Mediunidade & Estados Alterados de Consciência na Prática Mágica – Com Leonardo Martins

Bate-Papo Mayhem 270 – Com Leonardo Martins – Mediunidade & Estados Alterados de Consciência na Prática Mágica

O vídeo desta conversa está disponível em: https://youtu.be/yxJoTU1MKfA

Bate Papo Mayhem é um projeto extra desbloqueado nas Metas do Projeto Mayhem.

Todas as 3as, 5as e Sabados as 21h os coordenadores do Projeto Mayhem batem papo com algum convidado sobre Temas escolhidos pelos membros, que participam ao vivo da conversa, podendo fazer perguntas e colocações. Os vídeos ficam disponíveis para os membros e são liberados para o público em geral duas vezes por semana, às segundas e quintas feiras e os áudios são editados na forma de podcast e liberados uma vez por semana.

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/mediunidade-estados-alterados-de-consci%C3%AAncia-na-pr%C3%A1tica-m%C3%A1gica-com-leonardo-martins

Pequeno ensaio sobre o ego

“O ego é o pior inimigo do Eu, mas o Eu é o melhor amigo do ego… O ego é um péssimo senhor, mas é um ótimo servidor.”

– Senhor Krsna

O Ego é a mascara que usamos para interagir com o mundo, a essência necessita de um veículo para manifestação, assim como a alma habita a corpo, sendo seu veículo de interação na matéria.

Podemos ser negligentes com o corpo, e permitir que as necessidades dele ditem nossos comportamentos, podemos ser negligentes com o ego e passar a agir com base nas necessidades do mesmo. Se não destruímos nosso corpo por não corresponder as nossas expectivas e sim o transformamos, porque não fazer o mesmo com o ego ?

O ego deve ser um passageiro, conduzido pela essência no veículo da manifestação.

O que pode acontecer é que a essência por ser paciente e compreensiva, permite que o ego fique ditando os caminhos palpitando, gritando com as pessoas do lado de fora do carro, ele é quem interage, mas não deveria conduzir.

Um dos problemas do ego é que por ser máscara ele dificilmente é verdadeiro, e em não sendo verdadeiro carece de coerência, impossibilitando que ele realize um bom trabalho por si só. Ele não pode cumprir seu papel com eficiência pois não sabe QUAL é seu papel, nunca estara satisfeito, enquanto for senhor.

Ele não sabe o que quer, e quando sabe isso logo muda, seu instinto primário é sobrevivência, tem medo de perder o posto, para ele perder o posto é morrer. Qualquer agressão, existente ou imaginária sofrida por ele põe em risco sua autoridade, pois sua autoridade não é natural, não foi conquistada e sim usurpada de uma consciência sonolenta, desatenta e incoerente. O ego sofre de uma enorme síndrome do pequeno poder.

Por isso o ego é irresponsável, é uma corrente de forças que se transforma a cada minuto, buscando o controle, brigando consigo mesmo, tentando desesperadamente sobreviver, lutando contra inimigos invisíveis e ameaças inexistentes.

“Coitado do ego, só faz o que lhe permitem fazer, é deixado sem amparo, sem ajuda e sem direção. Depois de anos sendo criado sem nenhum controle colocam nele toda a culpa e querem mata-lo. E ainda acham ruim quando ele não se entrega sem luta.”

Uma das formas de colocar a essência de volta no volante e fazer o ego trabalhar por você é transformá-lo de senhor em servidor. Ao invés de berrar a direção para o condutor, ganhando no grito, ele deve passar a obedecer, usando a metáfora do carona, estamos nessa estrada da vida e muitas vezes podemos nos perder, o ego deve então a pedido da essência, pedir orientações para alguém que possa ajudá-los alguém que já passou por aquele caminho, a essência é quem determina se aquela informação é boa ou ruim, afinal ela sabe para onde quer ir. O ego pode ir ajudar indo até a loja de conveniência. comprando mantimentos para a viagem, pode checar as condições do veículo, sempre sob a supervisão atenta e zelosa da essência.

Como isso funciona na prática ? Muito Simples, mas não muito fácil.

Escolha um período de tempo curto, seja humilde, algo em torno de 5-10 minutos, menos se for necessário. Experimente nesse ínterim tornar-se um servo. Entenda isso como uma expressão da essência, coloque-se numa posição de subserviência ao mundo, faça o que lhe for pedido, sem questionar, sem reclamar, sem refutar, faça da melhor forma possível dentro de suas hablidades. Voce estará desativando por alguns minutos a função reativa do ego, que é infinitamente mais rápida, em nosso estágio de consciência, do que as faculdades superiores.

Porque ser servo ? Porque os reis são servos de seus súditos, os santos são servos de todos os homens e o messias é um servo do Kosmos.

Servindo ao outro você abre um canal para seu ego servir a sua essência, é um treinamento pesado, como um exercício do BOPE, que vai permitir que vocÊ sirva a si mesmo sem tanta resistência. Quem está trabalhando é o ego, esse é um treinamento de adequação, ele descobre que servir ao próximo não o faz deixar de existir, simplesmente se adequar a uma nova situação e a essência vai encontrar um carona muito mais eficiente para levar ambos ao vosso destino.

É dificil a princípio servir de coração, mas quando assim o for será muita mais fácil e prazeroso.

Por fim se você servir bem e servir sempre e servir de coração, as tarefas que lhe forem passadas irão se transformar. Até que o prórpio D´us se manifeste através de seus atos, pois você se tornou o veículo da presença no mundo.

Mas comece com 5 minutos.

Chay !

#hermetismo #MagiaPrática

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Ad infinitum, 10 anos

Quatro personagens. Um diálogo sobre o Uno: o infinito da existência, o universo, a evolução das espécies na Terra, religião, ciência, filosofia, fé e ceticismo. Saiu a edição comemorativa de 10 anos do lançamento da obra filosófica mais relevante de Rafael Arrais.
Um e-book já disponível para o Amazon Kindle, e também na versão impressa:

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Já havia comprado o e-book? Veja na imagem abaixo como fazer para atualizar a versão na sua coleção digital na Amazon:

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» Conheça a simbologia do Ouroboros e da Árvore da Vida (capa do livro)

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ad-infinitum-10-anos

Sexo e a Morte

Ao contrário do que uma análise superficial possa dar a entender, muitas são as relações entre o sexo e a morte. Para começar, na história da vida, eles nasceram praticamente juntos: até 1 bilhão de anos atrás, só existia vida na Terra na forma de organismos unicelulares, o que vale dizer, não existia sexo nem morte, pois um organismo unicelular se reproduz sem necessidade de uma cópula, apenas dividindo-se em dois, e ao fazê-lo, ele “morre” como indivíduo, e as duas células em que se dividiu constituem sua descendência.

Parece prático, mas atravanca a evolução, que, como se sabe, depende da rápida transmissão aos descendentes das mutações “boas”, assim consideradas por significarem adaptações evolutivas. É do interesse da espécie, portanto, que a linhagem dos portadores das adaptações evolutivas prospere o quanto antes. Mas como cada célula dá origem uma linhagem única e específica, cada uma delas é como uma gota no oceano. Até que os portadores das mutações “boas” se tornem majoritários, decorrerá um tempo imenso.

Foi então que surgiu o sexo e a morte. Agora, para haver reprodução, não basta que cada organismo faça cópias de si mesmo, ad infinitum. É necessário haver, não uma cópia, mas uma combinação, e é justamente isto o que oferece a reprodução sexuada. A cada cópula bem-sucedida, embaralham-se novamente os genes, produzindo uma variedade de resultados. Tal como no pôquer, teremos jogos bons e maus. Um único exemplar masculino, oriundo de um jogo “bom”, pode transmitir suas boas cartas a uma variedade de fêmeas, dando origem, não a uma única, mas a várias linhagens. E depois? Bom, aí que entra a morte. É do interesse da espécie que as gerações novas, por serem portadoras das adaptações evolutivas, tornem-se majoritárias o quanto antes. Mas se os exemplares das gerações antigas, ainda mal adaptadas, tiverem um tempo de vida demasiado longo, eles passarão a fazer concorrência aos jovens, retardando-os em seu percurso. É necessário que os velhos desapareçam – e é para isto que há a morte [1].

Na verdade, o que a visão estritamente materialista nos traz – no sentido de tratar apenas da evolução física das espécies – é esta lição ancestral de que, sem sexo e sem morte, não haveria tamanha evolução de seres tão complexos quanto praticamente qualquer animal que vemos a olho nu, e inclusive o próprio homo sapiens. Em suma, para a natureza, o sexo e a morte se complementam, o primeiro atuando como agente potencializador da evolução, o último atuando como agente renovador.

Mas eis que surge a consciência e com ela tantas e tantas perguntas sem resposta. Se somos a forma do Cosmos conhecer a si mesmo, por vezes tememos que nada em todo Cosmos fosse capaz de aplacar nossa angústia perante a existência… Por isso não é de surpreender que tenha surgido nossa distinta visão espiritual do mundo, evento talvez exclusivo do homo sapiens, o que o destaca definitivamente de todos os outros seres terrestres na árvore da vida.

No ato do sexo profundo, realizado não somente com o corpo, mas também com alma, há um momento de êxtase onde a consciência é subitamente alterada, em muitos casos perdida ou esquecida… Nas tradições espiritualistas do Oriente, o sexo profundo é também chamado de pequena morte. Existe uma relação interessante entre ambos, a nível de processo de consciência e não apenas físico e material: ambos são uma espécie de encontro – no sexo encontramos o amor presente em outro ser afim; na morte, encontramos o amor presente no eterno renovar da vida. Pois que seria a vida, afinal, que não um supremo ato de amor, de criação? E o que seriam o sexo e a morte, senão os mecanismos pelos quais a vida segue o seu rumo?

Mas há que se ter uma visão equilibrada entre tais polos aparentemente opostos, para se conquistar um conhecimento abrangente em relação a existência, uma distinta paz de espírito própria dos sábios de outrora, das mais diversas tradições espiritualistas, que souberam tratar o sexo e a morte como dois lados da mesma moeda, como componentes sagrados da própria vida…

Sem tal equilíbrio, a sociedade se vê envolta em uma “esquizofrenia do politicamente correto”. Desde o advento do cristianismo até poucas décadas atrás, o Ocidente – e este é só um exemplo, pois os polos se alternam – passou por um longo período de aversão a exposição pública do sexo. Tal qual bonobos arrependidos, os homens e mulheres certamente continuaram a fazer sexo, e bastante, mas precisavam ocultá-lo da sociedade, e por vezes confessá-lo, em extrema vergonha, ao deus do confessionário. Interessante de se notar, entretanto, que nessa época a morte não era algo abominável – pelo contrário, era bastante comum a família toda, inclusive as crianças, se reunirem em torno de um parente moribundo, em sua própria casa, em sua própria cama, para se despedirem. O sexo era sujo, mas a morte era a promessa de purificação na vida eterna.

Após tanta supressão do sexo, a polaridade havia de se inverter. Então veio o pós-modernismo, o rock and roll e a revolução sexual do Ocidente. Desta feita, o sexo e o prazer eram exaltados e cada vez mais expostos a toda a sociedade – não importa se alguns não estavam tão interessados, era a época do advento da mídia de massa. E todos precisavam ver os exuberantes corpos nus de homo sapiens, a se admirar e se roçar tal qual bonobos ferozes: todos precisavam experimentar. Ser virgem era subitamente o mais novo pecado!

Mas, se o sexo era agora algo tão belo e prazeroso, a morte por sua vez tornara-se medonha e obscura. Até mesmo o envelhecimento haveria de ser mascarado. Era preferível morrer jovem, por alguma overdose sensorial, do que sequer imaginar habitarmos um corpo envelhecido e decrépito. E eis que a própria morte em si deveria ser algo disfarçado, “resolvido” e esquecido o quanto antes. Não se trazia mais os moribundos para morrerem em casa, mas os mantinham até onde fosse possível nos hospitais. As CTIs se tornaram o purgatório, e a cerimônia do velório um ritual macabro, do qual todos haviam de comparecer com certo asco, e fugir o mais breve possível, e daí esquecer…

Então, como diria o Dalai Lama, passamos a viver como se jamais fossemos morrer, e a morrer como se não tivéssemos vivido. Que nessa anestesia mental, ora ignoramos o sexo, ora ignoramos a morte. Mas nada parece ter resolvido nossa angústia: nem a espiritualidade superficial das religiões de barganha, nem a ciência superficial do modernismo tecnológico que pretende que seres sejam máquinas. Que não é pelo pagamento de orações, pelo recitar repetitivo de dogmas esquecidos, ou pela insistência em reconstruir nosso corpo, na esperança que pareça “eternamente jovem”, que encontraremos a solução.

A solução está tão somente em pensar, em abrir os olhos e ver, e assim melhor viver… E vivendo, conhecer a si próprio, o próprio corpo e cada uma de suas rugas, a própria mente e cada um de seus medos, o próprio espírito e cada uma de suas sombras. E quem sabe nalgum dia compreender, como os sábios de outrora, e de hoje, que desde épocas imemoriais, desde muito antes do despertar de nossa consciência, tudo já era assim: não existe propriamente nem o sexo nem a morte, mas antes de tudo, apenas o amor a gerar esse oceano de vida, em constante renovação.

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[1] Boa parte dos três primeiros parágrafos foi retirada de um artigo do escritor Pedro Mundim.

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#Espiritualidade #biologia #amor #sexo #morte

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/sexo-e-a-morte

Dia do Maçom

Por Adelino Lorenzetti Neto

No dia 20 de agosto comemora-se o Dia do Maçom. Para os obreiros da arte real, trata-se de um dia muito importante, visto reforçar o comprometimento daquele que jurou respeito à Lei ao próximo e, sobretudo, ao Grande Arquiteto do Universo, criador de todas as obras. O verdadeiro maçom não defende sua causa, mas a causa de todos aqueles que visam a incansável construção do edifício social mais justo e perfeito.

Defende a justiça contra a tirania. Jamais mergulha suas mãos nas águas lodosas da corrupção. Clama, constantemente, pela prevalência do espírito sobre a matéria. Ser Maçom é ser amante da virtude, da sabedoria, da justiça e da humanidade. Ser Maçom é ser amigo dos pobres e desgraçados, dos que sofrem, dos que choram, dos que têm fome e sede de justiça; é propor como única norma de conduta o bem de todos e o seu progresso e engrandecimento. Ser Maçom é querer a harmonia das famílias, a concórdia dos povos, a paz do gênero humano. Ser Maçom é derramar por todas as partes os esplendores divinos da instrução; a educar a inteligência para o bem, conceber os mais belos ideais do direito, da moralidade e do amor; e praticá-los. Ser Maçom é levar à prática aquele formosíssimo preceito de todos os lugares e de todos os séculos, que diz, com infinita ternura aos seres humanos, indistintamente, do alto de uma cruz e com os braços abertos ao mundo: “Amai-vos uns aos outros, formai uma única família, sede todos irmãos”!

Ser Maçom é olvidar as ofensas que se nos fazem, ser bom, até mesmo para com nossos adversários e inimigos, não odiar a ninguém, praticar a virtude constantemente, pagar o mal com o bem. Ser Maçom é amar a luz e aborrecer as trevas; ser amigo da ciência e combater a ignorância, render culto à razão e à sabedoria. Ser Maçom é praticar a tolerância, exercer a caridade, sem distinção de raças, crenças ou opiniões, lutar contra a hipocrisia e o fanatismo. Ser Maçom é realizar, enfim, o sonho áureo da fraternidade universal entre os homens.

Portanto, meus amados irmãos Maçons, a história da Maçonaria Universal tem “O HOMEM COMO FONTE INESGOTÁVEL DE SABEDORIA, IMBUÍDO DA VONTADE FÉRREA DE ATINGIR OS SEUS OBJETIVOS, MESMO COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA”. E nem é preciso lembrar (ou relembrar) que dezenas — ou quiçá milhares — de irmãos nossos tiveram as suas vidas ceifadas lutando por uma causa nobre, isto é, a de difundir, de propagar, no Universo, os fundamentos da nossa notável instituição Maçônica, que se assentam nos princípios de: liberdade, fraternidade e igualdade.

Diante de tudo isso, rendo-me, de joelhos, a tantos quantos foram e têm sido os irmãos que participaram e ainda participam, direta ou indiretamente, da história da Maçonaria universal, ao tempo em reconheço sua efetiva luta, sacrifício, dissabor, incompreensão, censura dos governos déspotas e de falsos pregadores, além de outros setores retrógrados de hoje. O verdadeiro maçom tem a MAÇONARIA UNIVERSAL como instituição séria, respeitada, admirada e consagrada como uma sociedade secreta, na qual se pratica o bem sem olhar a quem; forja-se masmorras ao vício; nutre-se o ideal de melhor servir à humanidade; pratica-se filantropia na última acepção da palavra; dignifica-se o homem; inspira-se confiança aos obreiros; levanta-se templos à virtude; reúne-se em nome da democracia, da liberdade, da fraternidade e da igualdade entre todos os povos; exalta-se o nome do Grande Arquiteto do Universo – G.A.D.U., como inspiração divina e como proteção de nossos trabalhos; leva-se à compreensão de todos os homens livres e conscientes a certeza plena de que é possível se viver sem os princípios da Maçonaria, nunca sem praticar nenhum ato maçônico.

Concluo, afirmando, peremptóriamente, que ser Maçom é um estado de espírito; é viver em paz com sua consciência; é, essencialmente, praticar o bem à humanidade. Que sejamos bons e verdadeiros Maçons!

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/dia-do-ma%C3%A7om

Curso em Brasília e Cursos no Carnaval

Este é um post sobre um Curso já ministrado!

Se você chegou até aqui procurando por Cursos de Hermetismo, Kabbalah, Astrologia ou Tarot, vá para nossa página de Cursos ou conheça nossos cursos básicos!

Cursos de Fevereiro/2009

21/02 – SP – Sábado – Kabbalah.

22/02 – SP – Domingo – Astrologia Hermética.

23/02 – SP – Segunda – Tarot (Arcanos Maiores).

24/02 – SP – Terça – Chakras, Kundalini e Magia Sexual.

Uma alternativa para o Ziriguidum dos infernos que toma conta desta República de Bananas. Os interessados escrevam pro marcelo@daemon.com.br

Mais sobre a experiência dos cursos na continuação…

Queria agradecer à galera da Pendragon, que conseguiu o local, e ao pessoal que se dispôs a passar 16 horas estudando sobre coisas que até então faziam parte das suas vidas, mas que parecem estar espalhadas e desconexas… até que tudo faz sentido! Normalmente o pessoal sai com o cérebro zunindo deste curso e demora alguns meses para digerir todas as informações.

Uma vez um aluno me perguntou quanto tempo demorava para aprender toda a Kabbalah. “Algumas vidas” – respondi.

Como tudo começou…

Estou curtindo ministrar esses cursos. Antigamente eles eram abertos apenas para membros da maçonaria ou rosacruz, porque eu não tinha a menor paciência para ensinar estas coisas no método que as pessoas vêem nas “Escolas Ezotéricas” (com Z mesmo, porque nem X de “Exotérica” esse povo está merecendo hoje em dia). Conheci um pessoal de um desses centros holísticos da vida e fiz uma experiência:

ministrei um curso de tarot.

Apareceram umas vinte tias, e o curso era dividido em três meses, uma aula por semana… “tem de ser mastigado, senão o pessoal não entende” – me disse a dona do local – “É mesmo?“.

Nem preciso dizer que as tias apareciam aula sim, aula não.. e davam a impressão que, se o curso fosse de culinária ao invés de tarot, daria na mesma. Para elas, era como se fosse um passatempo.

Como eu gosto das coisas bem feitas, mandei esse esquema à merda e parei de dar aulas para profanos. Dentro das Ordens Iniciáticas, o pessoal que vai fazer estes cursos já sabe o que quer e tem a disciplina e a vontade de aprender, mesmo que não saibam NADA sobre o assunto em questão.

E assim foi durante alguns anos, até que o Eightbits me convidou para escrever a coluna no S&H e o pessoal começou a insistir para abrir estes cursos para os leitores.

Fiz a experiência em Dezembro do ano passado e devo reconhecer que têm sido muito legal. Conheci um pessoal que realmente está a fim de estudar, ler, pesquisar e ir a fundo nestes assuntos. Tanto que boa parte deles acabou se iniciando em ordens filosóficas e iniciáticas e hoje já seguem com as próprias pernas. Fico muito feliz e honrado de poder ter sido a pessoa que abriu estas portas para vocês.

Agora em 2009, com o pessoal mais adiantado, podemos abrir turmas de 72 anjos da Kabbalah, Goécia, Geometria Sagrada, Florais, I-Ching, Runas e Gematria, pois seria impossível ter grupos de estudos pegando um pessoal novato.

Justamente por isso, pensei em fazer a série com os 4 cursos que eu considero mais importantes ao estudante de Ocultismo. Eu já preparei toda a didática para quem não sabe nada a respeito destes assuntos ter as bases para estudar sozinho depois.

Kabbalah vai tratar da Árvore da Vida. A origem e a explicação de todas as escolas filosóficas e religiões, a resposta para a Vida, o Universo e tudo mais…
Astrologia Hermética já traz muitos aspectos práticos de autoconhecimento. Entender como funcionam os ciclos da natureza e como estas forças astrais podem ser utilizadas para impulsionar praticamente qualquer ação realizada no Plano Material é uma ferramenta básica de qualquer iniciado.

O Tarot é o meu oráculo favorito. Dispensa apresentações.

E por fim, Chakras, Kundalini e Magia Sexual eu considero muito importante para qualquer pessoa que já tenha alguma mediunidade, para casais que queiram estudar ocultismo juntos e para quem deseja lidar com aspectos de magia prática no futuro.

Mas já aviso antes… São cursos puxados, de 8h cada e com um volume enorme de material (mas se você prefere tudo mastigadinho, tudo bem, eu posso recomendar umas casas ezotéricas…)

#Cursos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/curso-em-bras%C3%ADlia-e-cursos-no-carnaval

Arcano 6 – Enamorados – Zain

Um homem, entre duas mulheres, é visado por uma flecha que parece pronta para ser disparada por um anjo, Cupido, à frente de um disco solar. O homem, no centro do grupo, olha para a mulher da esquerda. Ele tem cabelos louros, as pernas descobertas, e sua vestimenta é uma túnica de listas verticais, com mangas e um cinto amarelo. Vê-se apenas uma das suas mãos, a direita, à altura do cinto.

A mulher da direita, com os cabelos louros soltos sobre os ombros, tem um rosto jovem, fino. A mão esquerda está pousada sobre o peito do homem, enquanto a direita aponta para baixo, de modo que os braços estão cruzados.

A outra mulher, a da esquerda, está representada de costas, mas o rosto aparece de perfil. Tem cabelos que escapam livremente de um curioso chapéu. Dirige a mão direita para a terra e pousa a esquerda sobre o ombro do jovem.

O anjo, de cabelos louros e asas azuis, segura uma flecha branca com uma das mãos enquanto com a outra segura um arco da mesma cor.

Do disco solar surgem 24 raios pontiagudos, um dos quais é superposto pela asa do anjo.

Significados simbólicos

Sentimento. Livre arbítrio. Maioridade. Prova. Escolha.
Encadeamento, enredo, abraço, luta, antagonismo, combinação, equilíbrio.
Matrimônio, ligação, união. Integração de ambos os sexos ao poder gerador do universo.

Interpretações usuais na cartomancia

Decisão voluntária, eleição. Votos, aspirações, desejos. Exame, deliberações, responsabilidades. Afetos.
Mental: Amor pelas belas formas e pelas artes plásticas.
Emocional: Dedicação e sacrifícios.
Físico: Os desejos, o amor, o sacrifício pela pátria ou pelos ideais sociais, assim como todos os sentimentos manifestados fortemente no plano físico.

É a carta da união e do matrimônio. Representa para os consulentes de ambos os sexos, também, a infidelidade; em certos casos, a iminência de uma escolha a ser realizada.

Sentido negativo: Ruptura, separação, corte, desordem. Divórcio. Prova a ser suportada. Dúvida, falta de resolução. Tentação perigosa, risco de ser seduzido. Má conduta, libertinagem. Debilidade, falta de heroísmo. Infidelidade, maus relacionamentos, indecisão e impotência.

História e iconografia

Em vasos e quadros da época romana, encontra-se com frequência a imagem de um casal de namorados ante uma terceira pessoa ou elemento (em geral um Cupido).

O Arcano VI parece referir-se de forma alegórica a uma ideia diferente: a famosa parábola de Hércules na encruzilhada entre a Virtude e o Vicio, tal como conta Xenofonte nas suas lembranças de Sócrates. É bem provável que esta parábola – e suas variantes, como a de Luciano, o Jovem, disputado pela Arte e pela Ciência, entre as mais conhecidas – tenha sido popular na Idade Média, visto que é citada por vários autores dessa época (Cícero, no Tratado dos Deveres; São Basílio, no seu Discurso aos Jovens).

A ideia fundamental deste tema – ou seja, a necessidade de escolha entre dois caminhos – encontra-se igualmente em muitas imagens cristãs. Pode-se citar como exemplo uma miniatura bizantina do século X, onde Davi está representado entre duas mulheres que simbolizam a Sabedoria e a Profecia: a pomba que pousa sobre a cabeça do rei lembra em muito o Cupido do Arcano VI.

A antiguidade desta parábola é indiscutível, mesmo que as suas representações gráficas mais remotas não tenham chegado até nos. Na vida de Apolônio de Tiana, narrada por Filostrates no final do século II, há uma curiosa passagem em que um sábio egípcio diz a Apolônio:

Davi, entre a Sabedoria e a Profecia

“Tu conheces, nos livros de imagens, a representação de Hércules em que ele, jovem, ainda não escolheu o seu caminho. O Vício e a Virtude o rodeiam, tentam atraí-lo, cada um o quer para si…”

É preciso remontar mais uma vez aos pitagóricos para encontrar o simbolismo gráfico do tema, representado entre eles pela letra Y, emblema da escolha vital que todo homem realiza no final da infância.

O traço da metade inferior da letra Y representaria precisamente a infância, isenta de vícios ou virtudes; os braços que partem da bifurcação da letra representariam cada uma dessas tendências, enquanto que o ponto onde a bifurcação se produz seria o momento exato em que a puberdade se manifesta.

É comum encontrar nos manuscritos medievais esta referência à letra Y: “bifurcação, ou letra de Pitágoras”. Não é casual, assim, que alguns desenhos modernos do Tarô mencionem esta lâmina como A Dúvida ou A Prova.

Esse mesmo significado é mencionado no Antigo Testamento – no Deuteronômio, no primeiro dos Salmos, e mais explicitamente ainda em Jeremias. A idéia não reaparece no Novo Testamento, mas sim no começo dos Ensinamentos dos Doze Apóstolos, texto não canônico, presumivelmente composto por volta do século II: “Dois são os caminhos; um leva à Vida e outro à Morte”.

Uma interpretação totalmente diferente vê nessa estampa o ato do compromisso matrimonial dos noivos diante do sacerdote. Alguns dos célebres pintores renascentistas – Rafael, Perugino – deram testemunho dessa cerimônia na vida da Virgem.

“Entre os pitagóricos – disse Clemente de Alexandria – o seis é um numero sexual, chamando-se por esta razão O Matrimônio”.

Nas analogias geométricas, o Enamorado se identifica ao selo de Salomão, ou seja, tem claro vínculo com cópula dos triângulos entrelaçados.

Do ponto do vista psicológico, é sem dúvida a metáfora mais transparente do caminho para a identidade, que só se realiza no conflito e no intercâmbio com o mundo e com os outros.

Por Constantino K. Riemma retirado de http://www.clubedotaro.com.br/

#Tarot

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcano-6-enamorados-zain

Por dentro do Pró-Vida

(publicado em Marie Claire nº 68, novembro de 1996)

Poucas vezes o segredo funcionou tão bem como a alma de um negócio. O Pró-Vida cerca sua atuação de mistério. Apresenta-se como uma escola filosófica de desenvolvimento mental, mas não divulga métodos e conteúdo dos cursos. Quem quiser saber mais deve literalmente pagar para ver. Ou melhor, ingressar no quadro de alunos. É o que constato no primeiro telefonema, após receber de Marie Claire a missão de desvendar os bastidores desse enigmático grupo. Quando começo a frequentar o curso Básico, descubro que não se trata apenas de uma escola filosófica às voltas com as velhas interrogações do espírito humano – quem somos, por que vivemos, para onde iremos. Em muitos pontos, as aulas se assemelham aos cultos da Igreja Universal do Reino de Deus e afins. De maneira mais sutil, o Pró-Vida também envolve, incute idéias, desperta culpas, cobra dízimos. Não falta nem mesmo a revelação da existência de um paraíso na Terra.

Alguma vez na vida você ouviu falar que “um mundo melhor” existe aqui e agora? Para desfrutá-lo, basta entrar para o Pró-Vida e conviver com os “irmãos” do grupo. E não são poucos os que fazem essa opção. Chegam a abandonar outras atividades para marcar presença constante nos cursos, prestar trabalho voluntário e integrar definitivamente o rebanho de eleitos. A comparação é quase inevitável: o Pró-Vida atua como uma versão mais elaborada da igreja do bispo Edir Macedo. Dirige-se à classe média alta e, portanto, utiliza meios mais complexos de persuasão. O discurso dos monitores é articulado. No lugar de trechos bíblicos, supostas referências científicas. De Einstein a Freud e Jung, proliferam citações que procuram emprestar credibilidade aos ensinamentos.

Antes de descobrir esses e outros detalhes, tive de passar por uma entrevista para ser aceita no seleto rebanho. Durante a conversa não revelei, claro, minhas intenções jornalísticas. Criei uma pequena mentira. Disse ser uma publicitária em busca de sucesso profissional. Admito que estava um pouco amedrontada. Se soubessem ler pensamentos, como de fato sugerem, descobririam a farsa. Mas a história convenceu e fui aprovada com a garantia de que, ao final do curso, teria mudanças radicais na minha vida. Que tipo de mudanças? “Você verá os resultados”, desconversou uma educada monitora na faixa dos 50 anos.

A manutenção do suspense tem finalidade. O Pró-Vida funciona como um grupo “iniciático”, segundo a classificação do antropólogo José Guilherme Magnani, professor da Universidade de São Paulo. “É a mesma estrutura de sociedades como a maçonaria e a rosa-cruz”, ele compara. “Nessas organizações, há sempre um segredo mantido pela lealdade dos adeptos. É preciso passar por etapas para ter acesso a certas dimensões do grupo”. Quer dizer, para conhecer o referido “segredo”, é necessário prosseguir na iniciação – o que no Pró-Vida significa pagar mais e mais cursos. Como a meta é conquistar adeptos selecionados, de preferência os financeiramente saudáveis, a propaganda é dirigida. O Pró-Vida mantém uma página na Internet e promove divulgação boca-a-boca – alunos de cursos avançados levam parentes, amigos e conhecidos. Outra ferramenta publicitária é um adesivo para ser colado no vidro do carro. O anúncio traz uma frase que confirma o teor enigmático utilizado pelo grupo: “Se você já estiver preparado, uma força maior o levará ao Pró-Vida”. Quem ler – e não conseguir segurar a curiosidade – irá telefonar.

Logo no primeiro dia, percebo que o marketing do mistério funciona. Cerca de 60 pessoas desembolsaram R$ 350,00 para “aprender a utilizar melhor o cérebro”. A procura é tamanha que a organização promove de dois a quatro cursos iguais a este por mês – não só em São Paulo, mas também em várias cidades do país e em Buenos Aires, na Argentina. Faço uma conta rápida, considerando a presença mínima de 50 alunos em cada um deles, e constato que o Pró-Vida deve faturar pelo menos de R$ 35 mil a R$ 70 mil reais por mês só com essa fonte. E os cursos não são a única forma de ganhar dinheiro. O clube de Campo, situado em Araiçoiaba da Serra, no interior de São Paulo, é outro negócio bastante rentável.

É PROIBIDO ANOTAR

Uma nova sede do Pró-Vida em São Paulo está funcionando desde agosto. Erguido nas imediações da Marginal Pinheiros, o prédio ostenta uma vistosa pirâmide em sua fachada e abriga os cursos ministrados na capital paulista. Substituiu outras duas sedes, situadas nos bairros de Moema e Vila Olímpia. Fiz o Básico na casa da Alameda dos Nhambiquaras, em Moema, pouco tempo antes da inauguração do prédio da Marginal. No primeiro dia, uma segunda-feira, chego 30 minutos antes do horário estipulado. A aula estava marcada para começas às 20h30. Procuro um lugar vago entre as cadeiras enfileiradas, que acomodam homens e mulheres com idades e profissões variadas. Há médicos, engenheiros, professores, estudantes, publicitários, empresários, donas de casa. E também crianças e adolescentes (maiores de 9 anos podem frequentar o curso).

Enquanto espero, converso com uma colega. Ela namora um “avançado” do Pró-Vida e está lá por insistência dele. Tem 24 anos e é muito falante. A aula começa com atraso – o que se repete todos os dias. A monitora fala longamente sobre as agruras do mundo moderno, as guerras, as doenças, as drogas. Fico olhando os rostos atentos e percebo que três alunos avançados estão sentados em posição estratégica para assistir a platéia. Sinto-me vigiada. Tento decifrar o que estariam observando. Nessa primeira aula, a monitora garante que aquela semana mudará a nossa vida e promete algo do tipo: satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”.

Durante a minha maratona de “desenvolvimento mental”, ouvi ensinamentos sobre o funcionamento do cérebro, sono, poderes das pirâmides, energia, aura e fenômenos de levitação e materialização. Participei de sessões de relaxamento e pratiquei exercícios comandados pela monitora. Mas, nesses tempos de farta literatura esotérica, cursos de auto-ajuda aos borbotões e familiaridade com anjos, achei que nada poderia ser visto como novidade.

O entusiasmo dos meus colegas, no entanto, confirmou não ser essa a opinião da maioria. Boa parte parecia estarrecida. Mas será o conteúdo que conquista os alunos ou a forma como ele é transmitido? Para se ter uma idéia, somos instruídos a “sentir” o que está sendo falado. Não temos autorização de fazer qualquer anotação. O professor do Departamento de Psicologia Social da Universidade de São Paulo, Esdras Guerreiro Vasconcellos, explica por que esse detalhe é tão importante, “O ensinamento da primeira noite é internalizado no nível da consciência, mas uma parte se perde. Na noite seguinte, outra leva de conhecimentos é internalizada da mesma forma e só uma parte fica – e assim sucessivamente”, afirma. Como nossa memória possui capacidade limitada, segundo o professor, a internalização torna-se um processo inconsciente. Com um agravante: o curso compacto não oferece tempo para elaborar o aprendizado. Conclusão: “A pessoa guarda essencialmente aquilo que tem valor emocional”. Em conversas durante os intervalos, percebo que muitos chegam ao Pró-Vida em busca do genérico “algo mais”. Ou estão embalados por crises conjugais, dificuldades profissionais, estresse acumulado.

A aula de terça-feira trata do sono e sonhos. Freud e Jung, os mais badalados estudiosos do tema, não são esquecidos. O bê-a-bá das teorias de ambos faz parte do menu de ensinamentos do dia. Depois, aprendemos a programar nosso cérebro para acordar no horário desejado, lembrar dos sonhos ou ter um sono revitalizante. Basta, antes de adormecer, em estado de relaxamento, emitir uma ordem objetiva para ele. Assim, se eu ordenar que “quero acordar às 7 horas”, despertarei. Se só possuo quatro horas disponíveis para dormir, devo apenas dizer com firmeza a meu cérebro que acordarei disposta e descansada. E ponto final.

CONTRABANDO DE EISNTEIN

A aula de quarta-feira é anunciada como especial e ansiosamente aguardada por todos. No encerramento da noite anterior, somos avisados de que teremos um grande dia. Receberemos um ensinamento, cunhado de “chave de prata”, que nos ajudará a abrir portas da felicidade. Durante a explicação, descobrimos que a “chave” em questão leva o nome pomposo de “Verdade Suprema e Absoluta ao nível da Consciência Humana”. Mas rapidamente verifico que o resumo da ópera é menos sofisticado e equivale à difundida idéia de que a energia do pensamento tem poderosa força. Todos são instruiídos a fazer “tela mental” para o que quiserem. Em outras palavras, quem almeja um carro novo precisa, em primeiro lugar, determinar marca, cor e detalhes. Depois, imaginar-se desfrutando da supermáquina, no velho estilo Lair Ribeiro. Se conseguir “eliminar conflitos” – do tipo “será que mereço?”-, vai obter o que pretende. Para convencer sobre a veracidade dessa sabedoria, a aula inclui exemplos de pessoas que alcançaram o desejado. Até mesmo a equação de Einstein – E=mc2 – entra na dança, numa tentativa de provar que a energia do pensamento é capaz de materializar desejos.

Naquele momento, suspeito que a teoria de Einstein foi retirada de seu contexto. O professor do Instituto de Física da USP Luiz Carlos de Menezes confirma minhas suspeitas. “É uma interpretação rastaqüera da ciência”, critica o físico. Ele explica que é possível transformar matéria em energia e vice-versa, desde que sejam observadas “determinadas leis de conservação”. E conclui: “Não desprezo outras formas de conhecimento que não sejam a dos cientistas. Mas tenho grande desconfiança desse contrabando de conceitos Você pode usar a fórmula de Einstein até para vender pasta de dentes”.

A noite da grande apoteose é marcada para sexta-feira. Teremos demonstrações de cura. Alunos avançados promovem uma sessão rápida de imposição de mãos. No melhor estilo Doril, a dor de cabeça de um colega simplesmente sumiu. Outro garante que se livrou do incômodo no estômago e uma terceira sente a inflamação na garganta aliviada. Lembro novamente dos cultos da Universal com suas curas, mas o pior ainda está por vir. Chegou a hora e a vez de despertar culpas e induzir todos a fazerem uma auto-avaliação. “Classifique-se”, ordena a monitora. Ela sugere que cada um faça uma auto-avaliação do seu estágio de evolução. A “evolução” pregada pelo Pró-Vida, a grosso modo, significa migrar do reino “mineral”, formado pelas pessoas menos evoluídas, passar pelo intermediário mundo “vegetal” e atingir o grupo dos “animais superiores”. Esses últimos, segundo eles, são aqueles que praticam “a ajuda verdadeira” e tratam os outros como “irmãos”.

Os últimos momentos da aula reservam mais surpresas. Faremos um exercício para sentir a chamada “harmonia universal”. Estamos relaxados quando a monitora começa a ler um texto escrito pelo fundador do Pró-Vida, o médico Celso Charuri. O texto descreve o ser evoluído como aquele que “conhece-se a si mesmo, tal qual é, e conhece a Deus”. Enquanto isso, uma fita mal gravada, com chiados de fundo, embala a catarse com a versão instrumental do tema da Disneylândia – “Para ser feliz é preciso ver / Este céu azul na imensidão… / Há um mundo bem melhor” etc. Muitos não seguram as lágrimas.

O sábado promove mais catarse. A monitora nos conduz a um castelo imaginário, onde encontraremos o chamado “guardião”ou o “eu maior”. Cada um pode enxergar a imagem que bem quiser. Durante o “encontro”, alguns choram e posso ouvir os soluços. No final, todos os alunos contam o que viram. O campeão absoluto das citações é Jesus Cristo. houve até quem mantivesse contatos imediatos com “um monge”, “um oriental” ou “um hindu”. Da minha parte, confesso que não vi nada.

Na manhã de domingo, estou esgotada. Na reta final da maratona, somos orientados a praticar tudo o que aprendemos nas aulas. Fazemos exercícios “parapsicológicos”em duplas. Imaginem, por exemplo, que meu companheiro fará minha mão levitar. Depois, eu repetirei a dose com a mão dele. Na hora, abro discretamente um dos olhos para conferir se meu colega já eliminou a força gravitacional. Vejo que sim e vou suspendendo vagarosamente minha mão para que ele se sinta feliz e satisfeito.

O destaque da manhã é a sessão de clarividência. Funciona mais ou menos assim: uma das partes da dupla entra em alfa (pratica o relaxamento) e a outra cochicha o nome de alguém de seu rol de amigos, acompanhado de idade e endereço. Quem ouviu não conhece a pessoa, mas deve visitá-la mentalmente e descrevê-la – e, quem sabe, falar algo sobre sua personalidade. Torci para que, pelo menos isso, desse certo. Tive uma clarividência? Claro que não. Quase todos, entretanto, garantem que obtiveram êxito. E quem errou a descrição contou com o apoio do companheiro e da monitora para arriscar uma adaptação convincente do que “viu”. Exemplo: se a “clarividente” enxergou uma morena, e ela é loira, chutavam: mas será que ela não pintou o cabelo? Pior: mas será que não pensa em mudar a cor? E assim por diante. Cada um relata sua história, os outros batem palmas e dão nota dez.

Um mês mais tarde, tenho a oportunidade de repetir o Básico. Os interessados em prosseguir na “iniciação” necessitam cumprir esse procedimento. Precisam assistir de novo às sete aulas e registrar oficialmente a presença. Desta vez, contabilizo mais de cem novatos, além de cerca de 200 “repetentes”. Desde o primeiro momento, percebo que o discurso é igualzinho. Mudou o monitor, mas as aulas continuam as mesmas. Como no primeiro Básico, muitas perguntas ficam sem resposta porque são assunto de cursos mais avançados. Um colega pergunta por que a pirâmide azul é mais indicada para auxiliar curas. A resposta: “Isso você vai saber no Avançado 1”. Nem todos, porém, chegarão lá. no terceiro dia de repetição, constato a desistência da jovem publicitária, que foi minha colega na primeira vez e era uma das mais entusiasmadas. Ao mesmo tempo, outro colega, um empresário de 33 anos, confidencia que não tem certeza se prosseguirá. Passou a fase da empolgação. Um dia, até brincou comigo que estava se sentindo “na igreja do Edir Macedo”.

DÍZIMOS PARA TREINAR O CÉREBRO

Aqueles que resistem à provoção de assistir a todas as aulas novamente – e permanecem entusiasmados – estão fisgados e prontos para se matricular no Avançado 1. E, aí, o céu pode não ser o limite. “Desde o Básico, o aluno vai sendo envolvido aula após aula. Colocam em sua cabeça que harmonia e amigos só se encontram ali. Você acaba se convencendo de que é mais do que os outros”, explica a ex-integrante Elza Aparecida de Castro. Conforme informações de ex-adeptos do grupo, depois do Avançado 1, vem o curso Introdução. Ambos custam igualmente R$ 350 e são seguidos dos Avançados 2 ao 7. Para ser promovido, é preciso passar por uma espécie de comissão julgadora, que escolhe os “eleitos”. Por isso, muitos adeptos permanecem anos no mesmo curso e não são autorizados a seguir adiante. Os que atingem os três últimos níveis são identificados por um crachá com o símbolo ” 4/ ” , que significa “avançados quatro e meio”. Do seleto grupo fazem parte basicamente diretores, conselheiros e monitores.

A exemplo de diversas seitas evangélicas, o Pró-Vida também recolhe dízimo. Não existe uma pressão escancarada para doar dinheiro como nos cultos da Igreja Universal, onde pastores aos berros lembram aos fiéis que “Deus quer dar, mas o demônio segura a carteira”. O convencimento é sutil. Quem colocar os pés na escola será contemplado por uma frase de pretenso efeito sugestivo: “O privilégio de ser nas mãos de quem dá”. Essa mensagem, assinada pela Central Geral do Dízimo e seguida pelo número de uma conta bancária está estampada nos crachás recebidos pelos alunos, nas paredes e até na página da Internet. O lucro, em última análise, é o sabor predominante nesse caldeirão que mistura psicanálise com neurolingüística, princípios de física com jargões de auto-ajuda, retórica evangélica com estrutura de maçonaria, parapsicologia com ficção científica.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/por-dentro-do-pr%C3%B3-vida

Os Illuminati e o Dia do Trabalho

Weishaupt era Maçom versado nos diversos campos da filosofia de sua época. Seu caráter foi marcado pela extrema liberdade de pensamento e independência de opinião. Graduou-se em Direito na Universidade de Ingolstadt onde, mais tarde, foi professor titular de Direito Canônico e decano da Faculdade de Direto. Foi iniciado nos antigos Mistérios de Elêusis e nos ensinamentos secretos dos Pitagóricos. Obteve conhecimentos secretos para fundar os Illuminati através da seita do Xeque persa Hassan Sabbath, conhecido como o “Velho da Montanha”.

Adam Weishaupt escolheu o dia 1º de maio para fundação dos Illuminati, ordenando certos números para que formassem uma cifra poderosa. O primeiro de maio sempre fora comemorado pelas sociedades primitivas na Primavera Pagã. Entendia-se, portanto, que a data estava carregada do simbolismo da fertilidade do solo e, por analogia, a fecundidade do pensamento político.

Weishaupt utilizou ainda um sistema cabalístico associado à numerologia: sendo maio o quinto mês do ano (o número 5, em nossos estudos, está relacionado com as mudanças e com a evolução) somado ao número 1 (1º dia) temos SEIS (arcano da Liberdade). Em seguida, Weishaupt acrescentou a soma dos algarismos do número do ano, 1776, obtendo o resultado VINTE E UM (arcano da Busca da Felicidade e Caminho da Alma).

Detalhes sobre as operações utilizadas por Adam Weishaupt não cabem no âmbito deste artigo. Basta considerarmos que as chamadas “adições” e “reduções teosóficas” consistem nas somas da série natural dos números começando pela unidade até incluir o número proposto; ou reduzir a um único dígito a soma dos algarismos que compõem determinado número.

Os Illuminatti acreditaram que as combinações de 3, 5, 7 , 9, 21 e a escolha desta data para fundação da Ordem, eram essenciais para que seus planos obtivessem absoluto sucesso. Faltavam menos de vinte anos para a Revolução Francesa. Os arcanos numéricos, interpretados pelos Illuminatti, apontavam para o grande Renascimento do Homem mediante o arcano da Justiça.

Adam fez contato com a Loja Maçônica de Adolf Von Knigge e juntos fundaram a Ordem dos Iluminados da Baviera na Noite Mágica de Walpurgis (deusa Viking da primavera), entre 30 de abril e 1 de maio de 1776. O Rito de Weishaupt foi introduzido na Grande Loja da Baviera (Walpurgisnacht) e depois nas Lojas do Grande Oriente da maçonaria francesa que já se referia abertamente aos Illuminatti.

Os primeiros desses Illuminatti eram dirigidos por um conselho Areópago (correspondente aos modernos Kadosch) presididos por um Mestre cujo título era “Spartacus”.

Havia três graus: I- Aprendiz, ou Sementeira; II- Maçom de Simbologia e Ciências; e III- o Grau dos Mistérios Menores e Maiores. Depois, os Mestres do Terceiro Grau eram elevados aos 12 Graus Superiores que culminavam no XII cujo título era Rex Ordinis.

George Washington conheceu Adam Weishaupt e esteve, durante algum tempo, associado aos Illuminatti. Mas, quando em 1789 começaram os movimentos da Revolução Francesa, Washington preferiu se afastar, mantendo sua filiação exclusivamente na Maçonaria.

Não há dúvida que os ideais de Adam Weishaupt influenciaram a França entre 1789 e Novembro de 1799. O aparecimento público da Deutsche Einheit (Unidade Alemã) expandiu a propaganda dos Illuminatti entre os círculos de leitores donde nasceu o grito de guerra: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”.

Cerca de 90 anos mais tarde, as idéias dos Illuminatti ressurgiam vigorosamente na América. O fato de o 1º de maio ser mundialmente consagrado aos trabalhadores não foi uma coincidência. O 1º de maio de 1886 fazia ressonância dos planos de Weishaupt para o renascimento dos ideais de Liberdade. Aquele movimento nas ruas de Chicago fez lembrar o ano de 1776, a mesma data que aparece no dólar americano, em algarismos romanos sob uma pirâmide, como selo da Novus Ordo Seclorum.

#Illuminati #Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-illuminati-e-o-dia-do-trabalho

As Pesquisas de Michel Gauquelin

Além da pesquisa centrada no zodíaco, que não foi favorável à astrologia, embora, como veremos em outro artigo, seu planejamento tenha sido no mínimo discutível, outro experimento, que mostrava a distribuição no espaço dos planetas do sistema solar, mais o Sol e a Lua, obteve um extraordinário sucesso. Calcularam-se as posições desses corpos celestes no horário de nascimento de médicos eminentes da Academia de Medicina da França, num total de 576 profissionais, tendo como resultado uma interessante correlação. Dois anos depois, repetiu-se o mesmo tipo de experiência, dessa vez com outros 508 médicos, e novamente as correlações se confirmaram. A grande “descoberta” foi que, dividindo a esfera celeste em doze setores, os planetas Marte e Saturno, e só eles, apareciam com maior freqüência próximo ao nascer (surgimento no horizonte) e à culminação superior (passagem pelo meridiano local) no horário em que os futuros médicos vieram ao mundo. Essa freqüência em dois dos setores demarcados superava em muito o que seria o esperado numa distribuição aleatória. O resultado, como veremos no segmento que explica a experiência, mostrava-se estatisticamente muito significativo, ou seja, a probabilidade de que esses dados fossem obra do acaso era remotíssima.

Outras profissões também foram avaliadas em relação aos planetas. Correlações significativas surgiram igualmente no nascer e na culminação de Marte para atletas, de Júpiter para atores e políticos, de Saturno para cientistas e da Lua para escritores e também para políticos. Entre 1956 e 1958, Gauquelin reproduziu o mesmo procedimento com amostras de outros países europeus: Alemanha, Bélgica, Holanda e Itália. Mais uma vez observou o mesmo efeito, os mesmos planetas apareciam com freqüência bem maior do que o normal nas proximidades do horizonte leste e da culminação superior no momento em que nasciam indivíduos que, no futuro, viriam a ser profissionais bem-sucedidos numa área específica. Havia também um pequeno aumento da freqüência próximo ao ocaso e à culminação inferior. Os outros planetas do sistema solar, bem como o próprio Sol, componentes fundamentais da análise astrológica, não apresentaram correlação com nenhuma das profissões pesquisadas. Em 1960, Gauquelin publica Les Hommes et Les Astres, apresentando todos esses novos resultados.

Continuando a pesquisa, em 1966 ele publica o livro L’Hérédité Planetaire, mais um marco em sua carreira. Aqui são comparadas as posições dos astros na hora de nascimento de pais e filhos, segundo o mesmo método de divisão da esfera diurna utilizado para as profissões. Os planetas que ocupam a região em torno do nascer e da culminação superior no momento em que nascem os pais tendem a reproduzir essas posições no caso dos filhos. Estatisticamente, os valores novamente são muito significativos e o efeito planetário na hereditariedade vem reforçar o significado das experiências anteriores. Desta vez, o planeta Vênus também aparece como significativo nas correlações. Gauquelin ainda encontraria uma outra correlação interessante: entre a atividade geomagnética e a intensidade do efeito planetário na hereditariedade em termos de casos positivos. De acordo com os cálculos efetuados, o efeito planetário era aproximadamente duas vezes mais forte quando a criança nascia em dias de maior perturbação magnética, ou seja, as correlações envolvendo pais e filhos eram mais freqüentes nesses dias. E se o parto (dos filhos) fosse por cesariana em vez de normal, a correlação diminuía sensivelmente.

No final da década de 60, Gauquelin deu um novo rumo a suas pesquisas. Os resultados de duas décadas de trabalho pareciam apontar numa direção bem mais promissora. Melhor do que relacionar profissões com planetas seria vincular esses corpos celestes com traços de personalidade típicos de pessoas que são bem-sucedidas numa determinada carreira. Afastava-se, assim, a incômoda idéia de destino, do “estar escrito nas estrelas”, que dava lugar a predisposições de natureza psicológica. Para alguém ter êxito numa profissão, e a pesquisa de Gauquelin nesse sentido só encontrou correlações estatisticamente válidas nos profissionais de alto nível, naqueles que atingiram o topo da carreira, é preciso possuir certas características praticamente indispensáveis a um desempenho competente no ofício. Por exemplo: executivos devem ter iniciativa e dinamismo (Marte), cientistas precisam ser disciplinados e introspectivos (Saturno), atores via de regra são extrovertidos (Júpiter), e assim por diante.

Antes de examinarmos com mais detalhes esta última etapa do trabalho de Michel Gauquelin, sem dúvida a mais importante, explicaremos alguns conceitos de astronomia necessários ao entendimento da metodologia utilizada. Depois poderemos apresentar a elaboração dos experimentos e, em seguida, qual o impacto que os resultados tiveram na comunidade científica, se é que houve algum.

O Movimento Diurno

Devido à rotação da Terra sobre seu próprio eixo, um observador pode ver, no céu, o Sol, a Lua, os planetas e as estrelas descreverem uma trajetória na esfera celeste, cujo tempo aproximado é de 24 horas. Esse movimento segue no sentido do leste para o oeste, já que nosso planeta gira no sentido contrário. Na Figura 1, Gauquelin dá um exemplo do movimento diurno de Marte para o dia 24 de maio de 1956, em Paris. Nesse dia, o planeta vermelho nasceu, isto é, surgiu no horizonte leste, à 0h44, culminou às 5h33 e se pôs no horizonte oeste às 10h22.

Vemos nessa figura dois grandes círculos perpendiculares que são o horizonte e o meridiano do lugar. O movimento de Marte é marcado pelo círculo ABCDA. O ponto A assinala o momento em que este corpo celeste aparece no horizonte leste, portanto quando cruza a linha do horizonte, à 0h44. Continuando sua trajetória, ele se eleva no céu, com uma certa inclinação, até atingir a culminação, ou seja, seu ponto mais alto na esfera celeste, o ponto B, às 5h33. Daí ele começa a descer, chegando ao ponto C, na intersecção com o horizonte oeste, às 10h22. A partir dessa posição, Marte segue abaixo do horizonte até alcançar o ponto D, onde cruza o meridiano em sua culminação inferior, localizada a 180 graus da culminação superior. Desse ponto ele voltará para o ponto A, nascendo novamente. Softwares de astronomia ou de astrologia fornecem a posição dos demais planetas, além do Sol e da Lua, entre o horizonte e o meridiano para um determinado momento. Assim, pode-se fazer um estudo de correlação envolvendo todos eles.

O que interessava a Gauquelin era justamente determinar a posição de um planeta, do Sol e da Lua no momento em que uma pessoa nascesse. Para fazer um cálculo estatístico da freqüência de nascimentos nas diversas posições possíveis, era preciso dividir o círculo do movimento diurno em partes iguais. Desta maneira, são computados separadamente todos os nascimentos ocorridos

O número de médicos nascidos no momento em que Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4 era maior que 16,7% da amostra, indicando uma “preferência” pela proximidade com o Ascendente e o Meio-do-Céu, os dois pontos mais importantes de uma carta astrológica.

Quando um planeta estava numa determinada região da esfera celeste. Assim, seguindo com o exemplo de Marte, o movimento diurno deste planeta é dividido em 12 partes ou setores. Não confundir esta divisão com a divisão astrológica das Casas Terrestres, embora as posições do Ascendente e do Meio-do-Céu (culminação superior) sejam as mesmas. Futuramente, Gauquelin adotaria o sistema de Casas astrológicas de Plácido.

Na Figura 2, vemos que Marte esteve acima do horizonte durante 9 horas e 38 minutos (578 minutos). Logo, permaneceu abaixo do horizonte por 862 minutos, num total de 1440 minutos, ou seja, 24 horas. Dividiu-se então o arco diurno do planeta em seis setores iguais, cada um com 96 minutos de arco; o mesmo para o arco noturno, cada setor com 144 minutos de arco. Numerados os setores de 1 a 12, o primeiro começa exatamente ao nascer à 0h44, o segundo às 2h20, depois passando pela culminação às 5h33, pelo ocaso às 10h22, e assim sucessivamente. Se nesse dia uma pessoa nasceu à 1h10, Marte estava no setor 1, pouco acima do horizonte. Se o nascimento foi às 5h15, Marte aproximava-se da culminação superior, ainda no setor 3. O mesmo procedimento vale para a posição dos outros corpos celestes. Em amostras de alguns milhares de nascimentos, os planetas e os luminares estarão distribuídos entre esses setores, ocupando cada um deles com uma determinada freqüência.

Procedimentos Experimentais

Teoricamente, espera-se que cada corpo celeste, ou operador celeste astrológico, passe um dozeavos (8,33%) do tempo em cada setor, embora existam variáveis astronômicas e demográficas, devidamente controladas nas pesquisas de Gauquelin, que alteram um pouco esse valor, daí a necessidade de um grupo de controle, tomado aleatoriamente e formado por indivíduos que nasceram no mesmo intervalo de tempo e na mesma região das pessoas que compõem a amostra. Assim é possível conhecer a distribuição média e compará-la com o resultado obtido. Se a distribuição dos nascimentos pesquisados estiver dentro dessa média, portanto com um número praticamente igual de nascimentos em cada setor, então não há problema nenhum, trata-se de uma distribuição aleatória. É o que deve acontecer. Ou pelo menos deveria. Para analisar estatisticamente as amostras, Gauquelin utilizou o teste do qui-quadrado, uma medida que compara freqüências observadas com freqüências teoricamente esperadas e indica a extensão da discrepância entre os dois conjuntos de dados, e a distribuição normal padronizada (z score), que dá a distância relativa da média em unidades de desvio padrão.

Essa distribuição, ou seja, quantas vezes um planeta encontra-se presente num certo setor para uma determinada amostra, pode revelar se existe de fato uma correlação estatisticamente significativa entre a posição do planeta e a natureza específica de um conjunto de nascimentos. Como já dissemos, o primeiro experimento bem-sucedido do casal Gauquelin foi com a amostra que reunia o horário de nascimento de 576 médicos ilustres. O número de médicos nascidos no momento em que Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4, ou seja, quando estes planetas se elevavam no horizonte leste ou pouco depois de cruzarem o meridiano do lugar, era maior que 16,7% da amostra, indicando uma “preferência” pela proximidade com o Ascendente e o Meio-do-Céu, os dois pontos mais importantes de uma carta astrológica. A freqüência encontrada era bastante significativa. Sendo a amostra relativamente grande – 576 indivíduos -, o resultado era altamente improvável se atribuído ao acaso.

Gauquelin repetiu o experimento com outra amostra, desta vez com 508 médicos ilustres, uma quantidade também adequada para fins estatísticos. O resultado novamente confirmou uma freqüência bastante significativa de nascimentos quando Marte e Saturno ocupavam os setores 1 e 4, que mais tarde passariam a ser chamados de setores-chave.

A associação encontrada por Gauquelin entre medicina e os planetas Marte e Saturno corrobora os significados tradicionais que a astrologia atribui a esses dois planetas ao vinculá-los, especialmente no caso de Marte, à medicina e aos médicos. As observações empíricas dos antigos já detectavam uma correlação que só no século XX viria a ser redescoberta, embora a ciência oficial continue com seus ataques histéricos contra a astrologia.

Sendo ele um pesquisador sério e honesto, qualidades nem sempre aplicáveis a seus detratores, Gauquelin sabia que deveria continuar repetindo essas experiências para assegurar-se da validade do fenômeno. Pois tudo poderia não passar de uma combinação fortuita. Depois de muitos malogros, alguma vez ele poderia fatalmente sair com um resultado positivo – apenas por acaso. Assim, seguiu em frente, agora recolhendo dados de nascimento de franceses que se destacaram nos esportes, na política, na guerra, enfim, nas mais diversas atividades. As informações sobre cada pessoa, ele as obtinha de dicionários biográficos; o horário de nascimento, de cartórios de registro.

Mais uma vez, alguns planetas confirmavam seus significados tradicionais. Aqueles mesmos setores – às vezes também outros, quando se dividia o movimento diurno em 18 ou 36 setores – apresentavam uma freqüência maior que a esperada, e agora Gauquelin chegava a resultados ainda mais impressionantes, principalmente naquilo que ficou conhecido como o Efeito Marte e sua altíssima freqüência no caso de esportistas eminentes. Em um dos experimentos, para uma freqüência esperada de 253 nascimentos nos setores-chave, ou zona de acréscimo, como ele a chamou, a freqüência observada foi de 327 nascimentos, numa amostra de 1485 campeões. Dado o tamanho da amostra, a diferença em relação à freqüência teórica, mesmo sendo relativamente pequena torna-se extremamente significativa. Aqui temos um desvio de 29,2% para mais. A probabilidade do resultado ser obra do acaso é de menos de 1 para 1 milhão!

Na Figura 3, uma representação gráfica circular da distribuição de Marte no horário de nascimento de 2088 esportistas campeões. O círculo representa a distribuição teórica; a linha contínua, as posições de Marte; e a linha tracejada, a distribuição para Marte no nascimento de 717 esportistas comuns. Observa-se que a linha contínua apresenta picos pouco depois do nascer e da culminação superior. Para os esportistas medianos, porém, o padrão desaparece. Sistematicamente, Gauquelin constatou que esse resultado estatístico significativo só ocorria entre profissionais eminentes. Antes de apresentarmos a explicação que ele encontrou para essa discrepância, vejamos mais alguns gráficos de distribuição planetária.

A Figura 4 mostra as posições de Saturno para 3647 cientistas (linha contínua) e 5100 artistas (linha tracejada) . O planeta tradicionalmente associado à introspecção, disciplina, introversão, concentração, aparece com muito mais freqüência pouco depois do nascer e da culminação superior na amostra de cientistas. Ao contrário, entre os artistas, é como se ele evitasse essas posições e ali sua freqüência caísse abaixo da média esperada, representada pelo círculo.

Na Figura 5 podemos ver a distribuição de Júpiter para uma amostra de 993 políticos. O círculo tracejado corresponde ao resultado teórico de um grupo de controle. O mesmo padrão se repete. Na astrologia, esse planeta encerra características como extroversão, otimismo, sociabilidade, ambição, etc.

Traços de Personalidade

No começo da década de 60, houve um redirecionamento no trabalho de Gauquelin. Em vez de planetas e profissões, ele percebeu que existia uma relação subjacente mais efetiva, agora entre planetas e traços de personalidade. Esta nova relação podia explicar por que um padrão de distribuição recorrente só aparecia em amostras de profissionais de alto nível e não em pessoas comuns, medianas. Pessoas bem-sucedidas costumam apresentar certos traços de personalidade bem acentuados, o que justamente lhes permite destacar-se entre os demais. Aqueles estranhos resultados, que sugeriam algo como um destino estabelecido pelos planetas, talvez não fossem tão estranhos assim. Talvez estivessem indicando um certo tipo de comportamento associado ao desempenho em determinadas profissões. Assim, o planeta nada tinha a ver com esta ou aquela profissão, mas com certas características da personalidade de um indivíduo.

Assim, pessoas mais agressivas, bastante determinadas, preocupadas com a auto-afirmação, competitivas, que prontamente tomavam iniciativas teriam mais chance de se destacar em carreiras que exigissem atitudes dessa natureza: militares, executivos, atletas. Neste caso, pode-se dizer que predomina Marte nos setores 1 e 4 (na divisão por doze). Se predominar a Lua, os profissionais lunares serão escritores e/ou políticos: imaginação, sensibilidade, flexibilidade, popularidade são, entre outros, os traços que definem a natureza do nosso satélite. O mesmo acontece com Saturno e Júpiter e seus respectivos traços.

Para fundamentar sua hipótese – que a posição de um planeta no momento e local de nascimento está relacionada a determinados tipos de personalidade -, Gauquelin utilizou as informações biográficas dos profissionais eminentes cujos dados de nascimento ele já tinha em mãos. Partindo, portanto, de descrições elaboradas por terceiros, ele extraía do texto palavras que o autor usava para caracterizar a personalidade ou o comportamento do biografado. Termos como passional, sério, obstinado, agressivo eram exemplos de traços de personalidade que serviam para tipificar determinada pessoa. Consultando várias fontes, Gauquelin abria uma ficha para cada traço, e numa mesma linha escrevia o nome da celebridade e as posições dos planetas no nascimento.

Não é difícil imaginar o imenso trabalho envolvido numa pesquisa de tal magnitude. Durante dez anos, Gauquelin, a esposa Françoise e uma equipe de pesquisadores juntaram mais de 5.000 documentos biográficos de cerca de 2.000 pessoas famosas, num total de 6.000 traços para esportistas campeões, 10.000 para cientistas, 18.000 para atores e 16.000 para escritores. No começo, os dados eram tratados manualmente, mas depois puderam contar com os recursos da Astro Computing Services, em San Diego, Califórnia. Entre 1973 e 1977 foi publicada uma série de monografias com a análise final de todos os dados da pesquisa.

Para deixar bem claro que o que estava em jogo era uma correlação entre planetas e traços de personalidade, e não profissões, comparou-se o perfil de um profissional com os traços típicos de sua profissão – no caso, esportistas campeões, atores, cientistas e escritores – com o de outros que apresentavam um antiperfil. Em nascimentos de campeões bastante obstinados e de vontade férrea, Marte aparecia com freqüência duas vezes maior nos setores-chave do que no caso de campeões pouco determinados e inseguros. Atores muito sociáveis nasciam com Júpiter muito mais freqüente nos setores-chave do que aqueles menos comunicativos. Cientistas introspectivos nasciam em maior número quando Saturno se posicionava próximo ao nascer e à culminação superior do que cientistas mais extrovertidos. E, finalmente, a Lua comparecia maior número de vezes aos setores mencionados para os escritores realmente sensíveis e imaginativos.

Surgiam, portanto, quatro fatores planetários que de algum modo funcionavam como determinantes da personalidade; e o que é mais importante, esse tipos planetários reproduziam os significados da tradição astrológica. As observações dos antigos, conquanto empíricas e sem a sofisticação do método científico moderno, mostravam-se corretas. Para os astrólogos, é claro que não havia nenhuma surpresa. Há séculos que esses corpos celestes eram vistos como vinculados a certos temperamentos. E havia também os outros planetas e mais o Sol, para os quais Gauquelin não encontrou as evidências necessárias.

Pais e Filhos

Vencidas as dificuldades para obter os dados de nascimento de mais de 30.000 indivíduos, incluindo pais e filhos, passou-se para o cálculo das posições planetárias. Confirmou-se que os filhos apresentam a tendência a nascer no momento em que um determinado planeta, posicionado no nascer e na culminação superior, também ocupasse essa mesma região do espaço no nascimento de seus pais. As semelhanças valiam tanto para o pai quanto para a mãe. Se ambos nascessem com o mesmo planeta nas zonas 1 e 4, duplicava a tendência do filho acompanhar o padrão. A probabilidade de que a correlação fosse obra do acaso era de menos de 1 para 1 milhão. Onze anos depois, Gauquelin repetiu o experimento e novamente obteve resultados igualmente significativos. Não foram observadas correlações significativas para Mercúrio, Urano, Netuno e Plutão, e nem para o Sol.

Finalmente, Gauquelin observou que esse efeito de hereditariedade planetária não se manifestava quando a criança nascia de parto cirúrgico, ou se o nascimento de algum modo era induzido por meio de medicamentos apropriados. Vale dizer que apesar dessa constatação, a experiência astrológica, utilizando o mapa natal como um todo, não tem verificado nenhuma diferença nesse sentido. Os mapas de crianças nascidas de cesariana, por exemplo, prática extremamente comum no Brasil, mostram-se perfeitamente válidos e funcionais.

Na Figura 6, o gráfico mostra o efeito combinado da hereditariedade planetária. No eixo horizontal, a posição dos planetas e da Lua em 18 setores , no momento do nascimento. No eixo vertical, as freqüências observada e esperada para os cinco corpos celestes. A marca do zero corresponde à freqüência esperada ou teórica. Na Figura 7, uma comparação entre os dois padrões: profissões e hereditariedade. Na curva de cima, a distribuição combinada para Marte, Júpiter, Saturno e Lua no nascimento de profissionais bem-sucedidos. A curva inferior mostra a distribuição combinada de Marte, Júpiter, Saturno, Vênus e Lua no nascimento de crianças cujos pais nasceram com o mesmo planeta nos setores-chave.

O Difícil Diálogo com a Ciência

Gauquelin sempre publicou os resultados de suas pesquisas com todos os detalhes metodológicos, conforme as normas acadêmicas, esperando assim que o trabalho fosse lido e comentado pelos cientistas. Ledo engano. O tema em si trazia um estigma que simplesmente horrorizava o meio acadêmico.

Astrologia? Nem pensar. É superstição e ponto final. Para que perder tempo examinando experimentos que tratam de tamanha bobagem? Esqueça. Jean Rostand, um acadêmico francês, chegou a declarar que se a estatística demonstrara a veracidade da astrologia, então ele não acreditava mais na estatística!

De nada adiantava enviar os resultados de sua elaborada pesquisa estatística para as sábias otoridades da ciência ortodoxa. Ninguém dava a mínima. Não respondiam ou alegavam não ter tempo. Mas a obstinação de Gauquelin fez com que ele não parasse de insistir. O Comitê Belga de Investigação Científica de Fenômenos Ditos Paranormais, cujo lema era “Nada negue a priori, nada afirme sem prova” respondeu dizendo que “…é claro que os destinos humanos dependem de fatores humanos e não astrais”. E ponto final. Nem todos, porém, o desprezaram. O estatístico Jean Porte examinou os dados e, apesar de não aceitar a “influência astral”, reconheceu a validade do trabalho e disse não ter encontrado nenhum erro. Depois disso, Jean Dath, do próprio Comitê Belga, diria a mesma coisa sobre o método estatístico, mas, juntamente com seus pares, não estava convencido de que aquilo pudesse ser verdadeiro. Também não quiseram reproduzir o trabalho.

Passados cinco anos, Gauquelin voltou a procurar o Comitê Belga. Agora propôs a reprodução do experimento com um novo grupo de esportistas campeões belgas e franceses. Esperava, como das outras vezes, uma freqüência significativamente mais alta de Marte nos setores-chave. O comitê aceitou e de fato realizou a pesquisa nas condições propostas por Gauquelin. O resultado foi positivo. A amostra com 535 campeões confirmava as observações anteriores do psicólogo e estatístico francês (ver Figura 8). Só que agora Jean Dath colocava em dúvida o método de Gauquelin, o que não fizera antes. As discussões se arrastaram e, sintomaticamente, o tal Comitê acabou não publicando os resultados. O Professor Koenigsfeld, presidente do Comitê, teria escrito numa carta a um colega pesquisador: “De fato, verificamos os cálculos do sr. Gauquelin e concordamos com eles… Mas não concordamos com suas conclusões, que não podemos aceitar.” Interessante… não podemos aceitar.

Nem tudo foi decepção. Em 1975, ninguém menos que o psicólogo Hans Eysenck, da Universidade de Londres, assim elogiou o trabalho de Gauquelin: “Acho que em termos de objetividade de observação, significância estatística das diferenças, verificação da hipótese e reprodutibilidade, há poucos conjuntos de dados na psicologia que podem competir com essas observações”. Era um grande aliado. Em 1976, os dois submeteram um artigo ao XXI Congresso Internacional de Psicologia, sediado em Paris, mas o trabalho não foi aceito. Era o estigma novamente.

Naquele mesmo ano de 1975, além do famoso, autoritário e infantil manifesto anti-astrológico assinado por 186 cientistas, que na verdade nem sabiam direito o que estavam fazendo, publicava-se um artigo na revista Humanist criticando duramente o trabalho de Gauquelin. O estatístico Marvin Zelen, a pedido do editor da revista, comentou que os argumentos matemáticos do autor do artigo, um tal Lawrence Jerome, eram insignificantes, e propôs ele mesmo um experimento para verificar a validade do efeito Marte. Feito o teste, pela enésima vez o resultado confirmava o nosso incansável herói. Então estava tudo certo? Não! Depois disso, Paul Kurtz, o editor da Humanist, Zelen e o astrônomo George Abell escreveram um artigo em que manipulam espertamente os dados e ainda põem em dúvida a honestidade de Gauquelin. Uma professora de estatística escreveu uma nota para a revista, criticando os erros do artigo. A nota nunca foi publicada.

Em 1976, o mesmo Paul Kurtz anunciava a criação do infame e teratológico CSICOP ou Comitê de Investigação Científica das Alegações de Paranormalidade, que de científico não tinha absolutamente NADA. Tratava-se apenas de um clubinho de indivíduos, predominantemente machos, que odiavam fenômenos paranormais, religião, astrologia, esoterismo, misticismo, enfim, tudo que não fosse ortodoxia cientificista. E para “provar” que estavam certos e que detinham a posse da verdade inconteste, eram capazes de qualquer coisa. O impagável Paul Kurtz chegou mesmo a adulterar dados para “derrotar” Gauquelin. O ridículo e lamentável episódio ficou conhecido como O Caso STARBABY, que será tema de um artigo futuro. Interessante é que os céticos não contam essa história quando resolvem espinafrar a astrologia.

Conclusão

Apresentamos apenas uma visão geral do trabalho de Michel Gauquelin, uma verdadeira saga de quase 40 anos de pesquisa, infelizmente pouco reconhecida. Gauquelin enfrentou o preconceito tanto da comunidade acadêmica, por razões óbvias, quanto da comunidade astrológica, esta por falta de preparo científico e com a visão embaçada de magia, ocultismo e esoterismo. Se em muitas ocasiões Gauquelin interpretou mal a astrologia, a culpa foi mais dos astrólogos, que até então praticamente não haviam renovado os conceitos astrológicos, contentando-se em repetir os ecos da tradição, sem a necessária visão crítica. A astrologia parecia um dinossauro extemporâneo, insistindo numa terminologia arcaica e no pensamento mágico pré-científico, sem se preocupar com o método científico moderno, como se o tempo houvesse parado.

Gauquelin não provou que a astrologia funciona, como querem alguns astrólogos, nem tampouco que não funciona, segundo afirmam os céticos de carteirinha. É muito comum depararmos com leituras tendenciosas e superficiais da obra desse grande pesquisador. Os vieses parecem alimentar posições rígidas de ambos os lados. Portanto, é preciso ter cuidado. Seus experimentos são muito importantes para a astrologia, contanto que sejam minuciosamente examinados, analisados e possam assim contribuir para a elaboração de trabalhos mais bem orientados. O desenvolvimento de métodos de leitura mais ordenados e uma revisão profunda do que realmente significa a correlação entre o mapa astrológico e as diferenças individuais de personalidade, bem como fenômenos de outra natureza, é uma tarefa urgente para de fato entendermos a essência do fenômeno astrológico e projetarmos novos experimentos com o devido rigor científico.

Texto original do colega Mauro Silva

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Bibliografia

– De Francisco, Walter. Estatística. Ed. Atlas, 1982.

– Eysenck, H.J. e Nias, D.K.B. Astrology: Science or Superstition? [Cap 10]. Pelican Books, 1984.

– Fuzeau-Braesch, Suzel. A Astrologia [Cap 5]. Jorge Zahar Editor, 1990.

– Gauquelin, Michel. Birthtimes: A Scientific Investigation of the Secrets of Astrology. Hill and Wang, 1983.

– Gauquelin, Michel. The Cosmic Clocks. Astro Computing Services, 1982.

– Gauquelin, Michel. Cosmic Influences on Human Behavior. Aurora Press, 1985.

– Gauquelin, Michel. A Cosmopsicologia. Edições Ática, 1978.

– Gauquelin, Michel. Planetary Heredity. ACS Publications, Inc., 1988.

– Gauquelin, Michel. Rythmes Biologiques, Rythmes Cosmiques. Marabout, 1973.

– Gauquelin, Michel. The Scientific Basis of Astrology. Stein and Day, 1970.

– Glasnapp, D.R. e Poggio, J.P. Essentials of Statistical Analysis for the Behavioral Sciences. Charles E. Merrill Pub. Company, 1985.

– West, John Anthony. Em Defesa da Astrologia [Cap 3]. Ed. Siciliano, 1992.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/as-pesquisas-de-michel-gauquelin