‘Sepher HaBahir

O Sepher haBahir também chamado de Midrash do Rabi Nehuniah ben Hakana é, juntamente com o Sepher Yetzirah que o precedeu e o Sepher haZohar que o suscedeu, um dos trabalhos clássicos da Cabala.

Seu nome vem do primeiro versículo citado no seu próprio texto: (Jó, 37-21) “E agora não se vê luz, o céu é luminoso (bahir)”.

Citado no comentário de Raavad a respeito do Sepher Yetzirah e pelo Ranban (Rabi Moshe Nachman) em seu comentário sobre a Torah, é também, por diversas vêzes, parafraseado no Zohar, conforme Aryeh Kaplan em sua introdução à tradução e comentário do Bahir.

Dizia Moshe Cordovero (1522-1570): “As palavras deste texto são lumionosas (Bahir) e cintilantes, mas o seu brilho pode cegar…”.

Acredita-se que o Bahir foi composto em meados do século XII (1175), na escola cabalística de Provance (França), e circulou por quase cinco séculos em forma de manuscrito, restrito a um círculo restrito de cabalistas judeus, antes que fosse impresso em Amsterdã no ano de 1651.

Sua primeira edição em outra língua deu-se em 1923 para o alemão e após em 1980 para o inglês. Assim, o Bahir é, como o Zohar um trabalho não muito popular, seu texto é porém muito menor que o do Zohar, em torno de 12.000 palavras, e maior que o Sepher Yetzirah.

Embora o Bahir seja considerado como produto dos ensinamentos do Rabi Nehuniah, partes consideráveis do trabalho são atribuidos a outros autores de sua escola ou descendência. Dentre estes, são citados o Rabino Akiba, o Rabino Eliezer o Grande, Rabino Berachia, Rabino Yochanan ben Dahabai, Rabino Levitas ben Tavros e Rabino Rahumai o mais citado dentre todos, suscessor do Rabi Nehuniah como líder da escola, que também conheceu o Rabi Pinhas ben Yair, sogro do Rabi Shimon bar Yochai, autor do Zohar. Diz a lenda que Rabi Rahumai estava junto com o Rabi Pinhas, quando Rabi Shimon saiu de sua caverna no Kineret, onde o Zohar lhe foi revelado…

Conta-nos Aryeh Kaplan, que com o encerramento do período Talmúdico, o círculo de cabalistas diminuiu e, em certas épocas, pode não ter ultrapassado uma parca dúzia de indivíduos. Porém este grupo era tão unido que, muitas vêzes, pessoas estranhas nem suspeitavam de sua existência. Embora fosse importante manter a tradição da Cabala, também era importante evitar que caísse em mãos erradas…Dentre os cabalistas “pré-Bahir”, podemos citar Natronai Gaon (794-861), Sherira Gaon(906-1006), Hai Gaon (939-1038).

Por outro lado, sábios como Maimônides (1135-1204) que escreveu a Mishné Torah e o Rabi Yehudá ben Barzilai (1035-1105) autor de um dos mais extensos comentários sobre o Sepher Yetzirah, nunca viram ou comentaram nada sobre o Bahir.

Ainda dentre os conhecedores da Tradição encontram-se Ravaad o Rabino Avraham ben David de Posquieres (1120-1198), filho de Avraham ben Itzrak e pai de Isaac o Cego, que embora fosse cego possuia a reputação de poder ver a alma de uma pessoa e de ser capaz de ler os seus pensamentos. Isaac o Cego, que foi chamado de “Pai da Cabala” pelo Rabi Bachya Asher (1276-1340) em seu comentário sobre a Torah, transmitiu a tradição a seus discípulos Ezra e Ariel, e estes ao Rabino Moshe ben Nachman (Nachmanides), conhecido como Ranban (1194-1270) que citou frequentemente o Bahir em seus comentários sobre a Torah.

O Bahir foi o texto mais importante da Cabala Clássica, até a publicação do Zohar em 1295. E este último extende-se em muitas oportunidades sobre comentários e conceitos encontrados inicialmente no Bahir. De fato um estudo cuidadoso revela uma considerável semelhança entre os dois trabalhos, o que pode ser explicado pelo fato de que o Rabino Shimeon bar Yochai, autor do Zohar, conhecia os ensinamentos de Rabi Nehuniah, mesmo antes da revelação mística especial da caverna o Rabi Shimeon já devia ter sido iniciado na Tradição dos “Mistérios da Carruagem” conforme o Bahir chama a Cabala, e a ligação deve ter sido o Rabi Pinhas ben Yair, sogro de Shimeon e amigo do Rev Rahumai, conforme citado. De especial interesse é também o fato de que ambos os trabalhos Zohar e Bahir referem-se à Luz e a Brilho…

Ainda conforme Kaplan, resumimos a seguir a estrutura do Bahir e seus ensinamentos:

1 – Primeiros versículos da criação (1-16)

2 – O alfabeto (27-44)

3 – As Sete Vozes e Sephiroth (45-123)

4 – As dez Sephiroth (123-193)

5 – Mistérios da Alma (194-200)

O Texto inicia-se por uma declaração do Rabino Nehuniah:

Disse o Rabi Nehuniah ben Hakanah – como está escrito:

“E agora não se vê a luz, o céu é luminoso (bahir)”.

“Ele fez das trevas o Seu esconderijo”.

“Nuvens e trevas O envolvem”.

“Mesmo a treva não é para Tí”.

“A noite reluz qual dia – luz e treva são o mesmo”.

…prossegue com o Rabi Berachiah, está escrito:

“A terra era Caos (Tohu) e Desolação (Bohu)”.

Rabi Rahumai e Amorai entram no debate, sobre o conceito de “o que preenche” (maley) – (Isaias 6:3) “Sua glória preenche toda a terra”.

A letra beith, que inicia a Torah recebe considerável atenção.

A segunda parte trata das oito primeiras letras do aleph-beth, de Aleph à Cheth. No final desta parte (40-44) trata-se das vogais e de alguns dos sinais massoréticos, Kaplan, em seu comentário sobre o Bahir curiosamente vincula-os ao Sephiroth.

A terceira parte inicia-se pelo exame das sete vozes escutadas no Sinai, e ao indagar a relação entre estas e os Dez Mandamentos, inicia um exame do Sephiroth.

Subseções importantes nesta parte incluem explicações sobre Isaías (51-56) e do terceiro capítulo de Habacuc (68-81). Numerosos conceitos do Sepher Yetzirah são introduzidos e comentados (63-106) o que conduz a um exame dos diversos nomes místicos de Deus (106-112). Importância especial é dada ao número 32, que corresponde aos Caminhos da Sabedoria ao valor numérico de Lev (coração) e ao número de fios do Tzittzit:

63. O que é o seu coração ?

… O coração (Lev) é trinta e dois. Esses são secretos, e com eles o mundo foi criado (alusão ao Sepher Yetzirah).

Que são esses trinta e dois ?

Disse ele: São os 32 Caminhos.

É qual um rei que estivesse na mais recôndita de várias câmaras. Deveria o rei, então, trazer todos para sua câmara através destes caminhos ? Concordareis que ele não deveria. Deveria ele revelar suas jóias, suas tapeçarias, seus segredos ocultos e escondidos ? Concordareis mais uma vez que ele não deveria. O que faz o rei ? Ele toca a Filha e inclui todos os caminhos nela e em suas vestimentas.

Aquele que desejar entrar, deve alí fitar.

Ele a casou com um rei e, também lhe deu ela como presente.

Por causa do seu amor por ela, ele, às vezes, a chama de “minha irmã”, pois são ambos do mesmo lugar. Às vezes, a chama de minha filha, pois ela é de fato sua filha. E, às vezes a chama de “minha mãe”.

Em seu comentário, Kaplan esclarece várias passagens, sendo interessante que o Coração (Lamed Beth) representa a Torah em sua totalidade pois esta inicia-se com a letra Beth e termina com a letra Lamed).

Kaplan continua, com a complexa explicação do parágrafo final:

…Embora a origem da revelação seja Netzach (Vitória) e Hod (Esplendor), em sua última instância, toda revelação vem através do Reino (Malchuth), que é Fêmea. É também, a Presença Divina – Schinah. Por isso os Trinta e Dois Caminhos são revelados principalmente por intermédio da Filha.

…Entretanto o conceito de Fêmea está dividido em dois conceitos, os quais nos ensinamentos cabalísticos, são representados pelas duas esposas de Jacó: Lia e Raquel. Raquel é o coneito de Fêmea que se origina de Malchuth própriamente dito. Lia, por outro lado, é de fato o Malchuth (Reino) de Imma (Mãe) de Binah (Compreensão), e, como tal, representa o nível mais inferior de Imma (Mãe), que está no lugar de Malchuth (Reino). Normalmente, considera-se Lia em posição superior à Raquel.

Originando-se ambos, Zeir Anpin e Raquel, do útero de Imma (Mãe), são representados como irmão e irmã. São também, marido e mulher, sendo este significado de “minha irmã, minha noiva” (Cantico dos Canticos 4:9, 5:1). A Fêmea ;e, também a filha de Zeir Anpin, do mesmo modo que Eva, derivou-se da costela de seu companheiro. Além disso, sendo Lia um aspecto da Fêmea, que, de fato, é o nível mais inferior de Imma (Mãe), em parte, ela também é, realmente, mãe do Zeir Anpin.

Está portanto escrito: “Diga à Sabedoria, és minha irmã, e chama à Compreensão de mãe”. (Provérbios 7:4)….

Na quarta parte do Bahir encontra-se o primeiro exame do Sephiroth, introduzido por uma explicação sobre a benção sacerdotal, onde diz-se que os dez dedos correspondem às dez Sephiroth, conceito também encontrado so Sepher Yetzirah. A palavra Sephirah, é definida como sendo aquilo que expressa (saper) o poder e a glória de Deus (125). Existem nesta parte subseções relativas a permanência dos israelitas em Elim (161-167) e sobre o mandamento a respeito do Lulav (172-178). A seção termina com uma análise entre o relacionamento do Sephiroth e as esferas (179ss), e uma breve introdução à reencarnação (183), igualmente em relação ao Sephiroth.

A parte final, de número cinco, trata da alma, iniciando-se com um discurso sobre a reencarnação e seu relacionamento com a justiça Divina (194). O conceito da alma é relatado por Raba e Rav Zeira, dentro do contexto da criação da vida através das artes místicas (196).

No final, o Bahir trata dos conceitos de alma feminina e masculina, com uma análise do Tamar (197) e uma explicação de porque Eva foi a pessoa a ser tentada…O Bahir, não emprega o termo Cabala (Kabbalah), que conforme a lenda foi utilizado por Isaac o Cego, posteriormente, mas sim Maaseh Mercavah ou “Mistérios da Carruagem” numa referência à visão de Ezequiel, e diz que: sondar estes mistérios é tão aceitável quanto a oração (68), mas, adverte ser impossível fazê-lo sem errar (150).

Conforme o Talmud, a Kabbalah deve ser ensinada apenas através de sugestões e alusões, diretriz que é seguida ao pé da letra pelo autor ou autores do Bahir. Quem ler este trabalho como um livro qualquer, encontrará longas passagens que aparentemente não fazem nenhum sentido. Nào é pois um trabalho para leitura casual, mas para estudo sério e concentrado, o que era aceito pelos cabalistas, para os quais os principais textos foram escritos para serem compreendidos apenas quando analisados de modo integrado. Somos advertidos de que quem lê sobre a Cabala de maneira literal e superficial, decerto não a compreenderá… conclui Kaplan.

Dentre os conceitos mais explorados no Bahir está o Sephiroth e, com exceção de tres, seus nomes são também introduzidos. A ordem do Sephiroth é tal que as sete últimas correspondem aos sete dias da semana e derivam do versículo – Teus são, Ó Deus, a Grandeza, a Força, A Beleza, a Vitória e o Esplendor, tudo (Fundação) que se encontra entre o céu e a terra, Teu, Ó Deus, é o Reino (1 Crônicas 29:11). Embora esta seja a ordem adotada na grande maioria dos textos cabalistas, no Bahir, as últimas quatro são invertidas: Reino (Aravot, 7), Fundação (8), Vitória (9) e Esplendor (10).

Outro importante conceito encontrado no Bahir é o da transmigração das almas (Gilgul) ou reencanações, conceito introduzido em nome do Rabi Akiba (121, 155). Este conceito é melhor desenvolvido no Zohar, e em maiores detalhes no Sepher Gilgulim e nos diversos trabalhos da escola do Ari.

O Bahir trata das letras do alfabeto hebraico, das quais quinze são mencionadas e de alguns mandamentos como Tefilim, Tzitzit, Lulzv e Etrog.

Dois termos incomuns são encontrados, e ambos referem-se aos anjos ou forças angélicas: Tzurá – que significa forma, e Komah, que pode ser traduzido como estrutura (8, 166). Na cultura cabalística são mais conhecidos em sua forma aramaica, sendo a primeira Diukna e o último Parzuf. Outros termos para designar os anjos são Manhiguim (Diretores) e Pedikim (Funcionários).

Outra revelação importante são os nomes de Deus. O Nome contendo 12 letras é examinado (107, 111), como é igualmente o Nome de 72 combinações.

112 – São esses os Sagrados Exaltados Nomes Explícitos. Existem doze Nomes, uma para cada uma das doze tribos de Israel:

AH-TzYTzaH-RON

ACLYTha-RON

ShMaKTha-RON

DMUShaH-RON

Ve-TzaPhTzaPhYth-RON

HURMY-RON

BRaChYaH-RON

EReSh GaDRa-AON

BaSAVaH MoNA-HON

ChaZHaVaYaH

HaVaHaYRY HAH

Ve-HaRAYTh-HON

 

Todos eles estão incluídos no Coração do céu. Incluem macho e fêmea. São cedidos ao Eixo, à Esfera e ao Coração, e são os poços da Sabedoria…

 

 

Em seu comentário, Kaplan diz que o total de letras destes nomes, quando escritos corretamente e sem computarem-se sufixos, é setenta e dois. Esses nomes não são encontrados em nenhum outro texto cabalístico, nem existem quaisquer instruções a respeito de sua utilização. O sufixo on ou ron é também encontrado nos nomes de alguns anjos, como por exemplo Mitatron e Sandalphon…

TZIMTZUM

 

A auto-constrição da Luz Divina ou TzimTzum é um dos conceitos filosóficos mais importantes da Cabala, e é introduzido pelo Bahir.

Kaplan afirma que a explicação mais clara para o TzimTzum pode ser encontrada nos escritos do Ari – Rabi Itzrak Luria (1534-1572).

Conforme descrito em Etz Hahaiim (Árvore da Vida), o processo era o seguinte:

Antes de todas as coisas serem criadas… a Luz Divina era simples e enchia toda a existência. Não havia espaço vazio…

Quando a Sua simples Vontade decidiu criar todos os universos… Ele comprimiu os lados da Luz, deixando um espaço vazio… Este espaço era perfeitamente redondo…

Após essa compressão ter ocorrido… passou a existir um lugar onde todas as coisas poderiam ser criadas… Ele, então, traçou uma única linha reta da Luz infinita… e a trouxe até aquele espaço vazio… A Luz infinita foi trazida para baixo por intermédio desta linha…

 

 

O espaço vazio e redondo do Tzimtzum, mostrando-se a fina Linha de Luz da Criação

Dizem os cabalistas modernos, que não se deve considerar o conceito de Tzimtzum literalmente, pois é impossível aplicar-se qualquer conceito espacial à Deus. A referencia ao Tzimtzum é meramente conceitual, pois se Deus preenchesse cada perfeição, não haveria motivo para a existência do homem. Deus portanto, comprimiu a sua perfeição infinita, permitindo a exitência de “um lugar” para o livre arbítrio e consequente realização do homem.

No Zohar, podemos encontrar uma referência ao Tzimtzum:

Na cabeça da autoridade do Rei

Ele talhou da luminescência divina,

uma Lâmpada de Trevas

E alí emergiu do Oculto dos Ocultos

o Mistério do Infinito

uma linha sem forma, embutida em um anel…

medida por uma linha…

A razão do Tzimtzum é a solução de um aparente paradoxo, detectado pelos cabalistas: Deus deve estar no mundo, contudo, se Ele não Se restringir, toda a criação seria completamente dominada por Sua Essência. O Bahir alude tanto ao paradoxo, como à sua solução (54).

O Tzimtzum trás também um paradoxo mais difícil: a Sua Essência deveria estar então ausente do espaço vazio, pois Deus removeu dalí a Sua Luz… Todavia Deus deve também preencher este espaço, pois “não existe lugar onde Ele não esteja”…

Este paradoxo relaciona-se com a dicotomia da imanência e transcendência de Deus.

A Lâmpada das Trevas citada no Zohar, assim como a própria abertura do Bahir, mostrada no início, escolhida pelo Rabi Nehuniah, tratam deste tema da Cabala teórica: Como Deus absolutamente transcendental pode interagir com a sua criação ?

A estrutura do Sephiroth, e os conceitos a eles ligados, é que formam a ponte ente Deus e o Universo segundo a Cabala.

Para não se pensar que isso inclui qualquer transformação no próprio Deus, é que o Rabi Nehuniah afirma claramente que as trevas do espaço vazio são, de fato, luz, no que diz respeito à Deus. A criação do espaço vazio e todas as posteriores transformações e mudanças de fase (conforme o Zohar), pois não transformam ou diminuem a luz de Deus…

Semelhante afirmação faz o Rabi Shimon no princípio da Idra Raba, uma das partes mais misteriosas do Zohar, ao citar: “Amaldiçoado é o homem que faz qualquer imagem… e a coloca em lugar escondido.” (Deuteronômio 26:15).

Rabi Nehuniah também faz uma advertência semelhante: “Não pense que as Sephiroth sejam luzes destinadas a preencher qualquer escuridão referente à Deus, pois, para Ele, tudo é Luz…”.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/sepher-habahir/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/sepher-habahir/

Abramelin

Abraao o judeu

1362 – 1460

Tudo o que se sabe sobre Abrão, o mago, alquimista, teólogo e filósofo do século XIV é diretamente derivado do manuscritos de posse da Bibliotheque de l’Arsenal em Paris, um arquivo, deve-se dizer, rico em fontes originais do ocultismo medieval.  O título completo da obra é em português “O Livro da Sagrada Magia de Abramelim, conforme passado por Abrão, o Judeu para seu filho Lamech.” Inteiramente escrito em francês, este documento alega ser a tradução de um manuscrito ainda mais antigo em hebraico, e o estilo da caligrafia sugere um escriba que viveu no século dezoito ou no final do século dezessete. A grafia e gramática do texto sugerem que o autor era ou semiletrado ou pouco cuidadoso, possivelmente não tendo o francês como lingua nativa.

Abraão, (doravente chamado de Abraham para maior acuidade histórica) foi ao que tudo indica nativo de Mayence, nascido em cerca de 1362. Seu pai, Simon, também foi adepto das investigações ocultistas e da prática mágica e desde cedo guioi seu filho nos estudos. Numa certa fase da vida, a tutotia do pai da lugar a um outro professor indetificado com o nome Moses. Abraham no entando ao crescer, rapidamente supera seu segundo mestre ao ponto de o descrever por fim como “um bom homem, mas inteiramente ignorante do Verdadeiro Mistério e da Verdadeira Magia.”

Sem um guia a sua altura, a fase sgeuinte da sua vida é dedicada a numerosas viagens educacionais ao redor do mundo conhecido. Com seu amigo Samuel, boemio por natureza, ele visita a Austria, a Hungria, a Grécia até chegar a Constantinopla (atual Istambul) onde fixou-se por aproximadamente dois anos. Após isso Abraham viajou para a Arabia, em sua época talvez o maior centro de aprendizagem mística do mundo onde dedicou mais alguns anos de vivência. Em seguida dirigiu-se para a Palestina e então para o Egito onde aprendeu uma grande quantidade de segredos ocultos.

Foi nas terras do Egito que Abraham conheceu Abra-Melin, célebre filósofo da região, a esta altura já com idade avançada em uma pequena cidade chamada Arach próxima ao Rio Nilo.  Lá ele vivia em uma casa modesta no topo de um pequeno monte coberto de árvores. Um homem gentil e educado, levando uma vida simples e regrada, apóstolo do Temor a Deus e evitando qualquer acúmulo de riquezas. Ele concordou em ensinar sua sagrada arte a Abraham com a promessa de que ele abandonaria seus falsos fogmas e passaria a viver no caminho e sob a lei de Deus.

Pelo presso de dez florins de ouro, que foram distribuidos aos pobres da cidade, Abra-Melin confiou a Abraham certos documentos contendo uma grande variedade de operações e segredos acumulados durante sua vida. Este conhecimento parece emergir de um cenário ocultista especificamente, mas não exclusivamente judaico. Um exemplo claro disso são as receitas que ele lega para a confecção do óleo e o incenso, que podem ser encontradas de forma idêntica no Pentateuco. Em Êxodo 30:23-25, temos a receita para o Óleo de Abramelim: “Também toma das principais especiarias, da mais pura mirra quinhentos siclos, de canela aromática a metade, a saber, duzentos e cinqüenta siclos, de cálamo aromático duzentos e cinqüenta siclos, de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveiras um him.” Pouco adiante em Êxodo 30:34-36, temos a receita para o Incenso de Abramelim: “Toma especiarias aromáticas: estoraque, e ônica, e gálbano, especiarias aromáticas com incenso puro; de cada uma delas tomarás peso igual; e disto farás incenso, um perfume segundo a arte do perfumista, temperado com sal, puro e santo e uma parte dele reduzirás a pó e o porás diante do testemunho, na tenda da revelação onde eu virei a ti; coisa santíssimá vos será.”

Após isso Abraham deixa o Egito e segue para a Europa onde eventualmente fixa morada em Würzburg, na Alemanha, tornando-se profundamente envolvido com o estudo da Alquimia. Nesta época ele se casa com uma mulher, provavelmente sua própria prima, que lhe dá três filhas e dois filhos. O filho mais velho foi chamado Joseph e o mais novo recebeu o nome de Lamech.

Assim como seu pai, e provavelmente o pai de seu pai antes dele, Abraham instruiu seus filhos homens nos assuntos ocultos, enquanto que para suas filhas deixou dotes de 100,000 florins de ouro. Esta considerada soma de riqueza, assim como suas muitas viagens demonstram que Abraham foi um homem de posses, a quem nunca faltou sustento e recursos. Tesouro estes que o próprio mago atribuiu aos seus talentos como magista.

Ele também tornou-se célebre ao final da vida ao produzir impressionantes atos de magia na presença de pessoas famosas e importantes de sua época como o próprio Imperador Sigismund da Alemanha, o bisco de Würzburg, Henrioque VI da Inglaterra, o duque da Bavária e o papa João XXII. Aqui a narrativa se encerra e não existe detalhes sobre o final da vida de Abraham, sendo que a data e circustancias de sua morte são incertas, embora seja estimada como ocorrida em meados de 1460.

A Sagrada Magia de Abra-Melin

 

O documento mencionado, que é a origem destas informações biográficas foi traduzido em 1896 por Samuel Liddell MacGregor Mathers, um dos fundadores da Hermetic Order of the Golden Dawn e tornou-se um dos tomos mais importantes da magia cerimonial. As  traduções mais recentes para o inglês feita por Georg Dehn e Steven Guth atribuem a autoria e e identidade histórica de Abraham com a de Rabbi Yaakov Moelin יעקב בן משה מולין. Diversos fatores nos levam a crer que Abraham, o Judeu é o pseudônimo ou o nome iniciático deste Rabbi, pois muitos dados biográficos deles se encaixam como uma luva na narrativa acima passada.

A primeira parte desta obra conta a própria história de vida de Abraham, tal como aqui mencionada. A segunda parte é baseada nos documentos entregues por Abra-Melin durante sua viagem ao Egito. Nesta seção do manuscrito são expostos os princípios gerais da magia, incluindo o capítulos como “Quais são e quais são as classes da Verdadeira Magia”? “O que deve ser levado em consideração para uma operação mágica”, “Como convocar os Espíritos” e “De que maneira devem ser feitas as operações”

A terceira parte do documento é bem menos teórica e o autor supões que seu leitor sabe a base do que está sendo exposto. Aqui são tratadas a parte prática da operação mágica. São técnicas com vários propósitos como: provocar visões, reter espíritos familiares, dominar tempestades, transformar coisas e pessoas em diferentes formas e figuras, voar através dos ares, destruir edifícios, curar doenças, descobrir objetos roubados e caminhar debaixo d`agua. O autor ainda trata da cura taumaturgica de males como a lepra, a paralisia, a febre e o mal estar geral. Ele também oferece conselhos sobre como fazer-se amado por uma mulher e como conseguir o favor de papas, imperadores e pessoas influêntes. Muitas dessas façanhas são realizadas pelo emprego adequado de quadrados e signos cabalísticos. Com eles o autor ensina como causar visões específicas como a de homens armados, ou mesmo como evocar “Comédias, Operas e todo tipo de Música e Dança”. Diferentes símbolos representam diferentes resultados nas operações.

O temperamento e personalidade de Abraham é revelado nas entrelinhas da obra. Nela há um evidênte pouco caso de quase todos os magistas de sua época e um quase desprezo de todas as obras ocultas que não as dele mesmo ou de seu mestre Abra-Melin. Abraham critica abertamente todos aqueles que se contentam com os dogmas das religiões em que nasceram e aponta que ninguém culpado desta falha jamais atingirá qualquer sucesso nas práticas da magia. A doutrina fundamental do livro é que o cosmos é povoado por hostes de anjos e demônios. Os demônios trabalham em última instância, sob a direção dos anjos O homem situa-se entre as forás angélicas e demoniacas. E a cada homem é designado um anjo protetor e um demônio tentador. O objetivo dos grandes iniciados é controlar seu demônio e atingir o contato e conversação com seu sagrado anjo guardião. Uma vez que tenha atigido este grau elevado o magista tem ao seu controle todos os espíritos infernais, e portanto grande poder sobre a criação. Apesar dos claros benefícios materiais e pessoas óbvios, em seus escritos existe uma fé bastante forte de que isso pode e deve ser feito não apenas para o benefício imediato do mago, mas sim como uma conquista que afeta imediatamente a posição da humanidade no cosmos.

 

O impacto no ocultismo posterior

 

Após a tradução de MacGregor Mathers, este sistema ganhou um lugar de destaque no ocultismo ocidental igualavel ao sistema enoquiano e as chaves de Salomão. Sua herança direta pode ser encontrada no Hermetismo, no Rosicrucianismo, na Thelema e mesmo  no Neopaganismo. Sem muita procura pode ser visto nas obras ocultistas posteriores encabeçadas pelo próprio Mathers, assim como nos trabalhos de Aleister Crowley e Dion Fortune. O primeiro obstáculo desta nova geraçao foi tentar sobreviver diante do forte monoteísmo abraamico que permeia todo o sistema de Abra-melin. O temor a Deus é o primeiro e  mais necessário requisito da obra e a todo tempo lembrada. Orações incessantes e leitura constante dos textos bíblicos fazem parte do processo que leva ao contato do Sagrado anjo Guardião. De fato, todos os outros tipos de operações mágicas são tidas por Abraham como falsas e inúteis, verdadeiras armadilhas dos demônios para afastar os adeptos do caminho da Grande Obra. Foi necessária uma releitura histórica de todo o manuscrito para que ele pudesse ser usado em uma época tão mais laica como os século XIX e XX.

O grimório de Abramelim passou a ser visto então como uma coletânea de conhecimentos mágicos muito mais antigos, na mesma medida em que Plotino e Agostinho de Hipona fizeram os ensinamentos de Platão atravessarem a Idade Média, Abramelim foi o responsável por apresentar os mistérios Egípcios e Babilônicos numa roupagem monoteísta. Na perspectiva do ocultismo renascente do período de Crowley e compania, o judeu Abraham aproveitou o trabalho de magistas mais antigos e dos sacerdotes da antiguidade e encharcou com toda a submissão e servidáo própria de sua religião.

Na mão dos autores modernos, o Anjo Guardião de Abraham desdobrou-se em equivalentes como o Gênio da Golden Dawn, ao Augoeideis de Iamblichus, ao Atman do Hinduismo e ao Daemon dos gnósticos. É Cristo em Jesus e Budha em Sidarta. A roupagem judaica foi portanto eliminada em prol de uma imersão com a egrégora mais antiga, mais primal e atávica.

Na magia cerimonial o objetivo é portanto conseguir uma conexão com esta realidade intima superior. Em Magick Without Tears, Crowley é enfático ao dizer: “Nunca se deve esquecer nem por um momento que o trabalho central e essencial do magista é atingir o Conhecimento e Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. Uma vez que seja atingido ele deve é claro se inteiramente deixado nas mais deste Anjo, que pode ser invariavelmente e inevitavelmente levá-lo ao grande passo seguinte – atravessar o Abismo e obter o grau de Mestre do Templo.”

Depos da edição de Mathers uma nova edição foi publicada em 1970 reapresentando a história de Abraham e o sistema de Abra-Melin a uma nova geração de magistas, muit mais acostumados com a experimentação e muito menos dada a dogmatismos de qualquer tipo. Apesar do respeito histórico pelo autor, existe uma tendência na maioria dos magistas contemporâneos em afirmam que em realidade o “Anjo da Guarda” de Abraham é o arquétipo profundo do Eu Superior, o Kia de Austin Spare ou do Self, para usar termos psicológicos atualizados. Ao atingir este estado de integração o adepto se torna consciênte de sua Verdadeira Vontade. Sua vida então é esclarecida com seu propósito. Com isso em mente, a operação de Abra-Melin se torna uma exploração do Eu Interior em direção a natureza divina que existe em potencial dentro de cada um. No Brasil, a editora Madras publicou uma edição sob o título “Santo Anjo Guardião – A Magia Sagrada de AbraMelin, o Mago Atribuída a Abraão, o Judeu”.

 

Sources:

The Book of the Sacred Magic of Abra-Melin the Sage. Translated by S. L. MacGregor-Mathers. Chicago: De Laurence, 1932. Reprint, New York: Causeway Books, 1974.
The Book of Abramelin: A New Translation
, Georg Dehn, transl. by Steven Guth, Ibis Publishing, 2006)
Santo Anjo Guardião – A Magia Sagrada de AbraMelin, o Mago Atribuída a Abraão, o Judeu, Editora Madras

 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/abrao-o-judeu-e-abramelin/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/abrao-o-judeu-e-abramelin/

9 dicas para se livrar da sua religião

 

Este artigo foi escrito como intuito de ajudar pessoas infectadas por memes prejudiciais, em especial aos da religião institucionalizada. Caso você não esteja familiarizado com o conceito original de meme. Leia o artigo, O Poder do Meme-Meme, de Susan Blackmore, e depois volte aqui.

Não vou entrar no mérito de quais meme são prejudiciais ou não. Isso ficará implícito no decorrer de meu texto que certamente refletirá o meu próprio túnel limitado de realidade. O ponto que sustento é que uma simples análise racional, muitas vezes não basta para que uma pessoa se liberte de um modo de vida irracional. O ser humano é uma entidade complexa que possui corpo, emoções, hábitos, meio e moral não sendo portanto somente uma máquina de pensar. Com isso em mente resumi neste artigo nove pontos que podem ajudar de forma prática, todas aquelas pessoas que atualmente se sentem na triste condição de infectados.

1 –Não Alimente Memes Prejudiciais. Esta é a primeira e mais importante regra.  A questão é que existem diversas formas de se fortificar um memeplexo que forma um túnel específico de realidade, e se quisermos nos livrar deste memes todas estas formas devem ser evitadas. Se você quer ser alguém livre novamente é melhor começar a agir como alguém livre desde já. Isso é especialmente importante quando falamos dos hábitos que certas realidades impõem. Pode ser difícil no começo, mas você deve parar de por exemplo orar antes das refeições se quiser deixar de ser um cristão ou, se for o caso, deve parar de rezar voltado para Mecca cinco vezes ao dia se quiser deixar de ser um muçulmano. Se quiser mudar a si próprio, mude seus hábitos primeiro, o resto é conseqüência.

2 – Abra sua mente. Uma boa maneira de se desprender de memeplexos daninhos é contemplar túneis de realidade contraditórios. Esta é uma ótima maneira de descobrir os pontos fracos de alguma visão de mundo em particular, pois mostra o quão fortemente elas estão fixadas em princípios insólitos. Em outras palavras, neste primeiro momento procure as criticas escritas por seus concorrentes diretos. Isso é admiravelmente eficaz no caso de memeplexos religiosos: Judeus desmentirão o islamismo, o islam acusara o hinduismo de incoerência, o hinduismo refutará brilhantemente o cristianismo. Isso sem contar as disputas internas que também são valiosas fontes de contradições: Sunitas mostrarão a fraqueza do argumento Shiita e vice e versa, protestantes passarão a perna nos católicos que mostrarão o erro evidente em que estão os neo-pentecostais. De certa forma todos estão certos em acusar o outro de estar errado e isso pode ser uma ferramenta valiosa. Esta pratica não deve ser estendida por muito tempo, pois é preciso ter cuidado que no processo você não seja levado a engolir todo um novo sistema que usou as criticas a outro sistema como uma espécie de isca. De qualquer forma una rápida contemplação, leitura ou conversa com outros pontos de vista servirão para tirar você de um mundo maniqueísta e preto-e-branco onde não existe a necessidade do raciocínio.

3 – Saída a francesa. Em casos mais graves de infecção o psiconauta pode se livrar gradualmente de seus memes dominantes. E o que eu chamo de Libertação Gradual. Pode parecer hipócrita, e na verdade é mesmo, mas o fato é que funciona e pode ajudar você. Todo túnel de realidade possui variações diversas: existem católicos conservadores e existe a renovação carismática, existem hindus místicos e hindus absolutamente laicos. O truque é buscar conhecer a vertente ideológica que esteja ligada a sua atual, mas que ao mesmo tempo represente um passo (ainda que pequeno) para fora das amarras. Haverá muito poucos conflitos memético para atrapalhar e criar rejeição, nada que não se possa tolerar, mas mesmo assim este será um passo a mais na sua busca por sanidade. Um idealista da extrema direita poderia , por exemplo buscar conhecer os pensadores de centro-direita, enquanto que um radical de esquerda poderia mergulhar em um universo social-democrata. Passo a passo ambos verificarão que estão relativamente menos presos a seus antigos memes.

4 – Blasfêmia é entendido como ultrage dirigido contra pessoa ou coisa respeitável e é uma ferramenta poderosíssima para o psiconauta pois é uma oficialização de total rejeição a aquilo que antes era sagrado. A Blasfêmia deve de preferência ser feita em particular, para não agredir o túnel de realidade das outras pessoas. Ela inclui a profanação de objetos e figuras de autoridade antes tido como sagrados. A blasfêmia é um ato essencialmente simbólico e deve ser o tão desrespeitosa quanto possível (contanto que não agrida ninguém), pois desencadeará impressões mentais importantes e será um verdadeiro ato de liberdade ao que antes o oprimia. A idéia não tem nada de mística como podem sugerir alguns, mas é simplesmente a quebra factual de um tabu para assim iniciar um novo processo mental. Há algo de profundamente errado com o ex-nazista que ainda guarda com carinho sua cópia do Mein Kampf em um lugar de destaque de sua biblioteca particular. A blasfêmia eficaz é aquela que é seguida por um sentimento de indiferença. Ao sentir-se culpado por jogar no lixo seu crucifixo ou sua coleção de fotos do Elvis, atente aos demais conselhos deste artigo.

5 – Heresia é toda doutrina contrária ao que foi definido por alguma conceituação oficial, donde se conclui que todos somos hereges de uma forma ou de outra. Para fins de se purgar de memes prejudiciais a heresia será a crítica clara e sensata ao túnel de realidade em questão. È necessário que se contemple o memeplexo que esta em jogo sob a fria luz da lógica. Ao contrario da blasfêmia a heresia é mais eficiente quando feita em público, ela deve ser a oficialização de seu desprezo pelo seu antigo memeplexo parasita e não um convite aos sofismas daqueles que ainda os defendem. Na visão daqueles ainda contagiados você será visto ou como tolo, ou como traidor. No primeiro caso eles buscarão lhe “ajudar” tentando reprogramar o seu cérebro para a aceitar novamente seus memes, na segunda irão lhe atacar indiscriminadamente. Ambos os casos se resolvem com o isolamento higienico.

6 – Isolamento Higiênico. Com vista a limpar a mente dos memes prejudiciais é essencial que se evite também todo os vetores que os propagam. Isso quer dizer que você não deverá ir mais a sinagoga ou as reuniões do partido. De preferência deve-se eliminar não só os que encontramos fora de casa, mas também os vetores que estão ao alcance de nossas mãos em nossa própria residência. Não atenda ao telefonemas dos seus amigos SkinHeads. Mande a sua coleção de revistas Sentinela/Despertai para o centro e reciclagem. Tire o site da Cientologia da sua pasta de favoritos. E por favor, não leia a Biblia ou qualquer livro doutrinário antes de dormir. Se você quer sua mente limpa novamente terá que parar de arrastar ela na lama.

7 – Abrace o inimigo. Quase todo o túnel de realidade tem um túnel de realidade que é seu arquiinimigo ou possui algum grupo humano para ser bode expiatório. Como eu gosto de colocar: todo mundo é o idiota de alguém. Memeplexos daninhos comumente partem do principio da generalização para manter a sua coerência, ainda que a generalização não se sustente quando analisada coerentemente. Então se você precisa deixar de ser capitalista descubra um socialista que possa admirar e se quer deixar de ser nazista, procure um judeu que tenha uma história de vida admirável. Um membro da KKK pode por exemplo desenvolver um respeito por algum negro de destaque e a partir daí tomar coagem para fazer amigos negros no seu dia a dia. Um Ateu incorrigível pode buscar conhecer a vida de grandes teistas e com isso se livrar da crença de que todo crente é um ignorante. A essência desta pratica é q compreensão de que as pessoas estão acima das ideologias.

8 – Conheça suas necessidades.  Muitos memplexos constroem seus túneis de realidade valendo-se para isso de necessidades naturais do ser humano. Como fontes fornecedoras estes memeplexos criam uma situação de dependência que muitas vezes resulta em um incondicional retorno do psiconauta a condição de infectado. A melhor coisa a se fazer nestes casos é identificar exatamente quais são estas necessidades preenchidas e então buscas fontes alternativas para satisfazê-las. Uma congregação cristã pode por exemplo empurrar todo um discurso doutrinal satisfazendo antes necessidades emocionais, sociais e mesmo físicas. Estas mesmas necessidades poderiam ser satisfeitas de maneira muito mais saudável como na participação de um grupo de teatro, de uma equipe de basquete ou na pratica e artes marciais.

9 – Não se culpe. O primeiro sinal de reação memetica é o sentimento de culpa. A culpa é um sentimento humano natural usado pelos genes para corrigir atos insensatos como bater na mãe. Acontece que alguns memes se valem deste sentimento para fazer alguns atos parecerem insensatos, quando absolutamente não o são. É como se sentir triste por uma tragédia que nunca ocorreu. Não tente portanto argumentar com este tipo de culpa ou vergonha. A culpa e a vergonha não são argumentos e portanto não precisam de contra-argumentação. Na maioria das vezes a culpa surge porque alguma necessidade discutida no parágrafo anterior foi ignorada. Este tipo de sentimento é na verdade o último golpe dado pelos memes que não “querem” abandonar a memesfera de sua mente. O bom humor unido à razão é sempre o melhor remédio para contornar este problema.

Tamosauskas

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/baixa-magia/9-dicas-para-se-livrar-da-sua-religiao/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/baixa-magia/9-dicas-para-se-livrar-da-sua-religiao/

A lenda de yōtō, as lâminas vampiras

Shirlei Massapust

Num belo dia de azar o xogum Tokugawa Ieyasu (1543-1616) conheceu um ferreiro lendário, chamado Sengo Muramasa, cuja oficina estava situada em Kuwana, na província de Ise, Japão. As pessoas falavam coisas estranhas sobre ele, que nasceu em 1341 e que foi aluno do grande Masamune[1], embora o homem estivesse ali vivo e atuante uns bons duzentos anos depois e, mais tarde, haja sumido sem registro de óbito.

O xogum ficou encantado pela qualidade das lâminas de Muramasa e comprou dele um daishō; conjunto geralmente composto por uma espada curta wakizashi e uma espada longa kataná. O ato de vestir o daishō foi um símbolo do poder da classe samurai de 1588 a 1876, quando o Ato de Abolição da Espada foi instaurado pelo regime Meiji. Mas esse ficou exposto no castelo e participou de todos os piores infortúnios recaídos sobre o clã Tokugawa. Em 29 de dezembro de 1535 um funcionário do castelo, Abe Masatoyo, usou a kataná para matar por engano Matsudaira Kiyoyasu, avô de Ieyasu.

Em 1548 um aliado e amigo da família, Iwamatsu Hachiya, totalmente bêbado, perfurou Matsudaira Hirotada, pai de Ieyasu, que sobreviveu ao atentado. Em 5 de outubro de 1579 outro aliado, Amagata Michitsuna, em sã consciência, por uma questão de tradição e respeito, usou a kataná para decapitar Matsudaira Nobuyasu, o filho primogênito de Ieyasu, na ocasião em que este foi forçado a cometer seppuku.

Arai Hakuseki, historiador oficial do xogunato, não pôde deixar de mencionar em documentos oficiais que “Muramasa está associado a muitos eventos aterrorizantes”.[2]  O próprio Ieyasu tinha dificuldade de manejar aquelas lâminas e feriu a si mesmo, acidentalmente, duas vezes. Então sua admiração se transformou em medo. Na Batalha de Sekigahara, Nagatake cortou a crista do elmo de Toda Shigemasa, e Ieyasu pediu para ver a arma que ele havia usado. Ao examinar a inscrição do nome do ferreiro na espiga oculta constatou que também aquela era um produto da oficina de Muramasa.

Mesmo sabendo que lâminas perfeitamente afiadas podem cortar seus usuários em momentos de descuido, imprudência ou imperícia, em 1787 o autor do romance histórico Kashiwazaki Monogatari (  物語) relatou uma lenda onde Ieyasu teria descoberto que, na verdade, Muramasa iniciou uma linha de produção de yōtō (妖刀); termo originário do idioma nihongo composto por kanjis que indicam uma kataná (刀) imbuída de energia yōkai (妖). Ou seja, a yōtō seria de certo modo um objeto senciente, funesto, imbuído de poderes sobrenaturais… Portanto Ieyasu finalmente teria proibido seu uso para a parcela restante de sua família.[3] Segundo Markus Sesko[4], alguns estudos históricos locais da antiga província de Ise narram outra lenda onde Masamune teria visitado o Santuário de Ise e aceito o jovem Muramasa (村正), como seu aluno.

A propósito, a lenda frequentemente citada sobre Masamune e seu suposto aluno Muramasa tendo uma competição sobre a potência de corte de suas espadas não deve passar despercebida aqui. A competição era para que cada um suspendesse suas lâminas em um pequeno riacho com a ponta virada para a corrente. A espada de Muramasa cortava tudo que passava; peixes, folhas flutuando rio abaixo. Muito impressionado com o trabalho de seu pupilo, Masamune baixou sua espada na corrente e esperou pacientemente. Nem uma folha foi cortada, o peixe nadou até ela, e o ar assobiou enquanto soprava suavemente pela lâmina. Depois de um tempo, Muramasa começou a zombar do mestre por sua aparente falta de habilidade na fabricação daquela espada. Sorrindo para si mesmo, Masamune puxou sua espada, secou-a e embainhou-a. O tempo todo, Muramasa o estava importunando pela incapacidade da lâmina de cortar qualquer coisa. Um monge, que estava assistindo a toda a provação, aproximou-se e curvou-se para os dois mestres de forja. Ele então começou a explicar o que tinha visto. “A primeira das espadas, por opinião unânime, é uma espada fina, no entanto, é sedenta de sangue, lâmina maligna (yōtō, 妖刀), pois não discrimina entre quem ou o que cortará. Pode tanto estar cortando borboletas quanto decepando cabeças. A segunda espada foi de longe a mais fina dos duas, pois não corta desnecessariamente o que é inocente e não merecedor”. Ao cortar tudo o que a tocava, a espada de Muramasa mostrava sua natureza sanguinária e maligna. Como tal, isso levou a uma tradição de que uma lâmina de Muramasa deve provar sangue antes de ser embainhada.[5]

Era esperado das armas e armaduras samurai que não fossem meros objetos inanimados, mas sim artefatos moralmente dignos. Essa atitude em relação às lâminas estava impregnada de religiosidade popular. Segundo Gilbertson, “havia as nefastas; outras que traziam felicidade e longevidade, e hinken, espadas que davam riqueza e poder”.[6] Sempre que a jovem Gō caia enferma duma febre misteriosa o seu pai, xogum Toyotomi Hideyoshi, pedia emprestada a espada mágica Ōtenta-Mitsuyo que era posta próxima à cama da moça adoentada para cortar energias negativas.[7]

Um menuki[8] japonês desmontado, em formato de morcego, animal que traz sorte.[9]

Quanto aos produtos da forja de Muramasa, todas as lâminas acabaram sendo julgadas indignas por especialistas oficiais, como Honami Kotobu, e foram removidas dos registros da guilda especializada.[10] Segundo George Cameron Stone, embora o trabalho de Muramasa seja da mais alta qualidade, seu nome é frequentemente deixado de fora das listas de fabricantes célebres por causa da reputação de produtos aziagos que desgraçam seus portadores – especialmente quando empunhadas por membros da família Tokugawa, ao ponto de seu uso ser uma vez proibido na corte do xogum. – “Há uma superstição de que suas lâminas tinham sede de sangue e não davam descanso aos seus donos, impelindo-os a matar outrem ou a cometer suicídio”.[11]

Até hoje, embora a escola Muramasa seja muito conhecida na cultura popular, nenhuma de suas espadas foi tombada ou designada como Tesouro Nacional. Porém, há quem as deseje justamente pela força da lenda. No período Bakumatsu (1853-1868), tais armas foram buscadas pela oposição política, os ativistas anti-Tokugawa, devido ao temor reverencial que inspiravam a toda a gente em favor da causa shishi.

Lâmina de espada Myōhō Muramasa (勢州桑名住村正) exposta no Museu Nacional de Tóquio.

Embora lâminas da escola Muramasa não fossem ostentadas pela família imperial em tempos de paz, uma daquelas espadas terríveis foi empunhada pelo príncipe Arisugawa Putito, comandante-chefe do Exército Imperial contra o Xogunato Tokugawa durante a Guerra Boshin (1868-1869). Para atender à demanda perene e crescente, as falsificações se tornaram comuns durante esse período histórico.[12] Ao menos, é claro, que o lendário ferreiro imortal continuasse assinando profusamente sua inigualável arte bélica aos quinhentos e vinte e sete anos de idade.

A arte imita a vida

O heroísmo samurai vem impulsionando as peças do teatro kabuki desde que essa forma teatral surgiu no século XVII como entretenimento para as classes plebeias. Contudo a própria classe militar era proibida de assistir kabuki, por questões de honra. Eles assistiam somente aos espetáculos privados do teatro . Isso criou um espaço ideal para veiculação ideológica da oposição política nos roteiros sensacionalistas do kabuki. Afinal, como diz um velho bordão, quando o gato sai os ratos fazem a festa.

Histórias estranhas e extraordinárias comumente viravam folhetos ilustrados e peças do teatro popular; cujas arquibancadas eram vistas muito mais cheias antes da invenção da televisão. Suiken Fukunaga localizou representações de lâminas yōtō saídas da forja de Muramasa em vários dramas dos séculos XVIII e XIX, especialmente Katakiuchi Tenga Jaya Mura ( 天下 茶屋 ) (1781), Hachiman Matsuri Yomiyano Nigiwai (八幡祭小望月賑) (1860), Konoma no Hoshi Hakone no Shikabue (木間星箱根鹿笛) (1880) e Kago-tsurube Sato-no-Eizame (籠釣瓶花街酔醒) (1888).[13]

A peça Hachiman Matsuri Yomiyano Nigiwai, escrita por Kawatake Mokuami, foi representada pela primeira vez no teatro Ichimura, em agosto de 1860, em Edo. Originalmente foi dividida em seis atos com temas baseados na queda duma ponte durante um festival xintoísta em 1807, no incidente do assassinato de uma gueixa em 1820, e também no episódio fictício onde o cotidiano do protagonista Kirare Yosa acaba permeado por problemas familiares causado por uma yōtōmuramasa (妖刀村正).[14]

Atores Ôtani Tomoemon IV, Arashi Rikan III, e Ichikawa Kodanii IV interpretando os papéis de Adachi Motoemon, Hayase Iori e Tôma Saburôemon no terceiro ato do drama Katakiuchi Tenga Jaya Mura (敵 討 天下 茶屋 聚), que foi encenado no 5º mês lunar de 1854 no Kawarasakiza (gravura impressa por Utagawa Kuniyoshi).

Quando, na vida real, Sano Jirōzaemon foi à zona de prostituição e matou sua amasia Yatsuhashi, as pessoas disseram que ele também portava uma yōtō. Este caso foi biografado com viés sensacionalista no drama kabuki Kago-tsurube Sato-no-Eizame, escrito por Kawatake Shinshichi III, que identificou a espada como uma das lendárias lâminas forjadas por Muramasa. No fim da peça Sano Jirōzaemon, interpretado por Ichikawa Sadanji I, surge curado duma doença de pele, usa a mulher para testar o fio de corte da sua nova arma e afirma satisfeito: “A kago-tsurube (籠釣瓶) é muito afiada”.[16]

Na vida real, quando Matsudaira Geki foi levado à loucura pelo assédio moral de seus superiores e os matou no Castelo de Edo no 6º ano de Bunsei (1823), os habitantes da localidade espalharam o boato de que o homicida usou uma espada de Muramasa, embora a perícia não haja localizado nenhuma assinatura oculta na espiga daquela lâmina em particular. Segundo Suiken Fukunaga, este incidente mostra quão grande foi a influência dos dramas kabuki sobre as pessoas comuns. [17]

Ilustração pintada por Chikashige Morikawa (守川周重), retratando uma cena de Konoma no Hoshi Hakone no Shikabue (木間星箱根鹿笛) (1880), publicada por Fukuda Kumajiro, em 1880.

Como forjar uma yōtō?

O colecionador britânico Edward Gilbertson (1813-1904) consultou documentos de fabricação de espadas japonesas que apresentavam Muramasa como “um ferreiro muito habilidoso, mas uma mente violenta e desequilibrada à beira da loucura, que supostamente havia passado para às suas lâminas”.[18] Daí a sede de sangue.

A manufatura começava com a composição de um lingote de aço de damasco chamado kawagane (皮鉄), o “coração de aço”, preparado em uma fornalha aberta chamada tatara (鑪). Depois o lingote era enrolado em torno do segundo aço, mais leve, chamado shingane (心鉄), a “pele de aço”, e ambos eram malhados juntos até adquirir o formato da kataná. Finalmente, a lâmina era aquecida ao rubro e recebia têmpera em água, para endurecer. Numa variante da lenda – provavelmente um posicionamento minoritário – este é o momento em que a forja duma yōtō difere da criação regular.

Louis Wertheimber, no romance histórico A Muramasa Blade: A Story of Feudalism in Old Japan (1887), descreveu os arredores do lar do ferreiro repleto de cadáveres dessangrados. O falatório na vizinhança teria levantado a suspeita de que Muramasa realizava a tempera do aço numa solução de sangue humano recém-derramado. “A época era supersticiosa o suficiente para acreditar que tal procedimento realizado corretamente traria resultados maravilhosos; e a maravilhosa excelência das produções de Muramasa favoreceu esse raciocínio”.[19]

Falando sobre a vida real e o quotidiano de todos os ferreiros laminadores do tempo dos samurais, Aline Ribeiro nos instrui: “A lâmina é o mais importante e, antigamente, o teste de qualidade chegava a ser feito em corpos de criminosos mortos e, eventualmente, vivos. Para checar se a lâmina era mesmo confiável, samurais costumavam emboscar cidadãos comuns nas vielas”.[20] Sendo assim se justifica o argumento de Louis Wertheimber, segundo quem “A vida humana era considerada barata o suficiente, enquanto boas espadas eram raras; e se fosse necessário sangue humano para fazer uma, alguns mercadores e vagabundos poderiam ser supridos”.[21]

O próprio Muramasa estaria, sem dúvida, ciente da lenda urbana criada em torno de sua pessoa e nunca a contradisse, seja por palavra ou sinal. Ele provavelmente tinha sabedoria mundana suficiente para supor que a atmosfera de mistério em que, por relato comum, ele vivia, gerava um marketing que aumentava o valor de seus produtos.

Em seu romance histórico Louis Wertheimber fantasia o encontro do famoso ferreiro com um jovem samurai avido pela obtenção duma boa espada. Muramasa fala:

“Os deuses foram gentis comigo e me recompensaram por minhas orações, concedendo-me técnica e habilidade; responderam ao meu jejum e minha devoção, meus dias e noites de labuta incansável, permitindo-me descobrir muitos segredos que são desconhecidos para os outros. Oh, os tolos, os tolos! pensam que o aço está morto porque é frio e imóvel e sem vida aparente! Três vezes dito tolos e idiotas! Eles matam a vida que existe no ferro como vem da natureza, e não dão outra em troca; e ainda assim eles sabem por seus antepassados, e aprenderam a tagarelar, que a espada é a alma viva do samurai.

“Há vida nesta lâmina que lhe dou hoje, meu rapaz, – vida melhor, mais fina e mais rica do que na maioria dos rudes que tentam fabricar uma espada. Mas lembre-se que, a menos que você a use com sabedoria e cuidado, esta espada é um presente perigoso. Nunca a desembainhe ao menos que você precise de sua ajuda; nunca a devolva à bainha sem usá-la; e nunca a deixe embainhada por mais do que um ciclo de doze anos. Se você por alguma fatalidade imprevista a tiver puxado e exposto à luz do sol, da lua ou das estrelas sem poder usá-la no inimigo que o provocou, antes de devolvê-la à sua bainha, use-a em algum animal inferior; mas nunca pense em embainhar sem que a lâmina tenha entrado em contato com o sangue de algo ainda vivo. Se você agir assim, achará nesta lâmina uma amiga devotada; ela obedecerá e até mesmo antecipará seus pensamentos e desejos; com a menor orientação, atingirá seus inimigos e oponentes em seus pontos mais fracos até a morte, independentemente da quantidade e da corarem destes, apesar da armadura e do elmo. Mas se você falhar em obedecer às instruções que lhe dei, a lâmina se voltará contra ti e o vitimará com igual certeza; e mesmo que você a enterre no oceano profundo ela não deixará de se vingar de ti.”[22]

Acreditava-se que a personalidade, muitas vezes impressionante, do ferreiro individual era refletida ou incorporada de forma animista nas lâminas que ele forjava.  Porém, noutras mídias, as espadas não precisavam ser batizadas em sangue para se tornarem yōtō. Aliás, em Dororo (どろろ; 1969) nós vemos a cena da forja de yōtōnihiru em água pura. O narrador do episódio explica a lenda corrente no modo como a tradição oral se adaptou, revelando que qualquer uso abusivo, excessivo e imoral por parte de qualquer um dos portadores de armas brancas encarnava uma sombra viva.[23]

Persistência da lenda na cultura popular japonesa do pós-guerra

Osamu Tezuka, no capítulo Yōtō no Maki (妖刀の巻) do romance gráfico Dororo (どろろ), publicado em 1967, apresentou o personagem Tanosuke (田之介), um samurai que recebeu de seu perverso daimyō a ordem de matar todos os construtores dum prédio fortificado, por medida preventiva, a fim de que nenhum deles revelasse métodos secretos de burlar a segurança daquele prédio aos inimigos do feudo.

Tanosuke titubeou, argumentando que é moralmente incorreto executar gente sem culpa, apenas por eles saberem demais. Então o daimyō lhe entregou uma kataná e insistiu que assassinasse uma dezena de inocentes. Uma vez cumprida a ordem, Tanosuke enlouqueceu, desgarrou-se e começou a vagar pelo Japão matando qualquer um que cruzasse seu caminho. Essa incessante busca por sangue tinha por objetivo alimentar o objeto. Sua espada foi chamada yōtōnihiru (妖刀似蛭) porque tal kataná era ou tornou-se o corpo verdadeiro do yōkai chamado Nihiru (似 蛭), cujo nome é composto por kanjis que o descrevem como semelhante (似, ni) à sanguessuga (蛭, hiru).

Uma yōtō influencia o usuário humano ao ponto de supressão da consciência. Por isso, no importante momento em que se apresenta para lutar contra Hyakkimaru, ele diz: “Não sou tão importante a ponto de ser nomeado. Esta espada se chama Nihiru. É uma espada que até hoje já fez jorrar o sangue de dezenas de inimigos. A guerra acabou, mas ela se acostumou com o gosto do sangue e não consegue se segurar”.[24]

Na versão televisiva, veiculada em 1969, à época em que Osamu Tezuka era vivo, Tanosuke lamenta: “Eu me tornei um escravo da espada”.[25] Guts, blogueiro geek, traduziu a cena à sua perspectiva onde Hyakkimaru enfrenta o objeto e seu usuário possesso: “Tanosuke era um bom soldado que foi corrompido pela lâmina e se transformou em uma casca sedenta de sangue de seu antigo eu. Ele é compelido pela espada a matar pessoas inocentes, algo impensável para o verdadeiro Tanosuke”.[26]

O antagonista fala aos escolhidos: “Embora eu não queira me precipitar nesta batalha, ele (Nihiru) não me dá ouvidos. Depois de sentir seu cheiro esta espada está sedenta para beber seu sangue. Sinto muito, mas estejam preparados para morrer”.

Quando Dororo furta a yōtōnihiru ele passa a ouvir uma hipnótica voz masculina repetindo: “Eu quero sangue”. Afetado, mas não totalmente fora de si, ele mata cães de rua. A voz então especifica que anseia por derramamento de sangue humano. Alguma ação acontece até que a lâmina volte às mãos de Tanosuke.[27] Este não consegue sangrar Hyakkimaru por mais que tente, pois ele não é apenas um espadachim excepcional; Hyakkimaru é praticamente um boneco com quase nada de humano. Num ato final, Tanosuke fala à yōtōnihiru: “Experimente o meu sangue! Aproveite… Esta é a sua última refeição!” Então crava a lâmina em seu próprio pescoço.[28]

Ilustração pintada por Chikashige Morikawa (守川周重), retratando uma cena de Koizumo Yawaragi Soga (1880), publicada por Fukuda Kumajiro, em 1882.

Cenas de rejuvenescimento

Na peça Kago-tsurube Sato-no-Eizame (1888) a pose da espada kago-tsurube fez com que um portador de boa índole e má aparência se transformasse num homicida de boa aparência, curado da doença de pele hereditária que o desfigurou ainda no útero. No romance gráfico Dororo (1967) e na série animada homônima (1969) a posse da espada yōtōnihiru fez com que o antagonista calvo voltasse a ter cabelo em abundância; algo que só o fez parecer ainda mais louco por perambular despenteado e esfarrapado.

Na versão de 2019 do seriado há uma inovação: a espada aparece com pontos de ferrugem quando entregue a Tanosuke e assume aparência de lâmina nova após ser molhada em sangue humano. Quando destruída, retorna à aparência de lâmina velha e enferrujada. Assim se comporta como um vampiro que rejuvenesce ao beber sangue.

Certa vez, conversando com a socióloga Daniele Aguiar a respeito do processo de envelhecimento duma espada japonesa, ela opinou que o enferrujamento de lâminas aumenta o risco de causar tétano[29] àqueles que forem feridos por elas. Antes que a erosão por ferrugem se agrave ao ponto de destruir o metal, haveria um lapso de tempo onde a presença de bacilos tetânicos potencializaria a letalidade da arma branca. Sendo assim, pode haver fundamento na lenda onde armas antigas adquirem uma capacidade de ferir para além do normal, observável por meio da relação de causa e efeito.

Espadas vivas e cura de sangue em Castlevania

Sessenta e nove espadas diferentes podem ser equipadas pelo vampiro Alucard no jogo Akumajō Dracula X: Gekka no Yasōkyoku (悪魔城ドラキュラX 月下の夜想), e em sua versão estadunidense Castlevania: Symphony of the Night, ambos produzidos pela Konami, em 1997. Quem teve a ideia de eliminar o sistema de fases presente nos treze jogos anteriores da franquia e introduzir um amplo arsenal, itens de vestuário, etc., foi o diretor Kōji Igarashi, que, por meio deste trabalho, se tornou o fundador informal dum subgênero dos jogos de ação chamado metroidvania.

A maioria das espadas imaginadas por Kōji Igarashi são relativamente comuns, porém algumas tem vida própria e sede de sangue. Após localizar e ativar a relíquia kenma no moto (剣魔の素) nosso avatar, o vampiro Alucard, começa a ser seguido por tsukaimanoken (つかい魔の剣)[30], uma espada mágica voadora que toma iniciativas para protege-lo. Inicialmente a tsukaimanoken golpeia o entorno de modo circular. O item sobe de nível conforme o número de oponentes vencidos.  Quando seu nível ultrapassa os cinquenta pontos a tsukaimanoken se torna equipável[31], com poder de ataque igual ao nível atingido, sendo uma das armas brancas mais fortes do jogo.[32] Foi essa espada que libertou Alucard das amarras da traiçoeira dupla Taka e Sumi no oitavo episódio da terceira temporada de Castlevania, o qual estreou na Netflix em 05/03/2020.

No jogo desenvolvido para o console PlayStation, o diretor Kōji Igarashi também introduziu a poderosa Crissaegrim (クリセグリム), derrubada por Schmoo[33] no mesmo mapa onde empalados utilizados como espantalhos deixam cair yōtōmuramasa (ようとうむらまさ).[34] Basta seu avatar equipar uma Crissaegrim que o jogo acaba para ele, pois tudo é destruído com facilidade e nada mais pode vencê-lo. Os cenários são atravessados com pressa, antes mesmo da conclusão de sua aclamada trilha sonora. Ao toque de um botão de ataque até os chefes de fase estouram indefesos como bolhas de sabão, sem oportunidade de exibir movimentos ou golpes especiais.

Por tudo isso houve quem se queixasse de prejuízo à jogabilidade. Ninguém vence uma guerra com honra jogando duas bombas atômicas sobre a população civil. Ninguém aprecia a sinfonia da noite correndo em enxurrada como as águas bravias dum rio durante a tempestade. Transformar a pior dentre as espadas do inventário no melhor equipamento possível foi o objetivo da parcela minoritária de jogadores que desejava tirar o máximo de proveito do jogo, passando muitas horas entretidos pela emoção da dificuldade, evoluindo Alucard por mérito, fazendo malabarismo no console para ativar seus golpes especiais e vendo tudo que os oponentes são capazes de fazer.

No início a yōtōmuramasa é uma espada de duas mãos de baixo dano, que reduz cinco pontos de ataque e quatro de defesa quando equipada. Ela rejeita um portador fraco, travando durante a luta se o ataque de Alucard for inferior a onze pontes. Ela temporariamente amaldiçoa o vampiro e foge de suas mãos até que ele encontre e ative o poder da relíquia shinzō (心臓), o coração de Vlad Ţepeş.

O jogador inexperiente prontamente rechaçará uma kataná que o atrapalha mais do que ajuda. Porém, não sem motivo, a maioria dos monstros que dropam tal item habitam o cenário da biblioteca do castelo. O jogador instruído intuirá que uma espada que leva o nome do ferreiro Muramasa não pode ser verdadeiramente fraca, por pior que pareça à primeira vista. Acontece que yōtōmuramasa possui uma habilidade oculta, que ativa o efeito estético de resplandescência duma aura vermelho-sangue em seu portador. (Assim o jogador desinformado percebe que algo de diferente aconteceu).

A espada é fortalecida sempre que Alucard, estando ferido, usa-a para sangrar um oponente e os respingos de sangue alheio caem sobre ele, curando-o. Curiosamente tal propriedade vampírica dobra quando o porte da yōtōmuramasa é combinado com uso do pingente buraddosutōn (ブラッドストーン), a “pedra de sangue”.[35]

Com o contínuo progresso do personagem sua velocidade de manejo da espada é otimizada e o tempo do efeito da maldição diminuído. Após atingir trezentos e quinze pontos seu ataque passa a subir de dois em dois pontos, ao invés de um em um. Neste jogo a yōtōmuramasa potencialmente pode evoluir até o limite de novecentos e noventa e nove pontos de ataque caso alguém tenha a infinita paciência de usá-la até Alucard receber mais de um milhão de curas de sangue.[36] Deve haver algum comando oculto de ativação da potência máxima da yōtōmuramasa, pois embora tamanho trabalho seja humanamente impraticável, na internet tem gente matando a cobra e mostrando pau.[37]

 Tanosuke portando a espada yōtōnihiru numa cena do sétimo episódio de Dororo (どろろ; 1969) e yōtōmuramasa no jogo Akumajō Dracula: Yami no Juin (悪魔城ドラキュラ 闇の呪印; 2005).

Na ocasião de lançamentos de novos jogos da franquia alguns poderiam lastimar o desperdício do trabalho após uma canseira hercúlea. Então os projetistas da Konami deram um subterfúgio aos jogadores. Na versão original de Castlevania: Symphony of the Night para PlayStation, apertar todos os quatro botões do joystick mais SELECT e START faz com que o console retenha o nível atual da yōtōmuramasa em sua memória RAM. Depois, se for carregado outro arquivo de jogo no qual o avatar do jogador também tenha uma yōtōmuramasa, o nível será passado para o item daquele jogo. Salvar o jogo definirá permanentemente o novo valor de ataque para a espada.[38]

Para não se prender somente ao folclore nipônico ao dirigir a produção de um importante item de exportação, Kōji Igarashi introduziu mais duas espadas que ativam a cura de sangue em avatares vampiros nos jogos da saga. São a nórdica Dáinsleif (ダインスレイフ)[39] e a genérica Mōnburēdo (モーンブレード), a lâmina do gemido, uma “devoradora de almas”. Porém ambas são notoriamente inferiores à yōtōmuramasa.

Espada Muramasa em Ragnarök Online

Seu avatar é atacado por hordas de mortos vivos e demônios funestos ao entrar em determinados mapas do MMORPG Ragnarök Online (라그나로크 온라인)[40], o qual é desenvolvido pela empresa sul-coreana Gravity Corp. À época do lançamento, em 2002, os melhores locais para encontra-los eram a caverna de Payon, o Navio Fantasma e as ruínas de Glast Heim. Num desses cenários (gl_cas02) brota um looping infinito de monstros “andarilhos” de modo que o mapa está sempre repleto de quarenta e um deles, não importa quantos você derrote. São mortos-vivos semidecompostos vestidos com roupas típicas nipônicas e portando espada kataná. Parecem corpos de samurais ronin.

Existe 0,10% de chance de cada andarilho derrotado deixar cair a espada de duas mãos Muramasa, equipável por avatares da classe espadachins e evoluções a partir do nível 48 da evolução do avatar. A Muramasa é uma arma de nível quatro[41] que aumenta o ataque crítico em trinta pontos e a velocidade de ataque em 8%. Sem dúvida um excelente item de jogo. Sua descrição informa ser uma “espada oriental, batizada com o nome do famoso artesão do antigo Japão”.

Segundo a descrição, ao realizar ataques físicos com a Muramasa deveria haver uma “pequena chance de infligir maldição[42] no usuário”; porém essa pequena chance é eufemista para o tempo inteiro. O que ocorre de fato? Você mira em qualquer coisa e seu avatar fica vermelho, andando lentamente na companhia da Morte, com manto e foice. Os jogadores ficam maravilhados pela estética do efeito. É impossível enjoar. Antes de causar aborrecimento ou atrapalhar a jogabilidade, a maldição da Muramasa é diversão garantida. O único problema é ter de andar com estoque de água benta produzida por noviços e evoluções para destravar a corrida em caso de urgência.

Um personagem do jogo, antigo membro da guilda dos espadachins, evoluído para a classe dos cavaleiros, um destacado guerreiro de nome Seyren Windsor, foi tão afetado pela maldição do equipamento coletado em Glast Heim que ele efetivamente se tornou um possesso chefe de mapa. Ao derrotar uma das versões de Seyren há 0,05% de dropar a Muramasa que ele presumivelmente espoliou do ronin andarilho.

Em 09/11/2005 o jogo Ragnarök Online recebeu a importante atualização que adicionou os mapas Amatsu e Kunlun, com novas missões, monstros e equipamentos. Em Amatsu o chefe de mapa Samurai Encarnado é uma criança controlada pelo espírito dum samurai adulto que, pelas vestes, parece o cadáver de um daimyō ou pelo menos alguém bem mais rico que o andarilho. Este monstro deixa cair, a 0,03% de chance, a espada de duas mãos Masamune descrita como “a grande obra-prima do maior artesão japonês”. Equipável por espadachins transclasse e evoluções a partir do nível 48, essa arma de nível quatro reduz cinco pontos de força, reduz 75% da defesa, aumenta a esquiva em trinta pontos e a velocidade de ataque em dois.

A carta do monstro Samurai Encarnado é considerada muito boa. Ela é gerada no inventário do MVP (most valuable player) a 0.01% de chance. Equipa em slot de arma. Ignora toda a defesa dos personagens e monstros, com exceção dos chefes de mapa. Impede a regeneração natural de HP. Drena 666 de HP do usuário a cada 10 segundos. Drena 999 de HP ao desequipar. Seu prefixo é Bloodlust. Isso significa que se equipada numa rara Muramasa [2] a arma se transforma em Bloodlust Muramasa.

Referências:

DORORO どろろ: Yōtō Nihiru No Maki Sono ichi (妖刀似蛭の巻 ・その一). Sétimo episódio da série produzida pelo estúdio Mushi Production (虫プロダクション), exibido pela TV Fuji (フジテレビ) em 18/05/1969. (Cópia e legenda de fansub).

DORORO どろろ: Yōtō Nihiru No Maki Sono ni (妖刀似蛭の巻 ・その二). Oitavo episódio da série produzida pelo estúdio Mushi Production (虫プロダクション), exibido pela TV Fuji (フジテレビ) em 25/05/1969. (Cópia e legenda de fansub).

FUKUNAGA, Suiken. Nihontō Daihyakka Jiten (日本刀大百科事典). Japão, Yūzankaku, 1993. ISBN 4-639-01202-0.

GILBERTSON, Edward. Japanese Sword Blades: A Paper Read Before the Japan Society of London, Nov. 24, 1897. Reino Unido, Uitgever Niet Vastgesteld, 1898. 29p.

RATTI, Oscar & WESTBROOK, Adele. Secretos de los Samurai: Estudio de las artes marciales del Japón feudal. Traducción: Josep Padró Umbert. Espanha, Paidotribo, 2006. 578p. ISBN:9788480194921, 8480194928

RIBEIRO, Aline. Guia Conhecer Fantástico Extra: Samurai & Ninja. São Paulo, OnLine, 2015. 98p. ISBN 978-85-432-0997-5.

SESKO, Markus. Legends and Stories Around the Japanese Sword. Alemanha, Books on Demand, 2011. 184p.

SESKO, Markus. Masamune – His Work, His Fame and His Legacy. Morrisville, Lulu Press, 2015. 182p. ISBN:9781329004139, 1329004132

SIMAN, Leandro Gusmão; SOUZA, Fabio Santana de; LIVRAMENTO, Gilson P.; PAULA, Donizete de; LETONAI, Homero & ARAKI, Eric. Castlevania: Symphony of the Night: Estratégia completa, mapas inteiros para o castelo normal e invertido e lista de itens. Em: ALMANAQUE WORLD GAMES. Ano I, nº 1. São Paulo, Editora Canaã, p 45-82.

STONE, George Cameron. A Glossary of the Construction, Decoration, and Use of Arms and Armor in All Countries and in All Times. New York, Dover Publications, 1999. 460p. ISBN 978-0-486-40726-5.

TEZUKA, Osamu. 妖刀の巻 Espada Demoniaca. Em: TEZUKA, Osamu. Dororo: Volume 2. São Paulo, New Pop, 2011, p 55-114.

WERTHEIMBER, Louis. A Muramasa Blade: A Story of Feudalism in Old Japan. Boston, Ticknor, 1887. 188p. Digitalizado e disponibilizado para download gratuito em: <https://www.google.com.br/books/edition/A_Muramasa_Blade/iz4WAAAAYAAJ?hl=pt-BR&gbpv=0>.

[1] RATTI, Oscar & WESTBROOK, Adele. Secretos de los Samurai: Estudio de las artes marciales del Japón feudal. Traducción: Josep Padró Umbert. Espanha, Paidotribo, 2006, p 323.

[2] DECHI, Bird. Review Muramasa. Em: DECHI, Bird. Hanya Seorang Penggemar Nasuverse. Indonésia, 03/01/2021. URL: <https://sehai-kun.blogspot.com/2021/01/review-muramasa.html>.

[3] Em 1849 oTokugawa Jikki (徳 川 實 記), um livro de História, endossou a obra anterior.

[4] O tradutor profissional de nihongo Markus Sesko é um colecionador de espadas japonesas, membro da Associação para a Pesquisa e Preservação dos Elmos e Armaduras Japonesas.

[5] SESKO, Markus. Masamune – His Work, His Fame and His Legacy. Morrisville, Lulu Press, 2015, p 73-74.

[6] RATTI, Oscar & WESTBROOK, Adele. Secretos de los Samurai: Estudio de las artes marciales del Japón feudal. Traducción: Josep Padró Umbert. Espanha, Paidotribo, 2006, p 323.

[7] SESKO, Markus. Legends and Stories Around the Japanese Sword. Alemanha, Books on Demand, 2011, p 34-35.

[8] Menuki (目貫) é um ornamento que fica localizado em ambos os lados da empunhadura da espada (tsuka) parcialmente coberto pela corda (ito). Originalmente o menuki foi adicionado com o propósito de esconder o mekugi (pino de bambu), mas que posteriormente foi mudado de posição para facilitar a montagem de desmontagem da espada.

[9] ALAMEDDINE, Rabih. Japanese Menuki (目貫) (sword mountings) in the shape of bats. Postado no Twitter em 13/09/2020. URL: <https://twitter.com/rabihalameddine/status/1305292304551350273?lang=cs>.

[10] RATTI, Oscar & WESTBROOK, Adele. Secretos de los Samurai: Estudio de las artes marciales del Japón feudal. Traducción: Josep Padró Umbert. Espanha, Paidotribo, 2006, p 323.

[11] STONE, George Cameron. A Glossary of the Construction, Decoration, and Use of Arms and Armor in All Countries and in All Times. New York, Dover Publications, 1999, p 460.

[12] DECHI, Bird. Review Muramasa. Em: DECHI, Bird. Hanya Seorang Penggemar Nasuverse. Indonésia, 03/01/2021. URL: <https://sehai-kun.blogspot.com/2021/01/review-muramasa.html>.

[13] FUKUNAGA, Suiken. Nihontō Daihyakka Jiten (日本刀大百科事典). Japão, Yūzankaku, 1993. Citado no verbete MURAMASSA, na WIKIPEDIA. <https://en.wikipedia.org/wiki/Muramasa>. Acessado em 23/03/2022 17h02.

[14] HACHIMAN MATSURI YOMIYANO NIGIWAI (A KABUKI PLAY) (八幡祭小望月賑). Em: JAPANESE WIKI CORPUS. URL: <https://www.japanese-wiki-corpus.org/person/Mokuami%20KAWATAKE.html>.  Acessado em 23/03/2022 20h38.

[15] TENGAJAYA. Ultima atualização em 31/10/2018. URL: <https://www.kabuki21.com/tengajaya.php>.

[16] THE HAUTED SWORD. Em: KABUKI PLAY GUIDE. Acessado em 25/03/2022 09h28. URL: < http://enmokudb.kabuki.ne.jp/repertoire_en/%E7%B1%A0%E9%87%A3%E7%93%B6%E8%8A%B1%E8%A1%97%E9%85%94%E9%86%92%EF%BC%88the-haunted-sword%EF%BC%89 >.

[17] MURAMASSA. EM: WIKIPEDIA. <https://en.wikipedia.org/wiki/Muramasa>. Acessado em 23/03/2022 17h02.

[18] RATTI, Oscar & WESTBROOK, Adele. Secretos de los Samurai: Estudio de las artes marciales del Japón feudal. Traducción: Josep Padró Umbert. Espanha, Paidotribo, 2006, p 323.

[19] WERTHEIMBER, Louis. A Muramasa Blade: A Story of Feudalism in Old Japan. Boston, Ticknor, 1887, p 53-54.

[20] RIBEIRO, Aline. Guia Conhecer Fantástico Extra: Samurai & Ninja. São Paulo, OnLine, 2015, p 44.

[21] WERTHEIMBER, Louis. A Muramasa Blade: A Story of Feudalism in Old Japan. Boston, Ticknor, 1887, p 55.

[22] WERTHEIMBER, Louis. A Muramasa Blade: A Story of Feudalism in Old Japan. Boston, Ticknor, 1887, p 85-86.

[23] O narrador fala na abertura de DORORO どろろ: Yōtō Nihiru No Maki Sono ni (妖刀似蛭の巻 ・その二): “A espada não é algo para matar as pessoas, mas sim para autodefesa. Mas quando essa convicção desaparece, e também os donos das espadas, elas se tornam obcecadas como animais. Algumas espadas são espontaneamente retiradas de suas bainhas por homens com sede de sangue. Outras espadas, com desejo pela morte, matam pessoas. Outras, embora não sejam manchadas com o sangue de centenas de pessoas, brilham no campo de batalha, liderando outros. A obsessão dessas espadas só traz tristeza ao seu portador. As pessoas chamam-lhes de yōtō”.

[24] TEZUKA, Osamu. 妖刀の巻 Espada Demoníaca. Em: TEZUKA, Osamu. Dororo: Volume 2. SP, New Pop, 2011, p 57.

[25] DORORO (どろろ): Yōtō Nihiru No Maki Sono ni (妖刀似蛭の巻 ・その二). Oitavo episódio da série produzida pelo estúdio Mushi Production (虫プロダクション), exibido pela TV Fuji (フジテレビ) em 25/05/1969. (Tradução de fansub).

[26] GUTS. 10 Objetos em anime que corromperam seus usuários. Publicado em GEEKS IN ACTION, 06/08/2021. URL: <https://geeksinaction.com.br/index.php/2021/08/06/10-objetos-em-animea-que-corromperam-seus-usuarios/>.

[27] DORORO (どろろ): Yōtō Nihiru No Maki Sono ichi (妖刀似蛭の巻 ・その一). Sétimo episódio da série produzida pelo estúdio Mushi Production (虫プロダクション), exibido pela TV Fuji (フジテレビ) em 18/05/1969. (Tradução de fansub).

[28] DORORO (どろろ): Yōtō Nihiru No Maki Sono ni (妖刀似蛭の巻 ・その二). Oitavo episódio da série produzida pelo estúdio Mushi Production (虫プロダクション), exibido pela TV Fuji (フジテレビ) em 25/05/1969. (Tradução de fansub).

[29] O tétano é uma infecção aguda e grave, causada pela toxina do bacilo tetânico (Clostridium tetani), que entra no organismo através de ferimentos ou lesões de pele.

[30] DRACULA X: NOCTURNE IN THE MOONLIGHT: INVENTORY TRANSLATION GUIDE. Em: GAME FAQs, 27/10/2002: <https://gamefaqs.gamespot.com/saturn/197146-akumajou-dracula-x-gekka-no-yasoukyoku/faqs/18248>.

[31] SIMAN, Leandro Gusmão; SOUZA, Fabio Santana de; LIVRAMENTO, Gilson P.; PAULA, Donizete de; LETONAI, Homero & ARAKI, Eric. Castlevania: Symphony of the Night: Estratégia completa, mapas inteiros para o castelo normal e invertido e lista de itens. Em: ALMANAQUE WORLD GAMES. Ano I, nº 1. São Paulo, Editora Canaã, p 56.

[32] BORTOLAÇO, Denis & MARQUES, Rafael. Castlevania: Warpzone Clássicos n

 º 9. São paulo, 2017, p 66.

[33] Shmoo é um personagem criado por Al Capp para as tiras de jornal de Ferdinando Buscapé. Sua primeira aparição ocorreu em 31/08/1948. Era um animal exótico, extremamente amoroso e ingênuo. Sua espécie era muito nutritiva e foi exterminada pelos capitalistas americanos a fim de evitar a falência do negócio agropecuário. Em 1979, os estúdios Hanna-Barbera relançaram o personagem em forma de desenho animado. Nesta revisão Shmoo era apenas um bichinho branco, parecido com um fantasma com aspecto de foca, porém muito carinhoso com todos seus amigos. Serviu de inspiração também para outros dois personagens do estúdio: Gloop e Gleep de Os Herculóides. Podia se transformar em qualquer coisa para ajudar seu dono e amigos, livrando-os dos perigos e facilitando trabalhos dos mesmos. Mas Hanna-Barbera abandonou a ideia dele ser nutritivo e atrair o apetite humano.

[34] As descrições da yōtōmuramasa nos jogos da franquia Castlevania informam ser “uma lâmina com vida própria, criada por um lendário espadachim ferreiro” (Order of Shadows). É também “uma espada sedenta de sangue” (Symphony of the Night), “embebida no sangue de inimigos caídos” (Encore of the Night:), “com reputação macabra” (Dawn of Sorrow). “Uma lâmina oriental mortalmente afiada; requer clareza de vontade para mantê-la sob controle” (Curse of Darkness).

[35] Sozinha a cura de sangue da yōtōmuramasa soma oito pontos à barra de vida de Alucard, mas se ele também usar buraddosutōn a cura de sangue somará dezesseis pontos todas as vezes. Este é o mesmo poder temporariamente ativado pelo feitiço do pergaminho Dark Metamorphose (ダークメタモルフォーゼ) cujo nome foi transliterado do inglês.

[36] Chegar aos 999 pontos de ataque por mérito próprio não é humanamente possível, mas jogadores dão dicas sobre como bugar um controle turbo e deixar Alucard lutando sozinho a noite inteira. A kataná Muramasa ganha um ponto de ataque conforme a equação [(ataque atual × 2) +11] curas de sangue. Por exemplo, para aumentar o atributo inicial -5 para -4 basta uma cura de sangue. Para aumentar -4 para -3 requer três curas de sangue e assim por diante.

[37] 月下の夜想曲」 999まで強化した妖刀村正で全ボス倒したい 「ゆっくり実況」. Publicado no canal T先輩, no Youtube em 03/03/2020. URL: <https://www.youtube.com/watch?v=Tk9F3Fudd9M>.

[38] CASTLEVANIA WIKI. Acessado em 30/03/2022. URL: <https://castlevania.fandom.com/wiki/Muramasa>.

[39] Na mitologia nórdica a espada Dáinsleif pertencia ao rei Hǫgni. Forjada por um anão, ela produzia feridas que nunca cicatrizavam e matava um homem sempre que desembainhada. Sua lenda é semelhante à da espada Tyrfing.

[40] Ragnarök Online foi o primeiro jogo online coreano a ser exportado com sucesso a outros países. No Brasil, foi o primeiro MMORPG traduzido oficialmente para a língua portuguesa, rodado em servidores nacionais, de 2004 a 2021.

[41] O quarto nível é o mais alto e o mais difícil dos ferreiros aprimorarem com minério oridecon para aumentar o ataque.

[42] Maldição é um efeito negativo que passa em poucos segundos. Maldição reduz o ataque do avatar em 25%, zera os pontos de sorte e reduz sua velocidade de movimento. Porém a impossibilidade de correr não atrapalha a quem não quer fugir da luta, a construção de espadachins não exige nenhum gasto de ponto em sorte e o aumento significativo na velocidade de ataque proporcionado pela espada compensa a redução do dano.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/a-lenda-de-yoto-as-laminas-vampiras/

‘Dogma e Ritual da Alta Magia

 

Eliphas Levi

Dogme et Rituel de la Haute Magie foi publicado a primeira vez na França em 1855.  Trata-se da mais famoso e influente trabalho de Eliphas Levi  e é ainda hoje um dos mais venerados tratados sobre magia ritual jamais escritos.  Nele a teoria e prática da antiga tradição dos magos é revelada sem mistificações e metáforas desnecessárias. Na versão original, o tomo era acopanhado do Nuctemeron.

Apesar de obviamente datado e de sua clara orientação cristã, Dogma e Ritual da Alta Magia é tão completo, tão direto e didático que agrada mesmo ocultistas pós-modernos, menos preocupados com crenças e mais voltados aos resultados.

Levi não definia magia como um meio de quebrar as leis naturais das causas e consequênciase  fazer o impossível, mas sim como a ciência tradicional de como lidar com os segredos da mente e do cosmos. Em suas palavras:

“Se por milagres entendeis obras contra a natureza ou efeitos nâo justificados pelas suas causas, não faço nem ensino a fazer semelhantes milagres. O próprio Deus não poderia fazê-lo.”

PARTE I – DOGMA

PARTE II – RITUAL

 

 

 

 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/dogma-e-ritual-da-alta-magia/

Cavaleiros Templários

“Não por nós, Senhor, não por nós,

mas para que seu nome tenha a Glória.”

A Ordem Templária foi fundada em Jerusalém em 1118, logo após a Primeira Cruzada, mesmo havendo alguns indícios de ter sido fundada quatro anos antes. Seu nome está relacionado ao local de seu primeiro quartel-general, no lugar do antigo Templo de Salomão.

Nove monges veteranos dessa Primeira Cruzada, entre eles Hugues de Payens e Godofredo de Saint Omer, reuniram-se para fundar a Ordem em defesa da Terra Santa. Pronunciaram perante o patriarca de Jerusalém, Garimond, os votos de castidade, de pobreza e de obediência, comprometendo-se, solenemente, a fazer tudo aquilo que estivesse ao seu alcance para garantir as rotas e os caminhos e a defender os peregrinos contra os assaltos e os ataques dos infiéis. Foi dada a fundação da Ordre de Sion (Ordem de Sião) a Godofredo de Bouillon, por volta de 1099. A original Ordem de Sião foi estabelecida para que muçulmanos, judeus e outros indivíduos elegíveis pudessem aliar-se à Ordem cristã e tornar-se Templários.

Freqüentemente podemos encontrar os Templários sendo denominados Soldados de Cristo (Christi Milites), Soldados de Cristo e do Templo de Salomão. A regra que lhes foi concedida por ocasião do Concílio de Troyes, em Champagne, é: Regula pauperum commilitonum Christi Templique Salomonici.

Eles, no começo, viviam exclusivamente da caridade, e tamanha era sua pobreza que não podiam ter mais do que um só cavalo cada um. O antigo sinete da Ordem, no qual aparece a representação de dois cavaleiros em um só cavalo, comprova essa humildade primitiva.

O bispo de Chartres escreveu a respeito dos Templários em 1114, chamando-os de Milice du Christi (Soldados de Cristo).

O primeiro Grão-Mestre da Ordem foi Hugues de Payens, certamente um homem superior. Durante toda a sua vida, testemunhou um pensamento seguro e uma indomável coragem. Inspirado pelo espírito cavalheiresco de seu século, ele não podia ter se tornado apenas um cruzado cujo nome caiu no esquecimento, como o de tantos outros nobres e bravos senhores. Era grandioso armar-se com oito soldados contra legiões numerosas; oferecer-se, sob um céu implacável, aos golpes de um inimigo que observava atentamente sua empreitada e que podia afogá-lo definitivamente, já no primeiro combate, no sangue de seu punhado de bravos.

E foi assim que viveram durante dez anos. Sem pedir reforços nem subsídios, nenhuma recompensa, nenhuma prebenda esperava por eles. Viviam segundo suas próprias leis, vestidos e alimentados pela caridade cristã.

Martin Lunn, em seu livro Revelando o Código de Da Vinci (Madras Editora), fala-nos do Priorado de Sião, que compartilhava com a Ordem do Templo (Cavaleiros Templários) o mesmo Grão-Mestre; eram dois braços da mesma organização até algo conhecido como a “Corte do Olmo”, que aconteceu em Gisors, em 1118. Essa separação entre as duas Ordens foi supostamente causada pela chamada “traição” do Grão-Mestre Gerard de Ridefort que, de acordo com os Dossiês Secretos, resultou na perda de Jerusalém pela Europa para os sarracenos.

Quando do Concílio de Troyes (1128), Hugues e outros seis Cavaleiros compareceram diante dos mais altos dignitários da Igreja. O papa e o patriarca Étienne lhes deram um hábito, e o célebre abade de Clarval, São Bernardo de Clairvaux, encarregou-se da composição de sua regra, modificando parcialmente os estatutos primitivos da sociedade. Foi também São Bernardo quem revitalizou a Igreja Celta da Escócia e reconstruiu o mosteiro de Columba, em Iona (tal mosteiro havia sido destruído em 807 por piratas nórdicos). O juramento dos Cavaleiros Templários a São Bernardo exigia a “Obediência de Betânia – o castelo de Maria e Marta”.

Durante a era das cruzadas, que perfazem um total de oito e as quais continuaram até 1291 no Egito, na Síria e na Palestina, apenas a primeira, de Godofredo, foi de alguma utilidade, como afirma Laurence Gardner, um magnífico autor de nossa editora: “(…) Mas mesmo essa foi desfigurada pelos excessos das tropas responsáveis que usaram sua vitória como desculpa para o massacre de muçulmanos nas ruas de Jerusalém. Não apenas Jerusalém era importante para os judeus e cristãos, porém se tornara a terceira Cidade Santa do Islã, após Meca e Medina. Como tal, a cidade até hoje está no cerne de contínuas disputas. (Embora os muçulmanos sunitas considerem Jerusalém sua terceira cidade Sagrada, os muçulmanos xiitas colocam-na em quarto lugar após Carabala, no sul do Iraque.)

A segunda cruzada para Odessa, liderada por Luiz VII da França e pelo imperador alemão Conrado III, fracassou miseravelmente. Então, cerca de cem anos após o sucesso inicial de Godofredo, Jerusalém caiu sob o poder de Saladino do Egito, em 1187. Foi quando engatilhou a terceira cruzada de Felipe Augusto, da França, e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, que, entretanto, não conseguiram recuperar a Cidade Santa. A quarta e quinta cruzadas concentraram-se em Constantinopla e Damieta. Jerusalém foi retomada brevemente dos sarracenos após a sexta cruzada, mas ficou longe de reverter a situação. Por volta de 1291, a Palestina e a Síria estavam firmemente sob o controle muçulmano e as cruzadas haviam terminado.

Vejamos alguns preceitos da nova legislação, mas é importante lembrarmos que nessa época os cavaleiros não eram classificados em graus como os nobres. Todo homem que não fosse sacerdote ou servo podia aspirar à Cavalaria e à nobreza moderna tinha aí sua origem. A partícula de não indicava seus nomes, mas a cidade, a vila ou o lugarejo que habitavam. Mais tarde, o nome de sua residência transformou-se em seu nome de família.

Todos os cavaleiros que tenham professado vestem mantos brancos de comprimento médio. Os mantos usados são entregues aos Escudeiros e irmãos servos, ou aos pobres.

Os mantos brancos que os escudeiros e servos vestiam originalmente foram substituídos por mantos negros ou cinzas.

Apenas os cavaleiros vestem mantos brancos.

Cada cavaleiro possui três cavalos, pois a pobreza não permite que tenham mais que isso.

Cada cavaleiro tem somente um escudeiro ao qual não poderá castigar, já que ele o serve gratuitamente.

Ninguém pode sair, escrever ou ler cartas sem autorização do Grão-Mestre.

Os cavaleiros casados habitam à parte e não vestem clâmides ou mantos brancos.

Os cavaleiros seculares que desejam ser admitidos no Templo serão examinados e ouvirão a leitura da regra antes de seu noviciado.

O Grão-Mestre escolhe seu capítulo dentre seus Irmãos. Nos casos importantes que dizem respeito à Ordem ou na admissão de um Irmão, todos podem ser chamados para o capítulo, se essa for a vontade do chefe.

Na obra A História dos Cavaleiros Templários, de Élize de Montagnac, da Madras Editora, encontramos um texto muito oportuno a respeito da iniciação, que passamos a transcrever: “(…) Os estatutos e regulamentos recomendavam, acima de tudo, a prece, a caridade, a esmola, a modéstia, o silêncio, a simplicidade, o desdém à riqueza e à opulência, a abnegação, a obediência, a proteção aos pobres e oprimidos; cuidar dos enfermos; o respeito aos mortos entre outros”. Tal Código de regras é composto de 72 artigos e foi descoberto em 1610, em Paris, por Aubert-le-Mire, cientista e historiador, decano de Anvers.

Mas a cada dia os regulamentos concernentes à hierarquia, à disciplina e ao cerimonial eram ajustados e adaptados ao Código Latino, assim declarado perfectível.

“Portanto não é de se surpreender que, além desse, hoje são conhecidos outros três códigos manuscritos, os quais não são nada mais do que sua continuação. Um foi descoberto em 1794, na biblioteca do príncipe Corsini, pelo cientista dinamarquês Münster; o outro foi encontrado na biblioteca Real por M. Guérard, conservador e restaurador; o terceiro foi encontrado nos arquivos gerais de Dijon por M. Millard de Cambure, mantenedor dos arquivos de Borgúndia.”

E desse último, datado de 1840, é que extraímos a descrição do modo de iniciação dos irmãos cavaleiros; a verdade sobre essas recepções nos sugere serem elas revestidas de um grande interesse, após as absurdas e terríveis lendas que as cercam. Por favor, observem a quantidade de coincidências com nossos rituais (maçônicos).

“Antes que um novo Irmão fosse recebido, era necessário sondar os espíritos para saber se ele vinha de Deus: Probate Spititus, si ex Deo Sunt. Em razão disso, ao longo de certo período, impunham-se ao candidato diversas privações de todas as naturezas; incumbiam-lhe os trabalhos mais pesados e baixos da casa, tais como: cuidar do fogão e da cozinha, girar o moinho, cuidar das montarias, tratar dos porcos, etc. Após isso, procedia-se à admissão, a qual era feita da seguinte forma:

A Assembléia reunia-se, ordinariamente, à noite. O candidato esperava do lado de fora; por três vezes, dois cavaleiros se dirigiam a ele para perguntar-lhe o que ele desejava; e por três vezes o candidato respondia que era sua vontade adentrar a Casa. A seguir, então, o candidato era conduzido à Assembléia, e o Grão-Mestre, ou aquele que presidia a sessão em seu lugar, apresentava-lhe tudo de rude e penoso que o aguardava naquela vida em que estava prestes a entrar. Dizia-lhe: ‘Devereis ficar desperto e alerta quando mais quiserdes dormir, suportar o cansaço quando mais quiserdes repousar. Quando sentirdes fome e quiserdes comer, ser-vos-á ordenado que vades aqui ou acolá, sem vos ser dada nenhuma explicação ou motivo. Pensai bem, meu querido Irmão, se sereis capaz de sofrer todas as asperezas.’ Se o candidato respondesse ‘Sim, eu me submeterei a todas, se assim agradar a Deus!’, o Mestre complementava: ‘Estai ciente, querido Irmão, de que não deveis pedir a companhia da Casa para obter benesses, honrarias e riquezas, nem satisfazer o vosso corpo, principalmente em relação a três aspectos:

1º, Evitar e fugir dos pecados deste mundo;

2º, Servir ao nosso Senhor;

3º, Ser pobre e fazer a penitência nesta vida para a santidade da alma.

Sabei também que sereis, a cada dia de vossa existência, um servo e escravo da Casa.

Estais certo de vossa decisão?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.

‘Estais disposto a renunciar para sempre à vossa própria vontade, e nada mais fazer além daquilo que vos for determinado?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.

‘Então, retirai-vos e orai a nosso Senhor para que Ele vos aconselhe’.

Assim que o candidato se retirava, o presidente da Assembléia continuava: ‘Beatos senhores, puderam constatar que essa pessoa demonstrou ser possuidora de um grande desejo de ingressar na Casa, e declarou estar disposta a dedicar toda a sua vida como servo e escravo. Se há entre vocês alguém que saiba alguma coisa que possa impedir que essa pessoa seja recebida como cavaleiro, que nos dê conhecimento agora, pois, após sua admissão, ninguém mais terá crédito para fazê-lo’. Caso nenhuma contestação fosse apresentada, o Mestre perguntava: ‘Admitamo-lo como oriundo de Deus?’

‘Por inexistir qualquer oposição, fazei-o retornar como vindo de Deus.’

Então um dos membros que se manifestaram saía ao seu encontro e o instruía como ele deveria pedir seu ingresso.

Retornando à Assembléia, o recipiendário ajoelhava-se e, com as mãos postas, dizia:

‘Senhor, eu compareço perante Deus, perante vós e perante os Irmãos, para vos pedir e implorar em nome de Deus e de Nossa Senhora que me acolham em vossa Irmandade, e nos benefícios da Casa, espiritual e materialmente, como um que será servo e escravo da Casa, em cada um dos dias de toda a sua vida.’

O presidente da Assembléia lhe respondia: ‘Pensastes bem? Ainda pensais em renunciar à vossa vontade em favor do próximo? Estais decidido a submeter a todas as dificuldades e asperezas que vigoram na Casa e a cumprir tudo aquilo que vos for mandado?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’

E continuava o presidente, agora se dirigindo aos cavaleiros presentes à Assembléia:

‘Então levantem-se, nobres senhores, e orem a Nosso Senhor e a Nossa Senhora Santa Maria pedindo que ele seja bem-sucedido.’

Em seguida, cada um deles recitava um Pai-Nosso, enquanto os capelães recitavam a oração ao Espírito Santo, e, em seguida, traziam o Evangelho, sobre o qual o recipiendário prestava o seu juramento de responder com franqueza, sinceridade e lealdade às questões seguintes:

1º, Não tendes nem esposa nem noiva?

2º, Não estais engajado em nenhuma outra Ordem; não fizestes nenhum outro voto, juramento ou promessa?

3º, Tendes alguma dívida convosco mesmo ou com algum outro, a qual não vos seja possível pagar?

4º, Estais em plena saúde física?

5º, Não destes, ou prometestes dar, dinheiro a nenhuma pessoa para que, assim, facilitasse vossa admissão à Ordem do Templo?

6º, Sois filho de um cavaleiro e de uma dama; pertencem vossos pais à linhagem dos cavaleiros?

7º, Não sois nem padre, nem diácono, nem subdiácono?

8º, Não fostes excomungado?

Procurai não mentir, pois, se o fizerdes, sereis considerado perjuro e tereis de abandonar a Casa.

Concluído esse interrogatório, o Grão-Mestre, ou aquele que substituía, ainda se dirigindo à Assembléia, indagava se ainda havia algumas outras perguntas a serem formuladas e, caso reinasse o silêncio, ele se voltava ao recipiendário, dizendo:

‘Ouvi bem, meu caro Irmão, o que ainda vos vamos pedir:

Prometei a Deus e a Nossa Senhora que, ao longo de toda a vossa vida, obedecereis ao Mestre do Templo e ao comandante sob cujas ordens estareis sujeito.

E mais: que todos os dias de vossa vida vivereis imaculado.

E mais ainda: prometei a Deus e a Nossa Senhora Santa Maria que, em todos os dias de vossa vida, respeitareis os bons costumes vigentes na Casa e aqueles que os Mestres e os doutos haverão de acrescentar.

Mais: que, em cada um dos dias de vossa vida, ajudareis, com todas as forças e com todo o poder que Deus vos outorgou, a conquistar a Terra Santa de Jerusalém e a proteger e defender as propriedades dos cristãos.

E ainda: que jamais abandonareis essa religião em favor de outra, seja ela qual for, sem permissão do Grão-Mestre e da Assembléia, etc.’

E a cada vez o futuro Cavaleiro devia responder:

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’

Isso feito, aquele que conduzia a Assembléia assim anunciava sua admissão:

‘Vós, por Deus e por Nossa Senhora, por São Pedro de Roma, por nosso Padre Apóstolo e por todos os Irmãos do Templo, acolhei, vosso pai e mãe, e todos aqueles que foram acolhidos em vossa linhagem e em todos os benefícios que já fizeram e farão. E vos comprometeis sobre o pão e sobre a água e sobre a pobre vestimenta da Casa, do sacrifício e do trabalho farto.’

A seguir, tomando o manto do templário, ele o colocava no pescoço do novo cavaleiro, seguido pelo Irmão capelão que entoava o salmo:

‘Ecce quam Bonum et quam jucundum habitare in unum…’ (‘Oh! Quão bom e quão agradável viverem unidos os Irmãos!…’)

Segundo M. Mignard, algumas vezes, durante as iniciações, eles entoavam alguns versículos dos Salmos, ou alguma alocução em alusão ao espírito da fraternidade, como o Salmo 133. E a oração do Espírito Santo;

‘O Espírito de Deus me criou e o sopro do Todo-Poderoso me deu a vida.’

(João 33: 4)

Veni, Creátor Spíritus

[ Ao Espírito Santo]

Veni, Créator Spíritus,

[Espírito criador ]

Mentes tuórum visita,

[Visita a alma dos teus]

Imple supérna grátia,

[Nos corações que criaste]

Quae tu creásti péctora.

[derrama a graça de Deus]

Qui díceris Paráclitus,

[Ó fogo quem vem do alto,]

Altíssimi donum Dei,

[Teu nome é consolador,]

Fons vivus, ignis, cáritas,

[Unção espiritual,]

Et spiritális únctio.

[perene sopro de amor.]

Tu septifórmis múnere,

[Por Deus Pai tão prometido,]

Dígitus patérnae déxterae,

[És dedo da sua mão,]

Tu rite promíssum Patris,

[Os teus sete dons são fonte]

Sermóne ditanas gútura.

[De toda vida e oração]

Accénde lúmen sénsibus.

[Acende o lume das mentes,]

Infunde amórem córdibus.

[Infunde em nós teu amor;]

Infirma nostri córporis,

[nossa carne tão frágil,]

Virtúte firmans pérpeti.

[sustenta com teu vigor.]

Hostem repéllas lóngius,

[Atira longe o inimigo,]

Pacémque dones prótinus,

[Conserva em nós tua paz,]

Ductóre sic te praevio,

[A ti queremos por guia,]

Vitémus omne nóxium.

[noss’alma em ti se compraz]

Per te sciámus da Patrem,

[Ao Pai e ao Filho possamos]

Noscámus atque Fíluim,

[Em tua luz conhecer;]

Teque utriúsque Spíritum

[Dos dois tu és o Espírito,]

Credámus omni témpore.

[O sol de todo saber.]

Deo Patri glória

[Louvemos ao Pai celeste,]

Et Filio qui a mórtuis

[Ao Filho que triunfou,]

Surréxit, ac Paráclito,

[E a quem, de junto ao Pai,]

In saeculórum saecula. Amen.

[à santa Igreja enviou. Amém.]

…então aquele que tornou Irmão o novo cavaleiro levanta-o, beija-lhe a boca (era costume que o Irmão capelão assim o fizesse, como também era normal que os reis se cumprimentassem dessa mesma forma) e, convidando-o a sentar-se diante de si, diz: ‘Caro Irmão, nosso Senhor vos conduziu ao vosso desejo e vos introduziu em uma fraternidade tão bela como esta Cavalaria do Templo, pela qual deveis dedicar extrema atenção para jamais cometer algo que vos faça perdê-la – que assim Deus vos conserve!’

Finalmente, depois de enumerar as causas que poderiam acarretar a perda do hábito e da Casa, depois de ter lido para ele os regulamentos disciplinares, acrescentava:

‘Já vos dissemos as coisas que deveis fazer e as coisas das quais deveis manter-se afastado… E, se por acaso não abordamos tudo o que deveria ser dito sobre os nossos deveres, vós indagareis. E Deus vos ajudará a falar e a fazer o bem. Amém!’ (referência ao maior deus egípcio Amon). (Nesse momento, o Grão-Mestre selava com os lábios o cóquis (cóccix), o fim ou início da espinha dorsal, que é o equilíbrio do homem, seu eixo central, um chacra, que são pontos energéticos no corpo humano.)

Pois bem, aí está, segundo as únicas regras conhecidas, como eram realizadas as cerimônias de iniciação qualificadas de infames, e nas quais eram ultrajadas tanto a divindade como a moral; mas nas quais, na realidade, o maior crime cometido era o de continuarem secretas.

O mistério com o qual os templários cercavam suas reuniões enchia de terror a imaginação dos contemporâneos daquela época, e não foge muito de nossa época também. Em geral, tudo o que os homens não podiam ver ou compreender adquiria, aos seus olhos, as mais sinistras tonalidades. Em 1789, quando a população sitiou a Bastilha, imaginava-se ser de boa-fé trabalhar pela libertação de grandes grupos de prisioneiros abandonados nas celas das prisões. Qual não foi o seu espanto ao ver as vítimas do despotismo real? Não havia mais do que sete, entre os quais falsários e dois desequilibrados mentais”.

A influência templária cresceu rapidamente. Os templários guerrearam heroicamente nas diversas cruzadas e também chegaram a ser os grandes financiadores e banqueiros internacionais da época; em conseqüência, acumularam grandes fortunas. Calcula-se que, antes da metade do século XIII, eles possuíam nove grandes propriedades rurais apenas na Europa. O Templo de Paris foi o centro do mercado mundial da moeda, e sua influência, assim como sua riqueza, era também muito grande na Inglaterra. No fim do mesmo século, diz-se que haviam alcançado uma receita cujo montante era equivalente a dois milhões e meio de libras esterlinas atuais, ou seja, maior que a de qualquer país ou reino europeu daqueles dias. Acredita-se que, a essa altura, os templários eram cerca de 15 ou 20 mil cavaleiros e clérigos; porém, ajudando-os, havia um verdadeiro exército de escudeiros, servos e vassalos. Pode-se conceber uma influência com base no fato de que alguns membros da Ordem tinham a obrigação de assistir aos grandes Concílios da Igreja, como o Concílio de Lateranense, de 1215, e o de Lyons, de 1274.

Os cavaleiros templários trouxeram para o Ocidente um conjunto de símbolos e cerimônias pertencentes à tradição maçônica, e possuíam um certo conhecimento que agora é transmitido somente nos Graus filosóficos e capitulares da Maçonaria. Desse modo, a Ordem era também um dos depositários da sabedoria oculta na Europa durante os séculos XII e XIII, embora os segredos completos fossem dados somente a alguns membros; portanto, suas cerimônias de admissão eram executadas pelo Grão-Mestre, ou Mestre que esse designasse, pois eram estritamente religiosas e em absoluto segredo, como já mencionamos. Por causa desse segredo, a Ordem sofreu as mais terríveis acusações.

Há também uma passagem no ritual templário, na qual o pão e o vinho eram consagrados em capítulo aberto durante uma esplêndida cerimônia: tratava-se de uma verdadeira eucaristia, um maravilhoso amálgama do sacramento egípcio com o cristão.

A Eliminação dos Templários

A supressão dessa poderosa Ordem é uma das maiores máculas na tenebrosa história da Igreja Católica Romana. Os relatos do processo francês foram publicados por Michelet, o grande historiador, entre 1851-61, e existe uma excelente compilação das provas apresentadas, tanto na França como na Inglaterra, em uma série de artigos que apareceram em 1907 na Ars Quattuor Coronatorum (XX, 47, 112, 269). Vamos apenas apresentar um esboço do que aconteceu:

Filipe, o Belo, então rei da França, necessitava desesperadamente de dinheiro. Já havia desvalorizado a moeda e aprisionado os banqueiros lombardos e judeus e, depois de confiscar-lhes suas riquezas, acusando-os falsamente de usura – algo abominável para a mente medieval –, expulsou-os de seu reino. Em seguida, resolveu desfazer-se dos templários, depois que eles haviam lhe emprestado bastante dinheiro e, como o papa Clemente V devia sua posição às intrigas de Filipe, o assunto não foi difícil de ser resolvido. Sua tarefa foi facilitada ainda mais pelas acusações apresentadas pelo ex-cavaleiro Esquin de Floyran, que tinha interesse pessoal no assunto e pretendeu revelar todo o tipo de coisas malévolas: blasfêmia, imoralidade, idolatria e adoração ao demônio na forma de um gato preto.

Essas acusações foram aceitas por Filipe com deleite. E em uma sexta-feira, 13 de outubro de 1307, todos os templários da França foram aprisionados sem nenhum aviso prévio por parte do mais infame tribunal que jamais existiu, um aglomerado de demônios em forma humana, chamado, em grotesca burla, de Santo Ofício da Inquisição que, nesses dias, tinha plena jurisdição naquele e em outros países da Europa. Os templários foram horrivelmente torturados, de modo que alguns morreram e os outros assinaram toda a classe de confissões que a Santa Igreja desejava. Os interrogatórios se relacionavam principalmente à suposta negação de Cristo e ao fato de terem cuspido na cruz e, em menor grau, com graves acusações de imoralidade. Um estudo das evidências revela a absoluta inocência dos templários e a engenhosidade diabólica mostrada pelos oficiais do Santo Ofício, encarregados da prisão dos acusados pela Inquisição, que os mantinha incomunicáveis, carentes de defesa adequada e de consulta pertinente, ao mesmo tempo em que faziam circular a versão de que o Grão-Mestre havia confessado diante do papa a existência de crueldades na Ordem. Os Irmãos foram convencidos por meio de adulações e promessas, subornados e torturados, até confessarem faltas que jamais haviam cometido, e tratados com a mais diabólica crueldade.

Assim era a “justiça” daqueles que usavam o nome do Senhor do Amor durante a Idade Média; assim era a compaixão exibida em relação a seus fiéis servidores, cuja única falta foi a riqueza, obtida legalmente para a Ordem e não para si mesmos. Filipe, o Belo, obteve dinheiro. Mas, que carma, mesmo com 20 mil vidas de sofrimento, poderá ser suficiente para um ingrato vil? A Igreja romana, sem dúvida, tem sua participação. E pergunto: como cancelar uma maldade tão incrível quanto essa?

O papa desejava destruir a Ordem e reuniu o concílio em Viena, em 1311, com tal objetivo, mas os bispos recusaram-se a condená-la sem primeiro escutá-la. Então, o papa aboliu a Ordem em um consistório privado efetuado em 22 de novembro de 1312, apesar de ter aceitado o fato de que as acusações não haviam sido comprovadas. As riquezas do Templo deviam ser transferidas à Ordem de São João; porém, o certo é que a parcela francesa foi desviada para os cofres do rei Filipe.

O último e mais brutal ato dessa desumana tragédia ocorreu em 14 de março de 1314, quando o Venerável Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem Templária, e Gaufrid de Charney, Grande Preceptor da Normandia, foram queimados publicamente como hereges reincidentes, em frente à grande Catedral de Notre Dame. Quando as chamas os rodearam, o Grão-Mestre incitou o rei e o papa a que, antes de um ano, se reunissem a ele diante do trono de julgamentos de Deus e, de fato, tanto o papa como o rei morreram dentro do prazo de 12 meses.

Temos notícias que alguns cavaleiros templários franceses se refugiaram entre seus Irmãos do Templo da Escócia e, naquele país, suas tradições chegaram a fundir-se, em certa medida, com os antigos ritos celtas de Heredom, formando, assim, uma das fontes das quais mais tarde brotaria o Rito Escocês Antigo e Aceito.

Há muito pouco tempo, a escritora Barbara Frale encontrou na biblioteca do Vaticano um documento denominado “Chinon”. Trata-se de uma carta na qual o papa Clemente V perdoa o Grão-Mestre Jacques de Molay. Você poderá saber disso com mais detalhes na obra de Barbara Frale: Os Templários – E o Pergaminho de Chinon encontrado nos arquivos secretos do Vaticano, da Madras Editora.

Por Wagner Veneziani Costa

#Templários

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/cavaleiros-templ%C3%A1rios

‘Aforismos de Patañjali

Yoga Sutra de Patañjali

Os aforismos de Patanjali, também chamados de Yoga Sutra (O livro da União) formam o texto fundamental da Yoga. Seu autor, que empresta o nome a obra,  viveu entre 200 a.c e 400 d.c e foi posteriormente reconhecido como o pai da Yog e é ainda adorado na índia como uma das encarnações do seus serpente Ananta.

Dentro de sua obra ele legou a humanidade 196 aforismos divididos em quatro capítulos que tratam do método do hindu para libertar o praticante das limitações da mente vulgar despertando-o para sua real natureza.

Trata-se de um texto importante do misticismo oriental sendo recomendado por Aleister Crowley em ‘Magick in Theory and Pratice’ como literatura essencial para os interessados em se dedicar ao estudo e à prática mágicka.

 

Livro I

Sobre a Concentração

 

1. Agora iniciamos a exposição do Yoga.

2. Yoga é a restrição das modificações da mente.

3. Então o Observador permanece nele mesmo.

4. Em outros momentos, o Observador parece assumir a forma da modificação mental.

5. Elas (as modificações) Têm cinco variedades, das quais algumas são ‘Klista’ e o resto ‘Aklista’.

6. (São elas) Pramana, Viparyaya, Vikalpa, sono (sem sonhos) e recordação.

7. (Destas) Percepção, inferência e testemunho (comunicação verbal) constituem as Pramanas.

8. Viparyaya ou ilusão é o conhecimento falso formado a partir de um objeto como se ele fosse outro.

9. A modificação chamada ‘Vikalpa’ é baseada na cognição verbal, com relação a uma coisa que não existe. (É um tipo de conhecimento útil que advém do significado da pala vra mas que não tem uma realidade correspondente).

10. Sono sem sonho é a modificação mental produzida pela condição de inércia como o estado de vacuidade ou negação (do despertar e do adormecer).

11. Recordação é a modificação mental causada pela reprodução da impressão prévia de um objeto, sem adicionar nada de outras fontes.

12. Pela prática e o desapego isso pode ser restringido.

13. O esforço para adquirir Sthiti ou um estado tranquilo da mente, desprovido de flutuações, é chamado prática.

14. Esta prática, quando continuada por um longo tempo, sem interrupção e com devoção, torna-se firme em seus fundamentos.

15. Quando a mente perde todos os desejos por objetos vistos ou descritos nas escrituras, ela adquire um estado de absoluto não desejo que é chamado desapego.

16. Indiferênça para com as Gunas, ou princípios constituintes, alcançada através do conhecimento da natureza de Purusha, é chamado Paravaiaragya (desapego supremo).

17. Quando a concentração é conseguida com a ajuda de Vitarka, Vichara, Ananda e Asmita, é chamada Samprajnata-samadhi.

18. Asamprajnata-samadhi é o outro tipo de Samadhi que surge com a prática constante de Para-vairagya, que leva ao desaparecimento de todas as flutuações da mente, permanecendo apenas as impressões latentes.

19. Enquanto no caso de Videhas ou dos desincarnados e de Prakrtilayas ou dos que subsistem em seus constituintes elementares, é causada por ignorância que resulta em existência objetiva.

20. Outros (que seguem o caminho do esforço prescrito) adotam os meios da fé reverencial, energia, recordação repetida, concentração e conhecimento real (e assim alcançam Asamprajnata-samadhi).

21. Yoguis com intenso ardor alcançam concentração e seus resultados, rapidamente.

22. De acordo com a aplicação do método, vagarosa, média ou rápida, mesmo entre os yoguis que têm intenso ardor, existem diferenças.

23. Através de devoção especial a Isvara também (concentração torna-se eminente) 24. Isvara é um Purusha em particular, não afetado por aflição, ação, resultado das ações ou as impressões latentes que advém delas.

25. Nele, a semente da onisciência alcançou seu desenvolvimento maior, não havendo nada mais a transcender.

26. (Ele é) O professor dos primeiros professores porque com Ele não existe limite de tempo (para sua onipotência).

27. A palavra sagrada que o designa é Pranava ou a sílaba OM.

28. (Yoguis) a repetem e contemplam seu significado.

29. Disso vem a realização do Ser individual e os obstáculos são resolvidos.

30. Doença, incompetência, dúvida, desilusão, pregriça, não- abstinência, concepção errônea, não-alcance de qualquer estado yogui ou instabilidade para permanecer num estado yogui, estas distrações da mente são os impedimentos.

31. Tristeza, falta de entusiasmo, inquietação, inspiração e expiração advém de distrações prévias.

32. Para restringí-las (isto é, as distrações) prática (da concentração) em um princípio único, deve ser feita.

33. A mente torna-se purificada pelo cultivo dos sentimentos de amizade, compaixão, boa-vontade e indiferença respectivamente a criaturas felizes, miseráveis, virtuosas ou pecaminosas.

34, Pela expiração e restrição da respiração também (a mente é acalmada).

35. O desenvolvimento de percepção objetiva chamada Visayavati também traz tranquilidade mental.

36. Ou pela percepção que é livre de tristeza e é radiante (estabilidade mental também é produzida).

37. Ou (contemplando) uma mente que é livre de desejos (a mente do devoto torna-se estável).

38. Ou tomando como objeto de meditação as imagens dos sonhos ou dos devaneios (a mente do yogui torna-se estável).

39. Ou contemplando qualquer coisa que o indivíduo queira (a mente torna-se estável).

40. Quando a mente desenvolve o poder de estabilizar-se nos objetos de menor tamanho, assim como nos maiores, então a mente está sobre controle.

41. Quando as flutuações da mente são enfraquecidas, a mente aparenta tomar as formas do objeto da meditação – seja ele o que conhece (Grahita), o instrumento de cognição (Grahana) ou o objeto conhecido (Grahya) – como uma jóia transparente, e esta identificação é chamada Samapatti ou absorção.

42. A absorção na qual existe confusão entre a palavra, seu significado (isto é, o objeto) e seu conhecimento, é conhecida como Savitarka Samapatti.

43. Quando a memória é purificada, a mente parece estar desprovida de sua própria natureza (isto é, da consciência reflectiva) e somente o objeto (o qual está contemplando) permanece iluminado. Este tipo de abs orção é chamada Nirvitarka Samapatti.

44. Através disso (o que foi dito) as absorções Savichara e Nirvichara, cujos objetos são sutis, são também explicadas.

45. Sutileza pertencente aos objetos, culmina em A-linga ou o imanifesto.

46. Estes são os únicos tipos de concentração objetiva.

47. Ganhando proficiência em Nirvichara, pureza nos intrumentos internos de cognição é desenvolvida.

48. O conhecimento ganho neste estado é chamado Rtambhara (preenchido de verdade).

49 (Este conhecimento) é diferente daquele derivado do testimunho ou da inferência, porque relaciona-se a particularidades (dos objetos).

50. A impressão latente nascida de tal conhecimento é oposta à formação de outras impressões latentes.

51. Pela restrição disso também (por conta da eliminação das impressões latentes de Samprajnana), acontece a concentração sem-objeto, através da supressão de todas as modificações.

 

Livro II

Sobre a Prática

 

1. Tapas (austeridade ou vigorosa auto-disciplina – mental, moral e física), Svadhyaya (repetição de Mantras sagrados ou o estudo da literatura sagrada) e Isvara-pranidhana (completa rendição a Deus) são Kriya- yoga (yoga em forma de ação).

2. Este Kriya-yoga (deve ser praticado) para gerar o Samadhi e minimizar as Klesas.

3. Avidya (concepção errônea sobre a natureza real das coisas), Asmita (egoismo), Raga (apego), Dvesa (aversão) e Abhinivesa (medo da morte) são as cinco Klesas (aflições).

4. Avidya é o campo de crescimento das outras, sejam elas dormentes, atenuadas, interrompidas ou ativas.

5. Avidya consiste em considerar os objetos impermanentes como permanentes, impuros como puros; miséria como felicidade e o não-Ser como Ser.

6. Asmita é equivalente à identificação de Purusha ou Consciência Pura com Buddhi.

7. Apego é esta (modificação) que segue a lembrança do prazer.

8. Aversão é esta (modificação) que resulta da miséria.

9. Tanto no ignorante quanto no culto, o medo, firmemente estabelecido, da aniquilação, é a aflição chamada Abhinivesa.

10, As sutis klesas são abandonadas (isto é, destruidas) cessando-se a produtividade (isto é, desaparecendo) da mente.

11. Seus meios de subsistência ou seus estados densos são evitáveis pela meditação.

12. Karmasaya, ou a impressão latente da ação baseada nas aflições, torna-se ativa nessa vida ou na vida por vir.

13. Na medida em que as Klesas permanecem na raiz, karmasaya produz três consequências nas formas de nascimento, tempo de vida e experiência.

14. Por razão da virtude e do vício, essas (nascimento, período e experiência) produzem experiências prazeirosas ou dolorosas.

15. A pessoa que discrimina, apreende (por análise e antecipação) todos os objetos mundanos como marcados pela tristeza, porque eles causam sofrimento como consequência, tanto nas suas experiências aflitivas, quanto em suas latências e também por causa da natureza contrária das Gunas (que produzem mudanças a todo momento).

16. (É por isso que) a dor que está por vir deve ser evitada.

17. Unindo o Observador ou o sujeito com o visto ou o objeto, é a causa disso que deve ser evitado.

18. O objeto ou o que é passível de conhecimento é por natureza sensível, mutável e inerte. Existe na forma dos elementos e dos órgãos, e servem ao propósito da experiência e emancipaç ão.

19. Diversificada (Visesa), não-diversificada (Avisesa), indicador-somente (Linga-matra), e aquilo que não tem indicador (Alinga), são os estados das Gunas.

20. O Observador é o conhecedor absoluto. Apesar de puro, modificações (de Buddhi) são testemunhadas por ele como um espectador.

21. Servir como um campo objetivo para Purusha, é a essencia ou natureza dos objetos conhecíveis.

22. Apesar de deixar de existir em relação àquele que preencheu seu propósito, os objetos conhecíveis não deixam de existir por serem úteis para outros.

23. Associação é o meio de realização da verdadeira natureza do objeto do Conhecedor e do Possuidor, o Conhecedor (isto é, o tipo de associação que contribui para a realização do Obse rvador e do observado é esta conexão).

24. (A associação tem) Avidya ou ignorância como sua causa.

25. A ausência da associação que advém da falta dela (avidya) é liberdade, e este é o estado de liberação do Observador.

26. Conhecimento discriminativo, claro, distinto (desimpedido) é o meio para a liberação.

27. Sete tipos de insight vêm a ele (o yogui que desenvolveu a iluminação discriminativa).

28. Através da prática dos diferentes acessórios do yoga, quando as impurezas são destruidas, advém a iluminação, culminando na iluminação discriminativa.

29. Yama (restrição), Niyama (observância), Asana (postura), Pranayama (regulação da respiração), Pratiahara (restrição dos sentidos), Dharana (fixação), Dhyana (meditaç& atilde;o) e Samadhi (perfeita concentração), são os oito meios de se alcançar o yoga.

30. Ahimsa (não-violência), Satya (verdade), Asteya (abster-se do roubo), Brahmacharya (continência) e Aparigraha (abster-se da avareza), são as cinco Yamas (formas de restrição).

31. Estas (as restrições), no entanto, são um grande voto quando tornamse universais, não sendo restringidas por qualquer consideração de classe, lugar, tempo ou conceito de dever.

32. Pureza, contentamento, austeridade (disciplina mental e física), svadhyaya (estudo das escrituras e recitação de mantras) e devoção a Isvara, são as Niyamas (observâncias).

33. Quando estas restrições e observâncias são inibidas por pensamentos perversos, o oposto deve ser pensado.

34. Acões que advém de pensamentos perversos, como injúria etc, são realizadas pela própria pessoa, por outras ou aprovadas; são realizadas tanto pela raiva, quanto pela cobiça ou pela desilusão; e podem ser fracas moderadas ou intensas. Saber que são causadas por uma miséria e ignorância infinitas, é um pensamento-contrário.

35. Na medida em que o yogui se torna estabelecido na não-injúria, todos os seres que se aproximam (do yogui) deixam de ser hostis.

36. Quando a maneira de ser é verdadeira, as palavras (do yogui) adquirem o poder de fazerem-se frutíferas.

37. Quando o não-roubo é estabelecido, todas as jóias se apresentam (ao yogui).

38. Quando continência é estabelecida, Virya é adquirida.

39. Atingindo perfeição nas Yamas, advém conhecimento da existência passada e futura.

40. Da prática da purificação, desapego com relação ao próprio corpo é desenvolvido, e portanto o desapego se estende a outros corpos.

41. Purificação da mente, setimentos agradáveis, concentração, subjugação dos sentidos e abilidade para a auto-realização são adquiridas.

42, A partir do contentamento, felicidade transcendente é ganha.

43. Pensamentos de destruição das impurezas, prática de austeridades gera perfeição do corpo e dos órgãos.

44. Do estudo e repetição de Mantras, comunhão com a divindade desejada é estabelecida.

45. Da devoção a Deus, Samadhi é alcançado.

46. Uma forma agradável e pausada (de estar) é Asana (postura yogui).

47. Pelo relaxamento do esforço e meditação no infinito (asanas são aperfeiçoadas).

48. Disso vem a imunidade com relação a Dvandvas ou condições opostas.

49. Esta (asana) tendo sido aperfeiçoada, regulação do fluxo da inspiração e expiração é pranayama (controle da respiração).

50. Este (pranayama) tem uma operação externa (Vahya-vrtti), operação interna (Abhyantara-vrtti) e supressão (Stambha- vrtti). Isto ainda, quando observado de acordo com espaço, tempo e número torna-se lo ngo e sutil.

51. O quarto pranyama trnscende operações internas e externas.

52. Através disso, o véu sobre a manifestação (do conhecimento) é rarefeito.

53, (Então) a mente adquiri condições para Dharana.

54. Quando separados de seus objetos correspondentes, os órgãos seguem a natureza da mente (no momento), isto é chamado Pratyahara (restringir os órgãos).

55. Isto gera supremo controle dos órgãos.

 

Livro III

Poderes Sobrenaturais

1. Dharana é a fixação da mente (Chitta) em um ponto particular no espaço.

2. Nela (Dharana) o fluxo contínuo de modificação mental similar é chamado Dhyana ou meditação.

3. Quando o objeto da meditação sozinho brilha na mente, como que desprovido até mesmo do pensamento do’Eu’ (que está meditando), este estado é chamado Samadhi ou concentração.

4. Os três juntos no mesmo objeto é chamado Samyama.

5. Dominando isto (Samyama) a luz do conhecimento (Prajna) emerge.

6. Ela (Samyama) deve ser aplicada aos estágios (da prática).

7. Estas três práticas são mais associadas do que as mencionadas anteriormente.

8. Isso também (deve ser visto) como externo com relação a Nirvija ou concentração sem semente.

9. Supressão das latências das flutuações e aparecimento das latências do estado de pausa, acontecendo a cada momento de ausência do estado de pausa na mesma mente, é a mudança do estado de pausa da mente.

10. Continuidade da mente tranquila (no estado de pausa) é assegurado por suas impressões latentes.

11. Diminuição da atenção voltada para tudo e desenvolvimento da concentração (onepointedness) é chamado Samadhi-parinama, ou mutação da mente concentrada.

12. Lá (em Samadhi) ainda (no estado de concentração) as modificações passadas e presentes sendo similares é Ekagrata- parinama, ou mutação do estado estável da mente.

13. Assim explica-se as três mudanças, ou seja, dos atributos essenciais ou características, das características temporais, e dos estados das Bhutas e das Indriyas (isto é, todos os fenômenos conhecíveis).

14. Aquilo que continua a sua existência, através das várias características, nomeadamente: o inativo, isto é, passado; o emergente, isto é, presente; o imanifesto, (mas que permanece como força potente), isto é, futuro, é o substrato (ou objeto caracterizado).

15. Mudança de sequência (das características) é a causa das diferênças mutativas.

16. Conhecimento do passado e do futuro pode advir de Samyama sobre as três Parinamas (mudanças).

17. Palavra, objeto implicado, e idéia correspondente, produz uma impressão unificada. Se Samyama for praticada em cada um separadamente, conhecimento do significado dos sons produzidos por todos os seres, pode ser adquirido.

18 Pela realização das impressões latentes, conhecimento dos nascimentos prévios é adquirido.

19. (Pela prática de Samyama) em noções, conhecimento de outras mentes é desenvolvido.

20 O suporte (ou base) da noção não se torna conhecido, porque este não é objeto de observação (do yogui).

21. Quando a capacidade de percepção do corpo é suprimida pela prática de Samyama em seu caracter visual, desaparecimento do corpo é efetivado, por ficar ele além da esferea de percepção do olho.< BR> 22.

Karma pode ser rápido ou lento em sua frutificação. Pela prática de Samyama no Karma, conhecimento da morte pode ser adquirido.

23. Através de Samyama sobre a amizade, e outras virtudes similares, obtem-se força.

24. (Pela prática de Samyama) na força (física), a força de elefantes etc, pode ser adquirida.

25. Aplicando a luz efulgente da percepção superior (Jyotismati), conhecimento dos objetos sutis, ou coisas invisíveis ou colocadas a grande distância, pode ser adquirido.

26. (Praticando Samyama) sobre o sol (o ponto no corpo conhecido como a entrada solar), o conhecimento das regiões cósmicas é adquirido.

27. (Pela prática de Samyama) sobre a lua (a entrada lunar no corpo), conhecimento do arranjo entre as estrelas é adquirido.

28. (Pela prática de Samyama) na estrela Polar, o movimento das estrelas é conhecido.

29. (Pela prática de Samyama) no plexo do umbigo, advém conhecimento da composição do corpo.

30. (Praticando Samyama) na traquéia, fome e sede são restringidas.

31. Calma é alcançada por Samyama no tubo bronquial.

32. (Pela prática de Samyama) na luz coronal, Siddhas podem ser vistos.

33. Do conhecimento denominado Pratibha (intuição), tudo torna-se conhecido.

34. (Pela prática de Samyama) no coração, conhecimento da mente é adquirido.

35. Experiência (de prazer ou dor), vem da concepção que não distingue entre duas entidades extremamente diferentes: Buddhisattva e Purusha.

Tal experiência existe para um outro (isto é, Purusha). Esta é a razão de através de Samyama em Purusha (que observa todas as experências e também sua completa cessassão) conhecimento com relação a Purusha ser adquirido.

36. Portanto (do conhecimento de Purusha), advém Pratibha (intuição), Sravana (poder sobrenatural de ouvir), Vedana (poder sobrenatural de tocar), Adarsa (poder sobrenatural de ver), Asvada (poder sobrenatural gustativo) e Varta (p oder sobrenatural de cheirar).

37. Eles (estes poderes) são impedimentos ao Samadhi, mas são (vistos como) aquisições no estado normal-mutante da mente.

38. Quando as causas do aprisionamento são enfraquecidas, e os movimentos da mente conhecidos, a mente pode entrar em outro corpo.

39. Conquistando a força vital (da vida) chamada Udana, a possibilidade de imersão em água ou lama e envolvimentos dolorosos, são evitados, e a saida do corpo pela vontade é assegurada.

40 Conquistando a força vital chamada Samana, efulgência é adquirida.

41. Através de Samyama na relação entre Akasa e o poder de ouvir, capacidade divina de ouvir é adquirida.

42. Através de Samyama na relação entre o corpo e Akasa, e pela concentração na leveza do algodão ou da lã, passagem através do céu é assegurada.

43. Quando a concepção inimaginável pode ser mantida fora, isto é, não conectada com o corpo, é chamada Mahavideha ou a grande desencarnação. Através de Samyama nisso, o véu que cobre a iluminação (de Buddhisattva) é removido.

44. Através de Samyama no denso, no caracter essencial, no sutil, a inerência e a objetividade, que são as cinco formas de Bhutas ou elementos, maestria sobre Bhutas é conseguida.

45. Então desenvolve-se o poder de minimização assim como outras aquisições corpóreas. Deixa de existir também, resistência a suas características.

46. Perfeição do corpo consiste em beleza, graça, força e firmeza adamantinas.

47. Através de Samyama na receptividade, caracter essencial, sentido de Eu, qualidade inerente e objetividade dos cinco sentidos, maestria sobre eles é obtida.

48. Então advém poderes de movimentos rápidos da mente, ação dos órgãos independente do corpo e maestria sobre Pradhana, a causa primordial.

49. Para aquele estabelecido no discernimento entre Buddhi e Purusha, vem a supremacia sobre todos os seres assim como onisciência.

50. Através da renunciação mesmo disto (conquista de Visoka), vem a liberação em consequência da destruição das sementes do mal.

51. Quando convidado pelos seres celestiais, este convite não deve ser aceito, nem deve ser causa de vaidade, pois envolve a possibilidade de consequências indesejáveis.

52. Conhecimento diferenciado do Ser e do não-Ser advém da prática de Samyama no momento e sua sequência.

53. Quando espécie, caracter temporal e posição de duas coisas diferentes são indiscerníveis, elas aparentam iguais, no entanto podem ser diferenciadas (por este conhecimento).

54. O conhecimento do discernimento é Taraka ou intuitivo, compreende todas as coisas e todo o tempo, e não tem sequência.

55. (Se o discernimento discriminativo secundário é adquirido ou não) quando igualdade é estabelecida entre Buddhisattva e Purusha na sua pureza, liberação acontece.

 

Livro IV

Sobre o Ser-nele-mesmo ou Liberação

 

1. Poderes sobrenaturais advém com o nascimento, ou são consequidos através de ervas, encantamentos, austeridades ou concentração.

2. (A mutação do corpo e dos órgãos para aquele nascido em espécie diferente) acontece através do preenchimento de sua natureza inata.

3. Causas não colocam a natureza em movimento, somente a remoção de obstáculos acontece através delas. Isso é como um fazendeiro quebrando a barreira para permitir o fluxo de água. (Os obstáculos sendo removidos pelas causas, a natureza penetra por ela mesma).

4. Todas as mentes criadas são construidas a partir do sentido-de- -Eu.

5. Uma mente (principal) direciona as várias mentes criadas na variedade de suas atividades.

6. Delas (mentes com poderes sobrenaturais) as obtidas através da meditação não têm impressões subliminares.

7. As ações do Yogui não são nem brancas, nem pretas, enquanto as ações dos outros são de três tipos.

8. Então (das três variedades de karma) manifestam-se as impressões subconscientes apropriadas às suas consequências.

9. Em função da semelhança entre a memória e suas impressões latentes correspondentes, as impressões subconscientes dos sentimentos aparecem simultaneamente, mesmo quando são separadas por nascimento, es paço e tempo.

10. Desejo de bem-estar sendo eterno, segue-se que a impressão subconsciente da qual ele advém deve ser sem começo.

11. Em função de serem mantidas juntas pela causa, resultado e objetos suportes, quando isso se ausenta, as Vasanas desaparecem.

12. O passado e o futuro são em realidade, presente, em suas formas fundamentais, tendo diferenças apenas nas características das formas tomadas em tempos diferentes.

13. Características, que são presentes em todos os tempos, são manifestas e sutis, e são compostas das três Gunas.

14. Em função da mutação coordenada das três Gunas, um objeto aparece como uma unidade.

15. Apesar da semelhança entre os objetos, em função de haverem mentes separadas, eles (os objetos e seu conhecimento) seguem caminhos diferentes, essa é a razão deles serem inteiramente diferentes.

16. Objeto não é dependente de uma mente, porque se assim fosse, o que aconteceria quando ele não fosse mais cognizado por esta mente? 17, Objetos externos são conhecidos ou desconhecidos para a mente na medida em que colorem a mente.

18. Em função da imutabilidade de Purusha, que é mestre da mente, as modificações da mente são sempre conhecidas ou manifestas.

19. Ela (a mente) não é auto-iluminada, sendo um objeto (conhecível).

20. Além disso, ambos (a mente e seus objetos) não podem ser cognizados simultaneamente.

21. Se a mente fosse iluminada por uma outra mente, então haveria repetição ad infinitum de mentes iluminadas e inter-mistura de memória.

22. (Portanto) Intransmissível, a Consciência metempirica, refletindo sobre Buddhi torna-se a causa da consciência de Buddhi.

23. A matéria mental sendo afetada pelo Observador e o observado, torna-se toda-compreensiva.

24. Ela (a mente) apesar de marcada pelas inimeráveis impressões subconscientes, existe para um outro, desde que age conjuntamente.

25. Para aquele que conheceu a entidade distinta, isto é Purusha, inquirição sobre a natureza do próprio Ser, cessa.

26. (Então) A mente se inclina ao conhecimento discriminativo e naturalmente gravita em direção ao estado de liberação.

27. Através de suas ramificações (isto é, quebras no conhecimento discriminativo) surgem outras flutuações da mente devido às impressões latentes (residuais).

28. Tem-se dito que sua remoção (isto é, das flutuações) segue o mesmo processo da remoção das aflições.

29. Quando o indivíduo torna-se desinteressado mesmo pela onisciência, ele adquiri iluminação discriminativa perpétua de onde vem a concentração conhecida como Dharmamegha (nuvem que despeja virtude).

30. A partir disso, aflições e ações cessam.

31. Então em função da infinitude do conhecimento, livre da cobertura das impurezas, os objetos conhecíveis aparentam poucos.

32. Depois de sua emergência (nuvem que despeja virtude) as Gunas tendo cumprido seu propósito, a sequência de suas mutações cessam.

33. O que pertence aos momentos e é indicado pelo término de uma mutação particular, é sequência.

34. O estado do Ser-nele-mesmo ou liberação, realiza-se quando as Gunas (tendo promovido experiência e liberação para Purusha) não têm mais propósito a cumprir e desaparecem em sua substância causal. Em outras palavras, é Consciência absoluta estabelecida em seu próprio Ser.

 

 

[…] de muita de yoga, hipose, pela leitura textos como os de Robert Anton Wilson,  George Berkeley, Aforismo de Patanjali, mas também com um único e bem sucedido Salto […]

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/aforismos-de-patanjali/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/aforismos-de-patanjali/

‘Glossário Básico de Ufologia

Abdução – Do inglês, abduction. Esse termo tornou-se comum a partir dos anos 80. Define o relato de uma pessoa levada contra a vontade para o interior de um disco voador, onde é submetida a exames clínicos e/ou experiências. Normalmente a testemunha não se lembra conscientemente do processo e dos exames, mas apresenta sinais físicos como perfurações, marcas de retirada de sangue e até supostos implantes. Um estudo desenvolvido pelo norteamericano Budd Hopkins, especialista em casos de abduções e autor do livro “Intruders” (Intrusos), afirma que esse tipo de contato já pode ter atingido 2% da população do mundo.

Área 51 – Área de acesso restrito localizada no Estado de Nevada, nos Estados Unidos, na região do deserto e à margem de um lago seco, o Groom Lake. Os ufólogos norte-americanos, baseados no depoimento de Robert Lazar, um cientista que afirma ter trabalhado numa base secreta ali instalada, supõem que para a Área 51 foram enviados os quatro alienígenas que teriam sido capturados em Roswell, em 1947, depois de um acidente envolvendo um UFO. O governo norte-americano não reconhece a existência da área, mas as placas indicativas de acesso proibido a pessoas não-autorizadas são taxativas: “NO TRESPASSING” (não ultrapasse) e “WARNING – MILITARY INSTALATION” (Perigo – Instalação Militar).

Asket – Uma entidade feminina extraterrestre de Plêiades, supostamente envolvida na história de Eduard Meir. Asket vive em um universo paralelo ao nosso. Suas mensagens encorajaram Meier a explorar o mundo. Ela disse que ele foi escolhido para divulgar a verdade ao mundo e se tornar o mais inteligente do seu tempo.

Autocinese – Ilusão causada quando se observa uma luz contra um céu escuro. Exemplo: Vênus. O observador pode pensar que a luz está em movimento, mas se observada por um período maior de tempo, verificar-se-a ser mesmo uma estrela ou algum outro tipo de luz (terrestre mesmo) .


Bob Lazar
– é um engenheiro que diz ter trabalhado na engenharia reversa de aeronaves extraterrestres na base militar “secreta” da Area 51, em Nevada, EUA. Ele diz ter testemunhado testes, entrado e observado os painéis dos OVNIs e ainda ter trabalhado neles.

Casuística Ufológica – O conjunto de ocorrências relacionadas ao Fenômeno UFO. O Grupo de “casos ufológicos” ao longo do tempo.

Charuto – Ver Naves Mãe.

Chupacabras – O nome é originário do México e Caribe, regiões onde têm sido observadas com freqüência. São criaturas normalmente associadas ao fenômeno de mutilação de animais, além de, segundo diversos relatos, serem vistas sempre em regiões com intensa observação de UFOs.Ganharam esse nome por que uma das características dos animais supostamente mutilados por elas é que são encontrados sem sangue e sem qualquer marca que mostre para onde foi esse sangue. Há relatos de diversos tipos físicos dessas criaturas, mas a maioria aponta pelo menos duas características coincidentes: patas com três ‘dedos’ e garras grandes, e olhos grandes e muito vermelhos. Os ufólogos especulam serem EBEs sem um comportamento inteligente.

Contato Imediato – Como são classificados os “encontros” com artefatos de origem não terrestre ou criaturas possivelmente alienígenas. Os contatos imediatos (CI) são classificados, na Ufologia, de acordo com a complexidade e nível de aproximação, subdividindo-se em graus:

CI de primeiro grau: quando a testemunha diz ter observado objeto não identificado a grande distância.

CI de segundo grau: quando o UFO interage com o meio deixando provas físicas de sua passagem, como marcas de pouso no solo, minerais vitrificados devido a alta temperatura, efeitos colaterais nas testemunhas, como queimaduras o queda de cabelos (causados por radioatividade ou calor), interferências eletromagnéticas em aparelhos eletrônicos etc.

CI de terceiro grau: quando a testemunha diz ter estabelecido qualquer nível de comunicação com os ocupantes de um UFO.

EBE – Entidade Biológica Extraterrestre. Classificação primária de todo tipo de criatura potencialmente não terrestre e diretamente relacionada ao Fenômeno UFO.

Grays (ou Cinzentos) – Como são chamadas as EBEs com as quais os relatos de Contato Imediato são mais mais freqüêntes. Não raro surgem como responsáveis pelos casos de suposta abducção. Pela morfologia, estão divididos em outras três subcategorias, denominadas A (mais freqüente, com cerca de 1 m a 1,4 m de altura), B (com 2,1m a 2,4m de altura) e C (com cerca de 1m de altura). Todos têm características semelhantes: olhos negros e grandes, mãos com três ou quatro dedos, cabeça grande e desproporcional ao corpo, cujo aspecto aproxima-se do esquelético. Estudo comparativo baseado nos relatos de supostos contactados indicam que os Grays tipo A e C apresentam comportamento mais hostil, indiferente ao sofrimento das vítimas de abdução. Ao contrário dos Chupacabras, supõe-se que sejam seres racionais.

HAARP – High Frequency Active Aural Research Program. Projeto que pesquisa, através de sinais poderosos de rádio, uma ampla variedade de efeitos e fenômenos na ionosfera.


Hipnose
– Processo de alteração do nível de consciência que permite à pessoa a ele submetida recordar-se de informações armazenadas no subconsciente e que ela acredita ter vivido e serem verdadeiras. Trata-se de um tratamento alternativo à amnésia apresentada por supostas vítimas de abduções. Em geral só é aplicada por profissionais da área médica e requer cautela para evitar que o hipnólogo sugestione o hipnotizado, caso em que este poderia “criar” novos fatos e relatá-los como sendo verídicos.

Implante – Quando os primeiros casos de abducções começaram a surgir, os ufólogos verificaram que normalmente os supostos contactados relatavam um procedimento comum a quase todos os contatos: a introdução, pelos raptores, de um objeto minúsculo em alguma parte do corpo desses contactados. Por via cirúrgica, através da narina; ou subcutânea, na região da nuca ou do abdomem. A literatura ufológica relata centenas de casos onde o implante foi observado, através de raios X ou exames mais sofisticados, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Esta mesma literatura, no entanto, não é definitivamente esclarecedora quanto à origem desses objetos, se efetivamente têm alguma função e, principalmente, não expõe laudos técnicos de profissionais da área médica sobre esse tipo de ocorrência. Nos últimos anos, a freqüência com que os pesquisadores afirmam encontrar implantes nas vítimas de abducção tem aumentado. Assim como também foi registrada uma “evolução tecnológica” do artefato: no princípio, os implantes supostamente encontrados eram constituídos de ligas metálicas. Hoje, a maioria não pode ser detectada por exames de raios X por serem, aparentemente, constituídos de material orgânico.

Lapso de tempo – Período de tempo do qual um contactado diz não lembrar. Está presente em 9 entre 10 relatos de abdução.


MIBs
– Abreviação do inglês Men In Black, ou, Homens de Negro. Figuras que remontam os primórdios da Ufologia. Inicialmente eram relacionadas à ação das agências de inteligência norte-americanas. Os relatos informam que os homens de negro visitavam testemunhas de UFOs e as ameaçavam para que não contassem suas histórias. Aparentemente sua atividade caiu muito, mas ficou mais requintada: agora fala-se em “Helicópteros Negros”, que apareceriam em locais onde ocorreram avistamentos de UFOs. Uma variante dessa interpretação diz que os próprios MIBs são extratarrestres.

Naves-Mãe – UFOs de grandes dimensões que serviriam de ponto de partida para
naves menores. Normalmente as Naves Mãe têm formato de charuto.

Naves Sonda – A Ufologia classifica como naves sonda objetos voadores de origem desconhecida, de variados formatos e tamanhos, mas normalmente com menos de 1 metro de diâmetro e luz própria. Geralmente são esféricos e apenas acompanham pessoas, carros ou aeronaves terrestres, sem interferir diretamente no meio. Acredita-se serem artefatos com objetivo de observação, remotamente controlados. No Folclore Brasileiro, assemelham-se às descrições da “Mãe D’Ouro”, que os povos indígenas do norte do País acreditavam zelar pela mata.

Nuvem Lenticular – Nuvem que se forma sob determinadas condições meteorológicas e que, pelo seu formato lenticular (ou discoidal), é freqüentemente confundida com um UFO.

OANI – Objeto Aéreo Não Identificado. Sinônimo para OVNI.

Operação Prato – Operação desenvolvida pela Força Aérea Brasileira (FAB) para investigar secretamente Objetos Voadores Não Identificados no Pará em 1977 e 1978.

Ortotenia – Corredor imaginário que constituiria a rota mais provável dos UFOs. As “linhas ortotênicas”, como são chamadas, foram apontadas pela primeira vez pelo ufólogo francês Aimeé Michel, na década de 50. Num mapa, ele ligou os pontos de avistamentos e descobriu que onde as linhas se cruzavam normalmente ocorriam relatos de observação de naves-mãe, com formato de charuto. E da ligação entre esses pontos de cruzamento surgia o que pareciam ser rotas utilizadas pelas aeronaves desconhecidas.Uma das rotas mais conhecidas é a BAVIC, assim chamada porque sua descoberta veio da ligação entre as cidades Bayonne e Vicchi, na França.

OSNI – Objeto Submarino Não Identificado. Como são chamados os UFOs quando vistos sob a água.
Raios bola – Fenômeno meteorológico normalmente confundido com UFOs pelo seu formato esférico e movimento veloz. Forma-se sob cicunstâncias ainda hoje não explicadas, mas sabe-se que é produzido por meio de um acúmulo anormal de energia elétrica num espaço limitado.

UFO (ou OVNI) – Unidentified Flying Object ou Objeto Voador Não Identificado. Disco Voador.
Ufologia Científica – Ramo da pesquisa Ufológica que mais se aproxima da metodologia científica para apuração dos relatos. Pesquisa a partir do pressuposto de que os UFOs são um fenômeno mensurável e, portanto, com existência física objetiva.

Ufologia esotérica – Ramo da pesquisa Ufológica que admite uma existência não física para o fenômeno UFO. Reúne conceitos científicos e espirituais.

fonte: revista Vigília

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/glossario-de-ufologia/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/glossario-de-ufologia/

‘Chamando os Filhos do Sol

DA PARTE DA ORDEM RUBI E OURO – M. RIO DE JANEIRO, ABRIL DE 1962, A.·.A.·.

Publicação em Classe b – Imprimatur: N. Fra. A. · . A. · .
O. M. 7 º = 4 º R.R. et A.C. – F. 6 º = 5 º Imperator

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

1 – O toque da trombeta

Este livro é da natureza de um arauto. É um chamado às armas. Bastante tempo dormistes, ó guerreiros do Rubi e Ouro! Levantai-vos. Deixai-me explicar a natureza da trombeta que vos chama. O ser humano, quando nasce, esquece as suas vidas anteriores e sua existência nos mundos celestes que acaba de deixar. Porém, tal esquecimento não é completo. Nas regiões subterrâneas da mente, no inconsciente da alma, uma lembrança fica. E é assim que alguns tem uma certeza intuitiva da existência de Deus e do além, é assim que outros sentem despertar neles simpatias ou antipatias inexplicáveis para com outros seres humanos que encontram em sua rota. É ainda assim que alguns – e entre estes se contam freqüentemente almas muito evoluídas – sentem, através de sua vida terrena inteira, uma saudade, uma solidão, um anseio indefinido, e sentem-se como viajantes, longe, muito longe, de algum fantástico, maravilhoso, imaginário lar.

Existem raças espirituais como existem raças físicas. Existem nações no mundo invisível como existem nações no mundo visível. Cada uma de tais raças e nações é simbolizada por um sinal, um símbolo, e as vezes, por vários símbolos. Tais símbolos são, por assim dizer, côtas de armas do astral. Os antigos heraldos eram videntes que examinavam nos planos internos os símbolos correspondentes a natureza anímica de certos indivíduos e desenhavam uma côta de armas que simbolizasse as qualidades de seu dono. O brasão era transmitido de pai a filho porque era reconhecido que a semente espiritual do pai se transmitia magicamente de geração a geração, contanto que influências externas não se manifestassem. Às vezes era necessário incluir alguma influência nova, combinar duas côtas, se por casamento, adoção ou outros meios, a natureza anímica de uma família nobre mudava. Esta ciência heráltica clarividente está hoje quase que completamente perdida.

É por causa dessa simbologia astral que, muita vez, certos símbolos são apresentados à consciência de um indivíduo que nunca teve contato com o que é chamado “ocultismo” ou “espiritualismo”, e no entanto o indivíduo reconhece os símbolos, sente um despertar de atividade em sua consciência, e percebe intuitivamente que ele pertence aos símbolos ou os símbolos pertencem a ele. Os símbolos, tanto em desenhos quanto em imagens escritas, e as chaves apresentadas neste livro, representam outras tantas côtas de armas e pertencem a legião dos Filhos do Sol.

2 – A Nova Era

Já vos falaram muito da Nova Era, de Aquário-Leo. Ela começou em abril de 1904, quando a terra foi ocultamente, regenerada pelo fogo. Todas as crianças nascidas após esta data trazem no inconsciente o selo das energias e tendências espirituais da Nova Era. Chamamos o grupo dos Filhos do Sol encarnados no Brasil à execução de suas vontades. Chamamo-los à consciência do fito da encarnação. Chamamo-los à realização da Grande Obra. Faze o que tu queres há de ser tudo da lei.

3 – O Fim das dores

Muito vos tem sido dito a respeito das razões para a encarnação do mundo. Muito vos tem falado da “divina redenção da Dor”. Tem-vos sido dito que este mundo é um vale de lágrimas, um antro de demônios que se encarnam para expiar os seus pecados. Somente o sofrimento, dizem-vos, traz a luz e a libertação. Eu vos digo que tudo isso está acabado.

Faze o que tu queres há de ser tudo da lei.

4 – A Alegria do mundo

Não procures luz nas Igrejas e nos Templos; a Luz está em Ti. O sofrimento, é o fruto da ignorância, e sua presença é sintoma de erro, e não sinal de espiritualização. Todo ser humano que sofre, sofre por sua própria culpa, e no momento em que sofre. Os vossos erros passados determinam as vossas condições de manifestação; mas a essências do vosso íntimo, o fogo interno que queima no coração da estrela caída, está sempre presente em vós; está sempre presente em vós a possibilidade da Pedra Filosofal, que transmuta o pesado, penoso chumbo de Saturno no belo, luminoso Rubi e Ouro do Sol. Todo homem e toda mulher é uma estrela.

5 – Estrelas no mundo

A encarnação é uma batismo, uma queda, a finalidade da qual só é revelada nos transes da mais alta iniciação; mas pode ser-vos dito desde já que a finalidade da Encarnação não é a expiação de “culpas” da alma. Todas as culpas e todas as virtudes da alma são igualmente ilusões de Maya; e o Fogo Interno que queima no coração da Estrela Humana consome totalmente a teia ilusória do Karma desde o momento em que desperta para a consciência da sua verdadeira identidade. É este fogo interno que era simbolizado entre os Egípcios pela Cobra Capêlo levantada sobre a fronte de Faraó, o Sacerdote – Rei. É este fogo interno a mais alta manifestação daquilo que é, em parte, chamado Kundalini nos Tantras, e cuidadosamente cultivados pelos Agni-Yogis. A marca deste Fogo Interno está na testa do Buddha e de todas divindades Brahmânicas e Tibetanas. É uma das possíveis marcas da Bêsta, o Leão Solar. Que ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. No folclore tradicional europeu, os filhos das fadas e as crianças protegidas ou vítimas de encantamentos traziam a marca de uma estrela na testa. Quando vítimas, elas estavam sempre sendo provadas.

6 – Quebra das correntes

Somente aquela influência que se torna mais poderoso sobre o teu destino realmente expressa o Teu Destino, ó Estrela Caída! Foge portanto daqueles que querem “salvar” por procuração. Não adores a Deus, pois quando o fazes, tentas obrigar a Deus que adore a si próprio em ti, e isso é masturbação. Adora antes o teu próximo, ou aquela pedra, ou o astro mais longínquo; “Pois Eu estou dividida por amor ao amor, pela chance de união”. Que ouça aquele que tem ouvidos de ouvir. Todo profeta, todo livro, todo deus que quer despertar em ti uma tendência a dobrar o joelho a alguma coisa ou sêr com exclusão do resto, é um profeta falso, é um livro tolo, é um deus negro.

Todo homem e toda mulher é uma estrela. Todo número é infinito; não há diferença.

Foge portanto daqueles que te querem convencer que o sofrimento voluntário, cego ou passivo, que a subjugação da liberdade da tua consciência a outra, que a negativização da tua aura, é O Caminho.

Tu és o Teu Próprio Caminho.

Por isto está escrito: Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos fará livres. Este mundo não é um antro de demônios expiando seus pecados; este mundo é um dossel de Deuses que dormem, e dormindo, sonham.

7 – A ressureição dos mortos

Tem-vos sido dito: Tende piedade dos pobres, dos humildes e dos fracos. Mas eu vos digo, que direito tendes de sentir piedade dos mortos, vós que estais mortos? Pois se estivésseis vivos, saberíeis que o espírito é eterno, indestrutível e divino; que a terra não pode enterrá-lo; que a água não pode afogá-lo; que o ar não pode soprá-lo; que o fogo não pode queimá-lo; que o éter mesmo, e os outros Dois, não são mais que envolturas tomada pela eterna chama quando repousa e sonha no regaço da Natureza. Portanto os Mestres são sem piedade e egoístas; calcam aos pés os que caem e pensam somente em Si Próprios; portanto está escrito que para fazer ouro é preciso ter ouro para começar; portanto está escrito que àquele que tem, mais lhe será acrescentado, mas aquele que não tem, até o que tem lhe será tirado; e portanto, também está escrito, na palavra de algum santo rabino da velha Judéia: Deixa que os mortos enterrem seus mortos.

8 – Lei da Liberdade

Aqueles que tem em mente a Libertação do Homem não podem aceitar se não a atividade individual e espontânea dos outros. Portanto, os Mestres limitam-se a apontar todos os detalhes úteis de uma situação, para fazê-la clara ao julgamento, e nunca salvam os homens de seus erros nem manifestam piedade pelos que caem. A compaixão é um sentimento ilusório e ofensivo à natureza real do homem. Acaso tendes piedade de Deus? A verdadeira caridade consiste em um transe espiritual pelo qual o discípulo chega à consciência da divindade contida em tudo que existe. Aos olhos de um vidente, a alma de um tal homem desabrocha como um Sol. Desse momento em diante, uma nova luz ilumina o mundo, um novo farol aponta o Caminho, a Ressurreição e a Vida. Tais são os Pelicanos, tais são os verdadeiros Sacrifícios (isto é, aquilo que é feito sagrado), tais são os Filhos da Luz, e é esta Luz que é a verdadeira caridade. Não dês esmolas aos mendigos; anula a mendicância no teu íntimo, e dá Vida, Amor, Liberdade e Luz à humanidade em peso. Que ouça aquele que tem ouvido de ouvir. Por isto a verdadeira fraternidade apresenta sempre os verdadeiros símbolos, mas sem explicá-los; a intuição das coisas divinas desperta certa atividade nos corações; movido por uma força dentro de si mesmo, o indivíduo une-se à corrente que harmoniza com sua capacidade de vibração. A verdadeira fraternidade não prega nem insiste. Limita-se a expor os fatos e deixa que cada qual os verifique por si mesmo e tire as suas próprias conclusões.

Não há nenhuma lei além de faze o que tu queres.

9 – A Verdadeira Vontade

Quereis fazer bem ao vosso próximo? Aumentai então a vossa sabedoria, a vossa saúde, a vossa riqueza; despertai a vossa atividade espiritual, e deixai que vosso próximo faça o mesmo quando quiser. Ficai certos que quanto mais felizes, saudáveis e ricos fordes, mais aumentareis a possibilidade da felicidade, saúde e riqueza alheias; pois aquele que se liberta da carga alivia a tarefa dos que ainda estão ligados a ela. Esta é a única maneira de aliviar eficazmente o Karma da Humanidade. Vedes em volta vossa miséria, sofrimento, paixões indisciplinadas e desejos artificiais e doentios. Quereis aliviar estas condições? Disciplinai o vosso íntimo, submetei a vossa entidade humana à Real Vontade de vossa essência divina; e quando o fizerdes, a vossa passagem na terra será um sopro de ar fresco através de um quarto fechado há muitos séculos. Por isto está escrito: Se queres tirar o arqueiro do olho de teu irmão, tira antes a trave que tens no teu.

Tu não tens direito a não ser fazer a tua vontade. Faze isto, e nenhum outro dirá não.

10 – Deus Encarnado

Dizem-vos que Deus veio ao mundo, foi crucificado pelos nossos pecados, ressuscitou e subiu aos céus, mas por divina caridade morre novamente e se ergue novamente todo dia na cerimônia da missa. Ouvis isto, e dobrais o joelho? Cegos, não compreendeis que vós sois Aquele crucificado sobre a cruz da carne, e que a Crucifixão Vossa é o Batismo da Encarnação? Vós sois o Caminho, a Verdade e a Vida! Erguei-vos, como Ele se ergue diariamente, no Batismo da Ressurreição!

ROSA-CRUZ. Aumgn!

11 – Deus Falcão

Dizem-vos que o Sol Espiritual mergulhou sob a terra, e fazeis penitência e orais pela vossa salvação, tanto quanto o povo gemeu nas cerimônias da Morte de Asar-Osiris, lamentou-se durante a noite, e soltou gritos de alegria à ressurreição da manhã. Cegos, pois não vos ensinam já a todos nas escolas que o Sol não se põe nem se levanta, mas que em torno dele a Terra dança a dança das estações? Por isto havia no Egito um Deus misterioso que só adoravam aqueles que na cripta haviam tido murmurada ao seu ouvido a terrível revelação de que Osiris é um deus negro. Esse Deus era chamado Ha-Hoor-Khuit, o que significa Sol dos Dois Horizontes. Isto demonstra que os Iniciados Egípcios sabiam que a Terra gira em torno do Sol, coisa que a Igreja Cristã sempre negou e, em seu tempo, mandou iniciados à fogueira por querer revelá-lo ao mundo. E no entanto, Eppur si muove! (Ela assim se move)

Sê conosco, Deus-Falcão!

12 – A Política do Êxtase

Tem-vos sido dito: reprimi o vosso sexo! É a voz da Bêsta em vós. Mas eu vos digo: Sede tanto mais abençoados quanto mais fordes potentes, quanto mais ansiardes pela beleza e refrigério da Mulher! Porque, é verdade, a voz do sexo é a voz da Besta em vós; é a voz do Cordeiro de Deus e a voz do Leão Solar!

666. Aumgn!

13 – Abertura da porta do Templo

As macerações e o masoquismo psico-fisiológico são o defeito necessário de todos os sistemas religiosos desenvolvidos durante a Era de Virgo-Pisces. Por isto tem-vos sido dito que ir à igreja aos domingos, ou à sessão espírita uma vez por semana, ou ao candomblé na Sexta-feira ou Sábado, e abandonar-vos a uma receptividade passiva de diversas influências que são derramadas sobre vós, é adorar o verdadeiro Deus. Dizem-vos que a espiritualidade consiste em dobrar o joelho humildemente e confessar-se indigno e pecador, e oferecer meigamente o pescoço à espada temível do Juiz Supremo. Eu vos digo que tudo isso está acabado. Eu vos digo que só é verdadeiro o culto e só é santo o sacerdote cuja atividade desperta em vós a consciência, mesmo se temporária, da divindade de vós mesmos. Eu vos digo que na idade de Aquário-Léo, os homens devem orar pelos seus atos. Eu vos digo que os homens não mais se conhecerão pelas intenções, pelos pensamentos, ou mesmo pelas palavras; digo-vos que não há graça espiritual que vos salve da conseqüência de vossos atos, nem Juiz Espiritual que vos condene; digo-vos que a Lei do karma é a Lei de Causa e Efeito da Ciência; digo-vos que o Deus que recompensa ao que dobra o joelho e se confessa cheio de faltas e pede perdão é um vampiro, é um deus falso, é um deus negro; digo-vos que o Verdadeiro Deus está dentro de vós; digo-vos que nenhum dos vossos atos vos condena a não ser na medida que vos vela da consciência do Olho que se abre sobre vós; digo-vos que sois chamados à Grande Obra, e não a esperar que Algum ou Algo vos auxilie ou vos conduza; e digo-vos, enfim, que o maior crime que podeis cometer contra a Chama que queima em vosso coração é dobrar o joelho diante de qualquer relicário que não seja esse relicário interno.

Não sabeis que sois o Templo de Deus Vivo?

Eu sou só: não há nenhum Deus onde Eu Sou.

14 – Abundância de frutos

Não vos masturbeis psiquicamente em momentos de inspiração provocada por circunstâncias exteriores à vossa vontade, pensando que estais adorando a Deus quando apenas vos estais abandonando à expansão de um turbilhão astral. Se quereis orar ao Verdadeiro Deus, trabalhai; não importa em que, mas trabalheis com capricho, com devoção, fazendo do vosso trabalho vosso culto; pois quando trabalhais ativamente e com concentração, fazeis germinar as sementes de individualidade e iniciativa que existem latentes dentro de vós. Por isso está escrito: O que quer que tua mão faça, faze-o com todo o teu poder. E por isto, também, está escrito: Conhecê-los-eis pelos seus frutos.

15 – O lado escuro da lua

Há entre vós muitos que vos professais seguidores de Jesus, e que no entanto pretendeis como vosso Chefe Espiritual o Príncipe Conde St. Germain. Sabei então o que esse Mestre disse certa vez a um assustado discípulo: “Sim, meu amigo, Jesus não é nada: mas afligir-vos é sempre alguma coisa, e portanto, não mais falarei”. Osiris é um deus negro. Apo pantos kakodaimonos!

16 – A criança celeste

Somente a Criança Divina é o Deus de Luz para os próximos dois mil anos. Por isso está escrito que ninguém que não se torne como uma criancinha entrará no reino dos céus; e por isto está também escrito que o Leão e o Cordeiro se deitarão lado a lado, e uma criancinha os conduzirá.

Sê conosco, Deus Menino! Sê conosco, Deus Falcão!

17 – A Lei Única

Tem-vos sido dito: A lei natural é uma, a Lei Divina é outra. Mas eu vos digo que as leis naturais são as únicas leis divinas. Por isto o verdadeiro cientista, e principalmente o astrônomo, é o mais profundo sacerdote de Deus. A natureza é o corpo de Deus. Glória a Nossa Senhora das Estrelas, ó homens! Isis-Urânia, Mãe de Nós Todos, Aum!

18 – O elogio da lagarta

Escreveu um Grande Iniciado: “O fito daquele que queria ser Mestre é único; os homens chamam-no de Ambição Pessoal. Isto é, ele quer que seu Universo seja tão vasto, e seu controle de seu Universo tão perfeito, quanto for possível”. Leu um verme em forma humana estas palavras, e gritou: “Esse homem é egoísta e maligno! Ele quer dominar-me!” Leu um Aspirante estas palavras, e pensou alegremente: “Eis o meu fito”.

Os escravos servirão. Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir.

19 – Sobre Caridade

Vede em torno vosso muitos indivíduos que se professam verdadeiros seguidores do verdadeiro Deus, porque praticam a caridade, isto é, dão esmolas aos mendigos, socorrem os famintos, montam orfanatos e promovem auxílio aos desempregados. Em verdade vos digo que esses são cegos conduzindo os cegos; tanto os que conduzem como os que são conduzidos reagiram sempre ao círculo vicioso do Karma instintivo do homem lunar. Pois aquele que dá esmolas aos mendigos incita seu próximo à mendicância; aquele que socorre os famintos afasta muita vez o aguilhão que desperta uma consciência animal à atividade humana; aquele que monta orfanatos deveria antes ensinar aos ignorantes a controlar os seus instintos; e aquele que oferece emprego indiscriminadamente a um desempregado o mais das vezes interrompe uma fase de deslocamento que leva um homem a descobrir sua verdadeira vocação e vontade. Pôr isto os Mestres não auxiliam os homens, mas fazem com que eles aprendam a se auxiliarem a si próprios.

20 – Sobre Espiritismo

Uma palavra a dizer-vos sobre o espiritismo. Quer sejam os seus chefes espíritos descarnados, quer sejam cascarões astrais em processo de decomposição, quer sejam egrégoras de correntes das mentes instintivas associadas, existe em sua prática um defeito técnico e um defeito espiritual, a saber, que os médiuns desenvolvem a tendência a Ob no abandonamento passivo aos turbilhões astrais, o que é contrário aos deveres da evolução humana; e o inspirador espiritual dessas cohortes e desse movimento é dito ser “Jesus”, isto é, uma entidade que jamais existiu como tal, e que não foi mais que a máscara com que Osiris foi oferecido aos gregos e romanos. No passado, tudo isto seria talvez de pouca importância; mas lembrai-vos que a espiral tem dado mais uma volta, e que Osiris é um deus negro. Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

21 – Sobre os cultos Afros

Uma palavra a dizer-vos sobre a macumba. Quer sejam os seus chefes espíritos africanos desencarnados, quer sejam demônios do baixo astral em disfarce, existe nas práticas deste movimento o mesmo defeito técnico que existe no espiritismo, isto é, o uso da força de Ob. Mas existe também uma diferença fundamental, que a macumba adora, sob diversos nomes os mesmos deuses do Pantheon greco-romano, os quais eram também adorados sob outros nomes por toda a Antigüidade, e que são personificações de grandes Forças através de cuja existência nos mundo sutis certas correntes espirituais são formadas para inspirar a vida dos homens. Por tanto a macumba é mesmos prejudicial à individualidade interna que o espiritismo, por isto que não ofende os fatos da Natureza: No passado tudo isto teria pouca importância; mas lembrai-vos que a espiral tem dado mais uma volta, e que despertou de seu sono de dois mil anos o mais misterioso Deus dos pagãos, o grande Deus Pan. Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

22 – Sobre o comunismo

Uma palavra a dizer-vos sobre o comunismo. Quer se disfarce como primitivo cristianismo, quer se chame a si próprio materialismo científico, não é nem uma coisa nem outra, pois os primitivos cristãos adoravam a Deus n’Eles mesmos; refiro-me aos Gnósticos, que a Igreja Católica ferozmente perseguiu e dizimou, porque os sabia conhecedores da natureza da grande feitiçaria. Quanto a materialismo científico, isto é coisa que o comunismo nunca foi, sendo baseado num certo número de axiomas romanescos e idealísticos que nada tem a ver com os fatos da ciência; como, por exemplo, que os homens são todos iguais, quando a evidência é farta de que a lei natural a este respeito é variação da norma; e como, por exemplo, que possessões pessoais ofendem a comunidade humana, o que é fundamentalmente falso e até tolo, pois se a propriedade pessoal fosse o roubo, como querem os socialistas, os homens teríamos todos um só corpo, um só cérebro, uma só língua, um só pênis e um só anus. Ainda mais, a organização social pregada por este “materialismo científico” está em fragrante contraste com a lei natural de evolução por mutação e seleção das espécies; pois a genética nos ensina, e a observação da conduta das espécies o demonstra, que variações da norma produzem evoluções, e que a sobrevivência sempre tem que ser dos mais aptos. Toda sociedade humana, portanto, que não permite o máximo de liberdade para cada indivíduo de desenvolver livremente e por escolha própria as suas tendências naturais, e de competir livremente e igualmente com outros sobre o campo de batalha da vida, é uma sociedade idealística, que nada tem a ver com materialismo ou com a ciência. Portanto, o comunismo, como qualquer outra tendência à uniformidade e sujeição do indivíduo aos interesses de um rabanho ou de uma entidade fictícia (o “Estado”), é uma tendência malsã, idealística e viciosa; combatei-o com todas as forças de vossa individualidade, vós que sois verdadeiros homens!

Tu não tens o direito a não ser fazer tua vontade. Faze aquilo e nenhum outro dirá não.

Ouça aquele que tem ouvidos para ouvir.

23 – Sobre a Igreja Romana

Uma palavra a dizer-vos sobre a Igreja Católica. Está morta, como todos os que lhe pertencem, e sua aparente grande atividade presente não é mais que a turbulência inconsciente de decomposição de um cadáver gigantesco. Os cristãos aos Leões! Que ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

24 – Sobre a Maçonaria

Uma palavra a dizer-vos sobre a Maçonaria. Aquela que foi baseada na lenda de Hiram, lenda que, qual a de Jesus, não é mais que uma versão dramática adaptada à mentalidade ocidental do Ritual do Deus Sacrificado, isto é, Osiris, está tão morta quanto a Igreja Católica. Há porém esta diferença fundamental: que a Maçonaria tendo sido iniciada por Adeptos da Fraternidade da Luz para combater a grande feitiçaria da Loja Negra, neste momento mesmo novos brotos maçônicos estão sendo cuidadosamente regados pelos mestres encarregados da disseminação da Boa Nova, isto é, dos princípios sociais e espirituais da Nova Era; e esses mestres são, como disse uma inspirada das Lojas do Tibet, “um dos mestres ingleses e o Conde de Saint Germain”. O nome do Mestre inglês pode agora ser revelado: Ele era Sir Aleister Crowley, M. 33º e Rei da Ordem do Templo para a Inglaterra; e papel mais importante ainda ele desempenhou como encarnação da Besta 666. Que ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. Quanto ao Conde de St. Germain, também chamado por alguns de Mestre Racoczy (e que sorri dessas tolices), ele segue os passos do Mestre Inglês com o mesmo assombro e admiração com que no passado seguiu os passos do Conde de Cagliostro. Que ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. A Maçonaria está morta, ela vive. O Rei está morto, viva o Rei!

25 – Sobre a Educação

Uma palavra a dizer-vos sobre a educação das crianças. Vossos filhos não vos pertencem, e pais que não dão aos seus rebentos o nome deles próprios, seguindo de Filho, estão satisfazendo uma triste vaidade. Se vos conhecêsseis tal quais sois, e se realmente amasseis os vossos filhos, a última coisa que quereríeis no mundo é que eles se parecessem convosco. Na Nova Era, mais e mais crianças nascerão em cada família que não pertencem à gama vibratória dos pais. Isto é porque, de acordo com as predições de todos os videntes dos últimos duzentos anos, a família já não é mais a unidade do organismo social. Gamas vibratórias que se conservam coesas durante séculos, membros da mesma estirpe reincarnando-se constantemente na mesma corrente genética, estão para sempre partidas. O indivíduo, homem ou mulher, é a unidade do organismo social. A família agora não é mais que o primeiro conjunto de indivíduos a cuja presença a alma nova é submetida. Portanto, ó pais, se quereis o respeito de vossos filhos, não o exijais como um direito; provai pelo exemplo dos vossos atos que o mereceis, e vossos filhos galardoar-vos-ão o respeito com um prêmio que haveis conquistado. É esta sempre a Lei: desperta a virtude no teu íntimo, e verás com surpresa como a virtude se acende no coração dos outros. Ida está a idéia de laços familiares. Custa a morrer por causa da inércia do pensamento humano, imantado pelos hábitos de quatro mil anos (pois a família já estava formada no Aeon de Isis, que precedeu o de Osiris; somente, então era a mãe o chefe da família). Mas as suas convulsões, tal qual as da Igreja Católica e, de um modo geral, do Cristianismo, são as convulsões de um moribundo. Quanto mais os pais reforçam sua autoridade, mais os filhos se rebelam, e fazem bem. A pátria do homem é o mundo, o seu mundo é o universo, e a sua família é a humanidade inteira. Há um Deus de viver em um cão? Não! E se por acaso um Deus nasce no seio de uma alcatéia, e pedem-lhe que roa ossos como o resto, que esperais, senão que o Deus ultrajado se retire para o meio de seus semelhantes ou, num acesso de cólera, dizime os cães insolentes até que, assustados, param de importuná-lo e começam a obedecê-lo como é próprio? Os escravos servirão. Quereis educar bem os vossos filhos? Tratai-os como frescas incarnações da divindade, deuses recém-descidos ao mundo, verdes mensageiros das alturas, emissários do mundo misterioso do além-túmulo a que ireis dar um dia. Proporcionai-lhes todas as oportunidades de adquirir conhecimento e experiência, e deixai que eles escolham livremente entre todas as oportunidades que lhes proporcionais. Não os limiteis nunca a não ser nas coisas que o bom senso manda, isto é, na conservação da saúde e na disciplina da inteligência. Está bem comandar a uma criança que não ponha a mão no fogo, mas é melhor ainda explicar-lhe que o fogo queima os descuidados, e dar-lhe uma demonstração. Quando vosso filho ou vossa filha atinge a idade de responsabilidade, isto é, a puberdade, momento em que o Fogo se manifesta pela primeira vez através da inteira carne, ou a Água jorra pelos portais da vida com sua doçura e alegria, não tenteis apagar o fogo, nem tenteis represar a água. Ensinai antes ao menino e à menina tudo que sabeis a respeito da reprodução dos sexos, o que não é muito; ensinai-lhes como evitar a concepção involuntária, tendência natural do ser instintivo; ensinai-lhes as regras de higiene que conservam o aparelho criador livre das chamadas doenças venéreas: e assim, cumprido o vosso dever, deixai que corram os vossos filhos livremente o largo mundo. Se tivestes o cuidado de respeitar o julgamento de vossos filhos desde o berço, se cultivastes com desvelo a vossa essência interna, ressoando assim na virtude interna de vossos filhos, se, enfim, habituaste os vossos filhos ao destemor e à liberdade, eles amarão sem prejudicar e sem serem prejudicados, e voarão mais alto e mais longe do que jamais alcançastes. Que maior fonte de orgulho podem Ter os pais, que ver como os seus filhos os surpassam em tudo? E há nisto simples e saudável egoísmo, que se fazeis de vossos filhos homens e mulheres mais livres e mais fortes do que sois, eles, por sua vez, farão de vós homens e mulheres mais livres e mais fortes ainda, quando reincarnardes no meio deles. Cada criança que nasce e cresce saudável e livre é a esperança da humanidade. Regai portanto as flores, ó homens, se quereis um dia colher os frutos! Isto regenerará o mundo, o mundozinho minha irmã, meu coração & minha língua, a quem eu mando este beijo.

26 – Sobre a Sociedade

Existem analogias entre a sociedade humana e o corpo vivo que fareis bem em observar e imitar. Pois no corpo existem estruturas que mudam lentamente, que se desgastam e se renovam relativamente tão devagar que quase se poderia dizer que são imóveis. E no entanto estas estruturas são a base sobre a qual são construídas as estruturas mais fluidas. No corpo humano estas estruturas são os ossos, e na sociedade são as leis que regem o metabolismo das células chamadas homens. Pensai por um momento quão terrível seria se o esqueleto humano, ao invés de ser parcialmente flexível, e constituído de modo a permitir aos órgãos que se suportem uns aos outros suportando-se nele, fosse rígido e separasse os órgãos uns dos outros, ou os comprimisse de maneira a impedir a sua livre função! Tal se dá em casos kármicos de má conformação óssea, e muita vez observais e rides do resultado, em vez de vos lembrardes que o mesmo vos pode Ter acontecido em outra vida, ou pode acontecer-vos no futuro. E no entanto, rindo como rides dos corcundas e capengas, viveis vós mesmos numa sociedade horrenda pelas suas leis e seus hábitos, e nada fazeis para modificar sua pesada e antinatural constituição. Sabei portanto que as leis, tal como os ossos, devem ser organizadas para a máxima flexibilidade combinada com o máximo de força e permanência, e devem, pela sua estrutura mesma, permitir o máximo de iniciativa aos indivíduos e de intercâmbio às instituições. No aparente e imortal paradoxo do Conde de Fênix: A autoridade absoluta do Estado deve ser a função da liberdade absoluta de cada vontade individual.

TU NÃO TENS DIREITO A NÃO SER FAZER A TUA VONTADE. FAZE AQUILO, E NENHUM OUTRO DIRÁ NÃO. POIS VONTADE PURA, DESEMBARAÇADA DE PROPÓSITO, LIVRE DA ÂNSIA DE RESULTADO, É TODA VIA PERFEITA.

Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

27 – Sobre a morte

Eu me assombro cada dia em meio vosso, de ver como pagais serviço com vossos lábios a certas crenças, mas sempre desmentis vossas palavras com vossos atos. Dizeis acreditar em outra vida para a alma, onde ela será mais feliz do que foi aqui na terra, e chorais desabaladamente quando os vossos entes queridos (e até os vossos entes não-queridos) morrem. Dizeis acreditar que aquilo que Deus ligou o homem não pode desligar, e as vossas igrejas hediondas conspiram para que todas as leis sociais impeçam o mais possível aos homens que tentem desligar os laços matrimoniais.

Dizeis acreditar que a alma é salva pelo batismo na infância, e no entanto vossas igrejas e sacerdotes vis passam a vida inteira do batizado a espreitar, boquejar, e freqüentemente a condenar. Ó geração covarde e hipócrita! Dai um festim quando alguém morre, daí o cadáver de comer às bestas (ou ofertai-o ao hospital mais próximo), e confiai a alma às mãos de sacerdotes iniciados para que a acompanhem e aconselhem na viagem às plagas divinas, tal qual fazem ainda os simples povos do Tibet! Ó degenerados, ó devassos, ó impotentes! Não vos intrometais com as leis do Amor, que é o instrumento e modo de operação da vontade espiritual dos homens! Ó fariseus imundos, descrentes e malfazejos! Não compreendes que o Primeiro Batismo é a passagem através das Portas, que a água batismal é o fluido âmnico, e que no Aeon de Hórus o batismo sacerdotal há que ser de fogo, o fogo do Espírito Santo, tomado na Missa de Confirmação! Por isto está escrito: Eu vos batizo com água; mas Um virá após mim, maior que eu e ele vos batizará com Fogo.

Ra-Hoor-Khuit! Hoor-Paar-Kraat! HERU-RA-HÁ!

Sê conosco, Deus Menino! Sê conosco, Deus Falcão! Kyrie, Christe! IAO SABAO! AGIOS, AGIOS, AGIOS, IO PAN!

28 – Sobre falsas ordens

Muito pouco é conhecido da Rosa-Cruz, e no entanto pululam em vosso meio “ordens” e “fraternidades” fazendo uso desse NOME. Transcrevo aqui, para vossa edificação, as palavras simples de um homem que tinha algum conhecimento do que estava falando: (1) “É curioso mas é assim: para poder falar da mais elevada das entidades iniciáticas conhecidas no Ocidente devo usar tal nome sem antepor os termos: ‘Ordem,’ ‘Fraternidade,’ ou algo semelhante, para que o leitor ou o Discípulo não confundam com algumas das inumeráveis sociedades que, qual cogumelos surgiram com nomes imitativos da : “ROSA-CRUZ”. “É também necessário declarar aqui, algo que o não foi bastante claramente pelos que me precederam, que a ROSA-CRUZ, isto é, a misteriosa Fraternidade suprema, que atua com tal nome há uns três séculos somente no Ocidente, sempre existiu sob outras denominações. “Não tem sede que alguém possa situar em nenhuma cidade, nem seus Membros se declaram como tais. Isto é tudo que se pode dizer do ponto de vista da sua organização. Ao que se refere à sua atuação, parece muito simples explicá-la: cada vez que um ambiente determinado: sociedade, centro iniciático ou o que seja, NECESSITA E MERECE a atenção da ROSA-CRUZ, se envia algum Missionário relacionado pelo menos com os Círculos Externos d’Ela: ou, em outros casos, algum dos membros de dita sociedade ou fraternidade é inspirado, sendo também possível que ele mesmo não se dê conta cabal por muito tempo às vezes de como está sendo “inspirado, dirigido…e observado.” Quando finalmente se dá conta, é porque já está ‘MADURO’ em seriedade. Discrição, dedicação e capacidade. Isto é, pelo menos, o que sei de fonte que, como se diz em linguagem diplomática, ‘deve ser considerada como habitualmente bem informada…’ “

Mais tarde ainda, esse escritor acrescenta: TODA SOCIEDADE QUE SE DIGA OU SE TENHA PELA AUTÊNTICA E ÚNICA ROSA-CRUZ, OU BEM ESTÁ ENGANADA, OU ESTÁ ENGANANDO.

Ao bom entendedor, meia palavra basta.

29 – Sobre a Rosa e a Cruz

Do pouco que é conhecido da verdadeira ROSA-CRUZ, podemos concluir o seguinte: Primeiro, os ROSA-CRUZ adotam as vestimentas da época e país em que viajam ou atuam. Segundo, eles se conhecem imediatamente entre si por certas características que passam desapercebidas dos profanos. Terceiro, a influência ROSA-CRUZ está tão mais longe de organizações “rosacrucianas” quanto mais estas protestarem que está perto. Quarto, os ROSA-CRUZ adoram periodicamente em um Templo do Espírito Santo, onde aprendem a curar os doentes, transmutar os metais e onde comungam uns com os outros. Esse Templo está ao mesmo tempo em toda parte e em parte alguma; é a coisa mais fácil de achar pelo iniciado e a coisa jamais sonhada pelo profano. Quinto, a característica fundamental dos ROSA-CRUZ é que eles possuem o Elixir da Vida, a Pedra Filosofal, o Summum Bonum e a Felicidade Perfeita. Sexto, não se segue, de que os ROSA-CRUZ se dedicam a curar os doentes, que eles sejam médicos por profissão; nem se segue, de que eles possuem o Elixir da Vida, que eles prolonguem sua existência terrena. Aquele que escreve estas palavras não é Rosa-Cruz.

30 – Sobre a organização o Brasil

Para instrução e aviso dos Filhos do Sol: Três “fraternidades” principais se manifestam neste país, chamando-se a si mesmas rosacruz. A Ancient and Mystical Order Rosae Crucis (AMORC) foi fundada para um H. Spencer Lewis, iniciado nos círculos esternos da Ordem do Templo do Oriente (O.T.O.).

Desobedeceu ele as ordens dos seus superiores, dando a sua organização o Nome que absolutamente não merecia; traiu ele o seu mestre, ao qual, rico como se tornara pelas suas intrujices, deixou praticamente morrer de fome (pois assim era a Sua vontade); e foi por sua vez traído pelos seus comparsas em profanação. Esta “ordem” desobedece ao mais sério preceito de toda Ordem Iniciática real, em que recebe dinheiro para conferir iniciações. The Rosicrucian Fraternity in América, inicialmente de origem maçônica superior, degenerou progressivamente e, sob a gestão de R. Swimburne Clymer, traidor e infame membro da Loja Negra, foi corrompida pelos mesmos métodos da grande feitiçaria. É agora, com justiça, desprezada e encarnecida pelas Ordens que tentou usurpar.

A Fraternitas Rosicruciana Antiqua foi iniciada por um membro de alto grau da O.T.O., com permissão de seus superiores; mas a resolução do fundador (Dr. Arnold Krumm-Heller, “Huiracocha”) de usar o nome ROSA-CRUZ foi deplorada por todos os Irmãos, os quais por conseqüência se afastaram do fundador e da Ordem. Ela está agora em vias ou de dissolução ou de transmutação; que a responsabilidade de uma ou da outra recaia sobre seus dirigentes, como já recaiu sobre o seu fundador!

31 Sobre a Grande Fraternidade dos Irmãos da Luz

A Grande Fraternidade dos Irmãos da Luz tem várias subdivisões, das quais as principais para este planeta são a Fraternidade Negra (que não deve ser confundida com a Loja Negra), a Fraternidade Amarela e a Fraternidade Branca. Elas são simbolizadas na Cabala pelos três filhos de Noé.

A Fraternidade Negra mantém que toda manifestação tem forçosamente que ser da natureza de sofrimento; que o fito do homem deve portanto ser esgotamento do Karma pessoal e absorção no Nirvana. Nessa Fraternidade foi o Buddha Sidharte Galtama o maior expoente; seu livro canônico foi o Dhammapada.

A Fraternidade Amarela mantém que toda manifestação, sendo forçosamente resolvida de cima, deve Ter razão de ser; e que portanto o fito do homem deve ser adaptar-se plasticamente às condições de manifestação, eliminando fricção, e jamais presumindo de modificar, de uma maneira ou de outra, os processos da Natureza. O maior expoente dessa Fraternidade foi Lao-Tse, e seu livro canônico o Livro do Tao.

A Fraternidade Branca mantém que o fito do homem é tornar-se aquilo que Madame Blavatsky chamava um Nirmanakaya; que a Grande Obra é a transmutação progressiva, primeiro dos metais pessoais em ouro, depois dos metais planetários em ouro, e finalmente dos metais universais em ouro; e que o propósito e divertimento do adepto deve ser fazer com que o deserto floresça de beleza e perfume. O maior expoente dessa fraternidade foi e é a Grande Besta do Apocalipse e seu livro Canônico, que não é seu, mas pertence a Nossa Senhora das Estrelas, ao Fogo Divino e à Criança Solar, é o Livro da Lei.

E porque tu não possuis Sabedoria, não saberás se essas três Fraternidades, que sempre se antagonizam e completam umas as outras, fazem uma ou fazem três. Ouça aquele que tem ouvidos de ouvir.

32 – Sobre os sábios do Oriente

Lao-Tse veio ao mundo e disse, entre outras coisas, que o Tao que pode ser concedido não é o verdadeiro Tao. Portanto os homens se reuniram e, depois de sua morte, fizeram um Salvador de Lao-Tse; e hoje seu livro é um joguete dos tolos e pedantes. Thoth (mas realmente Tahuti) veio ao mundo e disse, entre outras coisas, que a sabedoria consiste em estruturalizar a mente de uma forma tão orgânica, tão flexível e tão fluída, que a mente se torna um veículo adequado para o Verbo Criador. Portanto os homens se reuniram e, depois de sua morte, fizeram um Salvador de Thoth; e hoje Seu Livro é em parte usado como base de jogos de salão.

Buddha veio ao mundo e disse que não havia nem salvador nem salvação, que dores e macerações não conduzem o homem à paz divina; que toda manifestação era necessariamente da natureza de um sofrimento, e que a essência da sabedoria consiste na extinção. Portanto os homens se reuniram e, depois de sua morte, fizeram um Salvador de Buddha, rezaram penitência em seu nome, e imploraram a ele que os conduzisse à libertação.

Dionísio veio ao mundo, ele, Osiris Ressurrecto, e ensinou aos homens que no processo de geração, com sua morte e ressurreição, está contido o supremo mistério da construção do templo do Espírito Santo, do Verbo manifestado em carne, do Reino na Terra. E portanto os homens adoram-NO sob muitos nomes, inclusive o de Jesus, e rogam-lhe que os conduza à salvação. E no entanto, Ajuda-te, que Deus te ajudará, diz a sabedoria do povo. Mohammed veio ao mundo e destruiu parcialmente a grande feitiçaria da Loja Negra, engendrada após a extinção metódica da Igreja Gnóstica Exotérica, e perseguição que durou vinte séculos da Igreja Gnóstica Esotérica. Glória a Mohammed, Espada de Deus! Profeta parcial, mas profeta contudo, da Unidade de Deus e da Virilidade do homem! E agora, vos é dito: Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir a Voz da Besta 666.

33 – Chamando os Filhos do Sol

A nossa Fraternidade é a Fraternidade dos Filhos da Luz. A nossa Habitação é o Lago de Fogo Eterno, o Sol. O nosso Pai é Satã, o Senhor do Fogo Eterno, o Senhor do Sol, o Logos Solar. Os nossos chefes são a Besta 666, o Leão Solar, e a sua Concubina BABALON. Quando encarnados sobre a Terra eles são sempre um homem e uma mulher, cuja atividade superior desperta o fogo estelar no coração dos homens.

Acima de nosso Pai Satã, que também foi através dos tempos chamado Abrasax, Mitras, Ra, Bal, Al, Allah, Cristo e incontáveis nomes, há Nossa Senhora das Estrelas, em cujo seio nosso Pai repousa, e Hadit Seu Esposo, dos quais nada é permitido revelar, e dos quais nosso Pai é um dos filhos, cujo corpo é a Estrela Sol.

Os homens sempre tem adorado o Sol Espiritual, do qual somos chispas cristalizadas sobre a Terra, e nossos sonhos e anseios divinos são memórias de nossa Casa, o Imenso Lago de Luz. Falamos aqui dos Filhos do Sol, pois há outros encarnados sobre a Terra que são filhos de outras estrelas; pois, como está escrito, a casa de meu Pai tem muitas moradas. Mas estas coisas são de interesse apenas para os mais altos iniciados, porque só eles podem realmente compreende-las e utilizá-las.

Na era de Aquário-Léo, o mundo já foi regenerado pelo Fogo; a Estrela caiu sobre a Terra, e a escuridão do mundo já se enverdece e galardoa de Aurora. Hoje Ele não é nosso Pai, apenas; é nosso Mestre e nosso Esposo; é Nós Mesmos, a Criança Coroada e Conquistadora, Horus, o Filho de Isis e Osiris, em seu nome Heru-Ra-Há; o Deus Menino, o Verbo feito Carne em cada um de nós!

Tu que és eu mesmo, além de tudo meu;

Sem natureza, inominado, ateu;

Que quando o mais se esfuma, ficas no crisol;

Tu que és o segredo e o coração do Sol;

Tu que és a escondida fonte do universo;

Tu solitário, real fogo no bastão imerso;

Sempre abrasando; tu que és a só semente

De liberdade, vida, amor e luz eternamente;

Tu, além da visão e da palavra;

Tu eu invoco; e assim meu fogo lavra!

Tu eu invoco, minha vida, meu farol,

Tu que és o segredo e o coração do Sol

E aquele arcano dos arcanos santo

Do qual eu sou veículo e sou manto

Demonstra teu terrível, doce brilho:

Aparece, como é lei, neste teu filho!

Amor é a lei, amor sob vontade

Esta foi a primeira publicação thelêmica no Brasil, resultado de uma ordália passada por Frater Saturnus à Frater Aleph. Pouco depois de lança-lo, Marcelo Motta o recolhe logo em seguida por discordar de algumas conclusões a que chegou na obra. Poucos compraram na época, sendo um deles Frater Thor.

Marcelo Motta

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/chamando-os-filhos-do-sol/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/chamando-os-filhos-do-sol/

‘Despertar dos Mágicos

Escrito por Louis Pawels, jornalista e escritor e Jacques Bergier, engenheiro químico e escritor, O Despertar dos Mágicos (Le Matin des magiciens) publicado pela primeira vez na França, em 1960, é considerado como um manifesto do realismo fantástico. O livro fala de ocorrências insólitas, dedicando muitas páginas ao trabalho de Charles Fort, incansável compilador de estranhezas do mundo; e apresenta a fantasia real dos grandes mistérios da Humanidade entre as verdades e os mitos de sociedades secretas, civilizações desaparecidas, ciências ocultas, religiões.

Investigando as sombras do terrível fenômeno nazista, os autores revelam as conexões entre a política nacional-socialista do partido de Hitler e o ocultismo mitológico que virou moda no Ocidente a partir da segunda metade do século XIX. O fantástico na realidade é aspecto metafísico interagindo com físico; o invisível em sua relação com o visível; a percepção que vai além dos sentidos; a comunicação sem barreiras de código, tempo e espaço. A realidade fantástica é alquimia, é telepatia, mediunidade; é, também, a decomposição do átomo em partículas.

O Despertar dos Mágicos é livro que introduz o público leigo no Universo do ocultismo, da magia, dos mistérios que a ciência não consegue explicar. A edição inglesa, publicada em 1963, The Morning of the Magicians, transformou o título em best-seller mundial. Entre as décadas de 1960 e 1970 foram vendidos mais de dois milhões de exemplares em diferentes idiomas. A edição espanhola saiu em 1962: El retorno de los brujos.  O sucesso do livro foi tão grande que, já em 1961, Bergier e alguns colaboradores começaram a editar uma revista mensal sobre os mesmos temas. Era a revista Planeta, cuja versão brasileira, muito conhecida, é pioneira na abordagem de assuntos misticos-esotéricos.

 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/sociedades-secretas-conspiracoes/despertar-dos-magicos/ […]

[…] Quando estive em Angola, li o livro de Jacques Bergier, Despertar dos Magicos. […]

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