A Visão Teosófica dos Devas

O mais alto sistema de evolução que tem relação com a Terra é,  que se saiba, a dos seres a que os hindus, chamam “devas”, e no Ocidente,  “anjos”, “filhos de Deus”, etc. podem ser considerados como formando o  reino imediatamente superior ao reino humano, assim como este está  imediatamente acima do animal, mas com a diferença importantíssima de que  o animal não tem, que saibamos, possibilidade de evolução e não ser para  o homem, que é o único a ver abrir-se diante de si, logo que alcança um  certo nível, várias sendas de progresso, uma das quais é a da grande  evolução dos Devas.

Comparada com a sublime renunciação dos Nirmânakáyas,  a escolha desta linha de evolução é por vezes classificada com a  expressão “ceder à tentação de vir a ser um deus”, mas nisto não há a  menor sombra de censura. Não é o caminho mais curto, mas é evidentemente  um dos mais nobres, e se a intuição, largamente desenvolvida, de um ser  humano o impele a seguido, é porque certamente é o caminho que mais  convém às suas capacidades. Não devemos nunca esquecer que, à semelhança  do que acontece com uma ascensão física, nem todos os que desejam subir  espiritualmente tem a força e a coragem de escolher o caminho mais  íngreme. Pode haver muitos para quem o único caminho praticável seja o  mais lento e demorado, e nós não seríamos discípulos dignos dos nossos  grandes Mestres se, em nossa ignorância, nos deixássemos dominar por  qualquer pensamento de desprezo por aqueles cuja escolha difere da nossa.  Seja o que for que a nossa ignorância nos faça pensar hoje acerca das  dificuldades do futuro, no atual estado de adiantamento da evolução, é- nos impossível saber o que seremos capazes de fazer quando, depois de  muitas vidas de esforços, alcançarmos o direito da escolha do nosso  futuro. Com efeito mesmo os que “cedem à tentação de vir a ser deuses”  têm perante si uma carreira suficientemente gloriosa, como vamos ver.

Para evitar possíveis mal-entendidos, diga-se, entre parênteses, que em  muitos livros se dá um sentido completamente mau à frase “tornar-se um  deus”, mas nessa forma não poderia haver qualquer espécie de “tentação”  para o homem desenvolvido, e em qualquer caso não tem a menor relação com  este assunto. Na literatura oriental, a palavra “Deva” é amiúde usada  vagamente para designar quase toda espécie de entidades não-humanas, de  modo que muitas vezes se refere, por um lado, às grandes divindades e,  por outro, aos espíritos naturais e aos elementais artificiais. Nós,  contudo, empregamo-la somente em referência aos membros da grandiosa  evolução, objeto do nosso estudo. Apesar de relacionados com esta terra,  os devas não estão confinados aos seus limites, pois o conjunto da nossa  presente cadeia de sete mundos forma para eles um mundo só, em virtude de  a evolução deles ter de percorrer um grande sistema de sete mundos. As  suas hostes têm até aqui sido recrutadas principalmente entre outras  humanidades do sistema solar, umas superiores, outras inferiores à nossa.   Desta, apenas uma pequeníssima minoria tem atingido o nível a que  precisamos chegar para ser-nos possível pertencer a tão elevada  categoria. Mas parece certo que algumas das suas numerosas classes não  passaram, no caminho do seu progresso ascensional, por nenhuma humanidade  comparável à nossa.

Não estamos em estado de compreender muito acerca da  evolução dos devas, mas aquilo que supomos ser a meta da sua evolução é  consideravelmente mais elevada que a nossa. Isso é, ao passo que o  objetivo da evolução humana é erguer a porção da humanidade que não  desperdiçou os seus esforços, a certo grau de desenvolvimento oculto no  fim da sétima ronda, o objetivo da evolução dévica é erguer as suas  classes mais adiantadas, as suas categorias superiores, dentro do período  correspondente, a um grau ainda mais elevado. Perante eles, como perante  nós, está patente um caminho mais íngreme, porém mais curto, que conduz  aqueles que trabalharam com séria convicção e esforço persistente, a  alturas ainda mais sublimes; porém que alturas são essas, é-nos  impossível precisar.

Em relação com o plano astral, apenas podemos  encionar as categorias inferiores dessa augusta legião. A três grandes  divisões inferiores (começando de baixo) chamam-se geralmente Kâmadevas,  Rüpadevas e Arüpadevas. O corpo mais inferior de que um Kâmadeva se pode  revestir é o astral, como para nós é o físico. De forma que está numa  situação análoga àquela em que estará a humanidade quando atingir o  planeta F. Portanto, vivendo normalmente no corpo astral, é do mental que  se reveste quando quer passar a esferas superiores, tal qual nós ao  passarmos do físico para o astral. E se quiser entrar num corpo causal,  pouco mais esforços terá a fazer (estando, é claro, suficientemente  desenvolvido) do que nós para entrarmos no mental. Da mesma forma, o  Rupadeva vive normalmente no corpo mental, visto que o seu habitat é nos  quatro níveis inferiores, ou subplanos rüpa do plano mental; por sua vez  o Arüpadeva pertence aos três subplanos superiores e o seu corpo mais  material é o causal. Mas a manifestação dos Rüpadevas e dos Arüpadevas no  plano astral é tão extremamente rara como a materialização no plano  físico das entidades astrais, de forma que não há necessidade de nos  referirmos a eles neste trabalho sobre o plano astral.

Com respeito à  divisão interior — os Kâmadevas — seria um erro grosseiro considerá-los  incomensuravelmente superiores a nós, visto que muitos vieram de uma  humanidade a muitos respeitos inferiores à nossa cm desenvolvimento. A  média dos Kâmadevas é, em geral, superior à nossa, porque tudo que neles  poderia haver de mau, há muito que foi expurgado das suas fileiras; mas  sua disposição varia muitíssimo, de modo que pode haver entre nós  indivíduos que, pela sua nobreza, altruísmo e elevação espiritual, ocupem  na escala da evolução um grau mais elevado do que alguns deles. Pode-se  atrair-lhes a atenção por meio de certas evocações mágicas, mas a única  vontade humana que os pode dominar é a de uma classe elevada de Adeptos.  Têm em geral pequena consciência de nós, no plano físico, mas acontece  uma vez ou outra que um deles, tendo conhecimento de qualquer dificuldade  humana, que lhes excita a compaixão, venha em auxílio do homem, como  qualquer de nós faria a um animal que víssemos aflito. Mas no estado  presente da evolução, qualquer interferência da parte deles seria,  entenda-se bem, mais prejudicial que benéfica.

Acima dos Arüpadevas há  ainda quatro outras grandes divisões, e ainda acima e para além do reino  dos devas estão as grandes hostes dos Espíritos Planetários, espíritos  gloriosos, cuja consideração estaria deslocada neste manual. Conquanto  não possamos afirmar que pertençam exatamente a qualquer uma de nossas  classes, este é, talvez o melhor lugar para mencionar os admiráveis e  importantes seres, que são os quatro Devarâjas. Neste nome a palavra  “Deva” não deve ser tomada no mesmo sentido em que a temos usado até  aqui, pois não é o reino dos devas mas sim dos quatro “elementos”, da  terra, água, ar e fogo, com seus internos habitantes, os espíritos  naturais e as essências, que estes quatro Reis governam. Acerca das  etapas de evolução que eles seguiram até chegar à presente culminância de  poder e sabedoria, nada sabemos; apenas podemos afirmar que o caminho da  sua evolução não tem nada de correspondente em nossa humanidade. Chamase-lhes também Regentes da Terra, e Anjos dos quatro pontos cardeais, e  os livros hindus chamam-lhes os Chatur Mahârâjas, dando-lhes os nomes de  Dhritarâshtra, Virudhaka, Virupaksha e Vâishrâvana.

Nos mesmos livros as  suas hostes elementais são chamadas Gandharvas, Kumbhandas, Nâgas e  Yakshas, respectivamente, sendo os pontos cardeais próprios de cada um,  Este, Sul, Oestee Norte, e as respectivas cores simbólicas branco, azul,  vermelho e dourado. A Doutrina Secreta descreve-os como “globos alados e  rodas de fogo”, e até na Bíblia cristã, Ezequiel, ao tentar descrevê-los,  serve-se de expressões muito semelhantes. Não há religião nenhuma que na  sua simbologia não se refira a eles, tendo sido sempre objeto da mais  fervorosa reverência como protetores da humanidade. São eles os agentes  do Karma do homem durante a vida terrena, representando, por isso, um  papel da mais alta importância nos destinos humanos. As grandes  divindades kármicas do Cosmos (chamadas na Doutrina Secreta “Lipikas”)  pesam as ações de cada personalidade quando, no fim da vida astral, se  realiza a separação final dos seus princípios, e dá, por assim dizer, o  molde para um duplo etérico, exatamente apropriado ao karma dessa  personalidade para o próximo nascimento físico. Mas são os Devarâjas,  senhores dos “elementos”, de que esse duplo se compõe, que os combinam  nas proporções convenientes, de modo a realizar rigorosamente as  intenções dos Lipikas. São eles também que durante a vida inteira estão  vigilantes, para contrabalançar as mudanças que o livre arbítrio do homem  e dos que o cercam introduzem continuamente na sua situação, afim de que  o karma possa esgotar-se de uma forma ou outra, mas sempre sob a ação da  mais reta justiça. Na Doutrina Secreta, vol. I, págs. 122 a 126, ed.  inglesa, encontra-se uma erudita dissertação sobre estes seres  maravilhosos, que podem materializar-se à vontade em formas humanas,  conhecendo-se alguns casos que isso tem sucedido. Todos os espíritos  naturais superiorese legiões de elementais artificiais são seus agentes  na estupenda tarefa que lhes está distribuída, mas são os Devarâjas que  têm todos os fios nas mãos e os únicos responsáveis pela sua obra. Poucas  vezes se manifestam no mundo astral, mas quando o fazem, são, decerto, os  mais notáveis dos seus habitantes não-humanos. Qualquer ocultista  adivinhará que, assim como há sete classes de espíritos naturais e de  elementais, deve haver também sete e não quatro Devarâjas; mas para além  do círculo dos Iniciados pouco ou nada se sabe dos três primeiros, além disso, não se pode fazer revelações a seu respeito.

C. W. Leadbeater

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-visao-teosofica-dos-devas/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-visao-teosofica-dos-devas/

A Teosofia Termina no Vaishnavismo

Por Srila Prabhupada

O resumo de uma palestra proferida na sessão de abertura da Quinquagésima-Sexta Convenção Anual da Sociedade Teosófica na América, realizada em 25 de julho de 1943, foi-me entregue por um amigo bem intencionado em um panfleto sob o título “O Teosofista como o Cidadão Ideal na Guerra e na Paz”. Ao ler o panfleto, pudemos reunir os seguintes pontos que levam aos ideais e à filosofia do Vaishnavas.

O Teosofista acredita em uma Consciência Personalizada ou uma Vontade Direta por trás da operação da atividade universal. Esta conclusão é bastante lógica, como podemos ver em todos os campos de nossas atividades. Podemos observar que nada no mundo é possível de ser realizado sem uma Vontade Direta. A matéria não tem poder de movimentação sem um toque de Livre Vontade direcionadora e como tal é bastante natural pensar que toda a natureza material, por maior e consumadora que seja, é dirigida por trás, por uma grande Vontade que é denominada de forma diferente por diferentes especuladores.

Mas os Vaishnavas ou os devotos da Personalidade Absoluta da Divindade, não só acreditam em uma Consciência Personalizada no processo de direção das atividades universais, mas também aceitam Sri Krishna como a Pessoa Absoluta que é a raiz de todas as causas e de todos os efeitos.

Neste contexto, se nos referirmos a literaturas autênticas como Bhagavad Gita, Brahma-samhita etc., elas podem nos ajudar a nos aproximar mais da Consciência Personalizada da Personalidade Absoluta da Divindade. A primeira estrofe do Quinto Capítulo em Brahma-samhita, afirma muito enfaticamente que o Senhor Sri Krishna, que é conhecido como Govinda, é a Suprema Divindade. Ele tem um corpo espiritual eterno e bem-aventurado. Ele é a Origem de todos e Ele não tem outra origem, pois Ele é a Causa Principal de todas as causas.

Sua Divina Graça Sri Srimad Bhakti Siddhanta Saraswati Goswami Prabhupada explica esta estrofe da seguinte forma:

“Krishna é a entidade Suprema exaltada tendo Seu nome eterno, forma eterna, atribuição eterna e passatempos eternos. O próprio nome Krishna implica sua designação amorosa, expressando por sua eterna nomenclatura o Acme de entidade. Seu eterno e belo corpo azul-celeste brilhando com intensidade de conhecimento sempre existente, tem uma flauta em ambas as mãos. Como sua inconcebível energia espiritual está se estendendo, ele ainda mantém seu tamanho médium todo encantador por seus instrumentos espirituais qualificados. Sua suprema subjetividade é bem manifestada em sua forma eterna. A presença concentrada de todos os tempos, o conhecimento descoberto e a felicidade inebriante têm nEle sua beleza. A porção mundana manifestativa de Seu próprio Eu é conhecida como Paramatma, Iswara (Senhor Superior) ou Vishnu (Tudo-animador). Por isso é evidente que Krishna é a Única Divindade Suprema. Seu incomparável ou único corpo espiritual de encanto superexcelente é eternamente revelado com inúmeros instrumentos espirituais (sentidos) e atributos incontáveis mantendo sua localização significante adequadamente, ajustando-se ao mesmo tempo por seus inconcebíveis poderes conciliadores. Esta bela figura espiritual é idêntica a Krishna e a Entidade Espiritual de Krishna é idêntica a Sua própria figura”.

“A própria entidade combinada de intensidade de presença eterna de cognição feliz é o charmoso Ícone de mira ou transcendental. Segue-se que a concepção da magnitude indistinguível sem forma (Brahman), que é um indolente, laxista, pressentimento de bem-aventurança cognitiva, é meramente uma penumbra de intensidade de brilho misturado dos três concomitantes, ou seja, o bem-aventurado, o substantivo e o cognitivo. Este Ícone de manifestação transcendental de Krishna em sua face original é o fundo primordial da magnitude infinita Brahman e de toda a Superalma universal de Krishna como verdadeiramente visionada em seus variados passatempos, tais como Proprietário de vacas transcendentais, Chefe de vaqueiros, Consorte de criadas de leite, Governante da Morada terrestre Goloka e Objeto de adoração por residentes transcendentais das belezas de Goloka, é Govinda. Ele é a causa raiz de todas as causas que são os agentes predominantes e predominantes do Universo.

O olhar de Sua porção fracionária projetada na água Sagrada Originária, ou seja, a Alma Excedente Pessoal ou Paramatma, dá origem a uma potência-natureza secundária que cria o universo mundano. Esta energia intermediária da Superalma traz as almas individuais analogamente aos raios emanados do Sol”. O olhar de Sua porção fracionária projetada, como mencionado acima, é confirmado no 10º sloka do nono capítulo de Bhagavad Gita. A Personalidade da Divindade diz: “A Natureza Material (Prakriti) sob minha vigilância, dá à luz tudo que se move ou se fixa (animado ou inanimado) e por este processo, ó filho de Kunti, o universo evolui”.

Este olhar, superintendência ou vigilância, como podemos preferir chamar pela Suprema Personalidade da Divindade, é como a superintendência de um chefe executivo de um governo que faz tudo como vontade direta, mas ainda assim não o vê em todas as esferas das atividades governamentais. Sem ele, nada pode ser feito a não ser à face da atividade que ele parece estar ausente, pois o desempenho é completado por outro agente. Tal é a relação da Natureza Material com a Personalidade Absoluta da Divindade.

A Natureza Material é chamada de ‘Mãe Brahman’, ou seja, Ela está impregnada com as sementes da criação pela Personalidade Absoluta da Divindade, conforme confirmado no Bhagavad Gita no 14º capítulo.

Sri Krishna diz ali “Que a Natureza Material que também é chamada ‘Mahat Brahma’ é meu ventre; aí eu coloco as sementes ou germes da criação de onde vem o nascimento de todas as entidades, ó filho de Bharata”.

Sob a Consciência Personalizada em que o Teosofista acredita, é natural concluir que existe um grande plano para o universo criado.

Os Vaishnavas aceitam este plano de uma maneira muito simples. Sendo a Personalidade Suprema da Divindade o Desfrutador Absoluto e Criador de tudo o que é, o plano é feito de tal forma que tudo na criação é destinado à gratificação do sentido do Ser Supremo. Qualquer um que crie perturbação neste grande Plano do Ser Supremo é considerado pelo Vaishnava como Aparadhi ou Ofensor e aí ele conclui muito naturalmente que quando uma entidade ou alma Jiva se esquece de si mesmo como o eterno servidor do Ser Supremo para o ajuste do Grande Plano e se considera um desfrutador, ele é imediatamente apanhado pela potência externa do Ser Supremo que é chamado de Maya, e começa sua existência na natureza material esquecendo-se de sua verdadeira natureza de Espírito. Ele arrasta uma vida condicional sob os modos da Natureza, depois disso.

Este Grande Plano é explicado no Bhagavad Gita em dois slokas finais, ou seja, o 65o e o 66o slokas do 18o Capítulo que concluem os ensinamentos de Bhagavad Gita. A Personalidade da Divindade Sri Krishna diz ali que cada um deve oferecer-se a si mesmo como o eterno servo transcendental ou devoto de Sri Krishna com coração e alma. Ele não deveria ser como o “Karmayogi”, “Jnanyogi” ou “Dhyanyogi”, mas deveria ser “Bhaktayogi” puro e simples e, em cada esfera de sua atividade, ele deveria servir apenas ao propósito da Personalidade Suprema da Divindade, de acordo com Seu Grande Plano, sob a orientação Dele ou de Seu representante de boa-fé. Isto o levará gradualmente à posição de servidão eterna da Pessoa Eterna e este conselho foi dado a Sri Arjuna porque ele era o peito e o amigo mais querido de Sri Krishna.

Dentro deste plano de ação, Arjuna também foi aconselhado a desistir de todos os outros compromissos e simplesmente a seguir a Personalidade da Divindade. No início das lições de Gita, a Personalidade da Divindade explicou a Arjuna tantos compromissos diferentes como os deveres de um renunciante, de um Sanyasin, de um Yogi, ou um Jnani, de um Karmi, etc., e agora ele ordena diretamente a Arjuna que desista de todos esses compromissos e siga diretamente os desejos da Personalidade da Divindade. Dessa forma, ele garantiu a Arjuna que o protegeria de todos os vícios que pudessem acumular por não ter tentado cumprir todos os outros deveres e por isso teve que lamentar por nada. Pelos atos de serviço amoroso transcendental à Personalidade da Divindade, a pura natureza espiritual de cada um e tudo se torna manifesta. Os desempenhos de todos os chamados deveres neste mundo mundano, tais como o desempenho de deveres religiosos, deveres mundanos, deveres purificadores para um estado de vida superior, aquisição de conhecimento, meditação para controlar os sentidos e a mente, etc., são realizadas para se elevar da vida condicional da existência corporal e mental e para alcançar a existência espiritual de forma simples e simples; mas quando se transcende todo esse estado condicional de vida e se eleva alto pela atração espiritual da forma eterna e bem-aventurada de Sri Krishna, ele não tem nada a fazer e nada a realizar.

Todas as atividades da existência material são direcionadas a algum tipo de ideal ou plano. “O universo nunca é em momento algum o resultado de um mero ‘concurso fortuito de átomos’, mas, por outro lado, o resultado das operações da Direção da Vontade”. A partir disto, segue-se a conclusão lógica de que o Testamento opera de acordo com um plano: Em resumo, um crente da Teosofia aceita como fato que, “em e através de todas as coisas, uma Vontade Direta está em ação, com um plano de Ação de momento em momento em direção a um fim predominante”. Essa é a versão do Teosofista de uma maneira diferente como funciona o Vaishnavita. O fim predominado é servir ao propósito do Absoluto Predominador.

Em outras palavras, todas as nossas atividades são dirigidas ou ao fim de algum propósito corporal, ou algum propósito mental ou algum propósito espiritual. As atividades até o fim de algumas finalidades corporais e mentais não têm praticamente nenhum valor permanente, tendo em vista que o próprio fim é transitório e temporário e, portanto, são classificadas sob duas cabeças: boas ou más. Mas as atividades para o fim espiritual são chamadas transcendentais para todos os bons e todos os maus propósitos e como tais atividades podem ser divididas em três departamentos para a existência permanente e eterna. Esses três departamentos podem ser denominados apego à existência espiritual impessoal em oposição à existência material variegada, apego à Divindade Tudo-Perigosa ou ao aspecto localizado de Paramatma, a Superalma, ou apego à Personalidade Predominadora da Divindade em sua forma todo-brilhante, eterna e todo-atrativa. Se analisarmos todas as nossas atividades neste mundo, elas podem ser agrupadas sob qualquer um dos diferentes títulos acima, ou seja, mundano ou transcendental, temporário ou permanente e todas essas atividades atingem algum tipo de atmosfera de acordo com o plano ou ideal do executante. Eles são nomeados de forma diferente sob diferentes cabeçalhos e diferentes planos, mas tais atividades que são orientadas para a gratificação do sentido transcendental do Predominador, Personalidade da Cabeça de Deus Sri Krishna, são denominadas como devoção sem vínculo. Tais atividades são atividades devocionais e nunca devem ser mal concebidas como atividades comuns sob os títulos de plano de ação corporal ou mental. Estas atividades ou as atividades devocionais são atividades reais no final do Grande Plano e nunca devem perturbar o ajuste do Grande Plano, enquanto todas as outras atividades podem ser boas ou ruins, são simplesmente perturbadoras para o Grande Plano do Predominador e devem, portanto, ser abandonadas por alguém que deseje trabalhar de acordo com o Plano.

No nono capítulo (24º Sloka) a Personalidade da Divindade declara enfaticamente que “Eu sou o Desfrutador e Senhor também de todos os sacrifícios, mas os homens não Me conhecem na verdade e por isso sofrem”.

Sempre que qualquer atividade que não satisfaça os sentidos transcendentais da Personalidade da Divindade ou que não ajuste o Grande Plano de Ação é chamada de pecado. Quando Sri Krishna quis que Moharaj Judhisthir contasse uma mentira direta a Dronacharya, Moharaj Judhisthir primeiro se recusou a contar tal mentira e depois contou a verdade de uma forma que aparentemente parecia aos homens comuns ser inverdade de uma forma redonda. Mas o próprio Moharaj Judhisthir disse a verdade na medida do possível. Mas o resultado posterior foi que Judhisthir teve que visitar o inferno pela razão de que ele se recusou a contar uma mentira de acordo com o Plano de Sri Krishna. Os homens comuns entenderam que Judhisthir foi obrigado a visitar o inferno porque ele disse mentira de uma forma rotunda, mas os savants puderam entender que ele teve que visitar o inferno pela razão de que ele se recusou a dizer mentiras de acordo com a ordem de Sri Krishna. A importância da história é que contar mentiras ou dizer a verdade não importa se ela pode se reconciliar com o Fim Predominado. Na vida comum também podemos julgar um meio pelo resultado de seu fim. O fim justifica os meios. Se o fim é satisfazer o Grande Plano do Predominador Personalidade Absoluta da Divindade, não importa se os meios estão certos ou errados de acordo com o julgamento deficiente dos juízes imperfeitos. A Personalidade Absoluta da Divindade sendo o Desfrutador Supremo Ele deve ser satisfeito por todos os meios que é o Grande Plano de acordo com a filosofia dos Vaishnavitas.

O Teosofista empírico dá a este Grande Plano da Pessoa Absoluta nomes diferentes como “o Plano de Deus, que é Evolução”, o “Mundo Arquetípico”, um “Poder, não nós mesmos”, que faz justiça” e o Teosofista argumentará “que em e através de todas as coisas, de um elétron a uma estrela, de uma ameba a um anjo, há um padrão” e quem descobriu este padrão é chamado de Teosofista.

O Vaishnavita acredita no “Plano de Deus, que é Evolução”, mas não do modo como o Teosofista aceita. O Teosofista acredita que “todas as coisas estão se movendo para um fim ordenado, assim como uma raiz de lótus enterrada na lama, no processo de seu crescimento ordenado, produzirá inevitavelmente a bela flor”. Mas o Vaishnavita lhe aplicará mais razão do que qualquer outro filósofo, e ele dirá que o processo de crescimento ordenado também é condicional. A semente ou raiz de um lótus pode estar enterrada na lama, mas ainda assim o crescimento será verificado se não houver ajuda adequada da Natureza ou do Prakriti. A condição é oferecida pela natureza que faz com que a flor cresça ou morra no botão. A evolução não é constante de um estágio para outro, mas o mesmo depende também dos modos da Natureza Material e de acordo com os modos de trabalho de cada um. Portanto, não se deve concluir que uma vez que uma alma ou espírito Jiva é encarnado em forma humana, ele não é mais transformado em tigre ou anjo, mas de acordo com os Vaishnavitas a Evolução é tão flexível que um Anjo pode se tornar um tigre ou um tigre pode se tornar um Anjo a qualquer momento de acordo com as obras do livre arbítrio ajudado pelos modos da Natureza.

Cada alma individual que faz parte da Superalma tem independência subordinada à independência Absoluta do Predominador e esta independência nunca é prejudicada pela independência Predominadora da Pessoa Absoluta. Ele está cheio em Si mesmo e sua independência nunca é condicional à independência da alma Jiva. De acordo com o Plano Arquetípico, o Vaishnavita acredita que o Homem é feito de acordo com o próprio Modelo de Deus e, portanto, o Homem é considerado o ser mais elevado no processo de Evolução e é realmente assim, como podemos julgar pelas circunstâncias favoráveis.

A altura do homem, sua beleza em relação à cor e forma, sua inteligência e força, seu poder de resistência e acima de tudo seu desenvolvimento psíquico indicam claramente que ele é o mais alto de todos os seres criados. E para isso o Vaishnavita afirma que a encarnação de uma alma Jiva como ser humano é a forma de vida mais cobiçada e rara que é útil para a salvação espiritual dos encarnados e, portanto, o Vaishnavita conclui que esta forma de vida humana é muito mais importante do que a vida de um anjo e o que falar de outros em animais inferiores.

Mas infelizmente muito poucos homens percebem esta importância da vida humana e a maioria deles prefere aproveitar a vida ao máximo em suas melhores capacidades nas condições oferecidas pela natureza Material. Quando um homem percebe que sua forma humana de vida lhe foi concedida após crostas e crostas de nascimentos e mortes através de muitas espécies de encarnação pelo processo de Evolução e reconhece “um Poder, não nós mesmos, que faz justiça” e como tal distingue o mesmo com outro poder que faz justiça indiretamente, então ele tenta elevar-se à incondicional vida e atividade completamente livre no reino da Divindade e para este propósito ele engaja sua vida, dinheiro, inteligência e palavras para alcançar a mais alta forma de existência espiritual.

No processo de Autorrealização acima, o Vaishnavita como o Teosofista não só percebe que ele é também, em alguma medida, o Bom, o Verdadeiro e o Belo, mas também se lembra constantemente que quantitativamente sua bondade, veracidade e beleza nunca são comparáveis com as do Predominador. Como dizem os filósofos egípcios, “O Princípio que dá vida habita em nós, e sem nós, é imortal e eternamente benéfico, não é ouvido ou visto, ou cheirado, mas é percebido pelo homem que deseja a percepção”; assim, o Vaishnavita também percebe o mesmo Princípio tanto qualitativa quanto quantitativamente. Qualitativamente ele não faz diferença com o grande Predominador, mas quantitativamente ele sempre mantém uma diferença entre o Predominador e o Predominado.

Assim, o Vaishnavita não só reconhece “um Poder que não é nós mesmos, que faz justiça”, mas também reconhece o mesmo de forma indireta e dá a estes diferentes nomes, tais como Jogamaya e Mohamaya e as Jiva-almas que estão sob o controle de qualquer um dos Poderes ou Energias acima, são chamados de Poder Marginal. E acima de todos estes três Poderes, coloca o Poder ou o Predominador como a Personalidade Absoluta da Divindade. A Filosofia de Kshetra e Kshetrajna como discutida no Bhagavad Gita é baseada nestes três poderes e acima deles a Personalidade Todo-Poderosa da Cabeça-de-Deus Sri Krishna. Nosso ensaio sobre a Divindade e Suas potencialidades publicado neste folheto tenta explicar este assunto de forma mais elaborada. A conclusão pode ser tirada assim: a Divindade é o Todo e o Todo Poderoso e os Poderes podem ser grosseiramente divididos em três títulos que são como acima. O Vaishnavita, como o Teosofista, se acredita como uma unidade no mesmo Todo, sob o subtítulo Poder Marginal.

O deleite do Teosofista no sentimento de fraternidade de todas as entidades vivas é o plano mais alto do Vaishnavita chamado de palco de Mohabhagabat; mas o processo de realização dessa forma mais alta de fraternidade universal pelo Vaishnavita é diferente daquele do Teosofista.

O ideal de fraternidade universal do Teosofista é sem uma relação Central, enquanto que a fraternidade universal do Vaishnavita se baseia em uma relação Central. O Teosofista coloca seu ideal de fraternidade universal da seguinte forma:

“Mas ser irmão de tudo o que vive significa para o Teosofista uma responsabilidade para com tudo o que vive”. Como o Teosofista é um ser humano, sua responsabilidade é para com todos os outros seres como ele”. O conceito de uma Fraternidade Universal de toda a Humanidade passa de um mero ideal intelectual a uma Realidade sempre presente, sempre impulsionadora.

“É a partir desta realização de uma interligação de toda a humanidade, e de uma maneira muito precisa a interligação do homem e do homem dentro de qualquer comunidade, seja pequena como uma aldeia, ou grande como uma nação, que a realidade subjacente à palavra ‘cidadão’ deriva suas implicações de responsabilidade, dever e sacrifício. O Teosofista sabe, por seu conhecimento do padrão, que os homens não se uniram para formar comunidades por causa da ganância ou com o propósito de autoproteção; mas que se uniram principalmente porque devem ser mutuamente úteis, cada um para dar o que pode aos outros, e receber deles o que precisa e ajudar a liberar em todos os outros a Bondade, o Amor e a Beleza que se escondem no coração de cada homem, mulher e criança.

“É para este objetivo que o Grande Plano tem fomentado a civilização de selvagem para civilizado; portanto a palavra civilizado conotava os deveres da Cidadania. Entre estes deveres estão uma defesa corajosa daqueles que são injustamente atacados, para proteger os fracos contra a exploração pelos fortes, e para liberar a Beleza oculta do Divino em todos os homens e coisas, ajudando no desenvolvimento das ciências e das artes, e por todas as formas que apelam ao Altíssimo no Homem e que ligam o homem ao homem e nação à nação”.

O Vaishnavita aceita todos os princípios acima no vínculo da fraternidade universal, mas ele pode ver que estes laços de irmandade são apenas superficiais e não podem suportar um relacionamento permanente. Grandes líderes de pensamento em quase todos os países do mundo tentaram este método de ligar o homem ao homem e nação à nação por algum tipo de método altruísta, mas o Vaishnavita difere deles que tal processo pode causar temporariamente algum tipo de fraternidade externa entre homem e homem, etc., mas falhará no final, a menos que não seja ajudado a reviver sua natureza inata tecnicamente chamada de “Swarupa” como distinguida de sua “Birupa” ou natureza externa. A valente defesa daqueles que são injustamente atacados ou protegem os fracos da exploração pelos fortes, são sem dúvida dignos de menção por ligarem o homem ao homem e nação a nação, mas a Vaishnavita quer tornar cada um e todos tão fortes que ele não precisaria de nenhuma proteção externa nem será explorado por… …ninguém mais. O Vaishnavita diz que uma entidade viva quando ele esquece sua verdadeira “Swarupa” como a eterna unidade de serviço transcendental subordinada, torna-se explorada e constantemente atacada pela “Birupa” ou natureza material. A exploração e o ataque que geralmente vemos externamente sobre nossos semelhantes não são mais que os ataques e a exploração da natureza material sombria que tenta colocar a alma condicionada no caminho da retidão num método indireto – assim como o professor castiga o aluno a fim de colocá-lo na retidão. A ajuda temporária para salvar um de tal ataque ou exploração, pode salvar um de tais ataques ou exploração por um agente visível da natureza material, mas isso não salvará o doente das mãos da natureza material que é chamada de Deus e insuperável no Bhagavad Gita. Quando um culpado é punido dentro das paredes de uma prisão pelo Superintendente da prisão, o grito infantil de outros prisioneiros ou o protesto deles pode dar algum alívio temporário ao prisioneiro destinado à punição, mas isso não pode lhe dar alívio real. A fraternidade dentro dos muros da prisão pelos próprios prisioneiros não melhorará certamente seu ideal de fraternidade universal sob as rédeas do carcereiro responsável.

Todo o ideal de fraternidade universal, paz e amizade certamente dará prazer permanente assim que os irmãos receberem alívio da exploração e dos ataques da Natureza Material, assim como os prisioneiros, quando forem libertados do controle do Superintendente da Cadeia para desfrutar da doçura da fraternidade concebida por eles. Dentro dos muros da fraternidade de uma prisão para alívio mútuo está a revolta contra as leis da Cadeia e como tal a fraternidade universal dentro das leis da Natureza Material não tem sentido.

O Vaishnavita, portanto, tenta tirar um primeiro da exploração e ataque das mãos da Natureza Material, colocando um sob a orientação do Yogamaya e depois só ele concebe para uma verdadeira fraternidade universal entre homem para homem e nação para nação.

O processo de obter alívio da exploração e do ataque das mãos da Natureza Material é entregar-se incondicionalmente aos cuidados da Personalidade Absoluta da Divindade e essa é a fórmula reconhecida no Bhagavad Gita. Quando alguém consegue “VOLTAR A DEUS” ele pode realmente formar uma unidade nos ideais da Fraternidade Universal e nenhuma outra.

Toda ação no mundo mundano é influenciada pelos modos da Natureza Material e como tal são ativados ou por bons ideais, paixão ou ignorância. As ações de primeira classe são realizadas sob os modos de bondade, mas mesmo tais ações são influenciadas pela natureza material como resultado da qual elas são não permanentes, imperfeitas e não propícias.

Assim, para se livrar das mãos exploradoras e atacantes da natureza material, é preciso transcender os modos da natureza material através do serviço constante da Personalidade da Divindade, pois esse é o processo de transcender os modos da natureza material. Quando cada um, portanto, está engajado no serviço da Personalidade da Divindade é então e somente em relação à Personalidade da Divindade, tudo se torna perfeito, permanente e transcendental. Este é o processo concluído em Bhagavad Gita.

A Personalidade da Divindade diz no 26º sloka do 14º capítulo:

“E aquele que Me adora por uma devoção exclusiva no serviço, tendo passado por todas as três modalidades, está em conformidade com a natureza de Brahman (o Absoluto)”.

Assim, de acordo com o Vaishnavita, somente aqueles que se engajarem no serviço devocional da Personalidade da Divindade por sua vida, dinheiro, inteligência e palavras podem ser elegíveis para ser um membro do vínculo da fraternidade universal. Ao servir ao todo, somente as unidades podem ser servidas.

Os ideais do Teosofista, tal como foi dito por H. P. Blavatsky, são os seguintes:

“Que a tua Alma empreste seus ouvidos a todo grito de dor, como se o lótus batesse seu coração para beber o filho da manhã”.

Não deixe o sol feroz secar sobre lágrimas de dor antes que você mesmo as tenha enxugado do olho do sofredor”.

Mas que cada lágrima humana ardente caia sobre seu coração e lá permaneça; nem nunca a escove até que a lágrima seja removida.

Estas lágrimas, ó misericordioso de coração, são os rios que irrigam os campos da caridade imortal”.

Estas palavras só podem ser dadas forma prática por aqueles que dedicaram sua vida por cento do serviço da Personalidade da Divindade e sem isso simplesmente permanecerão como ideais de ouro que nunca serão cumpridos no reino do homem. Os devotos só pensam pelos caídos e abatidos, tentam pegá-los da lama da existência material e são eles que apenas tentam para o benefício permanente dos que sofrem com a exploração e o ataque das mãos da Natureza Material Soturna representada pela figura da Deusa Kalika em modo destrutivo.

A “Caridade imortal” só pode ser realizada quando somos capazes de reavivar a lembrança do serviço eterno da Personalidade da Divindade. Como este serviço pode ser realizado é um assunto a ser delineado em outro capítulo, mas como o Teosofista diz que tornar-se um cidadão no reino de Deus implica responsabilidade, dever e sacrifício, a responsabilidade de um Vaishnavita é reavivar na consciência de todos e de cada um, a relação transcendental da Divindade. O dever é primeiro se engajar no serviço transcendental da Personalidade da Divindade e depois tentar engajar outros também no mesmo compromisso transcendental e, portanto, deve haver sacrifício de vida, dinheiro, inteligência e palavra para a propagação e o renascimento de tais atividades transcendentais. O Senhor Jesus Cristo sacrificou Sua vida por esta causa e todos que querem entrar no Reino de Deus devem estar prontos para sacrificar pelo menos parte de sua renda se não outras coisas, a fim de transformar este inferno no Reino de Deus. Deus é Grande e Ele se reserva o direito de não ser exposto ao mundano especulador e filósofo seco, mas Ele próprio aparece por Sua própria vontade e independência quando lhe são oferecidos serviços amorosos transcendentais em todos os aspectos. O Sol aparece pela manhã apenas por Sua própria vontade e sem estar preso ao esforço alheio do cientista. O cientista deixará de fazer aparecer o Sol à noite pela descoberta de todos os holofotes e instrumentos científicos.
Quando Ele aparece, a ignorância desaparece e a pessoa é capaz de vê-lo Todo Bom, Todo Sabido e Todo Bonito e também é capaz de ver a si mesmo, que ele também é Todo Bom, Todo Sabido e Todo Bonito qualitativamente. Quando ele se levanta, pode-se ver o sol nos raios do sol e não só o sol, mas também a si mesmo e todas as outras coisas por ele. Assim como com a aparência do Sol, a escuridão voa, assim com a aparência da divindade por seu nome transcendental, fama, forma, qualidades, etc., a ignorância, a pobreza e a miséria desaparecem; esse é o veredicto de todos os aforradores e escrituras.

O Teosofista tenta conhecer a Divindade e Seu Reino no Padrão em graus lentos no processo de esforço próprio e pelo processo indutivo de generalização, mas o processo de Vaishnavita é o oposto. Ele se aproxima de uma Autoridade Superior que conhece a Divindade e Seu Reino e tenta saber dele submissamente pelo processo de dedução em um modo de serviço e perguntas sinceras relevantes para conhecer a verdade. O trigésimo quarto sloka do quarto capítulo de Bhagavad Gita ordena isto com as seguintes palavras:

“Aprenda isto (conhecimento da Divindade e de Seu Reino, etc.) fazendo reverência (isto é, tornando-se discípulo) por contraquestões e por serviços. O Sábio (aquele que realizou a Divindade e Seu Reino) que viu a Verdade te ensinará (este conhecimento)”.

O processo do Vaishnavita é mais fácil e perfeito do que o processo dos filósofos empíricos que tentam conhecer Deus e Seu Reino por causa de seu pobre fundo de sentidos limitados e conhecimento imperfeito derivado da especulação sensual. No curso normal de nossa vida também nos aproximamos da pessoa certa para aprender um assunto perfeitamente. Não nos aproximamos de um engenheiro se quisermos aprender a ciência dos medicamentos. Da mesma forma, se quisermos conhecer Deus e Seu reino ou se quisermos ser servidores de Deus, devemos nos aproximar de um verdadeiro servo de Deus e não devemos nos aproximar de um servo de cachorro. A menos, portanto, que não nos aproximemos dos pés de alguém que seja transcendentalmente sábio e perfeito, é inútil falar de Deus e de Seu reino.

Nesse processo, o Vaishnavita percebeu Sri Krishna como a Personalidade Absoluta da Divindade e a Origem de todas as causas. Os Grandes Goswamins descobriram 64 qualidades transcendentais em sua plenitude em Sri Krishna que nunca devem ser descobertas em nenhuma outra pessoa ou deus e, portanto, O encontraram (Krishna) como Todo Bom, Todo Conhecedor e Todo Bonito.

O Teosofista percebe Sri Krishna em seu aspecto impessoal Brahman ou Vishnu que reside dentro como Paramatma e fora como a Virata e esta realização está em perfeita harmonia com a observação do Vaishnava. Mas o Vaishnava vai ainda mais fundo e O vê como a Personalidade da Divindade “Bhagwan”. O aspecto que permeia tudo da Personalidade da Divindade é realizado pelo Vaishnava simultaneamente com a realização de seu Aspecto Pessoal. O exemplo vívido para isto é Pralhad Moharaj. Quando Pralhad Moharaj estava sendo ameaçado por seu pai ateu Hiranyakashipu de ser morto instantaneamente, Ele (Pralhad Moharaj) permaneceu firme e corajosamente sem qualquer cuidado com as palavras ameaçadoras de seu pai. Hiranyakashipu perguntou: “Como é que você, menino tolo, ousa negligenciar minha raiva que ameaça todo o universo? Sob a influência de quem você é tão destemido que não se importa com as minhas palavras”?

Pralhad Moharaj respondeu a seu pai: “Oh rei, a força da qual eu dependo não é apenas minha força, mas é também a sua força e essa força é também a força de todos os homens fortes. Sob essa força tudo anima ou inanimado neste universo funciona como subordinado. Ele é o Todo-Poderoso, Ele é o Tempo, Ele é o Poder dos sentidos, Ele é a força da mente, Ele é a força do corpo e Ele é o espírito dos órgãos dos sentidos. Seu poder é ilimitado, Ele é o Maior de todos, Ele é o Senhor dos três modos da natureza e Ele, por sua própria força, cria, mantém ou destrói todo este universo. Você pode desistir deste caráter infiel, não nutra esta natureza de inimizade e amizade dentro do seu coração, mas seja igual a todos os seres. Não há outro inimigo maior do que a mente que está descontrolada e sempre se extraviando. Sentir para todas as entidades como uma só conosco é a forma mais elevada de religião. Nos tempos antigos, alguns homens tolos como você costumavam pensar como se tivessem conquistado todos os quatro cantos do universo, sem conquistar os seis sentidos dentro de si mesmos, que são objetos que matam a todos. Mas não há inimigo para aquele, que é igual a todas as entidades, santo autoconquistado. O inimigo é criado apenas por nossa ignorância”.

O pai ateísta ficou muito irritado com estas palavras de seu filho Pralhad Moharaj e começou a insultá-lo dizendo: “Seu tolo, você se atreve a me fama de mal e se chama de conquistador de todo inimigo e, portanto, você está orgulhoso de sua aquisição. Com isto posso entender claramente que você está fortemente desejoso de morrer, pois conheço aqueles que querem morrer, dizem todas estas palavras de lixo diante de mim. Você acredita que existe algum Deus mais poderoso do que eu? Onde Ele vive? Se Ele é todo-penetrante, por que Ele não vive dentro deste pilar diante de mim? Eu arrancarei sua cabeça de seu corpo que está tão orgulhoso e deixarei seu Deus vir aqui e salvá-lo”.

Pralhad Moharaj ainda permaneceu em silêncio, pois sabia que Deus é onipresente e que Ele certamente viverá dentro do pilar marcado por Hiranyakashipu. Hiranyakashipu quebrou o pilar e a Personalidade da Divindade saiu dele na forma de Narasingha apenas para matar o ateu Hiranyakashipu e outras pessoas demoníacas.

Assim, a realização do Vaishnavita da Divindade Absoluta é plena e perfeita em todos os seus diferentes aspectos, enquanto a realização do Empirista ou do Trabalhador Místico (Iogins) ou Fruitivo é apenas parcial e imperfeita, pois eles só podem perceber em um aspecto da Verdade Absoluta.

O Teosofista como uma unidade no Todo deseja moldar seu destino e, portanto, o destino do Todo. A alma individual quando ele se torna um Vaishnava ou seja, se identifica com o interesse do Visnu, o Senhor do Universo, é então apenas ele percebe sua verdadeira posição como unidade no Todo e assim ele descobre seu dever para com o Todo também. Ele percebe que faz parte do Todo e não é igual ao Todo. Ele é simultaneamente um com o Todo e diferente também. Ele percebe que Sri Krishna, a Personalidade Absoluta da Divindade, é Grande e Infinita enquanto ele mesmo, embora a parte e parcela desse Infinito, seja infinitesimal. Ele é o Fogo e as almas individuais são inumeráveis faíscas emanadas Dele. Como tal, qualitativamente, as almas individuais têm a mesma potência de fogo que o próprio Fogo. Sri Krishna, a Personalidade Absoluta da Divindade, é Todo-atraente, portanto, a alma individual, quando realmente se dá conta de sua própria posição e assim se torna atraída por Sri Krishna, é então capaz de atrair milhares e milhares de outras almas individuais para os pés de lótus de Sri Krishna. Em outras palavras, quando uma alma individual se realiza plenamente pela misericórdia de Sri Krishna, então só é possível para ele atrair outros para os Pés de Lótus da Personalidade Absoluta da Divindade. Nesta fase, somente a alma individual pode perceber que ele é um eterno servidor do Grande e do Infinito. A vida eterna é sua constituição e o amor transcendental da Divindade é seu negócio ou religião. Como tal, o Vaishnavita nesta fase molda seu destino por atividades que transcendentalmente aumentam seu Amor a Deus e da mesma forma ele tenta para os outros de modo que eles também possam reviver sua constituição latente de Amor e Serviço para a Pessoa Absoluta. Estas atividades são tão práticas quanto temos que fazer nossos trabalhos diários necessários e nunca devem ser simplesmente uma especulação intelectual com resultado de fadiga e desapontamento. Os trabalhos práticos são tão reais que gradualmente se colocam no oceano da bem-aventurança transcendental e todo o universo aparecerá a tal amante de Deus, como todo bem-aventurado, eterno e cheio de luz. Isto é chamado de vida pura e eterna incondicional da alma individual em sua existência espiritual.

Como tal, o Vaishnavita pode distinguir a vida de uma alma individual em divisões: incondicional e condicional. Como mencionado acima, a alma individual permanece a mesma parte e parcela do Grande e do Infinito, tanto no estado incondicional quanto no condicional. Nunca deve ser mal entendido que no estado incondicional a alma individual se torna o Infinito do Infinito. E porque a alma individual é infinitesimal sempre e nunca o Infinito, ela está sujeita a se tornar condicional sob as leis da natureza material e se fosse infinita em qualquer estágio, ela nunca teria sido sujeita a uma vida condicional sob as leis da natureza. Essa é sua posição marginal.

[Este artigo também apareceu em duas partes em Back to Godhead Vol I Parte VIII e Vol I Parte IX publicado em 1952].

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PRABHUPADA, Srila. Theosophy Ends in Vaishnavism. In. Back To Godhead. January, 1944. Disponível em:
<https://back2godhead.com/theosophy-ends-in-vaishnavism/>. Acesso em 4 de março de 2022.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-teosofia-termina-no-vaishnavismo/

A submissão de Indra, o rei dos semideuses hindus

(Texto extraído em espanhol do livro Mitos de la luz: Metáforas orientales de lo eterno, de Joseph Campbell, o qual extraiu o texto de uma passagem do Brahmavaivarta Purana).

Permita-me contar uma história hindu.

Uma vez, um monstro chamado Vrtra tentou reter (seu nome significa “abrangendo”) todas as águas do universo para que houvesse uma enorme seca que durasse mil anos. Bem, Indra, o Zeus do panteão hindu, finalmente teve uma ideia. Por que não atirar um raio nesse cara e transformá-lo em pó? Então Indra pegou um raio, disparou em direção ao centro de Vrtra, e bang! Vrtra explode, as águas fluem e a Terra e o universo esfriam.

Bem, então Indra pensa: “Como sou grandioso”, então ele sobe a montanha cósmica, o Monte Meru, que é o Olimpo dos deuses hindus, e percebe que todos os palácios têm sinais de decadência. “Bem, agora vou construir uma cidade totalmente nova aqui, que faz jus à minha dignidade”, diz ele. Ele convoca Visvakarman, o artesão dos deuses, e conta a ele sobre seus planos.

Ele diz: “Olha, vamos trabalhar aqui e construir esta cidade. Acho que poderíamos ter palácios aqui e torres ali, plantas de lótus neste setor, etc.”

Então Visvakarman vai trabalhar, mas, toda vez que Indra volta, ele vem com ideias maiores e melhores sobre o palácio, de modo que Visvakarman começa a pensar: “Meu Deus, nós dois somos imortais, então o que posso fazer?”

Visvakarman decide ir reclamar perante Brahma, ou o assim chamado criador do mundo dos fenômenos. Brahma senta-se em um lótus (assim é seu trono), e Brahma e o lótus crescem do umbigo de Vishnu. Por sua vez, Vishnu está pairando sobre o oceano cósmico, reclinado sobre uma grande serpente cujo nome é Ananta (que significa “sem fim”).

Aqui está a cena. Nas águas, Vishnu dorme e Brahma está sentado no lótus. Visvakarman aparece e depois de muitas reverências diz: “Estou com problemas”. Ele então conta a história para Brahma, que responde: “Tudo bem. Vou consertar tudo”.

Na manhã seguinte, o porteiro da entrada de um dos palácios de Indra que estava em construção nota a presença de um jovem brâmane de pele azul e negra, cuja beleza surpreende muitas crianças. O porteiro procura Indra e diz: “Acho que seria auspicioso convidar este belo jovem brâmane para o palácio e dar-lhe hospitalidade.” Indra concorda que isso certamente será auspicioso, então o menino é convidado. Indra está sentado em seu trono e, após as cerimônias de hospitalidade, ele diz: “Bem, jovem, o que o traz ao palácio?”

Com uma voz como um trovão no horizonte, o menino diz: “Ouvi dizer que você está construindo o maior palácio que qualquer Indra já construiu, e agora que o verifiquei, posso lhe dizer que nenhum Indra jamais construiu tal palácio antes.”

Aturdido, Indra exclama: “Indras diante de mim? Do que você está falando?”

“Sim, Indras antes de você”, responde o menino. “Apenas pense, o lótus cresce do umbigo de Vishnu, o lótus se abre, e Brahma se senta nele. Brahma abre os olhos e o universo se manifesta, governado por um Indra. Fecha os seus olhos. Abre os seus olhos: outro universo. Fecha os seus olhos. .. e por trezentos e sessenta anos de Brahma, é isso que ele faz. Depois o lótus é removido, e após um tempo insondável outro lótus se abre, Brahma aparece, abre seus olhos, fecha seus olhos… Indras, Indras, Indras.”

“Considera agora todas as galáxias no espaço e no espaço exterior, cada um com um lótus, cada lótus com seu Brahma. Podem haver sábios em sua corte que se voluntariam para contar as gotas do oceano e os grãos de areia nas praias do mundo, mas quem contaria aqueles Brahmas, sem falar sequer dos Indras?

Enquanto ele fala, um desfile de formigas em fileiras perfeitas aparece no chão do palácio, e o menino olha para elas e ri. A barba de Indra se eriça, seus bigodes ficam tensos; ele pergunta: “E agora? Do que você está rindo?”

O menino responde: “Não me pergunte a menos que esteja preparado para ser ferido”.

Indra diz: “Eu pergunto”.

O menino aponta a sua mão para as filas de formigas e diz: “Aqui estão todos os Indras anteriores. Passarão por inúmeras encarnações e se elevam ao nível dos céus, chegam ao alto trono de Indra e matam o dragão Vrtra. Todos eles proclamam: ‘Como sou grandioso’, e então caem.

A esta altura, aparece um iogue velho e excêntrico vestido somente com um cinto, e que carrega sobre a sua cabeça um guarda-sol feito
com folhas de bananeira. Sobre seu peito tem um pequeno círculo de
cabelos, e o jovem olha para ele e faz as perguntas que fervilham na mente de Indra. ” Quem é? Qual é o seu nome? Onde vive? Onde é sua casa?

“Não tenho família, não tenho casa. A vida é curta. Este guarda-sol é suficiente para mim. Apenas adoro Vishnu. Quanto a esses pêlos, é uma coisa curiosa; cada vez que um Indra morre, um fio de cabelo cai. Metade deles já foi embora. Muito em breve todos eles irão embora. Por que construir uma casa?”

Bem, esses dois personagens eram na verdade Vishnu e Shiva. Tinham vindo para dar uma lição a Indra, e uma vez que ele os escutou, partiram. Agora Indra está destroçado, e quando entra Brhaspati, o sacerdote dos deuses, Indra diz: “Eu sairei para me tornar um iogue. Eu adorarei os pés de Vishnu.”

Então ele vai ao encontro de sua esposa, a grande rainha Indrani, e diz a ela: “Minha querida, vou deixá-la. Eu irei para a floresta para me tornar um iogue. Vou jogar fora toda essa bobagem sobre governar o mundo e vou adorar os pés de Vishnu.”

Bem, ela olha para ele por um tempo, então ela procura por Brhaspati e
conta a ele o que aconteceu. “Ele colocou essa ideia na cabeça e vai
partir para se tornar um iogue.”

Então o sacerdote a pega pela mão e eles vão se sentar juntos, diante do trono de Indra, a quem ele diz: “Você está no trono do universo. Você representa virtude e dever -dharma- e incorpora o espírito divino neste papel terreno. Já escrevi um ótimo livro para você sobre sobre a arte da política, como manter o Estado, vencer guerras, e assim por diante. Agora vou escrever para você um livro sobre a arte de amar, para que o outro aspecto de sua vida, que você compartilha com Indrani, também
também tornar-se uma revelação do espírito divino que habita em todos nós. Qualquer um pode se tornar um iogue, mas, quem pode representar na vida do mundo a imanência desse mistério da eternidade?”

Assim Indra foi salvo do problema de abandonar tudo e tornar-se um iogue. Agora ele tinha tudo dentro dele, assim como todos nós. Tudo que você tem a fazer é acordar para o fato
que você é uma manifestação do eterno.

Este conto, conhecido como “Submissão de Indra”, aparece no Brahmavaivarta Purana. Os Puranas são textos sagrados do Índia, por volta do ano 400 desta era.

O surpreendente sobre a mitologia hindu é que ela abrange o universo em que estamos falando, com os grandes ciclos de vidas estelares, as galáxias, as galáxias além das galáxias, e o aparecimento e desaparecimento da universos. Isso dilui a força do momento presente.

Quanto a todos os nossos medos sobre bombas atômicas que pulverizam o universo, o que há com isso? Antes já houveram universos
e mais universos, cada um deles explodido por uma bomba atômica. Então identifique-se agora com o eterno que está dentro de você
e dentro de todas as coisas. Isso não significa que você quer ver cair
uma bomba atômica, e sim que você não deve parar de perder seu tempo se preocupando com ela.

Uma das grandes tentações do Buda foi a tentação de luxúria. A outra tentação era o medo da morte. Este é um tema interessante para meditar, o medo da morte. A vida nos joga essas tentações, essas distrações, e o problema é encontrar dentro de nós o centro inabalável. Então você pode sobreviver a qualquer coisa. O mito irá ajudá-lo a fazê-lo. Isso não significa que você não deve sair e protestar contra as pesquisas atômicas. Faça-o, mas faça-o brincando. Lembre-se que o universo é o jogo de Deus.

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Tradução e adaptação do espanhol para o português por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-submissao-de-indra-o-rei-dos-semideuses-hindus/

A Primazia da Shakti

Por Dr. David Frawley

Libertação: O Objetivo da Vida:

O objetivo final da vida humana é a libertação ou moksha, a realização do Eu Puro ou Brahman além de todo tempo, espaço e carma. Só nisso está a paz e a liberdade completas e duradouras. Isto fica claro em muitos grandes ensinamentos espirituais desde os Vedas.

Esta realidade suprema de pura unidade não é difícil de descrever e a busca por ela é algo que conhecemos em nossos corações, onde buscamos a unidade com todos. A questão importante e difícil que se coloca, no entanto, é como chegar lá? Esse Eu puro está tão distante de nossa experiência de vida comum que requer uma mudança radical de todo o nosso modo de vida para chegarmos até mesmo a ele.

Brahman é nirguna (desprovido de qualidades), nishkriya (além da ação) e nishkama (além do desejo). É extremamente difícil de acessar mesmo para aqueles com as mentes mais afiadas e os estilos de vida mais puros. Brahman, além disso, está além de todos os caminhos, todos os esforços e todos os esforços. Ele está fora do tempo, do espaço e da causalidade e não pode ser produzido por nada. Aquele que o procura deve ele mesmo desaparecer antes de encontrá-lo. No entanto, mesmo tendo esse pensamento sobre sua ultimidade não o leva lá ou mesmo a assegurar que se esteja indo na direção certa.

Somente se nossas mentes puderem estar totalmente concentradas dentro do coração é que poderemos conhecer Aquele Ser Supremo. Aqueles cujas mentes são claras e focalizadas internamente podem certamente entrar nesse Brahman sem forma. Mas se existe algum desejo não satisfeito, não podemos alcançá-lo, ou se o tocamos, não podemos permanecer nele. O problema é que estamos cheios de desejos, mesmo que nossas mentes sejam fortes. O desejo é a essência de tudo o que fazemos e a própria força por trás de nossas vidas.

Não vivemos em Brahman ou no imanifesto além do tempo e do espaço, mas no reino manifesto da experiência de vida, repleto de suas energias, atrações, repulsões e apegos. Em nossas mentes e emoções comuns, somos produtos do tempo e do espaço. Somos apanhados no lugar, pessoa, forma e carma como o próprio alicerce de nossa realidade pessoal e social.

Não podemos ir além deste reino manifesto, a menos que primeiro reconheçamos o poder por trás dele. Não está ao nosso alcance ir além do reino em que existimos e do qual somos um produto. Somente o poder que nos criou pode fazer isso por nós. Portanto, a verdadeira questão, qual é o poder por trás do universo, por trás de nossos corpos e mentes e como podemos trabalhar com ele para alcançar o Último?

Shakti, a Deusa como o Poder de Brahman:

O verdadeiro poder por trás deste universo manifesto é Shakti ou a energia da Deusa, que é a força de expressão e manifestação de Brahman. Shakti ou o poder da criação controla tudo o que ocorre dentro de seu campo. O brâmane sem forma além da criação não tem nenhuma preocupação com este reino ou com qualquer coisa que façamos dentro dele. Ele não pode nos ajudar nem nos atrapalhar de forma alguma. Do seu ponto de vista, nunca houve nascimento ou morte, individual ou cosmos, escravidão ou libertação. Mesmo nossa busca de libertação não tem nenhum significado para ela.

Nossas vidas dependem inteiramente de Shakti, o que nos confere vitalidade, sentimento e consciência, através dos quais operamos em todos os níveis e podemos pôr em movimento tanto nossas ações externas quanto nossa sadana interior ou prática espiritual. Shakti controla toda a manifestação, assim como a eletricidade permite que todos os aparelhos funcionem. Ela governa sobre os processos de nascimento e morte e o carma do desdobramento. Ela fornece às nossas almas os corpos e mentes e os mundos nos quais experimentar a vida. Tudo o que comemos, respiramos, percebemos, sentimos ou conhecemos consiste em alguma porção de sua energia e um aspecto de Seus processos dinâmicos que nos cercam de todos os lados. Tudo o que buscamos adquirir para o sustento, felicidade, conhecimento ou crescimento faz parte dela e vem dela.

No entanto, Shakti também controla o caminho além da manifestação, o retorno ao Brahman. Mesmo para buscar o Brahman, para buscar o que está além de Shakti, devemos trabalhar com Shakti. Shakti nos proporciona o poder da meditação e a visão discriminadora através da qual podemos transcender o tempo e o espaço. Isto significa que o melhor meio para a realização espiritual e para alcançar todos os outros objetivos da vida é adorar Shakti, para trabalhar com e para a Deusa. Não existe outra maneira tão eficaz, se é que existe qualquer outra maneira. Se o Brahman é o objetivo, a Shakti é tanto o caminho quanto o poder de atravessá-lo. Podemos despertar e seguir sua corrente até Brahman, ou permanecer adormecidos e ser apanhados em suas correntes externas que se movem em diferentes direções.

Portanto, a questão não é Brahman, que está além de tudo, mas Shakti que se manifesta em todos os lugares. Shakti está ao nosso redor, piscando em tudo, quer reconheçamos Sua peça ou não. A questão é como ganhar a graça dessa Shakti – Como nos aliarmos às Shaktis certos para facilitar nosso desenvolvimento como uma alma.

Devemos reconhecer a primazia de Shakti, ou poucos, se algum de nós puder vir a Brahman, ou mesmo ganhar com sucesso os objetivos comuns da vida. Mesmo grandes Vedantistas adoraram primeiro Shakti, como no caso dos grandes ensinamentos do texto a Tripura Rahasya, ou tiveram que reconhecer Shakti eventualmente, como no caso de Tota Puri, o guru de Ramakrishna.

Tudo é controlado por Shakti. Shakti está intimamente ligada a todos os aspectos da vida dos quais dependemos, que nos atraem e mantêm a vida em andamento e desenvolvimento. Pense bem sobre isso. O nascimento, a reprodução e a sexualidade são tudo através de Shakti. Alimentação e nutrição são outro passatempo de Shakti. A respiração, a vida (Prana), a emoção e o sentimento são todos devidos a Shakti. Os grandes elementos da Terra, Água, Fogo, Ar e Éter são todas as formas de Shakti, que é sua energia subjacente. Os principais gunas de Sattva, Rajas e Tamas são as forças raízes de Shakti. Ou sucessos, ganhos, metas e realizações em qualquer esforço só são possíveis por causa de Shakti ou do poder de realizá-los com os quais temos sido capazes de descobrir como trabalhar.

Energia, ciência e tecnologia são meios de trabalhar com Shakti em um nível externo e transformaram nosso mundo. A mídia de massa é um jogo da Shakti no campo da comunicação, que derrubou barreiras de comunicação em todos os lugares. A própria Terra, com sua rica diversidade de vida, é Shakti em forma manifesta como a terra em que vivemos. As estrelas são os flashes da Shakti cósmica através da imensidão sem limites do espaço. Mesmo as partículas subatômicas estão vivas com poderosas forças sutis da Shakti, que formam o oceano ou matriz a partir da qual elas dançam para dentro e para fora.

Todas as coisas às quais estamos apegados ou envolvidos são formas da Shakti ou estão enraizadas na Shakti. O que amamos, buscamos ou desejamos é algum aspecto da Shakti que confere às formas cor, beleza, encanto e deleite. Não é o objeto, pessoa, lugar ou experiência em si que é a verdadeira fonte de nosso fascínio por elas, mas a energia, rasa ou essência, a Shakti trabalhando através dela. Estamos sob o fascínio da Shakti de uma forma ou de outra, quer reconheçamos ou não essa Shakti subjacente.

Não podemos ir além de nada, a menos que primeiro honremos a Shakti por trás dela, o que significa tocar sua energia central na consciência. Não se pode renunciar a nada pelo qual se sinta realmente atraído, por mais que se tente. Mas você pode reconhecer a Shakti por trás dela e, seguindo-a, ir além das limitações da forma, como a abelha que pode reunir o pólen e não se lembra da forma. A Shakti dentro de qualquer objeto ou experiência individual é, em última análise, a mesma Shakti dentro de todos.

Não podemos sair do reino da Shakti a menos que reconheçamos e honremos a Shakti, que está tanto neste reino como além dele – a menos que ela decida. Se ela não estiver disposta, nossos esforços serão em vão. Se ela estiver disposta, então seremos guiados ao longo do caminho e ela mesma nos conduzirá adiante. Podemos então simplesmente seguir seu fluxo e não precisamos calcular ou empurrar nosso caminho para frente, levados para frente por seu fluxo. No entanto, para que isso ocorra, devemos primeiro aprender a olhar para dentro de nós mesmos e descobrir o movimento mais profundo da Shakti. Isso descobriremos como nossa própria busca mais interior da verdade e da divindade.

Shakti como o Caminho e o Objetivo:

Shakti é o caminho para Deus ou Brahman. Mesmo que você só queira praticar Yoga, você deve despertar e honrar a Kundalini Shakti para levá-lo adiante. Se você é devoto a Deus ou à Deusa em qualquer forma, você deve ter aquela Shakti de devoção para levá-lo adiante. Para que qualquer yantra, puja ou mantra trabalhe, sua Shakti deve ser invocada primeiro a fim de lhe dar poder.

Mesmo que você seja totalmente dedicado à Autorrealização ou Jnana, isso só é possível através da graça de Shakti e seu poder de conhecimento, sua Buddhi Shakti através do qual a maior discriminação funciona. Sem que Shakti apoie seus esforços para a Autorrealização ou declarações de Autorrealização que você possa fazer, não terá energia, força ou convicção.

Nessa Shakti primordial não há dualidade entre o manifesto e o não-manifesto. É a mesma Shakti em suas modalidades ativa e inativa. Que Shakti detém o Brahman sem forma no mundo da forma, não limitando-o, mas como parte de seu transbordamento que é sua dança. Portanto, se um devoto adora Shakti para casa e felicidade ou para a maior libertação, é o mesmo movimento da Shakti em diferentes níveis e de diferentes maneiras.

Mesmo que você queira mudar o mundo através da ação política, você deve primeiro ganhar a Shakti ou o poder para fazê-lo. Se você quer ser um grande artista, você precisa da capacidade correspondente de Shakti, do poder e da habilidade na arte. Tudo tem sua chave Shakti, que contém não apenas a energia, mas o código de sua manifestação como o DNA, tanto sua motivação como a energia para realizá-la.

Portanto, durante as práticas espirituais que você escolher ou o que quer que você procure na vida que lhe trará paz e felicidade, não esqueça a primazia da Shakti e você nunca perderá seu caminho. O verdadeiro Shakti reunirá todas as Shaktis exteriores e o conduzirá ao seu objetivo interior.

Há duas formas principais de trabalhar com Shakti. A primeira é reconhecer as diferentes Shaktis no universo, externa e internamente, suas qualidades, energias e movimentos e como trabalhar com eles. Isto é como um médico aprendendo os poderes de cura em diferentes níveis, incluindo tanto os de diagnóstico como os de tratamento.

A segunda e mais simples maneira é simplesmente adorar Shakti diretamente, vendo a Shakti suprema em todas as coisas. Se alguém honrar a Shakti por trás de todas as Shaktis, então ganhará seu apoio, assim como aprenderá a entender suas formas específicas. No entanto, estes dois aspectos do trabalho com Shakti estão relacionados, ao aprender a descobrir a Shakti única em cada coisa, também se toca na Shakti suprema que está em toda parte.

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Fonte:

FRAWLEY, David. The Primacy of Shakti. Vedanet, 2017. Disponível em: <https://www.vedanet.com/the-primacy-of-shakti/>. Acesso em 11 de março de 2022.

COPYRIGHT (2017) American Institute of Vedic Studies.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-primazia-da-shakti/

A Meditação da Introspecção (Vipassana Bhavana)

Do livro “O Budismo Vivo e o Mundo Contemporâneo”
de Lama Anagarika Govinda  

A Meditação Vipássana chamada de Meditação da Introspecção ou da Percepção opera em dois níveis: no nível psicológico e no nível espiritual.  

No nível psicológico a meditação ajuda-nos primeiro a chegar a um acordo com os nossos estados mentais negativos. Aprendendo a observar atentamente as nossas variações de humor e aceitando-as, iremos conhecer os nossos eus secretos: os estados mentais de raiva, culpa, ansiedade, tristeza e depressão. A meditação nos ensina como lidar com todos eles. Estando consciente desses estados, não tentando fugir deles mas aceitando-os realmente como são. Isto significa que nós nem os ampliamos nem fazemos as coisas piores fantasiando, nem sonhamos acordados pensando nos deixar ser apanhados pelas emoções. Ao invés disso, desenvolvemos a conscientização e a observação, nós permitimos que os estados mentais sejam eles mesmos. Então experimentamos por nós mesmos exatamente o que o Buda ensinou: observando e vigiando os estados da mente, eles perdem energia, enfraquecem gradativamente e após um tempo extinguem-se completamente.  

Do mesmo modo, até mesmo os sentimentos profundamente reprimidos no subconsciente vão emergir e enfraquecer até que tenhamos purificado completamente a mente de todos os estados negativos. Gradativamente começamos a experimentar mais e mais os estados positivos da mente: amor, compaixão, alegria, harmonia e paz. Esta transformação tem seu efeito sobre nossos relacionamentos e na nossa vida diária, fazendo-nos pessoas muito mais felizes!  

No nível espiritual, como o processo de purificação da mente continua, com a concentração e a conscientização, surge então a sabedoria intuitiva e começamos a ver a natureza real da mente. Percebe-se e compreende-se as características da vida humana: sua insatisfatoriedade essencial e sua natureza impermanente. A consciência continua operando assim até o momento em que, sendo favoráveis as condições, ela penetra no Absoluto, além do corpo e da mente – o Nirvana.  

Isto é apenas um resumo de como a meditação funciona, mas lembrem-se quando meditamos, não pensamos acerca disto, nós apenas desenvolvemos a vigilância e a consciência. Apenas observamos o que surge na mente, não ficamos procurando por coisa alguma.  

Você compreendeu que o Buda não ensinou um sistema no qual todos tivessem que acreditar antes de começar a praticar. O que ele fez foi ensinar uma teoria, dar-nos um método, uma técnica: a prática da meditação. através da qual podemos testar tal teoria. Como a meditação não é um sistema de crença, ela pode ser praticada por qualquer pessoa independente de sua religião ou crença pessoal. Ela é simplesmente o Caminho para a Purificação Mental. Ela é útil para cada e para todos os seres humanos.  

Esperamos que você continue a praticar para seu próprio benefício e para o benefício de todos os seres. Possa sua meditação ser proveitosa!  

Venha meditar conosco!  

O Significado De “Insight”, Conhecimento e Sabedoria No Budismo  

Em contraste com as religiões baseadas em improváveis artigos de fé, a base do budismo é o entendimento. Esse fato iludiu alguns observadores ocidentais que pensavam no budismo como uma doutrina puramente racional que pode ser compreendida em termos apenas intelectuais. No entanto, o entendimento no budismo significa um insight na natureza da realidade é de sempre o produto de experiência imediata.  

Começando com a experiência do sofrimento como um axioma primário, válido universalmente, o budismo adota o ponto de vista de que somente aquilo que foi experimentado, e não o que se pensou, tem valor de realidade. Desta maneira, o Buda-Dharma prova que é uma religião genuína, mesmo que não solicite revelações não-provadas advindas de um domínio sobrenatural como os adeptos de uma religião normalmente têm que aceitar.  

Próximo da virada desse século, alguns hinduistas tentaram apresentar o budismo como um sistema filosófico-moral amplamente baseado em considerações psicológicas.  

Mas o budismo é mais do que uma filosofia, porque não despreza a razão nem a lógica, apenas as usa dentro da esfera apropriada. Também transcende os limites de qualquer sistema psicológico porque não está confinado à análise e à classificação de forças e fenômenos psíquicos reconhecidos, mas ensina seu uso, transformação e transcendência. O budismo também não pode ser reduzido a um sistema moral válido para o tempo todo ou como “um guia para fazer o bem”, pois penetra uma esfera que transcende todo o dualismo e está estabelecida em uma ética que sai do entendimento mais profundo e da visão interior.  

Assim, poderíamos dizer que o Buda-Dharma é, como experiência e como caminho para a realização prática, uma religião; como a formulação intelectual dessa experiência, uma filosofia, e como resultado da análise sistemática, uma psicologia. Quem trilha esse caminho adquire uma norma de comportamento que não vem por imposição externa, mas é resultante de um processo de amadurecimento interior que podemos observar de fora, chamar de moralidade. Mas essa moralidade no Budismo não é tanto o ponto de partida – como em muitas outras religiões – quanto o resultado de uma experiência religiosa que produziu tal mudança decisiva em nosso ponto de vista que começamos a ver o mundo com novos olhos.  

Por essa razão, Buda não colocou no início da Nobre Senda Óctupla uma mudança em nosso modo de vida e comportamento, mas a visão controlada de mundo em nós e com relação a nós mesmos; pois só assim conseguimos conquistar um insight sem preconceitos sobre natureza da existência e das coisas, e então, através da mudança em nosso ponto de vista, atingir uma reorientação completa para a nossa luta. Esse modo de observar as coisas é chamado em páli samma ditthi, que os indologistas sempre traduzem como “visão correta ou “opinião”.  

Mas samma ditthi significa mais do que um mero acordo com algumas idéias morais ou dogmáticas preconcebidas. É uma maneira de ver que ultrapassa os pares de opostos dualisticamente concebidos, de um ponto de vista unilateral, condicionado pelo ego. Samma significa o que é perfeito, inteiro, isto é, nem dividido nem unilateral; alguma coisa de fato, completamente adequada a todos os níveis de consciência.  

Aquele que desenvolveu o samma ditthi é, portanto, uma pessoa que não olha as coisas de forma parcial, mas as vê de forma equilibrada e sem preconceitos, e que em objetivos, atos e palavras é capaz de enxergar e respeitar o ponto de vista dos outros tanto como o seu próprio. Pois Buda estava bem consciente da relatividade de todas as formulações conceituais. Não estava, portanto, preocupado em divulgar uma verdade abstrata, mas em apresentar um método que desse capacidade às pessoas para chegar à visão da verdade, isto é, experimentar a realidade. Assim, ele não apresentou uma nova fé, mas tentou libertar o pensamento das pessoas dos princípios dogmáticos de forma a possibilitar uma visão da realidade livre de preconceitos.  

Está bem claro que ele foi o primeiro entre os grandes líderes religiosos e pensadores da humanidade a descobrir que o que importa não é tanto os resultados finais padronizados, isto é, nosso conhecimento conceitual em forma de idéias, confissões religiosas e “verdades eternas”, ou na forma de “fatos científicos” e fórmulas, mas o que leva a esse conhecimento, o método de pensamento e ação. A adoção dos resultados do pensamento das outras pessoas – ou até mesmo dos chamados “fatos simples”, quando isso é feito sem senso crítico, geralmente é mais um obstáculo do que vantagem, porque coloca um bloqueio à experiência direta e por isso pode se tornar um perigo. Dessa forma, uma educação que consiste inteiramente de um acúmulo conhecimentos e padrões de pensamento já prontos leva à esterilidade espiritual. O conhecimento e a fé que perderam sua ligação com a vida se transformam em ignorância e superstição. O mais importante e o mais essencial é a capacidade para a concentração e para o pensamento criativo. Em vez de ter como objetivo a erudição, deveríamos preservar a capacidade para o aprendizado em si, e assim manter a mente aberta e receptiva.  

Por outro lado, Buda jamais negou a importância do pensamento e da lógica; designou o lugar que ocupam e mostrou a seus discípulos a sua relatividade: a ligação insolúvel pela qual o pensamento e a lógica se encerram em um único sistema de interdependência e condicionalidade mútuas.  

Há uma admissão tácita de que o mundo que construímos com o nosso pensamento é idêntico ao mundo de nossa experiência, na verdade ao mundo “tal como é”. Mas, essa é uma das fontes principais de nossa visão errônea daquilo que chamamos de “mundo”. O mundo que experimentamos na verdade inclui o mundo dos nossos pensamentos, mas esse mundo nunca pode compreender totalmente aquele que experimentamos, porque vivemos simultaneamente em várias dimensões, das quais o intelecto (ou acapacidade para o pensamento discursivo) é apenas uma delas.  

Buda não procurava discípulos cegos que seguissem suas instruções mecanicamente, sem entender suas razões ou necessidades. Para ele, o valor da ação humana não está no efeito aparente, mas no motivo, na atitude dessa consciência da qual surgiu. Queria que seus discípulos o seguissem por causa de seu próprio insight na realidade acentuada pelo ensinamento, e não da simples fé na superioridade de sua sabedoria ou de sua pessoa. A única fé que esperava de seus alunos era a fé em seus próprios poderes interiores.  

O que o mestre suscitou, portanto não foi a ênfase em um racionalismo frio, unilateral, mas a cooperação harmoniosa de todos os poderes da psique humana, entre os quais a razão é o princípio da discriminação e do direcionamento.  

O ensinamento do Buda começa com a apresentação das Quatro Nobres Verdades. Mas, devido aos limites estreitos da consciência individual, seu significado não pode ser percebido de forma completa quando se está iniciando no Caminho. Se fôssemos capazes de atingir isso, conquistaríamos a liberdade imediatamente e os passos seguintes seriam desnecessários. Mas o simples fato do sofrimento e suas causas imediatas é algo que podemos experimentar em todas as fases da vida, de forma que um simples processo de observação e análise da experiência de uma pessoa, ainda que limitado, é suficiente para convencer um ser pensante de que a tese do Buda é razoável e aceitável.  

Da mesma forma, se o indivíduo inicia seu caminho exigindo a “visão perfeita”, isso não significa a aceitação de um dogma em particular estabelecido para todo o tempo, ou de alguma crença ou artigo de fé, mas o insight imparcial e sem preconceitos na natureza das coisas e de todas as ocorrências exatamente como são 

Samma ditthi, então, não é uma simples aceitação de algumas idéias religiosas ou morais preconcebidas. Significa uma maneira cada vez mais perfeita e nunca unilateral de ver as coisas. Portanto, não é verdade que tantos problemas do mundo vêm principalmente do fato de todos verem as coisas a partir de seu próprio ponto de observação? Não deveríamos, em vez de nos trancarmos a tudo que seja desagradável e doloroso, encarar o fato do sofrimento e descobrir suas causas, fato este que está em nós e que conseqüentemente só por nós pode ser superado?  

Se prosseguirmos dessa maneira, manifesta-se dentro de nós a consciência do objetivo grandioso, o objetivo do esclarecimento e da libertação, e também do caminho que leva a sua realização. Samma ditthi é assim o experimentar, e não apenas a aceitação intelectual das Quatro Nobres Verdades proclamadas por Buda. Somente a partir de tal atitude é que a decisão perfeita que abrange toda a humanidade pode surgir, o que exige o compromisso da pessoa como um todo no pensamento, na palavra e na vontade, o que levará, através da interiorização e penetração, à perfeita iluminação.  

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-meditacao-da-introspeccao-vipassana-bhavana/ […]

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A Lenda dos Nove Desconhecidos

A tradição dos Nove Desconhecidos remonta à época do Imperador Açoca que governou as Indias a partir do ano 273 a.C. Era neto da Chandragupta, primeiro unificador da India. Cheio de ambição como o seu antepassado, cuja tarefa quis completar, emprendeu a conquista de Calinga, que se estendia desde a atual Calcutá até Madrasta. Os calinganeses resistiram e perderam cem mil homens na batalha. O espetáculo dessa multidão massacrada transtornou Açoca. Ficou, para todo o sempre , com horror à guerra. Renunciou a prosseguir na integração dos países insubmissos, declarando que a verdadeira conquista consiste em captar a estima dos homens pela lei do dever e da piedade, pois a Majestade Sagrada deseja que todos os séres animados usufruam de segurança, liberdade, paz e felicidade.

Convertido ao Budismo e devido à sua maneira de agir, Açoca espalhou esta religião através das Índias e do seu império, que ia até à Malásia, Ceilão c Indonésia. Depois o Budismo chegou ao Nepal, Tibete, China e Mongólia. No entanto, Açoca respeitava todas as seitas religiosas. Aconselhava os homens a serem vegetarianos, aboliu o álcool e o sacrifício de animais. H..G Wells, no seu sumário da história universal, escreve: “Entre as dezenas de milhares de nomes de monarcas que se amontoam nos pilares da história, o de Açoca brilha quase isolado, como uma estréia”.

Diz-se que, consciente dos horrores da guerra, o Imperador Açoca quis proibir para sempre aos homens que utilizassem a inteligência de uma forma prejudicial. Sob o seu reinado, a ciência da natureza passou a ser secreta, tanto passada como futura. As pesquisas, indo da estrutura da matéria às técnicas de psicologia coletiva, esconder-se-ão, daí em diante e durante vinte e dois séculos, atrás do rosto místico de um povo que o mundo julga apenas preocupado com o êxtase e o sobrenatural. Açora fundou a mais poderosa sociedade secreta do Universo: a dos Nove Desconhecidos.

Continua a dizer-se que os grandes responsáveis pelo atual destino da indica — e cientistas como Bose e Ram acreditam na existência dos Nove Desconhecidos — dêles receberiam conselhos e mensagens. Com alguma imaginação, é possível avaliar a importância dos segredos que poderiam guardar nove homens beneficiando-se diretamente das experiências, dos trabalhos, dos documentos acumulados durante mais de duas dezenas de séculos. Quais os objetivos que êsses homens têm em vista? Não deixar cair em mãos profanas os meios de destruição. Prosseguir as investigações benéficas para a humanidade. Êsses homens seriam renovados por cooptação fim de defender os segredos técnicos de um passado longínquo.

São raras as manifestações exteriores dos Nove Desconhecidos. Uma delas está ligada ao prodigioso destino de um dos homens mais misteriosos do Ocidente: o Papa Silvestre II, conhecido sob o nome de Gerbert d’Aurillac. Nascido em Auvergne no ano 920, falecido em 1003, Gcrhert foi monge beneditino, professor da Universidade de Rcims, arcebispo de Ravena e papa por mercê do Imperador Otão III.

Teria passado algum tempo na Espanha, depois, uma misteriosa viagem tê-lo-ia levado até às índias, onde obtivera diversos conhecimentos que causaram assombro ao seu círculo. Também possuía, cm seu palácio, uma cabeça de bronze que respondia SIM ou NÃO às perguntas que êle lhe fazia sôbre a política e a situação geral da cristandade. Na opinião de Silvestre II (volume CXXXIX da Patrologia Latina, de Migne), êsse processo era muito simples e correspondia ao cálculo feito com dois números. Tratar-se-ia de um autômato análogo às nossas modernas máquinas binárias. Essa ca-beça “mágica” foi destruída quando da sua morte, e os conheci. mentos trazidos por êle cuidadosamente escondidos. A biblioteca do Vaticano proporcionaria sem dúvida algumas surprêsas ao investigador autorizado. O número de outubro de 1954 de Computers and Automation, revista de cibernética, declara: “Temos de imaginar um homem de um saber extraordinário, de uma destreza e de uma habilidade mecânica fora do comum. Essa cabeça falante teria sido feita “sob determinada conjunção das estrêlas que se dá exatamente no momento em que todos os planetas estão iniciando o seu percurso”. Não se tratava nem de passado, nem de presente, nem de futuro, pois aparentemente essa invenção ultrapassava de longe a importância da sua rival: o perverso “espelho sôbre a parede” da rainha, precursor dos nossos modernos cérebros automáticos. Houve quem dissesse, evidentemente, que Gerbert apenas foi capaz de construir semelhante máquina porque mantinha relações com o Diabo e lhe jurara eterna fidelidade.

Teriam outros europeus estado em contato com essa sociedade dos Nove Desconhecidos? Foi preciso esperar pelo século XIX para que reaparecesse êste mistério, através dos livros do escritor francês Jacolliot.

Jacolliot era cônsul da França em Calcutá na época do Segundo Império Escreveu uma obra de antecipação considerável, comparável, se não superior, à de Júlio Verne. Deixou, além disso, vinte obras consagradas aos grandes segredos da humanidade. Essa obra extraordinária foi roubada pela maior parte dos ocultistas, profetas e taumaturgos. Completamente esquecida na França, é célebre na Rússia.

Jacolliot é formal: a sociedade dos Nove Desconhecidos é uma realidade. E o mais estranho é que cita a êste respeito técnicas absolutamente inimagináveis em 1860, como seja, por exemplo, a libertação da energia, a esterilização por meio de radiações e a guerra psicológica.

Yersin, um dos mais próximos colaboradores de Pasteur e de Roux, teria sido informado de segredos biológicos por ocasião da sua viagem a Madrasta, em 1890, e, segundo as indicações que lhe teriam sido dadas, preparou o sôro contra a peste e a cólera.

A primeira divulgação da história dos Nove Desconhecidos deu-se em 1927, com a publicação do livro de Talbot Mundy, que pertenceu, durante vinte e cinco anos, à polícia inglesa das Índias. Esse livro está a meio caminho entre o romance e o inquérito. Os Nove Desconhecidos utilizariam uma linguagem sintética. Cada um dêles estaria de posse de um livro constantemente renovado e contendo o relatório pormenorizado de uma ciência.

O primeiro dêstes livros seria consagrado às técnicas da propaganda e da guerra psicológica. “De tôdas as ciências, diz Mundy, a mais perigosa seria a do contrôle do pensamento dos povos, pois permitiria governar o mundo inteiro.” É de notar que a Semântica Geral, de Korzybski, data apenas de 1937 e que necessário aguardar a experiência da última guerra mundial para que principassem a cristalizar-se no Ocidente as técnicas da psicologia da linguagem, quer dizer, da propaganda. O primeiro colégio de semântica americano só foi criado em 1950. Na França, apenas conhecemos A Violação das Multidões, de Serge Tchakhotine, cuja influência nos meios intelectuais e políticos foi importante, embora apenas mencione a questão.

O segundo livro seria consagrado à fisiologia. Falaria especialmente na maneira de matar um homem ao tocar-lhe, provocando a morte pela inversão do influxo nervoso. Diz-se que o judô deriva das “fugas” dessa obra.

O terceiro estudaria a microbiologia e especialmente os colóides de proteção.

O quarto trataria da transmutação dos metais. Diz uma lenda que, nas épocas de fome, os templos e os organismos religiosos de assistência recebem de uma fonte secreta enormes quantidades de ouro muito fino.

O quinto incluía o estudo de todos os meios de comunicação, terrenos e extraterrenos.

O sexto continha os segredos da gravitação.

O sétimo seria a mais vasta cosmogonia concebida pela nossa humanidade.

O oitavo trataria da luz,

O nono seria consagrado à sociologia, indicaria as leis da evolução das sociedades e permitiria a previsão da sua queda.
À lenda dos Nove Desconhecidos está ligado o mistério das águas do Ganges. Multidões de peregrinos. portadores das mais pavorosas e diversas doenças, ali se banham sem prejuízo para os de boa saúde. As águas sagradas tudo purificam. Pretenderam atribuir essa estranha propriedade do rio à formação de bacteriófagos. Mas por que motivo não se formariam êles igualmente no Bramaputra, no Amazonas ou no Sena? A hipótese de uma esterilização por meio de radiações aparece na obra de Jacolliot, cem anos antes de se saber possivelel um tal fenômeno. Essas radiações, segundo Jacolliot, seriam originárias de um templo secreto cavado sob o leito do Ganges.

Afastados das agitações religiosas, sociais e políticas, resoluta e perfeitamente dissimulados, os Nove Desconhecidos encarnam a imagem da ciência calma, da ciência com consciência. Senhora dos destinos da humanidade, mas abstendo-se de utilizar o seu próprio poder, essa sociedade secreta é a mais bela homenagem possível à liberdade em plena elevação. Vigilantes no âmago da sua glória escondida, êsses nove homens vem fazer-se, desfazer–se e tornar a fazer-se as civilizações, menos indiferentes que tolerantes, prontos a auxiliar, mas sempre sob essa imposição de silêncio que é a base da grandeza humana.

Mito ou realidade? Mito soberbo em todo o caso, vindo das profundezas dos séculos — e ressaca do futuro.

Extraido do livro Le Matin des Magiciens de Louis Pauwels e Jacques Bergier – Ed. Bertrand – 1959

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A História de Indrāṇī nos Puranas

Indrāṇī é a esposa de Indra (Śacī).

Genealogia:

Descendente de Viṣṇu assim: Viṣṇu-Brahmā-Kaśyapa-Pulomā-Śacī (Indrāṇī). Pulomā foi um asura nascida em Kaśyapa por sua esposa Danu. Indra casou-se com Śacī, a filha de Pulomā, e por isso Śacī se chama Indrāṇī também. Ela se chama Paulomī também por ter sido filha de Pulomā.

Indrāṇī e Śūrapadma:

Uma Asura chamada Śūrapadma uma vez cobiçou Indrāṇī. Ele delegou seus homens para buscar Śacī de uma forma ou de outra para ele. Ao saber disso, Indra, mantendo Indrāṇī com ele, foi e ficou no templo Chīyāli em Koṅkaṇadeśa, e depois Indra foi ao Monte Kailāsa depois de pedir a Śāstā para guardar Indrāṇī. Durante a ausência da Indra, Ajāmukhī, a irmã de Śūrapadma conheceu Indrāṇī e a induziu a ser a esposa de Śūrapadma. Indrāṇī recusou. Finalmente Indra retornou e levou Indrāṇī de volta para Devaloka.

Indrāṇī e Nahuṣa:

Veja em Agastya.

Indrāṇī e Pāñcālī:

O Mahābhārata diz que Pāñcālī foi uma encarnação parcial de Indrāṇī. (Veja em Pāñcālī). Uma parte de Śacī nasceu na família de Drupada como Draupadī, ou seja, Pāñcālī. (Mahābhārata Ādi Parva, Capítulo 67).

(1) Indrāṇī uma vez foi para a assembleia de Brahmā e o adorou. (Mahābhārata Sabhā Parva, Capítulo 11, Verso 42).

(2) Uma vez Satyabhāmā veio a Devaloka com Śrī Kṛṣṇa, e Indrāṇī conduziu-a a Aditi, mãe dos Devas. (Mahābhārata Sabhā Parva, Capítulo 36).

(3) Śacī também esteve presente no nascimento de Subrahmaṇya. (Mahābhārata Śalya Parva, Capítulo 46, Verso 13).

(4) Indrāṇī e Arjuna. (Veja em Arjuna).

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Fonte: https://www.wisdomlib.org/hinduism/compilation/puranic-encyclopaedia/d/doc241628.html

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-historia-de-indra%e1%b9%87i-nos-puranas/

A História de Ikṣvāku nos Puranas

Ikṣvāku foi um filho de Vaivasvata Manu.

Genealogia:

Ikṣvāku é descendente de Viṣṇu na seguinte ordem-Brahmā-Marīci-Kaśyapa-Vivasvān-Vaivasvata Manu-Ikṣvāku.

Śraddhā, a esposa de Vaivasvata Manu lhe deu dez filhos-Ikṣvāku, Nṛga, Śaryāti, Diṣṭa, Karūṣa, Dhṛṣṭa, Karūṣa, Nariṣyanta, Nābhāga, Pṛṣadhra e Kavi. Vaivasvata Manu teve mais seis filhos de outra esposa, Chāyā. Eles eram Manu, Yama, Yamī, Aśvinīkumāra, Revanta, Sudyumna. A família Ikṣvāku obtém sua fonte em Ikṣvāku. Os reis da dinastia solar nasceram todos na família Ikṣvāku. Esta dinastia é denominada “Dinastia Solar” porque Ikṣvāku nasceu de Vivasvān (Sol), o filho de Kaśyapa. No Devī Bhāgavata, 7ª Skandha, vemos que Ikṣvāku nasceu da saliva de Manu. Os descendentes de Ikṣvāku até Śrī Rāmā’s filhos de Lava e Kuśa são dados abaixo:-

Ikṣvāku teve três filhos – Ikṣvāku, Vikukṣi, e Nimi. De Vikukṣi nasceu Śaśāda; de Śaśāda, Purañjaya; de Purañjaya, Kakutstha; de Kakutstha, Anenas; de Anenas, Pṛthulāśva; de Pṛthulāśva Prasenajit; de Prasenajit, Yuvanāśva; e de Yuvanāśva nasceu Māndhātā. Ambarīṣa, Mucukunda e Purukutsa foram os filhos de Māndhātā. Além deles, ele tinha também cinquenta filhas. O sábio Saubhari casou-se com eles. A família-árvore continua novamente de Purukutsa, um dos filhos de Māndhātā.

De Purukutsa, nasceu Trasadasyu; de Trasadasyu, Anaraṇya; de Anaraṇya, Aryaśva; de Aryaśva, Vasumanas; de Vasumanas, Sutanvā; de Sutanvā, Trairyyāruṇa; de Traiyyāruṇa, Satyavrata ou Triśaṅku; dele Hariścandra; de Hariścandra, Rohitāśva; de Rohitāśvā, Harita; de Harita, Cuñcu; de Cuñcu, Sudeva; de Sudeva, Bharuka e de Bharuka Sagara nasceu. Sagara teve duas esposas – Sumati e Keśinī. Sumati deu à luz 60.000 filhos, enquanto Keśinī teve um filho único, Asamañjasa. Aṃśumān era filho de Asamañjasa; Bhagīratha era filho de Aṃśumān; Śrutanābha era filho de Bhagīratha; Sindhudvīpa era filho de Śrutanābha; Ayutāyus era filho de Sindhudvīpa; Ṛtuvarṇa era filho de Ayutāyus; Sarvakāma era filho de Ṛtuvarṇa; Sudās era filho de Sarvakāma; Mitrasaha, o filho de Sudās; Kalmāṣapāda era filho de Mitrasaha; Aśmaka era filho de Kalmāṣapāda; Mūlaka era filho de Aśmaka; Khaṭvāṅga era filho de Mūlaka; Dīrghabāhu (Dilīpa) era filho de Khaṭvāṅga; Raghu era filho de Dīrghabāhu; Aja era filho de Raghu; Daśaratha era filho de Aja. Daśaratha tinha três esposas. Kausalyā, Kaikeyī e Sumitrā. Śrī Rāma nasceu para Kausalyā, Bharata, era filho de Kaikeyī e Sumitrā teve dois filhos, Lakṣmaṇa e Śatrughṇa. Lava e Kuśa eram os filhos de Śrī Rāma por Sītā. (Veja a palavra Kālabrāhmaṇa)**

*) O Mahābhārata Aśvamedha Parva (Capítulo 4) diz que Mahābāhu era filho de Vaivasvata Manu, Prasandhi era filho de Mahābāhu, Kṣupa era filho de Prasandhi e Ikṣvāku era filho de Kṣupa.

**) Há certas variações na genealogia de acordo com alguns Purāṇas. A genealogia dada acima é baseada em Bhāgavata e Agni Purāṇa.

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Fonte: https://www.wisdomlib.org/hinduism/compilation/puranic-encyclopaedia/d/doc241623.html

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-historia-de-ik%e1%b9%a3vaku-nos-puranas/

A História de Buda nos Puranas

Buda foi o fundador do Budismo. Alguns o consideram como uma encarnação de Viṣṇu. Em dias de batalha, os devas foram derrotados pelos asuras e os deuses se aproximaram de Viṣṇu com sua queixa. Mahāviṣṇu encarnou como o filho de Śuddhodana com o nome de Gautamabuddha (Siddhārtha). Então ele foi aos asuras e os fez rejeitar os Vedas e as suas leis. Todas os Daityas (Asuras) se tornaram budistas. Há uma história no Agnipurāṇa, Capítulo 16, que assim foi o propósito de Buda converter cada asura ao budismo e mandá-lo para o inferno.

A história dada acima está de acordo com os Purāṇas. A seguir estão os fatos obtidos pelas investigações históricas.

Gautama Buda nasceu em B.C. 560, em Kapilavastu, perto do Himālayas. Seu pai era Śuddhodana. Ele nasceu na família do Śākyas. A palavra ‘Śākya’ é outra forma da palavra Kṣatriya. O verdadeiro nome de Buda era Siddhārtha. Śuddhodana criou seu filho de tal forma que ele não deveria ser submetido a nenhum tipo de dor mental ou preocupação. Assim, ele manteve Buda distante do mundo exterior. Assim, ele passou sua infância em conforto e prazer. Uma vez por acaso, ele viu um homem doente, um homem velho e um cadáver. A visão o fez pensativo. Ele começou a pensar em uma maneira de remover a tristeza e a dor do mundo e de trazer paz e conforto.

A mudança que apareceu no filho preocupou o pai. Assim, aos dezesseis anos de idade, ele fez com que Siddhārtha se casasse com Yaśodharā. Um filho nasceu para eles. Mas a mente de Siddhārtha estava inquieta, angustiada e agitada. Um dia, Siddhārtha descartou tudo e saiu do palácio sozinho.

Siddhārtha vagueou de lugar em lugar aprendendo com vários professores. Mas ele não encontrou a paz. Uma vez, num dia de lua cheia, enquanto estava sentado em meditação sob uma figueira-de-bengala, ele recebeu “Bodha”. (percepção ou convicção). A partir daquele dia, ele começou a ser conhecido pelo nome de ‘Buda’. Depois disso ele veio a Kāśi, e contou a seus discípulos como conseguiu Bodha ou convicção. O número de seus seguidores aumentava a cada dia. Assim surgiu o budismo. Buda disse que a razão da dor e do sofrimento no mundo era o desejo e que o sofrimento só poderia ser exterminado controlando e superando todo desejo. Para alcançar a felicidade eterna, deve-se ser verdadeiro e justo em pensamento, ação e palavra e que “Não Matar” era o fundamento da retidão. O budismo se espalhou por toda parte em Bhārata.

Gautama Buda morreu com a idade de oitenta anos.

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Fonte: https://www.wisdomlib.org/hinduism/compilation/puranic-encyclopaedia/d/doc241488.html

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-historia-de-buda-nos-puranas/

A História de Bhadrakālī nos Puranas

Bhadrakālī é uma outra forma de Pārvatī.

Geral:

O Senhor Śiva, ao ouvir sobre a autoimolação em fogo de sua esposa, Satī na famosa yajña conduzida por Dakṣa correu com toda raiva para o local, e bateu na terra com seus cabelos emaranhados, e seguiram-se duas forças chamadas Vīrabhadra e Bhadrakālī. Esta Bhadrakālī era realmente Satī ou Pārvatī em outra forma.

Bhadrakālī e Kaṃsa:

Há uma história no Daśama-Skandha de Bhāgavata que Kaṃsa tirou da sala em que Devakī tinha entregue Śrī Kṛṣṇa a criança de Yaśodā por quem Kṛṣṇa tinha sido substituído, e atirou a criança contra uma pedra, e que a criança então escapou de suas garras e subiu ao céu. Essa criança era Bhadrakālī em outra forma. (Agni Purāṇa, Capítulo 12).

Kampa, Laṅkālakṣmī e Bhadrakālī:

Laṅkālakṣmī, que vigiava a cidade de Laṅkā, foi a primeira a impedir Hanumān de entrar na cidade. Os Tâmil Purāṇas consideram que esta Laṅkālakṣmī era uma encarnação de Bhadrakālī. Hanumān bateu em Laṅkālakṣmī com a mão esquerda no qual ela vomitou sangue e caiu inconsciente. Ao recuperar a consciência, a lembrança do passado lhe ocorreu, e depois de agradecer a Hanumān, que a restituiu à sua forma anterior, ela retornou para Kailāsa. Ela reclamou para Śiva que não podia testemunhar a guerra Rāma-Rāvaṇa. Então Śiva lhe disse assim:

“Você vai para o país Drāviḍa e será colocada no templo ‘Svayambhūliṅga’ lá. Nascerei lá como Kampa, comporei o Rāmāyaṇa em Tâmil e serei conduzido na brincadeira dos bonecos. Então você poderá apreciar a história de Śrī Rāma, especialmente a guerra Rāma-Rāvaṇa, tanto ouvindo como vendo a mesma de melhor maneira do que vendo realmente a guerra.

Bhadrakālī agiu de acordo com esta licitação de Śiva. Lá viveu um grande estudioso chamado Saṅkaranārāyaṇa perto do templo. Sua esposa era Ciṅkāravallī. O Senhor Śiva, como decidido anteriormente, nasceu como o filho de Ciṅkāravallī, que havia ficado viúva enquanto adorava ‘Svayambhūdeva’ pelo dom de uma criança. Mas, Ciṅkāravallī, que temia um escândalo nela, uma viúva, tornando-se mãe, abandonou a criança no recinto do templo e deixou o lugar. Um Gaṇeśakaunta avistou a criança órfã, e a levou para Jayappavallan, o chefe Kaunta. O chefe Kaunta, que estava sem filhos, criou a criança órfã como se fosse seu próprio filho. Desde que a criança foi recuperada do pé da bandeira, ela recebeu o nome de Kampa. Kampa, que era muito inteligente mesmo em sua infância, mas preguiçoso por natureza revelou-se um grande estudioso e bom poeta em Tâmil na época em que cresceu e se tornou, consequentemente, um membro proeminente na “assembleia dos poetas” do rei Cola. Quando ao seu nome foi adicionado o sufixo plural “r” como um sinal de grande respeito ele passou a ser conhecido como Kampar.

Uma vez o Rei Cola pediu a Kampar e Oṭṭakkūtta outro membro da assembleia de poetas para compor em poesia tâmil a história de Śrī Rāma. A direção do Rei foi essa. Oṭṭakkūtta deveria compor seu poema até o incidente, Setubandhana (construindo uma ponte no mar até Laṅkā) e Kampar deveria escrever a história da guerra em seu poema. Oṭṭakkūtta completou a tarefa que lhe foi atribuída dentro de seis meses. Mas Kampar não havia tentado escrever nem mesmo uma única linha. Tendo sido informado sobre o assunto, o rei ordenou que o poema Rāmāyaṇa fosse recitado na assembleia no próprio dia seguinte. Kampar, que começou a escrever seu poema no mesmo dia com o objetivo de completá-lo na própria noite adormeceu sem escrever absolutamente nada. Quando Kampar acordou cedo pela manhã, viu uma forma divina desaparecer de seu quarto, e exclamou: “Oh! mãe! você escapuliu”. A isto a forma divina responde: “Ó Kampar! Eu terminei de escrever”. E, então, a forma divina desapareceu completamente.

Quando Kampar saiu completamente do sono e olhou sobre ele, encontrou a história de Rāmāyaṇa totalmente escrita em verso em sua mesa. Kampar inferiu que o poema era composto por Śāradābhagavatī, a divindade presidente da aprendizagem e da literatura, e ele estava maravilhado. Ele recitou o poema na assembleia real, e o rei e outros também ficaram maravilhados. E, depois, segundo as ordens do Rei, a história da guerra (Yuddhakāṇḍa Kathā) começou a ser exibida como bonecos na presença do ídolo do Devī no templo. Assim Śiva encarnou-se como Kampar, recitou a história da guerra Rāma-Rāvaṇa no templo, e ouviu-a Bhadrakālī dançar.

O acima é a lenda principal sobre Kampar.

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Fonte: https://www.wisdomlib.org/hinduism/compilation/puranic-encyclopaedia/d/doc241454.html

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/a-historia-de-bhadrakali-nos-puranas/