Chisaku

Robson Belli

Chisaku é um dos 63 germes assustadores escritos em Harikikigaki , um livro de conhecimento médico escrito em 1568 por um morador desconhecido de Osaka. Aparece no estômago após uma doença grave.

Pode ser controlado aplicando shukusha.

 No Harikigaki

O Museu Nacional de Kyushu, no Japão, possui uma cópia do Harikikigaki – um texto médico do século 16 de autoria desconhecida que afirmava que as doenças eram causadas por pequenos insetos que rastejavam para dentro do corpo. O Harikikigaki aconselha o uso de acupuntura e ervas para lidar com os germes.

A crença

Bem na Era Moderna (final do século 19), os japoneses acreditavam que a doença era transmitida por kami malignos chamados yakubyogami. A princípio, pensava-se que esses deuses tomavam forma humana, mas depois, influenciados pelo pensamento em textos da China , algumas pessoas passaram a pensar neles como pequenas criaturas pequenas o suficiente para entrar no corpo. O Harikikigaki, escrito em 1568, é principalmente sobre acupuntura, no entanto, este texto raro inclui 63 representações coloridas dos vários mushi (germes) que se acredita causarem doenças.


Robson Belli, é tarólogo, praticante das artes ocultas com larga experiência em magia enochiana e salomônica, colaborador fixo do projeto Morte Súbita, cohost do Bate-Papo Mayhem e autor de diversos livros sobre ocultismo prático.

 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/chisaku/

A influência da bruxaria européia na Umbanda

A bruxaria européia entrou no Brasil via Portugal. Escreve Luís da Câmara Cascudo, em Meleagro (Rio 1951) p. 179: “A presença do feiticeiro, da feiticeira especialmente, é um documento histórico, uma constante etnográfica desde as manhãs do Brasil colonial. As denunciações e confissões prestadas ao Santo Ofício em Baía, 1591-1593, e Pernambuco, Paraíba, 1593- 1595, evidenciam a fauna prestigiosa da bruxaria européia, em funcionamento normal e regular”. E cita uma porção de portuguêsas, divulgadoras dos processos da magia tradicional. “Ao findar do séc. XVI o brasileiro estava com todos os elementos disponíveis do espírito para ser um fiel consulente do candomblé, muamba, macumba, canjerê e xangô. Os volumes que registaram as confissões e denúncias em Baía, Pernambuco e Paraíba evidenciam que a credulidade popular contemporânea tem raízes fundas na terra em que a raça se formou” (p. 181).

Nas Denunciações de Pernambuco (1593-1595), segundo publicação feita por Rodolpho Garcia (São Paulo 1929), damos com as seguintes feiticeiras e bruxas: Ana Jácome, acusada de ter embruxado uma menina recém-nascida de seis dias (pp. 24 s.); Lianor Martins, a Salteadeira, que, como se dizia, tinha um familiar, uma medrácu1a, um buço de lobo, uma carta de Santo Erasmo, semente do feito colhida na noite de São João com um clérigo revestido e com esse arsenal mágico pod1a fazer com que os homens quisessem bem às mulheres e vice-versa, com que os maridos não vissem o que as mulheres faziam e outras coisas semelhantes (pp. 108-109); Felícia Toulrinha, presa na cadeia pública por amancebada com um homem casado, tomou um chapim, pregou-lhe no meio uma tesoura e, com os dedos indicadores colocados abaixo dos anéis, levantou para o ar o chapim e de1xou-o cair, invocando o diabo guedelhudo, o diabo orelhudo, o diabo felpudo, para que lhe dissessem se certo homem ia por onde tinha dito que havia de ir (p. 187). -Mas não conseguimos ver, nas Atas publicadas das “Denunciações”, nenhum processo que lidasse diretamente com alguma bruxa “profissional”. Nos outros processos, porém, ocorrem freqüentemente casos de supostas feitiçarias, encantamentos e envultamentos. Era sem dúvida bem difundida a superstição e a credulidade no ambiente de origem européia do nosso século XVI.

Ora, a bruxaria européia, a “tradicional”, dispõe de literatura própria, que encontra sua expressão mais fiel no famoso Livro de São Cipriano. Ao lado dele há outros, do mesmo tipo, como: As Verdadeiras Clavículas de Salomão, Enquiridião do Papa Leão, Grimório do Papa Honório, O Dragão Vermelho, Os Maravilhosos Segredos do Grande e Pequeno A/berto, O Livro Completo das Bruxas, O Livro do Feiticeiro, Cruz de Caravaca, etc. Tudo traduzido para o português e exposto nas livrarias do Brasil. Estão sempre entre a literatura umbandista ou “espiritualista” (sic). Inclusive livrarias espíritas mais sérias e “ortodoxas”, como a LAKE de São Paulo, expõem e propagam a literatura que poderíamos qualificar como “sãociprianista”.

E a coisa não é de hoje. Em 1904 o conhecido jornalista João do Rio (Paulo Barreto) constatou que o Livro de São Cipriano era, já então, o vademecum dos feiticeiros cariocas. Assim lemos em As Religiões do Rio (edição de 1951), p. 40: “Mas o que não sabem os que sustentam os feiticeiros, é que a base, o fundo de toda a sua ciência é o Livro de S. Cipriano. Os maiores alufás, os mais complicados pais-de-santo, têm escondida entre os tiras e a bicharada uma edição nada fantástica do S. Cipriano. Enquanto criaturas chorosas esperam os quebrantos e as misturas fatais, os negros soletram o S. Cipriano, à luz dos candeeiros…”.
Há diferentes edições do S. Cipriano. Temos várias na nossa coleção: “O Grande e Verdadeiro Livro de São Cipriano”, “O Antigo e Verdadeiro Livro de São Cipriano” e “O Único Verdadeiro Livro de São Cipriano”. Haverá outros, “mais autênticos”. Abrimos o “Antigo e Verdadeiro” (“única edição completa conforme antigo original”). Tem 411 páginas. Apresenta o material em quatro partes distintas: I. Tesouros do Feiticeiro; II. Verdadeiro Tesouro da Mágica; III. Enguerimanços de S. Cipriano ou Prodígios do Diabo; IV. Oráculo dos Segredos. Na primeira parte, além de esconjuros e orações supersticiosas misturadas com orações católicas, há dois tratados de cartomancia e um de astrologia. Nas outras partes há numerosas receitas para fazer amuletos e talismãs, inclusive uma para fazer pacto com o demônio. Fantasiam-se modos para fazer o mal, para obrigar o marido a ser, fiel, para forçar as mulheres a dizer tudo o que tencionam fazer, para ser feliz nos negócios, para fazer-se amar pelas mulheres, para obrigar a amar contra a vontade, para fazer casamentos, para ganhar no jogo, para apressar casamento, para ligar namorados, para obrigar as almas a fazer o que se deseja, para aquecer as mulheres frias, para saber se a pessoa ausente é fiel, para fazer ouro puro, etc.

O Enquiridião do Papa Leão é apresentado como obra escrita pelo Pa.pa Leão III a Carlos Magno. São 174 páginas com orações supersticiosas, contra toda sorte de encantos, malefícios, feitiçarias, sortilégios, visões, obstáculos, malefícios de casamentos, etc. Apresenta também sinais cabalísticos com forças misteriosas contra o demônio e as adversidades. Muitas vêzes o texto é totalmente ininteligível, como, por exemplo, este da p. 89: “Adonay, Jod, Magister, dicit Jo. Oh bom Jesus, exorcisa-me! Manuel, Sathor, Jessé, adorável Tetragrammaton. Heli, Heli, Heli, Laebé Hey Hámy, este é meu corpo Tetragrammaton…”.

Já o Grimórios do Papa Honório (“Os misteriosos segredos ocultos do Papa Honório”), traduzido do francês, é um produto da mais consumada malícia. Tudo é apresentado piedosamente sob forma de uma Constituição Apostólica de Honório III. Entre blasfemas invocações do Santo Nome de Deus, da Santíssima Trindade, de Jesus, da Eucaristia, entre numerosas prescrições de Pai-Nossos, Ave-Marias, jejuns e santas missas, apresentam-se fórmulas de conjurações de demônios, espíritos e divindades. Há encantos, feitiços e magias para ver os espíritos dos quais o ar está cheio, para atrair uma moça por mais esperta que seja, para ganhar no jogo, para tornar-se invisível, para possuir ouro e prata, para ter o corpo fechado contra todos os tipos de armas, para fazer vir uma pessoa, para fazer uma moça dançar nua, para tirar o sono de alguém, para gozar e possuir a mulher a quem se deseja (é o “segredo do Padre Girard”!), para romper e destruir todos os malefícios, para aprisionar cavalos, equipagem e extraviar uma pessoa, para ajudar lebres nos partos difíceis e contra uma porção de doenças. Para calcular a maldade com que são misturadas as coisas mais sujas com as mais santas, veja-se a receita indicada na p. 90, “para fazer uma moça dançar nua”: é preciso escrever o nome da moça num pergaminho novo com uma pena molhada no sangue de um morcego e colocá-la debaixo da laje de um altar “a fim de que uma Missa seja rezada em cima”… E tudo isso numa Constituição Apostólica do Papa Honório III…

As Verdadeiras Clavículas de Salomão (“ou o Tesouro das Ciências Ocultas… acompanhadas de um grande número de segredos”), como também O Dragão Vermelho, outra forma das “Clavículas”, pretendem ensinar o modo como fazer pactos com os demônios. Descrevem o modo de “consagrar” os objetos necessários para o “trabalho” (faca, lancêta, defumadores, tinta, penas, sal), como sacrificar os animais (cabrito e galo preto), etc. Dão uma lista enorme de demônios, com nomes e especialidades, fazendo recordar a lista dos Exus da Umbanda. Há também os mais variados sinais (desenhos) cabalísticos, capazes de atrair o respectivo espírito, exatamente como os “pontos riscados” dos umbandistas.

Cheio de perversidades está O Livro Completo das Bruxas, “o único verdadeiro, completo e de acordo com os manuscritos existentes nos museus de Londres, Cairo e Louvre, bem como de diversos países do Oriente”. Sabe o A., exatamente, que os habitantes do Inferno estão divididos em 6.666 legiões, contendo cada uma 6.666 elementos, o que dá um total de 44.435.556. E que cada diabo vive aproximadamente 680.400 anos.

Bem no início da obra temos também os mandamentos da bruxa: 1) Renegar a Deus; 2) blasfemar continuamente; 3) adorar ao diabo; 4) esforçar-se por não ter filhos; 5) jurar em nome do diabo; 6) alimentar-se de carnes; 7) imaginar que pratica o ato sexual com o diabo, todas as noites; 8) trazer consigo a imagem do diabo; 9) lavar o rosto e pentear-se de 4 em 4 dias; 10) tornar banho cada 42.º dia; 11) mudar de roupa cada 57.º dia; 12) Se for homem, barbear-se cada 91.º dia; 13) não cortar nem polir as unhas… Também deverá comer quatro dentes de alho, sem tempero nenhum, em cada refeição, de quatro em quatro horas.

Entre cruzes, Pai-Nossos e Ave-Marias, invocações de Lúcifer e Satanás, conjurações e esconjuras, aparecem mil formas e fórmulas para praticar o mal e enfeitiçar meio mundo, num ambiente de meia-noite, sexta-feira, lua minguante e encruzilhadas, recorrendo a gatas pretas, galos pretos, galinhas pretas, bodes pretos, sapos pretos, ouriços pretos, corujas pretas, olhos de cães pretos, ovos de galinhas pretas, miolo de burro, corações de pombas pretas, sangue de rã, rim de lebre, pernas esquerdas de galinhas pretas, fígados de rouxinol; com o auxílio de panos pretos, seda vermelha, azeite, farofa, moedas, urinas, suores, ervas, raízes, flores, pedras de cevar, filtros de amor, cavalos marinhos, estrelas do mar, figas de Guiné, de arruda e de azeviche… É o bazar barato e constante da feitiçaria universal, sempre preocupada com questões de saúde, problemas de fortuna e os mistérios do amor.

Continua, assim, abundante a literatura da bruxaria européia: Lá está o Breviário de Nostradamus, outro Livro da Bruxa, o Tratado de Magia Oculta, o Livro dos Sonhos, o Livro do Feiticeiro e mais obras de Astrologia, Cartomancia e Quiromancia, sem esquecer os livros de Papus, Eliphas Levi, do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, das Sociedades Teosóficas, dos Rosacruzes, de Allan Kardec.

Eis as causas remotas da Umbanda. O movimento umbandista ainda está na fase de formação e elaboração. Mas é nestes elementos de origem africana, ameríndia e européia que os dirigentes da Umbanda encontram sua principal fonte. Há, certamente, também o aspecto cristão ou católico, e com ele ainda nos ocuparemos. É, porém, mais um elemento para a superfície, de decoração ou de fachada. O cerne da Umbanda não é cristão: é profunda e visceralmente contrário à autêntica vida cristã. A idolatria e as superstições do paganismo constituem a verdadeira essência do Espiritismo Umbandista. Quem conhece a vida e as práticas dos nossos terreiros ou tendas, reconhecerá imediatamente as várias causas que acabamos de lembrar.

Fonte:

KLOPPENBURG, Boaventura. A Umbanda no Brasil: Orientação para os católicos. Petrópolis, Vozes, 1961, p 37-41.

Boaventura Kloppenburg

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/a-influencia-da-bruxaria-europeia-na-umbanda/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/a-influencia-da-bruxaria-europeia-na-umbanda/

A Grande Fraternidade Branca

Em termos de Sociedade Secreta não há registro de nada mais antigo nem mais secreto-secretíssimo do que a Grande Fraternidade Branca ─ ou Grande Loja Branca: seus integrantes, afinal, são invisíveis e atemporais. Dela se diz que sua regência sobre a evolução das criaturas humanas terrenas remonta à Terceira Raça Raiz ─ ou seja, a Fraternidade Branca atua neste globo desde as extintas civilizações Lemuriana [a Terceira] passando pela civilização Atlante e chegando à atual, a civilização do auto-denominado homo sapiens, Quinta Raça Raça Humana, ponto extremo inferior da curva evolutiva.

18 milhões de anos! Considerando tal longevidade e analisando a cronologia dos Brâmanes [veja box abaixo] conforme da Doutrina Secreta, essa Grande Fraternidade Branca deve estar atuando nos destinos humanos há pelo menos 18 milhões de anos! quando, segundo os teósofos,  a Humanidade atual, a Quinta Raça Humana, começou a se manifestar.

Cronologia dos Brâmanes

Idade deste Sistema Planetário-Solar [em 2009]
Idade do Surgimento da Primeira Raça Humana [etérea]
Idade da Humanidade Atual ─ Quinta Raça Humana
Duração do Kali-Yuga, Era atual
Tempo de KaliYuga já transcorrido [em 2009]

1 bilhão 995 milhões 884 mil 809 anos
1 bilhão 644 milhões 501 mil 109 anos
18 milhões 618 mil 728 anos
432 mil anos
5 mil 111 anos

Fonte: BLAVATSKY, 2001

Para muitas Sociedades Secretas, a Grande Fraternidade Branca é uma espécie de modelo hierárquico, doutrinário e ideológico invisível. Muitas dessas sociedades, mais ou menos antigas, reivindicam o posto de representantes fiéis dos Mestres Espirituais neste mundo material:

Segundo abalizados autores, a Loja Branca é uma poderosa Fraternidade ou Hierarquia de Adeptos cujas colunas mestras são o Amor e a Sabedoria [estrutura da qual] uma Loja maçônica é uma miniatura simbólica. …Essa Fraternidade vela pela humanidade e através dos séculos vem guiando sua evolução e governando internamente [secretamente] os negócios do nosso globo. [FIGUEIREDO, 1899 ─ p 225]

Durante os séculos XVIII, XIX, XX e mesmo hoje, no século XXI, quando o interesse nas tradições ocultistas era [e ainda é] tão intenso quanto o entusiasmo pela ciência objetiva, Teósofos e outros esotéricos revelaram a Grande Loja Branca como um Colégio, um Conselho de Mestres responsáveis pela preservação da Sabedoria e pela orientação da evolução da Humanidade deste planeta. De acordo com essa revelação, os Mestres da Grande Loja Branca são os verdadeiros governantes deste mundo; são guias dos Homens ao longo do processo de desenvolvimento espiritual.

Estudos e ensaios teosóficos descrevem com detalhes a organização interna dessa Fraternidade transcendental. Seu líder e considerado o Senhor do Mundochama-se Sanat Kumara. Na hierarquia da Fraternidade, o segundo mestre é Gautama [príncipe Sidarta Gautama, o Buddha Sakyamuni ─  [vida terrena situada entre 563-483 a.C.] ─ o Buda da Raça Humana atual, [a Quinta]. A estes Mestres seguem-se muitos outros, menos graduados, entre manus, bodhisatvas [corpos de Sabedoria], Cohans, Maha-cohans, mestres de Raios!  e toda uma corte de seres supra-humanos, metafísicos e sobretudo, ocultos, inacessíveis aos sentidos e meios físicos, misteriosos.

Quanto à fonte de Todo esse conhecimento, sobre esta suposta Irmandade que interage com o mundo humano-terreno a partir de uma outra dimensão existencial, essas informações foram obtidas, segundo os ocultistas informantes, por meio da paranormal faculdade da clarividência [portanto é um conhecimento que pertence á categoria Acredite se quiser] ─ [GREER, 2003 ─ p 209]. Todavia, não é bem assim; o fato é que a Grande Fraternidade Branca é uma idéia que tem um precursor histórico.

Origem da Idéia

A idéia de uma organização secreta de místicos iluminados, guias do desenvolvimento espiritual da raça humana, foi apresentada pela primeira vez no século XVIII [anos 1700] por Karl von Ekartshausen [1752-1803], escritor, filósofo, místico alemão, no livro The Cloud Upon the Sanctuary [A Nuvem Sobre o Santuário] publicado depois da morte do autor, em 1802.

Na concepção de Ekartshausen estes místicos, que formam um Conselho da Luz, eram [ou são] Espíritos que permanecem ativos em relação à Terra mesmo depois depois da morte física neste planeta. O autor propõe, então, que se promova uma comunhão entre vivos e mortos, unindo a idéia cristã da Comunhão dos Santos com as Sociedades Secretas Ocultistas, místicas ou mágicas, como os Rosa-cruzes e os Illuminatti.

Durante o século XIX ocultistas de diferentes linhas de pensamento se encarregaram de enriquecer, alimentar e difundir a crença nessa Irmandade. Entre esses difusores, destacam-se: os Teósofos, como Alfred Percy Sinnet [1840-1921, autor de Mahatma Letters, ou cartas de Mahatmas, mestres espirituais], Helena Petrovna Blavatsky [1831-1891], C. W. Leadbeater [1854-1934], Alice Bailey [1880-1949], Helena Roerich [1879-1955]; Guy Balard, [1878-1939], pseudônimo de Godfré Ray King, fundador do movimento Eu Sou, transmissor na Terra dos ensinamentos transcendentais do Conde de Saint-Germain, personagem misterioso do ocultismo ocidental, um dos Iluminados da Fraternidade Branca ou, como também são chamados esses mestres invisíveis, um mestre ascencionado [CABUS, 2008].

Os teósofos foram um dos primeiros a atribuir sua doutrina, seus ensinamentos a esse Colegiado de Adeptos. Em Isis Unveiled [Isis Sem Véu] H.P. Blavatsky refere-se a estes Guias como Mestres da Irmandade Oculta ou Mahâtmas [Grande Espírito] e afirma que não somente encontrou pessoalmente esses Adeptos com também, durante toda a sua vida, manteve com eles comunicações regulares através de poderes telepáticos, incorporações, como os mediuns espíritas fazem com espíritos desencarnados ou, ainda, por deslocamentos do corpo astral.

A expressão Grande Irmandade Branca [white brotherhood] começou a ser usada depois da publicação de The Masters and The Path [Os Mestres e O Caminho] de C. W. Leadbeater, 1925. Desde então o título Grande Irmandade Branca tornou-se o preferido nas referências a essa comunidade de Adeptos Iluminados.

Os ocultistas ocidentais também costumem se referir à Irmandade com Grande Loja Branca, denominação que parece indicar que esses ocultistas idealizam esse Colégio de Sábios, como uma sociedade hierárquica, com estrutura semelhante às sociedades secretas iniciáticas terrenas.

Inúmeras Sociedades ocultistas reclamam para si a condição de verdadeiras representantes da Grande e invisível Irmandade Branca. Até Aleister Crowley [1875-1947], com sua fama auto-proclamada de perversa besta, chegou a insinuar que sua Astrum Argentum era diretamente ligada aos bondosos Mestres Ascensos.

Mestres Ascensos e Doutrina do EU SOU

Em 1934, Guy Ballard [1878-1939], um engenheiro norte-americano, que alegava ter tido uma revelação em 1930, no Mt. Shasta ─ Califórnia, publicou Unveiled Mysteries onde refere-se à Irmandade Branca como um Conselho ou Colegiado de Mestres Ascensos.

Ballard afirma que esteve frente a frente com o lendário Conde de Saint-Germain. O Conde seria um desses Mestres Ascensos que encarnou voluntariamente na Terra em diferentes períodos da História sempre usando, ostensivamente, a mesma identidade, de Conde de Saint-Germain, intrigando gerações que envelheceram enquanto o misterioso personagem permanecia jovem.

Mestre Saint-Germain transmitiu a Ballard os ensinamentos da Doutrina EU SOU, muito difundida através de um livrinho precioso chamado O Livro de Ouro de Saint-Germain. Precioso porque, com certeza, a pequena obra é origem e fundamento de praticamente todas as técnicas de auto-ajuda, em cujo cerne repousa a velha e boa reprogramação comportamental com base na neuro-lingüística, tão em moda nas últimas cinco décadas [desde os anos de 1960, no mínimo ─ CABUS, 2008].

Sincretismo & Mestres Ascensos

Depois de tantas revelações e tantos reveladores, a Grande Fraternidade Branca chegou à segunda metade do século XX [a partir dos anos de 1950] envolta em doutrinas sincréticas, que misturavam ensinamentos de várias vertentes místico-religiosas: cristianismo esotérico, gnose, teosofia, budismo e doutrinas outras entre exóticas e fantasiosas. Essas Irmandades terrenas que se dizem representantes da verdadeira White Brotherhood proliferam em todo o mundo adotando diferentes denominações.

O conceito do Colegiado de Mestres Ascensos enfatizado por Guy Ballard obteve enorme aceitação entre esotéricos da Nova Era [New Age] resultando na formação de numerosas irmandades, fraternidades, sociedades, muitas delas fazendo absoluta questão de serem legítimos rosa-cruzes, outras, proclamando-se profetas contemporâneos guiados pelos Ascencionados.

O elenco ou lista desses Ascencionados, não é um consenso e cada organização tem lá suas preferências embora alguns personagens de elite, conhecidos do grande público, sejam comuns a todas elas: Jesus, Maria mãe de Jesus, Buda Sakyamuni, qchamam familiarmente Gautama quando o próprio Buda Sakyamuni renunciou ao seu nome de família nobre e, mais recentemente, até o desencarnado papa João Paulo II foi admitido na equipe dos Mestres Ascencionados!

Oh! Raios!

Outros destacados Mestres Ascensos, mais ou menos famosos, fazem são nomeados e até suas imagens, desenhadas, aparecem em suas fichas. São alguns deles:  El Morya, Hilarion, classificados como cohans ou seja, Mestres do Raio: Kuthumi [que foi popularizado pela Teosofia], Mestra Nada [que tem sido identificada com Maria de Nazaré], Maytreya, Palas Atena [aquela mesma, da mitologia grega] entre outros menos famosos.

O Raio, na verdade, ao menos sete deles, são emanações energéticas diferentes, cada uma sob o domínio de um Mestre do Raio. Esses raios têm uma cor terapêutica própria e comunicam aos que os recebem ou invocam diferentes virtudes. Esses mestres atuam sob a liderança de um superior, o Maha-Cohan.

O cargo não é eterno e, no momento, segundo os teóricos da Summit Lighthouse, [Cúpula da Casa da Luz], uma das incontáveis organizações que se apresentam como verdadeiros representantes da White Brotherhood, o lugar é ocupado por um conhecido personagem histórico: Aquele que atualmente ocupa o cargo de Maha-Chohan esteve encarnado como o poeta cego Homero! ─ cujos poemas épicos, a Ilíada e a Odisséia, incluem sua chama gêmea, Palas Atena!, como personagem central. A Summit Lighthouse define a Irmandade:

A Grande Fraternidade Branca é uma ordem espiritual de santos do Ocidente e de adeptos do Oriente, que se reuniram ao Espírito do Deus vivente, e da qual fazem parte as hostes celestiais. Eles transcenderam os ciclos de carma e renascimento e ascenderam para essa realidade superior, que é a eterna morada da alma… A palavra “branca” não se refere à raça, mas à aura de luz branca que circunda esses seres. [SUMMIT LIGHT HOUSE]

Endereço! ─ Onde Fica a Sede da Grande Fraternidade Branca

Para chegar à sede da Grande Fraternidade Branca é necessário: 1. ou morrer em santidade; 2. ou aprender a sair do corpo e visitar pessoalmente os Mestres, se os Mestres quiserem receber você. Isso porque, como já foi esclarecido, a Grande Fraternidade Branca é invisível e sua sede está situada em um não-lugar terreno; em um plano outro de existência [outro plano ontológico, de Ser], em outra dimensão, em alguma dobra das curvas do Universo.

Todavia, essa mansão sem endereço topográfico tem sua localização etérica que, eventualmente, tem seus pontos de referência geográficos. Mas não há consenso entre os ocultistas: para alguns, a morada dos Mestres fica em uma dimensão transcendental situada no Deserto de Gobi.

O Deserto de Gobi, que ocupa territórios da Mongólia e da China, em tempos arcaicos, teria sido um mar e a cidade dos Ascensos ficava às margens deste mar. O mar foi engolido pelas convulsões geológicas do planeta porém, no mesmo lugar, existiria, ainda, a ilha sagrada dos Mestres, que os sentidos meramente físicos dos humanos não podem perceber. Diz a lenda que o local permanece oculto graças aos poderes sobrenaturais de seus habitantes; e protegido pela vigilância de seres encantados.

Outra possível localização dessa Morada dos Mestres seriam os subterrâneos da cordilheira dos Himalaias, entre o Tibete e o Nepal. Nesse caso, não é uma cidade invisível; antes, é uma sede oculta. Uma terceira hipótese, supõe que os Iluminados estão onde sempre estiveram desde o início dos tempos: no único ponto imutável do planeta [segundo os teósofos], o Pólo Norte, na região diretamente alinhada com a estrela chamada Ursa Polar. Ali habitariam seres remanescentes da Primeira Raça Humana, os Sombras, os Arûpa, os Sem-Corpos [materiais densos]; e também os sábios de todas as outras quatros Raças que vieram depois. Entre estes, destacam-se os magos brancos da Atlântida.

Finalmente, existe a versão dos Mestres Invisíveis que vivem não nos subterrâneos mais superficiais, mas nas entranhas do mundo, em uma cidade mítica sobre a qual há controvérsias. A idéia mais aceita implica na admissão não de um, mas de dois Colegiados de seres superiores e rivais. Os mestres da mão direita, magos brancos, teriam se instalado no reino de Agharta, ao norte, no interior deste planeta. Estes trabalham pela evolução da Humanidade.

Os mestres da mão esquerda, magos negros, seriam os fundadores moradores de Shambala, que ou são indiferentes ao destino dos Homens ou não se importam em, eventualmente, promover a desgraça desta Quinta Raça Humana. Nesta hipótese, tanto os Magos brancos quanto negros seriam os últimos descendentes/sobreviventes da civilização Atlante e, somente escaparam das enchentes e terremotos porque souberam previamente da iminência da tragédia graças aos seus poderes de clarividência.

Fraternidade Branca: O que Dizem os Místicos

Muitos ocultistas escreveram sobre essas Entidades, Seres, Mestres que governam o mundo por meios insidiosos e agentes secretos, pelo bem ou pelo mal da Humanidade. Eis alguns comentários e revelações sobre aquela que deve ser a mais antiga das Sociedades Secretas da História desta e de todas as Humanidades que já existiram na Terra:

H. P. Blavatsky [1831-1891] ─  Quando a Quinta Raça [atual] estava ainda em sua infância, o Dilúvio alcançou a Quarta Raça, Atlante [que eram gigantes comparados ao homo sapiens]… Somente [um] punhado de eleitos, cujos instrutores divinos tinham ido habitar a Ilha Sagrada [no deserto de Gobi] – de onde virá o último Salvador – impediu que metade da Humanidade se convertesse em exterminadora da outra metade. …Os Adeptos e Sábios moram em habitações subterrâneas, geralmente sob construções piramidais existentes nos quatro cantos do mundo. …Os Senhores da Sabedoria trouxeram frutas, grãos de outras esferas, para benefício da Raça que eles governavam. O primeiro uso do fogo, a domesticação de animais, o plantio dos cereais e das ervas foram conhecimentos transmitidos pela Hoste Santa. [BLAVATSKY, 1899]

O Colégio dos Sábios Segundo Gurdjieff [1860/1872?-1949] ─ Setenta gerações antes do último dilúvio [e cada geração valia por cem anos]… no tempo em que o mar estava onde hoje está a terra e a terra, onde hoje está o mar – existia uma grande civilização, cujo centro era a ilha Hannin. Os únicos sobreviventes desse dilúvio [o dilúvio ao qual o autor se refere é o que aparece no relato sumério-mesopotâmica de Gilgamesh] tinham sido alguns membros de uma confraria [irmandade] denominada Imastun que representava, por si só, toda uma casta.

Esses Irmãos Imastun estavam, antigamente, espalhados por toda a Terra, mas o centro de sua confraria permanecia nessa ilha. Esses homens eram sábios. Estudavam, entre outras coisas, a astrologia e foi para poder observar os fenômenos celestes sob ângulos diferentes que, pouco antes do dilúvio tinham se dispersado por todo o globo. Mas qualquer que fosse a distância, às vezes considerável, que os separasse, permaneciam em comunicação entre si, bem como com o centro de sua comunidade, que mantinham ao corrente de suas pesquisas por meios telepáticos. [GURDJIEFF, 2003- ─ p 44]

Peter Deunov ─  [1864-1944] Gnóstico búlgaro, mestre espiritual fundador da School of Esoteric Christianism, [chamado por seus discípulos de Master Beinsa Douno] refere-se a essa organização como Universal Brotherhood [Irmandade Universal]. Ao ser excomungado em julho de 1922, defendeu a Irmandade: Existe apenas uma Igreja no mundo mas a Universal Brotherhood está além das Igrejas, é mais que Igrejas. Mais elevado que a Universal Brotherhood, somente o reino do Céus [o Paraíso].

C. W. Leadbeater [1854-1934, teósofo] ─ Desde sempre existe uma Irmandade de Adeptos [Brotherhood of Adepts], The Great White Brotherhood [Grande Irmandade Branca]; desde sempre existiram Aqueles que sabiam, Aqueles que possuíam [essa] sabedoria secreta, e nossos Mestres estão entre os atuais representantes dessa poderosa linhagem de Profetas e Sábios. Durante incontáveis Eons Eles têm preservado O Conhecimento.

Atualmente, parte desse Conhecimento está ao alcance de qualquer um, aqui, no plano físico, [no corpo da chamada Doutrina Secreta revelada pela Teosofia]. O próprio Mestre Kuthumi disse uma vez, sorrindo, que quando alguém fala da grande mudança que o conhecimento teosófico trouxe à sua vida, Ele reflete: Sim, mas nós somente levantamos uma pequena ponta do véu [LEADBEATER, 1925].

A Grande Fraternidade Branca é uma organização diferente de qualquer outra no mundo. Alguns a descrevem, ou imaginam, como uma irmandade Himalaica ou tibetana que reúne ascéticos indianos em algum tipo de monastério situado em algum ponto inacessível de uma montanha. [Mas não é assim, os Irmãos pertencem, muitas vezes, a outras esferas, outros globos; outros são desencarnados terrenos e não habitam, necessariamente, um lugar físico]. Esse Grandes Espíritos pertencem a duas categorias: aqueles que mantêm um corpo físico e os que não mantêm. Esses últimos são chamados Nirmanakayas. Os Nirmanakayas mantêm a si mesmos em um estado de ser intermediário entre o mundo-terreno e o Nirvana. Dedicam todo o seu tempo e energia para a geração de força espiritual benéfica para Humanidade [LEADBEATER, 1996]

Koot’ Hoomi Lal Sing [1880, mestre ascenso] ─ A verdade sobre nossas Lojas e sobre nós mesmos… os Irmãos, sobre os quais todos ouvem falar e poucos vêem, são entidades reais, e não ficções criadas como alucinações por um cérebro em desordem. [Apud SINNETT, 1926]

Trevor Barker [teósofo] ─ Entre os estudiosos da Teosofia e Ocultismo é bem conhecido o fato de que a doutrina e a ética apresentadas ao mundo pela Sociedade Teosófica, durante os 16 anos depois de de sua fundação, em 1875, são conhecimentos ministrados por Mestres do Oriente pertencentes a uma Irmandade Oculta que vive no Trans-Himalaia Tibetano. Blavatsky, que tinha esses sábios como mestres, afirmava não somente a existência da Irmandade, mas dizia que, durante sua estada no Tibete, tinha recebido pessoalmente, destes mestres, treinamento, ensinamentos e instruções [BARKER, 1926]

Wouter J. Hanegraaff[Grande Fraternidade Branca & Jesus] ─ Segundo o clarividente Edgar Cayce [1877-1945], os Essênios foram representantes da Grande Fraternidade Branca, ativos na Palestina no tempo de Jesus. Seu principal centro não era em Quram, mas no Monte Carmelo, lugar associado ao profeta Elias, outro iniciado, membro da Fraternidade. …Antes do nascimento de Jesus, os essênios souberam e prepararam seu advento. Chamavam-no o Velho Irmão. Acreditava-se que Ele foi o primeiro ser humano a completar o desenvolvimento espiritual. Aquele mesmo Jesus que viria como Messias tinha vivido muitas vidas neste planeta: Adão, Enoch, Melchizedek, José do Egito.

Preparando a chegada ou encarnação do mestre, os essênios selecionaram várias jovens; uma delas seria a mãe do Messias. Essas candidatas a Mãe do Salvador eram educadas no Monte Carmelo. Maria foi escolhida por um anjo. No episódio da Fuga Para o Egitoos essênios providenciaram que a Sagrada Família chegasse ao seu destino em segurança. Ao longo de toda sua vida até o momento em que começou seu ministério público, Jesus foi treinado por mestres da Grande Fraternidade Branca. Depois dos sete anos passados no Egito, o menino foi levado à Índia, onde ficou por três anos; depois, Pérsia voltando à Judéia na ocasião da morte de seu tutor terreno, José. [HANEGRAAFF, 1996]

George D. Chryssides─ A Grande Fraternidade Branca é um grupo de seres espirituais que vivem, existem em um espaço paralelo ao mundo físico humano. Essa Fraternidade é liderada por um Senhor do Mundo que preside uma hierarquia de mestres que inclui o Buda Sakyamuni, o mestre Maiterya, o mestre Morya e Mestre Koot Hoomi. Alguns desses mestres são pessoas desencarnadas, outros, pertencem a uma mitologia religiosa e alguns não se encaixam em nenhuma dessas categorias.

A Fraternidade abriga, ainda, históricas personalidades religiosas, ocultistas e filosóficas:

  • o patriarca Abraão
  • o rei Salomão
  • Confúcio [551-479 a.C.]
  • Lao Tzu [filósofo e alquimista chinês,autor do Tao Te Ching]
  • Platão [428-347 a.C., grego], Jacob Boehme [1575-1624, filósofo e místico alemão]
  • Roger Bacon [1214-1294, inglês]
  • Francis Bacon []1561-1626, inglês]
  • Cagliostro [1743-1795 Alexandro, conde de Cagliostro, ocultista, alquimista, maçom]
  • e até Franz Anton Mesmer [1734-1815, alemão], o famoso médico e hipnotizador. [CHRYSSIDES, 2001]

Glossário Mínimo da Grande Fraternidade Branca

Fonte: BLAVATSKY, H. P.. Glossário Teosófico. [Trad. Silvia Branco Sarzana] ─ São Paulo: Pensamento, 1995.

Adepto  ─ latim. Adeptus  ─  aquele que obteve. Em Ocultismo, aquele que pelo desenvolvimento espiritual alcançou o grau de Iniciação ou seja, alcançou conhecimentos e poderes transcendentais e chegou à condição de Mestre esotérico [dos segredos] [BLAVASTKY, 1995].

Cohan ─ Na Doutrina Secreta a tradução é Senhor. Na literatura teosófica atual é o mesmo que Dhyân-Cohan ou seja, Luzes Celestiais, Arcanjos.[BLAVASTKY, 2001]

Dhyânis ─ sânscrito. Anjos ou espíritos angélicos. Nome genérico aplicado a alguns Seres espirituais ordenados [hierarquizados] ─  [HOUDT Apud BLAVASTKY, 1995]

Doutrina Secreta ─ [Gupta Vidyâ ─ ciência oculta ou esotérica] denominação usada para designar os ensinamentos secretos da Antiguidade. [BLAVASTKY, 1995]

Gnôsis [do grego] ─  Gnose. Conhecimento. Termo empregado pelas escolas de filosofia religiosa, antes e durante os primeiros séculos do Cristianismo a Gupta Vidyâ [veja acima], o conhecimento supremo ou divino através do  estudo e prática das ciências ocultas ou esotéricas a fim de alcançar a posição de Iniciado nos Mistérios Espirituais [realidade metafísica, BLAVASTKY, 1995]

Gnósticos ─ Filósofos que formularam e ensinaram a Gnôsis. Viveram nos três primeiros séculos da Era Cristã. entre estes precursore, destacam-se: Valentino, Basilides, Marcion, Simão, o Mago ─ entre outros.

Loja ─ etimologicamente, do sânscrito loka, mundo, lugar próprio, podendo se referir a um templo, um prédio, uma casa, este mundo, outros mundos ou o Universo. [BLAVASTKY, 1995]

Maha-Cohan ─ sânscrito. Chefe de uma hierarquia espiritual ou de uma escola de ocultismo; o chefe dos místicos da região situada além do Himalaia. [BLAVASTKY, 1995]

Mahâtma ou Mahâtman ─ sânscrito. Em pali, Arhats ou Rahats. Adepto de ordem mais elevada. Sres que, tendo obtido o domínio de seus princípios inferiores [físicos orgânicos-astrais] vivem livres das limitações do homem carnal. Possuem conhecimento e poderes [faculdades, habilidades, sentidos, percepção] que o homem comum considera sobrenaturais mas que decorrem de evolução espiritual.

Também são chamados Sidhas, na condição de seres perfeitos que, por sua poderosa inteligência e santidade chegaram a uma condição semi-divina; ou, ainda, Jivan-muktas, almas libertadas; mas concedem em se ligar a corpos mais ou menos físicos sempre que necessário em sua missão de auxílio ao progresso da Humanidade.Como primeiros espíritos que um dia encarnaram em Humanidades arcanas, ao longo de Eons! alcançaram a consciência atmica [de Atman, o Todo incognoscível, consciência divina] ou nirvânica; completaram o ciclo de evolução como humanos. [BLAVASTKY, 1995]

Páli ─ Língua arcaica que precedeu o sânscrito mais refinado. As escrituras budistas mais antigas são todas escritas nessa língua. [BLAVASTKY, 1995]

texto, organização & pesquisa: Ligia Cabus

O Ser Humano tem uma necessidade enorme de complicar as coisas e uma imaginação que não cabe no planeta.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/a-grande-fraternidade-branca/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/a-grande-fraternidade-branca/

A Doutrina das Assinaturas

A doutrina das assinaturas, que data da época de Galeno, afirma que quando ervas se assemelham uma parte do corpo, podem ser usadas pelos herbalistas para tratar doenças dessas partes do corpo. Uma justificativa teológica, como afirmado por botânicos como William Coles, era que Deus teria querido mostrar aos homens como as plantas seriam úteis.

Hoje é considerado pseudociência e levou a muitas mortes e doenças graves. Por exemplo, a erva-doce (assim chamada por causa de sua semelhança com o útero), uma vez amplamente utilizada para gestações, é cancerígena e muito prejudicial para os rins, devido ao seu teor de ácido aristolóquico. Como defesa contra a predação, muitas plantas contêm produtos químicos tóxicos, cuja ação não é imediatamente aparente ou facilmente ligada à planta, em vez de outros fatores.

Os escritos de Jakob Böhme (1575-1624) difundiram a doutrina das assinaturas. Ele sugeriu que Deus marcou objetos com um sinal, ou “assinatura”, para seu propósito. Pensava-se que plantas com partes que se assemelhavam a partes do corpo humano, animais ou outros objetos tinham relevância útil para essas partes, animais ou objetos. A “assinatura” às vezes também podia ser identificada nos ambientes ou locais específicos em que as plantas cresciam. O livro de 1621 de Jakob Böhme, The Signature of All Things, deu seu nome à doutrina. O médico-filósofo inglês Sir Thomas Browne em seu discurso The Garden of Cyrus (1658) usa o padrão Quincunx como um arquétipo da ‘doutrina das assinaturas’ que permeia o projeto de jardins e pomares, botânica e o Macrocosmo em geral.

O botânico do século XVII William Coles supôs que Deus havia feito ‘Ervas para o uso dos homens, e deu-lhes assinaturas particulares, pelas quais um homem pode ler e aprender sobre o uso delas.’ no Éden, afirmou que as nozes eram boas para curar doenças da cabeça porque, em sua opinião, “elas têm as assinaturas perfeitas da cabeça”. A respeito de Hypericum, ele escreveu: “Os pequenos buracos dos quais as folhas da erva de São João estão cheios, assemelham-se a todos os poros da pele e, portanto, é útil para todas as feridas e feridas que podem acontecer neles.”. Outros exemplos incluem:

Eyebright, usado para infecções oculares
Marchantiophyta ou Hepatica – usada para tratar o fígado
Pulmonária – usado para infecções pulmonares
Asplenium – usado para tratar o baço
Dentaria – usado para doenças dentárias

Para o espectador medieval tardio, o mundo natural era vibrante com imagens da Divindade: ‘como acima, assim abaixo’, um princípio hermético expresso como a relação entre macrocosmo e microcosmo; o princípio é tornado sicut in terra. Michel Foucault expressou o uso mais amplo da doutrina das assinaturas, que tornou a alegoria mais real e mais convincente do que parece aos olhos modernos:

Até o final do século XVI, a semelhança desempenhou um papel construtivo no conhecimento da cultura ocidental. Foi a semelhança que em grande parte orientou a exegese e a interpretação dos textos; era a semelhança que organizava o jogo dos símbolos, tornava possível o conhecimento das coisas visíveis e invisíveis e controlava a arte de representá-las. (A Ordem das Coisas, p. 17)

Paracelso (1493-1541) comelou a reformular a doutrina das assinaturas  adicionando um fator mais astrológico e menos fisiológico. Segundo “a natureza marca cada crescimento … de acordo com seu benefício curativo”, nestes conceitos ele foi seguido por Giambattista della Porta em sua Phytognomonica (1588). Assim as assinaturas não seriam antropocêntrica mas refletia assinatura astrais:

  • Plantas Lunares: flores ou frutos são brancos ou claras, narcóticas ou de aromas noturnos: dama da noite
  • Plantas Mercuriais: possuem folhas pequenas sem frutos; são sinuosas ou ondulantes: eucalipto
  • Plantas Venusianas: são afrodisíacas, com perfume suave, frutos e sementes em abundância: hortelã
  • Plantas Marcianas: espinhosas, venenosas, ácidas, amargas e picantes.
  • Plantas Jupterianas: são plantas grandes com frutos abundantes e belos: dente de leão
  • Plantas Saturninas: são plantas rasteiras, lúgubres, pesadas e sinistras: cavalinha
  • Plantas Solares: são de altura média com flores geralmente amarelas ou que seguem o Sol: girassol

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alquimia/a-doutrina-das-assinaturas/

A história da humanidade segundo os chineses

MIN TZU, excerto de CHINESE TAOIST SORCERY

Deuses, demônios e espíritos são imortais. Eles não morrem, eles duram para sempre. Compostos de energia Chi, eles não precisam respirar, não têm forma definida e não projetam sombra.

Uma vez que o homem está posicionado de forma única entre o céu e a terra, ele naturalmente possui a intuição e os poderes extra-sensoriais necessários para se comunicar com os deuses. Ele usa muitos métodos para entrar em contato com as divindades, como meditação, oração, feitiçaria e adivinhação. Mas, infelizmente, nem todos acreditam nos efeitos da feitiçaria, o método mais rápido e eficaz de todos. Este lamentável ceticismo tem perseguido a humanidade desde o início de sua história e impedido muitas pessoas de desfrutar da felicidade que a feitiçaria pode conceder a elas.

Se a felicidade significa alcançar tudo o que o coração deseja, então a feitiçaria chinesa é capaz de tornar as pessoas felizes. A feitiçaria é um ramo do taoísmo religioso cujos princípios esotéricos foram compilados para ajudar aqueles que encontraram o infortúnio. Agravados e enfurecidos pelas injustiças da vida, esses indivíduos sofrem a cada dia, esperando um alívio de sua ansiedade. Este alívio é possível para aqueles que recorrem ao uso de feitiçaria.

A feitiçaria pode ser facilmente colocada em prática e foi testada e comprovada sem sombra de dúvida. Por milhares de anos, muitas pessoas experimentaram a feitiçaria chinesa em sua busca para provar o leite e o mel da vida, confiando nela para ajudá-los a alcançar seus objetivos. Deu-lhes a oportunidade de mudar suas vidas e obter os poderes esotéricos com os quais transformaram seus sonhos em realidade.

A feitiçaria, sem dúvida, existe, mas o processo invisível pelo qual ela funciona não foi desvendado por cientistas, filósofos ou antropólogos porque não pode ser totalmente explicado apenas pela lógica científica. Como resultado, quando confrontados com os mistérios divinos, os intelectuais só podem disfarçar sua falta de conhecimento sobre tais assuntos desprezando-os com desprezo como superstições primitivas. Mas o fato é que o homem pode manipular as forças divinas por meio de rituais.

Muito antes de Shakespeare expressar admiração pelo número infinito de coisas inexplicáveis ​​que existem no mundo, os feiticeiros chineses compilaram uma grande quantidade de informações sobre fenômenos místicos. Eles entenderam que poucas pessoas e ainda menos empresas poderiam ter sucesso sem a ajuda da feitiçaria. Eles também sabiam que era um sinal da generosidade do Céu para a humanidade que de todas as criaturas vivas, o homem é o único capaz de invocar deuses e demônios à vontade.

No entanto, aqueles que entram no reino da magia e feitiçaria pela primeira vez devem manter alguns princípios esotéricos em mente. Em primeiro lugar, os rituais têm uma natureza dupla: podem ser usados ​​para ajudar as pessoas ou para destruí-las. Orações aos deuses trazem coisas boas para o feiticeiro e maldições lançadas sobre os inimigos trazem sua ruína. Os antigos professores de metafísica advertiram contra o uso de rituais e feitiços para fins egoístas e desonestos. Idealmente, a feitiçaria deve ser empregada para manter a boa saúde, obter riqueza e contentamento e alcançar uma vida longa. Em segundo lugar, diz-se que a maneira mais segura de alcançar a autodestruição é contar ao seu pior inimigo ou melhor amigo sobre a fonte do seu sucesso. Afinal, os amigos de hoje podem ser os inimigos de amanhã.
Existem nove níveis progressivos de feitiçaria chinesa. Seus rituais fornecerão às pessoas poder oculto mais do que suficiente para permitir que lidem com a maioria das dificuldades da vida.

VER O SOL PELA PRIMEIRA VEZ

A teoria taoísta sobre o início do universo explica que originalmente nada existia além de um Grande Vazio. O Criador Perfeito preencheu o vazio com a energia Chi fundamental até que a luz emergiu da escuridão. Eventualmente, a matéria foi formada e o nascimento do que conhecemos como nosso universo ocorreu. Sob as influências do tempo, do espaço, da energia Chi e das forças Yin e Yang, tudo começou a ocupar seu lugar no vazio gigantesco. Galáxias, constelações, estrelas e planetas assumiram suas posições no espaço.
Neste planeta, a matéria estava dividida em um céu etéreo acima e uma terra sólida abaixo, mas todo o resto estava um caos. Vulcões constantemente entravam em erupção, cobrindo a superfície da terra com lava, e o mar se movia de um lugar para outro sem restrições enquanto a terra se inclinava para frente e para trás. Terremotos sacudiram a massa sólida de terra fazendo com que se separe em continentes e forme montanhas e vales. Fogo, terra e água constantemente contra-atacavam em ciclos de turbulência violenta.

Depois de milhões de anos, os elementos desencadeados deram forma ao nosso mundo e a Terra começou a se acalmar à medida que seu campo magnético se tornava mais estável. Orbitando em torno do sol, a terra agora era acompanhada por uma lua que dava ritmo e estabilidade aos movimentos do mar. Esse equilíbrio possibilitou que formas elementares de vida aparecessem na água. Iniciou-se um ciclo positivo-negativo dos elementos água, fogo, madeira, metal e terra que acabaria por gerar as Quatro Estações, formando florestas e desertos e fazendo a vida a florescer na terra e no mar.

Para os seres humanos, a vida na Terra começou de forma dura. A tradição chinesa sustenta isso há muito tempo, quando os ancestrais do homem abandonaram sua vida nas árvores por uma nas cavernas, a energia Chi da terra ainda estava perturbada e instável. A superfície da terra estava coberta por montanhas maciças, pântanos e uma densa neblina cuja escuridão não podia ser perfurada pela luz do sol. A névoa sempre presente impedia que a luz do sol aquecesse o solo e produzia uma umidade entorpecente. Vários tipos de seres semi-humanos evoluíram das primeiras criaturas semelhantes a macacos que deixaram as árvores para viver no chão. Alguns tinham duas cabeças, um rosto de macaco ou três olhos. Outros tinham apenas um olho ou a cabeça de um animal. Havia também gigantes e anões, assim como vários outros seres igualmente estranhos.

Muitas dessas criaturas foram vítimas do mau clima, das feras e pássaros predadores e das batalhas pela supremacia que travavam entre si. Nessas escaramuças, a maioria dos gigantes foi morta pelos
homens mais engenhosos nascidos do cruzamento que estava ocorrendo entre os grupos.

Esse novo tipo de ser humano era mais aguçado do que seus predecessores e não era nem muito alto nem muito baixo. Um dos princípios chineses da natureza afirma que um homem pequeno e compacto sobreviverá melhor do que um superdimensionado, e esse tipo de homem menor, mas mais robusto, sobreviveu a todos os outros.

Essa criatura primitiva buscou alívio do frio construindo fogueiras grosseiras. Ele acendeu os fogos com as faíscas geradas por fogos naturais, esfregando pedaços de madeira ou batendo uma pederneira com uma pedra. Dessa maneira, ele duplicou a espantosa maravilha dos incêndios que viu produzidos por erupções vulcânicas e relâmpagos. Estes foram os primeiros incêndios provocados pelo homem na história. Eventualmente, ele foi capaz de fazer tochas
que ele usava enquanto vagava pelo mundo sem luz ao seu redor.
O homem enfrentou um perigo adicional na forma de animais e pássaros monstruosos que governavam a terra. As florestas eram habitadas por feras com garras que provaram ser inimigas mortais do homem. Os pântanos estavam cheios de répteis de todos os tipos que matavam qualquer um que tropeçasse neles. Serpentes voadoras ferozes, agora conhecidas como dragões, abundavam, juntamente com inúmeros outros tipos de predadores, como cobras gigantes e criaturas que eram metade pássaros e metade animais. Sua presença forçou o homem primitivo a buscar a segurança em cavernas ou lugares elevados. Ele também aprendeu a se reunir em pequenos grupos para se defender desses predadores. Ainda hoje, essa luta entre o homem e a fera continua.

A presença de animais, a falta de luz do dia e os rigores das condições climáticas incontroláveis ​​impediam as pessoas de migrar à vontade. Eles viviam em um estado permanente de semi-escuridão e era impossível para eles acompanhar o tempo. Durante esse período, deuses e demônios ocasionalmente se revelavam ao homem de maneiras que, infelizmente, não são possíveis no mundo brilhante de hoje. Através desses encontros, ele aprendeu um pouco sobre a natureza e a forma de divindades e demônios menores, e também sobre Deus e o Diabo.

Eras mais tarde, quando as energias Chi do céu e da terra estavam um pouco estabilizadas, os vulcões entraram em erupção com menos frequência e os terremotos diminuíram. A espessa neblina que cobria o mundo desapareceu gradualmente, o sol brilhou com todo o esplendor, o ciclo rítmico das Quatro Estações foi estabelecido, as florestas começaram a crescer e os rios a fluir.

Neste agradável mundo novo, muitas formas de vida começaram a florescer e o homem até aprendeu a migrar. Quando ele se espalhou por todo o mundo, a raça humana havia se dividido em cinco categorias com base na cor da pele: amarelo, marrom, branco, preto e vermelho. Uma vez que o homem começou a migrar e viajar, ele foi submetido a mudanças na vegetação e no clima que nem sempre eram boas para sua saúde e muitas vezes ele ficava doente depois de comer vegetais crus e carne crua. Felizmente, sua dieta tornou-se mais diversificada depois que ele dominou a culinária. A subsequente invenção das panelas possibilitou métodos mais sofisticados e criativos de cozinhar e permitiu que ele viajasse longas distâncias porque conseguia se alimentar com uma dieta melhor.

Este homem antigo era engenhoso. Ele inventou ferramentas que usou para tornar seu ambiente mais habitável. Como suas mãos eram menos poderosas que as patas de um animal, ele inventou armadilhas e armas afiadas. Como não tinha pelos, cobria-se com peles de animais que o protegiam do frio e da chuva.

Na China, o homem começou a medir o tempo e o espaço. Ele também descobriu a maneira de plantar e colher muitos tipos de grãos. Ele aprendeu a prever o tempo observando os movimentos das estrelas e planetas, e do sol e da lua. Ele inventou a roda e foi capaz de calcular peso e medida usando sistemas elementares de matemática e geometria. Ele desenvolveu um método básico de registro de incidentes usando um cordão com nós. Ele também começou a perceber que ele tinha uma natureza especial que o diferenciava de todos os outros seres vivos e começou a enterrar seus mortos para evitar que seus cadáveres fossem expostos à selvageria de animais e aves de rapina. Em suma, o homem tornou-se o rei de todas as criaturas da terra e estava a caminho de se tornar civilizado.

A Infância Religiosa da Humanidade

Na China, o progresso do homem primitivo foi potencializado pelo desenvolvimento de uma cultura baseada na vida em grupo. Dentro dessa ordem cultural, diferentes clãs foram formados, cada um elegendo seu próprio líder. Essa prática continuou até que os chineses desenvolveram o conceito de governo imperial que propunha que o país fosse unificado sob um homem que atuaria como seu líder político, religioso e militar. Ele seria considerado o Primeiro Filho do Céu, o Pai do Povo.

Quando o Primeiro Imperador da China chegou ao poder, ele reuniu todos os clãs separados em uma nação. A monarquia começou com este imperador, há cerca de cinco mil anos, e terminou em 1912 com o governante manchu Pu Yi, o último imperador da China.

O Primeiro Imperador foi sucedido pelo Imperador do Céu, que promoveu o aprendizado entre as massas. Ele ensinou as pessoas a calcular as horas do dia usando uma variedade de dispositivos, como o relógio de água. Quando a duração exata da noite e do dia pode ser determinada, as pessoas podem organizar melhor seus horários de trabalho e descanso.

O Imperador do Céu foi sucedido pelo Imperador da Terra, que foi seguido pelo Imperador do Homem. O governante seguinte, o Imperador do Fogo, ensinou as pessoas a usar o fogo para limpar terras agrícolas, forjar metais, e para muitos outros fins. Depois, o Imperador da Madeira ensinou seus súditos a construir casas, barcos, ferramentas e muitos outros objetos de madeira.

O calendário lunar foi inventado durante o reinado do imperador Fu Hsi, combinando cálculos de tempo, o ciclo das quatro estações e os movimentos dos planetas. A partir daí, as constelações
foram descritos como figuras e animais conhecidos pelo homem. Fu Hsi também produziu a primeira versão do I Ching, ou Livro das Mutações, e inventou a rede de pesca. Ele instituiu os princípios básicos da propriedade privada e promoveu a criação do primeiro sistema de escrita. As regras do casamento e da família também foram estabelecidas nessa época, para fortalecer a sociedade.

O Imperador Dragão da Água promoveu o desenvolvimento e classificação de ervas medicinais. Esse conhecimento provou ser uma das maiores bênçãos já concedidas à humanidade. O bordado também foi inventado durante seu reinado, para embelezar a arte da confecção de tecidos. De fato, as vestes imperiais do Imperador Dragão da Água foram as primeiras a serem bordadas com símbolos astrológicos que mostravam um conhecimento de princípios astronômicos. Os governantes posteriores promoveram invenções como o arado, métodos agrícolas cada vez mais sofisticados, como irrigação, e comércio em pequena escala com base na troca.

O reinado do Imperador Amarelo foi caracterizado por grande progresso em todos os níveis. Foi uma época de grandes invenções, como a vela, e de avanços culturais, como fundição de metais, produção de seda, tiro com arco militar, criação e uso de moedas de metal como dinheiro, pesquisa e uso de substâncias químicas (ou alquimia) e o desenvolvimento dos princípios taoístas. Este imperador foi o primeiro a criar o cargo hereditário de Historiador da Corte, que era obrigado a registrar os bons e maus eventos que ocorreram dentro do Império, e as ações justas ou más do próprio imperador. Esses registros deveriam ser usados ​​para ajudar as gerações seguintes, permitindo-lhes aprender com os erros de seus ancestrais.

Tudo estava indo bem para a raça humana, mas por causa de alguma reviravolta cósmica, nove sóis adicionais se juntaram ao próprio sol da Terra e seu calor abrasador atingiu a terra com grande intensidade. Os horríveis e enormes animais e pássaros morreram com a dramática mudança de temperatura e clima. O pântanos secos pelo calor avassalador, plantações e vegetação queimadas, e fizeram com que a água evaporasse em alta taxa, causando secas maciças.

Para sobreviver às temperaturas de fogo, as pessoas tiveram que buscar a proteção e o frescor das cavernas profundas. Eles também aprenderam a arte de construir túneis para que pudessem viver no subsolo e escapar do calor assassino. Nesses túneis, eles aprenderam a cultivar sob a terra, minerar metais, construir poços e preservar alimentos.

Com o tempo, os sóis adicionais desapareceram e as pessoas puderam emergir de suas habitações subterrâneas. Em gratidão aos deuses, eles erigiram altas pirâmides nas quais adoravam o único sol remanescente que permitiu que a vida voltasse a prosperar na superfície da Terra.
Após a calamidade dos dez sóis, seguiu-se um período de chuvas intensas. As chuvas incessantes inundaram a terra. A elevação e o deslocamento do nível do mar causados ​​pelas chuvas torrenciais quase exterminaram a população e perturbaram o clima da Terra. Poucas pessoas escaparam deste desastre e quando as chuvas pararam, ficou óbvio para os sobreviventes que o eixo da terra havia mudado. Eles perceberam isso quando perceberam que as estrelas e constelações no céu não estavam mais em suas antigas posições.

As pessoas restantes dedicaram suas vidas a drenar a água deixada pelas chuvas. Depois, eles construíram barragens e diques e pântanos secos. Este trabalho continuou sem interrupção por centenas de anos.
Entre as pessoas que sobreviveram ao Dilúvio, algumas eram sensíveis à presença de divindades. Era mais fácil para essas pessoas talentosas contatar os deuses e demônios. Os chineses chamaram esses indivíduos de “os escolhidos”. Esses poucos homens foram educados com o único propósito de sacrificar diretamente às divindades e receberam treinamento especial para desenvolver suas habilidades sobrenaturais desde tenra idade. Suas vidas eram totalmente dedicadas à religião. Eles se comunicavam com o mundo dos espíritos por meio de cerimônias religiosas e atuavam como intermediários sagrados entre as pessoas e os deuses.

Quando os deuses se comunicaram com esses primeiros médiuns sacerdotes, eles lhes deram informações sobre o submundo. Os sacerdotes receberam detalhes sobre as origens da humanidade e a existência de forças poderosas no mundo além. Os deuses também revelaram os nomes e graus de divindades menores e maiores e seu grau de influência sobre o mundo do homem.

Em geral, o relacionamento pacífico que existia entre o homem e os deuses nessa época refletia as influências celestiais benevolentes predominantes na Terra. Nenhum lado exigia muito do outro; os deuses recebiam sacrifícios cerimoniais das pessoas e concediam seus desejos prudentes em troca.

Há cinco mil anos, durante o reinado do Imperador Amarelo, surgiu uma escola de conhecimento chamada Taoísmo. Continha informações sobre alquimia, religião e muitos outros ramos do conhecimento. O taoísmo religioso ensina que existem três forças principais que governam o mundo espiritual. Eles são os dois grandes poderes opostos, mas complementares – Deus e o Diabo – e seu governante, o Ser Supremo.

Deus é uma expressão benevolente da força universal do Chi, que deseja o bem ao homem e mantém a paz na terra. O Diabo é negativo por natureza, odeia a paz e só quer guerra, desordem e luta para reinar neste planeta. Essas duas forças divinas, também chamadas de Yin e Yang pelos antigos, travam uma batalha eterna, cada uma tentando vencer a outra. O Ser Supremo é o poder inigualável que mantém o equilíbrio entre Deus e o Diabo. Deus, o Diabo e todos os outros deuses e demônios menores estão subordinados a esse poder augusto e singular. Este Criador Perfeito é o começo e o fim de tudo que existe.

De acordo com o taoísmo, o bem e o mal não podem destruir um ao outro, caso contrário o equilíbrio universal seria rompido e a terra destruída. Esses dois poderes divinos possuem igual força e influência sobre o mundo do homem e se um se tornasse superior ao outro, ambos desapareceriam e o universo desapareceria junto com eles.

O Ser Supremo, Deus e o Diabo formam um Triângulo Sagrado que preside o mundo dos vivos e o mundo dos mortos. Homem, Terra e Céu formam outro triângulo que, quando combinado com o primeiro, cria a estrela de seis pontas. Este duplo triângulo é um dos símbolos mais conhecidos do misticismo taoísta.

Antigamente, as pessoas aprendiam rituais com os sacerdotes e tudo ia bem entre os homens e os deuses. Mas o Príncipe das Trevas ficou com ciúmes desse relacionamento acolhedor e começou a perturbar a harmonia espiritual prevalecente. Os primeiros sinais de sua influência perniciosa foram vistos quando algumas das pessoas que antes se contentavam com sua sorte egoisticamente começaram a usar rituais sagrados para pedir aos deuses poder pessoal, aparentemente sem medo da retribuição divina. Como as pessoas já possuíam alguns rituais de grande valor, os sacerdotes não conseguiram fazê-los exercer a prudência uma vez que provaram seu poder. A desordem religiosa se seguiu e durou muitos séculos.

Naquela conjuntura da história, cerca de dois mil anos atrás, os sacerdotes taoístas codificaram todos os rituais para evitar que caíssem nas mãos de indivíduos ambiciosos, fechando assim as portas do alto aprendizado religioso para todos, exceto alguns monges e sacerdotes. Ao fazê-lo, eles conseguiram centralizar o poder religioso, mas também geraram uma desordem religiosa inesperada porque, sem a devida direção, leigos inexperientes começaram a realizar rituais taoístas incompletos que apenas trouxeram espíritos malignos para este mundo.

China: O Reino do Meio

Desde o início da história chinesa até a virada do século XX, duzentos e oitenta imperadores governaram o Império Celestial. Durante esse tempo, uma incrível riqueza de conhecimento foi acumulada, conhecimento que teve uma influência significativa em outras nações.
Os chineses chamam seu país de Chung Kuo, ou Reino do Meio. Este nome é representado por escrito por dois ideogramas, um significando o centro de algo, como o alvo de um alvo, o segundo significando país. O nome indica que, pela riqueza de sua cultura, os chineses há milhares de anos consideram seu país o centro do universo.

Há muito tempo, Confúcio restabeleceu o conceito de ritual e estabeleceu as regras de conduta adequada a serem seguidas por todos os oficiais civis, militares e religiosos. Os deveres de todos os funcionários do governo foram claramente delineados dentro da hierarquia. Ele também separou as práticas puramente religiosas dos rituais de feitiçaria. Antes de seu tempo, os sacerdotes praticavam tanto a religião quanto a feitiçaria. Ele foi o primeiro a traçar uma linha de distinção entre os dois, afirmando: “Não vou falar de assuntos sobrenaturais. Respeito os espíritos, mas também mantenho distância deles”. Com base em seu ponto de vista profundo e pragmático, a prática da feitiçaria foi separada da prática da religião. Daquele ponto em diante, os sacerdotes tiveram que seguir uma ética religiosa claramente declarada.

Os princípios confucionistas de cerimônia também reafirmavam a estrutura da unidade familiar. Esse conceito enfatizou a importância do pai e dos membros mais velhos da família e esclareceu que o papel da família é permitir que todos os indivíduos consanguíneos com o mesmo sobrenome se reúnam e forneçam amor e apoio mútuos, protegendo uns aos outros do mundo exterior sem coração.

Princípios confucionistas de cerimônia também eram evidentes nos aspectos religiosos do protocolo real. Eles ditaram que apenas um homem que fosse o primeiro entre iguais poderia oferecer sacrifícios ao Céu em nome da nação. Como Filho do Céu, o imperador era o único mortal que podia oferecer sacrifícios diretamente ao Ser Supremo.
Como o imperador liderava seus súditos em todos os assuntos relativos ao céu, à terra e ao homem, ele se chamava “Pai do Povo”. Ele nunca se referia a si mesmo como um indivíduo, mas usava humildemente o pronome “nós”.

No passado distante, a maioria dos países fora da China não era muito esclarecida. Por exemplo, apenas alguns séculos atrás, a Inglaterra era uma nação bastante atrasada, enquanto agora é considerada um país avançado. Quando os primeiros marinheiros chineses começaram a viajar para o exterior há alguns milhares de anos, descobriram que, comparados ao progresso que os chineses haviam alcançado nas artes e nas ciências, os povos estrangeiros ainda estavam literalmente “vivendo em árvores”. Esses marinheiros plantaram as sementes da cultura em lugares tão distantes quanto o México. Muitos séculos depois, pessoas do Japão, Coréia, Pérsia e outros países muçulmanos foram para a China em busca de conhecimento. De acordo com registros chineses, mesmo os antigos gregos e romanos tiveram contato com a China há mais de dois mil anos.

Os europeus foram apresentados à sabedoria chinesa relativamente recentemente, inicialmente através dos escritos de árabes e persas. Quando os mouros invadiram a Espanha no século VIII d.C., trouxeram livros sobre ciência e literatura que haviam sido influenciados pelo pensamento chinês. Quando os espanhóis estudaram essas obras árabes e se tornaram filósofos famosos, eles habilmente atribuíram suas fontes aos escritos gregos.

No Oriente Médio, sacerdotes e mercadores também sabiam sobre a China há séculos, mas mantinham silêncio sobre isso. Quando seus colegas do Mediterrâneo viajaram para a China, perceberam que esse país era, na verdade, o “Poço do Conhecimento”. Naturalmente, eles também tentaram desviar a atenção do país que se tornaria a fonte do esclarecimento intelectual ocidental. Lembre-se, naqueles dias, a China era como os Estados Unidos são hoje, um país em que há uma convergência de grande riqueza e conhecimento.

Os historiadores modernos continuam a atribuir muitas coisas de origem chinesa a outras culturas, especialmente às culturas mediterrânea e japonesa. Desta forma, a importância da China em fornecer o elo perdido entre a Idade das Trevas Europeia e o Renascimento foi obscurecida.

O estudo mais superficial da história e da arte europeias revela até que ponto a China influenciou o Ocidente e quantas ideias e invenções chinesas foram incorporadas à cultura ocidental. Nos séculos passados, os europeus adotaram, entre outros, os princípios da fitoterapia, da carpintaria, dos uniformes militares, do uso da pólvora para fins militares, dos sistemas de classificação civil e militar, dos sinais e formações militares, da destilação do vinho, moda, bordados, alfaiataria, tinturaria e perfumaria. Eles aprenderam a construir casas com telhados triangulares elevados e juntas em cauda de andorinha, e a usar ferramentas como esquadro, compasso, martelo e carrinho de mão. Também copiaram brinquedos chineses como pião, pernas de pau, ioiô, balanço, pipa e carrossel, e brincadeiras infantis como pular corda e brincar de amarelinha.

No início do mundo europeu da moda, os estilos das dinastias Tang e Ming inspiraram muitos dos designs de roupas religiosas, militares e civis. A peça superior de gola alta Manchu mais tarde teve um grande impacto na moda européia que ainda pode ser visto hoje no estilo clássico dos uniformes militares europeus.

Sabe-se também agora que a astrologia ocidental não se baseia no antigo ensinamento “babilônico” e seus princípios de negociação foram combinados para agilizar e aumentar os negócios correntes.

Para os chineses, um dos benefícios de poder trocar ouro por papel-moeda era que lhes permitia queimar dinheiro espiritual verdadeiro para seus ancestrais. Antes dessa época, as pessoas colocavam moedas de ouro e outros tesouros nos caixões das pessoas para que seus espíritos tivessem dinheiro para pagar suas despesas no outro mundo.
De qualquer forma, como a China não tinha um escritório de patentes, qualquer coisa que os estrangeiros vissem naquele país era deles. Muitos europeus, de comerciantes a reis, dependiam do fluxo de invenções que vinham da China para manter e aumentar suas fortunas.
Nos primeiros dias, a maioria dos estrangeiros que visitavam a China podia obter facilmente a maior parte do conhecimento possuído pelas pessoas comuns, embora alguns métodos, como os usados ​​para fazer seda e porcelana, nunca fossem dados voluntariamente a estrangeiros.

Os chineses detinham o monopólio mundial na fabricação e comercialização desses itens e guardavam zelosamente as técnicas usadas para produzi-los. Invejosos de tais lucros, os governantes e mercadores europeus ofereciam grandes recompensas a qualquer um — comerciantes, diplomatas, padres ou outros espiões com destino à China — que conseguisse obter esses métodos secretos. Dois monges católicos foram os primeiros a trazer o cobiçado método de fabricação de seda para a Europa. Eles fizeram isso contrabandeando vários bichos-da-seda para fora da China dentro de seus cajados ocos. Uma vez que os ocidentais começaram a produzir seda, eles foram capazes de quebrar o domínio chinês no mercado. Até então, os chineses forneciam ao Ocidente a seda usada por todos que podiam pagar. Os registros mostram que até Júlio César usava mantos feitos de seda chinesa.

Com o passar do tempo, inúmeras outras invenções, ideias, costumes, objetos e ferramentas chegaram à Europa. Eles incluíam: a imprensa; desenhos de armas de fogo; a ideia de usar impressões digitais para identificar indivíduos; o tear; passaportes para controlar a circulação de pessoas através das fronteiras; o esporão; o arreio do cavalo; os princípios de tributação, papel e fabricação de livros, hipnotismo, marionetes e patologia forense; a teoria da terra esférica; o conceito de circo e teatro de palco; métodos de fabricação de tinta; a ideia de usar o sal como moeda; o guarda-chuva; técnicas de construção de pontes; a ideia de que cidadãos comuns poderiam escrever memoriais de censura ao trono; os desenhos de jardins vistos em jardins europeus; técnicas de irrigação e meios de construção de poços e rodas d’água; instrumentos musicais de cordas; entrega de correio expresso; a lista de animais que poderiam ser domados para servir ao homem; técnicas de criação e equitação – ainda evidentes na escola espanhola de equitação; os princípios da perspectiva na pintura; e muitos outros.

A lista de maneiras pelas quais a China mudou a direção da civilização européia poderia continuar, mas o que foi dito é suficiente para permitir que se entenda por que a China significa “o centro da
universo.”

Postagem original feita no https://mortesubita.net/sociedades-secretas-conspiracoes/a-historia-da-humanidade-segundo-os-chineses/

Os Corvos de Wotan, parte 3

» Parte 3 da série sobre Odin ver parte 1 | ver parte 2

A fonte da sabedoria

Ainda abaixo de uma das gigantescas raízes de Yggdrasil, a árvore cósmica a sustentar todos os reinos míticos da mitologia nórdica, se encontra uma nascente d’água muito especial: Mímisbrunnr. É neste pequeno lago que vivia o Mímir, um reconhecido sábio (seu nome significa algo como “o sábio”, ou ainda “aquele que se lembra”). Odin ficou sabendo da existência desta fonte, que se acreditava dar “a sabedoria de todas as eras” aqueles que a bebiam regularmente (daí a sabedoria do próprio Mímir, seu guardião). Ora, como Odin era um deus que buscava a sabedoria, ele a visitava regularmente para beber um pouco de sua água, assim também ficando amigo de seu protetor.

O que ficou mais conhecido desta história, entretanto, foi o fato de Odin ter arrancado um de seus olhos (não se sabe qual ao certo) e o mergulhado no lago, onde jaz até hoje, oculto no lodo, onde talvez só ele e o Mímir saibam localizar. Diz-se que Odin realizou tal sacrifício em troca da sabedoria do Mímir, mas obviamente algo aqui não faz sentido: se Odin já conhecia a localização do poço, se já era amigo do Mímir, qual seria a necessidade de sacrificar um olho em troca de sabedoria (da qual ele já dispunha gratuitamente)?

Este me parece mais um mito cuja interpretação exige que usemos os olhos da alma, e não do corpo. Para mim, está muito clara a metáfora de “se ter um olho no mundo espiritual, e um olho no mundo terreno”. Ora, por mais que Odin pudesse galopar os céus em seu corcel de oito patas, ele aparentemente não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ou pelo menos não podia estar no plano terreno e no plano espiritual ao mesmo tempo. Esta bela história nos aponta, portanto, para um fato bastante conhecido do caminho espiritual, e até mesmo da própria prática da magia ou da mediunidade: abre-se um olho lá, fecha-se um olho cá. Mas, querer fazer ambas as coisas ao mesmo tempo pode nos levar a loucura, a não ser, talvez, que sejamos também da raça dos deuses.

A cabeça perdida e encontrada

Infelizmente o destino do Mímir não foi dos mais agradáveis… Na apocalíptica guerra entre os vanir e os æsir, o Mímir teve sua cabeça cortada por um guerreiro vanir. Ora, os vanir eram um povo relativamente pacífico e místico, que cultuava deuses da fertilidade e da sabedoria, e também se dizia que muitos eram capazes de ver o futuro. Eles já habitavam o norte europeu, mas foram invadidos pelos æsir (ou “meio-deuses”), um conglomerado de tribos guerreiras e expansionistas, que vinham da Ásia e do sul europeu em busca de novos territórios. Como o Mímir, juntamente com Odin, pertencia aos æsir, foram deles a iniciativa do ataque.
Os vanir eventualmente foram conquistados e tornaram-se um subgrupo dos æsir, até que as eras se passassem e todos fossem confundidos com um só povo: o povo nórdico…

Mas, voltando a grande batalha: Odin, não se dando por rogado, encontrou a cabeça perdida do Mímir após o final da chacina e, com sua magia, manteve seu amigo vivo como uma peculiar (e, provavelmente, assustadora) cabeça falante que ele carrega consigo para onde quer que vá – pois o Mímir ainda é um grande e sábio conselheiro.

Esta épica batalha, que poderia ser lamentada como um fato trágico, na realidade é festejada como o alvorecer da civilização – de qualquer civilização, pois todas começaram assim, e todas tem mitos muito próximos [1] –, quando tribos sedentárias e pacíficas, que já dominavam a agricultura, são invadidas e quase dizimadas por tribos nômades guerreiras. Mas, no fim, tudo se ajusta: a cultura das tribos nativas, geralmente mais profunda e espiritual (por se tratar de gente “que tinha tempo de viver, e não apenas caçar e coletar”), é assimilada aos poucos pela cultura invasora, e com o passar dos séculos é como se todas fossem uma só cultura – e, de fato, já o são.

O próprio fato de Odin ainda hoje ser visto como um deus de sabedoria e magia, e não apenas um grande guerreiro, demonstra que talvez, no fim, a cultura dos vanir tenha se sobressaído à cultura dos æsir, e isso talvez indique que ainda podemos ter a esperança de uma volta a este antigo mundo pacífico: onde a fertilidade é mais exaltada do que a ferocidade.

Mas, e quanto à cabeça decepada e falante do Mímir, o que diabos isso significa? Olha, não vou dizer que sei o que isso significa, mas este mito me remete pelo menos a duas considerações: a primeira, é que os nórdicos já sabiam valorizar a importância da cabeça em relação ao corpo, o que a neurociência apenas confirmou; a segunda, é que eles tinham algum senso de humor.

O deus enforcado

Como já disse no início, Odin também é reverenciado por ter trazido ao conhecimento dos homens as runas, que nada mais eram do que o primeiro alfabeto do povo nórdico, o que possibilitou a origem da escrita entre eles. O que eu não mencionei é o quão estranha é, a primeira vista, a história que nos conta como Odin obteve tal conhecimento…

Diz-se que ele, desejando adentrar reinos ocultos do mundo espiritual, enforcou-se na própria árvore cósmica, Yggdrasil, por nove dias e nove noites (nove também são os reinos míticos da mitologia nórdica em geral), enquanto era estocado por sua própria lança (não está claro quem o “auxiliava” neste ritual, talvez fosse ainda o Mímir quando tinha o corpo inteiro)… Ao final de todo esse sacrifício, Odin acordou (se é que ele morreu no processo, entende-se que após os nove dias ele ressuscitou [2]) e trouxe consigo a memória do conhecimento da escrita rúnica.

Ora, sabe-se que todos os deuses inventores da escrita foram grandes, ou ainda são: pois foi exatamente a escrita que possibilitou que o conhecimento sobre eles fosse preservado de forma mais exata (o que não necessariamente é algo sempre bom). No Egito antigo sabe-se que tal tarefa coube ao deus Thoth. Posteriormente, na Grécia, existiu também Hermes, que partilhava de tantas características em conjunto com Thoth, que muitas vezes faziam referência a ambos os deuses sob o título de Toth-Hermes. Entre os romanos, Hermes foi conhecido como o deus Mercúrio e, de fato, muitos historiadores acreditam que os romanos também confundiam Mercúrio com o próprio Odin, quando se referiam aos povos nórdicos – assim, o ciclo se fecha…

Mas, o que me interessa aqui é que todos os deuses inventores da escrita também eram reconhecidos como grandes intermediários entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses, ou seja: eram médiuns, ou xamãs [3].

E é exatamente daí que parte a compreensão do que diabos Odin foi tentar fazer ao se enforcar numa árvore cósmica: ora, é claro que se trata de ainda mais uma metáfora. A árvore Yggdrasil sustenta todo o Cosmos e, dessa forma, o ato de “enforcar-se” nela nada mais é do que o ato de “perder a consciência deste mundo, e viajar com ela alhures”… Além desta referência mais clara ao xamanismo (ou a viagem astral) há ainda a questão das “estocadas de lança”: uma imagem muito comum na arte das cavernas, a arte rupestre, de nossa pré-história longínqua, e que também está intimamente relacionada às práticas xamãnicas.

O ato simbólico de se cortar, espetar, estocar com lanças, ou até mesmo destroçar o próprio corpo, significa, para o xamã, o abandono total do apego ao corpo, para que ele possa se elevar mais facilmente, e mais profundamente, aos reinos etéreos de sua própria alma, ou da Alma do Mundo, ou de Yggdrasil. Estes sacrifícios foram necessários para que os xamãs, os grandes heróis míticos de outrora, pudessem nos trazer conhecimentos ocultos, que podiam variar desde “onde caçar amanhã”, a “quais plantas e ervas coletar para fabricar este ou aquele remédio”, a até mesmo a própria inspiração divina para algo totalmente novo, como a escrita rúnica.

» Na última parte: finalmente, os corvos…

***

[1] No Mahabharata hindu temos histórias de batalhas muito parecidas, de onde surgiram grandes reinos e, eventualmente, a própria civilização. Na Europa não será diferente: mesmo a origem de Roma teve seu episódio de brutalidade para com tribos pacíficas na região próxima. No Brasil, poderíamos nos referir aos indígenas como os vanir, e aos colonizadores europeus como os æsir (como já disse, a história é escrita pelos vencedores).

[2] Avatares que morrem por “x dias” e ressuscitam com novos conhecimentos místicos existem aos montes na mitologia em geral.

[3] Você pode achar estranho o termo “xamã” aparecer toda hora neste relato, e tem toda razão: o termo surgiu do estudo antropológico dos primeiros místicos tribais da Sibéria, mas acabou por ganhar o mundo num significado bem mais amplo, referindo-se a todo e qualquer chefe espiritual tribal de toda e qualquer cultura selvagem antiga. Dessa forma, obviamente os índios do Brasil não chamam a seus xamãs como xamãs, mas sim como pajés, e assim vai… É nesse sentido que os termos “xamã” e “xamanismo” (a prática espiritual do xamã) são utilizados ao longo desta série.

***

Crédito das imagens: [topo] viking-mythology.com (A fonte do Mímir); [ao longo] Anônimo

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#Mitologia #Odin #Paganismo #xamanismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-corvos-de-wotan-parte-3

A Goetia do Dr. Rudd

O livro “Goetia do Dr. Rudd” é um dos livros do financiamento Tomos Goéticos da Editora Via Sestra, participe


A Goetia é o grimório mais famoso depois da Chave de Salomão. Este volume contém uma transcrição de um manuscrito inédito do Lemegeton que inclui quatro grimórios completos:

  1. Ars Paulina
  2. Ars Almadel
  3. Theurgia-Goetia
  4. Lemegeton Clavicula Salomonis
  5. Liber Malorum Spiritum seu Goetia

Este manuscrito era propriedade do Dr. Thomas Rudd, um mago erudito praticante do início do século XVII. Existem muitas edições da Goetia, das quais a mais definitiva é a de Joseph Peterson, mas aqui estamos interessados ​​em como a Goetia foi realmente usada por magos praticantes nos séculos XVI e XVII, antes que o conhecimento da magia prática desaparecesse na obscuridade.

Muitas técnicas práticas usadas no passado foram esquecidas. Os autores as restauram usando o manuscrito do Dr. Rudd. Por exemplo, evocar os 72 demônios listados aqui sem a capacidade de restringi-los seria realmente temerário. Era bem conhecido em tempos passados ​​que invocatio e ligatio, ou restrição, eram uma parte chave da evocação, mas nas edições modernas da Goetia esta técnica chave é expressa em apenas uma palavra ‘Shemhamphorash’, e seu uso não é explicado.

Este volume explica como os 72 anjos do Shemhamphorash são usados ​​para amarrar os espíritos e o procedimento correto para invocá-los com segurança usando selos duplos que incorporam o necessário anjo Shem controlador, cujo nome também está gravado no Peitoral e no Vaso de Bronze.

RESENHAS DE A GOETIA DO DR. RUDD:

Uma ‘Obra Obrigatória’ para Estudantes e Praticantes

Resenha de Thabion (Orange, CA EUA), 25 de fevereiro de 2008:

Este livro é uma “obra obrigatória” para qualquer pessoa que esteja seriamente interessada na Magia Cerimonial Salomônica, seja do ponto de vista acadêmico ou prático. Está no mesmo nível do Lemegeton de Joseph Peterson — que complementa e amplifica com uma riqueza de materiais autênticos do século XVII inéditos do famoso mago Thomas Rudd (ver o Tratado sobre Magia dos Anjos, McLean 1982). Rudd não era um seguidor escravo de textos antigos. Ele até tentou uma síntese do sistema enoquiano do século 16 do Dr. John Dee e da Goetia. No interesse da pureza, Joseph Peterson recusou qualquer uso importante da versão pessoal particular de Rudd da Goetia (e os livros restantes do Lemegeton: B.L. Harley MS. 6483) por causa das adições e modificações criativas de Rudd – com exceção da próprio importante amostra das invocações e sigilos de Shemehamphorash que Rudd usara para controlar com segurança seus espíritos goéticos.

Como Skinner e Rankine apontam, Rudd também incluiu material do Heptameron anterior, atribuído a Pedro de Abano, em sua versão da Goetia. Parece também que Rudd pode não ter usado um triângulo em suas operações goéticas, embora ele fosse consciencioso o suficiente para não excluir nenhuma das inúmeras instruções para seu uso nos textos que estava empregando. Neste caso, os autores-editores encontram significado na ausência de uma representação gráfica do triângulo na versão de Rudd da Goetia. (É possível que Rudd simplesmente tivesse sua própria versão do triângulo que ele não desejava registrar, ou que estivesse faltando um fólio do Manuscrito.) Os autores-editores também sugerem que Rudd usou o Vaso de Bronze como um dispositivo de conjuração primário. Eles prudentemente se abstêm de conjeturar como poderia ter sido empregado (veja a página 185, não 181), mas citam as notas de Rudd seguindo as conjurações padrão: “Você pode comandar esses espíritos no Vaso de Bronze como você faz no Triângulo. Dizendo isso você faz imediatamente aparecer diante deste Círculo, neste Vaso de Bronze em uma forma bela e graciosa & etc. como é mostrado (sic) antes nas conjurações.”

Somos deixados à nossa própria engenhosidade sobre como exatamente isso seria feito, mas, com base na experiência passada, sugiro que um amortecedor e um bom grau de polimento de bronze possam ser essenciais…

Como uma nota lateral, Skinner e Rankine apontam que o desenho do século XVII de Peter Smart do que eu supunha ser a parte de trás de um suporte de espelho era na verdade um desenho do Vaso de Bronze. Eu acho que eles estão certos sobre isso, mas eu estava em boa companhia com Adam McLean neste caso, então não me sinto muito chateado com meu erro…

Com esta pequena reclamação, gostaria de mencionar algumas outras contribuições muito importantes neste volume. Os autores-editores fizeram o melhor trabalho até agora em desvendar a complexidade rosnante das atribuições planetárias e astrológicas goéticas que atormentaram estudiosos e magos sérios por séculos. Obviamente, temos espíritos marcianos (condes), embora não tenhamos lamens de ferro ou aço para eles. (Embora não esteja claramente declarado neste livro, devemos assumir que o ferro não é usado porque tradicionalmente repele e controla os demônios – especialmente na tradição árabe do Anel de Salomão, que os autores mencionam).

Rudd aparentemente não usa o tradicional Selo Goético Secreto de Salomão para fechar seu Vaso de Bronze. Este dispositivo é familiar a todos os estudantes da arte e está representado no desenho de Peter Smart mencionado acima. Mostra o Vaso de Bronze em corte transversal, tampado com uma camada de ferro (Marte) e selado com uma camada de chumbo (Saturno). O ferro controla os espíritos e Saturno é o limite planetário/sefirótico externo do universo cabalístico que os espíritos goéticos habitavam antes da Queda (rebaixados até Yesod, se você tomar nossa interpretação – rebaixados até as Klippoth se você seguir Steve Savedow).

Rudd prefere usar outro desenho que encontramos em Trithemius e Agripa. Os autores-editores fornecem uma riqueza de tabelas extrapoladas, apêndices e notas de rodapé copiosas. Este é um trabalho muito valioso e, com minhas pequenas objeções, sou compelido a admirar e apreciar sua erudição. Como eu disse no início desta revisão. Este livro é “obrigatório” se você leva a sério o estudo e/ou a prática na escola da Magia Salomônica.

Carroll “Poke” Runyon, editor do The Seventh Ray.

***

Um Livro que Todos os Magos Precisam Ler e Possuir

Resenha por Mark Stavish, do Instituto para Estudos Herméticos de Wyoming, Pensilvânia, 14 de novembro de 2007:

Ao publicar “A Goetia do Dr. Rudd”, Skinner e Rankine forneceram à comunidade de magos operativos uma porta de entrada para as práticas mágicas medievais e renascentistas tradicionais que até agora só haviam sido parcialmente abertas. Embora muitos livros tenham sido escritos sobre a Goetia, é aqui, neste livro, que temos uma visão do funcionamento real de um mago que era uma conexão direta com o círculo de Dee, e parte da transmissão contínua dessas ideias em forma OPERATIVA para o período pós-renascentista. A primeira seção do livro é uma introdução geral ao mundo da magia e uma base importante para entender as diferenças significativas entre as práticas modernas e tradicionais. Há também uma discussão sobre ‘por que outro livro sobre goetia’ e os detalhes significativos que diferenciam este dos outros – ser parte de um diário operatório da obra, bem como a inclusão de materiais não vistos anteriormente com goetia, como o Heptameron, sugerindo uma ligação direta entre os dois. Embora de interesse para o mago de poltrona e ocultista acadêmico, são os magos práticos que mais se beneficiarão deste trabalho, bem como os dois volumes anteriores da série – Magia Angélica: Prática das Tabelas Enochianas do Dr. Dee e Chaves para o Portal da Magia: Convocando os Arcanjos Salomõnicos e os Princípes Demônios, também um manuscrito raro de Rudd. Não posso falar o suficiente desses trabalhos e estou em dívida com os editores por disponibilizá-los e estou ansioso para futuras adições à série.

Um Histórico Brilhante e Instantâneo do Lemegeton em Ação!

Resenha de M. Stone “Frater Iustitia Omnibus” de San Antonio, Texas, 14 de outubro de 2007:

A primeira pergunta que vem à mente quando se vê mais uma “Goetia” no mercado, obviamente, é: “Por que devo considerar esta edição?” Nesse caso, a resposta é um pouco complexa demais para ser resumida em um único slogan.

A primeira coisa que quero deixar claro é que não é apenas a Goetia, como o título sugere, mas todo o Lemegeton! Além disso, é baseado na versão manuscrita inédita compilada pelo Dr. Thomas Rudd. (Harley MS 6483)

Enquanto o Lemegeton de Joseph Peterson é claramente a versão definitiva, Skinner e Rankine usam este livro como uma mesa de operação para descobrir como este material foi usado por magos reais dos séculos XVI e XVII. O processo, de acordo com os autores, é de dualismo, onde o mago controla entidades básicas pelo uso de suas contrapartes divinas correspondentes. Esse é um conceito que é mencionado, mas nunca desenvolvido no próprio Lemegeton. Este volume entra em muitos detalhes sobre o uso dos 72 nomes do Shemhamphorash para prender e controlar os 72 “demônios” da Goetia. Este conceito não é apenas explicado, são ilustrados nestas páginas, os verdadeiros selos de dupla face como empregados pelo Dr. Rudd e presumivelmente seus contemporâneos.

Outros detalhes que não foram publicados anteriormente, como o uso adequado do Vaso de Bronze e do Peitoral, serão suficientes para tirar até os teóricos goéticos de poltrona da cerca, para fazer essa compra.

Os magos enoquianos podem estar interessados ​​em ver a versão do Dr. Rudd da Tabula Sancta cum Tabulis Enochi (A Mesa Santa com as Tábuas Enochianas) de Dee.

Este trabalho maciço de 448 páginas (no original em inglês) tem muitas notas de rodapé, e o estudante de Magia Salomônica apreciará o amplo material posterior.

O conteúdo no original em inglês está dividido da seguinte forma:

  • Matéria de Capa – 14 páginas, incluindo a introdução.
  • História e Origens – 43 páginas.
  • Métodos de Evocação – 24 páginas explorando restrições, nomes, anjos adversários, invocações, equipamentos e cerimônias.
  • Os Manuscritos – tratamento de 241 páginas do Lemegeton completo do Dr. Rudd, que ele mesmo chamou de Goetia por razões que me escapam. Deve-se entender que, na verdade, a Goetia é apenas um dos livros do Lemegeton completo.

Os Apêndices estão divididos da seguinte forma:

Apêndice 1 – Theugia-Goetia em Sloane 3824.

Apêndice 2 – Tabelas de Demônios do Lemegeton (24 páginas de tabelas!) Este é um trabalho dos sonhos de estudo comparativo sobre as entidades goéticas e sua classificação. Também estão incluídas as grafias hebraicas dos nomes, grafias alternativas, e se algum lugar for montado, outras qualidades, anjo governante, número de legiões, planeta (com base no metal associado à classificação do espírito) aparência evocada e poderes atribuídos.

Apêndice 3 – Síntese de Thomas Rudd de Goetia e Enochiano.

Apêndice 4 – Rudd descreve 61 demônios.

Anexo 5 – Fontes para o material no Lemegeton.

Apêndice 6 – Selos da Goetia de Sibley.

Apêndice 7 – Anjos Shem ha-Mephorash

Apêndice 8 – Horas Planetárias Eclesiásticas

Apêndice 9 – Esta é uma peça estranha, mas realmente fala com a mentalidade do século 16 da Goetia e auto justificação. É uma explicação dos nomes usados ​​na Goetia, com alguma outra Cabala aleatória lançada. Mas se você precisar dizer, a oração consagradora de Vênus, bem, aí está.

Anexo 10 – Estudo de algumas das palavras utilizadas na evocação. Esta seção é uma lista grega e hebraica de derivações de palavras usadas em evocações goéticas.

Apêndice 11 – Narrativa do Dr. Rudd, Sir John Heydon e um espírito “Como um homem pode ter a sociedade contínua de um gênio guardião”

Apêndice 12 – Formas variantes de círculos ao estilo do Heptameron.

Anexo 13 – Observações de metais e tempos de restrição.

Anexo 14 – Diagramas de equipamentos. Eu estava esperando por mais aqui, mas serve ao seu propósito.

Apêndice 15 – A forma do comando de espíritos dada no livro A Descoberta da Bruxaria, de Reginald Scot.

Se você deseja ter um currículo completo de estudo salomônico, sugiro que compre este volume junto com o Lemegeton de Joseph Peterson. A edição de Peterson é um trabalho comparativo erudito, enquanto o presente trabalho é um instantâneo da Magia Salomônica sendo colocada em prática. Esses dois volumes não apenas se complementam, mas são igualmente vitais para construir uma imagem precisa do escopo e do impacto deste ciclo de magia.

Sr. Skinner e eu discutimos a teoria do funcionamento goético no passado. Deve-se notar que os autores não apenas relatam o modelo dualista do funcionamento goético, eles defendem a teoria por trás dele. Eu mesmo tenho uma visão diferente, vendo o Lemegeton como um “Livro dos Mortos” para os vivos, movendo o Alto Xamanismo para a Europa do século XVI (para não mencionar as Américas do século XXI). Considere quantos desses seres começam como um espírito-animal, apenas assumindo uma formosa forma humana após uma batalha de vontades com o exorcista da Arte. Mesmo assim, eu mal conseguia largar esse volume. Há muitas pérolas nestas páginas para qualquer estudante de Magia Salomônica.

Em uma nota final, o autor afasta um pouco o véu sobre por que não há espíritos goéticos associados a Marte e levanta a questão de haver um único demônio atribuído a Saturno. Eu havia feito um comentário semelhante em minha revisão da reformulação do Goetia por Runyon há algum tempo.

***

Espero que as resenhas precedentes tenham dado uma boa ideia do que está contido no livro – recomendo-o sem reservas aos interessados na área, tanto como um texto histórico interessante quanto principalmente como um sistema de evocação completo e prático. Termino com a citação de Rudd que adorna o início do livro As Chaves para o Portal da Magia: Convocando os Arcanjos Salomônicos e os Príncipes Demônios, de Stephen Skinner & David Rankine:

“Aquele que é um verdadeiro mago, é gerado como um mago desde o ventre de sua mãe; e aquele que foi gerado de outra forma, deve compensar esse defeito da Natureza pela Educação”.

E este livro, A Goetia do Dr. Rudd, certamente faz parte dessa educação.

Resenhas originais em inglês.

Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.


O livro “Goetia do Dr. Rudd” é um dos livros do financiamento Tomos Goéticos da Editora Via Sestra, participe

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/a-goetia-do-dr-rudd/

A banheira da bruxa

Cada dia da semana é adequado para um determinado tipo de banho. Use este roteiro para auxiliá-la nos feitiços. Sabendo o dia certo, seus feitiços se realizarão rapidamente.

Segunda-feira – dia propícios para banhos relacionados a profecias, capacidade de vislumbrar acontecimentos futuros e ao sono.
Terça-feira – dia propício para feitiços relacionados à paixão.
Quarta-feira – dia propício para feitiços relacionados ao intelecto.
Quinta-feira – dia propício para feitiços relacionados a dinheiro.
Sexta-feira – dia propício para feitiços relacionados ao amor.
Sábado – dia propício para feitiços relacionados à purificação.
Domingo – dia propício para feitiços relacionados à saúde.

Não é necessário seguir o guia acima, pois nem sempre a necessidade coincide com o dia.

Banir Negatividade

Você vai precisar de sete dentes de alho, um ramo de tomilho fresco, 12 folhas de alfavaca fresca e 22 folhas de sálvia fresca. Coloque dois litros de água para ferver e assim que levantar fervura, jogue os ingredientes, apagando o fogo e tampando a panela. Deixe ficar até que amorne; depois coe as ervas. Leve a panela para o banheiro e tome seu banho normalmente. Depois que se enxaguar, vá jogando lentamente esse chá sobre o corpo e pedindo aos deuses proteção. Deixe-se secar naturalmente, sem o auxilio da toalha.

Prosperidade Financeira

Tome esse banho sempre que estiver precisando de sorte nos negócios.

Você vai precisar de um ramo de salsa, uma colher de sopa de pó de canela, uma noz -moscada ralada, uma colher de chá de mel e uma colher de chá de gengibre ralado. Prepare o chá da forma tradicional. Deixe amornar e depois coe. Tome seu banho normalmente e depois jogue lentamente essa mistura sobre o corpo. Seque-se naturalmente, sem o auxílio da toalha.

Liberar Energia Sexual

Esse banho destina-se a dissipar os bloqueios sexuais permitindo que a relação sexual transcorra solta e sem inibições.

Você vai precisar de 30 gramas de sementes secas de orégano e 20 gramas de folhas secas de alfavaca. Coloque dois litros de água numa panela para ferver e, quando estiver levantando fervura, jogue as ervas, tampe a panela e desligue o fogo. Deixe a mistura amornar, coe e leve para o banheiro. Tome seu banho como de costume e, depois de devidamente enxaguada, despeje a mistura vagarosamente sobre o corpo. Realize esse feitiço sempre no período da Lua Cheia.

Quem Terminou Um Relacionamento

Muitas vezes, embora tenhamos terminado um relacionamento, continua existindo um vínculo astral que impede que se prossiga com outras relações. Fica a sensação de que, de alguma forma, ainda continuamos ligados à pessoa, estabelecendo assim um sofrimento que não nos permite enxergar uma nova vida.Esse banho deve ser feito quando nos encontramos nessa situação.
Você precisará apenas de seis nozes inteiras. Coloque as nozes para cozinhar numa panela com dois litros de água durante três horas, acrescentando sempre um pouco mais de água. Ao final do tempo de cozimento, retire a panela do fogo e deixe amornar. Coe e leve ao seu banheiro, onde tomará seu banho normalmente. Quando estiver devidamente enxaguada, despeje vagarosamente a água de nozes sobre o corpo. Deixe-se secar naturalmente, sem o auxílio da toalha.

Crescimento Espiritual

Esse é um banho indicado para aqueles que aspiram crescer no caminho da magia. Você irá precisar da casca ralada de oito ovos e uma colher de sopa de raiz de lótus ralada. Coloque dois litros de água para ferver numa panela e despeje os ingredientes quando começar a levantar fervura. Tampe a panela, deixando ferver um pouco mais, e depois apague o fogo. Espere amornar e coe, levando para seu banheiro, onde tomará seu banho normalmente. Quando estiver devidamente enxaguada, despeje a água da panela vagarosamente sobre seu corpo.

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A Compreensão Espagírica dos Remédios

Beat Krummenacher

Excerto de Spagyric Tinctures: tradition, Preparation and Usage

Quase todos os métodos usados ​​hoje para preparar fitoterápicos (remédios vegetais) têm o objetivo comum de isolar, ou pelo menos reforçar, um ingrediente eficaz da planta. A tendência é obter uma caracterização clara e inequívoca de preparações farmacologicamente ativas e puras. Além dessa abordagem (de isolar ingredientes eficazes), há também o uso histórico e bem-sucedido de extratos de toda a planta, que muitas vezes é mais eficaz do que os compostos eficazes isolados. Uma explicação para este fenômeno é que em toda a planta existem substâncias “transmissoras” que permitem uma melhor absorção dos compostos eficazes no trato gastrointestinal. Mas mesmo em casos como esse é assumida uma correlação direta entre a substância química e a eficácia do remédio. Todos os métodos comumente usados ​​para preparar remédios de ervas são muito simples. Na maioria das vezes, a abordagem é preparar um extrato aquoso ou alcoólico de uma planta por maceração, extração ou outros métodos simples. Esses métodos têm o único objetivo de concentrar ou isolar os compostos eficazes que são conhecidos ou suspeitos de existirem. Assim, os métodos contemporâneos podem ser vistos como um resultado direto da compreensão teórica moderna do que constitui um remédio.

Aqui não encontramos diferença na Espagíria. Na Espagíria, também, a compreensão teórica determina os métodos práticos de trabalho. Assim, não se deve descartar prematuramente os métodos espagíricos sem conhecer a teoria espagírica. A falta ou o conhecimento insuficiente da teoria (da Alquimia) levou há algum tempo à conclusão de que a Espagíria é apenas a precursora da química moderna. Assim a espagíria é entendida como legitimamente descartada, porque sua teoria está desatualizada. Mas tal julgamento é prematuro e não faz justiça a a matéria. O fato é que os métodos simples para preparar tinturas de plantas comuns também eram bem conhecidos dos alquimistas. No entanto, eles não pouparam esforços para fazer seus remédios espagíricos. Repetidas vezes eles enfatizaram que o laborioso caminho da espagiria estava levando precisamente a remédios significativamente mais eficazes e mais benéficos do que os métodos dos “químicos”. Tal afirmação de quem conhecia os dois caminhos deveria nos fazer parar e pensar. Infelizmente, não temos estudos modernos que possam dar evidência clínica à afirmação de que as essências espagíricas são mais eficazes. Assim, teremos que primeiro tentar obter uma maior compreensão do lado teórico das preparações espagíricas.

Compreender os processos espagíricos básicos também nos ajuda a distinguir os procedimentos espagíricos verdadeiramente significativos dos “pseudospagíricos”. Mesmo nos círculos alquímicos, muitas vezes encontramos ignorância dos processos alquímicos reais, o que levou à introdução de elementos alienígenas nos procedimentos espagíricos de hoje. O quão importante é lidar seriamente com a Espagíria hoje se reflete no crescente interesse público em métodos alternativos de cura – que também incluem remédios espagíricos. Que o valor real das preparações espagíricas é muito maior do que o registro histórico mostra também é evidente quando consultamos o (Homeopathic Remedy Book), métodos espagíricos foram registrados lá, o que indica sua presença no mercado farmacológico. Para nos aproximarmos de uma compreensão da medicina espagírica, temos que explorar os importantes conceitos alquímicos dos Arcanos, de polaridade, bem como os três princípios alquímicos básicos.

Sobre o Arcano

Arcanum significa literalmente aquilo que é secreto. Seu significado é ilustrado pela seguinte citação de Paracelso: “O que vemos não é o remédio, mas o portador do remédio. Porque os arcanos dos elementos e do homem são invisíveis. O que é visível é o superficial, que não faz parte da essência curativa.” Essa parte invisível de cada substância médica é “toda a virtude da substância em mil vezes melhorada.” O Arcano é aquilo que é não-físico e indestrutível – é a parte eternamente viva da Natureza”. Um remédio, ou mais precisamente o que faz de uma substância um remédio, é aqui chamado de “arcano dos elementos”. Esses poderes de cura devem ser entendidos como princípios puramente abstratos ou espirituais, não materiais. Se entendermos os arcanos como princípios de cura imateriais que não podemos definir por sua substância material, isso não significa necessariamente que eles sejam ineficazes. No entanto, de acordo com o paradigma atualmente dominante, apenas assumimos como real aquilo que podemos perceber com os nossos sentidos e que é mensurável fisicamente. Este paradigma não permite uma avaliação concreta do conceito de arcanos, pois, segundo a tradição, os arcanos não são matéria bruta, mas realidades energéticas sutis. Paracelso muitas vezes chamou esses remédios transmitindo “arcanos” ao paciente e deixa inequivocamente claro que eles devem ser preparados alquimicamente: “Faça arcanos e aponte-os contra as doenças … Este é o caminho para curar e tornar saudável – tudo isso é realizado pela alquimia, sem a qual não poderia acontecer.” Com esta afirmação, ele também trouxe o fato de que os arcanos imateriais podem ser transmitidos. Isso significa que é possível preparar transmissores (os remédios espagíricos), que servem como veículos materiais dos poderes ocultos (arcanos). Esse tipo de pensamento diverge muito do nosso entendimento contemporâneo, que faz uma conexão causal entre o efeito e a substância. No entendimento atual, é a própria substância que realiza a cura, devido a alguma interação físico-química com o organismo. Para Paracelso e os alquimistas, a substância material não produz cura, mas é o veículo para os poderes causadores do efeito (curativo). A substância é apenas a matriz ou forma que serve para encarnar os arcanos.

Sobre as polaridades

Os hermetistas enfatizaram repetidamente que tudo o que existe está sujeito à lei da polaridade. Eles expressaram isso na forma da seguinte afirmação axiomática como parte dos sete princípios herméticos mencionados antes: “Tudo é duplo – tudo tem dois pólos, tudo tem seu par de opostos; semelhante e diferente é o mesmo; opostos são idênticos em natureza, apenas diferentes em grau; os extremos estão conectados; todas as verdades são apenas meias verdades; todas as contradições podem ser reconciliadas”. (Do Caibalion) Em todos os lugares encontramos polaridades: dia e noite, claro e escuro, quente e frio, atração e repulsão em eletricidade estática e magnetismo, grande e pequeno etc.

Mas esses extremos aparentemente opostos são apenas diferentes graus de expressão para uma mesma força básica. Dessa forma, atração e repulsão são resultados do mesmo magnetismo. Assim, atração e repulsão permanecem inalteradas quando nos aproximamos de um ímã com um pedaço de ferro – o poder magnético é o mesmo. Quente ou frio são ambos os aspectos da temperatura. Da mesma forma, dia (claridade) e noite (escuridão) são apenas aspectos da Luz que diferem em intensidade, enquanto grandes ou pequenos são aspectos de Tamanho.

Polo Negativo  ⬅️  Magnetismo ➡️  Polo Positivo

Frio  ⬅️  Temperatura  ➡️ Calor

Noite  ⬅️   Luminosidade  ➡️  Dia

Ilustração: Cada atributo, na verdade tudo o que existe, contém em si uma polaridade. Opostos (polaridades) são aspectos de uma propriedade ou força básica.

Os extremos aparentemente opostos de uma polaridade, assim, provam ser de natureza idêntica em relação à sua propriedade básica. Eles estão apenas ‘diferindo em grau’. Ambos os extremos tornam-se significativos apenas pelo efeito concreto que têm sobre um terceiro princípio. Também é possível defini-los pela existência ou ausência total de um dos princípios. Por exemplo, distinguimos entre luz e escuridão porque nosso olho percebe muita ou pouca luz. Mas na escuridão absoluta não há mais luz presente – o próprio princípio (luz) não aparece mais.

Da mesma forma, a potência médica como uma soma total de atributos curativos se manifesta de acordo com o princípio hermético da polaridade na forma de opostos polares. Um lembrete: Os poderes de cura que causam os efeitos curativos foram chamados de “arcanos” por Paracelsus. A alquimia define assim um remédio como uma preparação que transmite a potência dos arcanos para fins de cura. O oposto polar de curar é adoecer ou envenenar. Aqui também é verdade que o “grau” dos arcanos é experimentado por meio de sua interação com um terceiro princípio, ou seja com o organismo, onde demonstre atuar como agente curativo ou envenenador. A relatividade dessa determinação pode ser vista no fato de que algumas substâncias são curativas ou neutras para um animal, mas tóxicas para o ser humano. Paracelso, portanto, usa o termo “arcano” em um sentido duplo, o que é um fator crucial a ser considerado. Ele entende “arcano” como o remédio com poderes em geral, bem como o efeito que um extremo polar tem no corpo (cura), que ele chamou de remédio. Para evitar a falta de clareza nas páginas seguintes, nos referiremos aos arcanos apenas como os poderes imateriais subjacentes à cura ou envenenamento. O efeito desses poderes no organismo situa-se entre os extremos do remédio ou do veneno.

Veneno  ⬅️   Arcana  ➡️  Remédio

ilustração: “veneno ou remédio” é um par de opostos das forças ocultas de cura chamada arcana.

A diferença entre remédio e veneno em seu efeito sobre o organismo humano é, portanto, apenas uma questão de grau. Definimos o efeito curativo sobre o ser humano como construtivo, potencializador e harmonizador, enquanto o efeito do veneno é destrutivo, diminutivo e desarmônico.

A compreensão moderna vê a causa direta do efeito curativo de um remédio na substancialidade material do agente curativo. De acordo com os pensamentos desenvolvidos acima, a substância consiste em veneno e remédio! É por isso que o efeito depende da dosagem.

Quanto mais substância aplicarmos no paciente, mais intenso será o efeito farmacológico e uma dose alta pode até causar o inverso do efeito curativo desejado: uma overdose pode causar a morte do paciente. Paralelamente ao aumento da dosagem, o efeito curativo cresce, mas é sempre limitado pelo efeito venenoso: as propriedades destrutivas do veneno são potencializadas junto com os efeitos construtivos do remédio, até causar sintomas e defeitos manifestos ao impedir as funções celulares.

O Alquimista vai mais fundo: para ele, a substância é apenas o veículo dos arcanos. Não há nenhuma conexão convincente entre a substância física e seu efeito. Ele vê o efeito corretivo também nas substâncias “químicas” não processadas. No entanto, a conexão entre dosagem e efeito é interpretada de forma diferente em não-químicos, ou seja, preparações espagíricas, tomando uma forma alquímica. O alcance terapêutico é especialmente muito ampliado. Isso é conseguido primeiro dissociando e depois separando os princípios por procedimentos espagíricos: os arcanos são alterados em sua estrutura interna pela dissociação e depois liberados de sua conexão íntima com a substância física pela separação.

A diferença teórica básica entre as duas abordagens se reflete em sua prática: o Químico apenas separa, enquanto o Alquimista dissocia e depois separa. Essa importante diferença teórica e prática das duas abordagens também é encontrada na obra de Paracelso. Todas as citações citadas acima se referiam a Paracelso, o Alquimista. Mas, ao mesmo tempo, Paracelso estava bem ciente da diferença entre alquimia e química. A seguir, uma passagem muito citada de suas obras, quando a questão é retratar Paracelso como o fundador da química moderna: “Todas as snstâncias são venoosas, e nada é sem veneno, apenas a dose determina que uma substância seja não venenosa.”

Esta citação nos mostra que ele conhecia as características típicas da substância puramente química. Mas é também aparentemente uma contradição com a abordagem alquímica. Porque, enquanto o remédio não for preparado espagiricamente, o efeito sempre se mostra ligado à substância. O próprio Paracelso distinguiu precisamente entre as propriedades da matéria-prima não processada e da preparada quimicamente, por um lado, e as propriedades da preparação alquímica, por outro. Enquanto de acordo com Paracelsus na abordagem química a dosagem determina o veneno, isso não é verdade para a abordagem alquímica! A razão dessa diferença está no processo de dissociação dos arcanos, que é o elemento mais importante da Espagírica. Se aplicarmos a estrutura dada acima, podemos elucidar ainda mais essa diferença comumente incompreendida.

Separação Química: Os arcanos entre os extremos do veneno e do remédio são inseparáveis ​​da substância material, a menos que sejam dissociados via procedimento Alquímico. Ao usar extrações simples, também estamos aplicando um processo de separação. Certas substâncias aparecem no extrato, outras ficam no resíduo. Mas os alquimistas afirmam que uma simples extração não dissocia o “puro do impuro” (‘puri ab impuro’); é apenas um processo de separação.

Apenas a Putrefação pode levar à dissociação dos arcanos. Por enquanto, aceitaremos essa alegação como verdadeira e examinaremos as consequências que isso tem sobre os procedimentos químicos. O extrato também contém os arcanos sem alterá-los; na melhor das hipóteses, aumentamos sua concentração se os compostos ativos que carregam os arcanos forem dissolvidos no extrato. Podemos então reduzir a dosagem, mas em princípio não mudamos nada. Dependendo da dosagem, o homem ainda está confinado ao alcance efetivo dos arcanos entre veneno e remédio.

Substância Bruta:

Veneno  ⬅️       Arcana      ➡️  Remédio
(separação química)

Remédio Químico:

Veneno  ⬅️        Arcana        ➡️  Remédio
⬇️                            ⬇️
⬇️                            ⬇️
⬇️                            ⬇️  


Veneno  ⬅️Substancias isoladas➡️ Remédio

   Ilustração 5: Nas preparações químicas os arcanos não são alterados estruturalmente. Eles continuam a afetar o homem na polaridade ‘Veneno’ e ‘Remédio’.

Dissociação Espagírica: Em contraste, a Putrefação dos Alquimistas leva a uma mudança na estrutura interna dos arcanos. O Alquimista sabe exaltar (elevar) os Arcanos para que não haja mais efeitos venenosos sobre o homem. Os mesmos arcanos são transmitidos através de um remédio alquímico, mas são alterados na medida em que têm um efeito unicamente harmonizador sobre o organismo humano. Efeitos destrutivos não são mais possíveis. Esse fato pode ser resumido na seguinte frase: O remédio é dissociado do veneno. (Dissociação do ‘Falso’ do ‘Verdadeiro’). E ainda assim a polaridade é preservada! Porque o pólo que anteriormente chamamos de “remédio” é em si mesmo de natureza dual. O remédio mostra um lado nobre e um lado menos nobre. Mas em relação ao homem ambos os pólos têm um efeito curativo, porque através do processo espagírico todas as energias destrutivas (venenos) foram eliminadas. Este é o aspecto invisível da dissociação alquímica (ilustração abaixo). Em um processo paralelo, os arcanos também são separados de sua substância portadora física: é possível isolar, por métodos simples de separação, apenas aquelas substâncias químicas que servem como portadores ótimos dos arcanos em sua forma exaltada. Todos os elementos que obstruem o efeito do remédio são eliminados. A essência espagírica emerge assim também em uma forma externamente purificada. Este é o aspecto visível da dissociação alquímica.

Substância Bruta:

Veneno  ⬅️       Arcana      ➡️  Remédio
(separação química)

Dissociação Espagírica:

Veneno  ⬅️       Arcana      ➡️  Remédio
❌                      ⬇️
⬇️
⬇️
Menos Nobre  ⬅️Remédio➡️ Mais Nobre

Ilustração: Na preparação espagírica há sempre primeiro uma mudança na estrutura interna dos arcanos. Somente o pólo remédio dos arcanos afeta o homem. Mas a polaridade do poder de cura também tem uma natureza dupla, que é indicada pelo sinal + (para o aspecto nobre) e pelo sinal – (para o aspecto menos nobre).

Uma citação da “Carruagem Triunfante do Antimônio” de Basilius Valentinus ilustra esses pensamentos. Seu texto trata do processamento espagírico do antimônio, que na época era o nome do minério de sulfeto de antimônio (stibnita). Como a base teórica da Espagírica é universal, também podemos consultar um trabalho sobre minerais para fins de ilustração. Veremos que os parágrafos acima correspondem exatamente ao pensamento alquímico em geral.

Basil Valentine tem plena consciência de que o antimônio comum é venenoso e inutilizável como remédio: … “É por isso que ninguém o usa – porque é venenoso.” Mas isso muda à medida que o espagirista processa o antimônio: “Depois da correta e verdadeira preparação do antimônio não há mais nenhum veneno presente, o antimônio deve ser totalmente e completamente modificado pela arte espagírica, para que o veneno possa se transformar em um remédio. Sem tal preparação você não terá uso do antimônio, mas virá a causar danos e problemas.” Ele descreve o processo de dissociar o puro e o impuro, o veneno e o remédio da seguinte forma: “Você deve cuidadosamente dissociar o Antimônio, o bom do ruim, o fixo, do não-fixo e o remédio do veneno, para que assim possa resultar em verdade e honra… Ninguém deve se surpreender que nós dissociemos o puro do impuro, o veneno do remédio… porque isso é provado no trabalho diário da experiência do Proba… Porque o veneno é removido pelo processo de dissociação e a mudança do mal ao bem ocorre.. é assim que o fogo trás a dissociação do veneno e do remédio, do bem e do mal.”

Os Três Princípios Alquímicos

Estabelecemos que os alquimistas entendiam os arcanos como os poderes invisíveis de cura em uma forma material específica. O arcano aparece como uma polaridade entre o veneno e o remédio em relação a um terceiro princípio, o organismo humano. Mas os arcanos são energias invisíveis escondidas na substância, que é apenas seu portador ou matriz. Dissemos também que o processo espagírico é distinto do método químico na medida em que provoca uma mudança na estrutura interna dos arcanos por meio da Putrefação. Foi assim que descrevemos o processo espagírico fundamental de dissociação. Mas isso ainda não é o suficiente para explicar o mecanismo da mudança nos arcanos e na substância. Ainda não está claro o que permite a transmutação de um veneno em um agente curativo.

Para responder a esta questão, temos que olhar mais de perto os arcanos: Os alquimistas afirmam que tudo na natureza consiste em três princípios essenciais, que eles denominaram Sal (sal), Sulfur (enxofre) e Mercurius (mercúrio): “Estes três – mercúrio, enxofre e sal – nunca estão sem o outro; onde você encontra um, há sempre todos os três unidos, e em todo o mundo não há nada que não consista desses três – e destes três é feito tudo o que está no mundo.”

Ilustração: Os três princípios alquímicos e seus símbolos

É claro que os três princípios não são idênticos ao que hoje entendemos como mercúrio, enxofre ou sal químicos. Repetidamente este fato tem levado e leva a mal-entendidos. No entanto, as palavras não foram escolhidas aleatoriamente – as propriedades do sal comum, mercúrio e enxofre correspondem fenomenologicamente às propriedades dos princípios alquímicos abstratos. Curiosamente, os três princípios alquímicos encontram uma representação surpreendente na física. Contemplando a descrição de uma vibração física, cuja forma mais simples é a curva seno ou cosseno, podemos distinguir três parâmetros que descrevem completamente uma curva:

1. A forma da curva, no nosso caso senos ou cossenos. Esta é uma expressão da qualidade, a maneira como algo vibra ou como vibra.

2. A amplitude, que é a medida para a quantidade ou grau de desvio do meio

3. A frequência ou o número de vibrações por unidade de tempo, que é uma medida para o movimento da vibração, sua excitação.

Cada vibração – por mais complicada que seja – pode ser demonstrada como um padrão de interferência único de vibrações harmônicas (análise de Fourier). A forma ou qualidade de uma vibração mais complicada é expressa no espectro de frequências, a quantidade de amplitudes – sendo a amplitude total composta pela soma das amplitudes individuais – e também a própria frequência que define a vibração. Podemos comparar essas formas de definir uma curva com a descrição dos três princípios alquímicos, como os encontramos nos textos alquímicos:

O sal é o princípio de condensação e endurecimento, que permite a coesão da matéria. O sal também pode ser chamado de princípio de fixação ou firmeza. É o componente material ou estático (fixo) em todas as coisas, a corporeidade da substância e da materialização. Depois de submeter uma substância ao fogo, o Sal permanece como a parte indestrutível da substância – sem forma. Assim, podemos caracterizar o Sal também como relacionado à quantidade (amplitude). Em relação ao homem, Sal significa o corpo físico como um todo.

O enxofre é a propriedade característica de uma substância. Ele define a essência, a alma. O enxofre nos mostra com o que estamos lidando – denota forma, cor, forma e outras propriedades características. O enxofre também indica quão bem uma substância queima. Assim, Enxofre refere-se à qualidade de uma substância. No homem, o enxofre significa a alma.

O princípio do movimento está contido em Mercúrio. Mercúrio é também o princípio vivificante, o espírito. Mercúrio é a energia vital, a força motriz, despertando para a vida as qualidades específicas (Enxofre) dentro do corpo (Sal). Movimento é mudança, e mudança está ligada ao tempo. Mercúrio, portanto, relaciona-se com o conceito de frequência. No homem, o mercúrio é a essência da vida ou espírito.

Sal, Enxofre e Mercúrio (corpo, alma e espírito) são, portanto, análogos às propriedades físicas que descrevem exaustivamente uma vibração. Mas, de acordo com a física moderna, tudo o que é material nada mais é do que energia – energia vibratória. Nesse contexto, a afirmação dos alquimistas de que tudo consiste em três princípios básicos é surpreendentemente relevante e significativa.

Sal Sulfur Mercurius
Sal Enxofre Mercurio
Amplitude Forma da Curva Frequência
Quantidade Qualidade Movimento
Ser Físico Gestalt, Essência Energia Vital, Mutabilitade
Corpo Alma Espírito

Ilustração: Algumas analogias para os três princípios alquímicos

Agora podemos entender melhor o significado abstrato dos três princípios. Mas temos que ter em mente que Sal, Enxofre e Mercúrio também podem se manifestar fisicamente. Todo princípio se materializa na forma física de acordo com suas propriedades. Também temos que considerar a polaridade do visível e do invisível. As três manifestações materiais juntas formam o “Corpus”, que percebemos com nossos sentidos; suas potências internas de poder, porém, os tríplices arcanos, permanecem invisíveis É somente através do processo espagírico que o Corpus pode ser destruído e Sal, Enxofre e Mercúrio, tanto em sua forma física quanto em sua forma invisível, podem ser acessados ​​para uso terapêutico.

Paracelso descreve o aspecto material dos três princípios da seguinte forma: “Há três substâncias que dão a cada coisa seu Corpus – três coisas compõem cada coisa física. Os nomes dessas três coisas são Enxofre, Mercúrio e Sal. Quando esses três são unidos em um, então isso é chamado de corpus… Então, em uma forma de qualquer corpus, estão contidas invisivelmente todas as três substâncias… por exemplo, se você pegar um pedaço de lenha na mão, então verá só uma coisa (corpo/corpus) … agora queime-o … o que queima é o enxofre – nada queima além do enxofre; a fumaça indica o Mercúrio – nada sublima além de Mercúrio, e o que você encontra como cinzas é Sal – nada sobra nas cinzas, senão Sal.”

A passagem a seguir explica o significado abstrato dos três princípios: “Sabemos assim que nos três princípios, tudo o que é quebrado ressuscita; uma árvore vazia de seu líquido (mercúrio) secaria, se o enxofre fosse retirado da árvore não teria forma e se o sal fosse retirado, não teria coesão, mas ele se desfaria como um barril sem o anel de ferro … “A manifestação visível e invisível dos três princípios torna-se ainda mais evidente quando as estamos rastreando em uma planta: “cada planta de acordo com sua natureza é composta de três coisas, ou seja, sal, enxofre e mercúrio: esses três se juntam e então formam um corpus, um ser unificado. .. Mas sabemos que forma esses três princípios assumem: um é um líquido e esse é o mercúrio, outro é um óleo e esse é o enxofre e um é alcalino e esse é o sal”.

Especificado quimicamente:

Sal: Os sais minerais solúveis lixiviados da substância vegetal calcinada são chamados de álcalis ou Sal. Este ao mesmo tempo é o princípio da fisicalidade – indestrutível pelo fogo – a quantidade.

Enxofre: As partes voláteis, oleosas e principalmente perfumadas da planta são o enxofre. Mais proeminentemente encontramos este princípio nos óleos essenciais. Essas substâncias que caracterizam cada planta também são uma ilustração adequada do modelo alquímico: o enxofre pode ser entendido como a alma ou essência de uma planta.

Mercúrio: Mercúrio foi definido como energia vital, como o princípio do movimento. É o espírito ainda invisível que só se manifesta após a putrefação (fermentação). Se fermentamos uma planta obtemos seu espírito como álcool etílico e outros produtos altamente voláteis da fermentação. Ainda hoje a palavra “espíritos” é usada para bebidas alcoólicas em referência a essa conexão. (Ilustração 10)! O princípio vivificante do mercúrio não está vinculado a nenhuma espécie de planta. Todas as plantas compartilham o princípio da vida. O ponto de vista alquímico explica assim facilmente que após a fermentação de diferentes espécies vegetais o mesmo espírito aparece na forma física (matriz química) do álcool etílico.

Ilustração: Forma material dos três princípios dentro das plantas (Corpo, Alma e Espírito), (Sais Minerais, Óleos Essenciais e Álcool)

A Estrutura Interna dos Arcanos

Agora podemos entender mais precisamente a estrutura interna dos arcanos: Os arcanos são, por um lado, a potência curativa ou poderes ocultos de cura da planta; por outro lado, estão vinculados à manifestação material da planta. Os arcanos são energias, mostrando-se em forma tríplice. A substância, como portadora dos arcanos, também espelha sua estrutura interna de forma tripla. Esses três princípios, invisíveis e visíveis, são chamados de Sal, Enxofre e Mercúrio. Os arcanos também estão sujeitos à polaridade. Definimos os dois pólos dessa polaridade como veneno e remédio. Podemos agora entender a polaridade do veneno e do remédio como um efeito da tríplice subestrutura dos arcanos. Assim podemos retratar.

Veneno  ⬅️       Arcana      ➡️  Remédio
↕️                       ↕️                        ↕️
Veneno  ⬅️           Sal         ➡️  Remédio
Veneno  ⬅️       Enxofre     ➡️  Remédio
Veneno  ⬅️       Mercúrio     ➡️  Remédio

Ilustração: Em sua estrutura interna, os arcanos mostram uma tripla polarização

Se quisermos liberar apenas o lado do remédio dos arcanos, temos que considerar corretamente sua estrutura interna. Só então podemos escolher o procedimento certo para alcançar uma completa dissociação e separação. Apenas assim podemos prosseguir na compreensão do processo espagírico básico.

O Processo Espagirico

O objetivo do processo espagírico é obter os arcanos – que definimos como energias de cura vibratórias – de tal forma que a preparação espagírica resultante contenha apenas frequências, amplitudes e formas curvas de cura que são benéficas para o organismo tratado. Todas as vibrações desarmônicas de frequência inferior devem ser eliminadas. Como poderes de cura invisíveis, os arcanos não podem ser acessados ​​diretamente, mas apenas indiretamente através da substância transportadora. Assim, é vital eliminar e separar todas as substâncias portadoras de materiais com baixas frequências, formas de curvas desarmônicas ou amplitudes ásperas (grossas). O procedimento mais fácil seria obter os arcanos em um  único passo – e fazê-lo como um todo – na forma de um remédio puro. Mas quando na prática processamos as plantas, percebemos que esse método de uma etapa é impossível. Se extraímos assim, partes essenciais da planta ficam no resíduo e sua quantidade depende do solvente. Se destilamos, obtemos apenas as partes voláteis, e todos os minerais são perdidos nesse processo. Se queimamos a planta, queimamos os óleos e substâncias etéreas típicos junto com os componentes orgânicos e os únicos resíduos são os componentes inorgânicos. Em suma, é impossível obter todos os três princípios ao mesmo tempo. A separação “química” de um princípio leva à destruição ou perda dos outros. Assim, só nos resta uma escolha: primeiro temos que deixar a planta morrer, ou seja, precisamos processá-la de maneira que os três princípios firmemente unidos na planta viva sejam dissociados sem destruição ou perda de nenhum princípio. Este primeiro passo de todos os processos espagíricos os alquimistas chamavam de Putrefatio (putrefação), Digestão, Fermentação etc. Há diferentes nomes para este processo, porque diferentes métodos são aplicados dependendo das substâncias que são a base da dissociação. Somente a putrefação pode dissociar os princípios alquímicos e separar sua polaridade inata de veneno e remédio. Somente a morte da substância possibilita o nascimento da essência pura. Um autor anônimo descreveu esse processo em 1782 da seguinte forma: “A morte é a putrefação, a separação do bem e do mal, do puro do impuro; através disso, o novo corpo e a tintura podem renascer. como uma folha de grama cresce de uma semente, assim também o corpo velho dá à luz o novo corpo através da putrefação.” Kirchweger diz: “Nós, portanto, começamos no portão principal da natureza – na chave e ponto de origem de todo nascimento, destruição e renascimento – sem esta chave não podemos sondar o fundo dos mistérios da Natureza, e esta chave é o ponto focal da arte da dissociação: chama-se putrefação… Portanto, não podemos esperar a verdadeira dissociação sem maceração, digestão ou fermentação … ”

Ilustração: Somente a morte permite o despertar para uma nova vida. Quem sabe isso colherá frutos abundantes (simbolizado pelo trigo na beira do túmulo) e acertará o alvo, ou seja, praticará com sucesso. A putrefação correta é a chave para toda a arte (veja a chave acima do alvo).

Tendo assim desvendado a substância, temos que separar os princípios uns dos outros. Somente após essa dissociação os procedimentos de separação “químicos” fazem algum sentido, pois os princípios dissociados podem agora ser isolados. Agora podemos obter Sal, Enxofre e Mercúrio sem destruir ou perder nenhum dos outros princípios. Para este fim são utilizados os processos de destilação, calcinação, etc. Mas não basta separar Sal, Enxofre e Mercúrio um do outro. Também temos que purificar cada princípio de acordo com sua polaridade inerente. A purificação é conseguida através do uso de um fogo externo. Porque cada substância pode ser purificada sem destruir sua essência no fogo.” No entanto, a temperatura certa deve ser aplicada, dependendo das propriedades específicas da substância. Exemplo: Os compostos de sal ativamente carregados são os únicos componentes que sendo sais amorfos são mortos e alquimicamente inúteis – por isso foram apropriadamente chamados de ‘caput mortuum’ (cabeça da morte). Se usarmos (relativamente falando) temperaturas muito altas na calcinação de uma planta, obtemos os componentes inorgânicos nas cinzas. Só neste ponto podemos dissolver os sais alquimicamente valiosos do ‘caput mortuum’, mas se quiséssemos fazer uma destilação para obter enxofre e mercúrio nas mesmas altas temperaturas, isso levaria à queima dos resíduos no frasco, inutilizando todo o destilado. Se finalmente separamos e purificamos os princípios, eles devem ser trazidos para uma nova unidade. Isso porque somente a conjunção do três princípios constituem os arcanos, que agora aparecem em uma nova e completa forma (Gestalt) como a potência ativa de cura sem a polaridade do veneno. Assim, o processo espagírico básico prossegue em quatro etapas:

1. A Putrefactio (Putrefação) ou fermentação
2. A Separatio (Separação) dos princípios
3. A Purificatio (Purificação) dos princípios
4. A Cohobatio (Coobação ou conjunção) dos princípios ou o casamento químico, produzindo a essência espagírica

Neste processo quaternário está o segredo da obtenção de preparações espagíricas. Agora podemos ver que  tinturas comuns, extrações, decocções etc., só em parte podem fazer uso dos poderes curativos das plantas. Nessas preparações, os três princípios não são completos, nem purificados, nem combinados em suas propriedades curativas. Também o processo de putrefação – tão essencial à dissociação dos três princípios – está ausente nos procedimentos químicos. Portanto, os ‘quimistas’ nunca podem libertar um princípio sem destruir outros ao mesmo tempo. Em contraste, a preparação espagírica “desbloqueia” completamente a planta, de modo que o caminho é aberto para a obtenção da essência espagírica contendo apenas os princípios purificados.

Traduçao: Tamosauskas

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alquimia/a-compreensao-espagirica-dos-remedios/

A arte de se fazer óleos essenciais

Trata-se de infundir a gordura com a essência da erva, entretanto, existe ervas que não se pode retirar o seu óleo essencial na gordura e sim com álcool fazendo assim uma tintura magica… Preferencialmente utilize de plantas frescas, caso não consiga, pode ser utilizadas erva secas, porem o processo é mais demorado.

Necessário:

  • 1 pilão
  • 1 Recipiente de vidro 1 recipiente de ferro/alumínio  ou cobre (ou seu caldeirão)
  • 1 colher de pau Erva que será retirada à essência
  • 1 Recipiente virgem com tampa  de plástico ou rolha de cortiça Funil de vidro ou seringa plástica
  • Óleo mineral, de acordo com a quantidade de óleo que ira fazer

Processo (com ervas seca):

Encha o seu caldeirão de agua e ponha dentro dele o recipiente de vidro ponha o óleo mineral, acenda o fogo baixo (o óleo mineral não poderá ferver), com o pilão você ira macerar a ervar seca (não reduza a erva a pó), ponha a erva no recipiente de vidro já com o óleo mineral; mexa em sentido horário (caso o óleo seja para a “fazer” se for para “desfazer” faça no sentido anti-horário) por uns 23 mim, no processo você tem que presenciar e sentir a energia da transmutação e os aromas ali expelidos (caso tenha algum problema respiratório use uma mascara), é de extrema necessidade que se faça estes óleos em regime ritualísticos ( de acordo com a sua crença).

O óleo não ficara com o aroma tão acentuado (dependendo da erva) como os industrializados, porem, terá a “funcionalidade” mil vezes melhor do que os outros; não se esqueça de que agora ali reside os espirito da planta, e funcional igualmente aos florais porem de forma e aplicações diferentes. Retire o óleo ainda quente para o frasco já disponibilizado anterior mente e lacre-o/feche-o com a tampa.

 

Precauções:

Não fazer mais que 3 tipos diferentes de óleos numa mesma noite, não se esqueça da fase da deusa quando forem fazer este processo mágico. Se purifique antes de fazer este processo. Não se esqueça de nomear os recipientes para não se atrapalhar.

Possíveis problemas:

1) Tampando o recipiente com a rolha de cortiça: a rolha ira fazer uma preção no conteúdo do recipiente, assim o óleo ira vazar pela tampa; recomenda-se fazer uma impermeabilização da rolha antes de usa-la, porem cuidado com que ira usar pois poderá infectar o conteúdo e estragar o resultado final deste processo.

2) A fervura do óleo ira por todo o processo a perder: quando a erva fritar no óleo seu óleo essencial ira se perder ela ira queimar, e o óleo ficara inutilizável. É de estrema necessidade (já que você queira trabalhar com esta arte) que tenha um jardim onde estejam plantadas as erva que você mais utiliza…

Vitor Mandraco

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-arte-de-se-fazer-oleos-essenciais/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-arte-de-se-fazer-oleos-essenciais/