Livro Brasileiro de Magia do Caos

Um livro pequeno, com apenas cem páginas, mas que trata de um grande número de tópicos, com linguagem acessível. Minha proposta foi apresentar um plano dimensional com casas de cura para diferentes males mentais. Ou seja: se em algum momento de sua vida sua mente parecer desordenada como um galho torto, basta acessar esse plano de consciência para tentar desentortá-la.

E isso dá certo? Bem, nem sempre! Nenhuma magia é 100% efetiva, e nossa solução é lidar com os fracassos mágicos com bom humor. Por isso os habitantes da Cidade Sucinta (os magos que moram nesse plano mental do qual falamos) jogam o Jogo de Agracamalas para passar o tempo. O objetivo desse jogo não é vencer, mas falhar. Em outras palavras: ganha o jogo quem envelhece, fica doente e morre mais rapidamente…

E para que serve um jogo tolo como esse? Não para te convencer a falhar, mas para te mostrar que nem sempre estamos no controle, e que isso não é realmente ruim. Quando você começa a analisar os lados bons do fracasso, passa a entender que até quando algo não dá certo, existe algo a ganhar. E mesmo quando ganha, há algo a perder.

Ou, como diriam os sucintos: “Quando você morre, você não perdeu o jogo. Apenas trocou de tabuleiro”. Que tal tentar realizar algumas formas de “magias reversas” para desafiar a sua mente? Se você falha, você vence. E se vence, ganha um brinde de consolação: um baú mágico com uma surpresa astral, que pode ser agradável ou desagradável, conforme o lado do tabuleiro no qual se encontra.

Com O Grimório das Casas você aprenderá diferentes formas de acessar a dimensão mental da Cidade Sucinta (por intermédio da visualização, evocação, divinação, dentre outros meios ainda mais improváveis) e descobrirá como realizar feitiços úteis ou completamente inúteis (dependendo do ponto de vista, ou da versão do jogo) do Jogo das Casas.

Mas não fique muito animado, pois o jogo ocorre dentro de um labirinto (a complexidade de sua mente). Como diria Peter J. Carroll: “Cada nova forma de libertação está destinada a eventualmente se tornar outra forma de escravidão”. Na Religião do Labirinto Sem Fim, praticada pelos sucintos, é impossível achar a saída do labirinto. A Casa da Saúde ou a Casa do Prazer podem parecer saídas. Até mesmo a Casa da Morte está disfarçada de libertação, mas todas elas apenas te levam a novos labirintos.

O que fazer quando sua mente está presa? Vamos pegar outra sugestão de Carroll: “Crie, destrua, aproveite, IO CAOS!”. Para quem enjoou de jogar o Jogo de Agracamalas ou o acha muito chato, há outras opções interessantes. Aprenda a criar diferentes formas de sigilos e servidores, convocar animais mágicos, montar sociedades secretas ou até transformar em magia os exercícios aparentemente mais banais (como estourar plástico-bolha). E se até isso soar entediante, te daremos uma receita simpática de como construir novos planos mentais, Deuses e mundos. E a magia mais fantástica (e mais difícil): construir uma nova mente.

Eu poderia citar dois livros que foram fontes de inspiração para a escrita de Agracamalas, embora não se pareça com eles. Quando eu li Macunaíma, de Mário de Andrade, apaixonei-me pela forma deliciosamente irreverente e genuinamente brasileira da obra (brasileira na maneira que apresenta variados aspectos de nossa multiplicidade cultural), escrita com uma linguagem repleta de informalidades e gírias. E após a leitura de O Jogo das Contas de Vidro, de Hermann Hesse (Hesse conquistou o Prêmio Nobel de Literatura com essa obra), decidi que eu queria inventar um jogo com um objetivo diametralmente oposto.

O Jogo de Avelórios de Hesse é um jogo extremamente complexo realizado com contas de vidro (muito popular em mosteiros beneditinos), utilizando linguagem oculta e que exige conhecimentos avançados de diversas ciências e artes, especialmente matemática, astronomia e música. Esse livro é evidentemente uma crítica aos intelectuais alienados que se dedicam à “beleza vazia dos saberes superiores”. A seguir, alguns trechos do livro de Hermann Hesse:

“– Devemos dar importância aos sonhos? – perguntou José. – Podemos decifrar seu significado?

O Mestre fitou-o nos olhos e disse concisamente:

– Devemos dar importância a tudo, porque tudo pode ser decifrado”

“A vida em seu conjunto, tanto sob o aspecto físico quanto espiritual, é um fenômeno dinâmico de que o Jogo de Avelórios no fundo só apreende o lado estético, e aliás o apreende de preferência na imagem dos processos rítmicos”.

“Quem chegasse a ter a vivência completa do sentido do Jogo não seria mais jogador, não estaria mais dentro da multiplicidade, e não lhe seria possível sentir prazer em nenhuma descoberta, nenhuma construção e combinação, porque ele conheceria uma espécie bem diversa de prazer e de alegria”.

Sendo assim, o Jogo de Avelórios buscava uma espécie de “sabedoria superior” ou “prazer superior” que ia se distanciando tanto do corpo e do mundo que chegava ao ponto de se afastar da própria vida. Uma espécie de beleza inexistente e inalcançável.

Decidi que o Jogo de Agracamalas devia ser o exato oposto: você não pode ser inteligente demais para jogá-lo ou começará a fazer muitas perguntas e elucubrações complexas, e esse ato faz com que você perca a essência do jogo, que é o sentir, o devir. Em vez do acúmulo de conhecimentos, valorizamos o esquecer (como quem esquece um sigilo e se ocupa de outras coisas, ou quem muda constantemente de paradigma) para que cada momento seja uma nova descoberta. E, finalmente, a meta não é o conhecimento e sim uma alegria despreocupada; não a seriedade, mas o riso.

Não o encaixar das artes, mas o desmontar delas, como num labirinto sem saída, mas repleto de surpresas mágicas e possibilidades infinitas.

Há muitas magias no grimório que são obviamente piadas. Mas a piada maior é que elas são possíveis de usar, contanto que você as leve a sério o suficiente para dar certo, mas não tão a sério a ponto de… usá-las de novo ou contar para alguém que você realmente fez isso.

Esperamos que o Grimório das Casas seja de seu interesse. Enquanto isso, você pode conferir algumas histórias minhas de graça no Wattpad. Também há contos espalhados pelo grimório, para sua inspiração e reflexão.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/livro-brasileiro-de-magia-do-caos

Origens do Espiritismo

Neste trabalho procuraremos reunir alguns dados importantes da história do Espiritismo, especialmente os referentes a Allan Kardec e ao Espiritismo nascente. Nossa fonte básica será a obra Allan Kardec, em três volumes, da autoria de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, dada a público pela Federação Espírita Brasileira em 1979/80. Qualquer estudioso do Espiritismo reconhecerá prontamente que ela representa o mais completo e rigoroso estudo já publicado sobre a vida e a obra de Kardec. Os volumes 2 e 3 contêm ainda análises e comentários de grande justeza e profundidade sobre muitos tópicos referentes à Doutrina e ao movimento espíritas.

Os três volumes dessa obra apresentam uma massa de informações bastante densa. Dispõem de índices e antroponímicos e analíticos, mas não remissivos. Nos dois últimos volumes, os capítulos são de amplas proporções, contendo muitas seções. Os autores optaram, com razões ponderáveis, por não fazer uma apresentação cronológica dos fatos. Tudo isso torna um tanto difícil a localização rápida de determinados assuntos. Por tais motivos, julgamos útil compilar aqui, de forma mais simples e direta, alguns dos acontecimentos mais importantes. Fomos motivados por nossa experiência pessoal, de muitas vezes querermos citar datas e lugares precisos e não conseguirmos encontrar de pronto as referências. Também pode ser de alguma utilidade dispor de um painel sucinto dos fatos, que permita sua visualização global.

Naturalmente, sabemos que o que mais importa não são os nomes, as datas e os lugares, mas a sua significação histórica, científica e filosófica. O pesquisador cuidadoso não poderá dispensar a respeitável obra de Thiesen e Wantuil. Também deve-se lembrar que a segunda parte das Obras Póstumas de Allan Kardec consiste de textos de enorme relevância para a história do Espiritismo, repletos, como não poderia deixar de ser, de preciosas considerações doutrinárias. O mesmo vale para os volumes da Revue Spirite editados por Kardec.

Há algumas outras fontes sobre o Espiritismo e sua história, que podem ser consultadas, embora nem de longe se aproximem, em abrangência e precisão, da que nos legaram Thiesen e Wantuil. Entre elas encontram-se:

* Moreil, André. La vie et l’Œuvre d’Allan Kardec. Paris, Vermet, sem data.[2]

* Sausse, Henri. Biographie d’Allan Kardec. 4a ed., Paris, Éditions Jean Meyer, 1927. A Federação Espírita Brasileira faz figurar uma tradução dessa biografia em sua edição de O que é o Espiritismo, sem indicação do tradutor.[3]

Para facilidade de referência, adotaremos as seguintes abreviaturas:

* AK I, AK II e AK III ¾ respectivamente volumes I, II e III da obra Allan Kardec.

* OP ¾ Obras Póstumas

* Revue ¾ Revue Spirite

* SPES ¾ Société Parisienne des Études Spirites

* FEB ¾ Federação Espírita Brasileira

Os números que aparecerão diante desses símbolos referem-se a páginas das obras, salvo indicação em contrário. Utilizamos a 1a edição de Allan Kardec e a 18a edição da tradução febiana de Obras Póstumas, traduzida por Guillon Ribeiro (o texto em francês, em versão fiel à edição original de Leymarie, está hoje disponível na Internet, na “página” do Centre d’Études Spirites Léon Denis (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/).

2. Hippolyte-Léon Denizard Rivail

1804 – (3/10) – Nascimento de Hippolyte-Léon Denizard Rivail, o futuro Allan Kardec, em Lyon, a segunda maior cidade francesa depois de Paris. Seus pais foram Jean-Baptiste Antoine Rivail, homem de leis, e Jeanne Louise Duhamel, residentes à Rue Sale, 76; essa casa foi demolida ainda em meados do século XIX. (AK I 29)

1815 – Rivail segue para o Instituto de Johann Heinrich Pestalozzi para continuar seus estudos. O Instituto ficava na cidade de Yverdon, Suíça, e funcionava em regime de internato. Os alunos recebiam ali educação integral esmerada, segundo inovador método pedagógico do famoso professor, baseado na convicção de que o amor é o eterno fundamento da educação. (AK I caps. 2 a 11 e 15)

1822 – Rivail deixa Yverdon e instala-se em Paris. Não há segurança completa sobre essa data. Sabe-se que em janeiro de 1823 já residia à Rue de la Harpe, 117. Confirma-se também que pelo menos de 1828 a 1831 morou na Rue de Vaugirard, 65. (AK I , caps. 12, 21 e p. 184)

1824 – Rivail publica o seu primeiro livro didático, o Cours pratique et théorique d’arithmétique, concebido segundo o método pestalozziano. Foi publicado em Paris na Imprimerie de Pillet Ainé, Rue Christine, 5. (AK I caps. 14 e 16)

1825 – Rivail abre sua primeira escola, a École de Premier Degrée. (AK I cap. 18)

1826 – Rivail funda a Institution Rivail, instituto técnico, sito à Rue de Sèvres, 35; funcionou até 1834. Neste mesmo local existiria depois o Lycée Polymathique, dirigido também por Rivail, até 1850, quando foi cedido a A. Pilotet. A partir dessa data o Prof. Rivail não mais exerceria atividades didáticas. (AK I cap. 19 e pp. 131, 145 e 146)

1828 – Rivail dá a público o “Plan proposé pour l’amélioration de l’éducation publique”, sugerindo diretrizes para a educação pública, à venda com o autor e com Dentu (que mais tarde publicaria diversas obras espíritas de Kardec; ver AK I cap. 21 e p. 184).

1831 – Aparece, da autoria de Rivail, a Grammaire Française Classique sur un nouveau plan. (AK I cap. 22)

1832 – Casa-se com Amélie-Gabrielle Boudet (1795-1883), que seria sua dedicada companheira e apoio de todos os momentos, até a sua desencarnação. Conhecida mais tarde entre os espíritas como “Madame Allan Kardec”, Amélie-Gabrielle era professora e colaborou com o esposo em suas atividades didáticas. Não tiveram filhos, conforme explicitamente se lê na Revue Spirite de 1862. (AK I cap. 20, III 45)

Rivail e sua esposa foram pessoas dignas, de moralidade inatacável, dedicando-se integralmente aos ideais superiores da cultura, da educação, do bem. Lutaram a favor das causas da liberdade de ensino e da educação para meninas. Rivail ministrou por muitos anos cursos gratuitos para crianças pobres. Além de mestre, foi sempre amigo dos alunos. (AK I cap. 23 a 29)

Do ponto de vista material, o casal Rivail levou vida simples, não raro enfrentando dificuldades econômicas. Na fase espírita, seus parcos recursos seriam empregados na publicação das obras iniciais e em outras despesas referentes ao Espiritismo. Nos anos de maiores limitações, Rivail complementou sua receita com empregos temporários modestos, como o de guarda-livros. (AK I cap. 33)

Há referências seguras de cerca de 21 textos publicados pelo Prof. Rivail, entre livros didáticos e opúsculos diversos referentes à educação. (AK I cap. 37)

Rivail possuía sólida erudição, conhecendo bastante bem as diversas ciências, a filosofia e as artes. Traduziu, preferencialmente, obras alemãs para o francês, e vice-versa. Foi membro de diversas academias culturais, possuindo vários diplomas. (AK I caps. 22, 30, 35)

Contrariamente ao que afirmou Henri Sausse, e alguns mantém até hoje, Rivail não foi médico (AK I cap. 31). Também não há evidência de que tenha sido maçon, sendo mais razoável assumir que não o foi (AK I cap. 32).

3. Das observações iniciais à primeira edição de O Livro dos Espíritos

1848 – Início dos famosos fenômenos espíritas que envolveram a família Fox, em Hydesville (EUA). A 28 de março verificam-se as primeiras manifestações físicas; três dias após, estabeleceu-se a primeira comunicação tiptológica. Em poucos anos, fenômenos semelhantes passaram a chamar a atenção pública, não somente nos Estados Unidos, mas também na Europa. Foi a fase das chamadas “mesas girantes”. (AK II 49-60; ver também As Mesas Girantes e o Espiritismo, de Zêus Wantuil, publicado pela FEB.)

1854 – Rivail é informado pelo Sr. Fortier, magnetisador seu conhecido, acerca da ocorrência dos fenômenos das mesas girantes. Embora estranhando-os, não os julgou impossíveis, já que poderiam ter alguma causa física ainda não bem determinada. No entanto, algum tempo depois esse mesmo Sr. Fortier lhe disse que as mesas também “falavam”, isto é, davam sinais de inteligência. A reação agora foi cética: “Só acreditarei quando o vir e quando me provarem que uma mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula.” (OP 265; AK II 62)

1855 – No início desse ano, o Sr. Carlotti lhe faz longo relato dos singulares fenômenos. Embora Rivail o conhecesse havia 25 anos, mais uma vez expressa reservas, dado o temperamento exaltado do amigo, tão em oposição ao seu. (OP 266; AK II 124)

1855 – Em maio, Rivail vai, em companhia de Fortier, à casa da Sra. Roger, sonâmbula, onde conhece o Sr. Pâtier e a Sra. Plainemaison. Este lhe fala dos fenômenos, mas com seriedade e frieza, o que o predispõe, finalmente, a observar os fatos. (OP 266)

1855 – Assim foi que, ainda em maio, a convite de Pâtier, Rivail assiste a algumas experiências na casa da Sra. Plainemaison, sita à Rue Grange-Batelière, 18. Rivail impressiona-se com os fenômenos, declarando que se verificavam em condições “que não deixavam lugar para qualquer dúvida. […] Minhas idéias estavam longe de precisar-se, mas havia ali um fato que necessariamente decorria de uma causa. Eu entrevia naquelas aparentes futilidades […] qualquer coisa de sério, como que a revelação de uma nova lei, que tomei a mim estudar a fundo.”(OP 267; AK II 64)

1855 – Numa dessas reuniões, conhece a família Baudin, então residente à Rue Rochechouart (a partir de 1856 iria para a Rue Lamartine; ver AK II 64). Convidado pelo Sr. Baudin, passou a freqüentar assiduamente as sessões semanais que se realizavam em sua casa. Os médiuns eram as filhas do casal, Caroline e Julie, que no início escreviam com o auxílio de uma cestinha.[4] De numerosas e frívolas que eram, sob a influência de Rivail as reuniões passaram a reservadas e sérias, dedicadas à pesquisa racional e metódica do novo domínio. “Compreendi, antes de tudo, a gravidade da exploração que ia empreender; percebi, naqueles fenômenos, a chave do problema tão obscuro e tão controverso do passado e do futuro da Humanidade […]. Era, em suma, toda uma revolução nas idéias e nas crenças; fazia-se mister, portanto, andar com a maior circunspeção, e não levianamente; ser positivista e não idealista, para não me deixar iludir” (OP 267-68; AK II 64). Rivail submetia aos Espíritos séries de questões visando a elucidar problemas relativos à filosofia, à psicologia e à natureza do mundo invisível. Um grupo de intelectuais encarregou-o de analisar e joeirar cerca de 50 cadernos com comunicações espirituais diversas. (AK II 71, 68 e 125)

1856 – Nesse ano passou a freqüentar também as reuniões espíritas da casa do Sr. Roustan, na Rue Tiquetonne, 14. O médium era a Srta. Japhet, sonâmbula. As anotações de Rivail, provenientes em grande parte das comunicações obtidas pelas Srtas. Baudin, tomaram as proporções de um livro, embora se saiba que por volta de abril ainda não estava claro para ele que deveria ser um dia publicado (OP 276). Depois que isso se tornou evidente, foi por intermédio da Srta. Japhet que os Espíritos auxiliaram Rivail a fazer uma revisão completa do texto já elaborado. Era O Livro dos Espíritos. (OP 270, 276 e 277; AK II 72)

1856 – A 30 de abril, pela mediunidade da Srta. Japhet, Rivail tem a primeira notícia de sua missão, em linguagem bastante alegórica. Outras se seguiram, de cunho mais positivo. O conjunto dessas comunicações e, principalmente, os comentários de Rivail indicando sua reação, constituem leitura obrigatória para todo espírita, por sua beleza e elevada significação. (OP 277-87; AK II 69 e 72)

1857 – No início desse ano o texto manuscrito de O Livro dos Espíritos está concluído; o editor, E. Dentu, envia-o à Imprimerie de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, que dista 23 km de Paris, a oeste (AK II 73 e 75). As despesas correm inteiramente por conta de Rivail (AK II 257). O casal Rivail residia então à Rue des Martyrs, 8, no segundo andar, nos fundos do pátio, onde estava pelo menos desde março de 1856 (OP 273).

1857 – A 18 de abril, vem à luz a primeira edição de O Livro dos Espíritos (Le livre des Esprits). Contendo os princípios da doutrina espírita sobre a natureza dos Espíritos, sua manifestação e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade; escrito sob o ditado e publicado por ordem de Espíritos Superiores por Allan Kardec. Paris, E. Dentu, livreiro, Palais Royal, Galerie d’Orléans, 13.[5]

Essa primeira edição contém 501 questões, distribuídas em 3 partes (176 pp.). Afora a tábua dos capítulos, há um útil índice remissivo (“Table alphabétique”). Não há conclusões; apenas um Epílogo, de menos de uma página. As notas de Rivail, em número de 17, vêm todas no final, ocupando 12 páginas. Ao longo de toda a primeira parte (“Livre premier. ¾ Doctrine spirite.”) adota-se uma forma de exposição dupla: na coluna da esquerda, perguntas e respostas; na da direita, o texto corrido equivalente. É nesta obra que Rivail adota o pseudônimo de Allan Kardec, nome que teria tido em antiga encarnação entre os druidas, sacerdotes do povo celta, que ocupou a Gália, a Grã-Bretanha e a Irlanda (AK II 74-80). No Epílogo, anuncia-se para breve a publicação de um suplemento, contendo novos ensinos. No entanto, Kardec acaba desistindo da idéia, elaborando, em seu lugar, uma se­gunda edição “inteiramente refundida e consideravel­mente aumentada”, que viria a público em março de 1860 (ver seção 6 deste nosso trabalho). Em 1957 Canuto Abreu publicou edição bilíngüe da primeira edição de O Livro dos Espíritos, sob o título O Primeiro Livro dos Espíritos (São Paulo, Companhia Editora Ismael).

4. A Revue Spirite

1858 – A 1o de janeiro Kardec lança o primeiro número da Revue Spirite (Revista Espírita), jornal de estudos psicológicos. Contendo o relato das manifestações materiais ou inteligentes dos Espíritos, aparições, evocações, etc., assim como todas as notícias relativas ao Espiritismo. ¾ O ensino dos Espíritos sobre as coisas do mundo visível e do mundo invisível; sobre as ciências, a moral, a imortalidade da alma, a natureza do homem e seu porvir. ¾ A história do Espiritismo na Antigüidade; suas relações com o magnetismo e o sonambulismo; a explicação das lendas e crenças populares, da mitologia de todos os povos, etc. Paris; bureau à Rue des Martyrs, 8.

O primeiro número, com 36 páginas, foi impresso na Imprimerie de Beau, em Saint-Germain-en-Laye, a mesma que já imprimira O Livro dos Espíritos; as despesas, como no caso desse livro, também ficaram por conta e risco de Kardec (AK III 21-33; II 76). A Revue era de periodicidade mensal e durante a vida de Kardec funcionou em sua própria residência, ou seja:

· 1o /1/1858 – Rue des Martyrs, 8.

· 15/7/1860 – Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne, 59)).

· 1/4/1869 – Nessa data estava programada a transfferência dos Escritórios e do Expediente para a Librairie Spirite, Rue de Lille, 7, que também sediaria provisoriamente a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; a Redação iria para a Villa Ségur (Av. de Ségur, 39), casa de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a qual se mudaria com a dedicada esposa. (AK III 21-24, 35-37, 118-19; II, pp. 24-25). Kardec desencarnou na véspera.

Era Kardec quem redigia integralmente a revista e cuidava de toda sua correspondência e expedição, trabalho hercúleo suficiente para consumir todo o tempo de uma pessoa ordinária. E isso era apenas uma parte de seus trabalhos, havendo ainda os livros, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, as centenas de visitantes anuais, as viagens…[6]

A Revue Spirite constitui rico manancial doutrinário, pouco explorado pelos espíritas. Os originais franceses, necessários para pesquisas cuidadosas, são raríssimos em todo o mundo. Em feliz iniciativa, motivada pela comemoração do 140o aniversário da fundação da Revue, o Centre d’Études Spirites Léon Denis, de Thann, França, está inserindo o precioso material em seu “site” na Internet (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/), à razão de um fascículo por mês.

Kardec discorre sobre a idéia da criação da Revue em OP 293-94. Em suas própria palavras, ela tornou-se-lhe “poderoso auxiliar” na elaboração da doutrina e na implantação do movimento espírita (AK III 22; OP 294).

A partir da declaração de propósitos do primeiro número da Revista e do exame dos volumes escritos por Kardec (ver também AK III 21-33; II 24-25), podem-se identificar os seus objetivos principais, entre os quais destacam-se:

1. Manter o público atualizado quanto à evolução da ciência espírita;

2. Alertá-lo acerca dos excessos de credulidade e ceticismo;

3. Servir de meio de comunicação entre as pessoas que compreendem a doutrina “sob seu verdadeiro ponto de vista moral”;

4. Veicular relatos de fenômenos espíritas, psicológicos e antropológicos que contribuam para a elucidação da natureza espiritual do ser humano;

5. Fazer a “apreciação racional” desses fenômenos e examinar-lhes as conseqüências;

6. Publicar e analisar criticamente produções mediúnicas selecionadas, obtidas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas ou enviadas por correspondentes;

7. Sondar a opinião dos homens e Espíritos sobre princípios em elaboração;

8. Examinar, à luz do Espiritismo, as crenças, lendas e tradições referentes aos Espíritos;

9. Comentar artigos de jornais, obras literárias, filosóficas e científicas à luz do Espiritismo.

Kardec editou a Revue até o número de abril de 1869, inclusive. Após a morte de Kardec (31/3/69) ela continuou sendo publicada, graças ao idealismo da Senhora Allan Kardec, de Pierre-Gaëtan Leymarie e de Jean Meyer, principalmente (AK III 153-57; Reformador, 09/1990, p. 286). A partir de 1913, aditou-se ao título da revista o artigo ‘la’ (‘a’), a qual ficou, desde então ‘La Revue Spirite’ (AK III 32 e 47).

Em lamentável decisão, a publicação foi extinta em 1976 por André Dumas, junto com a Union Spirite Française,[7] para dar lugar a Renaître 2000 e a Union des Sociétés Fran­cophones pour l’Investigation Psychique et l’Étude de la Survivance (USFIPES), ambas de cunho não-espírita. Sob a lúcida e firme direção de Francisco Thiesen, a FEB envidou esforços para salvá-la em 1977, não obtendo sucesso (AK III 45-57). Felizmente, em 11 de maio de 1989 a Union Spirite Française et Francophone, com sede em Tours, conseguiu judicialmente recuperar o título, retomando a publicação da Revue, com periodicidade trimestral.[8]

5. A Société Parisienne des Études Spirites

1857 – Por volta de outubro desse ano iniciaram-se reuniões espíritas na residência do casal Allan Kardec, à Rue des Martyrs, 8. Aconteciam às terças-feiras à noite e o médium principal era a Srta. Ermance Dufaux. Com o número crescente de freqüentadores, fez-se indispensável encontrar um local mais amplo. A solução encontrada foi alugar uma sala, cotizando-se as despesas entre as pessoas. (OP 294-95; AK III 34)

1858 – A 1o de abril é fundada legalmente a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, ou, em francês, Société Parisienne des Études Spirites (SPES), cujo título Kardec freqüentemente abreviava para ‘Societé Spirite de Paris’, ‘Societé des Études Spirites’, ou mesmo ‘Societé de Paris’.

Foi nas reuniões semanais da Société que boa parte das atividades mediúnicas e de estudo supervisionadas por Kardec se desenvolveram. As portas da SPES não eram abertas ao público, conquanto houvesse “reuniões gerais” em que visitantes apresentados por membros da Société podiam ser admitidos; essas reuniões se alternavam, semanalmente, com as “reuniões particulares”, às quais somente os sócios tinham acesso. Isso se compreende perfeitamente, dados os objetivos das reuniões, ligados essencialmente à pesquisa teórica e experimental dos fenômenos. A Société era, assim como a Revue, um terreno de elaboração da doutrina espírita. (OP 294-95; AK III 34-44; II 36-37)

Durante a vida de Kardec, a SPES esteve em três endereços (OP 295; AK III 35-37 e 118):

· 1o /4/1858 – Galerie de Valois, 35, no Palais Royal. As reuniões eram às terças-feiras. O Palais Royal é importante edifício histórico situado ao lado do Louvre. Foi construído pelo Cardeal Richelieu no século XVII. Suas elegantes galerias externas, que circundam o jardim (Galeries Montpensier, de Beujolais e de Valois), foram mandadas construir por Louis-Philippe d’Orléans, na segunda metade do século seguinte. Na Galerie d’Orléans (do séc. XIX) ficavam as livrarias de Dentu (no 13) e Ledoyen (no 31), que editaram várias das obras espíritas de Kardec (ver adiante).

· 1o /4/1859 – Galerie Montpensier, 12, no Palais Royal (num salão do restaurante Douix). Nesse local SPES reunia-se às sextas-feiras.

· 20/4/1860 – Passage Ste.-Anne (Rue Ste.-Anne, 59). Nesse mesmo endereço, a partir de 15 de julho, passa a residir Kardec, que levou consigo a Revue Spirite. Embora nessa época já possuísse a casa da tranqüila Villa Ségur, Allan Kardec viu-se na contingência de se alojar nesse apartamento com a abnegada esposa, dividindo espaço com a Revue e a SPES, para economizar seu minguado tempo.

· 1/4/1869 – Estava programada para essa data a trransferência provisória da Société para a Librairie Spirite, Rue de Lille, 7. Com a desencarnação de Kardec, a transferência ainda se verifica, mas a SPES não se sustenta por muito tempo.

6. As outras obras importantes de Allan Kardec

Fornecemos a seguir alguns dados sobre as principais obras de Allan Kardec (além de O Livro dos Espíritos, de que já tratamos; para uma lista possivelmente completa, ver AK III 15, 18 e 19). Algumas das informações referentes a dias e meses das publicações foram colhidas nas edições da FEB. Quanto às edições em francês atuais, indicamos as que pessoalmente possuímos; em alguns casos, há nas livrarias outras edições.[9] Abreviaremos os dados referentes aos editores originais segundo estas convenções (note-se que várias das obras saíram por mais de um editor):

* Dentu ¾ E. Dentu, Libraire. Palais Royal, Galerie d’Orléans, 13.

* Ledoyen ¾ Ledoyen, Libraire. Palais Royal, Galerie d’Orléans, 31.

* Didier ¾ Didier et Cie., Libraires-Éditeurs. Quai des Augustins, 35.[10]

1858 – Instrução Prática sobre as Manifestações Espíritas (Instruction pratique sur les manifestations spirites). Contendo a exposição completa das condições necessárias para se comunicar com os Espíritos, e os meios de se desenvolver a faculdade mediadora nos médiuns. Paris, bureau da Revue Spirite, Rue des Martyrs, 8; Dentu; Ledoyen.

Com a publicação de O Livro dos Médiuns, em 1861, Kardec deixou de imprimir a Instrução (152 pp.), à época já esgotada, considerando-a superada, quanto à abrangência, pela nova obra. O livro é, porém, de significativo valor histórico; hoje está novamente disponível em francês (Paris, La Diffusion Scientifique) e em português, em tradução de Cairbar Schutel (in: Iniciação Espírita, 6a ed., São Paulo, Edicel, 1977; foi também publicado pela Casa Editora O Clarim, de Matão, em 1987).

1859 – O que é o Espiritismo (Qu’est-ce que le Spiritisme). Introdução ao conhecimento do mundo invisível pelas manifestações dos Espíritos, contendo o resumo dos princípios da doutrina espírita e respostas às principais objeções.[11] Ledoyen. [100 pp.]

Edição francesa corrente: Paris, Dervy-Livres. Tradução brasileira recomendada: Rio, FEB (não se indica o tradutor).

1860 – (março) – Segunda edição de O Livro dos Espíritos. Contendo os princípios da doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens; as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade. Segundo o ensino dado pelos Espíritos Superiores com o auxílio de diversos médiuns, recolhidos e ordenados por Allan Kardec. Segunda edição, inteiramente refundida e consideravelmente aumentada. Didier; Ledoyen.

Acima do título, aparece agora a frase “Filosofia espiritualista”. Essa nova edição, que se tornou definitiva, tem 1019 questões, distribuídas em quatro partes. É acrescentada a Conclusão, mas o índice alfabético infelizmente não mais existe. A forma de exposição dupla não aparece em nenhuma das partes. As notas vêm agora logo após as respostas dos Espíritos, sendo muitíssimo mais numerosas; é fácil ver que muitas delas provêm do texto corrido da primeira parte da primeira edição.[12]

1861 – (15 de janeiro) – O Livro dos Médiuns (Le livre des médiums), ou guia dos médiuns e dos evocadores. Contendo o ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os gêneros de manifestações, os meios de se comunicar com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os escolhos com que se pode deparar na prática do Espiritismo. Para fazer seqüência ao Livro dos Espíritos. Didier; Ledoyen. [498 + iv pp.; AK III 173]

1861 – Segunda edição de O Livro dos Médiuns. Revista e corrigida com o concurso dos Espíritos, e acrescida de grande número de instruções novas. Didier; Ledoyen. [510 + viii pp.]

Edição francesa corrente: Paris, Dervy-Livres. Edição brasileira recomendada: FEB, tradução de Guillon Ribeiro, inteiramente revista a partir da 59ª edição.

1862 – (fevereiro) – O Espiritismo na sua expressão mais simples (Le Spiritisme à sa plus simple expression). Exposição sumária do ensino dos Espíritos e de suas manifestações. Ledoyen. [36 pp.]

Em 1994 esse opúsculo foi recentemente reeditado pelo Centre d’Études Spirites Allan Kardec, de Paris. Existem várias traduções para o vernáculo, sendo hoje disponíveis as de Dafne R. Nascimento, publicada pela Federação Espírita do Estado de São Paulo em 1984, e a de Joaquim da Silva Sampaio Lobo (in: Iniciação Espírita, 6a ed., São Paulo, Edicel, 1977).[13]

1862 – Viagem Espírita em 1862 (Voyage spirite en 1862). Contendo: 1. As observações sobre o estado do Espiritismo; 2. As instruções dadas por Allan Kardec nos diferentes grupos; 3. As instruções sobre a formação dos grupos e das sociedades, e um modelo de regulamento para o uso deles e delas. Ledoyen. [64 pp.]

Esse livro é atualmente publicado em Paris pela Éditions Vermet; no Brasil, em Matão, pela Casa Editora O Clarim, em tradução de Wallace Leal Rodrigues. Nenhuma dessas edições trazem dizeres após o título; tomamo-los de AK III 18.[14] Afora as mencionadas instruções e regulamento, o corpo da obra consiste de três discursos proferidos por Kardec aos espíritas de Lyon e Bordeaux em sua famosa viagem.

1864 – (abril) – Imitação do Evangelho segundo o Espiritismo (Imitation de l’Évangile selon le Spiritisme). Contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas posições da vida. Por Allan Kardec, autor do Livro dos Espíritos. Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade. Paris, os editores do Livro dos Espíritos; Ledoyen, Dentu, Fréd. Henri, livreiros, no Palais Royal, e no escritório da Revue Spirite, Rue e Passage Sainte-Anne, 59.

Essa obra, impressa na Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie, Rue Mazarine, 30, possui 444 + xxxvi páginas. É precursora de O Evangelho segundo o Espiritismo. No entanto, é de grande valor histórico, sendo essa a razão pela qual em 1979 a FEB reeditou-a em reprodução fotográfica. Não temos notícia de outras edições recentes, nem de traduções. Naturalmente, ‘imitação’ aqui não se deve entender no sentido hoje popular, de ‘cópia’, mas no de ‘prática’ (ver as anotações de Hermínio Miranda à edição febiana para esclarecimentos adicionais).

1865 – (1o de agosto) – O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo (Le ciel et l’enfer, ou la justice divine selon le Spiritisme). Contendo o exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas, etc.; seguido de numerosos exemplos acerca da situação real da alma durante e depois da morte. “Por mim mesmo juro, disse o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva.” (Ezequiel, 33:11). Paris; os editores de O Livro dos Espíritos, Librairie Spirite.

Em nossos dias, está disponível edição belga da Éditions de l’Union Spirite. A tradução da FEB é, neste caso, de Manuel Quintão. (AK III 108 faz menção à “21a edição, revista, 1974, FEB.”)

1866 – O Evangelho segundo o Espiritismo (L’Évangile selon le Spiritisme).

Os dizeres da página de rosto são idênticos aos de Imitation, exceto pela data e pela frase “Terceira edição, revista, corrigida e modificada”. Segundo se infere do que é dito no prefácio de Thiesen à edição febiana de Imitation (página 15, não numerada), a segunda edição, de 1865, seria apenas outra tiragem da edição princeps. No entanto, em AK III 18 está escrito: “Da 2a ed. – 1865 – em diante, essa obra tomou novo título…”, querendo-se com isso dizer que já na 2a edição o título fora mudado para O Evangelho segundo o Espiritismo, tal como consta na coluna 322 do tomo II do Catalogue Général des livres imprimés de la Bibliothèque Nationale (Auteurs), Paris, Imprimerie Nationale, MDCCCXCIX, edição essa assim catalogada na referida Biblioteca: R 39901. Na Revue de 1865, meses antes do lançamento da 3a edição, já se fazia referência, em artigos, a O Evangelho segundo o Espiritismo, certamente da 2a edição.[15]

De qualquer modo, é a terceira edição que se tornou definitiva, servindo de base para as edições posteriores em francês e nos vários idiomas em que foi traduzida. Também devido à sua raridade e seu valor histórico, a FEB lançou, em 1979, uma reprodução fotográfica dessa edição. Na França, é hoje em dia publicada por La Diffusion Scientifique. Em português, a tradução clássica recomendada é a de Guillon Ribeiro (FEB), inteiramente revista a partir da 104a edição.

1868 – (6 de janeiro) – A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo (La genèse, les miracles et les prédictions selon le Spiritisme). Paris, Librairie Internationale.

Esse foi o último livro publicado por Kardec. Pode ser encontrado hoje em edição da La Diffusion Scientifique, de Paris. A corrente edição da FEB foi traduzida por Guillon Ribeiro, da 5a edição francesa, “revista, corrigida e aumentada”.

1890 – Obras Póstumas (Œuvres Posthumes). Paris, Société de Librairie Spirite. [450 pp.]

Organizado e editado por Pierre-Gaëtan Leymarie, esse livro reúne importantes textos de Kardec, quer de caráter teórico, sobre diversos assuntos, quer sobre fatos relativos às atividades espíritas do mestre. Em AK III 19 lê-se que uma segunda edição veio a lume ainda no mesmo ano de 1890. Guillon Ribeiro traduziu o livro para a FEB, a partir da primeira edição francesa. Hoje está disponível, em francês, a edição parisiense da Dervy-Livres, em que, no entanto, as matérias foram rearranjadas e renomeadas relativamente à edição original de Leymarie. Um aprofundado estudo sobre a história dessa obra pode ser lido no artigo “No centenário de Obras Póstumas”, de Zêus Wantuil, estampado em Reformador de janeiro de 1990, pp. 3 e 4.

Consoante o objeto deste nosso trabalho, a lista que acaba de ser dada menciona somente os textos mais importantes, dando, a seu respeito, apenas algumas informações básicas. O volume III da obra Allan Kardec é de consulta obrigatória para o estudioso que queira acercar-se da fonte mais extensa e segura de dados sobre o conjunto da produção de Kardec.

7. A partida de Allan Kardec e alguns acontecimentos posteriores

1869 – (31 de março) – Desencarna subitamente Allan Kardec, enquanto atende a um caixeiro de livraria, no seu apartamento da Rue Ste.-Anne, muito provavelmente vitimado pela ruptura de um aneurisma de aorta (AK III 110, 116 e 119). No dia seguinte, deveria desocupar esse imóvel, indo para a casa da Villa Ségur; os escritórios da Revue iriam para a Rue de Lille, 7 (onde funcionava a Librairie Spirite), que sediaria também a SPES.

O corpo foi sepultado ao meio-dia de 2 de abril, no cemitério de Montmartre. Estima-se que mais de mil pessoas acompanharam o cortejo, que seguiu pelas ruas de Grammont, Laffitte, Notre-Dame-de-Lorette, Fontaine e pelo Boulevard de Clichy. À beira da sepultura, Camille Flammarion, astrônomo e médium da SPES, pronunciou o seu importante discurso, que a FEB fez figurar na sua edição de Obras Póstumas. Na primeira reunião da SPES após esse fato, os membros presentes lançaram a idéia de se levantar um monumento ao mestre, que logo recebeu adesão de espíritas de muitas cidades. Foi assim que se fez construir o famoso dólmen do cemitério Père-Lachaise, para onde os restos mortais de Kardec foram transladados a 29 de março de 1870.

1870 – (31 de março) – Inaugura-se o monumento druida do Père-Lachaise. Esse famoso cemitério é considerado museu, tendo sido ali sepultados inúmeros dos grandes vultos franceses e mesmo de outros países. O de Kardec é o túmulo mais visitado e o mais florido de todos.[16]

Quando de sua inauguração, o dólmen não registrava a célebre frase “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei”, que foi insculpida ainda em 1870. Ao contrário do que muitas vezes se afirma, essa frase não se deve textualmente ao próprio Kardec, não obstante represente corretamente o pensamento espírita (AK III 118-152).

1871 – ( junho) – Pierre-Gaëtan Leymarie assume a gerência da Revue e da Librairie Spirite (AK III 157).

1875 – Vêm à público as primeiras edições brasileiras de livros de Kardec (excetuando-se o já citado opúsculo O Espiritismo na sua Expressão mais simples, publicado em São Paulo em 1862; ver nota no 10, acima): O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e O Céu e o Inferno, traduzidos pelo Dr. Joaquim Carlos Travassos. No ano seguinte, 1876, também apareceria, pelo mesmo tradutor, O Evangelho Segundo o Espiritismo. O Editor dessas obras foi B. L. Garnier, do Rio de Janeiro. (AK III 175-80)

1883 – (21 de janeiro) – Desencarna Madame Allan Kardec. Dois dias após seu corpo é sepultado junto ao do esposo, no Père-Lachaise, saindo o féretro de sua casa na Villa Ségur. Amélie-Gabrielle Boudet nascera em 1795, a 23 de novembro, e não a 21, como se insculpiu no túmulo. (AK III 158-60)

1883 – (21 de janeiro) – Fundação, por Augusto Elias da Silva, da revista Reformador.

1884 – (2 de janeiro) – Fundação da Federação Espírita Brasileira, também por Augusto Elias da Silva, à qual Reformador passa a pertencer.

1898 – A Revue muda-se da Rue du Sommerard, 12 para a Rue St.-Jacques, 42, onde permaneceu por um bom tempo; no local existe hoje a Librairie Leymarie, que pertenceu a Pierre-Gaëtan Leymarie. (AK III 226-27)

1923 – Jean Meyer funda a Maison des Spirites, na Rue Copernic, 8 (AK I 172; cf. porém AK III 203 ). Continha arquivos importantes que foram destruídos pelos nazistas. Sediou a Éditions Jean Meyer (B.P.S), que publicou muitas das obras clássicas do Espiritismo, bem como a Revue, de 1923 a 1971, quando morreu Hubert Forestier (AK III 227).

8. Relação dos endereços:

Fornecemos abaixo uma relação dos principais endereços ligados ao Espiritismo na França, destinada a facilitar visitas e a localização em mapas:

1) Rue Sale, 76 (Lyon) – Local onde nasceu Rivail.

2) Rue de la Harpe, 117 – Rivail estava nesse endereço em janeiro de 1823.

3) Rue Vaugirard, 65 – Rivail esteve nesse endereço pelo menos de 1828 a 1831.

4) Rue Christine, 5 – Imprimerie de Pilet-Ainé, que em 1824 publicou o primeiro livro de Rivail.

5) Rue de Sèvres, 35 – Institution Rivail, de 1826 a 1834; Lycée Polymathique, até 1850.

6) Rue Grange-Batelière, 18 – Casa da Sra. Plainemaison, onde Rivail fez as primeiras observações, em maio de 1855.

7) Rue Rochechouart – Família Baudin, 1855. Aqui começaram as pesquisas sistemáticas de Rivail.

8) Rue Lamartine – Novo endereço dos Baudin, a partir de 1856. Grande parte do trabalho inicial de Kardec desenvolve-se nesse local.

9) Rue Tiquetonne, 14 – Casa do Sr. Roustan. Com a médium Srta. Japhet, Rivail realizou aí importantes trabalhos, como a revisão de O Livro dos Espíritos.

10)Rue des Martyrs, 8 (segundo andar, ao fundo do pátio) – Residência de Rivail pelo menos desde março de 1856, ficando até 14/7/1860. Em outubro de 1857, começaram aí as reuniões de estudo que dariam origem à SPES. No local foi lançada 1a edição de O Livro dos Espíritos (18/4/57) e a Revue Spirite (1/1/58).

11)Saint-Germain-en-Laye (23 km oeste de Paris) – Imprimerie de Beau, que imprimiu a 1a ed. de O Livro dos Espíritos e a Revue Spirite.

12)Galerie d’Orléans, 13 (Palais Royal) – Dentu, editor da 1a edição de O Livro dos Espíritos, da Instrução Prática, da Imitação e de O Evangelho.

13)Galerie d’Orléans, 31 (Palais Royal) – Ledoyen, editor da 2a ed. de O Livro dos Espíritos, da Instrução, de O Livro dos Médiuns, de O Espiritismo em sua expressão mais simples, da Viagem Espírita, da Imitação, de O Evangelho e de O Céu e o Inferno.

14)Galerie de Valois, 35 (Palais Royal) – primeiro endereço da SPES, a partir de 1/4/58 (reuniões às terças-feiras)

15)Galerie de Montpensier, 12 (Palais Royal; restaurante Douix) – segundo endereço da SPES, a partir de 1/4/59.

16)Quai des Augustins, 35 – Didier et Cie, editor da 2a edição de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos Médiuns e de O Céu e o Inferno.

17)Rue Mazarine, 30 – Imprimerie de P.-A. Bourdier et Cie, que imprimiu L’Imitation de l’Évangile, em abril de 1864.

18)Passage Sainte-Anne (Rue Sainte-Anne, 59) – SPES, a partir de 20/4/60; domicílio de Kardec e Revue Spirite, a partir de 15/7/60;

19)Villa Ségur (Av. de Ségur, 39) – casa de propriedade de Kardec pelo menos desde 1860, para a qual se mudaria definitivamente em 1/4/1869. O casal por vezes usava a casa para recepcionar visitas e para realizar trabalhos que exigiam recolhimento. Amélie-Gabrielle ficou nela até sua morte, em 1883. Era desejo de Kardec que a casa se transformasse, quando não mais estivessem encarnados ele e a esposa, em abrigo para espíritas desvalidos.

20)Rue de Lille, 7 – Revue e SPES depois da morte de Kardec (31/3/69); aí já funcionava a Librairie Spirite.

21)Rue du Sommerard, 12 – Sediou a Revue por breve período, de 1897 (quando foi liquidada a Librairie Spirite ) a 1898 (AK III 202, 227 e 262).

22)Rue Saint-Jacques, 42 – Librairie Leymarie, que abrigou a Revue de 1898 até 1923 (AK III 227); existe ainda hoje como livraria espiritualista.

23)Rue Copernic, 8 – Maison des Spirites, fundada em 1923 por Jean Meyer (AK I 172), funcionou até a década de 1970.

24)Rue Jean-Jacques Rousseau, 15 – Union Spirite Française, fundada em 1919 por Jean Meyer e Gabriel Delanne; substituída em 1976 pela U.S.F.I.P.E.S.

25)Rue du Docteur Fournier, 1, 37000 Tours – Union Spirite Française et Francophone, que atualmente publica La Revue Spirite.

26)Rue de Flandre, 131, Résidence Île de France, bâtiment E1, 75019 Paris, tel.: (01)42090869- Centre d’Études Spirites Allan Kardec (em funcionamento).

27)Cemitério de Montmartre (região norte de Paris) – Sepultamento de Kardec a 2/4/69.

28)Cemitério do Père-Lachaise (região leste de Paris) – Sepultura definitiva de Kardec, a partir de 29/3/70; o dólmen é inaugurado dois dias depois.

——————————————
[1] Gostaríamos de expressar nosso agradecimento a Zêus Wantuil, que leu com excepcional cuidado uma versão preliminar deste trabalho, contribuindo, com sua experiência e erudição, para que diversas falhas de conteúdo e de forma fossem eliminadas. Forneceu-nos ainda algumas informações históricas bastante relevantes, que não pudéramos haver obtido de outra forma; as principais delas são explicitamente indicadas nos locais pertinentes do texto.
[2] Na p. 79 do vol. I da obra Allan Kardec, encontra-se estampada a página de rosto de uma edição parisiense de 1961 do livro de Moreil, da editora Sperar. Em sua introdução a esse vol. I, Thiesen se refere, à p. 26, a uma tradução para o vernáculo, de Miguel Maillet, publicada sem data em São Paulo pela Edicel. Zêus Wantuil gentilmente informou-nos que tal tradução brasileira teve sua impressão concluída em junho de 1966.
[3] A primeira edição dessa biografia data de 1896 e aparecia traduzida na coletânea O Principiante Espírita, que a FEB publicava no passado; a quarta edição foi prefaciada por Léon Denis (ver Allan Kardec, vol. I, pp. 200, 198 e 29; vol. II, p. 15). Há referências a uma “nouvelle édition”, de 1910, com prefácio de Gabriel Delanne (ver ibid., vol III, p. 117 e vol II, p. 15).
[4] Em Obras Póstumas, p. 271, há uma comunicação atribuída à mediunidade da Senhora (“Mme” ) Baudin; teria sido uma falha tipográfica, ou ela também era médium? Embora na página 267 Kardec diga que os médiuns eram “as duas senhoritas Baudin”, nas comunicações mediúnicas transcritas nunca especifica qual serviu de médium, escrevendo simplesmente “Mlle Baudin”. Na Revue Spirite de 1858 (ver AK II 64-65) Kardec refere-se explicitamente a uma série de comuncações transmitidas por Caroline, notando, incidentalmente, que “mais tarde o médium se serviu da psicografia direta”. Em OP 271 Kardec relata que em fins de 1857 ambas se casaram e a família se dispersou, ficando implícito que não pôde mais contar com sua mediunidade. Em seus controversos comentários à edição bilíngüe da primeira edição de O Livro dos Espíritos (p. viii), Canuto Abreu avança que Caroline e a irmã tinham, em agosto de 1855, 16 e 14 anos, respectivamente, e que a mais velha era o médium principal; não pudemos confirmar essas informações em fontes independentes.
[5] Esses dizeres que se seguem ao título são os que constam da página de rosto da obra (ver fac-símile à p. 75 de AK II). Observações semelhantes valem para os demais livros de Kardec mencionados nas seções seguintes.
[6] Em 1866 sofreu séria crise de saúde, conseqüente à sobrecarga de trabalho e de preocupações, sendo assistido pelo Dr. Demeure, que o advertiu quanto aos limites das forças corporais. Por insistência desse Espírito, Kardec passou a contar, para a correspondência comum e a parte mais material das tarefas, com a ajuda de um secretário, o Sr. A. Desliens, médium e membro da SPES ( AK III 111, 286, 301, 302 e 42). Com a desencarnação do mestre em março de 1869, Desliens ficou como secretário-gerente da Revue, até junho de 1871 (AK III 157, 136).
[7] A Union Spirite Française foi fundada por Jean Meyer e Gabriel Delanne em 1919, não tendo relação direta com a antiga SPES, que encerrou suas atividades ainda no século passado, bem pouco tempo após a morte de Kardec. (AK II 16 e 17; III 156)
[8] Notícia veiculada em Reformador, abril e maio de 1990, pp. 128 e 130, respectivamente; ver também La Revue Spirite, janeiro de 1997 (no 30), p. 7. Assinaturas podem ser feitas escrevendo-se para o endereço da USFF: 1, Rue du Docteur Fournier, 37000 Tours, France. A USFF pode também ser contactada por e-mail (union.spirite@creaweb.fr), tendo recentemente inaugurado sua “página” na Internet (http://www.creaweb.fr/union-spirite). Além de editar La Revue Spirite, a Union, promove o intercâmbio entre os grupos espíritas da França (pouco mais de uma dezena, a maioria de criação recente), e tem representado o movimento espírita francês no plano internacional. Segundo se depreende de artigo da autoria de Affonso Soares publicado em Reformador de novembro de 1986 (p. 341), a USFF teria sido fundada em fins de 1985, junto com uma publicação oficial, a Revue des Spirites. No entanto, no número de junho de 1989 do periódico febiano, o mesmo autor diz que a fundação da Union ocorreu em 1987; este dado parece dever-se a um lapso. Neste artigo mais recente assevera-se ainda que a publicação trimestral se chama La Nouvelle Revue Spirite. Desse modo, antes de conseguir recuperar o título ‘La Revue Spirite’ o valoroso grupo espírita de Tours teria dado dois outros nomes à sua revista.
[9] No “site” da Federação Espírita Brasileira na Internet (http://www.febrasil.org.br) estão disponíveis diversas obras de Kardec, em francês, português, inglês e espanhol. Alguns outros originais franceses podem ser encontrados no “site” do Centre d’Études Spirites Léon Denis (http://perso.wanadoo.fr/charles.kempf/). No primeiro desses endereços também está a Livraria Virtual da FEB, com seu rico acervo de obras. Destacamos ainda que as exemplares traduções febianas das obras de Kardec foram recentemente lançadas em CD-ROM, que pode ser adquirido escrevendo-se para a FEB ou para info@apalavradigital.com.br .
[10] Pierre-Paul Didier foi um dos mais dedicados colaboradores de Kardec, membro fundador da SPES, tendo nela atuado como médium (AK III 377, 79, 323 e 82); desencarnou em 2/12/1865, mas como Espírito continuou diretamente envolvido nas atividades de Kardec (ibid. 85, 92, 289).
[11] Não vimos a primeira edição; nas edições a que tivemos acesso, há divergência quanto ao texto que segue ao título. O que traduzimos consta da edição atual da Dervy. Nas notícias da segunda edição de O Livro dos Espíritos (ver fac-simile no Reformador de abril de 1989, p. 105) está do seguinte modo: “Introduction à la connaissance du monde invisible ou des Esprits, contenant les principes fondamentaux de la doctrine spirite et la réponse à quelques objections préjudicielles.” O que se encontra em AK III 15 corresponde aproximadamente a esse texto.
[12] Constatou-se, em época relativamente recente (ver Reformador, abril de 1989, pp. 104-107), que Kardec anexou à segunda edição algumas notas e erratas, destinadas a complementar e corrigir o texto. Pôde-se também verificar que na oitava edição elas ainda apareciam; não se sabe a partir de qual edição deixaram de figurar, nem por que Kardec não conseguiu inserir as correções e acréscimos refundindo o texto. Lamentavelmente, nem as edições francesas atuais nem as traduções para o vernáculo incorporam ou sequer mencionam as modificações, que o próprio Kardec considerava imprescindíveis. Parece-nos de suma importância que esse material venha a público de forma completa, e que seja incorporado às novas edições.
[13] Em AK III 18, 176 e 353-54 informa-se acerca de três traduções antigas: uma por Alexandre Canu, colaborador da SPES, “que se achava à venda com J.P. Aillaud, Monlon e C…, em Lisboa, Rio de Janeiro e em Paris (1862); outra publicada em São Paulo, sem indicação de tradutor, pela Typographia Litteraria (1866); e finalmente outra da FEB, traduzida e anotada por Guillon Ribeiro (não se menciona a data da primeira edição, dizendo-se apenas que ainda há nos arquivos exemplares de 1921 e 1933).
[14] Zêus Wantuil gentilmente confirmou-nos que são os que constam na edição original da obra.
[15] As substanciais informações desse parágrafo foram-nos comunicadas por Zêus Wantuil, a quem agradecemos.
[16] Destaca-se esse ponto no próprio mapa do cemitério. Na madrugada 2 de julho de 1989 o túmulo sofreu um atentado a bomba, que o danificou parcialmente, sendo posteriormente restaurado pela Prefeitura de Paris. (Reformador, julho de 1989, p. 194, e setembro de 1990, p. 284.)

Texto fantástico e completo do Silvio Seno Chibeni.

#Espiritismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/origens-do-espiritismo

Chico Xavier e a Homossexualidade

Hoje faz 10 anos que Chico Xavier se ausentou deste lado do véu, num dia feliz, conforme o prometido, quando a seleção brasileira venceu a Copa do Mundo…

Muitas pessoas tem um conceito pré-estabelecido sobre Chico. Muitas pessoas jamais se preocuparam em estudar a vida de Chico, pelo menos não mais do que 15 minutos no Google, buscando por textos que, em todo caso, apenas reafirmam seu conceito pré-estabelecido.

Agora eu lhe convido para ouvir o que Chico tem a dizer sobre a homossexualidade, por cerca de 4 minutos (no vídeo abaixo).

Poderia lhe trazer aqui inúmeros outros assuntos sobre o qual Chico não apenas falou, como foi um exemplo moral de conduta. Porque então a homossexualidade? Ora, porque se você tem um conceito pré-estabelecido sobre Chico, mas é um cético ou ateu, então provavelmente você também é um humanista, e defende o fim do preconceito contra os homossexuais. E se você é um “evangélico com asco de espiritismo”, em todo caso você provavelmente nem leu até esta linha…

Não é preciso acreditar em espíritos para compreender o que Chico disse sobre a homossexualidade. Mas é interessante lembrar do momento histórico em que esta pergunta foi realizada:

Alvo de muitas especulações por parte da mídia desde o final da década de 50, Chico havia decidido por se preservar. Foram 20 anos sem qualquer contato com a imprensa. O silêncio foi rompido em 1971, quando o médium mineiro apareceu ao vivo no programa de entrevistas Pinga- Fogo, da extinta TV Tupi. Foi um marco. A audiência chegou a 75% dos televisores ligados, a maior da história da televisão brasileira.

Veja bem, se até hoje ainda existe muito preconceito para com a pessoa de Chico, naquela época era tanto pior. O espiritismo no Brasil ainda crescia muito timidamente, e era muito mais comum encontrar pessoas com asco “daquela turma que fala com mortos, e que certamente vai para o inferno”. Porém, tanto pior que isso, muitos tinham Chico como um homossexual, já que não tinha filhos nem mulher, e parecia ser “muito gentil” (na verdade Chico foi virgem a vida toda, assexuado). Quando a pergunta vinda de uma das pessoas que ligavam de todo o país foi feita (“Chico, fale sobre o homossexualismo a luz da doutruna espírita”), seria normal esperar que Chico desviasse do assunto, ou que fosse vago, pois afinal de contas, Chico não tinha nenhuma experiência com sexualidade alguma!

Além disso, o preconceito contra homossexuais era obviamente muito maior no início da década de 70. Não preciso nem explicar porque, não é? Pois bem, considerando tudo isso, goste ou não da pessoa de Chico, conheça ou não sua história, creia ou não em espíritos, observe se ele não foi corajoso nesta resposta…

Lá pelo final, quando o mediador estava doido para entrar com o comercial e encerrar o assunto inesperado, veio este trecho aqui (resumido): “Se as potências do homem na visão, na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, nas mãos, nos pés; se todas essas potências foram dadas ao homem para a educação, potências consagradas para o bem e a luz, mereceria o sexo, e as várias manifestações sexuais onde há respeito e carinho de ambas as partes, serem sentenciados às trevas?”

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“O Pinga-Fogo com Chico Xavier foi um marco na história do espiritismo [no Brasil], que crescia com timidez; depois das entrevistas, a doutrina espírita ganhou o justo respeito. Não é um exagero dizer que há este divisor de águas – o antes e o depois do Pinga-Fogo, que, com o poder de penetração da televisão e do rádio (a rádio Tupi também transmitiu o programa), contagiou milhões de pessoas, levando-lhes este autêntico representante do espiritismo, Chico Xavier”.

Saulo Gomes, jornalista que esteve presente no Pinga-Fogo (texto retirado de Pinga-Fogo com Chico Xavier, publicado pela Editora Intervidas, que traz a transcrição completa de tudo que foi dito no programa).

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Veja também:

» Passeios de aeróbus

» Animais, espíritos e deuses

» Chico Xavier: charlatão?

» Levítico: pedras não faltarão

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#ChicoXavier #homossexualidade

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/chico-xavier-e-a-homossexualidade

15 Milhões de Conspiradores!

Acabamos de chegar à marca de 15 milhões de Pageviews neste blog (e virei celebridade no Astrotheme, com direito até a página em francês)… Nada mal para um blog de hermetismo e espiritualismo no país do Templo de Salomão… Como de costume, para quem gosta dos números, ao todo, nesta caminhada desde 7/5/2008, foram exatos 2.519 posts publicados e 45.550 comentários. Temos 4.400 followers no twitter , 15.011 subscribers no Facebook.

Nosso Projeto de Hospitalaria está funcionando perfeitamente e passamos de 3.400 mapas astrais e 2.400 sigilos (aproximadamente 9.200 cestas básicas ou equivalente distribuidas).

O Projeto Mayhem está com 3.849 membros. A Wikipedia de Ocultismo conta atualmente com 5.219 verbetes e 2.082 imagens.

O Arcanum Arcanorum já conta com 5.725 membros que passaram por seus atrios e 130 que chegaram ao grau de Probacionista, além de uma Loja Maçônica (ARLS Arcanum Arcanorum, 4269 – GOB), o projeto SOL, que já realizou 35 palestras públicas e três Terreiros irmãos, o que nos coloca como uma das egrégoras mais fortes dentro das Ordens Iniciáticas aqui no Brasil.

Ao longo destes seis anos (incluindo o TdC S&H que completou 7 anos em 7/Agosto/14), perdi a conta de quantas pessoas conseguimos iniciar nos estudos da Kabbalah, Astrologia, Tarot, Runas e Magia Prática, sem contar os leitores que se filiaram à FRA, AMORC, Lectorium, OKRC, CALEN, AA, SCA, CIH, Demolay, Eubiose, Circulo Egregore, Casa do filósofo, Pró-Vida, Sirius-Gaia, Gnose, Martinismo ou Maçonaria graças ao blog.

O Raph Arrais editou o Grande Computador Celeste que contém os 70 primeiros textos do TdC, distribuido em pdf gratuito ou versão impressa,

Fazemos anualmente uma das maiores correntes de meditação no Sefirat Ha Omer aqui no Brasil, três Encontros do Blog, ajudamos em três Simpósios Brasileiros de Hermetismo e temos conseguido organizar cursos pelo menos uma vez por mês e agora em dezembro começaremos o primeiro Curso de Kabbalah em Ensino à Distância.

E, como se não bastasse, publicamos o Tarot da Kabbalah Hermetica, feito em parceria por mim e pelo talentoso artista Rodrigo Grola, cuja primeira edição está praticamente esgotada, a nova impressão da Enciclopédia de Mitologia e agora os Posteres do Lamen e da Árvore da Vida.

E agora emplacamos o cardgame de protesto Pequenas Igrejas, Grandes Negócios!

Sucesso é a Única Possibilidade!

#Blogosfera

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Judas, o melhor amigo de Jesus

judas

Parte de um plano secreto

amigo fiel de Jesus

eu fui escolhido por ele

para pregá-lo na cruz

Cristo morreu como um homem

um mártir da salvação

deixando para mim seu amigo

o sinal da traição.

Se eu não tivesse traído

morreria cercado de luz

e o mundo hoje então não teria

a marca sagrada da cruz

e para provar que me amava

pediu outro gesto de amor

pediu que o traísse com um beijo

que minha boca então marcou.

– Raul Seixas, 1979

A música acima foi composta pelo melhor cantor brasileiro de todos os tempos, Raul Seixas, em conjunto com meu irmão alquimista Paulo Coelho, sob a orientação do Mestre Marcelo Motta. Poderia ser apenas, como a Igreja gosta de colocar para cada sujeira que varremos para fora do tapete eclesiástico, “mais uma ficção inspirada por Dan Brown”, se não fosse o detalhe dos Evangelhos de Judas terem sido descobertos e autenticados pela National Geographic em 2006, confirmando cada linha da música do Raulzito acima de qualquer dúvida razoável. Como explicar o fato desta canção ter sido escrita 27 anos antes?

Se você está lendo esta coluna pela primeira vez, sugiro que leia primeiro estes textos AQUI, AQUI, AQUI e AQUI para entender a história de Yeshua Ben Yossef, o Jesus histórico.

Para compreender a história de Judas Iscariotis, precisamos entender a história dos doze apóstolos. Nessa altura do campeonato, vocês já devem ter percebido que Tiago, João, André e Pedro não eram exatamente “pescadores”, mas apenas o grau simbólico destas pessoas dentro da organização de Yeshua. Pescadores, Peixes e outras alegorias referentes ao mar e ao “pescar almas” indicam o sacerdócio dentro da transição da Era de Áries para a Era de Peixes. Como veremos nas próximas colunas, especialmente as lendas do Rei Arthur, a figura do “Rei-Pescador” será muito comum também nas alegorias medievais.

Judas, no original Yehudhah ish Qeryoth ou Iouda Iskariotis (Iouda significa “abençoado” e Iskariotis significa “Sicário”, que é um punhal especial usado por assassinos zelotes denominados Sicários, uma seita judaica contrária ao domínio romano em Jerusalém naquela época). O nome dele, portanto, pode ser traduzido como “Lâmina abençoada”. Judas era ninguém mais, ninguém menos que o guarda-costas pessoal de Yeshua/Jesus.Mas, se ele era considerado o guarda-costas pessoal de Yeshua e um de seus melhores amigos, tão íntimo a ponto de ficar com ciúmes da esposa de Yeshua, Maria Madalena, quando esta realiza o ritual sagrado de perfumar os pés de Jesus, por que ele o trairia?

De acordo com a Bíblia (Mateus 26, 20-23), Jesus teria dito:

Ao anoitecer reclinou-se à mesa com os doze discípulos;

e, enquanto comiam, disse: Em verdade vos digo que um de vós me trairá.

E eles, profundamente contristados, começaram cada um a perguntar-lhe: Porventura sou eu, Senhor?

Respondeu ele: O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá.

E um pouco mais para a frente (Mateus 26, 46-48) diz:

Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.

Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.

As otoridades dizem que isso seria uma “premonição” ou uma “profetização”, mas uma explicação muito mais racional nos diria que Jesus não está fazendo previsões, mas sim DANDO UMA ORDEM: “Um de vós me trairá”. Ao contrário da imagem de “cordeiro humilde” pregada pela Igreja (sem trocadilho), Yeshua era um revolucionário, lutando pela libertação do povo judeu do domínio romano. Uma de suas frases célebres: “Eu não vim trazer a paz, mas a espada” (Mt 10, 34 e Luc 12, 51), expressa bem esta posição de Jesus e seus seguidores. Aliado com os Essênios, com os Zelotes e com os Sicários, coisa boa ele não estava querendo, com certeza.

Agora, responda à seguinte pergunta: se você fosse o governador romano responsável pelo domínio de Jerusalém e pelo controle da cidade, você deixaria um legítimo rei dos Judeus mancomunado com zelotes, sicários e essênios, fazendo curas milagrosas e angariando cada vez mais fãs, dando sopa na sua cidade? Nem eu.

Então seria necessário capturar e matar este agitador cabeludo e rebelde.

Em João 18,12, é dito: “Então a coorte, e o tribuno, e os servos dos judeus prenderam a Jesus e o maniataram”. Ora, uma coorte romana é constituída de seis centúrias e cada centúria é constituída de 80 legionários, como já vimos em outros posts (aposto que vocês esqueceram, mas eu avisei que era para lembrar disso pois seria importante para a história). Ou sejam, para que o governador romano enviaria 480 legionários pesadamente armados com lanças e escudos para capturar um carpinteiro? Seria Yeshua um X-men?

Por que a necessidade da traição?

Yeshua estava reunido com cerca de 5.000 pessoas que formavam a vila de Getsemani, formada em sua maioria por camponeses, mulheres e crianças. Estando cercados por quase 500 soldados armados, estas pessoas seriam totalmente massacradas se os zelotes não entregassem seu líder.

Para ter uma noção do que é uma coorte, basta olhar para a imagem ao lado: uma coorte são DOZE VEZES essa quantidade de gente. Um pouco exagerado para capturar “uma dúzia de pescadores”, não é mesmo?

Yeshua avaliou a situação: caso não se entregasse, haveria um massacre de inocentes e uma precipitação da revolta que estavam planejando (que só aconteceria alguns anos depois, na chamada “Revolta dos Judeus”) mas, caso se entregasse, poderia passar como um líder fraco, que entrega sua luta ao menor sinal de problemas. Depois de dar as ordens para a única pessoa que sabia que poderia confiar (Judas), Yeshua, José de Arimathea e Simão Mago começaram a preparar o plano que seria necessário para retirar Yeshua com vida da cruz.

Seguimos com a história como a conhecemos. Os soldados capturam Yeshua e o levam para o sinédrio para ser julgado. Aqui é necessário fazer uma pausa. Graças a Constantino (sempre ele, sempre ele!), o mundo inteiro acredita que foram os JUDEUS que mataram Jesus, o que serviu de base para todo tipo de perseguição a eles durante todos estes últimos 2000 anos, mas a verdade seja dita e é simples de provar: quem crucificou Yeshua foram os ROMANOS.

Se os judeus tivessem matado Yeshua, teria sido através do apedrejamento, tão comum e tão descrito em todo o Velho Testamento. Mas quem crucificava seus inimigos ao longo de suas estradas eram os romanos.

Vocês concordam que ficaria meio complicado para Constantino vender a imagem do Messias para os romanos se os próprios romanos mataram Yeshua? É como tentar vender a imagem de Fidel Castro como líder espiritual para os americanos!

E a coroa de espinhos e o manto vermelho? A Igreja nos ensinou que isso era uma “zombaria” com Jesus, mas ofereço outro ponto de vista: Sabendo que foram os ROMANOS que crucificaram Yeshua, creio que a mensagem que estavam passando para os judeus dominados era bem clara: AQUI ESTÁ O SEU REI. NÓS VAMOS CRUCIFICÁ-LO. Tanto que as iniciais INRI vem do latim (língua dos romanos): Iesua Nazarenus Rex Iudeorum.

Ah, tio Marcelo, mas eu já ouvi que INRI significa “Igni Natura Renovatur Integra” ou as siglas dos 4 elementos “Iam (água), Nour (fogo), Ruach (ar) e Iabeshah (terra)”. Eliphas Levi dizia que INRI significa “Isis Naturae Regina Ineffabilis”… Qual está certo?

Naquele momento histórico, Rei dos Judeus, mas seria um erro achar que havia apenas um significado. Uma das coisas que aprendi nesses 25 anos dentro do ocultismo é que NADA acontece por acaso: nenhuma sigla, nome, cor, símbolo ou mensagem escolhida acontece por causa de um “tempo linear” acausal. Não existem coincidências, existe apenas a ILUSÂO de coincidência. Portanto provavelmente TODAS as alternativas estavam certas ao mesmo tempo, em diferentes “espaços temporais”. Complexo? você ainda não viu nada.

A escolha do local foi providencial: a Gólgota. Terreno pertencente a José de Arimathea, garantiria que a crucificação ocorreria longe dos olhos do povo, que NÃO teve acesso à crucificação, ao contrário da crença popular. Eles acompanharam o cortejo, mas ficaram longe das três cruzes, observando à distância.

Antes de começarmos: quanto tempo vocês acham que os romanos deixavam um condenado preso na cruz? 1 hora? 12 horas? 1 dia? 2 dias? uma semana?

A resposta correta é: até o cadáver se transformar em um esqueleto ou até você colocar outro condenado no seu lugar! A função de uma crucificação é passar uma mensagem clara sobre o que vai acontecer com você se você desafiar a Legião. Não importa se você “morreu na cruz”… os romanos não vão te tirar de lá, ok?

A menos que…

…eles tivessem um plano.

Como já haviamos visto em outros posts, Yeshua dominava completamente sua energia interna, kundalini, chakras e todas as técnicas de regeneração e manipulação de energias conhecidas. Eles estavam certos que ele conseguiria resistir a um dia na cruz e, para seus planos, apenas um dia bastaria.

Cristo é crucificado de manhã. Ele permanece durante o dia com Simão Mago aos pés da cruz, enquanto José de Arimathea consegue com Pilatos autorizações para remover o corpo da cruz. durante o passar do tempo, vamos novamente à bíblia:

“Jesus disse: “tenho sede.” Havia aí uma jarra cheia de vinagre. Amarraram uma esponja ensopada de vinagre na vara, e aproximaram da boca de Jesus. Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está realizado.” (João 19: 28,30)

A Igreja nos diz que isto foi mais uma “maldade” dos “terríveis” judeus. Coitadinho… dar vinagre para o pobre infeliz pregado na cruz… que cruel!

Ora. O líquido que ofereceram para Jesus é chamado de Posca, misturado com um pouco de mirra. O efeito desta bebida é o de um ANESTÉSICO que facilita a projeção astral e também serve para bloquear a dor, conhecido desde a antiguidade pelos alquimistas essênios e rosacruzes (e esse líquido posso garantir para vocês que funciona, porque já experimentei pessoalmente). Não nos esquecemos que Simão Mago não era conhecido como Simão MAGO à toa, certo? Ele estava aos pés da cruz por um motivo…

Yeshua ficaria até a noite na cruz, quando seria retirado, mas no meio da tarde, começou a dar sinais de que não aguentaria o dia todo. Outro detalhe que sempre passa batido era o de que os romanos quebravam as pernas dos condenados para que eles morressem mais rápido, já que, sem a sustentação das pernas, o pulmão seria comprimido com mais força e o condenado morreria mais rápido por sufocamento (daí a expressão “me quebraram as pernas” para indicar um problema que acaba com suas esperanças mais cedo). E ninguém fez isso com Yeshua.

A solução para isso foi “matá-lo” antes, com uma lança, para apressar sua retirada da cruz. Para isso, Yeshua se finge de morto e um dos soldados o perfura com uma lança para mostrar aos outros que ele estava morto. Na mitologia católica, a lança que perfura Jesus Cristo na cruz é conhecida como a Lança do Destino.

Agora começam as curiosidades… vocês não acham estranho uma lança que MATOU o filho de deus ser considerada SAGRADA pela Igreja? Não deveria ser um objeto AMALDIÇOADO? Por que justo os templários veneravam esta lança e tinham um grande cuidado com sua proteção?

A resposta é clara… a Longinus não matou Yeshua, mas o salvou de ter as pernas quebradas pelos outros soldados romanos.

No folclore medieval, São Longinus (sim, o cara que MATA Jesus vira santo na Igreja Católica, vai entender…) é retratado como um cego cujo sangue do messias que espirra sobre seus olhos o cura da cegueira (espera… um soldado CEGO vigiando a cruz?) e ele se converte ao cristianismo… Na verdade, todo este anedotário criado posteriormente, acrescido de outros detalhes, serviu apenas para reforçar a idéia de que os judeus seriam uns traidores da própria raça e assassinos do messia vaticânico.

Removido da cruz, levam Yeshua para o Santo Sepulcro (hummmm cavernas novamente… não teve um post antigo em que eu relacionava cavernas com templos sagrados? procurem) que eram propriedade de José de Arimathea. Neste local, um sacerdote chamado Nicodemus e outros discipulos essênios literalmente “revivem” Yeshua com suas habilidades curativas prânicas. Ao final dos trabalhos, Yeshua se encontra com sua esposa Maria Madalena e são escoltados para um local seguro.

Alguns dias depois, ele reaparece para os discípulos e a história da “ressurreição” começa rapidamente a se espalhar. Sabendo que os governadores romanos não engoliriam aquela história por muito tempo, Yeshua, seu filho e Maria Madalena (na época grávida) foram retirados de Jerusalém.

Yeshua foi para o oriente, José de Arimathea foi junto com o filho de Yeshua, Yossef, para as Ilhas Britânicas, onde chegou a Gastonbury levando o “Cálice Sagrado”. Maria Madalena foi levada para o Egito para dar a luz para Sara, filha de Yeshua.

Após o nascimento, Madalena é escoltada para o Sul da França, onde os essênios (agora com outros nomes, formando outros grupos naquela região) passam a proteger a Linhagem Real. Um detalhe interessante é que Madalena e sua filha contrastavam muito com os habitantes do sul da França, sendo chamadas de “Madonna Negra” por causa de seu tom de pele (não vai me dizer nessa altura do campeonato que você acredita na história do Jesus loiro de olhos azuis, né?).

Os habitantes do Sul da França (Languedoc) fizeram diversas estátuas e o culto à “Virgem Negra” se tornou muito popular entre os Cátaros e entre os Templários. A Igreja dirá durante a Idade Média que imagens da “Virgem Negra” eram uma deturpação SATÂNICA de nossa senhora Aparecida quando queimava os Templários e, mais tarde, dirão para os céticos que a cor negra das estátuas se devia “às velas que eram queimadas aos pés de Nossa Senhora, que escureciam as imagens”. Mas o FATO é que as Virgens Negras representavam (e representam) Maria Madalena carregando em seus braços Santa Sara Kali (Kali = negra), padroeira dos ciganos.

O filho de Yeshua e José de Arimathea chegam à Inglaterra, onde fundam a primeira Igreja Cristã. De acordo com as lendas posteriores, ele chega ao continente levando consigo “o Cálice Sagrado” mas… “um garoto que era rei mas não sabia, acompanhado por um ancião sábio, permanecendo escondido no meio dos profanos até que chegasse o momento de revelar sua descendência real”

Já ouviram esta história antes? vou dar uma dica. Começa com Rei e termina com Arthur.

#Essênios

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/judas-o-melhor-amigo-de-jesus

Virtude Cardeal

A Ordem DeMolay é uma organização fraternal para jovens do sexo masculino, cujos membros ativos têm entre 12 e 21 anos. Ela é patrocinada pela Maçonaria, suas reuniões normalmente ocorrem dentro das Lojas Maçônicas e existem mais de 800 Capítulos espalhados em todos os estados do Brasil. Fundado em 1919 por um maçom chamado Frank Sherman Land, em Kansas City, Missouri, Estados Unidos, espalhou-se rapidamente e mais de um milhão de jovens foram Iniciados. Aqui no Brasil, o primeiro Capítulo foi fundado em 1980, no Rio de Janeiro, através principalmente dos esforços dos maçons Alberto Mansur e Wilton Cunha.

Seus princípios são as Sete Virtudes Cardeais – Amor Filial, Reverência pelas Coisas Sagradas, Cortesia, Companheirismo, Fidelidade, Pureza e Patriotismo – e seus membros se mantêm firmes na defesa das Liberdades Civil, Religiosa e Intelectual.

Virtude Cardealé uma coluna compartilhada por dois Irmãos distantes geograficamente, Kennyo Ismail e Hugo Lima, mas unidos com propósitos dignos da Ordem DeMolay e da causa exemplificada por Jacques DeMolay. Terá publicação duas vezes por mês e será voltada para os jovens membros de nossa Ordem, mas também poderá ser lida por todos, para que conheçam melhor nossos trabalhos e nossos ideais.

#Demolay #VirtudeCardeal

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/virtude-cardeal

Por Quê se chama “Loja” Maçônica?

Qual maçom nunca foi questionado por um profano do porquê do termo “LOJA”? Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar o nome. Alguns, fanáticos e ignorantes, chegam a ponto de indagar que é na Loja que os maçons vendem suas almas!

Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que, só porque “loja”, em português, denomina um estabelecimento comercial, isso não significa que o mesmo termo em outras línguas tem o mesmo significado. Vejamos:

“Loge”, palavra francesa, pode se referir à casa de um caseiro ou porteiro, um estábulo, ou mesmo o camarote de um teatro. Mas os termos franceses para um estabelecimento comercial são “magasin”, “boutique” ou “commerce”.

Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”, significa cabana, casa rústica, alojamento de funcionários ou a casa de um caseiro, porteiro ou outro funcionário. Os termos mais apropriados para um estabelecimento comercial em inglês são “store” ou “shop”.

Já o termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno cômodo, tenda, mas também pode designar galeria de arte ou mesmo varanda. Os termos corretos para um estabelecimento comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”.

Em espanhol, “logia”, derivada do termo italiano “loggia”, denomina alpendre ou quarto de repouso. As palavras mais adequadas para estabelecimento comercial são “tienda” e “comercio”.

Por último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não tem apenas a grafia em comum com o francês, mas também o significado: um pequeno cômodo mobiliado para porteiro ou caseiro, ou um camarote. Já os melhores termos para estabelecimento comercial em alemão são “kaufhaus”, “geschaft” ou “laden”.

Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas línguas francesa, italiana, espanhola, alemã e inglesa, pode-se compreender que as expressões referem-se a uma edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial. Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e até hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos. Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge, loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana e espanhola.

A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado não seria “loja” e sim “alojamento”. Nossas Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de construtores especulativos. Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos países de língua espanhola, que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em substituição à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado.

À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras línguas, podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra “Loja” é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho manual, além de simplista, é furada. Se fosse assim, os termos utilizados nas outras línguas citadas teriam significado similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado em substituição às outras palavras que servem a esse fim.

Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem aquela estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis, prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada também com um colchão para o pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa estrutura é a versão atual daquelas que abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, e que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/por-qu%C3%AA-se-chama-loja-ma%C3%A7%C3%B4nica

Estudos sobre Astrologia

Ainda hoje, quando falamos em astrólogos, muita gente pensa em homens sinistros de chapéus pontudos, a contemplar o céu de suas altas torres e a interpretá-lo segundo seus delírios. E, no entanto, eles já estão penetrando nos gabinetes e laboratórios da ciência, misturando-se entre químicos, biólogos, meteorologistas, médicos e financistas. . .

No século passado, Carl Gustav Jung anunciou a volta da astrologia às cátedras universitárias. Na época, isso era verdade apenas em algumas raras escolas de psicologia na Suíça, onde pioneiros corajosos, como o próprio Jung, incentivavam ou promoviam cursos semi-oficiais de astrologia, à noite, para os futuros clínicos, sob os olhos complacentes dos velhos reitores.

Hoje, a Universidade de Stanford, a Escola Técnica Superior de Zurique e mais sete universidades em todo o mundo promovem estudos regulares sobre a astrologia. Na Universidade de Paris (e a França é o pais mais conservador face a astrologia), o professor Robert Jaulin, no curso de etnologia, concede “créditos” suplementares aos alunos que frequentam aulas de astrologia, e outro etnólogo, Jacques Halbronn, fundos o Movimento Astrológico Universitario, que reúne centenas de estudantes e professores da mesma universidade, e promoveu o último Congresso de Astrologia, em Paris. Desse congresso participaram figuras do porte de um Eric Weil, professor de filosofia em Louvain e pensador de renome universal.

Em 1666, expulsa das cátedras universitárias

Para começo de conversa, quem expulsou a astrologia das cátedras universitárias não foi o avanço da ciência, como normalmente se supõe, mas uma interpretação apressada das descobertas de Copérnico. A expulsão foi decretada em 1666, por Colbert, ministro de Luís XIV, com a alegação de que a astrologia não tinha fundamento cientifico.

Na realidade, a ciência da época não tinha condições mínimas para averiguar isso realmente, e a primeira pesquisa estatística sobre o assunto foi feita só trezentos anos depois. O que Colbert supôs foi que, como os horóscopos eram desenhados geocenteicamente – isto é, com a Terra no meio, e o Sol, a Lua, os signos e os Planetas em torno – não podiam funcionar, já que Copérnico havia demonstrado que o que estava no centro era o Sol e não a Terra.

Colbert simplesmente não percebeu que o horóscopo não era propriamente geocêntrico mas antropocéntrico, isto é, que representava o universo centralizado não na Terra enquanto realidade física, mas no Homem, no indivíduo. O horóscopo não era um mapa físico do universo (embora fosse também isto), mas um mapa do seu significado, um mapa do sentido do universo, tal como este se apresentava para determinado indivíduo na hora e no local em que este nascia. Para esses fins, o centro do universo, o centro da experiência individual, continuava a ser obviamente a Terra (excetuando-se a hipótese de o consulente ter nascido em Marte ou na Estrela Vega), e o próprio Kepler, que calculou as órbitas heliocêntricas dos planetas, continuou a desenhar horóscopos geocentricamente até o fim dos seus dias.

Enquanto o mapa astronômico era inteiramente objetivo e material, o mapa astrológico era ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, tal como as mandalas tibetanas, que representam ao mesmo tempo o círculo do universo exterior e o interior do homem. Esta sutileza escapou a Colbert. As universidades alemãs e suíças, mais sensatas, preferiram deixar abertas suas cátedras de astrologia, embora sem ocupantes, e foi esta brecha que permitiu a Jung anunciar uma volta triunfal.

Em 1945, reabilitada pelas provas estatísticas

Essa volta não seria nada triunfal, entretanto, se não se houvesse descoberto, pouco depois, provas eloqúentes de que a relação astroHomem não é uma pura fantasia.

Essa descoberta veio quando, em 1950, o pesquisador francês Michel Gauquelin resolveu tirar a limpo, pela estatística (sua especialidade acadêmica), a questão das “influências astrais”. Desde o começo do século, o grande astrólogo Paul Choisnard pedia aos estatísticos que fizessem isso. Mas era muito difícil, porque um único mapa astrológico (feito para a hora, data e local de nascimento de um indivlduo) tem mais de mil fatores a serem levados em ponta.

Por volta de 1945, outro astrólogo, Léon Lasson, conseguiu finalmente formular um bom método de aplicar a estatística à astrologia. Gauquelin aperfeiçoou esse método e o empregou numa pesquisa que abrangeu cinco mil mapas astrológicos.

A pesquisa submeteu à prova uma única doutrina astrológica, porém antiga e fundamental: a de que não só determinados planetas estão associados a determinadas profissões (Júpiter à política e ao teatro, Saturno à ciência, Marte aos esportes e artes militares, Lua à literatura), como também tais planetas exercerão uma influência mais intensa, se no instante do nascimento do indivíduo estiverem colocados em determinados pontos privilegiados do céu. Esses pontos são, segundo a doutrina, o ascendente, que é a parte mais oriental da linha do horizonte, e o meio-do-céu, que é o ponto mais alto do Zodíaco (faixa dos signos) em relação a determinado lugar da Terra.

Se a teoria estivesse certa, pensou Gauquelin, determinados planetas estariam com maior frequência no ascendente e no meio-do-céu no nascimento das pessoas cujas profissões estivessem relacionadas com esses planetas, do que no nascimento das outras pessoas. Saturno estaria com mais freqüência no ascendente e meio-do-céu dos cientistas, Marte no dos militares, Júpiter no dos políticos e atores, etc. Inversamente, seria raro um Saturno no ascendente ou meio-do-céu dos esportistas ou atores, e assim por diante. Mais ainda: seria preciso que essa freqüência ultrapassasse a média do acaso (no jargão dos estatísticos: feeqüência teórica) de maneira significativa, para se poder acreditar que o fenômeno fosse algo mais do que mera coincidência.

Do ponto de vista cientifico, a hipótese a ser testada era um absurdo completo, mas as estatisticas foram mais favoráveis ao absurdo do que ao ponto de vista científico. Com uma freqüência que só seria possível atribuir ao acaso com uma possibilidade de 1 contra 10 milhões (isso mesmo), os planetas estavam lá onde os astrólogos diziam que estariam: Júpiter no ascendente e meio-do-céu dos atores e políticos, Saturno no dos cientistas, Marte no dos esportistas e militares, Lua no dos escritores. Inversamente, a Lua não estava no ascendente nem no meio-do-céu de quem não era escritor, Marte no de quem não era militar, etc.

Embora tudo isso parecesse uma trama diabólica dos astros para confundir o bom senso dos pobres cientistas, Gauquelin, com exemplar honestidade intelectual, publicou os resultados da pesquisa, que se tornaram imediatamente motivo de escândalo e protestos gerais. O diretor do Instituto Nacional de Estatística da França, Jean Porte, convidado pelos adversários de Gauquelin a desmascarar a farsa toda, refez os cálculos e informou depois de algum tempo: lamentavelmente, os cálculos estavam certos. Ainda assim, Gauquelin refez a pesquisa, desta vez reunindo nada menos que 25.000 mapas, na França, na Bélgica, na Holanda, na Itália e na Alemanha, e chegou novamente aos mesmos resultados. Novamente Jean Porte refez as contas, e novamente elas estavam impecáveis.

Recentemente, nos Estados Unidos, a revista The Humanist publicou um abaixo-assinado de 186 cientistas contra a astrologia. Em resposta, vieram centenas de cartas a favor, e The Humanist resolveu arbitrar a questão promovendo uma pesquisa igual à de Gauquelin, com amostragem menor mas controle estatístico maior. Os resultados, pela terceira vez, foram os mesmos. (No Brasil, durante um debate na TV, o abaixo-assinado de The Humanist foi exibido como o sumo argumento antiastrológico por um psiquiatra, que obviamente não contou a continuação da história . . .)

Agora, resta saber qual e natureza do fenómeno

Todos os debates que houveram serviram para mostrar que a astrologia é um assunto infinitamente mais completo do que seus opositores jamais imaginaram.

Exemplo. Quando não pôde mais negar os resultados da pesquisa, o mais feroz adversário francês da astrologia, o astrônomo Paul Couderc, então chefe do Observatório de Paris, julgou ter descoberto um argumento fulminante ao declarar que uma correlação era uma coisa, e um mecanismo de causa e efeito, outra; que a pesquisa Gauquelin havia estabelecido uma correlação entre os astros e o Homem, mas não havia de modo algum provado que os astros causam as ações humanas, “como pretendem os astrólogos”.

Os astrólogos limitaram-se a exibir os textos clássicos da sua arte, desde a Tábua de Esmeralda de Hermes Trimegisto (milênios anterior a Cristo) e as Enéadas de Plotino (século 39) até os tratados de Paracelso (século 15), Kepler (século 16) e Robert Fludd (século 17), em que por toda parte se explica a relação entre os astros e os homens como um processo de semelhança, de analogia, de simpatia, de correlação, de sincronismo, e nunca de causa e efeito.

E completaram: nenhum astrólogo jamais disse que os astros causam as ações humanas, pela simples razão de que o principio de causa e efeito, tão importante para o cientista materialista, é, para os astrólogos, um principio menor e secundário. O princípio maior é a lei de analogia, mediante a qual o grande e o pequeno, o macrocosmo e o microcosmo, a matéria e a consciência, têm uma estrutura e uma dinâmica semelhante, já que são apenas faces diversas do mesmo fenômeno.

O pobre Couderc jamais imaginou que estivesse mexendo num vespeiro tão grande. Desde essa época, praticamente cessou a polêmica rasteira tipo pró-e-contra a astrologia, e desencadeou-se um debate teórico de alto nível sobre a natureza do fenômeno revelado pela pesquisa Gauquelin. Se não se tratava de uma relação de causa e efeito, que relação era então? Um sincronismo, como pretendia Jung? Ou, como afirmava o próprio Gauquelin, tenaz estudioso dos biorritmos, existe em cada ser vivo um “relógio cósmico” que o torna receptivo a todos os ritmos do universo ao seu redor? Qual era precisamente o sentido com que os antigos falavam em “analogia”? Não seria a analogia um instrumento mental utilizável pela ciência, para a análise de fenômenos demasiado grandes e complexos, como a dinâmica da vida social e política, os grandes sistemas ecológicos, a economia das grandes nações? Não teriam os antigos astrólogos tido, milênios atrás, a intuição de um método cientifico para a abordagem de grandes problemas? Não teriam feito, como disse Lucien Malavard, “ciências humanas avant Ia lettre”? Esse é hoje o grande debate astrológico, que envolve algumas das questões mais contundentes e vivas da cultura contemporânea e ocupa alguns dos melhores cérebros da atualidade.

Os astros na religião, na biologia, nas finanças . . .

Paralelamente, prosseguiram as pesquisas. No campo da história, foi possível obter uma vasta coleção de evidências em favor da tese da astróloga Marcelle Senard (e de todos os astrólogos tradicionalistas), segundo a qual o Zodíaco é uma espécie de chave universal de todas as religiões.

Aplicando um método estrutural a praticamente todas as religiões e mitologias do mundo, o historiador Jean-Charles Pichou descobriu que existem apenas doze mitos básicos em todos os povos e lugares, e que esses mitos se sucedem segundo uma ordem mais ou menos regular.

Essas estruturas básicas são nada menos que os doze signos do Zodíaco. O trabalho de Pichou é demasiado revolucionário e demasiado volumoso para poder ser endossado ou contestado em bloco, mas certamente permanecerá como um clássico na historiografia das religiões.

Os biólogos também descobriram algumas coisas agradáveis aos astrólogos. Primeiro, simples correlações entre ciclos planetários e o metabolismo de animais e plantas estabelecidas por Frank A. Brown, da Northwestern University, EUA (o que não tem valor astrológico direto, mas constitui indicio favorável ao tipo de interdependência postulado pelos astrólogos, e que até 40 anos atrás era considerado mera ficção). Depois, um vendaval de confirmações da antiga correlação – esta, puramente astrológica – entre a lua e a fertilidade. Um pesquisador tcheco, Eugen Jorias, médico e astrólogo, chegou a estabelecer um processo astrológico de previsão de períodos de fertilidade das mulheres pela posição da Lua no instante do seu nascimento. Uma pesquisa feita pelo governo tcheco encontrou 94 por cento de acerto no método Jonas.

Em seguida, o neurologista Leonard Ravitz, da Duke University, descobriu que mudanças marcantes de potencial elétrico emitido pelo corpo humano ocorriam segundo as fases da Lua e, mais ainda (coerente com a doutrina astrológica de que a Lua está relacionada com as doenças mentais, donde a palavra lunático), que nos pacientes psicóticos tais mudanças eram nitidamente mais agudas do que nas pessoas mentalmente sadias.

Mais recentemente o economista norte-americano L. Peter Cogan procurou averiguar em que medida os ciclos de pessimismo e otimismo dos investidores, com reflexos nítidos na bolsa de valores, coincidiam com posições planetárias. Abarcando o período de 1873 a 1966, seu estudo concluiu que tais ciclos respondiam simetricamente às posições do Sol com relação a Saturno e Urano (planetas que, segundo a astrologia, regem o capitalismo). Os ciclos de pessimismo correspondiam às relações de 180 e 90 graus (ângulos “maléficos”, segundo a tradição astrológica).

“Bem-aventurado aquele que pode ler no céu estrelado”

Ao lado disso, o médico holandês Nicholas Kollerstrom, pesquisador do Medical Research Hospital de Londres, refazendo uma experiência do filósofo Rudolf Steiner, demonstrou que certas reações químicas com tons metálicos têm seu resultado alterado quando realizadas sob determinadas conjunções planetárias. Kollerstrom observa que os planetas que tiveram o poder de alterar essas reações foram precisamente aqueles que, segundo a tradição astrológica, estão relacionados com os metais que, em solução, ele usou na experiência. Saturno, cujo metal tradicional é o chumbo, alterava as reações com sulfato de chumbo, e ficava indiferente às demais; a Lua, cujo metal é a prata, só mexia com o nitrato de prata; Vênus só alterava o sulfato de cobre, já que seu metal é o cobre; e Marte, que rege o ferro, alterava as reações de sulfato de ferro.

Paralelamente, médicos e biólogos de todo o mundo vêm estudando, até sob o patrocínio da Unesco, as relações entre os ciclos planetários e os ritmos biológicos e emocionais humanos, sob o nome de biometeorologia ou de biopsicometeorologia.

Diante da convergência de tantos caminhos em direção a um fenômeno que há algumas décadas era negado em bloco, os entusiastas da conexão entre homens e astros exultam de alegrias e esperanças. Mas o que importa não é isso, e sim estudar esse fenômeno, aprender a contempla-lo e a compreendê-lo. Épocas inteiras o ignoraram. Kant e sua época viam acima de si o céu estrelado e dentro de si a lei moral. Viam um universo dividido, onde a necessidade interior do homem, a lei moral, não tinha nenhuma relação com a realidade objetiva. Até muito recentemente foi assim.

Assim no inicio do século XX, entre os horrores da Grande Guerra, o pensador materialista Georg Lukacs dizia: “Bem-aventuradas as épocas que podem ter no céu estrelado o mapa dos caminhos que lhe estão abertos! Bem-aventuradas as épocas cujos caminhos são iluminados pela luz das estrelas! Para elas, tudo é novo, e entretanto familiar! Tudo é aventura, e tudo lhe pertence, pois o fogo que arde em suas almas é da mesma natureza das estrelas”. Ao redescobrir a pista das relações entre o cosmo e o Homem, nossa época recomeça a ver, depois de uma longa escuridão, a lei moral no céu estrelado e as estrelas no coração do Homem.

Texto de O. de Carvalho

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/estudos-sobre-astrologia

Santo Daime e Ayahuasca

Por Acid Zero.

Antes de mais nada, “Santo Daime” é o nome de uma doutrina da linha do Mestre Irineu que, segundo eles, faz “uso ritual das plantas expansoras de consciências dentro de um contexto apropriado”. Foi a doutrina que se tornou mais popular no Brasil, e por isso a bebida que eles fazem uso (Ayahuasca), rebatizada por eles de Santo Daime, acabou se tornando sinônimo de Ayahuasca para a maioria leiga (eu incluso), assim como Gillette se tornou sinônimo de lâmina de barbear. Mas chamar a bebida de “Santo Daime” dentro de outras doutrinas que fazem uso da Ayahuasca é como visitar a fábrica da Assolan e chamar de Bombril as esponjas de aço deles… Entretanto, o título do post continua, por uma questão de melhor identificação pra quem busca informações.

INTRODUÇÃO

Certa vez fui convidado a assistir a uma palestra da União do Vegetal (UDV), para escolher se tomaria ou não a Ayahuasca. Foi uma explanação interessante, onde era dito que o chá não criava dependência, não era droga, buscava a evolução espiritual, e tal… Saí de lá confuso, afinal, qualquer coisa que eu tome para deliberadamente alterar minha consciência pra mim é droga. Seja um sonífero, aspirina ou cocaína, estarei brincando perigosamente com meu cérebro.

Resolvi decidir só após consultar Oráculo. Ela não disse pra eu ir ou não ir, mas foi taxativa: aquilo é droga, assim como maconha. Falou pra eu estudar sobre os princípios ativos, e que a maioria das experiências que as pessoas têm lá são alucinações.

Acabei não indo, afinal não tenho a MENOR curiosidade em experimentar drogas alucinógenas. Alguns parentes foram, tiveram experiências boas, outras ruins, e logo deixaram de freqüentar. Pra mim não é através de experiências alucinógenas que uma pessoa alcança a iluminação. Jesus, pelo que se sabe, não usou drogas (e muito menos recomendou-as). Buda também não. Gandhi e Sócrates também não… Ao contrário, participaram ativamente de sua REALIDADE, procurando modificá-la através do Amor, do bom-senso, da responsabilidade para com o mundo e com as pessoas, e principalmente das AÇÕES.

A BEBIDA

A Ayahuasca (Vegetal, Uasca ou Santo Daime) é uma mistura de duas plantas (Cipó Mariri e Chacrona) que, após cozidas, resultam num chá de gosto amargo e alucinógeno, que normalmente evoca visões e imagens religiosas (a chamada “miração”), costumando por vezes provocar vômitos ou diarréia em quem toma (por isso os locais onde a beberagem é consumida são equipados de algum tipo de “vomitório”, e recomenda-se comer pouco nos 3 dias anteriores).

O RITUAL

O Santo Daime preserva o caráter sagrado da festa e da dança, oriundo do catolicismo popular. Convivem no seu panteão mítico Deus, Jesus, a Virgem Maria, os santos católicos, entidades originárias do universo afro-brasileiro e seres da natureza. Também são louvadas as figuras do Mestre Irineu, identificado com Jesus Cristo, e do Padrinho Sebastião, “encarnação de São João Batista” — de onde são derivadas algumas concepções messiânicas e apocalípticas. Do espiritismo kardecista são reelaboradas noções como as de karma e reencarnação. Os indivíduos possuem dentro de si elementos de uma “memória divina”; ao mesmo tempo, podem, através do próprio comportamento, alterar seu karma, “evoluindo espiritualmente” em direção a sua “salvação”. Em consonância com os sistemas xamânicos, verifica-se a existência de uma “guerra mística” entre os homens e os seres espirituais. Os daimistas são concebidos como os “soldados do Exército de Juramidam”, empenhados numa “batalha astral para doutrinar os espíritos sem luz”. Todo o ritual está permeado por um espírito militar com ênfase na ordem, na disciplina.

Na união do Vegetal (UDV) a cerimônia costuma ter a duração de quatro horas e são dirigidas ou pelo Mestre ou por quem tenha ele designado. A presença do Mestre ou do seu delegado é imprescindível para garantir a necessária concentração e o alto nível do ritual. Após terem bebido a Oaska, os participantes da sessão permanecem sentados até o fim da cerimônia. O Mestre faz então as “chamadas” (cantos iniciáticos) de abertura e inicia a doutrinação espiritual, na qual se pode intercalar alguma peça musical, para criar um clima propício a ter boas “mirações”. Nessa ocasião os discípulos têm a oportunidade de ouvir aquilo que eles mais precisam de ouvir, pois o Mestre atua como canal de ligação com a “Força Superior”, da qual provêm todos os ensinamentos espirituais. Encerrada a doutrinação, os participantes têm a oportunidade de se expressar e fazer perguntas ao Mestre. Chegada a hora de encerramento, o Mestre entoa as “chamadas” finais e dá por finda a sessão.

Já no Daime eles acrescentam a isso trabalhos espirituais de concentração (com períodos de meditação) ou bailado (execução de uma coreografia simples), podendo chegar a produzir um verdadeiro êxtase coletivo. Há também trabalhos de missa (para os mortos) e rituais de fardamento (momento em que o indivíduo adere oficialmente ao grupo, passando a usar suas vestimentas). Recentemente, vem ganhando força alguns ritos onde ocorre incorporação de espíritos, produto das influências crescentes da umbanda nesta instituição.

OS EFEITOS

O efeito alucinógeno do chá, embalado pelo ritual e egrégora do local, produzem as “mirações”, imagens contempladas durante a “burracheira” (efeito da bebida) que podem se manifestar de formas variadas: ora são duradouras, ora fugazes; ora nítidas, ora dotadas de tênues contornos; ora de aparência assustadora, ora de grande beleza. Muitas vezes as mirações revelam fatos do passado, às vezes de um passado anterior à atual encarnação. E, segundo eles, até mesmo o futuro pode ser revelado. Na verdade, as mirações constituem recursos de ilustração utilizados pela burracheira para revelar ensinamentos e o estado de espírito de cada um. Em todas é possível encontrar um significado; todas pedem uma decifração. Mas a forma pela qual elas revelam seus conteúdos é também extremamente variável: às vezes são bastante claras e diretas; outras vezes são enigmáticas e oraculares. Por este motivo, os discípulos podem precisar do auxílio do Mestre para conseguir compreender o seu significado.

Algumas vezes pode ocorrer, associada a limpeza (vômitos), uma experiência de intenso sofrimento, que os daimistas chamam de “peia”, ou “surra do Daime”. A peia está associada também a outros processos fisiológicos incômodos ou aparece, ainda, sob forma de pensamentos ou sensações. Apesar de extremamente desagradável — incluindo visões aterradoras de monstros, vermes, trevas, sensação de morte ou medo intenso, enfim, toda classe de tormentos conhecidos ou não — a peia produziria efeitos benéficos, didáticos e transformadores.

Os defensores da planta dizem que ela provoca uma limpeza física ou energética do canal ou instrumento que a usa, “pois luz não habita em templo sujo”. Então, se você estiver com problemas, numa baixa vibração, ou tiver ingerido carne ou comida pesada, vai vomitar copiosamente, ter diarréia de se acabar, ficar enjoado, etc. Só que qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento de biologia sabe porque o organismo expulsa e rejeita certas substâncias estranhas, quando ingeridas…

Existem denúncias de que o uso deste chá faz mal, a longo prazo, tendo como um dos efeitos adversos o eventual retorno da “miração” nas horas mais inadequadas, e os mais puristas até alegam que o chá apresenta riscos para a tela búdica dos usuários, ou seja, poderia fazer mal até nas próximas encarnações. Nada disso, entretanto, está confirmado, assim como não se dispõe de estudos científicos sobre os efeitos à longo prazo da ingestão do Daime.

O chá contém dois alcalóides potentes: a harmalina, no cipó, e a dimetiltriptamina (DMT), que vem da chacrona. O DMT é uma substância controlada e foi proscrita para uso humano pelo Escritório Internacional de Controle de Narcóticos, órgão da ONU encarregado de estudar substâncias químicas e aconselhar os países membros quanto à sua regulamentação. O governo dos EUA afirma que seu uso é perigoso mesmo sob supervisão médica, e seu uso é proibido em países que possuem legislação anti-drogas, mas recentemente os EUA liberaram o uso APENAS para uma pequena seita brasileira em território americano, enquanto no Brasil ele é liberado para uso religioso. Advogados da União do Vegetal (UDV) dizem que especialistas atestaram que o chá é inofensivo, mas o CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) em seu parecer não fala nada sobre ser inofensivo, e libera apenas seu uso terapêutico, em caráter experimental, e que o “controle administrativo e social do uso religioso da ayahuasca somente poderá se estruturar, adequadamente, com o concurso do saber detido pelos grupos de usuários”. Lembrando que o LSD também já foi permitido legalmente, e que no Canadá a maconha é liberada para uso terapêutico também… o problema não são as drogas, mas o uso que se faz delas…

No site do IPPB, vemos no artigo do Dr. Luiz Otávio Zahar que explica que “a DMT (dimetiltriptamina) é naturalmente excretada pela glândula pineal, e que desempenha um papel no processo de sonhar e possivelmente nas experiências próximas à morte e em outros estados místicos. A mistura das duas plantas potencializa a ação das substâncias ativas, pois o DMT é oxidado pela enzima Monoaminoxidase (MAO), a qual está inibida pela harmina, acarretando um aumento nos níveis de serotonina, o que causa impulsão motora para o sistema límbico no sentido de aumentar a sensação de bem-estar do indivíduo, criando condições de felicidade, contentamento, bom apetite, impulso sexual, equilíbrio psicomotor e alucinações.”

Ou seja, você está ingerindo uma dose cavalar de uma substância que deveria ser naturalmente produzida pelo corpo, afetando uma parte importantíssima como o cérebro.

Lázaro Freire, da lista exotérica Voadores, explica o processo:
Há uma aceleração vibracional desordenada, onde cada chakra entra num estado vibracional de freqüência diferente. Não sei se isso é bom ou mal, se vale a pena ou não (essa resposta depende de cada um, e do que conseguirá com o processo), mas me parece um método estranho que, alterando as freqüências vibracionais / conscienciais das (áreas) corpóreas e cerebrais, só pode mesmo levar a uma saída (expulsão) do corpo físico. Além do mais, encontrei exatamente o que imaginava encontrar, do lado de lá; com detalhes de controle, e influências tanto projetivas reais quanto oníricas aceleradas pelo uso do FORTÍSSIMO alucinógeno.

A ORIGEM

A ingestão ritual de Ayahuasca por parcelas da população urbana inicia-se no Brasil, na década de 30, em Rio Branco, Acre, com o culto ao Santo Daime, sistematizado por Raimundo Irineu Serra, que atribuiu à Ayahuasca a denominação “Santo Daime” e fundou o “Centro de Iluminação Cristã Luz Universal – CICLU Alto Santo”. No final da década de 60, em Porto Velho, Rondônia, José Gabriel da Costa organizou outro grupo ayahuasquero, denominando-o “União do Vegetal” (UDV), visto que nele a Ayahuasca é chamada de “Vegetal”. O processo de divergências e de desdobramentos dos núcleos originais propiciaram a expansão das religiões ayahuasqueras por grande parte do território nacional e mesmo pelo exterior.

As religiões ayahuasqueras estão atualmente divididas em três “linhas”:
Uma, a do Mestre Irineu, fundador da seita. Não admitem incorporação, praticando estritamente o xamanismo, e não aderem e nem mesmo toleram o uso de outros psicoativos que não a Ayahuasca.
Outra, do Mestre Gabriel (União do Vegetal).
Outra ainda, a do Padrinho Sebastião Mota, do CEFLURIS (dissidência do CICLU). Esse grupo atraiu acadêmicos, jornalistas, artistas, estudantes e diferentes categorias de profissionais liberais empenhados em torná-lo objeto de estudo, notícia ou modo de vida. Algumas conseqüências decorreram dessa aliança, entre elas a adoção (não endossada pelo CEFLURIS) de muitos dos costumes e crenças dos jovens urbanos, a exemplo do controvertido uso “ritual” da Cannabis sativa (Maconha, que é chamada por esses usuários de “Santa Maria”) e Cocaína (conhecida por “Santa Clara”). Emiliano Dias Linhares, conhecido como “Gideon Lakota” (do CICLU), fez denúncias graves contra o CEFLURIS neste vídeo, em que acusa a seita de ser ponto de distribuição de drogas ilícitas.

Entretanto, é enorme o número de depoimentos de pessoas que faziam uso de álcool e drogas pesadas, foram atraídas a um desses grupos e ficaram curadas. Mas não sabemos o número de pessoas que continuam dependentes, por isso fica aqui o alerta aos pais: se seu filho(a) enveredar em qualquer um desses grupos, procure ir com ele, mesmo que não beba o chá. Procure conhecer as práticas, e principalmente os freqüentadores destes locais. Um grupo que se reúne regularmente pra tomar alucinógenos, mesmo que em uso ritual e por motivos nobres, por melhor que seja a orientação espiritual da casa, pode acabar atraindo pessoas interessadas APENAS na bebida e seus efeitos, sem nenhum comprometimento espiritual nem interesse em desenvolver-se no autoconhecimento. Pra ilustrar o que estou falando, entre no Orkut e digite “Ayahuasca”. A primeira comunidade que aparece, com o maior número de pessoas, é “Ayahuasca sem dogmas” que, pelas opiniões expostas, procura deslocar a bebida de seu contexto religioso (o que agride frontalmente a liberação do CONAD, baseada no relatório final do GMT), com pessoas oferecendo o chá a quem quiser. O problema não é a doutrina, são as pessoas que se acercam da doutrina com interesses outros, SEM PREPARO, SEM SUPERVISÃO, verdadeiros irresponsáveis que podem acabar influenciando pessoas para o uso de drogas mais pesadas. Tanto isso é verdade que, mesmo na linha de Irineu, que é rígida e não permite quaisquer outras drogas, soube-se que já teve membros presos no exterior por tráfico de drogas.

Lázaro explica os perigos:

No contexto xamânico de vários povos as ervas são usadas em eventos com conotação espiritual, visando uma determinada iniciação dentro daquele nível. Já no contexto urbano, pode ser usado como fuga da realidade. Conheço vários casos assim: as pessoas usavam porque não aguentavam conviver com um nível de realidade duro como a vida física na Terra. A substância acelera o acesso ao inconsciente, com tudo de bom ou de doentio que estiver ali. Pode ser interessante para alguns, sagrado para outros. Mas como tudo que tira a consciência do normal, e/ou altera abruptamente os estados cerebrais, tem seus preços. Neurológicos e, principalmente, psicológicos.
A mente tende sempre à compensação. O uso excessivo de Prozac, por exemplo, leva a pessoa à depressão. Café demais excita, e quando passa o efeito você se sente cansado. Cocaína deixa a pessoa entusiasmada, mas a compensação disso a faz insegura quando não usa a substância. TUDO na mente humana é assim, e o preço do acesso “espiritual” do daime é CARÍSSIMO, em termos psicológicos posteriores. A não ser, claro, que a pessoa tome mais, para ter de novo o acesso e miração, e assim sucessivamente. Dependência psicológica. E depois, sem o “espiritual” miraculoso, a vida “comum” passa a ser mais e mais vulgar. E começa tudo outra vez. Com o agravante de que até mesmo as formas de contato espiritual parecerão fúteis, afinal, como comparar com o barato do Daime? Então, essa é uma droga que rouba do dependente até mesmo o seu direito à conexão espiritual…

#ayahuasca #santodaime

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/santo-daime-e-ayahuasca

RPGQuest – Diário de Produção – 01

mapa-rpgquest

Muita gente tem pedido para acompanhar o dia-a-dia da criação e desenvolvimento do Boardgame RPGQuest. A proposta é colocar nesta sessão as decisões que tomamos ao longo do processo, para que vocês possam entender melhor o complicado processo de transformar uma idéia em algo real.

A primeira dica que eu posso dar a alguém que queira publicar um Boardgame é “Escreva sobre o que você conhece”. Não adianta querer criar um RPG ou jogo de tabuleiro sobre algum tema porque é modinha ou porque você acha que vai dar dinheiro ou porque todo mundo está falando sobre um assunto X. Um boardgame bem sucedido nasce no coração do designer, antes de passar pelo cérebro e pelas matemática das regras até se materializar. Quem já acompanha meus textos sabe o quanto sou apaixonado por alquimia, hermetismo e RPG. Um Boardgame meu teria, obviamente, de envolver estes assuntos!

Desde 2006 tínhamos a idéia de lançar um jogo de tabuleiro. Quando o Hero Quest deixou de ser fabricado, o mercado de tabuleiros ficou sem uma excelente porta de entrada para os RPGs. Na época, eu e meu sócio, Norson Botrel, pensamos em um jogo que fosse um RPG simplificado, fácil e gostoso de ser jogado, sem muitas regras e preocupações, de modo que pudesse ser utilizado como módulo básico para iniciantes, barato e acessível. Nos juntamos ao Ronaldo barata e bolamos a essência do RPGQuest. Um Dungeon-Crawler (tipo de jogo no qual os jogadores controlam heróis que se aventuram por masmorras e labirintos, matando monstros e recolhendo tesouros) que tivesse características de um RPG simples.

Lançado na Bienal do Livro de 2006, o jogo vendeu mais de 20 mil cópias e teve 5 volumes publicados (Masmorras, Mitologia Grega, Templários, Oriental China e Oriental Reinos de Jade), um Módulo Básico e um Livro de Monstros. O jogo acabou se tornando um sucesso também entre os professores que acompanhavam as hordas de alunos do primeiro grau no evento. Uma aventura que poderia ser usada para praticar matemática, redação e desafios lógicos enquanto as crianças se divertiam.

RPGQuest vendeu até 2010, quando as regras de distribuição em bancas de jornal foram radicalmente afetadas e muitas editoras fecharam as portas, levando inclusive ao fim da Dragão Brasil. o RPG de Mesa nunca mais foi o mesmo e as crianças debandaram para os videogames e jogos eletrônicos. Os jogadores de RPG de antigamente cresceram, se formaram, arrumaram emprego, família e a imensa maioria nunca mais conseguiu jogar uma Campanha de Fantasia Medieval. Mas a chama da Aventura em nossos corações nunca se apagou…

Por volta de 2013, tivemos um boom no mercado de Boardgames. Jogos de tabuleiro melhores e mais inteligentes do que WAR ou Banco imobiliário começaram a ser vendidos dentro do Mercado Nerd. Muita gente que jogava RPG quando criança/adolescente viu nos Boardgames uma chance de retornar ao lúdico e ao prazer de rolar os dados mais uma vez. No final de 2014, as pessoas começaram a pedir a volta do RPGQuest, desta vez como Boardgame.

Pois bem. Já tinhamos o conjunto de regras montado e testado exaustivamente durante mais de 4 anos, o que nos ajudaria bastante, pois um dos tópicos mais delicados em game-design é justamente o balanceamento das regras e estratégias de jogo. Poderíamos nos focar no design do jogo em si. Como converter um livro de recortar em um tabuleiro com peças?

O Tabuleiro

Uma das coisas que eu tinha decidido logo no começo é que o Boardgame teria uma relação direta com o Hermetismo. Em 2014 eu estava no final de um trabalho de quase 6 anos sobre Kabbalah Hermética e sabia que era perfeitamente possível adaptar o contexto da Árvore da Vida para cenários (Alan Moore fez isso em sua HQ Promethea) e adaptar as Esferas da Árvore da Vida para o tabuleiro seria obrigatório.

Desta maneira, pensamos originalmente em 11 Reinos, representando cada um uma Esfera da Árvore da Vida. Kether estaria representado por seus Jardins magníficos, Hochma pelo vulcão, Binah pelas Montanhas, Chesed pelas florestas, Geburah pelo deserto e assim por diante. Cada Reino refletindo os aspectos de cada Esfera que representasse.

Um charme a mais que nenhum outro jogo de tabuleiro teria. Para quem não conhece Hermetismo, seriam apenas Reinos com características próprias, mas para quem já está familiarizado com os termos, seria algo sensacional!

Outra coisa que pensei foi no tabuleiro. Um Mapa estilizado transformando a Árvore da Vida em um Mapa de um Continente seria bacana, mas achei que seria mais interessante fazer um mapa que pudesse ser SEMPRE DIFERENTE a cada partida, para que cada Campanha fosse sempre algo inédito e apresentasse novos desafios a cada Aventura.

Procuramos por Mapas que se encaixassem entre jogos que já existiam e chegamos a algumas possibilidades interessantes. Catan possuía hexas individuais, Mage Knight possui conjuntos de 7 hexas unidos; Mighty Empires trazia conjuntos de hexas representando mapas maiores e finalmente Magic Realms trazia hexas únicos representando partes próximas de um reino.

Acabei optando por uma solução diferente e original. Tiles formados por 19 Hexas (o formato de um tabuleiro completo de Catan) mas menores e encaixados de maneira a formar Regiões maiores (Kether, Hochma, Binah…), como as dos Mapas de RPG que estávamos acostumados na infância. Assim, na escala que eu queria, um hexa poderia representar algumas horas de viagem a cavalo (cada 5-6 Hexas representando um dia de viagem dos Heróis, o que representaria aprox. 10km por hexa). Chegamos assim a um modelo que seria grande, mas não tão grande; o suficiente para representar uma região do tamanho da Europa, por exemplo…

A vantagem principal é que a combinação de cada conjunto de Reinos seria praticamente infinita, pois cada Reino pode ser encaixado de 6 maneiras diferentes (girando o tile). Tendo como base 11 Reinos, chegamos ao número insano de 14 quatrilhões de combinações de mapas diferentes!

Isso garante que praticamente cada partida de RPGQuest será única.

Sobre esta geografia, colocaremos Castelos, Vilas, Mercados, Guildas, Torres de Magos, Templos, Cemitérios, Árvore Élfica, Acampamento dos Orcs e outros locais de interesse, que descreverei melhor em textos futuros. Para que realmente cada partida tenha um sabor único, faremos com que estas localidades especiais sejam sorteadas no mapa a cada partida!

Já temos o Mapa onde as Aventuras acontecerão. No próximo capítulo, falaremos mais sobre os Heróis e sobre as Regras.

#boardgames #Kabbalah #RPG

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/rpgquest-di%C3%A1rio-de-produ%C3%A7%C3%A3o-01