jogos de tabuleiro melhores e mais inteligentes do que WAR ou Banco imobiliário começaram a ser vendidos dentro do Mercado Nerd. Muita gente que jogava RPG quando criança/adolescente viu nos Boardgames uma chance de retornar ao lúdico e ao prazer de rolar os dados mais uma vez. No final de 2014, as pessoas começaram a pedir a volta do RPGQuest, desta vez como Boardgame.

Pois bem. Já tinhamos o conjunto de regras montado e testado exaustivamente durante mais de 4 anos, o que nos ajudaria bastante, pois um dos tópicos mais delicados em game-design é justamente o balanceamento das regras e estratégias de jogo. Poderíamos nos focar no design do jogo em si. Como converter um livro de recortar em um tabuleiro com peças?

O Tabuleiro

Uma das coisas que eu tinha decidido logo no começo é que o Boardgame teria uma relação direta com o Hermetismo. Em 2014 eu estava no final de um trabalho de quase 6 anos sobre Kabbalah Hermética e sabia que era perfeitamente possível adaptar o contexto da Árvore da Vida para cenários (Alan Moore fez isso em sua HQ Promethea) e adaptar as Esferas da Árvore da Vida para o tabuleiro seria obrigatório.

Desta maneira, pensamos originalmente em 11 Reinos, representando cada um uma Esfera da Árvore da Vida. Kether estaria representado por seus Jardins magníficos, Hochma pelo vulcão, Binah pelas Montanhas, Chesed pelas florestas, Geburah pelo deserto e assim por diante. Cada Reino refletindo os aspectos de cada Esfera que representasse.

Um charme a mais que nenhum outro jogo de tabuleiro teria. Para quem não conhece Hermetismo, seriam apenas Reinos com características próprias, mas para quem já está familiarizado com os termos, seria algo sensacional!

Outra coisa que pensei foi no tabuleiro. Um Mapa estilizado transformando a Árvore da Vida em um Mapa de um Continente seria bacana, mas achei que seria mais interessante fazer um mapa que pudesse ser SEMPRE DIFERENTE a cada partida, para que cada Campanha fosse sempre algo inédito e apresentasse novos desafios a cada Aventura.

Procuramos por Mapas que se encaixassem entre jogos que já existiam e chegamos a algumas possibilidades interessantes. Catan possuía hexas individuais, Mage Knight possui conjuntos de 7 hexas unidos; Mighty Empires trazia conjuntos de hexas representando mapas maiores e finalmente Magic Realms trazia hexas únicos representando partes próximas de um reino.

Acabei optando por uma solução diferente e original. Tiles formados por 19 Hexas (o formato de um tabuleiro completo de Catan) mas menores e encaixados de maneira a formar Regiões maiores (Kether, Hochma, Binah…), como as dos Mapas de RPG que estávamos acostumados na infância. Assim, na escala que eu queria, um hexa poderia representar algumas horas de viagem a cavalo (cada 5-6 Hexas representando um dia de viagem dos Heróis, o que representaria aprox. 10km por hexa). Chegamos assim a um modelo que seria grande, mas não tão grande; o suficiente para representar uma região do tamanho da Europa, por exemplo…

A vantagem principal é que a combinação de cada conjunto de Reinos seria praticamente infinita, pois cada Reino pode ser encaixado de 6 maneiras diferentes (girando o tile). Tendo como base 11 Reinos, chegamos ao número insano de 14 quatrilhões de combinações de mapas diferentes!

Isso garante que praticamente cada partida de RPGQuest será única.

Sobre esta geografia, colocaremos Castelos, Vilas, Mercados, Guildas, Torres de Magos, Templos, Cemitérios, Árvore Élfica, Acampamento dos Orcs e outros locais de interesse, que descreverei melhor em textos futuros. Para que realmente cada partida tenha um sabor único, faremos com que estas localidades especiais sejam sorteadas no mapa a cada partida!

Já temos o Mapa onde as Aventuras acontecerão. No próximo capítulo, falaremos mais sobre os Heróis e sobre as Regras.

#boardgames #Kabbalah #RPG

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/rpgquest-di%C3%A1rio-de-produ%C3%A7%C3%A3o-01

[parte 5/7] Alquimia, Individuação e Ourobóros: Símbolos e Imagens Arquetípicas

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Vivo minha vida em círculos cada vez maiores que se estendem sobre as coisas. Talvez não possa acabar o último, mas quero tentar.”

– Reiner Rilke

Símbolo

Esta é a quinta parte da série de sete artigos “Alquimia, Individuação e Ourobóros”, que é melhor compreendida se lida na ordem. Caso queira acompanhar desde o começo, leia as parte 1, 2, 3 e 4

A palavra símbolo remete ao do grego symbolon, derivado do verbo sym-ballein, que significa “lançar com, pôr junto com juntar”. A etimologia da palavra remete que símbolo é, a priori, uma dualidade, que se forma uma. A própria definição da palavra já remete a integração dos opostos e pode ser associada com a imagem do Ourobóros.

Os conceitos simbólicos foram desenvolvidos em diversas religiões como reflexo de diferentes concepções do mundo e de novas linguagens.

“No seio da multiplicidade de crenças desenvolvidas pelo ser humano, a primeira distinção efetuada pelo homem foi entre o Bem e o Mal. Nas culturas pagãs, este conceito de dualidade moral poderia ser identificado nos símbolos positivos com o lado masculino, o Sol ou o céu, e nos símbolos negativos como o preto, o lado feminino, a Lua, a água ou o inferno. Da mesma forma, nas religiões, como por exemplo o cristianismo, o poder do Bem encontra-se simbolizado em Deus e em Cristo, e a força do Mal em Satanás. No que respeita a mitologia, tal como acontece no hinduísmo, a luta travada entre as forças superiores e as força inferiores é representada através do conflito entre a ave solar Garuda e as serpentes Nagas, hindus e, na tradição ocidental, entre a águia e o dragão. Na maioria das culturas a verdadeira perfeição apenas poderá ser alcançada através da conciliação e da união das forças opostas do universo. Nesta sequência, o símbolo taoista de Yin-Yang e, na alquimia, a figura do Andrógino representam ambos estes ideais, à semelhança do que acontece na psicologia.” (CHEVALIER, 2008, 10)

Jung (1964) introduz a noção de símbolo como um conjunto de significados que transcendem sua própria imagem concreta. Um símbolo remete a algo maior que o próprio símbolo; um conjunto de ideias orientadas através de um sutil emaranhado de padrões. Como possível gênesis de símbolos, Jung compreende que os sonhos revelam através de suas férteis imagens arquetípicas, grande parte do mistério do símbolo, e que, ao sonhar, o homem bebe da fonte do desconhecido e inicia sua jornada pelo conhecimento.

Compreendendo os sonhos como manifestados também por conteúdos inconscientes, logo se percebe que a busca de conhecimento através dos sonhos, nada mais é do que buscar conhecer a si mesmo. Através de sua consciência, o homem aprendeu a viver através da parcial previsibilidade das coisas, mas seu inconsciente demonstra ao menos metade de um grande escopo de possibilidades antes fora do seu campo de compreensão.

Jung rompe com a escola psicanalítica quando define que o valor do conceito de “libido não está em sua definição sexual, mas no seu ponto de vista energético” (JUNG, 1989, p. 127-8), ou seja, define como energia psíquica todas as pulsões provenientes da psique e do inconsciente, estabelecendo que a libido freudiana é só mais um dos canais de expressão desta energia. O que difere empiricamente na interpretação do fenômeno é que na teoria freudiana parte-se da causa para o efeito, engessando a percepção interpretativa num molde teórico, a teoria da sexualidade. Ao partir dos efeitos para depois compreender as causas, Jung consegue analisar a psique de forma dinâmica, e superar a teoria sexual. A energia psíquica é a fonte de toda a movimentação humana em busca de crescimento.

Ourobóros

Mas o que é um Ourobóros? Quem nunca ouviu a expressão ‘morder a própria cauda’? É normalmente utilizada para descrever o momento em que alguém, inconsciente de si, repete ações sem atingir os objetivos estabelecidos, e por isso, exige um olhar para si, reavaliando seus métodos de ação.

O Ourobóros é a resolução do conflito dialético atingido na busca da individuação à unidade da separação, ou solve et coagula (dissolve e solidifica), representando metaforicamente todo o processo alquímico descrito no capítulo anterior. É uma imagem alquímica presente em diversas esferas sociais e religiosas, na qual uma cobra, ou dragão, morde a sua própria cauda num movimento circular. A imagem revela o paradoxo do infinito, onde tudo se inicia em seu próprio fim, e acaba em seu próprio começo.

Se reduzirmos o símbolo em imagens ainda mais primordiais, como o círculo, o dragão e a serpente começamos a desvelar o significado deste símbolo. Seguem transcrições do “Dicionário de Símbolos”, de Nadia Julien:

Círculo

– Representa “o desenvolvimento contínuo da criação”. E mais, ele representa o ciclo do tempo, o movimento perpétuo de tudo que se move, os planetas em torno do sol (círculo do zodíaco) que se projeta nos tempos circulares, a arena, o circo, a dança circular.

– Símbolo da perfeição para o Islamismo, da divindade (disco solar) e da luz no Egito, expressão do que não tem começo nem fim, simbolizando a eternidade representada pela serpente que morde a cauda, cuja divisa é um, o todo, a substância universal rarefeita até a imperceptibilidade para constituir a essência íntima das coisas, o fundamento imaterial de toda a materialidade, ou a prima matéria dos alquimistas.

– O círculo é também o zero de nossa numeração e representa as potencialidades, o embrião. Comportando um ponto central, o círculo é a representação do ser manifestado, evocando o conceito de ordem, de cosmo e de harmonia. Nos sonhos o círculo é um símbolo do Eu, e indica o fim do processo de individuação, da evolução da personalidade para a sua unidade.

Dragão

– Para os alquimistas, as atitudes do dragão simbolizam as etapas da grande obra.

– Imagem arcaica das energias mais primitivas, o dragão representa o inconsciente durante tanto tempo enquanto não possuirmos acesso a ele, onde as paixões os complexos inconscientes, os desejos ocultos conduzem a uma vida arcaica. Isto que se explica a fundo com os poderes do psiquismo, que luta com o dragão, pode recuperar uma parte das energias inconscientes que pode utilizar para dominar sua vida.

– A luta com o dragão é um símbolo do amadurecimento… então, ele terá ganho o tesouro que os dragões guardam em quase todas as mitologias. Libertará sua alma, esta virgem que o dragão mantinha prisioneira.

Serpente

– A serpente representa o conjunto dos ciclos da manifestação universal. No processo de criação, rodeando o ovo cósmico (o caos), simboliza a fecundação pela incubação do espírito vital divino, semente de todas as coisas, assim liberadas dos elos da matéria inerte pelo poder divino.

– Símbolo da imortalidade, enrolada em torno da árvore de maçãs de ouro do jardim das Hespérides; rodeia o Ônfalo, ou a montanha cósmica (eixos do mundo), simbolizando o conjunto de ciclos da manifestação universal, o Samsara, a cadeia do ser no ciclo indefinido de renascimentos, o percurso indefinido e renovado das existências.

– A serpente do paraíso é o símbolo do conhecimento perigoso (descoberta da sexualidade). Daí transformar-se num símbolo fálico e sexual (a serpente tentadora, portadora de forças perigosas e maléficas cuja a arma é a sedução empregada por Eva, a Anima).

– Em suas relações com o inconsciente coletivo, o ofídio representa num nível inferior a agressividade, e num nível superior o poder e a sabedoria. É a representação do inconsciente, onde se acumulam todos os fatores rejeitados, recalcados, desconhecidos ou ignorados e as possibilidades desmedidas em nós.

– São estas forças muito primitivas, aglomeradas em constelação, que colocam em jogo a serpente no sonho. É a manifestação de uma energia psíquica dormente pronta a se tornar concreta, em positivo ou negativo, em razão da ambivalência do simbolismo deste animal de sangue frio (pavor, angústia), como do melhor (propriedades curativas e salvadoras).

Segundo Erik Hournung (1999), a primeira aparição conhecida do símbolo Ourobóros está no Netherworld, um texto funerário egípcio encontrado na tumba de Tutancâmon, no século 14 AC. Referindo-se a união do deus Ra e Osíris no submundo. Em uma ilustração deste texto, duas serpentes, mordendo as caudas. Ambas as serpentes são manifestações da divindade integrada que representa o início e o fim do tempo.

O texto alquímico “Chrysopoeia de Cleópatra”, datado do século está grafado com o os dizeres ‘hen to pan’, em tradução livre: “o um é o todo” além de uma imagem de uma cobra, metade branca, metade preta, mordendo a própria cauda. Novamente a figura circular ofídia como uma dinâmica polarizada, cíclica que se integra tornando-se Um. O Ourobóros de Chrysopoeia poderia ser interpretado como o equivalente ocidental do símbolo taoista Yin-Yang.

“El signo del Yin-Yang, según la filosofía oriental, simboliza un concepto fundamentado en la dualidad de todo lo existente en el universo. Describe las dos fuerzas fundamentales, aparentemente opuestas y complementarias que se encuentran en todas las cosas” (BADANO, 2010).

Outra alegoria religiosa que podemos associar com a simbologia da serpente e seus movimentos circulares estão na cultura Hindu, através da serpente Kundalini, que em sânscrito significa “serpente enrolada”. Nesta cultura yogue, o corpo humano é divido em sete centros básicos de manifestação de energia, ou Chakras, e Kundalini, a origem desta manifestação energética, estaria ‘adormecida’ no primeiro centro, abaixo da coluna vertebral.

Conforme o indivíduo se purifica e pratica as técnicas que envolvem controle da respiração, postura e meditação, ele ‘desperta’ a ‘serpente’ que sobe pelos centros de energia, fazendo com que o praticante atinja a iluminação, ou individuação. A figura da esquerda representa este processo enquanto a figura da direita ilustra os centros de energia:

Esse mesmo simbolismo pode ser encontrado no Caduceu de Hermes, símbolo da medicina, visto no capítulo anterior. Curioso a correspondência entre as cores dos sete centros de energia com as sete etapas alquímicas que vimos aqui.

Limitemos nossa análise a simbologia religiosa Alquímica, apesar de todos os sincretismo encontrados em diversas culturas religiosas acerca da imagem do Ourobóros. Quem sabe os posts futuros não possam tratar desses assuntos.

“O Ourobóros é um símbolo dinâmico para a integração e assimilação de opostos, i.e., da sombra… Simboliza o Um, que resulta no conflito do opostos, e portanto constitui o segredo da prima matéria…” (JUNG, 2008, 365)

Esta é uma imagem arquetípica bastante rica, contextualizado sob o paradigma de integração, ou conjunção, de aspectos opostos. Fica evidente que a figura representa não só a união dos opostos complementares da psique como todo o potencial do processo alquímico.

“Os alquimistas, de sua própria maneira sabiam mais sobre a natureza do processo de individuação que nós modernos, expressavam este paradoxo através do símbolo do Ourobóros, a cobra que morde a própria cauda. Do Ourobóros é dito ter o significado do infinito ou completude. Na antiga imagem do Ourobóros está o pensamento de se devorar e se transformar em um processo cíclico, pois era claro para os alquimistas mais astutos que a arte da matéria prima era o próprio homem. O Ourobóros é um símbolo dramático para a integração e assimilação dos opostos, ou seja, da sombra. Este processo de “feed-back” é ao mesmo tempo um símbolo da imortalidade, uma vez que é dito dos Ourobóros que ele mata a si mesmo e se traz à vida, fertiliza a si mesmo e dá a luz a si mesmo. Ele simboliza o Um, que procede do choque de opostos, e, portanto, constitui o segredo da prima matéria que […] decorre, sem dúvida, do inconsciente do homem.”(JUNG, 2008, 513)

No livro “A tábua de esmeralda: Alquimia para transformação pessoal”, Dennis Hauck explícita sobre o símbolo ourobórico e o associa com etapas alquímicas:

“Descrições mais alegóricas abundam na literatura medieval e representações, entre as quais estão aqueles que compreendem tanto aspectos “esotéricos”, quanto “exotéricos” da Alquimia. Tal símbolo, cujas origens podem ser traçadas de volta para o Egito Antigo é a dos Ourobóros, a serpente mordendo a cauda, simbolizando a imortalidade, e os ciclos eternos de mudança do mundo. Isso também pode ter significado para refletir a integração e reversibilidade de certas transformações alquímicas como a “destilação” e “condensação”. (HAUCK, 1999, 156)

Ou ainda nas palavras de Von Franz, no livro Introdução a Alquimia:

“O que tem luz se cria na escuridão da luz. Mas quando alcança sua perfeição, recupera-se de suas enfermidades e debilidades e então aparecerá esta grande corrente da cabeça e da cauda. […] É uma luz nova que nasce na escuridão, e então se vão todos os sintomas neuróticos e a enfermidade e a debilidade […]. Aqui é mister recordar ao Ouroboros, que come a cauda, onde os opostos são um: a cabeça está em um extremo e a cauda no outro. São um, mas têm um aspecto oposto e quando a cabeça e a cauda, os opostos, encontram-se, nasce uma corrente, que é ao que os alquimistas se referem […] como uma manifestação do Si mesmo. Tal é o resultado da coniunctio neste caso. Em muitos outros o descreve como a pedra filosofal, mas, como dizem também muitos textos, a água da vida e a pedra são uma mesma coisa” (VON FRANZ, 1985, 134).

A partir deste levantamento bibliográfico e imagético da simbologia do Ourobóros, é possível perceber correspondências encontradas entre a imagem e o processo de individuação, porém, tais associações serão melhor elaboradas no capítulo seguinte, assim como os paralelos dos temas individuação e Ourobóros com os processos alquímicos.

Referências Bibliográficas:

BADANO, Federico. Signo del Yin-Yang. Rev. argent. Radiol., 2010, vol.74, no.4, p.403-405. ISSN 1852-9992

CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro. Ed. José Olympo. 2008

HAUCK, Dennis Willian. The Emerald Tablet: Alchemy for Personal Transformation. Arkana. Ed.Pengun Group. 1999.

Hornung, Erik. Conceptions of God in Egypt: The One and the Many. Cornell University Press, 1982.

JULIEN, Nadia. Dicionário dos Símbolos. São Paulo. Ed. Rideel. 1989

JUNG, Carl Gustav. Psicologia e Religião Oriental. Petrópolis: Vozes. 1989.

JUNG, Carl Gustav. Mysterium Coniunctionis. Obras Completas. Vol. XIV/I. Petrópolis. Ed. Vozes. 2008.

JUNG, Carl Gustav. O Homem e seus Símbolos. São Paulo. Ed. Nova Fronteira. 9 edição. 1964.

VON FRANZ, Marie Louise. A Alquimia: Introdução ao Simbolismo e a Psicologia. São Paulo. Ed. Cultrix. 1993.

Imagens:

Primeira gravura do “Uraltes chymisches Werck” de Abraham Eleazar

Cosmic, arte de Geometria Sagrada de Daniel Martin Diaz

Exemplo de um Dragão Ourobóros

Diagrama em círculos dos planetas alquímicos

O Dragão Smaug protegendo seu tesouro na gravura “There He Lay” de Justin Gerard

“De Zondeval” de Cornelis van Harleen

Ourobóros de Chrysopoeia comparado ao símbolo oriental do Yin e Yang

Ilustração da subida de Kundalini e a referência do trajeto pelo “Chakras”

Gravura de “Uma Coleção de Emblemas Antigos e Modernos” de George Whiters (1635)

Gravura encontrada no Castelo de Ptuj, Slovênia (Séc XII)

Ricardo Assarice é Psicólogo, Reikiano e Escritor. 

#Alquimia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/parte-5-7-alquimia-individua%C3%A7%C3%A3o-e-ourob%C3%B3ros-s%C3%ADmbolos-e-imagens-arquet%C3%ADpicas

Os Sete Chakras e a Escada de Jacó

O conhecimento de si mesmo deve ser o objetivo primário e final de todo Iniciado. É nosso dever começar a Jornada da Iniciação com o objetivo do auto conhecimento e terminá-la assim como começamos: sabendo que nada se sabe, e muito ainda que se tem a percorrer.

Chakra é uma palavra do sânscrito cujo significado é “círculo”, “esfera”, “roda”, é a denominação de um centro energético que não para de girar. Segundo a literatura Hindu estão localizados pelo nosso corpo ao longo da coluna vertebral, responsáveis por circular a energia vital que mantêm o corpo vivo e por nos conectar com o mundo espiritual.

Yogues e Monges realizam meditações e mantras para despertar os chakras e alcançar níveis maiores de consciência, despertando a vida espiritual através da energia Kundalini (uma serpente) que sobre do primeiro ao ultimo chakra.

Hermes também carrega a representação da Kundalini em ascensão em sua mão com seu Caduceu.

Vejamos o que são chakras e qual sua relação com nós.

SIMBOLISMO DOS CHAKRAS

Os Vedas são uma coleção de livros Hindus, um dos mais antigos de toda história humana datados de 5.000 a.C., e neles contêm as definições mais antigas que conhecemos sobre Chakras, onde estes se localizam, e quais suas funções.

São sete os principais Chakras (não por acaso), seis situados ao longo das 33 vértebras que formam a coluna vertebral, cada um correspondendo funções específicas no corpo relacionados a órgãos e glândulas, e um no topo da cabeça.

Existem diferentes definições dos Chakras dependendo de onde você for procurar e pesquisar, mas procuraremos estabelecer aquilo que nos é fundamento nesse blog: a Tradição Hermética.

O Chakra Muladhara, Raiz ou Básico, localiza-se na região da coluna sacral, englobando a região genital externa. Tem a cor vermelho sangue, pois representa o impulso de vitalidade do corpo, da energia sexual, nos conecta a tudo que é material, é o que nos mantêm vivos e funcionando no mundo. O Chakra Svadhisthana, ou do Baixo Ventre, é a fonte energética das nossas emoções, onde passamos a nos conectar emocionalmente com os outros e com nós mesmos. O Chakra Manipura, Umbilical ou Plexo Solar, está relacionado ao controle dos órgãos internos, que é feito pelo cérebro, portanto esse chakra representa um controle mental sobre nossas energia que denominamos Prana ou Chi.

São os três chakras básicos localizados no ventre responsáveis por funções materiais que mantem o corpo vivo. Quando desequilibrados esses chakras representam as pessoas que são guiadas por causas mundanas, que vivem por questões materiais, escravos dos próprios desejos.

O Chakra Anahata, do Coração, representa a compaixão ou o Companheirismo. Quando desperto esse chakra representa uma pessoa “iluminada”, pois esse chakra só é aberto quando todos os outros seis são despertos. Isso significa que a pessoa acordou espiritualmente (chakras superiores) e controla o mundo a sua volta (chakras básicos ou inferiores), é Mestre de Si mesmo.

Os três chakras superiores são responsáveis por questões espirituais. O Chakra Vishudda, ou da Garganta, está relacionado com a respiração que é a base do Yoga e do Tai Chi, a fonte da energia vital que é o oxigênio, e com a vocalização que é o Verbo e o Mantra, estes que são a base da Magia. Esse chakra está relacionado a comunicação do plano astral com o plano material devido a sua função, por isso que quando nos conectamos a uma egrégora esse chakra é marcado com um símbolo.

O Chakra Ajña, ou Terceiro Olho, é o centro dos 3 chakras superiores, tido como o centro da espiritualidade. É onde se localiza o “cordão de prata” que liga nosso corpo físico a alma. O Chakra Sajasrara, ou Coronário, é o único chakra que está totalmente desperto e não pode entrar em desequilíbrio, mas só partilhamos da energia desse chakra totalmente quando estamos mental e emocionalmente equilibrados. É a fonte de toda energia do corpo e dos outros chakras, é o único que não está na coluna vertebral, por isso algumas em definições encontramos seis chakras.

O que deve ser constatado nos estudo dos chakras, é que estes não são somente centros energéticos alcançados por mantras, são também representações do nosso caminho nas Iniciações. Quando Iniciamos e somos levados a inclinar nossa vida a uma causa espiritual, estamos despertando os chakras superiores e equilibrando os inferiores, morrendo para a matéria e renascendo para o espírito.

Não devemos nos prender em nenhum desses centros, não podemos desprezar o material (três inferiores) assim como não podemos nos prender ao espiritual (três superiores). Devemos manter o equilíbrio no Chakra Cardíaco, ou seja, devemos despertar a Compaixão e o Companheirismo, que expressa toda energia dos chakras inferiores e superiores.

A Sala Capitular, o Templo Maçom e o Templo Humano são análogos, o que se aplica a um se aplica ao outro. A maneira que o corpo funciona, é a maneira que o Ritual funciona, é a maneira que a egrégora funciona. Essa é uma importante chave.

ESCADA DE JACÓ

A Kundalini é representada por uma serpente e simboliza a ascensão do primeiro chakra ao ultimo, da “Terra ao Céu”, morrendo para o antigo e renascendo para o novo. Os chakras são despertos e equilibrados através da Transmutação Mental que realizamos nas diversas Iniciações pela vida, onde morremos para o vício e renascemos para a virtude, despertando os diversos centros espirituais e equilibrando os materiais.

Esses são três símbolos semelhantes entre si: os Sete Chakras, o Caduceu e a Escada de Jacó.

Segundo a mitologia bíblica Jacó viu em um sonho uma escada em espiral que ia da Terra ao Céu, onde os Anjos subiam e desciam para trazer o recado de Deus, que estava no topo dessa Escada. Segundo a mitologia grega, Hermes carrega o caduceu e é aquele que se comunica entre os mundos. Os Chakras são representações simbólicas das conexões que temos entre a matéria e o espírito. A forma de espiral da Escada, das serpentes no Caduceu e da Kundalini representam a própria energia cíclica e infinita do Universo e da nossa.

Devemos atentar ao Caduceu em especial que é um bastão, cujas serpentes são símbolos, e esse bastão dá a Hermes o “poder” de atravessar os diferentes mundos e trazer a mensagem dos Deuses. Podemos constatar que nos Rituais das Tradições Esotéricas o bastão é um importante instrumento ritualístico.

Subir a Escada de Jacó, despertar e equilibrar os Chakras, são nomes para a mesma coisa. E existe um caminho para realizar tal abertura de espírito: o da Virtude.

LEI DA CAUSA E EFEITO

Outro Princípio Hermético descrito no Caibalion é o da Causa e Efeito, onde diz: “Toda Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida”.

Esse é provavelmente o Princípio mais famoso, pois é muito comum vermos a associação dele com o Karma. Essa associação em certo nível está correta, mas existe uma incompreensão muito grande quanto a esse Princípio.

Acontecimentos na vida que não entendemos o motivo, ser levado pela vontade alheia, dominado pelos próprios desejos, é ser um peão dos Efeitos onde não se compreende a causa pelo qual algo está acontecendo, vê-se somente o resultado. Isso ocorre quando não possuímos controle sobre nós. Através da experiência, das Iniciações, do auto conhecimento, tornamos nossos centros energéticos mais equilibrados, passamos a ser senhores de nós mesmos, tornamo-nos Causadores pois temos controle sobre nosso gênio e sobre nossa vida.

Nisso consiste essa Lei, em se tornar o Causador que significa conhecer e tornar-se Mestre de Si mesmo.

Conhecer a si mesmo é descobrir os segredos dos Deuses e do Universo, é o equilíbrio entre o espiritual e o material, é subir os 33 degraus da Escada de Jacó que são representados pelas 33 vértebras da coluna. Esse é o objetivo do Hermetismo e do caminho da Ordem Maçônica e DeMolay.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-sete-chakras-e-a-escada-de-jac%C3%B3

Stairway to Heaven

There’s a Lady who’s sure,

All that glitters is gold,

And she’s buying a Stairway to Heaven.

Há uma senhora que está certa

De que tudo o que brilha é ouro

E ela está comprando uma escadaria para o Paraíso

Esta “Lady”, ao contrário do que as pessoas imaginam, não é a Shirley Bassed (essa idéia apareceu em uma referência de Leonard tale no CD Australiano). A “Lady” que Robert Plant fala é Yesod, a Qualidade Universal do Espírito, a Princesa aprisionada dos contos de fada, a vontade primordial que nos leva á meditação, ao auto-conhecimento e ao início da Escada de Jacob, que é a Starway to Heaven, (Caminho das estrelas), trocadilho com o nome da música e que também foi utilizado em outros contextos para expressar as mesmas idéias, como por exemplo, no nome “Luke Skywalker” na Saga do Star Wars. Um dia falo mais sobre isso…

Na Mitologia Nórdica, a Lady é Frigga, também conhecida como Ísis, Maria, A Mãe, Iemanjá, Diana, Afrodite, etc… um aspecto de toda a criação e presente em cada um de nós.

Robert plant fará novas referências a esta “Lady Who´s sure” em outras músicas (Liar´s Dance, por exemplo, que trata do “Book of Lies” do Aleister Crowley).

Ao contrário do senso comum, que diz que “Nem tudo que reluz é ouro”, esta Lady possui dentro de si a esperança e o otimismo para enxergar o bem em todas as coisas; ver que tudo possui brilho e que mesmo a menor centelha de luz divina dentro de cada um possui potencial de crescimento.

E dentro deste entendimento, ela vai galgando os degraus desta escada para os céus. Na Kabbalah, os 4 Mundos formam o que no ocultismo chamamos de “Escada de Jacob”, descrita até mesmo em passagens da Bíblia. Esta “escada” simbólica traz um mapa da consciência do ser humano, do mais profano ao mais divino, que deve ser trabalhada dentro de cada um de nós até chegar à realização espiritual.

Aqui que os crentes e ateus escorregam. Eles acham que deuses são reais no sentido de “existirem no mundo físico” e ficam brigando sobre veracidade de imagens que apenas representam idéias para um aprimoramento interior.
When she gets there she knows,

If the stores are all closed,

With a word she can get what she came for.

E quando chega lá ela sabe,

Se as lojas estão fechadas,

Com uma palavra ela consegue o que veio buscar

Aqui é mencionado o “verbo”, ou a “palavra perdida” capaz de dar criação a qualquer coisa que o magista desejar. A Vontade (Thelema) do espírito do Iniciado é tão forte que “quando ela chegar lá ela sabe que se todas as possibilidades estiverem fechadas, ela poderá usar a palavra para criar o que precisar”. Este primeiro verso coloca que a dama está trilhando o caminho até a Iluminação e tem certeza daquilo que deseja, ou seja, conhece sua Verdadeira Vontade..
There’s a sign on the wall,

But she wants to be sure,

’cause you know sometimes words have two meanings.

Há um sinal na parede,

Mas ela quer ter certeza,

Pois você sabe, às vezes as palavras têm duplo sentido

Ainda trilhando este caminho, a dama precisa ser cautelosa. Porque todo símbolo possui vários significados. Todas as Ordens Iniciáticas trabalham e sempre trabalharam com símbolos: deuses, signos, alegorias e parábolas. Os Indianos chamam estes caminhos falsos de Maya (a Ilusão) e em todos os caminhos espirituais os iniciados são avisados sobre os desvios que podem levá-los para fora deste caminho (ou o “diabo” na Mitologia Cristã).
In a tree by the brook

There’s a song bird who sings,

Sometimes all of our thoughts are misgiven.

Em uma árvore à beira do riacho

Há uma ave que canta

Às vezes todos os nossos pensamentos são inquietantes

A Árvore a qual ele se refere é, obviamente, a Árvore da Vida da Kabbalah, ou Yggdrasil, na Mitologia Nórdica, a conexão entre todas as raízes do Inferno (Qliphoth) e as folhas nos galhos mais altos (Runas). Brook (Riacho) também é um termo usado no Tarot para designar o fluxo das Cartas em uma tirada, e o pássaro representa BA, ou a alma em passagem, considerada também o símbolo de Toth (que, por sua vez, é o lendário criador do Tarot, ou “Livro de Toth”, segundo Aleister Crowley) então a frase fica com dois sentidos: literal, que é uma árvore ao lado de um rio onde há um pássaro; e esotérico, que trata de Toth, deus dos ensinamentos (Hermes, Mercúrio, Exú, Loki…) aconselhando o iniciado enquanto ele trilha a subida simbólica pela Árvore da Vida.
There’s a feeling I get when I look to the west,

And my spirit is crying for leaving.

Há algo que sinto quando olho para o oeste

E o meu espírito clama para partir

O “Oeste” na Rosacruz, na Maçonaria e em várias outras Ordens Iniciáticas, representa a porta do Templo, os profanos ou a parte de Malkuth, o mundo material (enquanto o Oriente representa a luz, o nascer do sol). Ela não gosta do que vê e seu espírito quer trilhar um caminho diferente.
In my thoughts I have seen rings of smoke through the trees

And the voices of those who stand looking.

Em meus pensamentos tenho visto anéis de fumaça através das árvores

E as vozes daqueles que estão de pé nos observando

Os anéis de fumaça são o símbolo usado para representar os espíritos antigos, os ancestrais dentro do Shamanismo. Os grandes professores e os Mestres Invisíveis que auxiliam aqueles que estejam dentro das ordens iniciáticas
And it’s whispered that soon if we all call the tune

Then the piper will lead us to reason.

And a new day will dawn for those who stand long,

And the forests will echo with laughter.

E um sussurro nos avisa que cedo, se todos entoarmos a canção,

Então o flautista nos conduzirá à razão

E um novo dia irá nascer para aqueles que suportarem

E a floresta irá ecoar com gargalhadas

O “piper” é uma alusão ao flautista, ou Pan. O “Hino a Pã” é uma poesia de 1929 composta por Crowley (e traduzida para o português pelo magista Fernando Pessoa) que trata do Caminho de Ayin dentro da Árvore, que leva da Razão à Iluminação e é representada justamente pelo Arcano do Diabo no Tarot e pelo signo de Capricórnio, o simbólico Deus Chifrudo das florestas. As “florestas ecoando com gargalhadas” sugere que aqueles que estão observando (os Mestres Iniciados) estarão satisfeitos quando os estudantes e todo o resto do Planeta chegarem ao mesmo ponto onde eles estão e se juntarem a eles.
If there’s a bustle in your hedgerow,

Don’t be alarmed now,

It’s just a spring clean for the May Queen.

Se há um alvoroço em sua horta

Não fique assustada

É apenas a purificação da primavera para a Rainha de Maio

Esta parte não tem nada a ver com garotas chegando à puberdade. As mudanças referem-se à morte do Inverno e chegada da Primavera, que representa a superação das Ordálias e caminhada em direção à Verdadeira Vontade.
Yes there are two paths you can go by,

But in the long run

There’s still time to change the road you’re on.

Sim, há dois caminhos que você pode seguir

Mas na longa jornada

Há sempre tempo para se mudar de estrada

A lembrança de que sempre existem dois caminhos, e também uma referência ao Caminho de Zain (Espada, que conecta o Iniciado em Tiferet à Grande Mãe Binah, representada pelo Arcano dos Enamorados no Tarot). Separa a parte dos prazeres terrenos (chamados de “pecados” na cristandade ou de “Defeitos Capitais” na Alquimia) e o caminho da iluminação espiritual. A escolha é nossa e é feita a cada momento de nossa vida em tudo o que fazemos, e qualquer pessoa, a qualquer momento pode mudar de caminho (espero que do mais baixo para o mais elevado…)
And it makes me wonder.

Oh, e isso me faz pensar e me deixa maravilhado (uso duplo de “wonder”)

Robert Plant coloca várias vezes esta frase na música, em uma referência ao Arcano do louco (e o Caminho do Aleph na Kabbalah), como o sentimento de uma criança que se maravilha com tudo no mundo pela primeira vez (no catolicismo “Vinde a mim as criancinhas”, Mateus 18:1-6 sem trocadilho desta vez). Este é a sensação que um ocultista tem a cada descoberta de uma nova galáxia ou maravilha do universo, ou novas invenções da ciência e a descoberta de novos horizontes. No hinduísmo, esta sensação tem o nome de Sattva (em oposição a Rajas/atividade ou Tamas/ignorância).
Your head is humming and it won’t go,

In case you don’t know,

The Piper’s calling you to join him.

Sua cabeça lateja e isto não vai parar,

Caso você não saiba

O flautista lhe chama para que se junte a ele

Nesta altura da música, já fica claro que quem a escuta está sendo guiado pela Lady através da Árvore da Vida em direção à Iluminação. O aspirante a Iniciado está sendo conduzido pelo caminho pelo soar da música. Ou, em um caso mais concreto, o mesmo tipo de música que o Blog do Teoria da Conspiração toca para vocês…
Dear Lady can you hear the wind blow, and did you know,

Your stairway lies on the whispering wind.

Querida senhora, não pode ouvir o vento soprar? Você sabia

Que a sua escadaria repousa no vento sussurrante?

Esta frase tem duas analogias com símbolos muito parecidos, de duas culturas. O primeiro é a própria Yggdrasil, em cujas raízes fica um dragão (a Kundalini) e em cujo topo fica uma águia que bate suas asas resultando em uma suave brisa. A Águia representa o espírito iluminado (daí dela ser o símbolo escolhido pelos maçons americanos como símbolo dos EUA) e o vento é o elemento AR (Razão). Na Kabbalah, em um significado mais profundo, tanto os caminhos de Aleph (Louco/Ar) quanto de Beth (Mago/Mercúrio) que conduzem a Kether (Deus) são representados pelo elemento AR – O Led Zeppelin fala sobre águias em outras canções, igualmente cheias de simbolismo… algum dia eu falo sobre elas.
And as we wind on down the road,

Our shadows taller than our soul,

E enquanto seguimos soltos pela estrada

Nossas sombras se elevam mais alto que nossas almas

As Sombras, no ocultismo e especialmente nos textos do Crowley, são os defeitos ou aspectos negativos de nossa personalidade que mancham a pureza de nossa alma.
There walks a lady we all know,

Who shines white light and wants to show

How everything still turns to gold,

Lá caminha uma senhora que todos nós conhecemos

Que irradia uma luz branca, e quer nos mostrar

Como tudo ainda vira ouro

O terceiro Caminho até Kether é Gimmel, a sacerdotisa, o caminho iniciado em Yesod (Lua) que passa novamente pelos Grandes Mistérios. A analogia com o Ouro é óbvia. O processo alquímico na qual transformamos simbolicamente o chumbo do nosso ego no ouro da essência.
When all are one and one is all,

Unity.

To be a rock and not to roll.

Quando todos são um e um é todos,

Unidade

Ser como uma rocha e não rolar

Quando finalmente ultrapassamos o Abismo, chegamos a Binah, que representa a Ordem (“rock” em oposição ao Caos, que é o “roll”, em um genial jogo de palavras). Na Umbanda, o orixá representado ali é Xangô, senhor das “pedreiras” e da certeza das leis imutáveis do Universo. Representa a mente focada no caminho, sem deixar-se levar por qualquer evento ou adversidade.
And she’s buying a Stairway to Heaven.

E ela está comprando uma escadaria para o Paraíso

Novamente, a mensagem de esperança… a Dama do Lago está sempre ali, criando oportunidades para todos os buscadores no Caminho da Libertação.

***

análise e comentários por Marcelo Del Debbio

tradução dos versos em inglês por Rafael Arrais

#Arte #Música

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/stairway-to-heaven

Casamento Alquímico e Taoísmo: O Sol e a Lua

“Cada um de nós é dois, e quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo”

– Fernando Pessoa

O objetivo deste texto é explanar sobre alguns conceitos alquímicos ocidentais e orientais, evidenciar seus paralelos com a psicologia analítica de Carl Gustav Jung e, se possível, incentivar uma reflexão sobre como poderíamos melhorar nossa saúde mental através do entendimento da metáfora do “Casamento Alquímico” ou “Coniunctio” dos alquimistas. Esta é a primeira parte, de duas.

Antes de começar a falar de alquimia é necessário fazer uma breve introdução sobre o que se trata este antigo método de obtenção de conhecimento. De forma geral, a prática da alquimia se resume na obtenção da pedra filosofal, que concede a vida eterna e transforma qualquer metal em ouro.

Para aqueles que imaginaram que leriam este texto e se tornariam ricos e imortais, isso não vai acontecer, ao menos não literalmente. É de suma importância entender que a alquimia é uma prática alegórica, ou seja, ela é uma grande metáfora sobre o ser humano e suas potencialidades latentes. Os metais, nada mais são do que aspectos da personalidade que devem ser trabalhadas a fim de serem transformadas em ouro, ou seja, manifestar o melhor e mais elevado da personalidade.

Assim como todo conhecimento ocultista relacionado ao desenvolvimento psico-espiritual, sempre fora necessário certa discrição no que diz respeito à sua expressão e publicação. Sendo assim, os conhecimentos alquímicos eram expressados através de metáforas e de símbolos, o que permitia que tais conteúdos passassem despercebidos aos olhos ‘profanos’, e daqueles que não tinham, ainda, capacidade de compreender tais ensinamentos. Além disso, esta prática simbólica, não só protegia os alquimistas praticantes de preconceitos e perseguições, como permitia a expressão de conceitos complexos sintetizados em símbolos.

A alquimia tem sua origem de forma incerta e cheia de mistérios, mas é possível identificar seus ensinamentos desde o antigo Egito, através da emblemática figura do deus da magia e da sabedoria Thoth, mais tarde sincretizado com a figura do deus Hermes grego e o Mercúrio romano, culminando na criação da figura de Hermes Trismegisto, a quem é atribuído à autoria de diversos textos herméticos e alquímicos, entre eles a famosa “Tábua de Esmeralda”. Vocês podem saber mais sobre Hermes aqui.

É possível também identificar uma ‘alquimia chinesa’ cujas metáforas são presentes em diversos ensinamentos taoístas milenares. Encontramos as alegorias alquímicas atuando fortemente até o Séc. XVII, no entanto, após esta época, com a chegada do pensamento científico e iluminista, ‘bobagens’ como transmutação de metais foram esquecidas e deu-se lugar à um pensamento mais racional, que culminou, entre outras ciências, na contemporânea Química. Foi só no Séc. XX que um psiquiatra suíço fez uma interessante associação e reviveu, a luz da ciência, as metáforas alquímicas. Seu nome é Carl Gustav Jung.

Considerado como o pai da psicologia analítica, Jung tinha uma extensa formação no que diz respeito à mitologia, estudos de religiões comparadas, e evidentemente, alquimia. Percebeu, ao atender seus pacientes que muitos deles apresentavam conflitos e resoluções que podiam ser compreendidas através das metáforas alquímicas, e desenvolveu, ao longo de sua vida, muitos conceitos e teorias que podem ser consideradas uma ‘alquimia psicológica’. Vamos compreender um pouco desses conceitos para adentrar mais a frente na metáfora alquímica. Muito desses conceitos psicológicos e alquímicos já foram discutidos aqui.

Um conceito chave da psicologia analítica é o de arquétipo. Em grego, Arkhe: primórdio, origem e Typos: imagem, forma. Arquétipo pode ser considerado uma estrutura psíquica universal, que é presente em qualquer indivíduo e sociedade, de diferentes contextos sociais, geográficos e históricos. O fundamental destas estruturas são seus conteúdos, uma vez que as formas variam. Estes conteúdos são profundos e inesgotáveis, e uma pessoa quando interage com essas estruturas, sempre inconscientes, nunca esgota seus significados.

Vamos imaginar o arquétipo do guerreiro. Ele compreende diversos significados, como força, coragem, determinação, ação, movimento, caça, agressividade, persistência. Seu conteúdo, como dito, é inesgotável! Sua forma pode variar, e ultrapassa culturas: Ares (gregos), Marte (romanos), Thor (nórdicos), Ogum (africanos), entre diversos outros, todos eles representam simbolicamente o arquétipo do guerreiro. Na contemporaneidade, perdemos o contato com os mitos, e principalmente com figuras religiosas, então, é comum os arquétipos se manifestarem através de personagens e ícones da cultura que acabam carregando esses valores simbólicos.

A existência dos arquétipos está bem documentada na enorme quantidade de comprovações clínicas constituídas pelos sonhos e devaneios dos pacientes, e pela observação atenta dos arraigados padrões de comportamento humano. Também está documentada nos estudos profundos de mitologia no mundo inteiro. Vemos repetidas vezes as mesmas figuras essenciais surgindo no folclore e na mitologia. E acontece que elas aparecem também nos sonhos de pessoas que não possuem nenhum conhecimento nessas áreas. (GILLETTE e MOORE, 1993)

Uma vez entendido o conceito de arquétipo, vamos transcender. No exemplo citado o arquétipo do guerreiro é praticamente um representante do masculino. Ou seja, o próprio masculino pode ser considerado um arquétipo que se subdivide e outros arquétipos. Diversas podem ser as subdivisões, a utilizada por Robert Moore e David Gillette, divide o Arquétipo Masculino em Guerreiro, Amante, Mago e Rei. Na alquimia é muito comum vermos o simbolismo do Rei e do Sol como grandes representantes deste arcabouço masculino.

Assim, como o Arquétipo Masculino tem seus ‘sub-arquétipos’, o feminino não fica para trás. Podemos considerar o mesmo simbolismo, o da Rainha e da Lua, para representar alquimicamente o arcabouço arquetípico do feminino, que também pode ser divido em quatro categorias principais: A donzela, a mãe, a anciã e a amante. Vale a pena frisar que é difícil encontrar o termo amante, normalmente encontramos ‘meretriz’, contudo, existe a possibilidade disto ser um reflexo do patriarcado que, inclusive semanticamente, reprime a sexualidade feminina, e quando ela aparece, de alguma forma é categorizada como algo errado ou imoral, e não como uma expressão saudável e necessária.

Uma vez entendidos o significado de arquétipos, vamos entender o conceito de dois importantes arquétipos junguianos que serão de suma importância para a compreensão da metáfora do casamento alquímico. Estes arquétipos são a ‘anima’ e o ‘animus’. Tais conceitos nada mais são do que a manifestação dos arquétipos que vimos anteriormente, mas o pulo do gato está em compreender que em todo homem, vive uma figura feminina, chamada de ‘anima’ e em toda mulher, existe uma figura masculina, chamada de ‘animus’.

“São muitos os indícios da existência de padrões subjacentes que determinam a vida cognitiva e emocional humana. Esses modelos parecem numerosos e se manifestam tanto nos homens como nas mulheres. Existem arquétipos que moldam os pensamentos, os sentimentos e as relações das mulheres, e outros que moldam os pensamentos, os sentimentos e as relações dos homens. Além disso, os junguianos descobriram que em cada homem existe uma subpersonalidade feminina chamada Anima, formada por arquétipos femininos. E em cada mulher há uma subpersonalidade masculina chamada Animus, composto de arquétipos masculinos. Todos os seres humanos têm acesso a esses arquétipos, em maior ou menor grau. Fazemos isso, na verdade, na nossa inter-relação uns com os outros”. (GILLETTE e MOORE, 1993)

Percebemos então, que existem internamente em cada um de nós, representantes de duas energias primordiais, masculinas (Sol) e femininas (Lua), e que busca a harmonização de ambas, é um objetivo comum, não só na psicoterapia, como em diferentes sistemas religiosos, seja na alquimia, ou na Cabala, como vemos a seguir:

“Todos esses níveis (anima e animus) e muitos outros aspectos da polaridade do animus e da anima formam um sistema complementar altamente complexo e, contudo, essencialmente simples que opera entre homens e mulheres, enquanto estes trabalham dentro de si mesmos e um com o outro em busca de equilíbrio […] Esse equilíbrio vem, segunda a cabala, quando o Adão e a Eva de cada parceiro estão face a face em uma união mútua e interna. Jung diria que essa é a união entre o masculino e o feminino; na cabala é visto como o ‘casamento do Rei e da Rainha’”. (HALEVI, 1990)

Aqui termina a primeira parte deste artigo. Espero que tenham gostado e até breve!

You wanna know if I know why?

I can’t say that I do

Don’t understand the evil eye

Or how one becomes two
[…]

If I told you that I knew

About the sun and the moon I’d be untrue

The only thing I know for sure

Is what I wan’ do

Ricardo Assarice é Psicólogo, Reikiano, Mestrando em Ciências da Religião e Escritor. 

Imagens:

Mural pintado em óleo pelo norueguês Per Lasson Krohg (1889 – 1965)

Desenho de Carl Jung entre duas imagens que ele mesmo fez no seu “Livro Vermelho”

“Venus and Mars”. Antonio Canova. Italian. (1757-1822)

Gravuras do Rei (Sol) e Rainha (Lua) se encontrando

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/parte-1-2-casamento-alqu%C3%ADmico-e-tao%C3%ADsmo-o-sol-e-a-lua

Símbolo da Lua

Por Hamal

Existem manifestações visíveis e invisíveis que acontecem com todos os planetas e seus ciclos ao redor do Sol. As manifestações visíveis são as fases planetárias, as constelações que eles percorrem, etc, as invisíveis são os efeitos causados na Terra em determinadas etapas dessas fases e ciclos.

Todos os planetas e constelações têm seus papeis especiais dentro das Escolas de Mistérios, sendo que dois deles se destacam: o Sol e a Lua.

Tal como o Sol, a Lua é um dos principais objetos de adoração e culto de todos os tempos. E assim como vimos no texto Símbolo do Sol, a Lua também possui um simbolismo central dentro da Ordem Maçônica e DeMolay.

Não devemos aceitar significado de nenhum símbolo se este não estiver fundamentado. Dizem que a Lua representa o segredo a ser descoberto, o feminino, etc. Se estão corretas essas afirmações, por que estão?

Vamos primeiro conhecer a Lua para fundamentar a importância do seu símbolo.

SÍMBOLO LUNAR

A Lua é um satélite natural da Terra que não possui brilho próprio, mas por sua superfície ser pálida reflete a luz do Sol durante a noite e torna a escuridão mais clara. Essa pequena observação faz do Sol um símbolo de luz fecundante, se tornando assim o Pai fecundador, e da Lua o símbolo da Mãe que recebe os raios de luz e emite de volta para Terra.

Existem muitas espécies cujo ciclos de reprodução estão ligados ao ciclo lunar, desde crustáceos, à corais e plantas. Coincidência ou não, também existe essa ligação com as mulheres, onde foram realizados estudos que demonstraram a ligação das fases lunares com os ciclo menstrual da mulher (referência – The regulation of menstrual cycle and its relationship to the moon).

Responsável pela reprodução e fertilidade na natureza, a Lua desde a mais remota antiguidade foi associada a figuras femininas, sempre enfatizando a pureza e a capacidade de gerar a vida, que é o papel da Mãe. Dessa maneira a Lua também é o símbolo do nascimento e da iniciação.

As fases lunares tem um total de sete dias (que é a origem dos dias da semana), e é por esse motivo que a criação do universo, segundo a mitologia judaica, foi feita em uma fase lunar. Seu ciclo completo é de aproximadamente 28 dias (7 x 4 = 28), e como já vimos no texto Altar DeMolay, quatro são os elementos que compõe a matéria e sete é o número da perfeição.

Está acompanhando? São através desses fenômenos visíveis como as fases e os ciclos da lua, da sua influência com a fertilidade da natureza e dos aspectos numéricos, que é fundamentado o símbolo da lua. Como vimos no texto Simbolismo e a Liberdade Religiosa: “O homem não inventa símbolos, assim como não inventa as Leis Físicas, ele apenas observa a vida e o universo ao seu redor e identifica os símbolos correspondentes a cada acontecimento ou fato existente”, e assim foi feito com a Lua como símbolo da Mãe, fertilidade, pureza, e representa também o inconsciente, onde estão os segredos da mente.

Quando formos começar a estudar mitologia veremos como os antigos filósofos juntaram todas essas características em seus contos. Aprenderemos que a mitologia é um portal para o estudo espiritual, rico em símbolos e imagens que se referem a nós.

Devido a essas características lunares, não é difícil entender o porque das “Grandes Mães” nos contos mitológicos serem frequentemente tratadas como virgens e puras que dão a luz a grandes heróis, ou junto com seu aspecto solar, criam todo o Universo. Sendo que “virgem” não se refere a mulher casta, e sim outro símbolo que fica de lição de casa e trataremos em outra oportunidade.

Na belíssima mitologia nagô, vemos o aspecto lunar representado como Yemanjá, a rainha das águas do mar, que junto com seu aspecto solar Oxalá, manifestou todo o universo e todos os outros deuses ou orixás. Na mitologia egípcia vemos Ísis, a deusa da magia, maternidade e fertilidade, que junto com seu aspecto solar Osíris, dá a luz a Hórus (quando ainda era virgem), o Falcão Dourado, Filho do Sol ou Iluminado. Qualquer semelhança desses dois mitos com Casamento Alquímico do Sol com a Lua, não é mera coincidência. As referências são enormes e devemos entender a lógica para podermos trabalhar e identificar esses aspectos.

De alguma forma, como vemos na mitologia nagô, os antigos já identificaram o mar como origem da vida e fizeram essa relação com lua (que guia as marés) e com a Mãe, transformando essas características no mito de Yemanjá. Assim como os egípcios identificaram a Lua como o astro do segredo e da magia devido a sua “face escura”, personificando-a como Ísis.

No budismo, a mãe de Buda (Desperto, Filho do Sol ou Iluminado), Maya, engravida após ver um elefante branco em seu sonho, e passado nove meses, Sidharta nasce da lateral da sua mãe na altura do coração. No cristianismo, Maria a mãe de Jesus (Cristo, Filho do Sol, Iluminado), engravida pela concepção do Espírito Santo (cujo símbolo é uma pomba branca) no seu ventre (ventre = lua). Tanto Maya quanto Maria, segundo a mitologia, engravidaram, tiveram seus filhos e continuaram virgens. Mas claro que devemos tratar isso como um símbolo.

Temos um mistério sobre os animais e a cor deles nessas duas mitologias, pensem sobre esses símbolos.

A geração é a manifestação maior da lua, é um processo envolto de mistérios e magia, pelo qual a vida surge. Outro número relacionado com a lua é o número nove, uma vez que nove meses são o tempo entre a concepção e o nascimento do feto humano, portanto nove é também o número da iniciação.

No DeMolay a Lua ocupa o centro do seu brasão e podemos ver usa influência no que é a Primeira Virtude. Na Maçonaria a Lua faz um par com o Sol (Alquimia). Mas isso é papo para outro momento. Será que esses símbolos estão nas Ordem a toa, ou será que não? Estamos apenas fundamentando, por enquanto pegue as chaves e vá desenvolvendo a utilização dos símbolos nos rituais.

E se você não é familiarizado com mitologia, alquimia, cabala, astronomia ou astrologia, não se preocupe que tocaremos em todos esses pontos com o tempo.

Alguma dúvida?

#Alquimia #Demolay

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/s%C3%ADmbolo-da-lua

Enciclopédia de Mitologia

Última semana para apoiar !!!

A Enciclopédia de Mitologia é um trabalho que tenho desenvolvido desde 1998, reunindo histórias, personagens, deuses, objetos, locais e demônios de diversas mitologias ao redor do planeta. A partir do estudo comparado destas mitologias, cheguei em um banco de dados muito interessante sobre todas as principais mitologias e religiões do planeta.

A primeira edição da Enciclopédia possuía 640 páginas, tratava de 7.200 verbetes e tinha 994 ilustrações. Trazia elementos da mitologia grega, romana, egípcia, indiana, árabe, chinesa, japonesa, celta, nórdica, européia, polinésia, sul americana, norte-americana, azteca, maia, inca, goécia e bíblica. Seu lançamento foi feito na Bienal do Livro de 2008, no Stand da Daemon Editora.

De lá para cá, tivemos diversas re-impressões até chegarmos a 2018, quando completamos 10 anos do lançamento dela e o esgotamento da quarta edição. Com a qualidade que conseguimos atingir no Projeto “Kabbalah Hermética” veio a idéia de fazer a 5a edição inteiramente colorida, ampliada, incluindo árvores genealógicas dos principais deuses, índices separados por mitologia e muito mais.

Ao longo de 2018 fomos expandindo o projeto até chegar a 8.000 verbetes, e 1100 ilustrações, agora totalmente coloridas e com a descrição de cada obra de arte, artista e período, em um livro capa dura com a mesma qualidade gráfica do nosso projeto de Kabbalah Hermética!

Avise seus amigos, teremos a opção de apoio para Grupos, Lojas, Ordens e Covens com direito a ter o Brasão incluído nos agradecimentos do livro.

https://www.catarse.me/mitologia

#Mitologia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/enciclop%C3%A9dia-de-mitologia