A pergunta de Aristóteles

Tudo começou com uma curta pergunta, algumas palavras em uma frase de simples entendimento, apenas alguns bits de informação; Mas a resposta – ou as inúmeras tentativas de resposta – se estendeu por centenas de posts ao longo dos anos.

E estávamos todos na crista da modernidade, em um fórum sobre física quântica e suas possíveis relações com a espiritualidade, hospedado em algum servidor na Califórnia, num site de redes sociais criado nas horas vagas por um engenheiro turco do Google.

O modo como nos comunicamos e trocamos informações pode ter mudado bastante desde que Aristóteles fez essa mesma pergunta a séculos atrás, mas nossa inquietação perante ela continua praticamente a mesma – afinal, como exatamente o espírito se une ao corpo?

Em um ambiente freqüentado por físicos e simpatizantes da ciência em geral, obviamente primeiro era preciso definir o que diabos era o espírito. Para os céticos de negação, de opinião cristalizada, era fácil zombar de quem aparentemente acreditava em coisas imateriais, não detectadas, fantasmas e assombrações… Outros, porém, de olhos mais atentos, ficaram um tanto curiosos quando alguns de nós falavam em materialidade do espírito, em partículas fluidas, não detectáveis pela luz (como os outros 96% da matéria e energia do universo), a compor corpos dentro de corpos, corpos vestindo corpos, como nós mesmos vestimos alguma roupa.

Mas ainda era necessário compreender de que forma este espírito se manifestava no mundo que conhecemos, que é afinal de contas o mundo que estamos agora, onde fomos colocados, onde bem ou mal precisamos estudar e amar como todos os outros mundos deste Cosmos infinito. Daí a física quântica parecia a princípio deslocada…

Está certo, Feynman já havia dito que ninguém havia entendido nada de física quântica, mas certamente os físicos entendiam pouco mais do que os leigos. E ainda que Hameroff e Penrose tenham um dia postulado que nosso aparente livre-arbítrio na verdade deriva de reações descritas pela mecânica quântica em minúsculos tubos constituídos de proteínas dentro de nosso cérebro, isso não era suficiente para associar a física quântica ao espírito – até mesmo porque esta teoria não dispunha de muita credibilidade no meio acadêmico, a despeito de prestígio de seus criadores.

A ciência moderna envolveu-se neste monumental paradoxo: primeiro, no campo da neurologia, foi obrigada a postular a existência da consciência, para somente então tratar de reduzi-la ao mero tilintar de neurônios no cérebro, a um fruto de reações químicas já estabelecidas, a suprema ilusão de todos os seres – que crêem que possuem efetivamente a capacidade de escolha.

Mas a neurologia não resolveu o problema difícil da consciência, não faz sequer idéia do porque tomamos decisões morais ou imorais, altruístas ou egoístas, enfim, do porque diabos um bombeiro arrisca sua vida para salvar a vida alheia em ambientes inóspitos como um prédio em chamas… Da mesma forma, não é capaz de criar máquinas que interpretem informações, que falem sobre a “vermelhidão” do vermelho, que expliquem por meio de algoritmos porque gostaram mais de uma poesia do que da outra, que determinem o exato valor com que aquela menina ama seu cachorrinho…

Máquinas jamais serão consciências. Nós não somos máquinas, e mesmo que fossemos, ainda estaríamos muito distantes da engenharia reversa – de sermos capazes de construir a nós mesmos.

Então, algo nos escapa, a natureza não nos deixa relaxar. Se fomos criados por um Deus desconhecido ou pelo acaso, pouco importa, porque não compreendemos muito bem nem um nem outro. Se a consciência é mera ilusão e se tudo é definido por uma dança neuronal aleatória, então somos obrigados a seguir tal dança, e uns crêem e outros não, e uns matam e outros não, e uns amam e outros não, simplesmente pelos desígnios da deusa Fortuna.

Mas, se existe a consciência, se existe a alma, se existe o espírito, temos que nos re-conectar a nossa essência, ao nosso inconsciente oculto, para que possamos viver esta vida do aqui e agora, mundana, de maneira mais rica, mais profunda, mais poética, mais espiritual.

Se ainda temos alguma escolha, ainda que vivamos num reino estranho onde partículas ora são onda, ora são pontos, e tem apenas uma probabilidade de estar aqui e acolá, escolhamos compreender o incompreensível, mergulhar no mar revolto da natureza – revolto, mas convidativo.

Sejamos espiritualistas, físicos, ocultistas, céticos, filósofos, ou ainda tudo isso ao mesmo tempo, esta é uma pergunta que não podemos nos dar ao luxo de ignorar.

Rafael Arrais, 13/02/2011

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Este foi o prefácio que escrevi para o livro “A pergunta de Aristóteles”, do meu amigo Abenides Afonso de Faria, e que foi lançado recentemente pela Editora Baraúna.

O livro é uma grandiosa compilação de uma das mais longevas e interessantes discussões online de que já participei. Abenides foi também o iniciador do tópico “A pergunta de Aristóteles“, que vem sendo discutido na comunidade Física Quântica – A Revolução, do Orkut, desde 25/05/07 (e hoje conta com mais de 15 mil respostas, e contando, apesar do Orkut não ser mais o mesmo de anos atrás).

Eu fico muito feliz de poder dizer que sou um dos “personagens principais” da discussão (apesar de só aparecer inicialmente lá pela página 60); E, se lerem o livro todo, verão que muito do que foi debatido lá serviu de base para inúmeras reflexões que foram posteriormente desenvolvidas em maior profundidade no meu blog (Textos para Reflexão).

Pode parecer estranho eu estar usando minha coluna no TdC para divulgar um livro, mas podem ter certeza que não tenho nenhum interesse comercial nisso, o livro realmente não é meu, sou tão somente um “personagem” dele… Mas acredito que seja uma leitura interessante para a maioria do público do TdC, que afinal de contas está representado pelos “personagens” presentes no livro – cada um com sua crença, ou descrença. Temos físicos ocultistas (sim eles existem, e eu conheço um!), físicos céticos, seguidores da logosofia, espíritas e espiritualistas em geral, curiosos, leigos, filósofos, etc.

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A pergunta de Aristóteles

O pensamento central do livro é a coleta de informações sobre o que pensa um grupo de pessoas que se propõe a trocar idéias sobre a polêmica aproximação entre a ciência oficial e a espiritualidade. Nos diálogos aparecem opiniões das mais variadas correntes do pensamento representadas por pessoas dos mais variados tipos psicológicos. Até aí nenhuma novidade, mas o que mais impressiona é que a troca de informações vai sendo conduzida de tal forma que se estabelece o respeito e a liberdade entre os membros da comunidade, não sem antes passar por algumas rusgas que se resolvem no decorrer dos diálogos. Observa-se também que a intenção de fazer proselitismo de uma corrente ou outra não tem lugar, pois a essência de um diálogo de alto nível intelectual não admite dogmatismo ou fanatismo.

A pergunta de Aristóteles: Como o espírito se une ao corpo? É o pano de fundo e o combustível para os debates que se traçaram entre o espiritismo, teosofia, ocultismo, ceticismo, logosofia, e até palpites desprovidos de qualquer racionalidade, mas que dão uma pitada de humor. As respostas foram apresentadas de acordo com o que até o momento pensam os representantes de cada corrente. Nenhum dos membros sustentou a imposição de suas opiniões e surgem várias respostas: o espírito se une ao corpo através da glândula pineal, do perispírito, da faculdade de sonhar, do cordão de prata, etc. Inclusive aqueles que se declararam contra qualquer idéia de dualidade. Porém, como o objetivo não é doutrinar, a resposta ficará a cargo do leitor que certamente meditará sobre o assunto. Fica no ar o vazio que surge da necessidade de se desenvolver uma mente mais capaz.

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O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#físicaquântica #Ceticismo #espiritualismo #Religião #Ciência

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-pergunta-de-arist%C3%B3teles

Monstros Internos

Eles povoam a nossa imaginação. Ocultam-se sob nossas camas. Rastejam nos obscuros recessos de nosso inconsciente primitivo. Não há fuga, não há refúgio. A coisa vai pega você. A Besta, o aniquilador, o Lusus Natura. O que é? Por que tememos?

Qual é o seu nome?

Sempre tivemos nossos demônios. Há muito inflamam a imaginação romântica de sacerdotes e poetas. Houve um tempo em que os denominamos Trolls; depois foram chamados de Diabos, e então vieram as Bruxas, misturando poções maléficas em seus caldeirões. Ainda mais tarde, dizia-se que o Monstro era o Lobo Mau, o Bicho Papão, o Godzilla do terror da guerra fria. Por fim, alguns chamaram-no de intolerância e boçalidade. Durante algum tempo tentaram convencer-nos de que monstros não existem, que tudo no universo tinha, ou logo viria a ter, uma explicação racional.

Mas agora sabemos a verdade. Reatamos nossas relações coma Besta. Aprendemos seu verdadeiro nome.

Agora compreendemos a dimensão da eternidade, sua infinitude inimaginável, sua estrutura caótica e insignificância de nossa própria existência.
Agora admitimos a magnitude dos problemas que enfrentamos e a nossa aparente incapacidade de gerar mudanças na escala necessária para salvar-nos.

Tivemos um lampejo da realidade e enxergamos a verdade por trás do véu. Fechamos o círculo e redescrobimos o Demônio. Recuperamos nossa herança ancestral. Achamos aquilo a que concedemos tantos nomes – a fonte de nosso terror mortal.

Descobrimos o inimigos… e somos nós.

Somos caçadores, perseguindo eternamente a verdade inquietante de nossa condição humana, buscando em nosso íntimo por aquilo que é sujo, incerto, impuro – pelo que não tem nome. Ao olharmos os monstros que criamos, adquirimos um discernimento um pouco mais amplo de nossa “metade negra”. Esses demônios expressam o que somos nos níveis mais profundos e inacessíveis do inconsciente. Desde tempos remotos, eles nos têm proporcionado uma conexão com nosso eu animal, a satisfação de uma necessidade emocional primitiva, e a promessa de uma injustiça implacável.

O vampiro é o demônio quintessencial, nada mais sendo que um reflexo de nós mesmos. Os vampiros alimentam-se como nos alimentamos, matando, e, causando morte, podem sentir o mesmo terror, a mesma culpa, o mesmo anseio por fuga. Estão aprisionados no mesmo ciclo de necessidade, fartura e alívio. Como nós, buscam redenção, pureza e paz. O vampiro é a expressão poética de nossos temores recônditos, sombra de nossas necessidades primordiais.

Tal o herói da lenda, que desse ao poço do Purgatório para enfrentar o algoz, derrotar as fraquezas pessoais e finalmente ser purificado, retornando para casa com a dádiva do fogo, também nós precisamos descer às profundezas de nossas almas e renascer com os segredos conquistados. Essa é a verdadeira jornada de Prometeu, o significado do mito. Apenas embarcando nessa jornada podemos descobrir nossos eus verdadeiros e ver nossos reflexos no espelho.

O fascínio desta promessa de conexão espiritual é praticamente irresistível. Mas trata-se de uma aventura por demais perturbadora. É preciso manter-se vigilante e caminhar com cautela – toda jornada reserva seus perigos. Não olhe a própria alma, a menos que esteja preparado para enfrentar o que descobrir.

E neste momento, lembre-se:

Monstros não existem…”

Retirado do livro Vampiro: A máscara,

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/monstros-internos/

Goécia

goecia

Uma das etapas mais importantes do desenvolvimento mágico na Tradição Esotérica Ocidental, mas também uma das mais incompreendidas, é o trabalho goético, ou invocação dos demônios. Foi sobretudo graças à Goécia que a magia adquiriu uma reputação tão sinistra no ocidente, especialmente em uma sociedade como a medieval, em que a palavra demônio evocava a noção de criaturas infernais, dotadas de chifres e rabo pontiagudo, sempre com um tridente na mão e envoltas em exalações sulfurosas. Essa idéia era compartilhada tanto pelo pio cristão quanto pelos pseudomagos que se aproximavam do trabalho goético ávidos por fama e poder, o que deu origem à lenda popular do pacto com o Diabo, que acabou se cristalizando na lenda de Fausto.

Foi só a partir das pesquisas de McGregor Mathers, um dos fundadores da Golden Dawn, que a Goécia começou a recuperar seu sentido original. Rato incansável de biblioteca, Mathers descobriu, traduziu e publicou a obra mais importante da tradição goética, a Clavícula de Salomão, cujas instruções serviram de base para a composição do Livro da Serpente Negra, o qual registra a versão Golden Dawn da Goécia. Na interpretação moderna adotada por Mathers e seus colegas, os demônios com os quais a Goécia trabalha são vistos como uma personificação das forças sombrias que agem nas profundezas da psique do próprio mago. Elas tornam-se demoníacas na medida em que são apartadas da consciência e, conseqüentemente, se voltam contra esta, o que não deixa de antecipar as teorias freudianas sobre o recalque e o retorno do recalcado. O objetivo do trabalho goético é recuperar essas forças e integrá-las à totalidade da psique, transformando-as em energias positivas que contribuem para a evolução interior do mago.

Com o costumeiro tom pragmático e pé-no-chão que adotava sempre que não estava preocupado demais em impressionar os basbaques com sua persona de Grande Mago, Crowley foi direto ao ponto, na célebre introdução que escreveu para a tradução de Mathers da Clavícula de Salomão: “Os espíritos da Goécia são parcelas do cérebro humano.”

Mais prudente que Crowley, Israel Regardie evita atribuir uma base cerebral para os demônios goéticos, mas não deixa de insistir sobre o paralelo entre eles e os complexos inconscientes estudados pela psicanálise:

complexo, enquanto for um impulso subconsciente oculto, à espreita e destituído de configuração ou forma no inconsciente do paciente, ainda com força para romper a unidade do consciente, não pode ser adequadamente confrontado. A mesma base racional subjetiva estende-se ao aspecto goético da magia, a evocação dos espíritos. Enquanto na constituição do mago permanecem ocultos, descontrolados e desconhecidos esses poderes subconscientes, ou espíritos (…), ele é incapaz de enfrentá-los adequadamente, examiná-los ou desenvolvê-los visando modificar um e banir outro do campo total da consciência. Eles precisam assumir forma antes que possam ser usados. Mediante um programa de evocação, porém, os espíritos ou poderes subconscientes são convocados das profundezas, e sendo atribuída a eles forma visível no triângulo de manifestação, podem ser controlados por meio do sistema mnemônico de símbolos transcendentais e conduzidos ao terreno da vontade espiritualizada do teurgo.

Mesmo que Regardie use palavras com as quais os psicólogos contemporâneos não se sentem muito à vontade – como subconsciente, por exemplo -, sua descrição da Goécia é clara o suficiente para reconhecermos que o trabalho goético não é outra coisa senão o que os junguianos denominam de confronto com a sombra.

Sombra

Classicamente, a psicologia junguiana define a sombra como os aspectos da personalidade que o ego se recusa a reconhecer e que, dessa forma, são banidos para o inconsciente. Os motivos dessa recusa são vários mas, de um modo geral, têm uma base sociocultural: o indivíduo reprime aqueles traços que não são valorizados pela sociedade ou que, durante a infância, os pais o ensinaram a encarar como feios, maus ou indesejáveis. Alguns desses elementos foram simplesmente expulsos do campo da consciência. Outros nunca chegaram a fazer parte dele e foram barrados antes mesmo que tivessem condições de se desenvolver. Formam a base do que Jung descreveu como o inconsciente pessoal e que coincide mais ou menos com o conceito de inconsciente que Freud desenvolveu no início da psicanálise, antes que formulasse a célebre distinção entre ego, superego e id.

Nos sonhos e fantasias das pessoas, os componentes da sombra costumam aparecer sob a forma de figuras perturbadoras, más ou demoníacas. De fato, a interpretação junguiana tradicional identifica os demônios da religião aos complexos que constituem a sombra, e é esse o fundamento da explicação que Regardie dá para os demônios goéticos. No entanto, é importante frisar que esses complexos não são bons ou maus em si mesmos. São forças psíquicas, moralmente neutras, e é apenas à luz dos valores do ego que eles adquirem uma conotação maléfica.

Para dar um exemplo, durante boa parte da história, a sociedade patriarcal classificou os sentimentos como um atributo feminino e inferior. A expressão dos sentimentos pelos homens era vista como sinal de fraqueza, o que ainda persiste em ditados como o de que “homem não chora”. Para onde vão os sentimentos que os homens são proibidos de exprimir? Para a sombra, claro. Uma vez lá, tornam-se complexos inconscientes, em constante pé-de-guerra com o ego, e que exercem uma influência perturbadora sobre a consciência, apossando-se dela em determinadas circunstâncias – por exemplo, quando o homem explode em um ataque de raiva incontrolável. Essa raiva é um demônio porque possui a consciência, escapa ao seu controle e causa efeitos destrutivos para o próprio indivíduo e para os que o rodeiam. Mas ela não é essencialmente má. É uma força positiva, o sentimento, que só se tornou destrutiva devido à repressão que a impede de ser canalizada de uma forma mais construtiva. A mesma coisa vale para todos os elementos que constituem a sombra.

Os junguianos freqüentemente se referem à sombra no singular, como se fosse uma entidade única, mas não devemos nos iludir com isso. A sombra é uma instância múltipla, composta por diferentes forças que só têm em comum o fato de terem sido reprimidas pelo ego, e que muitas vezes, além de estarem em conflito com a consciência, também se opõem entre si. Imagine uma multidão de demônios, pequenos e grandes, em constante luta uns com os outros, uivando, berrando, e você vai ter uma boa idéia do que se passa no território da sombra. É esse quadro que está na origem do termo goécia, palavra que em grego significa um uivo feroz e inarticulado.

O desenrolar do processo de individuação – que, como foi dito em outra parte, é nada mais, nada menos do que a iniciação de que falam os esoteristas – leva a consciência a se identificar cada vez menos com o ego, alargando seu campo para integrar os conteúdos do inconsciente, tanto do inconsciente pessoal quanto do coletivo. É inevitável, portanto, que em determinada altura do caminho, ela se defronte com o problema de recuperar a sombra, trazendo seus demônios para a superfície, exorcizando o caráter destrutivo dessas forças e integrando-as a seu próprio campo.

No âmbito da psicologia junguiana, esse trabalho é feito com a ajuda do terapeuta. Antes que a psicologia fosse inventada, contudo, as religiões e escolas esotéricas desenvolveram uma bateria de rituais com o propósito de alcançar esse objetivo. A magia goética, tal como descrita pela Clavícula de Salomão, é um desses procedimentos.

A Sombra e a Sístase

Antes de continuar, consideremos a questão da sombra à luz do conceito gnóstico de sístase.

Quem vem acompanhando o Franco-Atirador há algum tempo deve se lembrar de que a sístase é o nome que os gnósticos davam para o sistema de dominação que aprisiona o ser humano, limitando seu potencial. Esse sistema tem ramificações que se estendem por todos os níveis, do cósmico ao psicológico, mas suas principais manifestações são:

1. Giger_bNo campo social, um conjunto de valores que determina o que é ou não aceitável, e inclusive o que deve ser considerado como real ou irreal. É o que o marxismo descreve sob a rubrica de ideologia.

2. No campo psicológico, padrões estereotipados de cognição e comportamento, que filtram as percepções das pessoas e moldam suas ações e interações. A psicanálise se refere a esses padrões como o superego.

3. No campo fisiológico, um sistema de tensões físicas – sobretudo musculares, mas não só – que impedem a energia de circular livremente pelo organismo. Reich batizou esse sistema de tensões de couraça caracteriológica ou couraça muscular.

Esses três níveis estão, obviamente, inter-relacionados. É a internalização da ideologia que está na origem do superego, e é o superego que se ancora no corpo sob a forma de um encouraçamento do organismo. Uma vez constituídos, superego, couraça e ideologia reforçam-se mutuamente em um circuito de retroalimentação (feedback). O circuito age como um filtro, que deixa passar algumas percepções, emoções e atitudes, com os quais a nossa realidade consensual (a visão que temos de nós mesmos e do mundo) é construída, enquanto outros, que não são considerados compatíveis com a realidade consensual, são sumariamente excluídos. O que mantém esse circuito funcionando é a energia dos próprios impulsos reprimidos, desviada e canalizada para alimentar o sistema.

Como o leitor deve ter percebido, a descrição gnóstica e a teoria junguiana da sombra descrevem a mesma coisa sob dois pontos-de-vista ligeiramente diferentes. A partir dessas duas visões, não é difícil perceber também que as relações entre o ego e a sombra são mais complexas, mais dialéticas, do que uma leitura superficial permitira supor. O mundo do ego rejeita a sombra mas, ao mesmo tempo, precisa da energia dela para existir. Nossa realidade consensual só se mantém à custa da força que extrai daquilo mesmo que ela exclui. Os impulsos reprimidos são transformados em demônios, mas são esses demônios que sustentam a estrutura que os reprime.

Conseqüentemente, é impossível superar a sístase enquanto ela for constantemente energizada pelo reprimido em nós. Daí que a integração da sombra, trazer os demônios do inconsciente à luz da consciência e, numa palavra, redimi-los, é uma condição sine qua non para a dissolução do estado de sístase. O que dá toda uma nova perspectiva ao trabalho goético.

A Clavícula de Salomão

Apesar de ser atribuído ao rei Salomão – que, segundo o folclore judaico, tinha o poder de controlar os demônios do céu, da terra e do inferno -, o texto da Clavícula não tem nada a ver com o legendário soberano judeu. De acordo com os filólogos que estudaram a composição do texto, ele deve ter sido escrito por volta do sec. XII d.C., provavelmente na região do Império Bizantino, que herdou boa parte do conhecimento clássico e helenístico, inclusive no que se refere ao esoterismo.

Como todos os tratados de magia medieval, a Clavícula descreve um procedimento ritualístico bastante complexo, com a utilização de toda uma parafernália cerimonial de robes, pantáculos, amuletos e talismãs, que devem ser confeccionados seguindo à risca as precisas instruções contidas em cada capítulo. Um leitor moderno que vá ler o texto à procura de um manual prático ficará inevitavelmente decepcionado – pode-se dizer o que for dos rituais seguidos pelos magos medievais, menos que eles são práticos. Mesmo problema, aliás, do Livro de Abramelin. E não ajudam nada as constantes advertências de que o menor erro pode fazer com que a alma do mago seja arrastada para o inferno pelas entidades que ele imprudentemente evocar.

Mas não há motivo para susto. A razão pela qual a magia cerimonial antiga é tão abstrusa é a necessidade de mobilizar e canalizar as forças da imaginação, que são, afinal de contas, o único instrumento realmente necessário para a prática da magia. Todo o aparato que o mago é instruído a fabricar tem um significado acima de tudo simbólico, e espera-se que as dificuldades que ele vai encontrar ao fazê-los sejam suficientes para direcionar sua vontade em direção ao objetivo. Já no Renascimento, os criadores do que se tornou conhecido como magia hermética – Marsilio Ficino, Giordano Bruno e Pico della Mirandola, entre outros – compreenderam que uma capacidade de visualização bem-desenvolvida pode substituir com proveito essa tralha toda. A Golden Dawn aprofundou ainda mais essa trilha do uso mágico da imaginação, que consiste na visualização de símbolos e interação com eles em uma esfera puramente psíquica (o astral, como se costuma dizer). E AOSpare e a magia do caos levaram a tendência a seu limite extremo, substituindo até o simbolismo tradicional por símbolos e imagens que fossem eficientes e adequados à psicologia individual de cada mago.

(Por outro lado, para os que gostam da pompa e circunstância da magia cerimonial, Carroll “Poke” Runyon desenvolveu uma versão contemporânea da magia de Salomão que, embora eu não tenha testado na prática, me pareceu bem interessante e vale pelo menos uma olhada, apesar das horrendas ilustrações kitsch com que ele recheou seu livro…)

O Círculo Mágico e o Triângulo da Manifestação

Alegorias de escola de samba à parte, a magia goética se apóia sobre dois instrumentos: o círculo mágico e o triângulo da manifestação. Circle_goetiaO círculo mágico é um velho conhecido de todos os que estudam magia. É no interior dele que fica o mago e sua função tradicional é protegê-lo das forças que o ritual se destina a evocar. Autores contemporâneos, embora não neguem esse papel de proteção, tendem a ver o círculo mágico muito mais como a constituição de um espaço sagrado, separado da realidade quotidiana, no interior do qual a consciência se desloca para um estado alterado no qual a magia é possível. (Um exemplo dessa nova abordagem do círculo mágico pode ser encontrada aqui.) De qualquer forma, embora o mago medieval laboriosamente traçasse o círculo fisicamente no chão, não existe motivo pelo qual ele não possa ser simplesmente visualizado, que é a alternativa adotada por um bom número de adeptos nos dias de hoje.

A mesma coisa se aplica ao triângulo da manifestação, no interior do qual muitas vezes colocava-se um espelho mágico. De acordo com a Clavícula, ele deve ser feito de madeira, com as dimensões exatadas dadas pelo texto, mas pode-se perfeitamente visualizá-lo apenas na imaginação. Como o próprio nome diz, é no interior do triângulo que as entidades evocadas se manifestam. E as explicações dadas por Regardie e outros deixam bem claro que seu valor é antes de mais nada simbólico.

Identificando os demônios pessoais

Levando-se em conta o caráter simbólico de seus elementos, o ritual goético pode ser simplificado ao extremo, tornando-se uma forma de meditação voltada para a integração dos conteúdos que compõem a sombra.

O primeiro passo é identificar esses conteúdos. Você pode preferir trabalhar com os próprios demônios goéticos que, afinal, em última análise, são uma personificação das tendências sombrias da psique. Se optar por essa alternativa, vai encontrar uma descrição pormenorizada dessas entidades em qualquer edição da Clavícula de Salomão (no início do post, dei o link de uma). Eu, porém, não recomendo essa abordagem. Embora sejam uma representação arquetípica, os demônios da Goécia são também clichês elaborados em um contexto – o do cristianismo medieval – que tem pouca ou nenhuma relevância para a psique contemporânea. E apesar do núcleo da sombra ser constituído de partes arquetípicas, ela é também uma montagem altamente individualizada de impulsos reprimidos e traços negativos da sua personalidade. Ou seja, todo mundo tem uma sombra, mas a sombra não é igual para todo mundo. Por esse motivo, é preferível dar espaço para que seus demônios pessoais se revelem sob uma forma igualmente pessoal, em vez de tentar encaixá-los na marra em uma representação coletiva.

Normalmente, as partes da sombra podem ser identificadas através de suas manifestações emocionais. São emoções que se apoderam subitamente da consciência sem causa aparente ou com uma intensidade desproporcional a sua pretensa causa. Por exemplo, ataques de raiva cega ou destrutiva, sentimentos de opressão ou depressão não motivados (pelo menos, não inteiramente) pelas circunstâncias externas, inveja ou ciúme patológicos, etc.

Antes de proceder ao trabalho goético propriamente dito, é preciso mapear esses sentimentos. Uma forma simples de fazer isso é manter um registro escrito no qual se anota escrupulosamente todos os sentimentos que se quer trabalhar. Se preferir, você pode dar um nome a esses sentimentos (por exemplo, o Demônio da Raiva ou o Espírito da Depressão). Personalizar os conteúdos da sombra facilita a etapa seguinte, que é evocar sistematicamente seus demônios, com o objetivo de exorcizá-los.

Exorcismo da sombra

Exorcizar os demônios, ao contrário do que o filme de William Friedkin e séculos de tradição católica dão a entender, não significa expulsá-lo. Isso seria o equivalente teológico da repressão e eles já estão mais do que reprimidos, obrigado. É por isso, aliás, que se tornaram destrutivos.

A palavra exorcismo vem do grego exos, exterior, e significa simplesmente trazer para fora o que estava oculto. Exorcizar um demônio significa apenas expor à luz da consciência um conteúdo que se encontrava reprimido no inconsciente.

Para isso, primeiro visualize a si mesmo no interior de um círculo de proteção ou visualize um círculo de proteção ao seu redor. Se achar necessário, pode traçar o círculo fisicamente, com giz ou que o valha, mas mentalizar um círculo de luz branca ao seu redor é o suficiente. Procure ver o círculo com a máxima nitidez possível. Sinta a proteção que ele oferece, isolando-o de todas as influências negativas, inclusive e sobretudo das forças que você vai evocar.

Em seguida, imagine um triângulo em frente a você, mas fora do perímetro do círculo. Ele corresponde ao triângulo da manifestação da Goécia clássica. Eu o vejo como um triângulo de luz vermelha, provavelmente porque a emoção característica da minha sombra é a raiva, mas a cor não é de fato importante. O essencial é imaginá-lo com nitidez e, de novo, se quiser, pode desenhar um triangulo concreto diante de seu círculo.

O passo seguinte é vivenciar a emoção que vai ser trabalhada. O momento ideal para isso seria quando ela surge espontaneamente, mas na maior parte das vezes isso é muito difícil, beirando o impossível. Um dos traços mais marcantes das emoções da sombra é seu caráter compulsivo e, no calor da emoção, não se pode censurá-lo por não conseguir parar para visualizar o círculo e o triângulo.

Evocando os Demônios Pessoais

Em vez disso, depois de confortavelmente instalado em seu círculo, defronte o triângulo da manifestação, procure se lembrar das ocasiões em que você experimentou a emoção da sombra. Escolha apenas uma emoção de cada vez, ou será impossível lidar com a horda de demônios que vai irromper pelas janelas da mente.

Tente se lembrar não das circunstâncias externas, que são irrelevantes, mas das sensações que você teve quando a sombra irrompeu. Trate de evocar nos mínimos detalhes como você se sentiu nessas ocasiões.

Quando perceber que conseguiu estabelecer contato com a emoção, visualize-a fluindo de você para o triângulo da manifestação, onde ela se acumula como uma massa luminosa de intensidade crescente. Depois de algum tempo, essa massa vai se coagular e assumir uma forma concreta. Pode ser uma pessoa, um animal ou um objeto. Não tente antecipar ou impor uma forma, deixe que o processo seja espontâneo.

No entanto, caso ela surja sob o aspecto de uma pessoa real, de carne e osso, peça-lhe para adotar outra forma. Isso significa que você tende a projetar a emoção em questão sobre a pessoa que apareceu, e confundir as duas só vai trazer dor-de-cabeça para você e para a pessoa. Jung dizia que praticar qualquer espécie de imaginação ativa sobre a imagem de uma pessoa real é magia negra, e ele tinha toda a razão quanto a isso.

Pode ser que a imagem demore um pouco para se estabilizar, adotando várias formas seguidas, como se o conteúdo estivesse decidindo qual é a mais adequada. Mas, uma vez estabilizada, ela é o seu demônio. E está pronto para ser confrontado.

Agora eu tenho sua Atenção

Uma questão importante antes de sair evocando os espíritos goéticos é: o que fazer quando eles aparecem? Você está escancarando os porões do inconsciente para dar passagem a seus piores demônios. Agora que eles estão plantados diante de você, como lidar com esses visitantes infernais?

Os magos medievais e renascentistas que usavam a Goécia não tinham grandes problemas com isso. Como eles trabalhavam com um sistema de crenças objetivo, a integração dessas forças à consciência não se colocava. Suas finalidades eram práticas até o talo: queriam conhecimento, poder ou diversão, e ponto final. Quando os espíritos goéticos surgiam, eles os botavam pra trabalhar. Depois, se tivessem cumprido sua tarefa a contento, recebiam uma licença para partir e tornavam a mergulhar nos porões sulfúreos do inconsciente, autônomos e não-integrados. Ou, se o mago não tivesse cumprido sua tarefa a contento, invadiam o círculo de proteção e se apossavam de sua alma (um fenômeno que a psicologia analítica conhece como inflação do ego e ao qual os psicólogos junguianos se referem como possessão do ego por um conteúdo do inconsciente).

Não admira que a Goécia tenha adquirido uma reputação tão ruim, não só entre os leigos, mas entre os próprios adeptos. Sempre que questionados sobre as operações goéticas, os membros da Golden Dawn saíam pela tangente, e davam a mesma resposta do Jesus de South Park: “Meu filho, eu não tocaria nisso nem com uma vara de dois metros.” E isso a despeito de ter sido McGregor Mathers quem traduziu a Clavícula de Salomão para o inglês.

No entanto, é preciso tocar nisso, com ou sem uma vara de dois metros.

Psicologia do Ego

A resposta do necromante clássico é obviamente insatisfatória. Usar nossos demônios para atender desejos pessoais é colocar essas forças a serviço do ego. Seu equivalente contemporâneo poderia ser a ego psychology, que pretende drenar o inconsciente para criar um ego forte, plenamente adaptado ao princípio da realidade e capaz de submeter os “caprichos” do inconsciente ao domínio imperioso de sua vontade (que não deve ser confundida com a Verdadeira Vontade de Crowley e da Thelema).

Isso é o oposto da integração.

Os espíritos goéticos devem ser integrados à consciência, e não ao ego, e enquanto essa distinção não for compreendida, não importa o rótulo que se empregue, estaremos praticando magia negra da pior espécie.

O que fazer?, perguntaria o camarada Lênin, confiando seu cavanhaque com o olhar perdido no vazio.

O que fazer?

Diálogo com a Sombra

Os espíritas diriam que é preciso doutrinar os espíritos, isto é, esclarecê-los quanto à verdadeira doutrina de Kardec, tirá-los das trevas da inconsciência e permitir que eles se aperfeiçoem pela prática de obras de caridade.

Contenha o sorriso, meu caro leitor cínico. Eles estão certos.

Não da maneira que eles pensam, evidentemente. Os espíritas pecam por uma certa ingenuidade e uma compreensão literal das coisas – daí acreditarem piamente que existem linhas de ônibus em Nosso Lar – mas, talvez até por causa de sua inocência, descobriram um princípio importante.

Os espíritos são tirados do inconsciente através do diálogo.

Os espíritos são integrados à consciência estabelecendo-se uma conexão entre eles e alguma coisa maior que o ego.

Além do Ego

Esse eixo de referência maior que o ego é, evidentemente, o Self – ou o SAG, se você preferir o vocabulário mágico.

É isso que significa o círculo mágico de proteção. O círculo é o emblema geométrico do Self, e você vai notar que, na descrição da Clavícula, não é o nome do mago que está escrito em sua periferia, mas os nomes de Deus. Você notará também que mesmo a invocação goética tradicional conclama os espíritos a obedecerem em nome de Deus. É claro que invocar o poder divino para obrigar o espírito a encher seus cofres de ouro é uma traição do ego, mas o ponto não é esse. O ponto é que a força que submete os espíritos se origina de além do ego.

Desnecessário dizer, se o mago não tiver estabelecido ele próprio essa conexão entre a consciência e o Self, a evocação goética não passa de palavrório vazio. Pior que isso, é um blefe, porque o mago estará se apoiando em um poder que ele não possui. E um blefe que, com toda a probabilidade, não vai demorar a ser desmascarado, uma vez que, se a consciência não estiver solidamente ancorada no Self, não terá como fazer frente ao fascinium tremendum que emana dos complexos do inconsciente e que é descrito nos tratados tradicionais como a irresistível capacidade de sedução dos espíritos infernais.

O resultado disso, numa palavra?

Loucura.

Foi só porque teve o bom-senso de se amarrar ao mastro do navio que Ulisses pôde resistir ao canto das sereias.

É por esse motivo que, segundo Abramelin, o trato com os espíritos infernais vem depois da conversação com o Santo Anjo Guardião. Abramelin vai ainda mais longe e diz que é o próprio SAG quem ensina o mago a melhor maneira de evocar e controlar os espíritos. E adverte enfaticamente sobre o risco mortal que é a evocação dos espíritos infernais sem a imprescindível retaguarda fornecida pelo SAG. Esqueçam estes charlatões prometendo contato com kiumbas e eguns; eles não têm poder para nada, se tivessem, estariam ricos e não precisariam vender pactos para viver. Os verdadeiros demônios que podem ser negociados estão dentro de cada um de nós.

Por Lucio Manfredi.

#Goécia #MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/go%C3%A9cia

A Magicka Penta-Dimensional do Sétimo Caminho

Tradução por Diabolus Shugara

Revisado em 124yf

 

A Verdadeira Natureza da Magicka:

 

Magicka, corretamente definida e corretamente entendida, é a presenciação de energia acausal no causal por meio de um nexion. Pela natureza de nossa consciência, nós, como indivíduos humanos, somos um tipo de nexion – isto é, nós temos a habilidade para acessar, e presenciar, certos tipos de energia acausal.

 

Os símbolos e rituais da genuína magicka convencional (como representada pela ONA) são simplesmente um meio para acessar, ou representar, certos tipos de energia acausal. Assim, e por exemplo, a Árvore de Wyrd, como convencionalmente descrita (“desenhada”) e com suas correspondências, associações e símbolos, representam certas energias acausais, e o individuo que torna-se familiar com tais correspondências, associações e símbolos pode acessar (em um maior ou menor grau dependendo de sua habilidade e destreza) as energias associadas com a Árvore de Wyrd. A Árvore de Wyrd é um símbolo, uma representação, desse encontro (ou “intersecção”) do causal e acausal que é um ser humano, e pode ser usada para representar a jornada, a busca, do individuo em direção do acausal – isto é, em direção a meta da magicka, que é a criação de um novo, mais desenvolvido, individuo.

 

Entretanto, tal símbolo como a Árvore de Wyrd (AdW) – para ser uma correta e assim útil representação – deve ser entendida (“vista”) em termos causais e acausais. Como descrita convencionalmente (“desenhada”) a AdW é mais um estático objeto bi-dimensional. Uma representação mais acurada é tri-dimensional. Uma descrição ainda mais acurada é tetra-dimensional onde os símbolos são entendidos “fluir”/mudar de acordo com suas naturezas – e aqui, as transformações das peças/símbolos do Jogo Estelar são a chave. A melhor – mais acurada – descrição de tal símbolo como a AdW é penta-dimensional, pois Tempo tem “duas” dimensões, ou componentes: um causal (o “fluxo”/mudança) e um acausal, o qual o aspecto acausal não pode ser entendido, ou visto, ou mesmo simbolizado por meios convencionais tetra-dimensionais. Assim, cada símbolo individual, ou “associação” ou “correspondência” não é estática ou isolada – elas são mais emanações individuais, causais do que é um aspecto de mudança de energia acausal, a qual não pode ser totalmente contida (ou “descrita”) por alguma representação finita, causal.

 

Isto é, há um aspecto acausal para todos os trabalhos magickos, rituais e “representações”/símbolos, o qual aspecto acausal não pode ser representado por uma mera descrição ou símbolo tetra-dimensional.

 

É claro, o leitor astuto perceberá que não é somente a AdW que é uma emanação causal do que é um aspecto de mudança de alguma energia acausal em particular, mas também que nós, como indivíduos, somos como uma “coisa”.

 

A falha da magicka pré-ONA é a falha em entender, conhecer, a natureza tetra e a penta-dimensional da genuína magicka. De algum modo, em um nível básico, isso é porque, por exemplo, no caminho da ONA, não há coisas estúpidas como “rituais de banimento” – porque o individuo é um nexion, antes, durante e após algum ritual causal, ritual o qual envolve energia acausal.

 

O Sétimo Caminho da ONA:

 

O Caminho da ONA é um Caminho que permite o individuo experimentar, conseguir conhecer, energia acausal, e começar o processo de entendimento de tal energia via simbolismo acausal. Toda magicka – externa, interna e Aeonica – é mais como um meio para compreender, experimentar e presenciar energias acausais, e assim criar/provocar Mudança. Isto é, a magicka convencional da AdW, de livros tal como Naos, de rituais, é mais como um inicio – através de tais coisas, o individuo iniciado adquire experiência e conhecimento, e também se desenvolve como individuo: em termos de caráter. Em um sentido simples, eles se movem, através de Graus, além do “Abismo”, em direção a Meta, que é a transformação do individuo e a emergência de um novo tipo de ser, além do Adepto. E em tal movimento, tal desenvolvimento, eles adquirem conhecimento do acausal, o qual usualmente começa durante e após o Estagio de Adepto Interno – e que é frequentemente relanceado, em algum modo causal, por alguns Adeptos Externos que podem assim intuitivamente alcançar a essência do sinistro. Também, em tal movimento, eles causam/provocam mudanças no causal: isto é, eles empreendem Magicka Aeonica.

 

A base para o Sétimo Caminho é, primeiramente, o entendimento do causal, acausal e nexions, e, segundamente, a compreensão que nós, como indivíduos, podemos nos desenvolver de um modo consciente e racional.

Esotéricamente, o nome – o Sétimo Caminho – não é importante, e em essência serve somente para expressar alguma coisa que é diferente do que tem existido até agora. Exotéricamente, se refere as sete esferas convencionalmente descritas pela AdW – isto é, aquilo que tem sido chamado sistema septenario, o qual é mais um causal, e conveniente, meio para descrever o nexion que nós somos e o nexion que é a intersecção/encontro do causal e acausal em nosso mundo fenomenal.

 

O que, então, é o simbolismo acausal que pode ajudar o processo de entendimento e que em si é um ato de magicka, um presenciamento do acausal? Em sua forma mais simples é O Jogo Estelar – ou melhor, a forma avançada do Jogo Estelar. Mas mesmo isso é somente um inicio – uma mera manifestação tetra-dimensional. Em outra forma, tal simbolismo acausal são os Deuses Sombrios – não como algum “nome” ou “nomes”, e não como uma vibração/canto de alguma colocação de letras/nomes (tal vibração/canto é uma representação mais acurada que um mero “nome”). Antes, o simbolismo é/são os Deuses Sombrios e as energias (as “forças”) que Eles representam.(1)

 

Mas o que tudo isso significa, em termos práticos? Significa que para presenciar tais energias o individuo tem que ir não somente além do “simbolismo”, mas também ir além todas aquelas coisas que militam contra o “fluxo” de energia acausal para o causal. Isto é, eles tem aberto o nexion que eles são – eles não se tornam somente um “canal” ou “portal” mas um aspecto do próprio acausal, enquanto tal presenciamento é feito, e enquanto algumas dessas manifestações se manifestam em nosso tempo-e-espaço causal. Essa é a essência do que significa ir “além do Abismo” – alcançado seguindo o Caminho Septenario.

 

Em adição, e de importância crucial, no sentido pratico significa que os efeitos da genuína magicka não são puramente causais – eles não são limitados a um “ritual” ou ação especifica, e não podem ser contidos dentro de uma forma causal escolhida, tal como uma imagem estática ou algum artefato. Em um sentido muito simples, genuínas energias magickas são “penta-dimensionais” elas são parecidas com “formas vivas” que assim mudam, podem crescer (ou decair) e que podem causar ou provocar mudanças, no tempo causal, de acordo com suas “naturezas”.(2) Assim, considerando um exemplo muito noviciado, quando um ritual convencional é empreendido, as energias envolvidas são presenciadas em tempo causal e acausal – noviços ( e mesmo, as vezes, Adeptos) usualmente somente consideram ou sentem ou estão cientes do presenciamento causal e os efeitos causais, o qual eles frequentemente assumem que eles podem “controlar”. O que eles raramente consideram são os efeitos acausais.

 

Os Nove Ângulos – Significados Esotéricos:

 

Os Nove Ângulos tem muitos significados – ou interpretações – dependendo do contexto. No exotérico, sentido pré-Adepto , eles podem ser dito representarem os 7 nexions da AdW mais os 2 nexions que representam a própria AdW como um nexion, com O Abismo (uma conexão entre o individuo e o acausal) sendo um desses 2 “outros nexions”. Deve ser lembrado, é claro, que cada esfera da AdW não é bi-dimensional (ou mesmo tri-dimensional) e em modo simples cada esfera pode ser considerada como um reflexo (uma “sombra”) de outra – por exemplo, Mercúrio é a ‘sombra’ de Marte.

 

Em outro sentido exotérico, o nove são os processos alquímicos dos 7 mais 2, o qual 2 é a união de opostos: e, em um sentido, essa união pode ser considerada ser (magickamente, por exemplo, em um ritual pratico) como a união de macho e fêmea (por isso que é chamado um dos Ritos dos Nove Ângulos) – ainda que, é claro há outras combinações práticas, exatamente como cada ato magicko envolvendo tais Ângulos devem ser empreendidos por uma inteira e particular estação alquímica: isto é, tal trabalho deve ocupar um espaço de tempo causal, fazendo dele assim um tipo de magicka penta-dimensional que pode acessar a quinta dimensão magicka, o próprio acausal. Um entendimento um pouco mais avançado do Nove – em relação a um ritual para criar um Nexion – é vislumbrado no recente MS baseado em ficção Atazoth.

 

Além disso, os Nove Ângulos são símbolos do Jogo Estelar o qual ele próprio é magicka – isto é, um nexion que pode presenciar o acausal. Mas mesmo isso é somente um inicio – uma representação, em símbolos, do que é, em essência, sem símbolos: um meio útil para Iniciados, e Adeptos, para se mover em direção da nova magicka penta-dimensional incorporada na, e além da ONA.

 

O Sétimo Caminho e o Satanismo

 

Para o corrente Aeon, o Sétimo Caminho, Esotéricamente, é o caminho do Satanismo, expressado em seu mais obvio caminho por oposição a religião do Nazareno e por uma afirmação, através de rituais e construções similares, da energia/arquétipo comumente conhecido como “Satan”.

 

Como explicado em vários outros MSS da Ordem esse Aeon (3), deixado por ele mesmo, persistirá – isto é, suas formas externas e ethos continuarão sendo manifestas e ainda mantêm as pessoas cativas fisicamente e mentalmente – por pelo menos algumas centenas de anos, ainda que algumas das energias do próximo Aeon (energias manifestas em grupos como a ONA) são manifestas agora e se tornarão crescentemente manifestas. No sentido pratico, isso significa que indivíduos, organizações, grupos (e outros) continuarão a ser influenciados/controlados pelas forças do Velho Aeon, e aquelas forças do Novo Aeon não alcançarão mudança significativa, em formas tal como “sociedade”, por muitas centenas de anos, mudança a qual marcará a chegada real do próximo Aeon.

 

Portanto, virá um tempo quando a ONA – e os indivíduos que são parte dela ou que são influenciados por ela – derramarão exteriormente a retórica, as imagens, as formas de “Satanismo”, pois tais coisas são emanações causais ligadas a um Aeon em particular; eles não são a essência acausal supra-Aeonica a qual nós, através da progressão de Aeons, estamos nos movendo em direção e a qual o propósito do Ocultismo e magicka genuína nos movem como indivíduos, em direção da experiência e entendimento deles. O que mudará também são os meios – a magicka – para presenciar o acausal. Assim, haverá um distanciamento do ritual, e do evidente simbolismo do Velho Aeon – e especialmente das “palavras” e “nomes” (4) – em direção a uma magicka muito mais sombria: uma magicka que manifesta o acausal sem a necessidade de formas causais. E certamente sem a necessidade de “nomes”. Um tipo de magicka nova é O Jogo Estelar (a magicka do “Pensamento”) e outro é aquilo que retorna o Caos o qual é, e o qual não é, Os Deuses Sombrios – mas haverá muitos outros tipos dessa magicka penta-dimensional, alguns os quais já são conhecidos, e usados pelos genuínos Adeptos da Tradição Sombria.

 

Anton Long

Ascensão Matutina de Arcturus

(Nexion Black Rhadley) 116af

 

Notas:

 

(1) Parte dessa representação, é claro, é o que nós chamamos de sinistro – ou mais corretamente, aquelas energias/mudanças as quais quando presenciadas produzem um re-ordenamento, re-ordenamento que é mais frequentemente chamado “sinistro”.

 

(2) Isso não significa, é claro, que tais energias devem ser conceituadas no modo do Velho Aeon como efetivas “entidades vivas” tais como “demônios” ou coisas parecidas, aqueles seres vivos têm sua própria “natureza”. Mas uma conceituação, na verdade alude a uma verdade muito mais profunda, o qual em um sentido é incorporado nos mitos dos Deuses Sombrios, como pode ser usada como um inicio do movimento em direção de melhor entendimento baseado na realidade de como as energias acausais se manifestam – e então existem (“vivem”) – no causal.

 

(3) Para ser preciso, nós realmente escreveríamos: “A distorção que tem atingido o Aeon Ocidental persistirá…” Pois, como explicado em vários MSS da Ordem, o que é manifesto agora – e tem certamente sido obvio mesmo para muitos não-Adeptos nos cinco anos passados – é a distorção Magiana do Ocidente, distorção a qual é evidente no neo-cons da América com seu novo imperialismo que serve a uma importante agenda Sionista/Magiana. Inteiramente de acordo com MSS antigos: O ultimo Aeon, o Ocidental do qual centro é no Norte da Europa, está se arrastando para um fim, enquanto suas energias enfraquecem. O próximo Aeon, entretanto, tem seu centro não na nossa Terra, mas em uma locação no espaço e até esse centro ser alcançado, o Novo Aeon não será possível. Entretanto, o Velho Aeon tem cerca de 350 anos ainda para existir, e durante esse período, as energias do Novo Aeon se tornarão mais e mais obvias enquanto elas escoam em volta do Portal, trazidas em parte pelos Rituais deliberados de pequenos grupos de Adeptos…”

 

(4) Como tem sido escrito: ‘Não é correto dar nomes para algumas coisas…’ Pois uma nomeação é um distanciamento da essência da “coisa” que é nomeada – frequentemente um erro do qual o nome denota para a essência que é supostamente denotada por tal nomeação. Magicka é um meio distante de tal projeção, como uma transferência de pensamento “causal” limitado – um meio em direção a uma expressão das coisas, como as coisas são.

 

Alguns MSS Relevantes:

 

1) Magicka Aeonica – Uma Introdução Básica

2) Ritual Magicko: Dure e Sedue Cerimonial

3) Aeonicas: A Tradição Secreta (Parte I)

4) As metas da ONA

5) Aeonicas: A Tradição Secreta (Parte Três)

6) Os Nove Ângulos – Significados Esotéricos

7) Os Segredos dos Nove Ângulos

Ordem dos Nove Ângulos

Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/a-magicka-penta-dimensional-do-setimo-caminho/

O Diabo Eleito

por Nicholaj de Mattos Frisvold

“Replicou-lhes Jesus: Não vos escolhi eu em número de doze?

Contudo, um de vós é diabo.”

– Do Evangelho de João 6:70

O drama que cerca a Última Ceia detalha um Grande Mistério, pois vemos aqui a necessidade cósmica do Diabo como aquele que afirma o desígnio. O papel do Diabo pode ser dado de acordo com o ditame de Destino ou ao se nomear alguém que mantenha esta dignidade. Em ambos os casos, o Diabo é aquele que marca o limite exterior da possibilidade, a contração dos mundos na dor ou prazer já que afirma a beleza e a bem-aventurança. Em suas atividades mais profanas, o Diabo apontado é meramente percebido como um causador de problemas, uma nuance, um difamador, um mentiroso – um filho desobediente de Mercúrio em todas as medidas. Ainda assim, ao ser apontado como Diabo, uma tensão é estabelecida e afirma a intenção daquele que apontou seu acusador – e o acusador então afirmará a verdade e a mentira através de sua mera existência.

Comumente “Diabo” e “Demônio” são usados intercambiavelmente, mas é importante aqui distingui-los. Se seguirmos as primeiras transcrições gregas da Bíblia Sagrada, o Manuscrito de Vaticano número 1209, também conhecido com o “Emphatic Diaglott”, é interessante notar que no Evangelho de João, capítulo 6 onde Jesus aponta Judas como seu diabo, a palavra grega original é diabolos. Em outra passagem onde a versão King James (Rei James/Tiago) usa “diabo”, como através do 11º capítulo do Evangelho de Lucas, encontramos o daimone/demônio grego em uso. Na versão de King James, esta distinção é ausente e diabo é a tradução tanto para diabolos e daimone. Diaglott nos deixa claro que o chefe dos demônios é Baelzebubth/Baelzebub – e foi com o auxílio de Baelzebubth que Jesus, o Cristo, foi acusado de controlar a hoste demoníaca. Não há conexão aqui com demônios sempre serem diabolos.

Barry W. Hale comenta, em relação a isto, em seu excelente tratado demonológico “Legion 49” que “Diabolus” também pode ser interpretado como “o que traz para baixo”, não apenas como “acusador”. Esta observação é interessante, pois Diabolus pode ser visto como aquele que descende ou cai tal qual um ídolo celestial encarnando uma intenção particular que é feita na revelação do ato de acusar.

Logo, a qualidade diabólica, ou seja, a acusação, não deve ser entendida somente como uma categoria nefasta ou profana – porque isto tornaria este mistério vulgar. Como João 6 demonstra, este é um mistério embutido na concepção cósmica. Em relação a isto, Hale menciona em um comentário sobre Mateus 12:25 que aqui falamos de um “reinado dividido contra si mesmo”. O mistério diabólico, a acusação e difamação que tomam forma internamente são relacionados à divisão dentro de si mesmo. O santo para esta divisão interna deve ser Judas Iscariotes.

Judas Iscariotes, o diabo apontado, foi instrumental para o cumprimento do propósito através da traição e acusação. Pela divisão interna ele afirmou o desígnio. A afirmação do desígnio do salvador veio com a promessa de má reputação e calúnias sobre seu legado, encontrando sua libertação ao se enforcar pelo caminho de prata. Este tema também lança luz no comentário enigmático nos Eddas, que fala sobre o penduramento de Odin como o sacrifício de si para si, e as nove noites revelando a presença do caminho e chave de prata – ao afirmar a divisão temporal e restabelecer a unidade.

Sobre isto podemos ver na cruz o símbolo atemporal para o equilíbrio, interação, sacrifício, manifestação, unidade e potência. Na cruz, o círculo se torna “quadrado” e assim, o atemporal é manifesto ao longo do rio da repetição em terras de diferença.

Na sabedoria bogomila, como em algumas linhagens Sufis como silsilyah e tariqah, o Diabolus, sob o nome Satanael, Iblis ou outro de seus muitos nomes, é considerado como o poder que define os limites e afirma a criação. Curiosamente, estes pensamentos também são expressos por Maria de Naglowska e sua exposição sobre o Terceiro Termo da Trindade, onde Judas Iscariotes assume um papel similar em relação ao drama da salvação em torno de Jesus, o Cristo. Naglowska também menciona o significado mais profundo do enforcamento de Iscariotes propriamente, carregando sua própria salvação pela afirmação e remorso nascidos pelo amor.

Parece-me que o diabo, assim como demônio, representa em geral qualquer deidade ou espírito estrangeiro e particularmente a corte de anjos caídos, enquanto o diabo, como em Diabolus, é mais uma reminiscência de um ofício, uma função, um verbo, em conformidade com a função jurídica mesopotâmica de ha-satan, o acusador, que poderia ser material ou imaterial. Segue-se daqui um anjo, caído ou não, bem como um homem que assume esta função seja pelo Destino ou pela nomeação. Como tal, uma calúnia direcionada ao Diabolus toma forma de fogo que permite ao acusador afirmar a verdade velada dentro do caluniador. Em face da calúnia, o Diabo somente responderá a única coisa apropriada para seu ofício, ou seja, “abençoado seja”.

A função jurídica do acusador era a de provocar o surgimento da verdade ao salientar a Companhia da Mentira. Esta função, traduzida para uma compreensão metafísica, tomará então a forma de afirmar a verdade. A verdade não deve ser confundida com simples fatos, mas sim tomada com a pureza de uma Idéia ou forma particular. Ela toma, por todas as formas e intenções, a completa profundidade da freqüente declaração de Robin the Dart, o Magister do Clan of Tubal Cain: “Que a Palavra lhe proteja da Mentira”. Com este reconhecimento, a forma do estado apropriado pode também ser percebida, assim como a Palavra se tornou Carne – porque no coração deste drama repousa a percepção, livre da corrupção, completa e pura na forma em que percebe o mundo e seus caminhos.

Nota Biográfica:

Nicholaj de Mattos Frisvold é um antropólogo e psicólogo com uma inclinação para a metafísica dos cultos de uma genealogia tradicional. Ele é um especialista nas obras de Marsilio Ficino, e é um astrólogo tradicional praticante. Autor de várias obras, entre as quais estão “Artes da Noite – A história da prática da bruxaria” (Ed. Rosa Vermelha), “Craft of the Untamed – An inspired vision of Traditional Witchcraft” (Mandrake of Oxford), “Invisible Fire” (Capall Bann) e “Pomba Gira and the Quimbanda of Mbuma Nzila” (Scarlet Imprints). É um irmão jurado do Clã de Tubal Caim e Magister do Lilium Umbrae Cuveen, sua extensão no hemisfério sul. O autor mantém o blog “The Starry Cave” (http://www.starrycave.com/).

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-diabo-eleito

As Divindades Thelêmicas

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

A maioria das Deidades Thelêmicas é oriunda do Egito antigo. Apenas as duas principais são retiradas do Apocalipse de São João. Em Thelema, são usadas com referência de conceitos e não adoração. As Divindades Egípcias variam de significado e origem de acordo com a Dinastia.

A primeira ideia a ser descartada quando se estudam as divindades Thelêmicas é a de que elas sejam, de fato, deuses. Antes de mais nada o thelemita enxerga a divindade como a representação simbólica de um arquétipo inerente ao próprio Ser Humano. Desta forma os deuses do Panteão thelêmico não são vistos como entidades externas e sim internas.

Outra característica do Panteão Thelêmico é ser aberto. Ou seja, algumas ideias principais são expostas na figura de um determinado grupo de divindades, aqui apresentadas. Entretanto sendo as divindades representações arquetípicas, toda e qualquer divindade, de qualquer mitologia é aceita como ferramenta de trabalho dentro de Thelema.

AIWASS – o “Ministro de Hoor Paar Kraat” , aquele que ditou o Livro da Lei a Aleister Crowley em 1904. Posteriormente Crowley o reconheceu com o seu Sagrado Anjo Guardião, o S.A.G. Para uma melhor descrição ir para Liber AL vel Legis. Aiwass não soletrou a Crowley o seu nome.

Em grego é Aiwass e na Cabala Grega o nome resulta 418, o número da Grande Obra. Em hebraico é Aiwaz, que resulta 93. Crowley usava as variações de acordo com o trabalho a ser realizado, se místico, Aiwaz, se de natureza mágica, Aiwass.

AHATHOOR – a Vênus egípcia.

ANKH-F-N-KHONSU – Pronuncia-se “Ankhefenkhons”. Sacerdote da cidade de Thebas, Egito, do culto ao deus Mentu, (Deus Egípcio da Guerra) da 25ª Dinastia (cerca de 725 Antes de nossa Era; Crowley achava que era 26ª mas recentes pesquisas provam 25ª).

A Estela da Revelação seria uma tábua funerária deste Šacerdote. Crowley afirmava que ele iniciara o Æon de Osíris e ao mesmo tempo, que fora uma de suas encarnações passadas.

Ao lado, frente da Estela da Revelação, onde aparecem o Deus Ra Hoor Khuit, a Deusa Nuit, o globo alado Hadit, e o Sacerdote Ankh-f-n-Khonsu.

APOPHIS – As forças da destruição e decadência. Também chamada de Apep. Por vezes é representada por uma Serpente alada com o Disco Solar na cabeça.

BAPHOMET – Mais do que uma divindade, Baphomet é um dos maiores símbolos da Egrégora thelêmica. Sua imagem é um complexo glifo de simbolismos alquímicos, herméticos, astrológicos, etc.. Dentro da filosofia tHelêmica, a imagem de Baphomet não possui qualquer correlação com o demônio, Satã ou similares.

CHAOS – Ideia irrepresentável do princípio básico de tudo. O Caos, tal como na mitologia grega, é a matriz de onde qualquer idéia, forma, etc. pode surgir. Diferente do Chaos conforme encontrado na vertente conhecida como “Magia do Caos”, possui um valor semelhante à possibilidade e não necessariamente a um rompimento.

HADIT – O Segundo Conceito. O ponto que define a circunferência, o movimento ou o Verbo gramático. O globo solar alado de Hadit é a representação da individualidade, o Self. Simboliza a Serpente de Luz que deve se elevar para encontrar Nuit e assim alcançar a plenitude. O Sol interior, a fonte de toda a luz e sabedoria. Assemelha-se ao conceito do Logos.

HARPÓCRATES – Forma grega de Hoor Paar Kraat, o deus criança. Representado como uma criança fazendo sinal de silêncio e a letra Aleph. Crowley associava-o com o como Sagrado Anjo Guardião. Ver carta 20 do tarô, “O Aeon”.

HOOR PAAR KRAAT – o Senhor do Silêncio, uma forma de Hórus, gêmeo de Ra Hoor Khuit.

HÓRUS, HORO, HERU – A Criança Coroada e Conquistadora. Senhor do presente Æon, que iniciou em 1904 com o recebimento do Livro da Lei. Hórus é a forma grega de Heru Ra Ha, o herói solar comum a vários mitos. A sua forma egípcia possui a cabeça de falcão.

Em algumas lendas egípcias é irmão de Set em outras é seu sobrinho. Na última, matou-o por este ter assassinado seu pai, Osíris. Desde então tornou-se rei do Egito e precursor dos faraós, que seriam sua encarnação na Terra. Hórus é uma divindade dual, composta por Ra-Hoor-Khuit e Harpócrates.

Ra-Hoor-Khuit é o deus de cabeça de falcão, simbolizando o Ser Humano em sua porção ativa, masculina, material. Harpócrates é a criança nascida no Reino dos Mortos, representado como um menino nu com o dedo indicador direito sobre os lábios, representando o Ser Humano em sua porção silenciosa, passiva, feminina. Juntos eles perfazem a divindade solar Hórus, que representa o Ser Humano íntegro, divinizado.

ÍSIS – Mãe de Hórus, senhora do Æon anterior ao de Osíris, onde o poder residia na mulher.

KEPHRA, ou KEPH-RA – O Deus do Sol da Meia-Noite, com cabeça de escaravelho. O escaravelho deposita seus ovos numa grande bola de estrume e o empurra pelo sol do deserto afim de choca-los, além disso, voa contra todas as leis da aerodinâmica. Tal força de vontade não ficou indiferente aos egípcios. O estrume representa o Deus Sol Ra, e como sai debaixo da terra, das regiões ocultas, ele é um símbolo de Renascimento, o Sol interior.

KHABS – Segundo Crowley: “‘estrela’ ou ‘luz íntima’, é a essência original individual, eterna. O Khu é a vestimenta mágica que o Khabs tece para si mesmo, uma ‘forma’ para seu Ente. Além-da-Forma, pelo uso da qual ele ganha experiência através de autoconsciência, como explicado na nota aos versos 2 e 3 . O Khu é o primeiro véu, muito mais sutil que mente e corpo, e mais verdadeiro; pois sua forma simbólica depende da natureza de sua Estrela.”

KHONSU – Deus Egípcio da Lua, filho de Ammon com Mut.

KHU – ver Khabs.

MAAT, MA’AT – Deusa da Verdade e Justiça. Representada por uma mulher com uma pluma na cabeça.

Frater Achad, filho mágico de Crowley, anunciou o seu Aeon em 1948, um ano após a morte de Crowley. No ano de 1955, Kenneth Grant, na sua Loja Nu-Ísis, obteve uma experiência de contato através de um local chamado Zona Mauva.

Em 1974, uma magista chamada Soror Nema Andahadna, recebeu um livro chamado Liber Pennae Praenumbra. Seus conceitos batiam com os de Achad e os de Grant. O Aeon de Maat, evoca uma característica muito ligada ao Aeon de Hórus, conceitos, divindades, rituais, etc. Soror Nema Andahadna disse que o Aeon de Maat está “grudado” no de Hórus, além de evocar um conceito caoticista, o de que todos os Aeons acontecem simultaneamente, depende apenas do magista canalizar a energia desejada.

MENTU, MONTU – Deus da guerra Egípcio, também associado com Ra-Hoor-Khuit.

NUIT – O Primeiro Conceito. A deusa egípcia preenchida de estrelas, cujo corpo forma a abóbada celeste é a representação do Todo em um nível Macrocósmico. Sendo todo homem e toda mulher uma estrela, Nuit simboliza a união de toda a humanidade em nível espiritual. Costuma ser representada por um círculo.

A Grande Mãe e o Grande Nada/Tudo. A matéria. A circunferência infinita e complemento de Hadit, o ponto. Pode ser representada pelo Espaço Infinito e na Cabala por Ain Soph.

Ver carta 17, “A Estrela”.

OSÍRIS – O deus morto e ressuscitado. Senhor do Æon passado, onde o poder masculino era o centro mágico (phallus).

Segundo uma das principais lendas do Egito, Osíris era casado com sua irmã Isis, e invejado por seu irmão Set. Durante um banquete, Set trancafiou-o em uma urna e jogou no Nilo indo até a Fenícia. Isis, em desespero, procura por seu marido e o encontra. Set novamente ataca e o esquarteja em 14 pedaços e os espalham por todo Egito. Com a ajuda do filho Hórus, da irmã Nephtys, do sobrinho Anúbis e do deus da Magia Thoth, Isis recupera todas as partes do marido, menos uma: o pênis, que fora devorado por três peixes. Daí a sua associação como deus dos mortos. Com a ajuda deles realizou o primeiro embalsamento e graças a Thoth, ele ressuscitou para a imortalidade (no reino dos mortos). O deus egípcio dos mortos, que teve seu corpo destruído e espalhado pelo mundo e depois reconstruído por sua esposa Isis, representa o Ser Humano espiritualmente redivivo. Considera-se que o Ser Humano é composto de várias partes (corpo, mente, espírito) que encontram-se em um estado de desarmonia. Osíris simboliza, tal como em seu mito, a harmonização destes componentes do Ser Humano pleno por força de um amor maior.

Possui forte relação com o Jesus Cristo católico.

PAN, ou PÃ – Inicialmente associado com o Deus Bacco e a carta 15, “O Diabo”.

Este deus grego de extrema sexualidade representa o princípio masculino ativo e criador. É também uma simbologia para o Todo do Microcosmo. É o homem em contato com o seu eu instintual, O “pai de todos”, o homem-besta, o religare entre o racional humano e o instinto natural presente em toda a criação. Está ligado ao poder criativo e, por gematria, ao número 61, Nuit/Nada. Em grego quer dizer “Tudo”. Daí a associação metafísica de Nada = Tudo, a fórmula da iniciação universal. Ra-Hoor -Khuit – Gêmeo de Hoor Paar Kraat, uma versão de Hórus. Também é conhecido como filho de Nuit e Hadit. É o Senhor do Atual Aeon. O Capítulo III de Liber AL vel Legis é referente ao seu Aeon.

RA, AMMOUN-RA, AMMEN – O Deus Sol egípcio, um dos principais do panteão. O Deus que ressuscita toda manhã. O Deus Oculto. Seu Templo de Karnak, em Tebas, (atual Luxor) era o maior dos Templos Egípcios, e pouco antes da época de Ammenhotep IV, também conhecido como Akhénaton, na XVIII Dinastia, era detentor de 2/3 do território egípcio. Por este motivo, Akhénaton elevou o deus Aton (uma das representações do sol) no panteão, para tentar distribuir o poder sacerdotal entre outros cleros, visto que os Sacerdotes de Ammon tinham um poder tal que formavam um estado dentro do estado.

RA-HOOR-KHUIT – Gêmeo de Hoor Paar Kraat, uma versão de Hórus. Também é conhecido como filho de Nuit e Hadit. É o Senhor do Atual Aeon. O Capítulo III de Liber AL vel Legis é referente ao seu Aeon.

SHAITAN – Forma de Seth. Shaitan foi uma divindade adorada na Mesopotâmia, por um povo chamado Iezide. (Ver a obra “Renascer da Magia” ,de Kenneth Grant), e cujo culto Crowley diz ter ressuscitado.

TEITAN – Forma caldeia de Shaitan.

TEMU – O Criador, o primeiro deus a aparecer do caos (Nuit). Ao se masturbar gerou dois filhos, Shu e sua irmã Tefnut. Estes criaram Geb (o deus da Terra) e Nut, também chamada Nuit, (a deusa do Céu) que por sua vez deram origem a Osíris e Isis, Seth e Nephtys, e Harpócrates.

SETH – Aquele que assassinou Osíris. Posteriormente foi morto por Hórus, a Criança Vingadora.

É a divindade mais antiga criada pelos egípcios, assumindo diversas conotações, de vilão a herói. A sua forma mais comum é um humano com cabeça de algum animal não-identificado, ou de um crocodilo. A simbologia do crocodilo é a de devorador (de deuses).

THERION – A Grande Besta do Apocalipse. Conceito assumido por Crowley na edificação do Novo Aeon, aquele que iria acabar com o pensamento cristista associado ao Aeon de Osíris.

O poder masculino, que conjugado com o seu igual feminino, Babalon, geram a força no Aeon de Hórus. Therion é Besta em grego, e durante a sua infância, no seio de uma família fundamentalista cristã, devido ao seu comportamento bagunceiro, foi apelidado de Besta do Apocalipse pela mãe.

No Cairo ao receber o Livro da Lei, sua então esposa Rose Kelly, identificou o mensageiro na Estela da Revelação, cujo número era 666. A sincronicidade espantou Crowley que, ao assumir o grau de Magus, adotou o motto TO MEGA THERION (A Grande Besta). Também representado por um Leão, como na Carta 11 “A Luxúria”, representada ao lado, onde é cavalgado por Babalon, a Mulher Escarlate.

THOTH, TAHUTI – Deus da Sabedoria e Magia. Criou a escrita. Possui cabeça de íbis. Associa-se com Mercúrio e a Hermes Trismegisto.

TUM – Deus do oeste, o local do Sol, deus do Sol à noite.

TYPHON, TÍFON – Inicialmente mãe de Seth, deusa do caos e da noite. As vezes confundida com Seth, o Destruidor.

Amor é a lei, amor sob vontade.

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Revisão final: Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/as-divindades-thelemicas/

A Maçonaria Paládio: A Farsa de Léo Taxil

A fraude de Taxil foi uma farsa de exposição de 1890 por “Léo Taxil” destinada a zombar não apenas da Maçonaria, mas também da oposição da Igreja Católica a ela.

Léo Taxil e a Maçonaria:

Léo Taxil era o pseudônimo de Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand-Pagès, que havia sido acusado anteriormente de difamação em relação a um livro que escreveu chamado The Secret Loves of Pope Pius IX (Os Amores Secretos do Papa Pio IX). Em 20 de abril de 1884, o Papa Leão XIII publicou uma encíclica, Humanum genus (O Gênero Humano), que dizia que a raça humana era:

“[…] separada em duas partes diversas e opostas, das quais uma defende firmemente a verdade e a virtude, a outra daquelas coisas que são contrárias à virtude e à verdade. Um é o reino de Deus na terra, ou seja, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo… O outro é o reino de Satanás… Neste período, no entanto, os partidários do mal parecem estar se unindo e sendo lutando com veemência unida, liderados ou assistidos por aquela associação fortemente organizada e difundida chamada Maçons.”

Após esta encíclica, Taxil passou por uma conversão pública fingida ao catolicismo romano e anunciou sua intenção de reparar o dano que havia causado à verdadeira fé.

O primeiro livro produzido por Taxil após sua conversão foi uma história da Maçonaria em quatro volumes, que continha testemunhas oculares fictícias de sua participação no Satanismo. Com um colaborador que publicou como “Dr. Karl Hacks”, Taxil escreveu outro livro chamado Le Diable au XIXe siècle (O Diabo no Século XIX), que introduziu um novo personagem, Diana Vaughan, uma suposta descendente do alquimista rosacruz Thomas Vaughan. O livro continha muitos contos sobre seus encontros com demônios encarnados, um dos quais deveria ter escrito profecias em suas costas com sua cauda, ​​e outro que tocava piano na forma de um crocodilo.

A chamada “Diana Vaughan”, vestida como “Inspetora Geral do Paládio”. Fotografia de Van Bosch, publicada no livro Memoirs of a Perfect, Initiated, Independent Ex-Palladist (Memórias de uma Perfeita, Iniciada e Independente Ex-Paladista, 1895)

Diana estava supostamente envolvida na Maçonaria Satânica, mas foi redimida quando um dia ela professou admiração por Joana d’Arc, em cujo nome os demônios foram postos em fuga. Como Diana Vaughan, Taxil publicou um livro chamado Eucharistic Novena (Novena Eucarística), uma coleção de orações que foram elogiadas pelo Papa.

Os Paladistas:

Na fraude de Taxil, os Paladistas eram membros de um suposto culto satanista teísta dentro da Maçonaria. De acordo com Taxil, o Paladismo era uma religião praticada dentro das mais altas ordens da Maçonaria. Os adeptos adoravam Lúcifer e interagiam com demônios.

Em 1891 Léo Taxil (Gabriel Jogand-Pagès) e Adolphe Ricoux afirmaram ter descoberto uma Sociedade Paladiana. Um livro francês de 1892, Le Diable au XIXe siècle (O Diabo no Século 19″, 1892), escrito por “Dr. Bataille” (na verdade o próprio Jogand-Pagès) alegou que os Paladistas eram satanistas com sede em Charleston, Carolina do Sul, liderados pelo maçom americano Albert Pike (autor do famoso Morals and Dogma) e criados pelo patriota e autor liberal italiano Giuseppe Mazzini.

Arthur Edward Waite, desmascarando a existência do grupo em Devil-Worship in France, or The Question of Lucifer (Adoração ao Diabo na França, ou A Questão de Lúcifer), cap. II: “The Mask of Masonry (A Máscara da Maçonaria)” (Londres, 1896), relata de acordo com “os trabalhos de Domenico Margiotta e Dr. Bataille” que “[a] Ordem de Paládio fundada em Paris 20 de maio de 1737 ou Sovereign Council of Wisdom (Soberano Conselho da Sabedoria)” foi um “Ordem diabólica maçônica”. Dr. Bataille afirmou que as mulheres seriam supostamente iniciadas como “Companions of Penelope (Companheiras de Penélope)”. Segundo o Dr. Bataille, a sociedade tinha duas ordens, “Adelph (Adelfo)” e “Companion of Ulisses (Companheiro de Ulisses)”; no entanto, a sociedade foi desmembrada pela aplicação da lei francesa alguns anos após sua fundação. Uma suposta Diana Vaughan publicou Confessions of an Ex-Palladist (Confissões de uma Ex-Paladista) em 1895.

Confissão:

Em 19 de abril de 1897, Léo Taxil convocou uma entrevista coletiva na qual, segundo ele, apresentaria Diana Vaughan à imprensa. Na conferência, em vez disso, ele anunciou que suas revelações sobre os maçons eram fictícias. Ele agradeceu ao clero católico por sua ajuda em dar publicidade às suas reivindicações selvagens.

A confissão de Taxil foi impressa, na íntegra, no jornal parisiense Le Frondeur, em 25 de abril de 1897, intitulada: Twelve Years Under the Banner of the Church, The Prank Of Palladism. Miss Diana Vaughan–The Devil At The Freemasons. A Conference held by M. Léo Taxil, at the Hall of the Geographic Society in Paris (Doze Anos sob a Bandeira da Igreja, a Fraude do Paladismo. Senhorita Diana Vaughan – O Diabo nos Maçons. Conferência realizada por M. Léo Taxil, no Salão da Sociedade Geográfica em Paris).

O material falso ainda é citado até hoje. O tratado da Chick Publications, The Curse of Baphomet (A Maldição de Baphomet), e o livro de Randy Noblitt sobre abuso ritual satânico, Cult and Ritual Abuse (Culto e Abuso Ritual), ambos citam as alegações fictícias de Taxil.

O escritor cristão William Schnoebelen, em seu livro, Lúcifer Destronado, apresenta certificados nos quais consta que ele foi membro de uma “Ordem do Paládio”, o que mostra sua dependência das obras de Léo Taxil. O autor apresenta um “Pirâmide Ocultista” que tem na base a Loja Azul da Maçonaria, Rito Escocês e o Rito de York da Maçonaria, The Shrine, o Grau de Soberano Grande Inspetor-Geral (33º Grau), o Supremo Conselho dos Soberanos Grandes Inspetores-Gerais, A Ordem do Trapezoide, Antigo e Primitivo Rito (97 Graus), Ordo Templo Orientis (O.T.O.), A Ordem Paládio, A Ordem Illuminatti, Os 9 “Desconhecidos”, Os Sete (“Demônios”, com o ápice no T.G.A.T.U. (“O Grande Arquiteto do Universo”, Ain Soph Aur, que ele identifica com Lúcifer), mas esse escritor e as bizarrices contidas em suas obras são assuntos para um outro artigo.

Uma Entrevista Posterior com Taxil:

Na revista National Magazine, an Illustrated American Monthly, Volume XXIV: abril – setembro de 1906, páginas 228 e 229, Taxil é citado como dando suas verdadeiras razões por trás da farsa. Dez meses depois, em 31 de março de 1907, Taxil morreu.

Os membros das ordens maçônicas entendem a falsa exposição acumulada sobre essa organização nas guerras antimaçons. A Igreja Católica e muitas outras ordens religiosas foram vítimas desses ataques semiescritos e muitas vezes venenosos. A confissão de Taxil, o livre-pensador francês, que primeiro expôs os católicos e depois os maçons, faz uma leitura interessante sobre a situação atual hoje. Motivos semelhantes acionam alguns dos “ancinhos” de hoje, como indicado na seguinte confissão:

“O público me fez o que sou; o arquimentiroso da época”, confessou Taxil, “pois quando comecei a escrever contra os maçons meu objetivo era diversão pura e simples. Os crimes que dei à sua porta eram tão grotescos, tão impossíveis, tão amplamente exagerados, que pensei que todos veriam a piada e me dariam crédito por originar uma nova linha de humor. Mas meus leitores não aceitaram; eles aceitaram minhas fábulas como a verdade do evangelho, e com o propósito de mostrar que eu menti, mais convencidos ficaram de que eu era um modelo de veracidade.”

“Então me ocorreu que havia muito dinheiro em ser um (Barão de) Munchausen do tipo certo, e por doze anos eu dei a eles quente e forte, mas nunca muito quente. que escrevia profecias nas costas de Diana com a ponta do rabo, às vezes eu dizia a mim mesmo: ‘Espere, você está indo longe demais’, mas não o fiz. Meus leitores até aceitaram com carinho a história do diabo que, em ao se casar com um maçom, transformou-se em crocodilo e, apesar do baile de máscaras, tocava piano maravilhosamente bem.”

“Certo dia, ao dar uma palestra em Lille, disse à plateia que acabara de ter uma aparição de Nautilus, a mais ousada afronta à credulidade humana que eu havia arriscado. Mas meus ouvintes nunca viraram um fio de cabelo. “Ouça, o médico viu Nautulius”, disseram eles com olhares de admiração. Claro que ninguém tinha uma ideia clara de quem era Nautilus, eu não tinha, mas eles presumiram que ele era um demônio.”

“Ah, as noites alegres que passei com meus colegas autores inventando novas tramas, novas, inauditas perversões da verdade e da lógica, cada uma tentando superar a outra na mistificação organizada. Achei que ia me matar de rir de algumas coisas propostas, mas deu tudo certo; não há limite para a estupidez humana”.

A Citação Luciferiana:

Uma série de parágrafos sobre Lúcifer são frequentemente associados à farsa de Taxil. Eles leem:

“O que devemos dizer ao mundo é que adoramos um deus, mas é o deus que se adora sem superstição. A vós, Soberanos Grandes Inspetores Gerais, dizemos isto, para que o repitais aos irmãos dos graus 32, 31 e 30: A Religião Maçônica deve ser, por todos nós iniciados dos graus superiores, mantida na Pureza da doutrina luciferiana. Se Lúcifer não fosse Deus, Adonay e seus sacerdotes o caluniariam?

Sim, Lúcifer é Deus, e infelizmente Adonay também é deus. Pois a lei eterna é que não há luz sem sombra, nem beleza sem feiura, nem branco sem preto, pois o absoluto só pode existir como dois deuses; sendo a escuridão necessária para que a luz sirva de contraste, como o pedestal é necessário para a estátua, e o freio para a locomotiva…

Assim, a doutrina do satanismo é uma heresia, e a verdadeira e pura religião filosófica é a crença em Lúcifer, igual a Adonay; mas Lúcifer, Deus da Luz e Deus do Bem, está lutando pela humanidade contra Adonay, o Deus das Trevas e do Mal.”

Embora esta citação tenha sido publicada por Abel Clarin de la Rive em seu Woman and Child in Universal Freemasonry (A Mulher e a Criança na Maçonaria Universal), ela não aparece nos escritos de Taxil propriamente, embora seja originada em uma nota de rodapé de Diana Vaughan, a criação de Taxil.

Na Cultura Popular:

Os Paladistas são o nome da sociedade satanista de Greenwich Village no filme de Val Lewton, A Sétima Vítima (1943).

Os Paladistas desempenham um papel importante na última parte do romance de Umberto Eco, O Cemitério de Praga (2011).

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Principal fonte:

Melior, Alec (1961). “A Hoaxer of Genius-Leo Taxil (1890-7)”. Our Separated Brethren, the Freemasons. trans. B. R. Feinson. London: G. G. Harrap & Co. pp. 149–55.

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Revisão final: Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/a-maconaria-paladio-a-farsa-de-leo-taxil/

As Origens de Lilith

 

Lilith (em hebraico: לִילִית, romanizado: Līlīṯ) é uma figura feminina na mitologia mesopotâmica e judaica, alternativamente a primeira esposa de Adão e supostamente a demônio primordial. Lilith é citada como tendo sido “banida” do Jardim do Éden por não obedecer e obedecer a Adão. Ela é mencionada no hebraico bíblico no Livro de Isaías, e na Antiguidade Tardia na mitologia mandeana e nas fontes da mitologia judaica a partir de 500 EC. Lilith aparece em historiolas (encantamentos que incorporam uma pequena história mítica) em vários conceitos e localidades que dão descrições parciais dela. Ela é mencionada no Talmude Babilônico (Eruvin 100b, Niddah 24b, Shabat 151b, Baba Bathra 73ª), no Livro de Adão e Eva como a primeira esposa de Adão, e no Zohar, Levítico 19a como “uma mulher ardente e quente que primeiro coabitou com o homem”.

O nome Lilith deriva de lilû, lilîtu e (w)ardat lilî. A palavra acadiana lilu está relacionada à palavra hebraica lilith em Isaías 34:14, que é considerada um pássaro noturno por alguns estudiosos modernos, como Judit M. Blair. Na antiga religião da Mesopotâmia, encontrada em textos cuneiformes da Suméria, Assíria e Babilônia, Lilith significa um espírito ou demônio.

A Lilith bíblica inspirou a autora e a primeira teóloga feminista judia Judith Plaskow a escrever, ‘The Coming of Lilith (A Vinda de Lilith)’ examinando o domínio patriarcal no judaísmo e no cristianismo, e a escrita de ‘Which Lilith (Qual Lilith)’ explorando as diversas identidades desse personagem por feministas, incluindo Enid Dame.

Lilith continua a servir como fonte de material na cultura popular de hoje, cultura ocidental, literatura, ocultismo, fantasia e horror, muitas vezes retratada como uma mulher lutando pela igualdade e pela justiça.

A HISTÓRIA DE LILITH:

No folclore judaico, como no satírico Alfabeto de Sirach (c. 700–1000 d.C.), Lilith aparece como a primeira esposa de Adão, que foi criada na mesma época e do mesmo barro que Adão. Compare esse relato com Gênesis 1:27, em que isso contrasta com Eva, que foi criada de uma das costelas de Adão). A lenda de Lilith desenvolveu-se extensivamente durante a Idade Média, na tradição da Aggadah, do Zohar e do misticismo judaico. Por exemplo, nos escritos do século 11 de Isaac on Jacob ha-Cohen, Lilith deixou Adão depois que ela se recusou a se tornar subserviente a ele e depois não retornou ao Jardim do Éden depois de se casar com o arcanjo Samael.

As interpretações de Lilith encontradas em materiais judaicos posteriores são abundantes, mas pouca informação sobreviveu sobre a visão suméria, acadiana, assíria e babilônica dessa classe de demônios. Embora os pesquisadores quase universalmente concordem que existe uma conexão, estudos recentes contestaram a relevância de duas fontes anteriormente usadas para conectar a lilith judaica a uma lilītu acadiana – o apêndice de Gilgamesh e os amuletos de Arslan Tash. (veja abaixo a discussão dessas duas fontes problemáticas). Em contraste, alguns estudiosos, como Lowell K. Handy, sustentam a opinião de que, embora Lilith deriva da demonologia mesopotâmica, a evidência da Lilith hebraica estar presente nas fontes frequentemente citadas – o fragmento sumério de Gilgamesh e o encantamento sumério de Arshlan-Tash sendo duas de tais evidencias – é escassa, se estiver presente.

Em textos de língua hebraica, o termo lilith ou lilit (traduzido como “criaturas da noite”, “monstro da noite”, “bruxa da noite” ou “coruja”) ocorre pela primeira vez em uma lista de animais em Isaías 34. A referência a Lilith em Isaías 34:14, não aparece na maioria das traduções comuns da Bíblia, como a KJV (Versão do Rei James) e a NIV (Nova Versão Internacional). Comentaristas e intérpretes muitas vezes imaginam a figura de Lilith como um perigoso demônio da noite, que é sexualmente libertina e que rouba bebês na escuridão. Nos Manuscritos do Mar Morto 4Q510-511, o termo ocorre pela primeira vez em uma lista de monstros. Inscrições mágicas judaicas em tigelas e amuletos do século VI Dc identificam Lilith como um demônio feminino e fornecem as primeiras representações visuais dela.

ETIMOLOGIA DA PALAVRA LILITH:

Na língua acadiana da Assíria e Babilônia, os termos lili e līlītu significam espíritos. Alguns usos de līlītu estão listados no Dicionário Assírio do Instituto Oriental da Universidade de Chicago (CAD, 1956, L.190), em Akkadisches Handwörterbuch de Wolfram on Soden (Ahw, p. 553), e Reallexikon der Assyriologie (RLA, página 47).

Os demônios femininos sumérios lili não têm relação etimológica com o acadiano lilu, “noite”.

Archibald Sayce (1882) considerou que o lilit hebraico (ou lilith) לילית e o anterior līlītu acadiano são derivados do proto-semítico. Charles Fossey (1902) traduz literalmente para “ser/demônio da noite feminino”, embora existam inscrições cuneiformes da Mesopotâmia onde Līlīt e Līlītu se referem a espíritos do vento portadores de doenças.

LILITH NA MITOLOGIA MESOPOTÂMICA:

Lilu:

Um lilu ou lilû é uma palavra acadiana masculina para um espírito ou demônio.

História:

Jo Ann Scurlock e Burton R. Andersen (2005) veem a origem do lilu no tratamento de doenças mentais.

Na Literatura Suméria e Acadiana:

Na literatura acadiana ocorre hlilu. Na literatura suméria ocorre lili. A datação de textos específicos acadianos, sumérios e babilônicos que mencionam lilu (masculino), lilitu (feminino) e lili (feminino) é casual. Em estudos mais antigos, como The Devils and Evil Spirits of Babylonia (Os Diabos e Espíritos Malignos da Babilônia, 1904), de R. Campbell Thompson, raramente são dadas referências de texto específicas. Uma exceção é K156 que menciona um ardat lili. Heinrich Zimmern (1917) identificou provisoriamente vardat lilitu KAT3, 459 como amante de lilu.

Uma inscrição cuneiforme lista lilû ao lado de outros seres perversos da mitologia e folclore da Mesopotâmia:

Os perversos Utukku que matam o homem vivo na planície.

Os perversos Alû que cobrem (o homem) como uma roupa.

Os perversos Edimmu, os perversos Gallû, que amarram o corpo.

Os Lamme (Lamashtu), os Lammea (Labasu), que causam doenças no corpo.

Os Lilû que vagueiam na planície.

Eles chegaram perto de um homem sofredor do lado de fora.

Eles provocaram uma doença dolorosa em seu corpo.

— Stephen Herbert Langdon 1864.

Na Lista de Reis Sumérios:

Na Lista de Reis Sumérios, diz-se que o pai de Gilgamesh é um lilu.

O ‘Espírito na Árvore’ no Ciclo Gilgamesh:

A Tabuinha XII, datada de c. 600 Ac, é uma tradução acadiana assíria posterior da última parte do sumeriano Epopeia de Gilgamesh. Ele descreve um ‘espírito na árvore’ referido a um ki-sikil-lil-la-ke.

Traduções sugeridas para a Tabuinha XII ‘espírito na árvore’ incluem ki-sikil como “lugar sagrado”, lil como “espírito” e lil-la-ke como “espírito da água”. Mas também simplesmente “coruja”, já que a pequena constrói uma casa no tronco da árvore.

O ki-sikil-lil-la-ke está associado a uma serpente e a um pássaro zu. Kramer traduz o zu como “coruja”, mas na maioria das vezes é traduzido como “águia”, “abutre” ou “ave de rapina”. Em Gilgamesh, Enkidu e Netherworld, uma árvore huluppu cresce no jardim de Inanna em Uruk, cuja madeira ela planeja usar para construir um novo trono. Depois de dez anos de crescimento, ela vem para colhê-lo e encontra uma serpente vivendo em sua base, um pássaro Zu criando filhotes em sua copa, e que um ki-sikil-lil-la-ke fez uma casa em seu tronco. Diz-se que Gilgamesh matou a cobra, e então o pássaro zu voou para as montanhas com seus filhotes, enquanto o ki-sikil-lil-la-ke com medo destrói sua casa e foge para a floresta.

Relação de Lilu com a Lilith Hebraica e com as Lilin:

É contestado se, se é que a palavra acadiana lilu ou seus cognatos estão relacionados com a palavra hebraica lilith em Isaías 34:14, que é considerada um pássaro noturno por alguns estudiosos modernos, como Judit M. Blair. O conceito babilônico de lilu pode estar mais fortemente relacionado ao conceito talmúdico posterior de Lilith (feminino) e lilin (feminino).

Samuel Noah Kramer (1932, publicado em 1938) traduziu ki-sikil-lil-la-ke como Lilith na “Tabuinha XII” da Epopeia de Gilgamesh. A identificação de ki-sikil-lil-la-ke como Lilith é indicada no Dictionary of Deities e Demons in the Bible (Dicionário de Divindades e Demônios na Bíblia, 1999). De acordo com uma nova fonte da Antiguidade Tardia, Lilith aparece em uma história de magia mandaica onde ela é considerada como representando os galhos de uma árvore com outras figuras demoníacas que formam outras partes da árvore, embora isso também possa incluir vários “Liliths”.

Uma conexão entre o ki-sikil-lil-la-ke em Gilgamesh e a Lilith judaica foi rejeitada por motivos textuais por Sergio Ribichini (1978).

A Mulher com Pés de Pássaro no Burney Relief (Relevo de Burney):

 

O Relevo de Burney, Babilônia (1800-1750 a.C.).

A tradução de Kramer do fragmento de Gilgamesh foi usada por Henri Frankfort (1937) e Emil Kraeling (1937) para apoiar a identificação de uma mulher com asas e pés de pássaro no disputado Burney Relief relacionado a Lilith. Frankfort e Kraeling identificaram a figura no relevo com Lilith. Pesquisas modernas identificaram a figura como uma das principais deusas dos panteões mesopotâmicos, provavelmente Ereshkigal, a deusa do submundo mesopotâmico, mais isso é assunto para um outro artigo.

Os Amuletos Arslan Tash:

Os amuletos Arslan Tash são placas de calcário descobertas em 1933 em Arslan Tash, cuja autenticidade é contestada. William F. Albright, Theodor H. Gaster e outros aceitaram os amuletos como uma fonte pré-judaica que mostra que o nome Lilith já existia no século VII a.C., mas Torczyner (1947) identificou os amuletos como uma fonte judaica posterior.

LILITH NA BÍBLIA HEBRAICA:

A palavra lilit (ou lilith) aparece apenas uma vez na Bíblia hebraica, em uma profecia sobre o destino de Edom, enquanto os outros sete termos da lista aparecem mais de uma vez e, portanto, são mais bem documentados. A leitura de estudiosos e tradutores é muitas vezes guiada por uma decisão sobre a lista completa de oito criaturas como um todo. [Veja Os animais mencionados na Bíblia, por Henry Chichester Hart, 1888, e fontes mais modernas; também entradas Brown Driver Briggs Hebrew Lexicon para tsiyyim, ‘iyyim, sayir, liylith, qippowz e dayah.] ​​Citando Isaías 34 (NAB):

(12) Seus nobres não existirão mais, nem reis serão proclamados ali; todos os seus príncipes se foram.

(13) Seus castelos serão cobertos de espinhos, suas fortalezas de cardos e sarças. Ela se tornará uma morada para chacais e um refúgio para avestruzes.

(14) Os gatos selvagens se encontrarão com as feras do deserto, os sátiros chamarão uns aos outros; Ali a Lilith descansará e encontrará para si um lugar para descansar.

(15) Ali a coruja aninha e põe ovos, choca-os e recolhe-os à sua sombra; Ali se reunirão os abutres, nenhum faltará ao seu companheiro.

(16) Olhem no livro do Senhor e leiam: Nenhum destes faltará, porque a boca do Senhor o ordenou, e o seu espírito os reunirá ali.

(17) É Ele quem lança a sorte para eles, e com Suas mãos Ele marca suas partes dela; Eles a possuirão para sempre, e habitarão ali de geração em geração.

Lilith no Texto Hebraico Massorético:

No Texto Massorético:

Hebraico:

u-pagšu ṣiyyim et-ʾiyyim, w-saʿir ʿal-rēʿēhu yiqra; ʾak-šam hirgiʿa lilit, u-maṣʾa lah manoaḥ

34:14 “E encontrarão gatos selvagens com chacais

o bode que ele chama de seu companheiro

lilit (lilith) ela descansa e ela encontra descanso [מנוח, manoaḥ, usado para pássaros como a pomba de Noé, Gen.8:9 e também humanos como o povo de Israel, Deut.28:65; Noemi, Rute 3:1.]

34:15 ali ela aninhará a grande coruja, e ela põe (ovos), e ela choca, e ela ajunta sob sua sombra: falcões [abutres, milhafres] também eles se reúnem, cada um com seu companheiro.

Nos Manuscritos do Mar Morto, entre os 19 fragmentos de Isaías encontrados em Qumran, o Grande Rolo de Isaías (1Q1Isa) em 34:14 apresenta a criatura no plural liliyyot (ou liliyyoth).

Eberhard Schrader (1875) e Moritz Abraham Levy (1855) sugerem que Lilith era um demônio da noite, conhecido também pelos exilados judeus na Babilônia. A visão de Schrader e Levy é, portanto, parcialmente dependente de uma datação posterior de Deutero-Isaías no século VI a.C., e a presença de judeus na Babilônia, que coincidiria com as possíveis referências ao Līlītu na demonologia babilônica. No entanto, essa visão é contestada por algumas pesquisas modernas, como Judit M. Blair (2009), que considera que o contexto indica animais impuros.

Lilith na Septuaginta, a Tradução Grega da Bíblia:

A Septuaginta traduz tanto a referência a Lilith quanto a palavra para chacais ou “animais selvagens da ilha” dentro do mesmo verso para o grego como onokentauros, aparentemente assumindo-os como referindo-se às mesmas criaturas e omitindo “gatos selvagens / animais selvagens do deserto” (assim, em vez dos gatos selvagens ou bestas do deserto se encontrarem com os chacais ou bestas da ilha, a cabra ou “sátiro” chorando “para seu companheiro” e lilith ou “coruja” descansando “lá”, é a cabra ou “sátiro” , traduzido como daimonia “demônios”, e os chacais ou bestas da ilha “onocentauros” se encontrando e gritando “um para o outro” e o último descansando ali, na tradução). Isaías 34:14: καὶ συναντήσουσιν δαιμόνια ὀνοκενταύροις καὶ βοήσουσιν ἕτερος πρὸς τὸν ἕτερον ἐκεῖ ἀναπαύσονται ὀνοκένταυροι εὗρον γὰρ αὑτοῖς ἀνάπαυσιν  Tradução: E os daemons encontrarão com os onocentauros, e eles irão gritar um ao outro: ali descansarão os onocentauros, tendo encontrado para si [um lugar de] descanso.]

Lilith na Vulgata, a Tradução Latina da Bíblia:

A Vulgata do início do século V traduziu a mesma palavra como lâmia, ou seja, lâmia.

et ocorrerent daemonia onocentauris et pilosus clamabit alter ad alterum ibi cubavit lamia et invenit sibi requiem

— Isaías (Isaías Propheta) 34.14, Vulgata.

A tradução é: “E demônios se encontrarão com monstros, e um peludo clamará ao outro; ali a lâmia se deitou e encontrou descanso para si mesma”.

Lilith nas Traduções da Bíblia para o Inglês:

A Bíblia de Wycliffe (1395) preserva a tradução latina lamia:

Is 34:15 Lamya viverá ali, e ali descansa para si mesma.

A Bíblia dos Bispos de Matthew Parker (1568) do latim:

Is 34:14 ali a Lâmia se deitará e terá o seu alojamento.

A Bíblia Douay-Rheims (1582/1610) também preserva a tradução latina lamia:

Is 34:14 E demônios e monstros se encontrarão, e os peludos clamarão uns aos outros; ali a lâmia se deitou, e encontrou descanso para si.

A Bíblia de Genebra de William Whittingham (1587) do hebraico:

Is 34:14 e ali descansará a coruja, e achará para si uma morada sossegada.

Em seguida, a versão King James (Versão do Rei James, 1611):

Isaías 34:14 As feras do deserto também se encontrarão com as feras da ilha, e o sátiro clamará ao seu companheiro; a coruja noturna também descansará ali, e achará para si um lugar de descanso.

A tradução “coruja noturna (screech owl)” da versão King James é, junto com a “coruja” (yanšup, provavelmente uma ave aquática) em 34:11 e a “grande coruja” (qippoz, propriamente uma cobra) de 34:15, uma tente traduzir a passagem escolhendo animais adequados para palavras hebraicas difíceis de traduzir.

Traduções posteriores incluem:

  • A coruja da noite (Young, 1898).
  • O espectro noturno (Rotherham, Emphasized Bible, 1902).
  • O monstro da noite (ASV, 1901; JPS 1917, Good News Translation, 1992; NASB, 1995).
  • Os vampiros (Moffatt Translation, 1922; Knox Bible, 1950).
  • A bruxa da noite (Versão Padrão Revisada, 1947).
  • Lilith (Bíblia de Jerusalém, 1966).
  • (a) lilith (New American Bible, 1970).
  • Lilith (Nova Versão Padrão Revisada, 1989).
  • (a) demônio da noite Lilith, maligna e voraz (A Mensagem (Bíblia), Peterson, 1993).
  • A criatura da noite (New International Version, 1978; New King James Version, 1982; New Living Translation, 1996, Today’s New International Version).
  • As aves noturnas (Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, 1984).
  • O pássaro noturno (versão padrão em inglês, 2001).
  • O pássaro noturno (NASB, 2020).
  • Os animais noturnos (New English Translation (NET Bible)).

LILITH NA TRADIÇÃO JUDAICA:

As principais fontes na tradição judaica sobre Lilith em ordem cronológica incluem:

  1. 40–10 a.C. Os Manuscritos do Mar Morto – Canções para um Sábio (4Q510–511).
  2. 200 A Mishná – não mencionada.
  3. 500 A Gemara do Talmude.
  4. 700-1000 O Alfabeto de Ben-Sira.
  5. 900 Midrash Abkir.
  6. 1260 O Tratado sobre a Emanação Esquerda, Espanha.
  7. 1280 O Zohar, Espanha.

Lilith nos Manuscritos do Mar Morto:

 

Reprodução fotográfica do Grande Rolo de Isaías, que contém uma referência ao plural lilyyot.

Os Manuscritos do Mar Morto contêm uma referência indiscutível à Lilith em Songs of the Sage (As Canções do Sábio, 4Q510-511) fragmento 1:

E eu, o Instrutor, proclamo Seu glorioso esplendor para assustar e aterrorizar todos os espíritos dos anjos destruidores, espíritos dos bastardos, demônios, Lilith, uivadores e habitantes do deserto… e aqueles que caem sobre os homens sem aviso prévio para desviá-los de um espírito de entendimento e para tornar seu coração e seu… desolados durante o presente domínio da maldade e tempo predeterminado de humilhações para os filhos da luz, pela culpa dos séculos dos que foram feridos pela iniquidade – não para a destruição eterna, mas para uma era de humilhação por transgressão.

Tal como acontece com o texto massorético de Isaías 34:14, e, portanto, diferente do plural liliyyot (ou liliyyoth) no rolo de Isaías 34:14, lilit em 4Q510 é singular, este texto litúrgico adverte contra a presença de malevolência sobrenatural e assume familiaridade com Lilith; distinta do texto bíblico, no entanto, esta passagem não funciona sob nenhuma agenda sociopolítica, mas serve na mesma capacidade de Um Exorcismo (4Q560) e Canções para Dispersar Demônios (11Q11). O texto é assim, para uma comunidade “profundamente envolvida no domínio da demonologia”, um hino de exorcismo.

Joseph M. Baumgarten (1991) identificou a mulher sem nome de A Sedutora (4Q184) como relacionada ao demônio feminino. No entanto, John J. Collins considera essa identificação como “intrigante”, mas é “seguro dizer” que (4Q184) é baseado na mulher estranha do Livro de Provérbios, capítulos 2, 5, 7, 9:

Sua casa afunda até a morte,

E seu caminho leva às sombras.

Todos que vão até ela não podem voltar

E reencontrar os caminhos da vida.

— Provérbios 2:18–19.

As suas portas são portas da morte, e desde a entrada da casa

Ela parte em direção ao Sheol.

Nenhum dos que ali entram jamais voltará,

E todos os que a possuem descerão ao Poço.

— 4Q184.

Lilith na Literatura Rabínica Primitiva:

Lilith não ocorre na Mishná. Existem cinco referências a Lilith no Talmude Babilônico na Gemara em três tratados separados da Mishná:

  • “Rav Judah citando Samuel decidiu: Se um aborto tivesse a semelhança de Lilith, sua mãe é impura por causa do nascimento, pois é uma criança, mesmo que tenha asas.” (Talmude Babilônico no Tratado Nidda 24b).
  • “[Explicando sobre as maldições da feminilidade] Em um Baraitha foi ensinado: As mulheres crescem cabelos compridos como Lilith, sentam ao urinar como uma fera e servem de travesseiro para o marido.” (Talmude Babilônico no Tratado Eruvin 100b).
  • “Para gira, ele deve pegar uma flecha de Lilith e colocá-la com a ponta para cima e derramar água sobre ela e beber. Alternativamente, ele pode pegar a água que um cachorro bebeu à noite, mas deve tomar cuidado para que não tenha sido exposta.” (Talmude Babilônico, tratado Gittin 69b). Neste caso em particular, a “flecha de Lilith” é provavelmente um fragmento de meteorito ou fulgurita, coloquialmente conhecido como “relâmpago petrificado” e tratado como medicamento antipirético.
  • “Rabbah disse: Eu vi como Hormin, filho de Lilith, estava correndo no parapeito da muralha de Mahuza, e um cavaleiro, galopando abaixo a cavalo não podia alcançá-lo. Uma vez eles selaram para ele duas mulas que estavam em duas pontes do rio Rognag; e ele pulou de uma para a outra, para trás e para frente, segurando em suas mãos duas taças de vinho, derramando alternadamente de uma para outra, e nem uma gota caiu no chão.” (Talmude Babilônico, tratado Bava Bathra 73a-b). Hormin que é mencionado aqui como o filho de Lilith é provavelmente o resultado de um erro de escriba da palavra “Hormiz” atestado em alguns dos manuscritos talmúdicos. A própria palavra, por sua vez, parece ser uma distorção de Ormuzd, a divindade da luz e da bondade no Zend Avesta, o livro sagrado do Zoroastrismo. Se assim for, é um tanto irônico que Ormuzd se torne aqui o filho de um demônio noturno.
  • “R. Hanina disse: Não se pode dormir em uma casa sozinho [em uma casa solitária], e quem dorme em uma casa sozinho é capturado por Lilith.” (Talmude Babilônico no Tratado de Shabat 151b).

A afirmação acima de Hanina pode estar relacionada à crença de que as emissões noturnas engendraram o nascimento de demônios:

  • “R. Jeremiah b. Eleazar declarou ainda: Em todos aqueles anos [130 anos após sua expulsão do Jardim do Éden] durante os quais Adão estava sob a proscrição, ele gerou fantasmas e demônios masculinos e demônios femininos [ou demônios noturnos], pois isso é dito nas Escrituras: E Adão viveu cento e trinta anos e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, do que se segue que até aquele momento ele não gerou conforme a sua própria imagem… sua morte foi ordenada como punição ele passou cento e trinta anos em jejum, desvinculou-se de sua esposa por cento e trinta anos, e vestiu roupas de figo em seu corpo por cento e trinta anos. – Essa declaração [de R. Jeremiah] foi feito em referência ao sêmen que ele emitiu acidentalmente.” (Talmude Babilônico no Tratado Eruvin 18b).

A coleção Midrash Rabbah contém duas referências a Lilith. A primeira está presente em Gênesis Rabá 22:7 e 18:4: de acordo com Rabi Hiyya Deus passou a criar uma segunda Eva para Adão, depois que Lilith teve que retornar ao pó. No entanto, para ser exato, as referidas passagens não empregam a palavra hebraica lilith em si e, em vez disso, falam da “primeira Eva” (Heb. Chavvah ha-Rishonah, analogamente à frase Adam ha-Rishon, ou seja, o primeiro Adão). Embora na literatura e no folclore hebraico medieval, especialmente aquele refletido sobre os amuletos protetores de vários tipos, Chavvah ha-Rishonah fosse identificada com Lilith, deve-se ter cuidado ao transpor essa equalização para a Antiguidade Tardia.

A segunda menção de Lilith, desta vez explícita, está presente em Números Rabá 16:25. O midrash desenvolve a história da súplica de Moisés depois que Deus expressa raiva pelo mau relato dos espiões. Moisés responde a uma ameaça de Deus de que Ele destruirá o povo israelita. Moisés implora diante de Deus, que Deus não deve ser como Lilith que mata seus próprios filhos. Moisés disse:

[Deus,] não faça isso [ou seja, destruir o povo israelita], para que as nações do mundo não o considerem um Ser cruel e digam: ‘A Geração do Dilúvio veio e Ele os destruiu, a Geração da Separação veio e Ele os destruiu, os sodomitas e os egípcios vieram e Ele os destruiu, e também estes, a quem chamou de Meu filho, Meu primogênito (Êxodo IV, 22), Ele agora está destruindo! Como aquela Lilith que, quando não encontra mais nada, se volta contra seus próprios filhos, porque o Senhor não foi capaz de trazer este povo para a terra… Ele os matou’ (Núm. XIV, 16)!

Lilith nas Tigelas de Encantamento:

Uma tigela de encantamento com uma inscrição aramaica ao redor de um demônio, de Nippur, Mesopotâmia, entre o sexto e o sétimo século.

Uma Lilith individual, junto com Bagdana “rei dos lilits”, é um dos demônios a aparecer com destaque em feitiços de proteção nas oitenta tigelas de encantamentos ocultos judaicos sobreviventes da Babilonia, sob o Império Sassânida (séculos 4 a 6 d.C.) com influência da cultura iraniana. Essas tigelas eram enterradas de cabeça para baixo abaixo da estrutura da casa ou no terreno da casa, a fim de prender o demônio ou demônio. Quase todas as casas tinham essas tigelas protetoras contra demônios e demônios femininos.

O centro do interior da tigela retrata Lilith, ou a forma masculina, Lilit. Ao redor da imagem está a escrita em forma de espiral; a escrita geralmente começa no centro e segue até a borda. A escrita é mais comumente uma escritura ou referências ao Talmude. As taças de encantamento que foram analisadas estão inscritas nas seguintes línguas: aramaico judaico babilônico, siríaco, mandaico, persa médio e árabe. Algumas taças são escritas em uma escrita falsa que não tem significado.

A tigela de encantamento corretamente redigida era capaz de afastar Lilith ou Lilit da casa. Lilith tinha o poder de se transformar nas características físicas de uma mulher, seduzir seu marido e conceber um filho. No entanto, Lilith (feminina) se tornaria odiosa em relação aos filhos nascidos do marido e da esposa e tentaria matá-los. Da mesma forma, Lilit (masculino) se transformaria nas características físicas do marido, seduziria a esposa, daria à luz um filho. Tornar-se-ia evidente que a criança não foi gerada pelo marido, e a criança seria desprezada. Lilit iria se vingar da família matando os filhos nascidos do marido e da esposa.

As principais características da representação de Lilith ou Lilit incluem o seguinte. A figura é frequentemente representada com braços e pernas acorrentados, indicando o controle da família sobre o(s) demônio(s). O(s) demônio(s) é(são) representado(s) em posição frontal com toda a face à mostra. Os olhos são muito grandes, assim como as mãos (se retratadas). O(s) demônio(s) é totalmente estático.

Uma tigela contém a seguinte inscrição encomendada a um ocultista judeu para proteger uma mulher chamada Rashnoi e seu marido de Lilith:

Vós liliths, lili masculino e lilith feminina, bruxa e ghool, eu vos conjuro pelo Forte de Abraão, pela Rocha de Isaque, pelo Shaddai de Jacó, por Yah Ha-Shem por Yah seu memorial, para se afastarem deste Rashnoi b. M. e de Geyonai b. M. seu marido. [Aqui está] seu divórcio e mandado e carta de separação, enviados por meio de santos anjos. Amém, Amém, Selá, Aleluia! (imagem)

— Trecho da tradução em Aramaic Incantation Texts from Nippur (Textos de Encantamentos Aramaicos de Nippur), por James Alan Montgomery 2011, p. 156.

Lilith no Alfabeto de Ben Sira:

 

 

Lilith, ilustração por Carl Poellath, de 1886 ou anterior.

O pseudepigráfico Alfabeto de Ben Sira dos séculos VIII a X é considerado a forma mais antiga da história de Lilith como a primeira esposa de Adão. Não se sabe se esta tradição em particular é mais antiga. Os estudiosos tendem a datar o alfabeto entre os séculos 8 e 10 d.C. O trabalho tem sido caracterizado por alguns estudiosos como satírico, mas Ginzberg concluiu que foi feito com seriedade.

No texto, um amuleto é inscrito com os nomes de três anjos (Senoy, Sansenoy e Semangelof) e colocado no pescoço dos meninos recém-nascidos para protegê-los dos lilin até a circuncisão. Os amuletos usados ​​contra Lilith que se pensava derivar desta tradição são, de fato, datados como sendo muito mais antigos. O conceito de Eva ter uma antecessora não é exclusivo do Alfabeto, e não é um conceito novo, como pode ser encontrado em Gênesis Rabbá. No entanto, a ideia de que Lilith foi a antecessora pode ser exclusiva do Alfabeto.

A ideia no texto de que Adão teve uma esposa antes de Eva pode ter se desenvolvido a partir de uma interpretação do Livro de Gênesis e seus relatos de criação dual; enquanto Gênesis 2:22 descreve a criação de Eva por Deus da costela de Adão, uma passagem anterior, Gênesis 1:27, já indica que uma mulher havia sido feita: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” O texto do alfabeto coloca a criação de Lilith após as palavras de Deus em Gênesis 2:18 que “não é bom que o homem esteja só”; neste texto, Deus forma Lilith do barro do qual ele fez Adão, mas ela e Adão brigam. Lilith afirma que, como ela e Adão foram criados da mesma forma, eles eram iguais e ela se recusa a se submeter a ele:

Depois que Deus criou Adão, que estava sozinho, Ele disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Ele então criou uma mulher para Adão, da terra, como Ele mesmo havia criado Adão, e a chamou de Lilith. Adão e Lilith imediatamente começaram a brigar. Ela disse: “Eu não vou deitar embaixo”, e ele disse: “Eu não vou ficar embaixo de você, mas apenas em cima. Pois você só serve para estar na posição inferior, enquanto eu sou o superior”. Lilith respondeu: “Somos iguais um ao outro, pois ambos fomos criados da terra”. Mas eles não ouviriam um ao outro. Quando Lilith viu isso, ela pronunciou o Nome Inefável e fugiu voando para o ar.

Adão ficou em oração diante de seu Criador: “Soberano do universo!” ele disse, “a mulher que você me deu fugiu.” Imediatamente, o Santo, bendito seja Ele, enviou esses três anjos Senoy, Sansenoy e Semangelof, para trazê-la de volta.

Disse o Santo a Adão: “Se ela concordar em voltar, o que foi feito é bom. Se não, ela deve permitir que cem de seus filhos morram todos os dias.” Os anjos deixaram Deus e perseguiram Lilith, a quem alcançaram no meio do mar, nas águas impetuosas onde os egípcios estavam destinados a se afogar (ou seja, o Mar Vermelho). Disseram-lhe a palavra de Deus, mas ela não quis voltar. Os anjos disseram: “Nós a afogaremos no mar”.

“Deixem-me!’ ela disse. “Eu fui criada apenas para causar doenças às crianças. Se a criança for do sexo masculino, eu tenho domínio sobre ele por oito dias após seu nascimento, e se for do sexo feminino, por vinte dias.”

Quando os anjos ouviram as palavras de Lilith, eles insistiram que ela voltasse. Mas ela jurou a eles pelo nome do Deus vivo e eterno: “Sempre que eu vir você ou seus nomes ou suas formas em um amuleto, não terei poder sobre aquela criança”. Ela também concordou em que cem de seus filhos morressem todos os dias. Assim, todos os dias, cem demônios perecem e, pela mesma razão, escrevemos os nomes dos anjos nos amuletos das crianças. Quando Lilith vê seus nomes, ela se lembra de seu juramento e a criança se recupera.

O pano de fundo e o propósito do Alfabeto de Ben-Sira não são claros. É uma coleção de histórias sobre heróis da Bíblia e do Talmude, e pode ter sido uma coleção de contos folclóricos, uma refutação de movimentos cristãos, caraítas ou outros movimentos separatistas; seu conteúdo parece tão ofensivo aos judeus contemporâneos que chegou a ser sugerido que poderia ser uma sátira antijudaica, embora, em qualquer caso, o texto tenha sido aceito pelos místicos judeus da Alemanha medieval.

O Alfabeto de Ben-Sira é a fonte sobrevivente mais antiga da história, e a concepção de que Lilith foi a primeira esposa de Adão só se tornou amplamente conhecida com o Lexicon Talmudicum do século XVII do estudioso alemão Johannes Buxtorf.

Nesta tradição popular que surgiu no início da Idade Média, Lilith, um demônio feminino dominante, tornou-se identificada com Asmodeus, o Rei dos Demônios, como sua rainha. Asmodeus já era bem conhecido nessa época por causa das lendas sobre ele no Talmude. Assim, a fusão de Lilith e Asmodeus era inevitável. O segundo mito de Lilith cresceu para incluir lendas sobre outro mundo e, segundo alguns relatos, este outro mundo existia lado a lado com este, Yenne Velt é a palavra em iídiche para este descrito “Outro Mundo”. Neste caso, acreditava-se que Asmodeus e Lilith procriavam infinitamente descendentes demoníacos e espalhavam o caos a cada passo.

Duas características primárias são vistas nessas lendas sobre Lilith: Lilith como a encarnação da luxúria, fazendo com que os homens sejam desencaminhados, e Lilith como uma bruxa assassina de crianças, que estrangula neonatos indefesos. Esses dois aspectos da lenda de Lilith pareciam ter evoluído separadamente; dificilmente há um conto em que ela englobe os dois papéis. Mas o aspecto do papel de bruxa que Lilith desempenha amplia seu arquétipo do lado destrutivo da bruxaria. Tais histórias são comumente encontradas no folclore judaico.

Lilith e a Influência das Tradições Rabínicas:

 

 

Adão agarra uma criança na presença da sequestradora Lilith. Fresco por Filippino Lippi, Basílica de Santa Maria Novella, Florença.

Embora a imagem de Lilith do Alfabeto de Ben Sira não tenha precedentes, alguns elementos em seu retrato podem ser rastreados até as tradições talmúdicas e midráshicas que surgiram em torno de Eva.

Em primeiro lugar, a própria introdução de Lilith na história da criação repousa no mito rabínico, motivado pelos dois relatos separados da criação em Gênesis 1:1-2:25, de que havia duas mulheres originais. Uma maneira de resolver a aparente discrepância entre esses dois relatos era supor que deve ter havido alguma outra primeira mulher, além daquela posteriormente identificada com Eva. Os rabinos, notando a exclamação de Adão, “desta vez (zot hapa’am) [esta é] osso do meu osso e carne da minha carne” (Gênesis 2:23), tomaram como uma insinuação de que já deve ter havido um ” primeira vez”. De acordo com Gênesis Rabbá 18:4, Adão ficou enojado ao ver a primeira mulher cheia de “poeira e sangue”, e Deus teve que lhe fornecer outra. A criação subsequente é realizada com as devidas precauções: Adão é feito dormir, para não testemunhar o processo em si (Sinédrio 39a), e Eva é adornada com joias finas (Gênesis Rabbá 18:1) e trazida a Adão pelos anjos Gabriel e Miguel (ibid. 18:3). No entanto, em nenhum lugar os rabinos especificam o que aconteceu com a primeira mulher, deixando o assunto aberto para mais especulações. Esta é a lacuna na qual a tradição posterior de Lilith poderia se encaixar.

Em segundo lugar, esta nova mulher ainda é recebida com duras alegações rabínicas. Novamente jogando com a frase hebraica zot hapa’am, Adão, de acordo com o mesmo midrash, declara: “é ela [zot] que está destinada a tocar o sino [zog] e falar [em contenda] contra mim, como você lê: ‘um sino de ouro [pa’amon] e uma romã’ [Êxodo 28:34] … é ela quem me perturbará [mefa’amtani] a noite toda” (Gênesis Rabbá 18:4). A primeira mulher também se torna objeto de acusações atribuídas ao rabino Josué de Siknin, segundo o qual Eva, apesar dos esforços divinos, acabou sendo “egoísta, sedutora, bisbilhoteira, fofoqueira, propensa ao ciúme, desonesta e farrista” (Gênesis Rabá 18:2). Um conjunto semelhante de acusações aparece em Gênesis Rabbá 17:8, segundo o qual a criação de Eva da costela de Adão e não da terra a torna inferior a Adão e nunca satisfeita com nada.

Terceiro, e apesar da concisão do texto bíblico a esse respeito, as iniquidades eróticas atribuídas à Eva constituem uma categoria separada de suas deficiências. Diz-se em Gênesis 3:16 que “seu desejo será para o seu marido”, ela é acusada pelos rabinos de ter um desejo sexual superdesenvolvido (Gênesis Rabbá 20:7) e constantemente seduzir Adão (Gênesis Rabbá 23:5). No entanto, em termos de popularidade e disseminação textual, o motivo de Eva copulando com a serpente primitiva tem prioridade sobre suas outras transgressões sexuais. Apesar do caráter pitoresco bastante inquietante desse relato, ele é transmitido em vários lugares: Gênesis Rabá 18:6 e BT Sotah 9b, Shabat 145b–146a e 156a, Yevamot 103b e Avodah Zarah 22b.

Lilith na Cabala:

 

 

A Queda do Homem, por Cornelis van Haarlem (1592), mostrando a serpente no Jardim do Éden como uma mulher.

O misticismo cabalístico tentou estabelecer uma relação mais exata entre Lilith e Deus. Com suas características principais bem desenvolvidas no final do período talmúdico, após seis séculos decorridos entre os textos de encantamento aramaico que mencionam Lilith e os primeiros escritos cabalísticos espanhóis no século XIII, ela reaparece, e sua história de vida torna-se conhecida em maiores detalhes mitológicos. Sua criação é descrita em muitas versões alternativas.

Uma versão menciona sua criação como anterior à de Adão, no quinto dia, porque as “criaturas viventes” com cujos enxames Deus encheu as águas incluíam Lilith. Uma versão semelhante, relacionada às primeiras passagens talmúdicas, relata como Lilith foi moldada com a mesma substância que Adão, pouco antes. Uma terceira versão alternativa afirma que Deus originalmente criou Adão e Lilith de uma maneira que a criatura feminina estava contida no homem. A alma de Lilith estava alojada nas profundezas do Grande Abismo. Quando Deus a chamou, ela se juntou a Adão. Depois que o corpo de Adão foi criado, mil almas do lado esquerdo (mal) tentaram se unir a ele. No entanto, Deus as expulsou. Adão foi deixado deitado como um corpo sem alma. Então uma nuvem desceu e Deus ordenou que a terra produzisse uma alma vivente. Este Deus soprou em Adão, que começou a ganhar vida e sua mulher foi anexada ao seu lado. Deus separou a mulher do lado de Adão. O lado feminino era Lilith, então ela voou para as Cidades do Mar e atacou a humanidade.

Ainda outra versão afirma que Lilith emergiu como uma entidade divina que nasceu espontaneamente, seja do Grande Abismo Superno ou do poder de um aspecto de Deus (o Gevurah de Din). Esse aspecto de Deus era negativo e punitivo, assim como um de seus dez atributos (Sefirot), em sua manifestação mais baixa tem afinidade com o reino do mal e é a partir disso que Lilith se fundiu com Samael.

Uma história alternativa liga Lilith com a criação de luminares. A “primeira luz”, que é a luz da Misericórdia (uma das Sefirot), apareceu no primeiro dia da criação quando Deus disse: “Haja luz”. Esta luz ficou escondida e a Santidade ficou cercada por uma casca do mal. “Uma casca (klippa) foi criada ao redor do cérebro” e essa casca se espalhou e trouxe outra casca, que era Lilith.

Lilith na Cabala Luriânica:

Nos ensinamentos do rabino Isaac Luria, diz-se que existem muitas Liliths. Manasseh Matlub Sithon disse que “muitos Liliths e demônios estão no exterior, e sobem e descem”.

A maior delas é a esposa de Adam Qadmon, um ser que Deus usou como avatar para criar o Universo em todas as suas dez ou mais dimensões, daí um multiverso.

Outra Lilith, mais demoníaca, conhecida como a mulher da prostituição, é encontrada no livro do Zohar 1:5a. Ela é a contraparte feminina de Samael (Satanás).

A Lilith com a qual a maioria está familiarizada é a esposa de Adão no alfabeto de Ben Sira (8 a 10 séculos EC), conhecido como Adam haRishon, “o primeiro homem”, entre os cabalistas.

Existem visões mistas de Lilith no Zohar. Em um relato ela é a contraparte de Samael e uma mãe de demônios. Em outro ela é vista seduzindo os anjos caídos como Naamah; os anjos Azza e Azazael depois de desafiarem a Shekhinah (a presença feminina de Deus) sobre a criação do homem. Isto é mencionado no livro do Zohar 1:19a-b, 23a-b, 27a-b respectivamente. Quando Lilith e Naamah (outro aspecto de Lilith) estavam com Adão em sua separação de 130 anos de Eva após a queda, elas tiveram filhas nascidas de sua união. Estas foram as nashiym, as liliyot(F), os espíritos liloth que foram os que seduziram os Vigilantes. Essas filhas, juntamente com Lilith e Naamah, são restauradas a Adão através da Sabedoria de Salomão, o aspecto da Shekhinah (referida como as duas prostitutas e as Nashiym nos capítulos 4 e 5 do Zohar, o Livro da Ocultação, o Sifri D Tsri-nita).

De acordo com a tradução do rabino Isaac Luria, Isaías 34:14-15 significa “O gato selvagem se encontrará com os chacais, E o sátiro clamará ao seu companheiro, Sim, Lilith descansará lá E encontrará para ela um lugar de descanso”. A partir dessas passagens, o rabino Isaac Luria acreditava que Lilith seria restaurada a Adão através do casamento de Lia com Jacó – Jacó era Adão, Lia era Lilith e Raquel era Eva. Esta deve ser entendida como uma das muitas interpretações sobre o Zohar e de Lilith.

Lilith no Midrash Abkir:

A primeira fonte medieval a retratar Adão e Lilith na íntegra foi o Midrash A.B.K.I.R. (c. século 10), que foi seguido pelo Zohar e outros escritos cabalísticos. Diz-se que Adão é perfeito até que reconheça ou seu pecado ou o fratricídio de Caim, que é a causa de trazer a morte ao mundo. Ele então se separa da santa Eva, dorme sozinho e jejua por 130 anos. Durante este tempo “Pizna”, um nome alternativo para Lilith ou uma filha dela, deseja sua beleza e o seduz contra sua vontade. Ela dá à luz multidões de djinns e demônios, o primeiro deles sendo chamado de Agrimas. No entanto, eles são derrotados por Matusalém, que mata milhares deles com uma espada sagrada e força Agrimas a dar-lhe os nomes dos restantes, após o que os lança longe para o mar e as montanhas.

Lilith no Tratado sobre a Emanação Esquerda:

A escrita mística de dois irmãos Jacob e Isaac Hacohen, o Tratado sobre a Emanação Esquerda, que antecede o Zohar em algumas décadas, afirma que Samael e Lilith têm a forma de um ser andrógino, de dupla face, nascido da emanação do Trono da Glória e correspondendo no reino espiritual a Adão e Eva, que também nasceram como hermafroditas. Os dois casais andróginos gêmeos se pareciam e ambos “eram como a imagem do Acima”; isto é, que eles são reproduzidos em uma forma visível de uma divindade andrógina.

  1. Em resposta à sua pergunta sobre Lilith, explicarei a você a essência do assunto. Sobre este ponto há uma tradição recebida dos antigos Sábios que fizeram uso do Conhecimento Secreto dos Palácios Menores, que é a manipulação de demônios e uma escada pela qual se ascende aos níveis proféticos. Nesta tradição fica claro que Samael e Lilith nasceram como um só, semelhante à forma de Adão e Eva que também nasceram como um só, refletindo o que está acima. Este é o relato de Lilith que foi recebido pelos Sábios no Conhecimento Secreto dos Palácios.

Outra versão que também era corrente entre os círculos cabalísticos na Idade Média estabelece Lilith como a primeira das quatro esposas de Samael: Lilith, Naamah, Eisheth e Agrat bat Mahlat. Cada uma delas é mãe de demônios e tem suas próprias hostes e espíritos imundos em grande número, para não dizer inumeráveis. O casamento do arcanjo Samael e Lilith foi arranjado pelo “Dragão Cego”, que é a contrapartida do “dragão que está no mar”. O Dragão Cego atua como intermediário entre Lilith e Samael:

O Dragão Cego monta (isto é, tem relações sexuais com) Lilith, a Pecadora – que ela seja extirpada rapidamente em nossos dias, Amém! – E este Dragão Cego traz a união entre Samael e Lilith. E assim como o Dragão que está no mar (Isaías 27:1) não tem olhos, assim também o Dragão Cego que está em cima, em aparência de forma espiritual, não tem olhos, ou seja, não tem cores… (Patai 81:458) Samael é chamado de Serpente Inclinada, e Lilith é chamada de Serpente Tortuosa.

O casamento de Samael e Lilith é conhecido como o “Anjo Satanás” ou o “Outro Deus”, mas não foi permitido que durasse. Para evitar que os filhos demoníacos de Lilith e Samael, os Lilin, enchessem o mundo, Deus castrou Samael. Em muitos livros cabalísticos do século XVII, isso parece ser uma reinterpretação de um antigo mito talmúdico onde Deus castrou o Leviatã masculino e matou o Leviatã feminino para impedí-los de acasalar e, assim, destruir a Terra com seus descendentes. Com Lilith sendo incapaz de fornicar com Samael, ela procurou acasalar com homens que experimentam emissões noturnas de sêmen. Um texto da Cabala do século 15 ou 16 afirma que Deus “esfriou” a Leviatã feminina, o que significa que ele tornou Lilith infértil e que ela é uma mera fornicação.

O Tratado da Emanação Esquerda também diz que existem duas Liliths, sendo a menor casada com o grande demônio Asmodeus.

A Lilith Matrona é a companheira de Samael. Ambos nasceram na mesma hora à imagem de Adão e Eva, entrelaçados um no outro. Asmodeus o grande rei dos demônios tem como companheira a Lilith Menor (mais jovem), filha do rei cujo nome é Qafsefoni. O nome de sua companheira (de Qafsefoni) é Mehetabel filha de Matred, e sua filha é Lilith (Menor).

Outra passagem acusa Lilith de ser uma serpente tentadora de Eva.

E a Serpente, a Mulher da Prostituição, incitou e seduziu Eva através das cascas de Luz que em si é santidade. E a Serpente seduziu a Santa Eva, e o suficiente é dito para quem entende. E toda essa ruína aconteceu porque Adão, o primeiro homem, se juntou a Eva enquanto ela estava em sua impureza menstrual – esta é a sujeira e a semente impura da Serpente que montou Eva (isto é, teve relações sexuais com ela) antes que Adão a montasse (isto é, tivesse relações sexuais com ela). Eis que aqui está diante de você: por causa dos pecados de Adão, o primeiro homem, todas as coisas mencionadas vieram a existir. Pois a Lilith Maligna, quando ela viu a grandeza de sua corrupção, tornou-se forte em suas cascas, e veio a Adão (isto é, teve relações sexuais com ele) contra sua vontade, e ficou quente com ele (ou seja, ficou grávida dele) e deu-lhe muitos demônios e espíritos e Lilin. (Patai 81:455f).

Lilith no Zohar:

As referências à Lilith no Zohar incluem o seguinte:

Ela vagueia à noite, e vai por todo o mundo e faz esporte com os homens e faz com que eles emitam sementes. Em todo lugar onde um homem dorme sozinho em uma casa, ela o visita e o agarra e se apega a ele e tem seu desejo dele, e carrega dele. E ela também o aflige com doença, e ele não sabe disso, e tudo isso acontece quando a lua está minguante.

Esta passagem pode estar relacionada à menção de Lilith no Talmude, Shabbath 151b (veja acima), e também ao Talmude, Eruvin 18b onde as emissões noturnas estão conectadas com a geração de demônios.

De acordo com Rapahel Patai, fontes mais antigas afirmam claramente que após a estada de Lilith no Mar Vermelho, mencionada também em Legends of the Jews (As Lendas dos Judeus, de Louis Ginzberg), ela retornou a Adão e gerou filhos dele, forçando-se sobre ele (ou seja, tendo relações sexuais com ele). Antes de fazer isso, ela se apega a Caim e lhe dá numerosos espíritos e demônios. No Zohar, no entanto, diz-se que Lilith conseguiu gerar descendentes de Adão mesmo durante sua curta experiência sexual. Lilith deixa Adão no Éden, pois ela não é uma companheira adequada para ele. Gershom Scholem propõe que o autor do Zohar, o Rabi Moisés de Leon, estava ciente tanto da tradição folclórica de Lilith quanto de outra versão conflitante, possivelmente mais antiga.

O Zohar acrescenta ainda que dois espíritos femininos em vez de um, Lilith e Naamah, desejaram Adão e o seduziram. O objetivo dessas uniões eram (a geração de) demônios e espíritos chamados de “as pragas da humanidade”, e a explicação usual adicionada era que foi através do próprio pecado de Adão que Lilith o subjugou a ter relações sexuais com ela contra sua vontade.

Lilith nos Amuletos Mágicos Hebraicos do Século XVII:

 

 

Amuleto hebraico medieval destinado a proteger uma mãe e seu filho de Lilith,

Uma cópia da tradução de Jean de Pauly do Zohar na Biblioteca Ritman contém uma folha hebraica impressa do final do século XVII inserida para uso em amuletos mágicos onde o profeta Elias confronta Lilith.

A folha contém dois textos dentro das bordas, que são amuletos, um para um homem (‘lazakhar’), o outro para uma mulher (‘lanekevah’). As invocações mencionam Adão, Eva e Lilith, ‘Chavah Rishonah’ (a primeira Eva, que é idêntica a Lilith), também demônios ou anjos: Sanoy, Sansinoy, Smangeluf, Shmari’el (o guardião) e Hasdi’el (o misericordioso). Algumas linhas no idioma iídiche são seguidas pelo diálogo entre o profeta Elias e Lilith quando ele a encontrou com seu exército de demônios para matar a mãe e levar seu filho recém-nascido que desejavam (‘beber seu sangue, chupar seus ossos e comer sua carne’), provavelmente no episódio da Viúva de Sarepta (1 Reis 17:8-24). Lilith diz a Elias que perderá seu poder se alguém usar seus nomes secretos, que ela revela no final: lilith, abitu, abizu, hakash, avers hikpodu, ayalu, matrota

Em outros amuletos, provavelmente informados pelo Alfabeto de Ben-Sira, ela é a primeira esposa de Adão. (Yalqut Reubeni, Zohar 1:34b, 3:19)

A porção do dicionário de Charles Richardson da Encyclopædia Metropolitana acrescenta à sua discussão etimológica da palavra lullaby (canção de ninar) “uma nota manuscrita escrita em uma cópia da Etymologicon Linguæ Anglicanæ de 1671, de Stephen Skinner, que afirma que a palavra lullaby (canção de ninar) se origina de Lillu abi abi, um encantamento hebraico que significa “Vá embora, Lilith!” recitado por mães judias no berço de uma criança. Richardson não endossou a teoria e os lexicógrafos modernos a consideram como uma etimologia falsa.

LILITH NA MITOLOGIA GRECO-ROMANA:

 

 

Lâmia (primeira versão), por John William Waterhouse, 1905.

No livro da Vulgata Latina de Isaías 34:14, Lilith é traduzida como lâmia.

De acordo com Augustine Calmet, Lilith tem conexões com visões iniciais sobre vampiros e feitiçaria:

Alguns eruditos pensaram ter descoberto alguns vestígios de vampirismo na mais remota antiguidade; mas tudo o que dizem sobre isso não chega nem perto do que está relacionado aos vampiros. As lâmias, as strigas, os feiticeiros que eles acusavam de sugar o sangue de pessoas vivas e assim causar sua morte, os magos que diziam causar a morte de crianças recém-nascidas por encantos e feitiços malignos, nada mais são do que o que entendemos pelo nome de vampiros; mesmo que se admita que essas lâmias e strigas realmente existiram, o que não acreditamos que possa ser bem provado. Admito que esses termos [lâmia e striga] são encontrados nas versões da Sagrada Escritura. Por exemplo, Isaías, descrevendo a condição à qual Babilônia deveria ser reduzida após sua ruína, diz que ela se tornará a morada de sátiros, lâmias e strigas (em hebraico, lilith). Este último termo, segundo os hebreus, significa a mesma coisa, como os gregos expressam por strix e lâmias, que são feiticeiras ou magos, que procuram matar os recém-nascidos. De onde vem que os judeus estão acostumados a escrever nos quatro cantos da câmara de uma mulher que acabou de dar à luz: “Adão, Eva, saia daqui, lilith”. … Os antigos gregos conheciam essas feiticeiras perigosas pelo nome de lâmias, e acreditavam que devoravam crianças ou sugavam todo o seu sangue até morrerem.

De acordo com Siegmund Hurwitz, a Lilith talmúdica está ligada à Lâmia grega, que, de acordo com Hurwitz, também governava uma classe de demônios-lâmias que roubavam crianças. Lâmia tinha o título de “assassina de crianças” e era temida por sua malevolência, como Lilith. Ela tem diferentes origens conflitantes e é descrita como tendo um corpo humano da cintura para cima e um corpo serpentino da cintura para baixo. Uma fonte afirma simplesmente que ela é filha da deusa Hécate, outra, que Lâmia foi posteriormente amaldiçoada pela deusa Hera para ter filhos natimortos por causa de sua associação sexual com Zeus; alternativamente, Hera matou todos os filhos de Lâmia (exceto Cila) com raiva por Lâmia ter dormido com seu marido, Zeus. A dor fez com que Lâmia se transformasse em um monstro que se vingava das mães roubando seus filhos e os devorando. Lâmia tinha um apetite sexual vicioso que combinava com seu apetite canibal por crianças. Ela era notória por ser um espírito vampírico e adorava sugar o sangue dos homens. Seu dom era a “marca de uma Sibila”, um dom da segunda visão. Zeus disse ter lhe dado o dom da visão. No entanto, ela foi “amaldiçoada” para nunca ser capaz de fechar os olhos para que ela ficasse para sempre obcecada por seus filhos mortos. Com pena de Lâmia, Zeus deu a ela a capacidade de remover e recolocar os olhos das órbitas.

LILITH NO MANDEÍSMO:

Nas escrituras mandeanas, como Ginza Rabba e Qolasta, as liliths são mencionadas como habitantes do Mundo das Trevas.

LILITH NA CULTURA ÁRABE:

O escritor ocultista Ahmad al-Buni (d. 1225), em seu Sol do Grande Conhecimento (árabe: الكبرى المعارف شمس), menciona um demônio chamado “a mãe dos filhos” (الصبيان  ام), um termo também usado para “colocar em um lugar”. Tradições folclóricas registradas por volta de 1953 falam sobre um gênio chamado Qarinah, que foi rejeitada por Adão e acasalou com Iblis (O “Satã” do Islã). Ela deu à luz uma série de demônios e ficou conhecida como a mãe deles. Para se vingar de Adão, ela persegue crianças humanas. Como tal, ela mataria o bebê de uma mãe grávida no útero, causaria impotência aos homens ou atacava crianças pequenas com doenças. De acordo com as práticas ocultas da feitiçaria árabe, ela estaria sujeita ao rei demônio Murrah al-Abyad, que parece ser outro nome para Iblis usado em escritos mágicos. Histórias sobre Qarinah e Lilith se fundiram no início do Islã.

LILITH NA LITERATURA OCIDENTAL:

Lilith na Literatura Alemã:

 

 

Fausto e Lilith, por Richard Westall (1831).

A primeira aparição de Lilith na literatura do período romântico (1789-1832) foi na obra de Goethe de 1808, Fausto: A Primeira Parte de uma Tragédia.

Fausto:

Quem é aquela ali?

Mefistófeles:

Dê uma boa olhada.

Lilith.

Fausto:

Lilith? Quem é aquela?

Mefistófeles:

A esposa de Adão, sua primeira. Cuidado com ela.

O único orgulho de sua beleza é seu cabelo perigoso.

Quando Lilith enrola em torno de jovens

Ela não os solta tão cedo.

—  Tradução de Greenberg de 1992, linhas 4206–4211.

Depois que Mefistófeles oferece esse aviso a Fausto, ele, ironicamente, encoraja Fausto a dançar com Lilith, “a Bruxa Bonita”. Lilith e Fausto travam um breve diálogo, onde Lilith conta os dias passados ​​no Éden.

Fausto: [dançando com a jovem bruxa]

Um lindo sonho que sonhei um dia

Eu vi uma macieira de folhas verdes,

Duas maçãs balançavam em um caule,

Tão tentadoras! Subi para elas.

A Bruxa Bonita (Lilith):

Desde os dias do Éden

Maçãs têm sido o desejo do homem.

Como estou feliz em pensar, senhor,

Maçãs também crescem no meu jardim.

—  Tradução de Greenberg de 1992, linhas 4216 – 4223.

Lilith na Literatura Inglesa:

 

 

Lady Lilith por Dante Gabriel Rossetti (1866-1868, 1872-1873).

A Irmandade Pré-Rafaelita, que se desenvolveu por volta de 1848, foi muito influenciada pelo trabalho de Goethe sobre o tema de Lilith. Em 1863, Dante Gabriel Rossetti, da Irmandade, começou a pintar o que mais tarde seria sua primeira versão de Lady Lilith, uma pintura que ele esperava ser sua “melhor imagem até agora”. Os símbolos que aparecem na pintura aludem à fama de “femme fatale” da Lilith romântica: papoulas (morte e frio) e rosas brancas (paixão estéril). Acompanhando sua pintura Lady Lilith de 1866, Rossetti escreveu um soneto intitulado Lilith, que foi publicado pela primeira vez no panfleto-revisão de Swinburne (1868), Notes on the Royal Academy Exhibition.

Da primeira esposa de Adão, Lilith, conta-se

(A bruxa que ele amava antes da dádiva de Eva,)

Que, antes da serpente, sua doce língua pudesse enganar,

E seu cabelo encantado foi o primeiro ouro.

E ela ainda está sentada, jovem enquanto a terra é velha,

E, sutilmente contemplativa de si mesma,

Atrai homens para observar a teia brilhante que ela pode tecer,

Até que o coração, o corpo e a vida estejam em seu poder.

A rosa e a papoula são sua flor; Para onde

Ele não é encontrado, ó Lilith, a quem derramou perfume

E os beijos suaves e o sono suave aprisionarão?

Eis! Como os olhos daquele jovem queimaram nos seus, assim foi

Teu feitiço através dele, e deixou seu pescoço reto dobrado

E em volta de seu coração um cabelo dourado estrangulado.

— Collected Works, 216.

O poema e a imagem apareceram juntos ao lado da pintura de Rossetti, Sibylla Palmifera e do soneto Soul’s Beauty (A Beleza da Alma). Em 1881, o soneto de Lilith foi renomeado “Body’s Beauty (A Beleza do Corpo)” para contrastá-lo com a Soul’s Beauty (A Beleza da Alma). Os dois foram colocados sequencialmente na coleção The House of Life (A Casa da Vida, sonetos número 77 e 78).

Rossetti escreveu em 1870:

Lady [Lilith] … representa uma Lilith Moderna penteando seus abundantes cabelos dourados e olhando para si mesma no espelho com aquela auto-absorção por cujo estranho fascínio tais naturezas atraem outros para dentro de seu próprio círculo.

— Rossetti, W. M. ii.850, ênfase de D. G. Rossetti.

Isso está de acordo com a tradição folclórica judaica, que associa Lilith tanto com cabelos longos (um símbolo do perigoso poder sedutor feminino na cultura judaica), quanto com o poder de possuir mulheres entrando nelas através de espelhos.

O poeta vitoriano Robert Browning reimaginou Lilith em seu poema “Adão, Lilith e Eva”. Publicado pela primeira vez em 1883, o poema usa os mitos tradicionais em torno da tríade de Adão, Eva e Lilith. Browning retrata Lilith e Eva como sendo amigáveis ​​e cúmplices uma com a outra, enquanto se sentam juntas em ambos os lados de Adão. Sob a ameaça de morte, Eva admite que nunca amou Adão, enquanto Lilith confessa que sempre o amou:

Como o pior dos venenos deixou meus lábios,

Eu pensei: ‘Se, apesar dessa mentira, ele se despir

A máscara da minha alma com um beijo – eu rastejo

Sua escrava — alma, corpo e tudo!

— Browning 1098.

Browning concentrou-se nos atributos emocionais de Lilith, em vez das de suas antigas predecessores demoníacas.

O autor escocês George MacDonald também escreveu um romance de fantasia intitulado Lilith, publicado pela primeira vez em 1895. MacDonald empregou o personagem de Lilith a serviço de um drama espiritual sobre pecado e redenção, no qual Lilith encontra uma salvação duramente conquistada. Muitas das características tradicionais da mitologia de Lilith estão presentes na descrição do autor: longos cabelos escuros, pele pálida, ódio e medo de crianças e bebês e uma obsessão por se olhar no espelho. A Lilith de MacDonald também tem qualidades vampíricas: ela morde as pessoas e suga seu sangue para se sustentar.

O poeta e estudioso australiano Christopher John Brennan (1870–1932), incluiu uma seção intitulada “Lilith” em sua obra principal “Poems: 1913” (Sydney: G. B. Philip and Son, 1914). A seção “Lilith” contém treze poemas explorando o mito de Lilith e é central para o significado da coleção como um todo.

A história de 1940 de C. L. Moore, Fruit of Knowledge (O Fruto do Conhecimento), é escrita do ponto de vista de Lilith. É uma releitura da Queda do Homem como um triângulo amoroso entre Lilith, Adão e Eva – com Eva comendo o fruto proibido sendo nesta versão o resultado de manipulações equivocadas da ciumenta Lilith, que esperava que sua rival fosse desacreditada e destruída por Deus e assim recuperar o amor de Adão.

A coleção Full Blood (Plena de Sangue) de 2011 do poeta britânico John Siddique tem um conjunto de 11 poemas chamado The Tree of Life (A Árvore da Vida), que apresenta Lilith como o aspecto feminino divino de Deus. Vários dos poemas apresentam Lilith diretamente, incluindo a peça Unwritten (Não-Escrita), que lida com o problema espiritual do feminino sendo removido pelos escribas da Bíblia.

Lilith também é mencionada no livro As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, de C.S.Lewis. O personagem Sr. Castor atribui a ascendência do principal antagonista, Jadis, a Feiticeira Branca, à Lilith.

Lilith é um poema de Vladimir Nabokov, escrito em 1928. Muitos o conectaram à Lolita, mas Nabokov nega veementemente: “Leitores inteligentes se absterão de examinar essa fantasia impessoal em busca de qualquer ligação com minha ficção posterior”.

LILITH NO ESOTERISMO OCIDENTAL E NO OCULTISMO MODERNO:

A representação de Lilith no Romantismo continua a ser popular entre os Wiccanos e em outros Ocultismos modernos. Existem algumas ordens mágicas dedicadas à subcorrente de Lilith, apresentando iniciações especificamente relacionadas aos arcanos da “primeira mãe”. Duas organizações que usam iniciações e magias associadas à Lilith são a Ordo Antichristianus Illuminati e a Order of Phosphorus. Lilith aparece como uma súcubo em De Arte Magica de Aleister Crowley. Lilith também foi um dos nomes do meio da primeira filha de Crowley, Nuit Ma Ahathoor Hecate Sappho Jezebel Lilith Crowley (1904–1906), e Lilith às vezes é identificada com Babalon nos escritos thelêmicos. Muitos dos primeiros escritores ocultistas que contribuíram para a Wicca moderna expressaram uma reverência especial por Lilith. Charles Leland, no apêndice do livro Aradia, ou o Evangelho das Bruxas, associou Aradia à Lilith: Aradia, diz Leland, é Herodias, que era considerada no folclore da stregheria como associada à Diana como a líder das bruxas. Leland observa ainda que Herodias é um nome que vem do oeste da Ásia, onde denotava uma forma primitiva de Lilith.

Gerald Gardner afirmou que havia adoração histórica contínua de Lilith até os dias atuais, e que seu nome às vezes é dado à deusa sendo personificada no coven pela sacerdotisa. Esta ideia foi ainda atestada por Doreen Valiente, que a citou como uma deusa que preside a Bruxaria: “a personificação dos sonhos eróticos, o desejo reprimido por prazeres”.

Em alguns conceitos contemporâneos, Lilith é vista como a personificação da Deusa, uma designação que se acredita ser compartilhada com o que essas religiões acreditam serem suas contrapartes: Inanna, Ishtar, Asherah (Aserá), Anath, Anahita e Ísis. De acordo com uma visão, Lilith era originalmente uma deusa mãe suméria, babilônica ou hebraica do parto, das crianças, das mulheres e da sexualidade.

Raymond Buckland afirma que Lilith é uma deusa da lua escura a par com a deusa hindu Kali.

Muitos satanistas teístas modernos consideram Lilith como uma deusa. Ela é considerada uma deusa da independência por aqueles satanistas e muitas vezes é adorada por mulheres, mas as mulheres não são as únicas pessoas que a adoram. Lilith é popular entre os satanistas teístas por causa de sua associação com Satanás ou Satã. Alguns satanistas acreditam que ela é a esposa de Satanás e, portanto, pensam nela como uma figura materna. Outros baseiam sua reverência por ela em sua história como súcubo e a elogiam como uma deusa do sexo. Uma abordagem diferente para uma Lilith satânica afirma que ela já foi uma deusa da fertilidade e da agricultura.

A tradição de mistério ocidental associa Lilith com as Qliphoth da Cabala. Samael Aun Weor em seu livro, A Pistis Sophia Desvelada escreve que os homossexuais são os “sequazes de Lilith”. Da mesma forma, as mulheres que se submetem ao aborto voluntário e as que apoiam essa prática são “vistas na esfera de Lilith”. Dion Fortune escreve em sua Autodefesa Psíquica que: “A Virgem Maria é refletida em Lilith”, e que Lilith é a fonte de “sonhos luxuriosos”.

Devido ao fato do tema de Lilith no Esoterismo Ocidental e no Ocultismo Moderno ser bastante amplo e diverso, o mesmo será abordado em outros artigos.

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Fontes:

  • Charles Fossey, La Magie Assyrienne, Paris: 1902.
  • Siegmund Hurwitz, LilithSwitzerland: Daminon Press, 1992. Jerusalem Bible. New York: Doubleday, 1966.
  • Samuel Noah Kramer, Gilgamesh and the Huluppu-Tree: A reconstructed Sumerian Text.(Kramer’s Translation of the Gilgamesh Prologue), Assyriological Studies of the Oriental Institute of the University of Chicago 10, Chicago: 1938.
  • Raphael Patai, Adam ve-Adama, tr. as Man and Earth; Jerusalem: The Hebrew Press Association, 1941–1942.
  • Patai, Raphael(1990) [1967]. “Lilith”. The Hebrew Goddess. Raphael Patai Series in Jewish Folklore and Anthropology (3rd Enlarged ed.). Detroit: Wayne State University Press. pp. 221–251. ISBN 9780814322710OCLC 20692501.
  • Archibald Sayce, Hibbert Lectures on Babylonian Religion
  • Schwartz, Howard, Lilith’s Cave: Jewish tales of the supernatural, San Francisco: Harper & Row, 1988.
  • Campbell Thompson, Semitic Magic, its Origin and Development, London: 1908.
  • Augustin Calmet, (1751) Treatise on the Apparitions of Spirits and on Vampires or Revenantsof Hungary, Moravia, et al. The Complete Volumes I & II. 2016. ISBN 978-1-5331-4568-0.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/as-origens-de-lilith/

Entrevista a Thomas Karlsson, 2009

Thomas Karlsson é o fundador da ordem magica Dragon Rouge, e um cientista proeminente que lançou varios livros sobre temas como interpretação de runas e magia goetica. Sabendo que ele é uma figura bastante reclusa, nós nunca nem tentamos entrar em contato com o homem, apesar das letras de albuns como “Lemuria/Sirius B” (2004) e “Gothic Kabbalah” (2007) literalmente pedem por uma entrevista com seu autor. Mas uma oportunidade apareceu de repente, quando o livro de Karlsson “Adulruna, ou Kabbalah Goetica” foi traduziso pro idioma russo e publicado domesticamente. Assim, aqui vamos nós…

É do conhecimento de todos que você conheceu Chris pela primeira vez em 1990, mas apenas começou a escrever as letras pro Therion alguns anos depois. Qual foi o ponto de partida de sua cooperação criativa, e quais foram os motivos pra você começar a escrever as letras pra musica de Christofer?

Christofer me perguntou se eu gostaria de escrever as letras posto que as letras já tratavam de temas os quais eu estava profundamente envolvido. Ele achou que eu talvez pudesse melhor transformar esses temas em letras. Fomos amigos muito proximos todos esses anos, temos uma cooperação parcimoniosa e debatemos quais temas poderiam se encaixar ás diferentes canções.

Fiquei sabendo pelas bandas de metal russas que trabalham com letristas “de fora” que é um trabalho muito dificil juntar musica e letra, tão dificil que muitas vezes eles tem que reescrever as letras do começo ao fim para obter um resultado que satisfaça ambas as partes. Quantas versões de uma letra você geralmente escreve pra uma canção do Therion?

É muito trabalho, e é dificil dizer qualquer coisa no aspecto geral sobre quanto tempo leva, mas eu começo com uma versão bruta e coloco toques finais ate terminar. Há tantos passos, primeiro conhecer a musica e seu caráter especial, e depois encontrar um tema apropriado e disso escrever e fazer se encaixar na musica.

Você disse uma vez, “letra e musica se originam do mesmo lugar, que é o mito e a magia”. Nessa perspectiva, você se considera mais um criador de algo novo ou um medium que apenas ajuda a trazer pra este mundo algo que já existe em outro lugar?

Preferiria dizer que eu medio temas que ja existem por aí, mas claro que com um toque pessoal.

Quanto você se interessa pela atual situação do heavy metal? E há letristas no metal cujos trabalhos você considera interessantes ou inspiradores?

Tenho muitos amigos que tocam em bandas de metal, mas infelizmente não estou muito bem-informado, mas eu sei que existem muitos musicos talentosos e letristas na cena. A banda sueca Saturnalia Temple foi fundada por amigos e membros da ordem esoterica Dragon Rouge. Tanto sua musica como letras são auxiliadas e profundamente afetadas pela magia. Escrevi um pedaço de uma letra pra banda sueca de death/black metal Nefandus, e essa banda tambem é muito influenciada pela magia.

Há muitas bandas de metal que dizem que expressam o ocultismo por suas musicas e letras. Claro, para muitos isso é apenas moda, interesse infantil ou estupidez, mas há algumas bandas que são, no minimo, pela primeira impressão, sinceras no que fazem. Quais são as bandas que lidam com temas ocultos e são convincentes para você? O que você pensa sobre, por exemplo, os gregos do Necromantia?

Não conheço o background da maioria das bandas e é dificil ter uma opinião, mas o Necromantia parece ser serios e praticantes esotericos avançados, assim como otimos musicos.

Therion é associado na maior parte das vezes com Christofer, enquanto você permanece nos bastidores, entretanto sua contribuição nos albuns do Therion é obviamente muito grande. O que você sente quando você vai a algum show do Therion (alias, isso acontece com frequencia?), e vê todo o publico cantando junto ““Powers of Thagirion / Watch the Great Beast to be…”?

É muito rara a minha ida aos shows, mas claro que é agradável ver todos esses fãs entusiastas cantando em coro minhas letras.

Você se importa com o modo com que suas letras são vistas e interpretadas pelo publico? Há alguma “mensagem” especial ou “ideia” que você tenta passar pelas canções? Seria correto dizer que um dos propositos de seu envolvimento no Therion é fazer com que mais pessoas se interessem em magia/ocultismo/filosofia?

Não, não tento promover qualquer filosofia especial pelas letras, mas sim inspirar o interesse nos temas nos quais me baseio ao escrever. Sei que muitos fãs do Therion foram inspirados a estudar mitologia e esoterismo por causa das letras.

No “Sirius B” há duas canções onde personagens russos proeminentes são mencionados. Vamos começar com “The Voyage of Gurdjieff” – o que você pensa sobre essa pessoa e sua filosofia? Ele te influenciou de alguma forma?

Algumas partes da filosofia de Gurjieff tiveram influencia sobre mim. Compartilho a ideia dele de auto-criação, auto-desenvolvimento e percepção pelo trabalho. Acho os trabalhos dele como “Beelzebub’s Tales to His Grandson”, “Meetings with Remarkable Men” e “Life is Real Only Then, When ‘I Am’” otimas leituras, entretanto muitas coisas que assimilei de sua filosofia vieram de seu discípulo P.D. Ouspensky. Sou entretanto não um seguidor do Quarto Caminho, como o sistema dele é chamado, mas acho que muitas coisas são uteis.

Outra figura é Rasputin, mas minha pergunta não é sobre a pessoa, mas sim sobre a letra de “The Khlysti Evangelist”. Desculpe dizer, mas as frases russas no começo da canção não estão muito corretas, por assim dizer, e pelo que sei, elas foram traduzidas por uma garota da Estonia, onde o idioma russo não é tão comum mais. Por que uma escolha tão estranha assim de tradutor? Tanto você quanto Christofer são tão exigentes quanto ás pessoas que trabalham com vocês na maior parte das vezes…

Lamento saber que a parte em russo dessa letra não esta tão correta. Não tenho resposta pra isso porque não estava envolvido na gravação ou na escolha do tradutor. Mas obrigado pela informação. Proximas frases em russo num album do Therion estarão esperançosamente mais corretas.

Continundo com o tema russo – Em fevereiro veremos a publicação de seu livro “Adulrunan och den Gtiska Kabbalan” no idioma russo pela primeira vez. O quanto este livro ajudara àqueles que ficaram intrigados pelas letras do “Gothic Kabbalah” a encontrar respostas? Quanto em comum o livro e o disco tem?

O livro e as letras estão profundamente conectados e baseados na mesma fonte. O livro será a chave para a compreensão das letras do “Gothic Kabbalah”. O livro e as letras derivam da filosofia oculta do magico da corte sueca Johannes Bureus (1568 – 1652). Ele foi o professor do rei e guerreiro Gustavo II Adolf e criou um sistema o qual chamou de “cabala gotica”. De acordo com ele, as tribos goticas se originaram na Escandinavia e disse que as runas poderiam ser interpretadas como sinais cabalisticos que descrevem a origem do universo. Há muitos enigmas nesse sistema. Inspirado pelo alquimista suiço Paracelsus ele disse que há três tesouros a serem encontrados e que eles transformarão o mundo todo quando alguem os encontrar. Ele provavelmente disse isso no sentido simbolico como tesouros espirituais.

O que você acha dos leitores dos seus livros? Em outras palavras, a quem você os recomendaria?

É um livro bastante academico, mas eu acho que todos que gostariam de entender as letras do “Gothic Kabbalah” deveriam ler, e eu acredito que as pessoas interessadas em ocultismo e/ou historia acharão o livro interessante. É entretanto não um livro de esoterismo pratico, como meu livro Qabalah, Qliphoth e Magia Goetica que descrevem selos, rituais, e trabalhos magicos na prática.

Existe uma crença em comum de que a magia verdadeira deveria se manter clandestina, e se trazida ao conhecimento do publico, a magia perde seu poder. Você, pelo contrario, escreve sobre magia em detalhes no “Qabalah, Qliphoth e Magia Goetica”. Você discorda da afirmação acima, ou o que você escreve nesse livro é apenas o estagio inicial, e estagios mais avançados precisam ser mantidos em segredo?

Acredito que a magia verdadeira é clandestina por si só. Não importa se você conversar ou escrever sobre ela porque seu efeito é mais profundo que o conhecimento comum. Não acredito que tenha album sentido em manter isso em segredo como um objetivo propriamente. Leva anos de dedicação para conhecer os segredos da magia, e meu papel como autor é ajudar os adeptos dedicados a encontrar o caminho aos segredos da magia, mas a revelação e iluminação não são coisas que eu possa influenciar. É um processo interior da pessoa.

Além do Therion, você se envolveu na banda Shadowseeds, a qual você chama de “um manifesto musical de algumas partes de nosso trabalho magico”. Você pode descrever a musica deste projeto ou recomendar modos de conhece-la (alem de baixar mp3 da internet, claro)?

É um projeto de musica baseado na magia junto com Tommie Eriksson, meu amigo e frater da Dragon Rouge. É um projeto passivo e aparece quando é conectado a certos processos esotericos. Da ultima vez aconteceu devido a um longo trabalho com a cabala gotica de Bureus, e o Shadowseeds o manifestou pela musica. Minhas primeiras letras baseadas na Cabala Gotica foi numa produção do Shadowseeds. A melhor maneira de ouvir às musicas é encontrar Tommie no MySpace. Ele é a força que comanda por trás do Lapis Niger e o Saturnalia Temple.

Já faz muito tempo que o Shadowseeds teve alguma atividade (estudio ou ao vivo). Alguma chance de reviverem o projeto em breve, ou trabalhar em alguma outra colaboração musical?

Com certeza iremos criar novas musicas, mas não sabemos quando. É um projeto magico e de muitas maneiras fora de nosso controle consciente. Mas acredito que o proximo album não demorara muito pra sair.

Que tipo de musica você ouve em casa? Heavy Metal, algo similar ao Shadowseeds, ou outras coisas?

Ouço muitos tipos de musica. Gosto dos black metals antigos como Bathory, e metal esoterico como Dio. Gosto muito dos álbuns antigos do Mercyful Fate e do King Diamond. Ouço musica feita por amigos e fraters como o Saturnalia Temple e Kaamos. Quando escrevo eu ouço bandas ambientes obscuras como Arcana e Raison d’Etre e gosto de ouvir bandas como Ain Soph, Blood Axis and Fire + Ice. Curto musica clássica, e isso soará como babação de ovo aos leitores russos, mas a maioria dos meus compositores favoritos são russos. Aleksandr Nikolajevitj Skrjabin é um dos meus compositores favoritos absolutos, mas eu tambem sou muito aficionado pela musica de Stravinskij, e pela de todos esses 5 (Csar Cui, Alexander Borodin, Modest Musorgskij, Nikolaj Rimskij-Korsakov e Milij Balakirev). Tambem ouço muito folk music e gosto especialmente de musica folk oriental. E devo confessar secretamente que ás vezes eu ouço musica comercial contemporanea, apesar de tentar negar. (risos)

O poder da musica é motivo de debate há muito tempo. Na idade media havia esse conceito “diabolus en musica”, no começo dos anos 90 havia um julgamento contra o Judas Priest, e daí por diante. Na sua opinião, quanto poder a musica tem? É possivel influenciar intencionalmente a vida de alguem ou o modo de pensar por uma canção ou uma progressão de cordas/sons?

O poder da musica não pode, de acordo com minha visão de mundo, ser superestimado. Musica é o argumento mais forte para uma visão não-nihilista e não-darwinistica. A musica não pode ser explicada por simples Darwinismo. Musica é irracional, mas ao mesmo tempo fundamental para ser um ser humano. A musica tem o poder de abrir os portões pra outras realidades e pode criar revoluções e guerra, tambem como o amor e a paz. Compartilho a filosofia antiga de Pitágoras de que o universo é, em seu fundamento, musical.

Voltando a coisa da Russia – você disse uma vez que era muito interessado em mitologia eslava. O que você acha da Russia no dias atuais? Já esteve neste país?

Infelizmente nunca fui á Russia, mas certamente irei num futuro proximo. Sou muito aficionado pela cultura russa e espero aprender mais sobre os mitos e tradições.

Quantos membros russos tem a Dragon Rouge? Algum plano sobre construir um templo na Russia ou algum outro país eslavo?

Não sei. Como sou o fundador da Dragon Rouge, alguns fraters froam gentis e me liberaram de alguns deveres administrativos, mas não acho que temos membros o suficiente ainda, entretanto penso que os livros mudarão isso e espero que tenhamos mais membros russos. Assim que tivermos uma base solida gostariamos de construir um templo na Russia e em outros países eslavos.

Falando sobre planos – foi anunciado que o Therion começará a gravar o novo album em 2009. Que assuntos as canções terão dessa vez?

Ainda é segredo.

E com o que você pessoalmente planeja estar ocupado num futuro proximo? Há algum livro sendo escrito? Talvez um sobre Lilith, como você mencionou numa entrevista uns anos atrás?

Estou prestes a terminar meu doutorado na Universidade de Estocolmo, e o meu prozimo livro será provavelmente semibiografico sobre minhas experiencias em ocultismo, mas eu não sei exatamente ainda, poderá haver outro antes deste.

Para terminar essa entrevista, você pode dizer algo aos leitores do Headbangers.ru e aos potenciais leitores da tradução russa de seus livros?

Espero que curtam a leitura e talvez eu conheça alguns de vocês no futuro.

Agradecimento em especial ao Warrax (editora Darkon) por conseguir essa entrevista.

Fonte: Headbangers.ru, Tradução Nathalia Claro

Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/entrevista-a-thomas-karlsson-2009/

Caos nas Ruas com os 40 servidores

“Não importa se o Terrorismo Poético é dirigido a apenas uma ou várias pessoas, se é “assinado” ou anônimo: se não mudar a vida de alguém, ele falhou.”
– Hankim Bey, Caos: Panfletos  do Anarquismo Ontológico.

Chegou a hora de tirar os 40 servidores da internet e materializá-los no mundo real. A prática apresentada a seguir se baseia no uso de terrorismo poético e psico-geografia como forma de entrar em contato e de agradecer operações de sucesso dos servidores.

O que fazer?

1. Imprima o cartaz do servidor (pdf aqui)
2. Assine com seu Sigilo Pessoal
3. Exponha a obra em seu território mágicko.

Um território mágicko é um lugar ou evento que esteja afinado com a essência do servidor. Um cemitério por exemplo é claramente afinado com A Morte, uma maternidade com a A Mãe. No final deste artigo existe sugestões de territórios mágickos para cada um dos 40 servidores.

Por que fazer?

Estas intervenções artísticas foram criadas com a imagem do servidor, sigilo, mantra e um QR Code por onde curiosos poderão conhecer mais sobre os servidores. Isso tem quatro efeitos:

1. Entrar em contato com a ideia universal daquele servidor. A adrenalina de fixar o cartaz em locais proibidos, estranhos ou expostos demais é por si só uma maneira de lançar o sigilo, dai a importância do sigilo pessoal estar junto.

2. Fazer uma oferta e agradecer o servidor pela inserção da sua imagem em uma atmosfera semelhante a ele.

3. Mudar a vida das pessoas. Ser o sinal que às pessoas tanto pedem aos céus – mas não da forma como elas esperam.

4. Criar um efeito viral.

Imagine por exemplo que ao caminho de uma reunião dos Alcoólicos Anônimos um alcoólatra se depare com o cartaz d’A Casta. Essa pessoa pode investigar no QR Code e conhecer a Casta em primeira mão, criando um ciclo que retro-alimenta os servidores e beneficiará todos os que utilizarem eles no futuro.

Como fazer?

Na medida do possível procure locais e eventos com grande circulação de pessoas. Quanto mais exposição melhor. Tente posicionar os cartazes em locais de difícil acesso mas de fácil visualização para evitar que sejam retirado facilmente. Fita adesiva transparente pode ser usada para fixar o cartaz e  desencorajar a remoção e ainda possui o benefício de proteger a imagem contra o clima adverso.

Não esqueça de assinar o cartaz com seu Sigilo Pessoal. Isso é importante para deixar a sua marca com aquele servidor. Se você ainda não tem um sigilo pessoal é só eliminar as letra repetidas do seu nome ou motte mágicko e organizá-las em um desenho.

Como alternativa você pode usar os cartazes para atingir apenas sua comunidade local. Neste caso use lugares significativos na sua história pessoal, na porta de casa, locais de primeiros encontros, memórias fortes e acontecimentos pessoais relevantes.

Faça aqui o Dowload dos 40 cartazes

Onde fazer?

A Aventureira: Locais recém inaugurados, locais onde crianças brincam.

A Harmonizadora: Ambientes naturais como parques, bosques, rios e cachoeiras.

A Lasciva: Motéis, locais populares de encontros e becos de sexo.

A Casta: Escolas religiosas, Clínicas de reabilitação, Alcoólicos Anônimos.

O Maestro: Estátuas de grandes personalidades, prefeituras , sedes de grandes empresas, tribunais e casa do governo.

O Contemplador: Locais onde às pessoas vão para ficar sozinhas.

A Dançarina: Locais abandonados, estabelecimentos comerciais fechados e falidos

A Morte: Cemitérios, Necrotérios, Funerárias

O Esgotado: Locais onde idosos se reúnem, asilos, casas de repouso, pousadas e recantos de férias.

O Desesperado: Locais onde houveram crimes violentos ou suicídios.

O Diabo: Locais onde adolescentes costumam ser expulsos. Boates,  Bares, Puteiros. Também Shows de Rock, Raves e Pancadões.

O Explorador: Museus, Centros Culturais, Agências de Viagens.

O Olho: Marcos históricos e monumentos.

O Pai: Escolas de Ensino Médio, Academias de Arte Marciais, Academias militares.

O Consertador: Advocacias, Academias, Financeiras, Oficinas, Caixas Eletrônicos.

A Afortunada: Locais lindos e ou luxuosos, Parques de Diversões, Shoppings Centers.

O Porteiro: Entradas, Portões, Elevadores, Catracas, Semáforos, Pedágios e Cancelas de Estacionamento.

O Doador: Sedes de Ongs, Feiras e Exposições de Negócios, Prédios Comerciais

O Guru: Escritórios, Espaços CoWorking, Incubadoras de empresas

A Curadora: Hospitais, consultórios e clínicas terapêuticas.

A Ideia: Lugares absurdos e inesperados, Galerias, Exposições Artísticas, Teatro.

O Levitador: Mirantes, Coberturas, Faróis, O Pontos mais alto da cidade.

A Bibliotecária: Livrarias, Arquivos, Bibliotecas.

Os Amantes: Locais românticos ou onde casais passeiam e namoram.

O Mestre: Templos, locais sagrados e solos santos.

A Mídia: Bancas de Jornal, Agências de publicidade, Redações, sedes de grandes editoras, rádios e emissoras.

O Mensageiro: Clínicas de Psicologia, também  Agências de Correios, postos telefônicos, pontos de wi-fi gratuito.

O Monge: Mosteiros, Retiros, Locais Silenciosos e Tranquilos.

A Lua: Departamentos de investigação pública e privada, Laboratórios de Análises Clínicas.

A Mãe: Maternidades, Clínicas de Fertilização, Berçários e Escolas de Educação Infantil

O Opositor: Centros representativos da opressão local (ex. sede do parti

O Planeta: Árvores, de preferências enormes e centenárias. Também planetários e observatórios astronômicos.

O Protetor: Guaritas, Vigias, Bancos, Sedes de segurança patrimonial.

A Protestadora: Locais onde costumam ocorrer manifestações públicas. De preferência durante elas.

O Abre-Caminhos: Saídas de Emergência, Estradas, Avenidas, Rod

O Santo: Quadros e murais de avisos populares e associação de bairro.

A Vidente: Postes telefônicos e locais próximos a câmeras de  vigilância.

O Sol: Locais com muito céu aberto (ex. praias, parques grandes, represas) onde as pessoas tomam sol.

O Pensador: Universidades, faculdades e centros de pesquisa.

A Bruxa: Círculos de pedras, Linhas Ley, Locais místicos, folclóricos ou com fama de serem assombrados.

Tamosauskas

Postagem original feita no https://mortesubita.net/magia-do-caos/caos-nas-ruas-com-os-40-servidores/