Vênus-Afrodite: All you need is love!

Olá crianças,

Semana anterior falamos sobre a Razão: um dos 3 pilares da Magia e também dos 3 estados de consciência que precisam ser trabalhados e dominados dentro de cada um de nós. Falei sobre os deuses associados à razão, à lógica e ao entendimento e como os antigos utilizavam-se destas alegorias e representações para facilitar o domínio destes conceitos.

Hoje falaremos sobre o contraponto feminino em nossa mente. Associado ao elemento Água, ao naipe de taças (copas) e ao sagrado feminino, a Emoção está representada na esfera de Netzach.

Antes de prosseguir com a leitura desta matéria, recomendo que vocês leiam (ou releiam) o post sobre Hermes Trismegistrus antes de continuar.

Inanna

A representação mais antiga de Netzach era a deusa Inanna.

Inanna era a deusa do amor, do erotismo, da fecundidade e da fertilidade, entre os antigos Sumérios, sendo associada ao planeta Vênus.

Era especialmente cultuada nos enormes e importantes templos em Ur, mas era alvo de culto em todas as cidades sumérias.

Inanna surge em praticamente todos os mitos, sobretudo pelo seu carácter de deusa do amor (embora seja sempre referida como a virgem Inanna). Inanna representava também a primavera e as festividades relacionadas com o plantio. Sua história conta que como a deusa se tivesse apaixonado pelo jovem Dumuzi (um deus que antes era humano, representante das plantações, que todo ano morria e posteriormente era ressuscitado… já viram este mito em algum lugar antes?). Durante o Inverno, tendo Duzumi morrido, a deusa Inanna desceu aos Infernos para o resgatar dos mortos, para que este pudesse dar vida à humanidade, agora transformado em deus da agricultura e da vegetação no final dos tempos tenebrosos.

É cognata das deusas semitas da Mesopotâmia (Ishtar) e de Canaã (Asterote e Anat), tanto em termos de mitologia como de significado.

Ishtar

Da deusa Inanna, surgiu na suméria o culto a Ishtar.

Ishtar é a deusa mãe dos acádios, herança dos seus antecessores sumérios, cognata da deusa Asterote dos filisteus, de Isis dos egipcios, Inanna dos sumérios e da Astarte dos Gregos. Mais tarde esta deusa foi assumida também na mitologia Nórdica como Easter – a deusa da fertilidade e da primavera.

Esta deusa era irmã gêmea de Shamash (que era o deus solar – preste atenção que isto é importante!) e filha do deus Sin, o deus lunar (e isto também será importante). Até este momento da história, quando os homens não tinham muita certeza sobre como as mulheres geravam os filhos, as principais divindades eram todas matriarcais, e associadas ao Sol.

Assim como Inanna, Ishtar também é representada pelo planeta Vênus.

Eu já havia falado sobre os ritos sexuais do Hieros Gamos AQUI, AQUI e AQUI, então não vou repetir. Além destes rituais, o mais importante festival em honra a Ishtar consistia na Celebração do Equinócio da Primavera.

Neste ritual, os participantes pintavam e decoravam ovos (símbolo da fertilidade) e os escondiam nos campos. Para quem não fez as contas ainda, o Equinócio da Primavera cai aproximadamente dia 21 de Março, inicio do período de plantações.

Estes ovos continham runas e magias de Sigil pintadas cuidadosamente sobre eles (ensinarei sobre magia de Sigil daqui algumas colunas). Estes ovos eram enterradas nos campos e, quando os ovos eram destruídos pelos arados, os desejos escritos nos ovos se realizavam. Esta é a origem dos ovos “coloridos” de “Páscoa” (na verdade, eles não eram apenas “pintados”, mas escritos com runas e sigils de várias cores, representando cada cor e símbolo dos desejos a serem realizados)… calma que chegaremos nos coelhos daqui a pouco.
[um parênteses – hoje em dia, quando alguém vai em um templo de Umbanda e Candomble e recebe uma instrução de um Exú ou Bombo-Gira para acender tantas velas de tal cor para realizar um pedido, ou quando amarramos fitas de cores específicas nos galhos de uma árvore no Japão, no festival de Tanabata, ou quando desligamos nossa mente pintando mandalas com areia colorida, estamos falando do MESMO tipo de magia ritualística, apenas em formas e culturas diferentes – fim do parênteses].

Ísis

Isis é a deusa suprema do panteão egipcio; a grande mãe, a grande deusa, a criadora da vida. Ela era descrita como tendo pele clara, olhos azuis e cabelos negros. Junto com Osíris e Hórus, fazia parte da trindade sagrada dos deuses egípcios.

As lendas diziam que suas sacerdotisas eram capazes de controlar o clima prendendo ou soltando seus cabelos. Seus sacerdotes conheciam como ninguém as artes de trabalhar com metalurgia. Assim como nas culturas anteriores, o culto à deusa-mãe que representava as forças da natureza era muito difundido. Ísis era a deusa da sabedoria, detentora de todos os poderes mágicos dentro nas iniciações das Pirâmides (o chamado “Véu de Ísis”). Repare no “carretel de empinar pipas” que ela carrega em sua mão esquerda. Mais tarde falaremos sobre ele.

Ísis era casada com seu irmão osíris e ambos governavam o Egito. Enquanto Osíris estava espalhando suas idéias de civilização pelo mundo, Isis governava o Egito. Porém, seu irmão Seth era um deus violento e invejoso e queria o trono para si. Quando Osíris retornou a Menphis, Seth convocou 72 auxiliares e o convidou para um banquete. Durante o jantar, ele mostrou um belíssimo baú e disse que qualquer pessoa que coubesse dentro dele seria seu dono. Osíris coube perfeitamente, mas Seth e seus seguidores fecharam o baú com chumbo derretido e jogaram a caixa no Nilo.

A caixa chegou na Fenícia, onde uma árvore de Tâmaras cresceu ao seu redor. Mais tarde, quando esta árvore foi cortada e levada para fazer um pilar de um templo no palácio do rei, o odor da árvore era tão maravilhoso e diferente que a história acabou chegando até os ouvidos de Ísis e Seth.

Seth chegou primeiro ao baú e despedaçou o corpo de Osíris em 14 pedaços, que espalhou pelo Egito. Quando Ísis conseguiu chegar até o baú, ficou desesperada e começou a procurar pelas partes de Osíris por toda a terra, até que conseguiu recuperar todas as partes de seu amado (exceto seu falo, que havia sido devorado por um caranguejo) e levá-lo para os pântanos da deusa cobra Buto. Ali, utilizando-se de magias de Thoth e Anubis, Ísis conseguiu reanimar a essência de seu amado tempo suficiente para gerar um filho (sem contato sexual), chamado Hórus. Ísis era considerada uma deusa-virgem até então, de onde pode-se dizer que Hórus nasceu de uma Virgem.

Hórus simboliza a criança do solstício de Inverno; a esperança que o sol mais uma vez surgirá após o tenebroso inverno.

Em seguida, Ísis realiza os ritos de embalsamar, preparando Osíris para a viagem ao Próximo Mundo. Ísis e Hórus permanecem no pântano de Buto até que Hórus esteja forte o suficiente para desafiar seu tio Seth.

Quando estava em idade adequada, foi chamado um conselho dos deuses e Hórus pediu a eles que recuperasse o trono que era seu por direito. Todos os deuses votaram para que o trono permanecesse com Seth, exceto Toth (a Razão). O trono permanecia com Seth.

Ísis começou a proferir maldições e Seth ficou furioso, ameaçando matar um deus por dia até que os deuses decidissem a seu favor. Para evitar maiores problemas, Rá ordenou que a votação fosse movida para um santuário em uma Ilha e deu instruções ao barqueiro Ani para que nenhuma mulher cruzasse aquelas águas.

Ísis, então, decidiu usar um estratagema: transformou-se em uma linda donzela e, disfarçada, subornou Ani para que a levasse até a ilha de santuário de Seth, onde o seduziu com sua beleza. Quando Seth estava prestes a cair em sua sedução, ísis contou a ele que era uma viúva com um filho, cuja herança em gado havia sido tomada injustamente por seu tio estrangeiro, e perguntou o que ela deveria fazer para ajudar o filho da viúva. Seth disse a ela que o filho dela era o verdadeiro herdeiro.

Ísis foi, então, até o conselho dos deuses onde contou a todos o que havia acontecido e, dado que o julgamento foi proferido pela própria boca de Seth, os deuses não tiveram outra alternativa senão entregar o trono a Hórus.

Seth pediu, então, que o trono fosse disputado em uma batalha entre os dois e o conselho concordou. A partir de então, os dois deuses combatem, sendo responsabilidade de Toth velar para que haja sempre equilíbrio entre as estações.

Ísis era considerada uma deusa LUNAR. Ao contrário de suas predecessoras, que eram divindades solares, a partir do Egito as deusas femininas que possuem as atribuições sexuais e de fertilidade passam a adquirir atributos lunares. Isto se deve, em parte à associação do ciclo menstrual feminino (de 28 dias) com os ciclos lunares e, em parte, com a tomada do poder pelo patriarcado, que elevou o Sol à categoria de deus masculino dominador todo-poderoso.

Afrodite

De acordo com a Teogonia, de Hesíodo, Afrodite nasceu quando Urano (pai dos titãs) foi castrado por seu filho Cronos/Saturno, que atirou os genitais cortados de Urano ao mar, que começou a ferver e a espumar, esse efeito foi a fecundação que ocorreu em Tálassa, deusa primordial do mar. De aphros (“espuma do mar”), ergueu-se Afrodite e o mar a carregou para Chipre. Assim, Afrodite é de uma geração mais antiga que a maioria dos outros deuses olímpicos.

Após destronar Cronos, Zeus ficou ressentido pois tão grande era o poder sedutor de Afrodite que ele e os demais deuses estavam brigando o tempo todo pelos encantos dela, enquanto esta os desprezava a todos. Como vingança e punição, Zeus fê-la casar-se com Hefesto, que usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Segundo Homero, Afrodite e Hefesto se amavam mas, pela falta de atenção deste, que estava sempre envolvido com os trabalhos encomendados pelos deuses, Afrodite começou a trair o marido com Ares.

Suas festas eram chamadas de “Festas Afrodisíacas” e eram celebradas por toda a Grécia, especialmente em Atenas e Corinto. Suas sacerdotisas eram consideradas prostitutas sagradas, que representavam a própria Afrodite, e o sexo com elas era considerado um meio de adoração e contato com a Deusa. Com o passar do tempo, e com a substituição da religiosidade matriarcal pela patriarcal, Afrodite passou a ser vista cada vez mais como uma Deusa frívola e promíscua, como resultado de sua sexualidade liberal.

Afrodite/Vênus representa as paixões incontroladas, o espírito deixado levar pelo sentimento, as forças primordiais do SENTIR, incontroláveis. Vênus simboliza a emoção pura. O desejo, ciúmes, amizade, amor, ódio, luxúria, a arte, inspiração, etc… todos os sentimentos que não podem ser controlados pela Razão são de domínio de Vênus. Tudo o que não pode ser contabilizado, quantificado ou racionalizado pertence à Esfera de Vênus… a esfera de Netzach.

Eostre

Eostre ou Ostera é a deusa da fertilidade e do renascimento na mitologia anglo-saxã, na mitologia nórdica e mitologia germânica. A primavera, lebres e ovos pintados com runas eram os símbolos da fertilidade e renovação a ela associados.

A lebre (e NÃO um coelho) era seu símbolo. Suas sacerdotisas eram capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada (claro que a versão “coelhinho da páscoa, que trazes pra mim?” é bem mais comercialmente interessante do que “Lebre de Eostre, o que suas entranhas trazem de sorte para mim?”, que é a versão original desta rima.

A lebre de Eostre pode ser vista na Lua cheia (vide desenho neste post) e, portanto, era naturalmente associada à Lua e às deusas lunares da fertilidade.

De seus cultos pagãos originou-se a Páscoa (Easter, em inglês e Ostern em alemão), que foi absorvida e misturada pelas comemorações judaico-cristãs. Os antigos povos nórdicos comemoravam o festival de Eostre no dia 30 de Março. Eostre ou Ostera (no alemão mais antigo) significa “a Deusa da Aurora” (ou novamente, o planeta Vênus). É uma Deusa anglo-saxã, teutônica, da Primavera, da Ressurreição e do Renascimento. Ela deu nome ao Sabbat Pagão, que celebra o renascimento chamado de Ostara.

Afrodite/Vênus na Kabbalah

A Árvore da Vida representa um mapa dos estados de consciência humanos. Vamos falar mais detalhadamente sobre isso em posts futuros, mas vou fazer a referência agora e vocês podem retornar e ler novamente este texto mais tarde, ok?

Em razão de sua ligação com o amor incondicional e com as emoções, Vênus está associado na Kabbalah à sétima esfera (sephira), chamada Netzach (Vitória). Netzach representa a emoção pura, o amor, desejo, luxúria, as águas torrentes das paixões. Enquanto Hod, sua contraparte racional, é simbolizada pelos ventos frios do deserto, Netzach é associada ao elemento Água e ao lado feminino de nossos pensamentos.

Netzach está associado ao planeta Vênus, ao metal cobre, ao incenso de benzoin e rosas, às rosas, à cor verde, à esmeraldas, velas e aos cinturões. Netzach influencia os Caminhos de Qof (29), a “antiga bruxa”, a conexão entre o Emocional e o Plano Físico, representado pelo sentimento que deu origem a todas as grandes festividades ao redor das fogueiras; Tzaddi (28) a “Estrela”, que liga as fortes conexões entre o Plano Astral e o Emocional. É um caminho tão importante que Aleister Crowley o substituiu com o caminho de Heh (Imperador) no cruzamento do Abismo (falaremos sobre isto mais adiante, mas por enquanto, lembrem-se da frase “Todo Homem e toda Mulher é uma estrela”). Peh (27), a Torre, o caminho turbulento que conecta a esfera da Razão Pura à esfera da Emoção Pura. Imaginar este estado de consciência é como colocar um fanático cético com um fanático religioso para discutir. Mais cedo ou mais tarde, a estrutura vai rachar ao meio.

Da conexão entre Netzach e Tiferet está Nun (24), a terrível Morte através do sacrifício pela Humanidade, a maneira do caminho da Mão Direita para se chegar a Ascensão. A frase usada ad nauseam pelos católicos e evangélicos (“Jesus morreu para nos salvar”) vem de uma má interpretação ou de uma interpretação literal deste caminho. O quinto caminho, conectando os rituais de fertilidade com a esfera da prosperidade (Hesed) é o caminho de Koph (21), também conhecido como a “Roda da Fortuna”, que rege os ciclos da natureza.

Assim como os excessos de Hod criam os fanáticos-céticos, os excessos de Netzach criam os fanáticos religiosos: Aqueles que acreditam em algo baseados apenas na fé, sem razão nem imaginação. Como eu já disse alguns posts atrás, fanáticos ateus e fanáticos religiosos são duas faces da mesma moeda, e aqui está a demonstração. Sem equilíbrio e domínio dos quatro elementos não vamos a lugar nenhum, ficando perdidos e isolados nestas esferas que, como vocês podem observar, ocupam o mesmo grau dentro do mapa da consciência humana.

Os símbolos de Vênus

O primeiro e mais conhecido deles é o Pentagrama. Observando o céu e anotando a posição da “Estrela Matutina” durante 8 anos, o traçado do chamado “período sinódico” de Vênus forma um Pentagrama (período sinódico é o tempo que um planeta leva para retornar a uma mesma posição em relação ao sol por um observador na Terra – observe o desenho ao lado).

O outro símbolo de Vênus, que também é a sua representação planetária utilizada por cientistas e ocultistas, é este que está representado ao lado. Ele possui a chave para entender o caminho de Nun através da Mão Direita (somente através do amor e do sacrifício pela humanidade é que se consegue atingir a Iluminação).

Examinemos o símbolo de Vênus por um momento: um círculo sobreposto a uma cruz. A cruz representa o Plano Material e o Microcosmos, enquanto o círculo representa o Espírito e o Macrocosmos. A cruz representa o ciclo de reencarnações, os quatro elementos que precisam ser dominados para se chegar até o estado de Iluminado, enquanto o círculo representa o ciclo divino, já fora da Roda de Samsara. O ponto central do símbolo é a esfera de Tiferet – O Sol.

Também quero que vocês prestem atenção na estrutura da Árvore da Vida. Quando estudamos as relações entre o Microcosmo e o Macrocosmo na alquimia, podemos sublinhar alguns dos caminhos mais relevantes para este processo de Autoconhecimento: Aleph, Beth, Vav, Chet, Yod, Lamed, Sameck, Peh e o mais importante de todos: Tav.

Vamos ver o que acontece quando eu seleciono estes caminhos no diagrama:

Vejam só, crianças… que símbolo curioso surgiu!

Não é um prendedor de cinto de Ísis e muito menos um segurador de pipas, como os céticos acreditam. É o símbolo da Árvore da Vida, retratado pelos Antigos Egípcios através do Ankh, o Símbolo da VIDA ETERNA.

E qual seria a razão pela qual o símbolo astronômico de Vênus e o Símbolo da Árvore da Vida e do caminho até Deus serem os mesmos?

Porque… não importa quanto conhecimento você adquira (Hod), não importa o quanto você seja fodão em alquimia e magia (Yesod), não importa o quão rico e bem estruturado você esteja no Plano Material (Malkuth), sem AMOR você não vai chegar a lugar nenhum.

E o Símbolo de Netzach/Vênus representa o “Tudo o que está acima é igual ao que está abaixo”. De nada adianta um mundo com tecnologia melhor que a Atlântida se a humanidade continua fazendo as mesmas merdas… e 2012 está logo ai.

Love, love, love, love, love, love, love, love, love.

There’s nothing you can do that can’t be done.

Nothing you can sing that can’t be sung.

Nothing you can say but you can learn how to play the game

It’s easy.

There’s nothing you can make that can’t be made.

No one you can save that can’t be saved.

Nothing you can do but you can learn how to be in time

It’s easy.

All you need is love, all you need is love,

All you need is love, love, love is all you need.

Love, love, love, love, love, love, love, love, love.

All you need is love, all you need is love,

All you need is love, love, love is all you need.

There’s nothing you can know that isn’t known.

Nothing you can see that isn’t shown.

Nowhere you can be that isn’t where you’re meant to be.

It’s easy.

All you need is love, all you need is love,

All you need is love, love, love is all you need.

All you need is love (all together now)

All you need is love (everybody)

All you need is love, love, love is all you need.

#Alquimia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/v%C3%AAnus-afrodite-all-you-need-is-love

Chakras, Kundalini e Tantra – Parte III

semana passada aprendemos que os cientistas acabaram de demonstrar que estamos vivendo em um mundo de, no mínimo 11 dimensões, coisa que os Egípcios já sabiam 6.000 anos atrás. Estudamos como os seres humanos possuem corpos em todas estas dimensões e como estes corpos se relacionam e conseguimos até mesmo explicar de onde surgiu a história da Arca de Noé, Barca de Ísis e do Barqueiro Caronte.

Hoje, vamos voltar um pouco mais no tempo e estudar algo que os hindus já conheciam 7.000 anos atrás. Usando uma linguagem simplificada, os chakras são centros captadores e transformadores de Prana (os campos eletromagnéticos que circulam a Terra através de suas LINHAS ). Estas rodas de energia situam-se no segundo dos sete corpos, entre o físico e o astral e possuem contrapartes no físico.

Enquanto eu estiver explicando cada um dos chakras, coloquei ao lado diagramas relacionando-os à Kabbalah. Não se preocupem em tentar entender estas “bolinhas e tracinhos” agora, eu vou falar sobre isso quando chegarmos na parte do “Moisés e os 10 mandamentos”. Como vocês verão mais tarde, TUDO está inter-relacionado no Ocultismo.

Muladhara, Chakra Vermelho, ou Raiz.

Svadisthana, chakra laranja ou sexual

Manipura, Amarelo ou Plexo Solar

Este chakra também possui uma importância enorme na mediunidade. É através dele que o médium doa a energia para os espíritos e também é através dele que os espíritos, larvas astrais e vampiros “roubam” nossa energia.

Na Grécia e em Roma, os ocultistas sempre souberam que era através deste chakra dos sacerdotes e virgens vestais que os Oráculos recebiam sua energia materializar suas vozes (os Oráculos nada mais eram do que espíritos avançados que se comunicavam com os sacerdotes e consulentes, de maneira idêntica ao que os médiuns fazem hoje em dia). Por esta razão, chamavam estes oráculos de Venter Loquis, ou “A Voz que vem do ventre”, que mais tarde deu origem aos ventriloquismo dos mágicos profanos (que são truques mundanos de projeção da própria voz).

É através dele que atuam as principais linhas de defesa psíquica. É o segredo para se conseguir entrar em um ambiente carregado e estar protegido (como eu ensino meus amigos policiais, delegados e investigadores a se protegerem quando vão a uma cena de homicídio, para não levarem estas energias para suas famílias depois, por exemplo).

A falta de controle deste chakra é o responsável por chegar em casa no final do dia “esgotado” ou “drenado” de energias, especialmente se você trabalha em um ambiente de corporação onde um quer ferrar o outro ou em ambientes pesados/ruins como hospitais, igrejas e presídios.

Anahata, Chakra Verde ou Cardíaco

É complicado de explicar sobre a abertura e desenvolvimento deste chakra, porque as religiões misturam esta sensação com os famosos “êxtases religiosos”. A mitologia católica é rica nestes exemplos em seus santos e volta e meia vemos estas fagulhas em crentes. Vou mexer em um vespeiro agora, vamos ver se vocês conseguem entender o que é este “despertar crístico”:

É o famoso “eu vi Jesus” que algumas pessoas acabam despertando sem querer através das rezas (que nada mais são do que mantras) ou devoção cega ou ritos eclesiásticos. Exercícios que, no passado e nas ordens ocultistas, servem para despertar o seu DEUS INTERIOR e colocar os iniciados em comunhão com o universo, acabaram manipulados e deturpados pelas igrejas para controlar os fiéis, mas isso não significa que não funcionem! E, como o gado está mergulhado na ignorância, entendem que “Jesus falou comigo”… sentem-se eufóricos, não conseguem explicar o que sentiram, não conseguem compreender esta situação, sentem-se “tocados pelo cósmico” e o triste é que, no final, acabam dando todo o seu dinheiro para alguma igreja caça-níqueis que não teve nada a ver com este despertar…

Aqueles que sabem o que estão desenvolvendo, verão que este chakra está ligado diretamente a Tiferet, o centro da Kabbalah, o despertar dos iniciados, o SOL, o que os egípcios chamavam de “Hati” (o deus esposo de Meret, responsáveis pelos Hieros Gamos nas cerimônias egípcias).. calma… não precisam ficar desesperados, eu VOU falar sobre tudo isso mais para a frente!.

Vishuda, Azul, Laríngneo

Ajna, Índigo, o chakra frontal

Para ativá-lo e desenvolvê-lo, o melhor mantra para vibrar em harmonia com este chakra é o famoso “AUM”. Este LINK explica a relação entre as vibrações do A-U-M e a mente consciente e inconsciente. Também é possível ativá-lo através de gemas como a coral ou opala, muito utilizados na Índia (repare que todos os deuses indianos possuem alguma jóia em sua fronte) e também nos faraós através da “coroa de serpente” e posteriormente nos reis (repare que as coroas antigas possuem uma grande jóia em sua fronte)

Sahashara

Já destrinchamos cada um dos sete chakras pessoais. Agora vamos aos secundários: mãos, plantas dos pés e língua.

Os chakras palmares são usados para redirecionar a energia que o estudante recebeu, canalizou e está projetando. São essenciais em práticas de Reiki e Chi-kung de cura, e também a origem de todas as técnicas de “curas pelas mãos”.

Os chakras plantares são captadores de energia telúrica. Por esta razão, os celtas, wiccans, hindus, xamãs e sacerdotes de várias religiões ligadas à terra enfatizam o bem estar que andar descalço sobre a grama ou terra traz. Na realidade, você está absorvendo a energia telúrica (que vai complementar o prana, que é absorvido através do ar) para abastecer sua biomáquina magnética (ou corpo humano, se preferir). O Sol é a terceira fonte de energia e os alimentos sua fonte material de energia.

Chakras plantares são vulneráveis a ataques astrais e uma das “portas dos fundos” para se atacar pessoas que pensem estar protegidas nos chakras principais… é em razão disto que surgiu a crendice popular de que um morto irritado vem “puxar seu pé” durante a noite.

A língua é utilizada na vocalização de desejos e também para o ato de beijar, em inúmeros ritos sexuais, que funciona como uma das portas energéticas entre o casal, por isto é tão importante em uma relação. Também pode servir para dissipar energia (por esta razão, todas as escolas que lidam com energia ensinam a manter a boca fechada e a língua tocando o céu da boca quando fizerem as respirações).

Além deles, existem muitos outros pequenos pontos de intersecção energético em nosso corpo, chamados de pontos de acupuntura, que funcionam de maneira análoga às Linhas de Ley do Planeta Terra. Como vocês também devem ter reparado, eles fazem uma relação direta com as cores do espectro luminoso, demonstrando mais uma vez a harmonia das Faixas de Vibração que mencionei em uma coluna anterior.

Como eu já sei que vocês vão perguntar a respeito de exercícios para abrir estes chakras, estou passando um LINK de um site bastante sério que traz uma dezena de exercícios para vocês praticarem no feriado.

A Kundalini
Ok, tio Marcelo, já entendemos todo o conceito, mas que provas você tem que os antigos conheciam mesmo toda esta ciência?

Bem, crianças, a chave para entender todo o funcionamento destes processos está representado simbolicamente na serpente. Como os meridianos que passam através dos chakras (chamados Nadi) possuem a forma de uma serpente (ver imagem ao lado), os antigos o associaram à serpente e à sabedoria (Kundalini pode ser entendida como “a serpente enrolada”).

Para os gregos, as sacerdotisas mais importantes eram chamadas de pítias ou pitonisas (ou “aquela que domina a serpente”). Basta observar a história do Oráculo de Delfos para ver que ele foi estabelecido após “Apolo derrotar a serpente Píton” ou seja, o deus solar/tiferet (4º chakra) dominando a serpente/kundalini.

Todos os faraós eram representados com a tiara de serpente, ou a disputa entre Moises cujo cajado se transformava em uma serpente para engolir o dos adversários (o Pentateuco é totalmente ocultista e simbólico – um dia eu explico a bíblia sob o ponto de vista ocultista, vocês vão adorar). Na Índia, a serpente Kundalini era reverenciada como sinônimo de poder divino, os Astecas, Maias e Incas veneravam a “grande serpente voadora”, os xamãs colocam a serpente como sinônimo de sabedoria… ou seja, a serpente está associada a sabedoria e poder em todas as religiões… bem… quase todas.

Existe uma religião em especial que morre de medo da serpente, tanto que até a transformou em um demônio que tenta os “pobres coitados inocentes” a experimentar a “Árvore do Conhecimento”… hummmm Árvore da Vida da Kabbalah, Yggdrasil dos nórdicos, Pomos de Ouro das Hesperides na mitologia grega, Ankh na mitologia egípcia, Árvore da sombra dos deuses na mitologia hindu, Morada de Quetzacoatl para os astecas… quanta “coincidência” que civilizações tão distantes e desconhecidas entre si venerem essa mesma árvore da mesma maneira… e porque a tal Igreja morre de medo dela? o que o tal “conhecimento” dessa árvore vai fazer de mal às pobres ovelhinhas?

Mas eles também veneram esta árvore… ou você acha MESMO que o que Moisés desceu carregando do monte Sinai foram aqueles códigos morais simplórios? Dez mandamentos? Dez sephiroth? Mais pra frente eu explico da onde surgiram aqueles mandamentos, mas pergunta para qualquer judeu o que são os 49 dias do Sefirat Haômer e ele vai te dizer se tem ou não a ver com a Kabbalah.

Kundalini e o Caduceu de Hermes

Lembram que eu falei acima sobre alguns chakras serem masculinos e outros femininos? Pois bem. Recapitulem o texto e vocês verão que o primeiro chakra é masculino, o segundo feminino, o terceiro masculino e assim por diante… e o sétimo chakra é universal.

Na magia sexual, os casais aprendem a compartilhar a energia destes chakras um com o outro, fazendo com que o prana circule entre os dois amantes não apenas agindo como um catalizador destas energias mas fazendo com que o chakra forte de um entre em sincronia com o chakra fraco do outro, acelerando ambos os corpos, mentes e espíritos em uníssono. E o resultado disso é… divino.

E a forma energética que fica entre estes chakras entrelaçados é mais ou menos esta das imagens abaixo (para uma pessoa, o Cajado de Asclepius, para duas pessoas, o Caduceus):

Ritos sexuais

Claro que esta é a magia sexual envolvendo apenas para um casal, mas existem certos ritos secretos extremamente poderosos chamados Hieros Gamos, onde sacerdotes e sacerdotisas canalizam esta força para a celebração de festividades importantes. Quem já leu o “Código DaVinci” ou assistiu ao filme “De olhos bem fechados” (aquele com o Tom Cruise e a Nicole Kidman) já tem uma vaga idéia do que se trata…

Quem ainda acha que eu não estou falando sobre a Arca da Aliança, é melhor rever o texto e ler nas entrelinhas, porque eu já estou falando das arcas há algum tempo… vocês estão focados demais numa caixa de madeira e ouro e não no conteúdo dela…

#Chakras #Tantra

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/chakras-kundalini-e-tantra-parte-iii

Hieros Gamos e Magia Sexual

“I am all that has been, that is, that shall be,

and none among mortals has yet dared to raise my veil.”

Hoje vamos falar de algo que certamente vai interessar para todo mundo (ou quase todo mundo). Sexo!

Na Antiguidade, entre os estudiosos, sacerdotes e iniciados, o sexo era considerado algo sagrado e uma maneira de se reconectar com o EU divino que habita cada um de nós, como uma das formas mais bonitas de “Religare” e sempre esteve associado a muitas comemorações e rituais de fertilidade.

O reino do sexo mágico é o domínio e o poder do feminino.

Antes de começar, quero deixar claro que sempre existiu o sexo “vulgar” ou profano, que a maioria das pessoas conhece e pratica normalmente. O sexo sagrado, conforme eu comecei a explicar na semana passada, envolve todo um ritual de entrelaçamento das energias entre os chakras fortes masculinos e femininos durante o ato sexual entre dois iniciados. Durante esta relação, o casal canaliza e amplia suas energias através de seus chakras, desde o Muladhara na penetração, despertando a Kundalini (serpente sagrada), florescendo por entre os nadis dos amantes até o Sahashara, gerando um fluxo gigantesco das energias telúricas e projetando-as para o universo, ou utilizando estas sobras de energia para a realização de determinados rituais.

Através do sexo sagrado, o corpo da mulher se torna um templo a ser venerado e o enlace entre o sacerdote (que assume o papel de um deus) e a sacerdotisa (que assume o papel de uma deusa) adquire uma conotação ritualística capaz de despertar grandes energias e até fazer com que eles cheguem à iluminação (e a orgasmos muito mais fortes!).

Suméria

Os rituais sexuais existem desde os primórdios da humanidade e estiveram presentes em todas as grandes culturas da humanidade. As primeiras referências a eles, e também a mais famosa, é o Hieros Gamos, ou “Casamento Sagrado”. Este ritual era realizado na Suméria, 5.500 anos atrás. Nele, a alta sacerdotisa assumia o papel do Avatar da grande deusa Inanna e fazia sexo com o rei ou imperador, que assumia o papel do deus Dumuzi, para mostrar sua aceitação pela deusa como governante justo daquela região.

Isto era feito diante da corte, pois naquele tempo não haviam tabus para se praticar sexo em público se fosse em uma cerimônia religiosa. O símbolo desta união era um chifre, também chamado de “cornucópia” (uma referência clara à vagina da Grande Deusa em sua abertura e o falo do grande deus em seu chifre), do qual brotavam frutas, verduras e toda a fartura dos campos. Era uma associação óbvia entre os rituais sexuais de fertilidade e as colheitas que se originavam das plantações energizadas por tais rituais. O símbolo da cornucópia foi eternizado na Mitologia grega, através dos ritos Dionísios com sua forte presença no Olimpo, e mantém-se até os dias de hoje como símbolo de fartura.

Além desta Ordem, existia a Ordem dos Mistérios de Ísis, voltada apenas para MULHERES. Estas ordens lidam com a energia lunar, com o Yin, com a intuição, com a sedução, com as emoções sutis que pertencem ao campo do feminino. Da mesma forma, era proibida a presença de homens em uma loja de Ísis. Ísis recebeu vários nomes em seus cultos: Islene, Ceres, Rhea, Venus, Vesta, Cybele, Niobe, Melissa, Nehalennia no norte; Isi com os hindus, Puzza entre os chineses e Ceridwen entre os antigos bretões.

O terceiro tipo de Ordem eram as Ordens de Ísis e Osíris, ou as ordens mistas. Estas eram ordens espirituais, preocupadas com o estudo das ciências e dos fenômenos naturais. Pode-se dizer que foram as primeiras ordens de cientistas do planeta, estudando ao mesmo tempo fenômenos físicos, matemáticos e espirituais. Destas ordens, Grandes iniciados como o faraó Tuthmosis III, Nefertitti, Akhenaton (ou Amenhotep IV) e Moshed (ou Moisés para os íntimos) estabeleceram as bases de praticamente todas as escolas iniciáticas que surgiram, inclusive todos os ramos das Ordens Rosacruzes.

Cada templo era formado por até 13 membros (do sexo masculino/solar, feminino/lunar ou misto, com qualquer número de homens e mulheres, dependendo da ordem). Quando haviam mais iniciações, estas lojas eram divididas em mais grupos contendo 5, 7 ou 11 estudiosos. Era comum que membros da Ordem do Sol ou da Lua participassem nestas ordens mistas, assim como até hoje é comum maçons ou wiccas participarem das ordens rosacrucianas.

Treze pessoas em um grupo era considerado o ideal, pois constituía um CÍRCULO COMPLETO, cada um dos iniciados representando um dos signos do zodíaco, ao redor do Grande Sacerdote. Como veremos mais para a frente, isto será válido em outras culturas como a celta, romana, bretã e até africana.

Um quarto grupo era formado por sacerdotes especialmente escolhidos do Templo do Sol e do Templo da Lua, para as festividades das Cheias do Nilo, Morte e Ressurreição de Osíris, Início do ano e várias outras celebrações importantes. Estas celebrações eram Hieros Gamos, onde um sumo-sacerdote coordenava (mas não participava!) do sexo ritualístico entre 6 casais (totalizando 13 pessoas). Estes casais eram geralmente (mas não obrigatoriamente) casados e assumiam suas posições no círculo formando o hexagrama, com o sacerdote ao centro. Estes rituais poderiam ser realizados em um Templo ou em alguns casos, dentro de pirâmides, que estavam ajustadas para as freqüências que eles desejavam ampliar para o restante da população (ou do planeta). Mais tarde, o mesmo princípio será usado nos festivais celtas, mas já chegaremos lá.

Em grandes festividades, outros iniciados participavam (fora do círculo principal, que era formado pelos casais mais poderosos), formando um segundo círculo externo ou grupos, dependendo do número de pessoas. Estas sacerdotisas assumiam a representação da deusa Meret, a deusa das danças e das festividades, e os sacerdotes assumiam a representação de Hapi, deus da fecundidade e das cheias do Nilo.

É importante ressaltar que nestes rituais cada sacerdote transava apenas com a sua parceira.

Era comum o uso de máscaras (com cabeças de animais representando os aspectos relacionados ao ritual/deus que estava sendo realizado), o que mais tarde dará origem ao Baile de Máscaras (que secretamente abrigavam Hieros Gamos) e posteriormente ainda os Bailes de Carnaval. Após as festividades, havia dança, celebrações e sexo não-ritualístico/hedonista.

Estas sacerdotisas eram chamadas de Meretrizes, nome que mais tarde foi deturpado pela Igreja Católica.

Do lado complementar das Meretrizes estavam as Virgens Vestais, que eram virgens que trabalhavam um tipo diferente de energia e eram consideradas as Protetoras do Fogo Sagrado. Elas existem desde o Egito mas ficaram mesmo conhecidas no período grego e romano. Falarei sobre elas daqui a pouco.

Paralelamente aos ritos egípcios, existiam rituais sexuais ligeiramente diferentes na Índia, mas baseados nos mesmos princípios de união dos chakras para despertar a kundalini.

Tantra

O principal ritual de sexo tântrico é chamado de Maithuna. Neste ponto, existem 3 vertentes do Tantra: o Caminho da mão esquerda, que prega a realização destes rituais com estranhos, para atingir um máximo de erotização, voltado para o prazer e que deu origem a livros e textos como o Kama-Sutra, o Caminho da mão direita, que prega que o Maithuna deve ser feito apenas com sua companheira, o que gera uma intimidade maior e uma energia muito maior no ritual e finalmente o Caminho do Meio (meu favorito) que prega um meio termo: rituais sexuais para serem desenvolvidos com uma parceira, mas não excluindo a participação de amigas ou conhecidas no processo.

Rituais Tântricos

Ao contrário da ritualística egípcia, que é extremamente rígida em relação a escolha dos parceiros, as festas tântricas eram basicamente hedonistas (voltadas para o desenvolvimento do ser humano através do prazer e felicidade), podendo haver troca de parceiros (caminhos central e da mão esquerda somente), mais de uma parceira/parceiro em uma transa, etc. As palavras chaves nestas festas são o respeito entre todos os participantes e a consensualidade. Pode-se dizer que estes grupos mantiveram-se sempre de maneira secreta em praticamente todas as sociedades, até os dias de hoje nas casas de swing (ou “troca de casais”, como a mídia adora colocar, dando a falsa impressão que as mulheres nestes locais nada mais são do que “moedas de troca” quando uma idéia melhor seria “compartilhar” – É… eu sou muito chato com os termos corretos, porque palavras têm poder). Hoje muito do conceito destas festas foi distorcido e estragado (com direito até a pessoas que contratam garotas de programa para montar casais falsos e participar das putarias), embora dentro deste universo existam ainda grupos que agem como verdadeiras Sociedades Secretas, com regras de conduta muito rígidas e mantém as idéias originais das FESTAS HEDONISTAS com o respeito e a seriedade que elas deveriam ter.

Grécia e Roma

O culto a Ísis e Osíris migrou do Antigo Egito para a Grécia, onde Toth tornou-se Hermes e os misterios de Osíris tornaram-se o culto a Dionísio (Dyonisus).

Antes de mais nada, quem era Dionísio? Nascido de Zeus e Perséfone, Dionísio atraiu a fúria de Hera, que enviou os titãs para mata-lo. Zeus o protegeu enviando raios e trovões para despedaçar os titãs, mas quando conseguiu derrota-los, sobrou apenas o coração de Dionísio. Zeus colocou seu coração no ventre de Semele, uma de suas sacerdotisas, que se tornou sua segunda mãe… portanto Dionísio era conhecido como o “nascido duas vezes”. Curioso não?

Novamente temos o culto a morte e ressurreição de Osíris na iniciação e os rituais que demonstravam claramente a vida após a morte. Interessante notar que Semele era uma sacerdotisa do culto a Zeus, e portanto uma virgem vestal. Vocês perceberão que ao longo da história, muitos iniciados nasceram de “virgens” (cujo termo possuía o significado real de “espiritualmente pura”). A título de curiosidade, Hórus, Rá, Zoroastro, Krishna, Platão, Apolônio, Pitágoras, Esculápio e aquele outro cara famoso na Bíblia também nasceram de “virgens”.

Os cultos solares eram mais populares em cidades como Esparta, cujos exércitos voltados para o aperfeiçoamento do corpo e da mente usavam os treinamentos físicos desenvolvidos pelos Guardiões do Templo, incluindo muitos ritos de iniciação (especialmente um dos mais importantes, que é mostrado no filme/HQ “300 de Esparta”, quando Leônidas precisa, quando jovem, enfrentar um período de tempo no deserto/montanha e matar um lobo com as próprias mãos, trazendo sua pele para comprovar o feito de coragem). Mais tarde falaremos novamente sobre capas vermelhas nos celtas.

As reuniões destes grupos recebiam o nome de Orgion (palavra em grego que significa “ritual secreto”) e eram presididas pelo Orgiophanta. Da latinização surgiu a palavra Orgia, e nem preciso dizer o que aconteceu com o significado desta palavra.

Em 180 AC, o senado editou o “Senatus consultum de Bacchanalibus” estabelecendo regras claras para a realização destas festividades e ritos. Desnecessário dizer que os cultos secretos continuaram, apenas caíram na clandestinidade dentro das Ordens Secretas. Os Hieros Gamos continuaram ocorrendo, com a latinização dos deuses envolvidos.

As principais festas aconteciam nos Solstícios e Equinócios, especialmente o Sol Invictus (quem assistiu aquele filme “de Olhos bem fechados” pode ver um ritual de Hieros Gamos moderno, ocorrendo justamente no Natal/Dies Natalis Solis Invicti… quer dizer, uma pequena parte dele).

As Vestais

Além dos cultos solar e lunar, existiam também as Vestais (sacerdos vestalis) que eram as sacerdotisas da deusa Vesta e encarregadas de manter aceso o Fogo Sagrado de Vesta. Este fogo era o santuário mais importante de cada cidade romana e deixar uma chama destas apagar era passível de pena de morte. Caso uma chama se apagasse, os sacerdotes precisavam acender uma tocha em um templo vestal em uma cidade próxima e trazer este fogo sagrado até o altar.

Se você pensou em “tocha olímpica”, acertou… é a origem da tocha. Agora algo que você não sabia: A origem sagrada deste fogo remonta ao fogo que Prometeu roubou dos deuses e que lhe custou o castigo eterno.

As Vestais tinham de ser virgens, pois a energia e os chakras delas vibram e podem ser trabalhados de maneira diferente. Os ocultistas chamam isto de Chastitas, de onde vem a palavra castidade. Na rosacruz chamam estas meninas de columbas e elas são responsáveis por algumas das partes mais bonitas da ritualística.

A Chastitas não precisa envolver a falta de amor. Aliás ele desenvolve nas sacerdotisas/sacerdotes que escolhem este caminho a virtude do Ágape, ou amor pela humanidade. O iniciado Platão foi um dos que mais estudou este tipo de ritualística, de onde se originou o termo “amor platônico”.
Sócrates estudou este processo e desenvolveu o chamado Chastitas Pederastia, que é uma relação de amor casto entre um jovem e um adulto do mesmo sexo (normalmente um guerreiro mais velho e o aprendiz de soldado, especialmente nos exércitos gregos). Mas este “amor” a que ele estava se referindo não era o amor homoerótico (que incluía sexo), mas sim o amor fraternal de um Mestre de Guilda para com o Aprendiz. Para tentar traçar um paralelo, pode-se pensar na relação entre o Batman/Robin, o sr. Miagui/Daniel-san e jedi/padawan.

A Igreja deturpou a palavra “pederasta” como sinônimo pejorativo para homossexual. Disto seguem aquelas lendas absurdas que os soldados gregos eram gays. Também foi uma das acusações mentirosas que a Inquisição usou contra os Templários, já que esta tradição da pederastia se estendeu para o conceito de Cavaleiro/escudeiro ou Mestre/aprendiz.

A Castidade funciona através de uma alquimia diferente, transformando o que seria o desejo carnal e sexual em uma energia espiritual através do desenvolvimento dos chakras superiores e do controle dos chakras inferiores. Exemplos deste tipo de iluminação incluem os monges budistas, monges shaolins, os padres da Igreja, algumas santas e outros eremitas da literatura religiosa e ocultista.

(tá… essa dos coroinhas foi brincadeira… )

Bom… o texto está ficando enorme e eu ainda estou na metade… semana que vem a gente continua com os Celtas, Bruxarias, os “sacrifícios de virgens” inventados pela Igreja.

#Chakras #HierosGamos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/hieros-gamos-e-magia-sexual

Maçonaria, Templo de Salomão e Geometria Sagrada

Por Hamal

“Sob as aparências de Universo, de Tempo, de Espaço e de Mobilidade está sempre encoberta a Realidade Substancial – a Verdade Fundamental” – O Caibalion, Capítulo IV.

A influência do hermetismo e da alquimia dentro da Maçonaria são muito claras para quem conhece um pouco dessas filosofias.

A Maçonaria parte do princípio de que Deus arquitetou o Universo de maneira harmônica, e o homem como “Pedreiro” é capaz de reproduzir ou continuar sua obra com o devido conhecimento sobre essa “Harmonia Universal” e sobre suas ferramentas de construção, tal como fez Salomão e seus arquitetos na construção do Primeiro Templo em Jerusalém. Mas hoje a Maçonaria se apoia no campo do simbolismo, onde esse Templo está dentro de nós.

O conhecimento de como o Macro se manifesta no Microcosmo está ligado às antigas Artes Liberais descritas na antiga Grécia. Os detentores desses conhecimentos que se dedicavam a construção de Templos eram chamados de Mestre Construtores e tralhavam em seus templos a Geometria Sagrada da Terra.

MACRO E MICROCOSMO

“Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.” – 1 Reis 7:21.

Assim era no Templo de Salomão, assim são em muitas Catedrais Templárias e assim são nos Templos Maçons: na porta de entrada encontram-se duas colunas que marcam o inicio do Templo.

Mas por que duas? Na tradição da cabalista, da qual Rei Salomão se baseou para construção do Templo, é dito que Deus manifestou tudo em dualidade no nosso Universo para que houvesse sustentação e evolução. Jaquim significa “firme”, “estável”, “ereto” e “Ele estabelecerá”, Boaz significa “forte”, “força”, “fonte de força” ou “Nele está a força”.

A base para a existência é a dualidade. São os átomos com partículas de cargas positivas e negativas que formam a base da matéria, o frio e o calor que são idênticos mas estão em polos opostos, assim como o amor e o ódio, o vício e a virtude que são polos opostos da mesma energia. Tudo que existe é dual e precisa do seu oposto para poder existir e se completar. É o Yin Yang, ou Tai Chi, dos orientais. Se de um lado existe o macrocosmo, do outro temos o microcosmo pelo qual o Macro se manifesta, e vice versa, que são as duas colunas do Templo.

Esse é o Princípio da Polaridade que dá a estabilidade e força da criação, assim como nossas duas pernas nos sustentam.

Rei Salomão chamou arquitetos capazes de construir o Templo nas proporções do Macrocosmo, e dessa maneira reproduziu em menor escala a geometria do macrocosmo.

GEOMETRIA SAGRADA

A arquitetura e geometria na Babilônia e no Antigo Egito, onde a Geometria Sagrada foi iniciada, eram ensinamentos literalmente guardados a sete chaves reservado somente a classe sacerdotal. Ser um Mestre Construtor, Arquiteto, Escultor, Carpinteiro, era estar entre a classe mais elevada do seu reino. A exemplo citamos Imhotep de aproximadamente 2655 a.C do Antigo Egito tido como primeiro Geômetra Sagrado que se tem noticias, além de ter conhecimento em medicina e astronomia. Somente com um amplo conhecimento sobre todas as áreas do homem (micro) e do universo (macro) conseguiria-se reproduzir o macro no microcosmo.

Assim teve inicio as iniciações aos mistérios da arte da construção, onde o iniciado era conduzido através de rituais a entender o mundo que está sua volta e acima dele, como esses mundos funcionam e a como modificá-los.

As iniciações aos mistérios sempre começam com as chaves para que o indivíduo tenha no controle de si mesmo, das suas emoções e atitudes, pois o primeiro dever é ser mestre de si mesmo. A maneira pela qual o iniciado é conduzido a esse auto controle e auto conhecimento varia de tradição em tradição. Uma forte influência que prevaleceu foi a da alquimia que identificou os quatro elementos (terra, ar, água e fogo) como temperamentos do homem, e ao controlar esses elementos, o homem encontraria a Pedra Oculta, ou Filosofal, dentro de si.

O domínio sobre os elementos significa ter controle sobre suas emoções, pois cada um dos elementos representam um grau emocional da psique. Significa que o iniciado para dominar a arte da construção deve em primeiro lugar dominar as suas emoções para não ser escravos delas. Portanto o primeiro aprendizado nas iniciações aos mistérios é o aprendizado e prática do Livre Arbítrio, aquele que não é escravo dos seus estados emocionais altos e baixos.

Após a fase de aprendizado sobre si mesmo, mais chaves eram dadas ao iniciado que o auxiliariam a iniciar o entendimento sobre a construção: a Astronomia, a chave a chave para o Macrocosmo e a Geometria, a chave para o Microcosmo.

Com essa ciência o iniciado descobria que sobre um pilar se apoia a geometria terrestre e em outro a geometria celestial, ambas com os mesmos padrões e regras.

Um dos símbolos que representam o macro e microcosmo é o Hexagrama. No Hexagrama estão contidos a representação dos 4 elementos (terra, ar, água e fogo) que formam a matéria pela intercessão dos dois triângulos, e dos 7 astros errantes do espaço. Seus triângulos entrelaçados referem-se também ao o que está acima (macro) está ligado ao que está abaixo (micro).

O Templo de Salomão que abrigou a Arca da Aliança foi tido como um Templo Perfeito porque seus arquitetos aplicaram nele esse conhecimento geométrico e astronômico.

Muitas Ordens pela história já tiveram o objetivo de sua reconstrução física desse Templo, como os Essênios, Templários e a Maçonaria Operativa. Hoje o mundo precisa, de maneira bem mais urgente, da construção do Templo Perfeito simbólico, que está dentro de nós. Conhecer cada um dos nossos vícios para soterrá-los e erguer Templos a Virtude.

O símbolo da Maçonaria, como vimos no Esoterismo na Maçonaria, tem ainda um outro simbolismo oculto não mencionado, que é o do próprio hexagrama. O Esquadro faz o triângulo com vértice para baixo e o Compasso com o triângulo com o vértice para cima, e o G é o próprio Sol.

Fica de reflexão sobre essa coincidência entre o esquadro, compasso e G com o hexagrama e analisem o painel do inicio do texto com os conhecimentos aqui passados.

Eis o hermetismo na tradição maçônica tão pouco conhecido, mas ainda muito preservado.

Geometria Sagrada foi redescoberta pelos Templários e por isso tem grande importância para o DeMolay que deseja conhecer os mistérios da Ordem dos Cavaleiros Templários, não sendo restrito ao estudo Maçom.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ma%C3%A7onaria-templo-de-salom%C3%A3o-e-geometria-sagrada

Jesus, o ídolo dos Ateus

O termo atheos surgiu durante a Grécia Antiga, em aproximadamente 500 AC, onde o termo significava “sem Deus”, ou “aquele que cortou seus laços com os deuses” e designava um sacerdote que estava rompendo seus laços com seu antigo templo. O termo foi muito usado nos primeiros séculos após as pregações do Avatar Yeshua, em debates entre helenistas (os sacerdotes gregos), essênios e outras facções de cristãos primitivos (antes do Vaticano) onde cada um dos lados usava o termo para designar pejorativamente o outro. Este termo nunca era designado para um membro do povão e seria impensável alguém se auto-proclamar “ateu”. Era o equivalente a um xingamento.

E Jesus, para os helenistas, era o exemplo máximo dos ateus.

Uma das primeiras coisas que eu aprendi quando estudava Religiões e Mitologias comparadas é a de nunca julgar um movimento religioso ou filosófico com os olhos do presente. Para entender o que realmente estava se passando, é necessário nos colocarmos no tempo e no espaço onde cada movimento religioso ou filosófico ocorreu.

E o mesmo vejo acontecer com o dito “movimento ateu” aqui no Brasil. Sempre que leio em algum lugar um alegado ateu que diz “Eu não acredito em Deus” eu penso “Não acredita em Deus ou não acredita no Deus psicopata, vingativo e ao mesmo tempo amoroso e magnânimo (dupla personalidade?) que a Igreja Católica inventou e empurrou goela abaixo durante toda a sua vida?”.

Deus não é um velho sentado na montanha

Entendendo a Kabbalah, podemos perceber que o Jeová (YHVH) bíblico, em suas duas faces, nada mais é do que a representação dual das esferas Geburah (Força, representando a grande restrição e molde das formas) e Chesed (Misericórdia, representando o grande provedor universal) atuando sobre as esferas mais baixas da Árvore da Vida (que é um mapa dos estados de consciência do ser humano). Não há nada que já não estivesse DENTRO do ser humano o tempo todo. Yeshua sabia disso, e o Deus (Keter) que ele pregava é um deus simbólico das arestas que devemos aparar em nós mesmos para atingir o nível de consciência divino. Em outras palavras, Jesus ensinou aos homens como se tornarem deuses (Yeshua era chamado de “O Portador da Luz” em algumas ordens cristãs primitivas… este nome… “Portador da Luz”, lembra alguma coisa para vocês?)..

Outra coisa que precisamos deixar claro é que, hoje em dia, a maioria das pessoas acha que Deuses eram algo como os x-men: criaturas fantásticas cheias de poderes que lançavam raios e trovões, voavam, acertavam flechas a quilômetros de distância e podiam transformar chumbo em ouro. Na verdade, fora dos círculos do povão, os Iniciados sempre souberam que os deuses nada mais são do que grandes egrégoras voltadas para a personificação de forças naturais. São Iniciações nas quais você aprende no Plano físico (Malkuth) a lapidar sua forma de pensar (Hod), sentir (Netzach) e intuir (Yesod) de modo a dominar os seus 4 elementos interiores para permitir o contato com o ser Crístico (e tem cético que acha até hoje que os quatro elementos da alquimia são literais… terra, ar, água e fogo).

Alegorias

Muitos dos ensinamentos da kabbalah são passados adiante através de alegorias, cujas chaves, imagens e desenhos são necessárias para se entender (e principalmente SENTIR) a mensagem que se quer passar. Para os obtusos que não conseguem enxergar nada além do Plano Material, estas alegorias nada mais são do que “contos de fadas”.

Tomemos um exemplo clássico: Todo mundo sabe que os alquimistas são capazes de “transformar chumbo em ouro“. Mas transformamos o chumbo do ego no ouro da essência. Vocês acreditam que outro dia no orkut um dos líderes de comunidades céticas estava em uma discussão exigindo “provas laboratoriais” da transformação de chumbo em ouro? Tem como ser mais patético do que isso?

Vamos pegar um outro exemplo, um conto de fadas clássico: “A princesa está aprisionada em um castelo ou masmorra, protegida por um dragão. Um cavaleiro de armadura reluzente vai até ela, derrota o dragão e salva a princesa, casando-se com ela e, como Rei e Rainha, são felizes para sempre”.

Isto nada mais é do que uma alegoria dentro da Kabbalah para demonstrar o caminho de um iniciado até estar purificado para receber o ser Crístico e tornar-se um boddisathva (ou iluminado, ou christos, ou mestre ascencionado ou qualquer outro nome que queiram dar para isso).

Dentro da simbologia, a princesa representa Yesod, nossa intuição, aprisionado na Pedra Bruta (que é o castelo ou masmorra, representando o plano material de Malkuth).

Através do cavaleiro, que SEMPRE tem uma armadura brilhante e representa todas as sete virtudes, personifica o SOL crístico (Tiferet) da beleza que vai trabalhar esta reforma íntima.

O Dragão representa os 4 elementos (além de ser uma serpente de asas, ele cospe fogo, voa pelo ar, nada na água e caminha sobre a terra) que, por sua vez, representa o caminho de evolução da consciência através das esferas de Hod (razão), Netzach (emoção) e Malkuth (físico), chegando até Tiferet (espiritual). A luta entre o dragão e o cavaleiro representa a essência divina sendo despertada e dominando cada etapa dos 4 elementos (material, intelectual, emocional e espiritual) até que a fagulha divina (princesa) é libertada e se casa com o cavaleiro (no chamado Casamento Alquímico – ver poema de William Blake e música do Bruce Dickinson de mesmo nome) e tornam-se Rei (Hochma) e Rainha (Binah), ultrapassando o Véu de Paroketh e escalando a Árvore da Vida. Falaremos mais sobre isso quando começarem os posts sobre Kabbalah.

Podemos lembrar também da história Perseu e Andrômeda, ou mesmo da alegoria católica para “São Jorge derrotando o dragão” e muitas, muitas outras.

Então, a moral da história é: enquanto as pessoas ficarem procurando por deuses fora de si mesmos, sempre existirá algum pilantra disposto a vendê-los e a dizer o que vocês podem e o que não podem fazer. O Oráculo de Delfos dizia “Conhece a ti mesmo, e conhecerá os deuses e as maravilhas do Universo”. E é disso que se trata a alquimia, astrologia e a kabbalah. Tornar-se você mesmo um deus.

Mas tio Marcelo, e os deuses?

Use os outros Deuses para obter sabedoria. Não os Venere (do latim Venerationem, ou “curvar-se à”), mas os Admire (do latim Admirationem, ou seja “exalte seus sentimentos”). Todos os deuses de todas as mitologias possuem histórias por trás deles e todas estas histórias trazem grandes ensinamentos.

Por outro lado, os deuses formam grandes e poderosas Egrégoras , cheias de energia para serem usadas por aqueles que sabem como acessá-las. Você acha mesmo que pessoas muito mais inteligentes que você iriam venerar um “deus de cabeça de elefante”? A alegoria de Ganesha (meu deus favorito, aliás) é uma das mais lindas e completas lições de vida que já encontrei nas mitologias. Um dia farei um posto apenas sobre ele.

Mas voltando ao assunto: então surge a grande questão “Se todos os deuses estão dentro de seus pensamentos apenas, mas todo pensamento é projetado no astral, então os deuses estão ao mesmo tempo no Universo e dentro de você”, o que nos remete ao Oráculo de Delfos novamente. Parece uma serpente mordendo a própria cauda…

Entendendo os ateus e céticos

Muitas pessoas, lendo esta coluna, devem achar que eu odeio os ateus e céticos ou sou o nêmesis deles, mas nada está mais afastado da verdade. Eu compreendo perfeitamente a posição na Árvore da Vida em que eles estão (da mesma maneira como também compreendo os fanáticos religiosos ou os místicos hippies ou os ateus materialistas).

Tem gente que deve imaginar até que eu e o Kentaro Mori somos inimigos mortais, mas a verdade é que às vezes passamos madrugadas inteiras batendo papo no msn e eu o acho um cara muito inteligente e muito gente boa. Ele tem me ajudado a bolar alguns parâmetros científicos rigorosos para experimentos em alguns laboratórios rosacruzes e eu tenho passado pra ele imagens, fotos e idéias que não tive tempo de pesquisar para ele me ajudar a descobrir se são hoaxs ou não.

Como o ocultista William Blake disse, “Sem opostos não há progresso“.

Todo ocultista é, obrigatoriamente, um cético. Se não for, vai virar um esquisotérico comprador de revistas de horóscopo, amigo dos gnomos de Além da Lenda, abraçador de árvores, entoador de mantras hippies, leitor de revistas de pink wicca e outras modinhas toscas, o que não os tornaria nem um pouco diferentes de um fanático religioso ou de um cético tapado.

Dentro da kabbalah, todos estes casos são desvios do Caminho do Equilíbrio (a título de curiosidade, caminho 25, Arcano XIV, a Temperança): Os materialistas puros (Malkuth), os misticóides (Yesod), os fanáticos céticos (Hod) e os fanáticos religiosos (Netzach). Todos os excessos dos 4 elementos que precisam ser equilibrados na alquimia!

Para entender um ateu, precisamos nos colocar no lugar dele, e acompanhar o desenvolvimento do termo ao longo da história: A partir de Constantino, a religião “oficial” de Roma passou a ser aquele “cristianismo frankenstein” que ainda vamos estudar, mas qualquer pessoa que não estivesse de acordo com a doutrina romana seria considerado um pagão (vindo do latim pagani, ou “pessoa do campo”) ou ateu (“que não possui deuses”).

Esta classificação era meramente filosófica, pois ambos deveriam converter-se ou iriam para a fogueira e nenhum dos dois tipos realmente acabava se convertendo.

No caso dos Pagani, a Igreja bolou formas de absorver, converter seus deuses em diabos e transformar datas festivas em datas católicas (vide 25 de Dezembro). No caso dos ateus, não havia muito o que se fazer a respeito. Uma das curiosidades é que, ironicamente, a imensa maioria das pessoas consideradas atheos pela Igreja encontrava-se dentro das fraternidades rosacruzes (os filósofos iluminados).

Por que “Iluminados”?

Porque dentro destas escolas de pensamento, considera-se que quem está no começo de sua trilha espiritual está “nas trevas da ignorância” e, conforme vai galgando os degraus do autoconhecimento e se lapidando, adquirindo cada vez mais “luz da sabedoria”, até que passa a irradiar esta luz para outras pessoas, ou seja, tornar-se iluminado.

Note que esta “luz” só aparece com muito esforço. Ficar sentado de cabeça baixa esperando alguém te iluminar vai te transformar apenas em uma pedra que recebe luz, mas o brilho precisa vir de dentro para fora, através da lapidação dos defeitos capitais (os tais “7 pecados” que eu vou esmiuçar em colunas futuras). A pessoa precisa “buscar” esta luz através do ceticismo e do ocultismo e, nesta jornada, torna-se um buscador. Note novamente a semelhança com a história de Prometeu/Lúcifer.

Voltando aos Ateus

Posso imaginar um ateu brasileiro como uma pessoa com inteligência acima da média, que tem entre 16 e 40 anos e morou no Brasil por quase toda a sua vida. Esta pessoa foi alimentada com bizarrices durante toda a sua vida: falaram para ele na escola que um sujeito colocou dois animais de cada espécie em um barquinho durante 40 dias para escapar da chuva, falaram que Deus criou o mundo em 7 dias, que a Terra tem 6000 anos de idade, que uma torre desmoronando era a responsável pelas línguas da Terra e por ai vai… e que tudo isso era “a palavra de Deus”. Mais tarde, jogam na nossa cara um Jesus-Apolo com uma história toda picotada e incompreensível e dizem que “ele morreu pelos nossos pecados” ou “morreu para nos salvar”. E pior, que se não acreditarmos nele, este deus bondoso e magnânimo nos lançará nas profundezas do inferno para sermos torturados pela ETERNIDADE.

Qualquer pessoa que tenha um mínimo de inteligência e cultura vai começar a questionar tudo isso.

As pessoas mais velhas, por terem passado 30… 40 anos ouvindo estas histórias em um período sem troca de informações (não havia internet) e onde a dominação educacional, moral e dogmática era MUITO mais pesada do que a nossa certamente terão muito mais dificuldades em largarem este pensamento. Temos de ter paciência e compreender a posição deles: eles nunca tiveram acesso ao conhecimento “oculto”.

Os mais jovens passam pelo estágio da negação: tendo uma inteligência acima da média, escutam essas coisas e assistem ao show de horrores e injustiças que é a cultura do dízimo e pensam “que merda é essa? Isso não pode ser sério!” e passam a se considerar ateus.

É o que eu considero um “ateu estágio 1”. A criação do não-Deus como resposta aos absurdos das Igrejas caça-níqueis. A imensa maioria do pessoal que eu conheço que se denomina “ateu” começa nesta posição.

A partir deste estágio, a pessoa pode se dividir em três categorias: as que adquirem uma revolta interior tão grande com isso que assumem uma forma mais agressiva de contestar esta religião, abraçando qualquer outra coisa que lhe apresentem apenas como resposta direta aos ataques dos crentes… O problema com isso é que estas pessoas geralmente são manipuladas por iniciados em NOX e Goetia para servirem de gado energético com seus “rituais satânicos” disponíveis na internet (um dia eu falo mais sobre satanismo sério) ou montam a sua “religião do não-deus católico” e saem por ai pregando. Esse pessoal, que costumamos chamar de “satanistas de orkut“, leram meia dúzia de livros do Aleister Crowley, não têm a menor idéia de como a ritualística funciona e geralmente são vampirizados e usados como baterias energéticas para iniciados de verdade das Fraternidades Negras.

A segunda categoria é a dos preguiçosos mentais, que decidem parar seu ceticismo por ai. Decidem que “todas as religiões são iguais, não preciso estudar nenhuma, ninguém presta, são todos picaretas e são todas iguais” e normalmente pensam o mesmo das ciências ocultas, fazendo uma mistureba com os charlatões, videntes e afins (e eu também nem vou culpá-los por isso, porque a coisa é realmente suína no ramo misticóide). Eles normalmente consideram efeitos espirituais como fraudes (e também não podemos julgá-los, já que a maioria das coisas que aparecem na TV é mesmo uma palhaçada), mas nunca se deram ao trabalho de buscar pessoalmente qualquer tipo de comprovação, seja para sim, seja para não. Desta categoria surgem os fanáticos-céticos.

Falar “Deus não existe” é, na melhor das hipóteses, uma demonstração de ignorância, arrogância e prepotência, que assumiria que o indivíduo estudou tudo o que há para ser estudado no planeta e, do alto do conhecimento total, poderia tecer algum comentário semelhante. Por outro lado, falar “Deus existe” quando esse “Deus” é aquela aberração fabricada pela Igreja Católica também é um contrasenso… Oh, a ironia.

E percebemos que o comportamento destes céticos é EXATAMENTE IGUAL ao dos fanáticos religiosos. Ambos são “donos totais da verdade suprema e absoluta incontestável”. Discutir com eles é tão ou mais perda de tempo do que discutir com um pastor evangélico.

A terceira categoria é a que eu respeito. Estes buscadores céticos estudam as outras religiões e filosofias (e por estudar não quero dizer “fuçaram na wikipedia”) e entendem os princípios de suas filosofias e doutrinas, chegando até mesmo a absorver e comparar seus ensinamentos sem se deter nos dogmas impostos (Não mentir, não roubar, não matar, ter ética…). Eles podem chegar à conclusão que “nenhuma das religiões que conheci até agora me serve” (esta resposta eu respeito) mas isso não os impede de continuar estudando e respeitando quem ainda não chegou neste estágio.

Eventualmente ele pode encontrar uma filosofia que lhe sirva, OU continuará uma eterna busca. O mesmo vale para os tais “fenômenos sobrenaturais” (e também pode ser estendido para as informações que eu coloco nesta coluna).

Eu, pessoalmente, acredito que não existe nada “sobrenatural”; existem apenas coisas “naturais” que a ciência ortodoxa não teve capacidade para explicar ainda. Incluindo os espíritos e a magia.

Alguns buscadores acabam chegando a um deus-pessoal, ou seja, o chamado EU SOU. Se basta ter um adorador para qualificar um Deus, se você adorar (do latim Adore, ou “conversar, conhecer”) a si mesmo, isto não configuraria o suficiente para classificá-lo como um Deus? Neste estágio, eles deixam de se tornar um “sem-deus” e se tornam a própria divindade, sem necessidade de procurar nada externo (olha o Oráculo de Delfos novamente, crianças).

O Deus-Ciência

Posso afirmar que o universo que conhecemos foi criado no Big Bang (sopro divino), que formou as galáxias, estrelas e planetas, todos compostos dos mesmos átomos originais, apenas combinados de maneira diferente. Os seres humanos são um amontoado de átomos provenientes desta poeira cósmica, que um dia morrerão e serão recombinados em outros átomos para formar outros seres humanos; assim “reencarnando”. Um dia, quando o universo parar de se expandir e passar a se comprimir, ele acabará no Big Crush e todos os átomos retornarão à origem (embora esta teoria ainda esteja sendo intensamente debatida entre os físicos).

Chame o Big Bang de “Deus” e temos: “O ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus, e um dia retornará ao criador. O homem é Deus”. E a Kabbalah se prova certa mais uma vez, mesmo no maior dos materialismos.

Non nobis, Domine, Domine, non nobis, Domine

Sed nomini, sed nomini, tuo da gloriam.

Marcelo Del Debbio

#Ceticismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/jesus-o-%C3%ADdolo-dos-ateus

Bruxaria, Paganismo e Magia Sexual – parte II

Semana passada falamos sobre as origens da magia sexual, os Ritos na Suméria, o Hieros Gamos egípcio, as três principais divisões dos estudos iniciáticos e de como a Santa Igreja adora pegar expressões sagradas das outras religiões e transformar em palavras sujas.

Hoje vamos continuar nosso passeio através da história da magia sexual, de Roma até os dias de hoje.

Vou seguir com a narrativa por três pontos de vista diferentes: o masculino, do Templo Solar, que regeu basicamente os exércitos e guerreiros, o feminino, do Templo Lunar, que coordenava as sacerdotisas, e as Fraternidades Mistas, que formavam a maioria dos grupos envolvidos nas festividades pagãs do Hieros Gamos.

Prostitutas Sagradas

Muitas famílias nobres enviavam suas filhas para servirem como Harlots (o termo em inglês hoje em dia é utilizado com o sentido de prostituta, sem tradução para o português) por anos. A Harlot entrava em um templo como uma Virgem Vestal e sacrificava sua virgindade ritualisticamente para o sacerdote que a iniciaria nos mistérios do Hieros Gamos. Esta primeira relação era muito importante pois o sacrifício de sangue para Ishtar marcava a iniciação destas sacerdotisas e era algo considerado muito sério e muito importante (até os dias de hoje, dentro de algumas Ordens Invisíveis). O linho na qual ficavam as manchas de sangue era queimado e dedicado às deusas, consagrado em uma grande festa de acolhida.

Mais tarde, de uma maneira completamente deturpada pelos profanos, isto acabaria dando origem a dois costumes medievais: a “Prima Noche”, na qual o Senhor Feudal requisitava o direito de transar com qualquer mulher que fosse se casar e a exibição do lençol sujo de sangue como “prova” da virgindade da “mercadoria” com a qual o nobre havia se casado.

Outra curiosidade era que, se a garota não havia “dedicado” sua virgindade à deusa Ishtar, e transado sem as devidas ritualísticas (ou seja, fora do templo de Innana/Ishtar), dizia-se que havia “perdido” sua virgindade e não podia se tornar uma prostituta sagrada. Seu dote, obviamente, era muito menor do que o das Harlots.

As Harlots eram tão procuradas que, após este período de dedicação ao templo, havia muitos pretendentes que se apresentavam para pagar o dote destas garotas a fim de poder se casar com elas.

Curiosamente, apesar de todo o culto de sexo sagrado, Ishtar é reverenciada com o nome de “a virgem”, implicando com isso que seus poderes e sua criatividade não dependiam de nenhuma influência masculina. As mulheres detinham o poder e o controle. Para os gregos, era conhecida como Afrodite ou Vênus (para os romanos).

A partir do Código de Hamurabi, em aproximadamente 1750 AC, tudo isso mudou. A mulher passou a necessitar da permissão de seu marido ou pai para tudo, o poder das sacerdotisas foi massacrado e Innana e Ishtar perderam muito do prestígio que possuíam, tornando-se divindades menores e, posteriormente, demônios da luxúria. Muitos dos templos, para não serem fechados por ordem dos governantes, precisaram forjar casamentos falsos para que pudessem continuar funcionando, mas as mulheres passaram a ter de obedecer a estes maridos, o que acabou dando origem aos primeiros “cafetões”. Em menos de 100 anos, os Templos de Prazer acabaram se tornando algo muito mais parecido com o que temos hoje, com o afastamento da ritualística e apenas a troca de moedas por sexo (geralmente para as mãos do homem que controlava estes grupos). A adoção de escravas para suprir as necessidades dos homens e a degradação do valor das mulheres acabou jogando estes locais para a margem da sociedade, onde estão até os dias de hoje, infelizmente.

Enquanto isso, no mundo dos machos…

Conforme estávamos discutindo, o Culto Solar era composto apenas por homens e girava em torno do uso da magia para expandir as habilidades de batalha, capacidade de raciocínio matemático, engenharia, construções utilizando a geometria sagrada, táticas de combate e filosofia.

Na medida do possível, eles tentavam proteger as sacerdotisas, mas o próprio fato de não haverem mulheres nos exércitos e as Ordens serem quase totalitariamente militares tornava tudo muito complicado. As Ordens lunares tornaram-se secretas, abrigadas entre os celtas e romanos e bem longe das garras judaico-cristãs. Já as solares haviam adquirido um poder sem precedentes.

Linhas de Ley para marcar os principais locais de rituais e conectar outros monumentos nestas linhas invisíveis. Estes monumentos servem para ajudar a ajustar a Terra para permitir melhores colheitas, paz, harmonia e prosperidade nas regiões ao seu redor. Um Obelisco representa acima de tudo um Raio de Sol Petrificado (isso é bem óbvio, mas é uma coisa que as pessoas nunca param para pensar… ) que cai sobre a terra em um ponto específico.

Uma segunda característica era muito importante dentro dos cultos solares, que era a iniciação de seus principais guerreiros e líderes. Como eu havia dito na outra coluna, esta iniciação dos comandantes era feita enviando-o para algum lugar bastante inóspito armado apenas com uma adaga e esperava-se que ele não apenas sobrevivesse como trouxesse uma prova de suas capacidades de caçador.

Esta prova era a pele do animal (um lobo, urso ou veado). Nos celtas, bretões e druidas, o mais tradicional eram os gamos ou alces, que o iniciado precisava também remover os chifres e traze-los presos em sua cabeça. A capa vermelha do rei simboliza a pele coberta de sangue do animal. As capas dos soldados romanos, dos exércitos de Esparta e dos guerreiros celtas (além das bandeiras nazistas) simbolizavam este poder. Nos nórdicos, eles vestiam as peles de ursos (Bersekir, da onde se originou o termo Berserker para designar os guerreiros imbatíveis do norte que lutavam sob o efeito de poderosos rituais xamânicos).

Os chifres na cabeça representam o deus das florestas encarnando naquele sacerdote/guerreiro, o que seria de vital importância no Hieros Gamos, pois mostraria que aquele iniciado estava apto a incorporar o avatar de Cernunnos/Baco/Dionísio/Dummuz nos rituais.

Tropa de Elite, osso duro de roer…

Estas ordens solares (e conseqüentemente a maioria dos exércitos da Antigüidade) estavam organizadas da seguinte forma: Cada Centurião (também chamado Hekatontharchos em grego) comandava uma Centúria, que era formada por 100 soldados, organizados em 10 conturbernium, e comandada por um Decurion. Estas contubernia eram formadas por 8 combatentes (chamados de octeto) e mais 2 não combatentes (que cuidavam dos cavalos, comidas, armas e armaduras do octeto). Estes grupos eram tão unidos que acabavam sendo punidos ou recompensados como um todo. Caso algum dos membros de um contubernium cometesse algum ato de covardia ou traição, o grupo todo era escolhido para pagar. Neste caso, os dez soldados pegavam palitos de trigo e aquele que tirasse o menor palito era apedrejado pelos nove colegas. Desta prática, chamada Decimatio, surgiu o conceito do “puxar o palito menor” como sinônimo de má sorte, além da origem da palavra “dizimar” como matança.

Cada seis centúrias formavam uma Cohorte e o conjunto destas cohortes formava a Legião. O Grão Mestre destas ordens era chamado de Monos Archen (que significa em grego “Um comandante”). Monosarchen é a origem da palavra Monarca (Monarch em inglês).

Ok… mas o que esta história sobre exércitos romanos têm a ver com a Teoria da Conspiração? MUITO… Mas por enquanto, não vou contar o por quê. No momento, basta que vocês saibam que uma Cohorte nos tempos de Jesus era formada por 600 homens pesadamente armados.

Celtas, Druidas e a Bruxaria

Fora dos cultos altamente secretos das Bacantes ou dos soldados do Templo Solar, o culto à natureza continuava a todo vapor entre os celtas, druidas e bretões.

Os druidas traçam suas raízes em 300 AC. Os primeiros registros deles foram feitos pelo escriba grego Sotion de Alexandria no século II AC. Os pitagóricos os chamavam de Keltois (Aquele que domina o carvalho). Em latim eram chamados de druides (que tem a mesma origem da palavra Dríade, que significam as “ninfas da floresta” na mitologia grega, que nada mais eram que as sacerdotisas celtas que realizavam seus ritos nas florestas).

Do Egito, os ritos migraram tanto para a Grécia quanto para as Ilhas. Da mesma maneira que os sábios gregos construíam panteões, templos e obeliscos utilizando-se da geometria sagrada, os bretões e celtas erguiam círculos de pedra com a mesma função. Enquanto os gregos realizavam as Bacchanalias, os celtas e bretões realizavam os festivais de Solstícios e Equinócios, bem como as Festas de Beltane e Samhain, onde eram celebrados os Hieros Gamos.

Nos ritos sagrados, o aspecto masculino da divindade era representado primariamente por dois deuses: Cernunnos e o “Green Man” (Homem Verde). Cernunnos é o Deus Chifrudo das florestas, representando todas as forças viris da natureza. Seus chifres podiam ser tanto de carneiro (com toda a simbologia fálica que eu comentei semana passada) quanto de gamos (representando a iniciação dos sacerdotes dentro da tradição solar). De qualquer forma, era a personificação do poder masculino do universo. O Grande Deus. Era sempre representado vestindo peles de animais e muitas vezes com o casco de bode. Cernunnos possui as mesmas atribuições do deus Pan (grego) e do deus Pashupati (hindu). A título de curiosidade, o nome Pan vem do grego Paon, que significa “Pastor”… ah, a ironia…

Agora… deus chifrudo? com pés de bode? Aparecendo nos Sabbaths?… onde a gente já ouviu falar disso? Ah, claro! A Igreja Católica espalhou pelo mundo afora que esta era a imagem do diabo !!! do tinhoso !!! do inominável !!! do coisa-ruim !!! que todos deviam temer e fugir. Estes ataques virulentos continuam até os dias de hoje, não apenas pela Santa Igreja mas também por todas as suas descendentes evangélicas. Eles diziam (dizem) até que as bruxas transavam com bodes, com o demônio e com os outros sacerdotes durante os rituais “satânicos”.

Da parte da Deusa, as sacerdotisas representavam o poder feminino. Eu vou falar mais sobre os ritos quando falar especificamente sobre Bruxaria e as origens da Wicca. Por ora, basta dizermos que mulheres peladas dançando ao luar associadas a livres pensadores não agradavam em nada ao controle da Igreja e, desta forma, a nudez e o sexo foram automaticamente associados ao PECADO (até os dias de hoje).

Devemos grande parte disto a um babaca chamado Santo Agostinho, que por volta de 400 DC reescreveu a gênesis associando a expulsão de Adão e Eva do Paraíso ao sexo e ao tal do “pecado original”.

A partir de então, bruxaria foi associada ao satanismo e qualquer desculpa era uma desculpa para mandar estas pessoas para a fogueira, e assim tem sido até os dias de hoje.

O Carnaval

Com a perseguição religiosa, os Hieros Gamos passaram a ser celebrados disfarçados de bailes de máscaras, também conhecidos como Carnavais. A origem do Carnaval remonta das Saturnálias, que eram festas romanas em honra ao deus Saturno, organizadas entre 23 de Dezembro e 6 de Janeiro, regadas a muito sexo, danças, sacrifícios aos deuses e troca de presentes entre as pessoas (Saturnalia et sigillaricia, que deu origem às trocas de presentes no natal). Para não coincidir com as festividades de Solis Invictus, os romanos acabaram jogando esta data mais e mais para a frente no calendário até chegar a janeiro/fevereiro.

Magia sexual homossexual

Para finalizar, infelizmente, sinto dizer que não existem rituais sexuais homossexuais, por uma razão que, se vocês acompanharam estes textos desde o capítulo dos chakras, deve estar evidente. Todo o fluxo de energias sexuais, do tantra ao Hieros Gamos, opera na diferença energética entre os chakras masculinos e femininos, como uma bateria eletromagnética onde os chakras de cada participante fazem as vezes de pólos positivos e negativos. No caso de APENAS pessoas do mesmo sexo (isso não vale, por exemplo, se estiverem duas mulheres e um homem ou dois homens e uma mulher em um ritual tântrico) esta conexão não funciona. É como tentar fazer uma bateria com dois pólos positivos ou negativos.

As mulheres possuem uma vantagem sobre os homens neste aspecto. Durante a magia, a utilização de fluídos corporais potencializa os resultados do ritual. Em ordem de poder temos: a saliva, sêmen, líquidos vaginais, sangue e, finalmente, o mais poderoso de todos: o sangue menstrual (chamado Menstruum).

Por isso, determinados ritos femininos (as Bacantes, por exemplo) eram realizados em certas luas (e as leitoras sabem que quando muitas mulheres convivem juntas, os ciclos menstruais tendem a se alinhar). Desta maneira, as sacerdotisas estariam em seus períodos menstruais em determinados rituais e este “extra” compensa a presença de um homem.

Talvez apenas o Dumbleodore saiba a resposta…

#Bruxaria #Chakras #HierosGamos

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/bruxaria-paganismo-e-magia-sexual-parte-ii

A Arca da Aliança, doktor Jones?

Também farão uma arca de madeira ,de acácia;

o seu comprimento será de dois côvados e meio,

e a sua largura de um côvado e meio,

e de um côvado e meio a sua altura.

– Êxodo 25:10

Olá crianças,

A palavra “Arca” vem do hebraico Aron, que significa “caixa” ou “urna”. De acordo com a bíblia, suas dimensões são de 2,5 x1,5 x 1,5 cúbitos (1,12m x 67,5cm x 67,5cm), curiosamente, a mesma medida do “sarcófago” da “tumba do Faraó” que as pessoas conhecem como Pirâmides do Cairo. Este sarcófago foi o único objeto encontrado dentro da pirâmide, pois a arca era o único objeto que ficava dentro daquela estrutura geométrica sagrada.

Uma das coisas que ainda não havia mencionado ainda quando falei sobre as pirâmides (e engraçado que ninguém teve a curiosidade de perguntar) é que a chamada “Câmara dos Reis” possui 10,40m de comprimento por 5,20m de largura (arredondando), na proporção exata de 2×1. Estas são as mesmas proporções do Mar de Bronze do Templo de Salomão, de todos os templos gregos e a base de todas as catedrais construídas pelos templários, além de serem das mesmas proporções de algumas coisas bastante importantes tanto em templos maçônicos quanto em templos rosacruzes.

Porém, curiosamente, a altura da câmara dos reis é de 5,81m (arredondando também) ao invés de ser 5,20 (que seria esperado para perfazer “dois quadrados”). Por quê esta altura extra? O que estes números têm de especial? A resposta estará nas próximas colunas, quando chegarmos a 532 AC… eu adianto que tem a ver com a geometria sagrada. Mas fica o desafio aos físicos e matemáticos que sempre nos prestigiam por aqui.

A Arca do Comprometimento

Existem diversas teorias sobre o que seria exatamente a Arca da Aliança. Certamente não era uma caixinha de ouro onde se guardavam pedaços de pedras com 10 mandamentos escritos pois, como demonstramos, ela já estava acoplada no interior da Pirâmide desde antes do Dilúvio e era parte integrante de um sistema que movimentava massivas quantidades de energia. Existem diversas teorias mas a mais provável é que a chamada “arca da aliança” fosse o receptáculo para um equipamento Atlante capaz de absorver e gerar grandes quantidades de energia Mana, que era usada em conjunto com a geometria sagrada da Grande Pirâmide.

Eu vou propositadamente pular toda a parte do Moisés, porque preciso falar sobre Kabbalah antes de explicar o que são os Dez Mandamentos de verdade. Aquelas regrinhas tipo “Não Matarás”, “não roubarás”, etc… constavam TODAS do código das leis Egípcias, então Moisés as trouxe do Egito… elas não foram recebidas de Deus. Os dez Mandamentos dizem respeito às dez sephiroth da Arvore da Vida. Mas como explicar Árvore da Vida vai demorar umas 3 matérias, e eu não quero deixar nada pela metade na virada do ano, assumam que isso é tudo simbólico: o que havia dentro da Arca era o Mana (acumulador e gerador de energia) e as tábuas e a vara são metáforas para os códigos de disciplina e preparação iniciáticas que permitiriam a um iniciado ativar o poder do que estava realmente dentro daquela estrutura.

Instruções para construir sua própria Arca da Aliança

25:10 Também farão uma arca de madeira ,de acácia; o seu comprimento será de dois côvados e meio, e a sua largura de um côvado e meio, e de um côvado e meio a sua altura. (11) E cobri-la-ás de ouro puro, por dentro e por fora a cobrirás; e farás sobre ela uma moldura de ouro ao redor; (12) e fundirás para ela quatro argolas de ouro, que porás nos quatro cantos dela; duas argolas de um lado e duas do outro. (13) Também farás varais de madeira de acácia, que cobrirás de ouro. (14) Meterás os varais nas argolas, aos lados da arca, para se levar por eles a arca. (15) Os varais permanecerão nas argolas da arca; não serão tirados dela. (16) E porás na arca o testemunho, que eu te darei. (17) Igualmente farás um propiciatório, de ouro puro; o seu comprimento será de dois covados e meio, e a sua largura de um côvado e meio. (18) Farás também dois querubins de ouro; de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório. (19) Farás um querubim numa extremidade e o outro querubim na outra extremidade; de uma só peça com o propiciatório fareis os querubins nas duas extremidades dele. (20) Os querubins estenderão as suas asas por cima do propiciatório, cobrindo-o com as asas, tendo as faces voltadas um para o outro; as faces dos querubins estarão voltadas para o propiciatório.

– Êxodo.

A arca ficava originalmente guardada em Shiloh (Josué 18:1, Samuel 3:3) mas era levada frequentemente à frente de batalha. Chegou a destruir as muralhas da cidade de Jericó e era comumente carregada à frente dos exércitos para limpar o terreno da presença de todos os animais peçonhentos. Os sacerdotes que carregavam a Arca (chamados Arcanitas) eram os únicos que podiam tocar na arca, e eles eram iniciados e usavam vestes protetoras para tocar na arca. Qualquer outra pessoa que a tocasse, era fulminada por algum tipo de “energia divina” (ou a carga de eletricidade gerada pelo Mana).

Uma vez, ela foi capturada pelos Filisteus (1 Samuel 4). Após sua captura, a Arca foi movida para Asdod, onde fez com que todos os soldados da cidade fossem infectados com horrendas chagas e tumores. Em seguida, foi levada para Gath, onde causou os mesmos efeitos, e posteriormente Ekron. Após dizimar estas duas cidades, a arca retornou para os judeus após sete meses capturada.

A partir de então, foi guardada em Beth-Shemesh e, mais tarde, na Casa de Abinadad. Após três meses, foi enviada para a Casa de Obed-Edom e finalmente transferida para Jerusalém.

O Tabernáculo

Antes da Arca ficar permanentemente guardada no Templo, ela era carregada pelos sacerdotes através dos desertos, e de tempos em tempos os israelitas construíam um templo chamado Tabernaculo (a palavra Taverna, onde os maçons se encontravam para suas reuniões na Idade Média, vem desta raiz). O tabernáculo dos hebreus (durante o Êxodo) era uma tenda portátil, organizada com cortinas coloridas, montada de forma retangular e seguindo as mesmas proporções da Câmara dos Reis. Esta estrutura era erguida todas as vezes que o exército fosse acampar, orientada sempre a partir do Leste.

Ao centro desta tenda ficava um santuário retangular envolvido em pele de bode, com o teto formado com pele de carneiro. Dentro desta estrutura, eram estabelecidas duas áreas: O local sagrado e o local mais sagrado de todos, separados por um véu. Dentro desta tenda interna ficavam um candelabro de sete braços ao sul, um altar com doze fatias de pão ao norte, um altar para queima de incenso ao oeste. Qualquer semelhança com os rituais e círculos celtas que eu vou comentar mais para a frente NÃO são meras coincidências…

A disposição das estacas também seguia uma estrutura rígida. Elas precisavam estar espaçadas de modo que totalizassem 60 estacas (20 ao norte, 20 ao sul, 10 ao oeste e 10 ao leste), de acordo com Êxodos 35:18. Dentro da estrutura externa, tudo precisava ser montado seguindo rigidamente a colocação, de acordo com as diagonais traçadas a partir de alguns postes específicos, de modo que a Arca ficasse coincidentemente sobre a mesma posição que ficava (proporcionalmente falando) na Câmara dos Reis na Grande Pirâmide.

Agora, vamos ver o que acontece se eu pintar umas posições chaves de vermelho… opa… lembra bastante um certo diagrama que vocês já viram antes, certo? Agora repitam comigo… “A Barca Solar… ops, Arca da Aliança, vai na mesma posição dentro do tabernáculo que uma certa cidade muito importante ocupa dentro dos pontos de energia do Velho Mundo – deve ser apenas coincidência“. Para os irmãos que acompanham a coluna, se vocês imaginarem o templo como sendo uma réplica simbólica do tabernáculo, a posição da Arca é a mesma do L:.L:. – certamente uma coincidência também.

O sacerdote iniciado cujos (cujos chakras também possuem ressonância com esta estranha estrutura de bolinhas e tracinhos chamada “Árvore da Vida” ) desenvolvia certos ritos que eram amplificados pela estrutura simbólica ao seu redor… mas… imagine que legal seria se levassem esta arca e fizessem um templo especial em um local especial nesta cidade especial que eu mencionei acima… não seria supimpa?

O Primeiro Templo

Antes de falar sobre o Primeiro Templo, umas poucas palavras sobre o rei David. Normalmente o pessoal faz confusão porque o Rei David é sempre retratado jovem e Salomão é retratado velho. Para separar: David foi o que matou Golias com o golpe de funda, ele é o PAI de Salomão. Salomão é o rei sábio que merece um post só para ele. O símbolo de Davi (Conhecido como Magen David ou Selo de Salomão entre os Ocultistas) é o Hexagrama. Guardem bem isso: Hexagrama tem tudo a ver com Árvore da Vida e tudo a ver com o Ankh Egípcio. De acordo com as Otoridades, o Ankh é apenas o desenho da fivela do cinto da deusa Ísis (é rir para não chorar… ).

No início de seu reinado, Davi ordenou que a Arca fosse trazida para Jerusalém, onde ficaria guardada em uma tenda permanente no distrito chamado Cidade de Davi. Então Davi começou a planejar e esquematizar a construção de um grande Templo. Entretanto, esta obra passou às mãos de seu filho Salomão.

No Templo, foi construído um recinto (chamado na Bíblia de oráculo) de cedro, coberto de ouro e entalhes, dois enormes querubins de maneira à semelhança dos que havia na Arca, com um altar no centro onde ela repousaria. O recinto passou a ser vedado aos cidadãos comuns, e somente os levitas e o próprio rei poderiam se colocar em presença da Arca.

Em Jerusalém, aproximadamente no ano 1000 AC, o Rei Salomão construiu o Templo para abrigar a Arca, seguindo exatamente as mesmas proporções da Câmara dos Reis da Grande Pirâmide.

A Arca ficou depositada em um lugar chamado “O mais sagrado dos locais sagrados” e depois disso nunca mais é mencionada na bíblia aparecendo em festas ou batalhas.

O Primeiro Templo foi destruído em 586 AC, pelos babilônicos, liderados por Nabucodonosor, e muitos dos estudiosos profanos acreditam que a arca tenha sido destruída neste ataque, mas as Ordens Secretas dizem que a Arca da Aliança foi removida para um local seguro, tanto que não consta de nenhuma das listas de itens e tesouros que os babilônios saquearam… e, convenhamos, a Arca da Aliança estaria no topo da lista se eles tivessem colocado as mãos nela.

E onde esta arca estava escondida este tempo todo? Quem a removeu pouco antes dos ataques e a escondeu? Quem a encontrou e quando? A resposta para isso estará em 1108 DC, quando nove cavaleiros vindos da Europa acamparam nos estábulos do Templo durante nove anos e escavaram no local exato onde ela estaria enterrada… mas isto já é outra história, que será contada mais para a frente.

Semana que vem: Enquanto isso, na Grécia…

#Kabbalah #Pirâmides

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-arca-da-alian%C3%A7a-doktor-jones

O Mito da Caverna

Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco – Estou vendo.

Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco – Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.

Sócrates – Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?

Glauco – Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?

Sócrates – E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?

Glauco – Sem dúvida.

Sócrates – Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?

Glauco – É bem possível.

Sócrates – E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco – Sim, por Zeus!

Sócrates – Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?

Glauco – Assim terá de ser.

Sócrates – Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco – Muito mais verdadeiras.

Sócrates – E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco – Com toda a certeza.

Sócrates – E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco – Não o conseguirá, pelo menos de início.

Sócrates – Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.

Glauco – Sem dúvida.

Sócrates – Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.

Glauco – Necessariamente.

Sócrates – Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.

Glauco – É evidente que chegará a essa conclusão.

Sócrates – Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?

Glauco – Sim, com certeza, Sócrates.

Sócrates – E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?

Glauco – Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.

Sócrates – Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?

Glauco – Por certo que sim.

Sócrates – E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?

Glauco – Sem nenhuma dúvida.

Sócrates – Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.

Glauco – Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.

(Platão, A República, v. II p. 105 a 109)

#hermetismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-mito-da-caverna

Boardgames e a Kabbalah

kabbalah-jogos-boardgame

A Árvore da Vida é o diagrama estrutural de todos os Arquétipos conhecidos e pode ser aplicada em praticamente qualquer método filosófico, o que inclui toda a estrutura de Jogos, Boardgames, videogames e puzzles. Um irmão que também é fascinado pelo universo dos Boardgames me desafiou a escrever um artigo relacionando a Árvore da Vida da Kabbalah Hermética ao universo dos Boardgames e aqui está o resultado. Assim como TUDO dentro de um Universo de Estudos, os Boardgames estão diretamente ligados à estrutura da Árvore da Vida e suas principais características refletem as propriedades das Esferas da Kabbalah.

Como eu imagino que este post irá circular entre um monte de gente que não faz idéia do que seja a Kabbalah Hermética, mas é apaixonado por Boardgames, farei explicações mais detalhadas sobre cada uma das 10 Esferas da Árvore da Vida e darei exemplos em cada etapa da descrição. Agora no final do ano estaremos lançando um Boardgame baseado na Jornada do herói, Kabbalah e Alquimia e acredito que já servirá como porta de entrada para se conhecer estes mistérios.

Quando falamos de “Jogos”, utilizamos a teoria dos jogos como principal base de estudos. A Teoria dos Jogos tornou-se um ramo proeminente da matemática nos anos 30 do século XX, especialmente depois da publicação em 1944 de The Theory of Games and Economic Behavior de John von Neumann e Oskar Morgenstern. A teoria dos jogos distingue-se na economia na medida em que procura encontrar estratégias racionais em situações em que o resultado depende não só da estratégia própria de um agente e das condições de mercado, mas também das estratégias escolhidas por outros agentes que possivelmente têm estratégias diferentes ou objetivos comuns. E dentro destas possibilidades encontramos diversas estruturas:

KETHER

Na Kabbalah, Kether representa os Grandes Mistérios, O Universo, o Todo, o Deus Primordial e tudo aquilo que está inefável e impossível de descrever. Dentro dos jogos, estamos falando de Mágica (não Magia, mas prestidigitação, ilusionismo e coisas como tirar um coelho da cartola ou fazer um elefante desaparecer). Os grandes shows de David Copperfield e de Pen & Teller, bem como os eventos pirotécnicos de Las vegas se enquadram nesta categoria. Para os participantes do jogo (a platéia), tudo o que ocorre em um show de mágica é fantasia e nos remete ao impossível.

Kether é o Topo da Árvore e a origem de todos os Jogos, que é nos divertir, assombrar, passar o tempo e estimular a conexão entre as pessoas. A partir de Kether, podemos dividir a Árvore em dois pilares: o Pilar da Esquerda (Rigor) e o Pilar da Direita (Misericórdia). No Pilar do Rigor está tudo o que mantém a FORMA do Universo, enquanto no Pilar da Misericórdia está tudo o que dá MOVIMENTO ao Universo. A Emanação primordial de Kether divide-se em duas principais Esferas, Hochma (Os Grandes Mistérios) e Binah (O Código de Programação).

HOCHMA e BINAH

A Esfera do Topo do Pilar da Expansão lida com todos os Grandes Mistérios da Humanidade, ou a forma como a Mágica se apresenta. Binah envolve o código matemático com o qual esta esfera irá se manifestar. Da interação entre estas duas Esferas surgem os Boardgames. Podemos entender Hochma como os grandes “temas”: medieval, Grécia Antiga, futurista, Star Wars, Star Trek, masmorras, um laboratório, o Caribe, etc… enfim, a ambientação onde o jogo estará construído; Binah representa os códigos matemáticos e a probabilidade que farão aquele cenário funcionar. Em um videogame, por exemplo, envolvem os códigos de programação para PS4, X-Box, Android, Flash e toda aquela matemática de probabilidade que fará com que o jogo funcione; enquanto Hochma definirá o cenário como Terra Mystica, Zumbicide, Westeros, Star Wars, Catan, Grécia Antiga e infinitos outros.

Binah e Hochma trabalham sempre entrelaçados, tendo DAATH (O Abismo) entre eles. Quando criamos algum jogo, um Game-Design precisa sempre integrar Binah e Hochma de maneira harmoniosa para que o jogo possa passar para a próxima etapa da manifestação. Podemos pegar as regras de Catan e aplicá-las no mundo de Westeros, ou as regras de WAR e usá-las no mapa do Terra Mystica ou as regras do terra Mystica e aplicá-las em Coruscan, as regras de Masmorra de Dados para jogar Zumbicide; poderíamos adaptar Zelda usando o engine de GTA, jogar Sonic em primeira pessoa, como Doom, e assim por diante… Apesar de infinitas combinações, algumas são fáceis de converter, outras complicadas e outras impossíveis ou bizarras demais para funcionar. Todas as combinações estranhas demais para compreendermos caem no Abismo de Daath. O restante possui potencial de manifestação.

CHESED e GEBURAH

O próximo andar dentro da construção de Boardgames está nas Esferas de Chesed e Geburah. Chesed envolve o ENREDO, ou a estratégia do jogo, enquanto Geburah lida com os MECANISMOS do jogo. Como Esferas inferiores na Árvore da Vida, Chesed está subordinado a Hochma e Geburah está subordinado a Binah, ou seja: Você pode imaginar um Jogo no universo de Star Wars, mas cujo ENREDO se passa em Coruscan, Naboo, Tatooine, nas colônias dos Hutt ou até mesmo um jogo de corrida de naves; um Tema de Grécia Antiga pode envolver ou não deuses e tropas, pode ser uma cidade ou toda a Grécia; um jogo de Tema Espacial pode envolver planetas, galáxias, um sistema solar ou apenas uma Cantina Espacial! Do outro lado, temos os Mecanismos do jogo. Como o jogo funciona? alocação de trabalhadores, domínio de área, movimentação, conquista, etc… São regras simples ou complexas? como faz para vencer o jogo? como se contam os pontos de vitória? o jogo é cooperativo ou altamente competitivo? um Boardgame pode ser tão cooperativo quanto um Pandemic, Robinson Crusoe ou Sentinelas do Multiverso ou ser tão dedo-no-olho quanto Munchkin, Illuminati ou Pequenas Igrejas, Grandes Negócios.

Geburah também determina coisas como: Quanto custa cada movimento? Quantas e quão complicadas serão as regras? Perceba que, enquanto Binah dita a matemática da probabilidade e a linguagem de programação, Geburah remete à construção das rotinas de programação do jogo. Em um videogame, a Inteligência Artificial que controla os inimigos, por exemplo, que pode até mesmo variar (fácil, médio, difícil, nightmare…). Binah determina que o jogo é baseado em rolagem de dados; Geburah diz como os dados serão usados nas batalhas (se são 2d6, 3d10 ou compare resultados…)

TIFERET

Equilibrando Chesed e Geburah chegamos ao Pilar do Meio, TIFERET, que representa a ESSÊNCIA do Jogo; a Descrição do Jogo em si. “Vocês são super heróis que precisam defender o Planeta X”, “voces são sobreviventes em um apocalipse zumbi”, “vocês controlam exércitos na batalha de Waterloo”, “todos precisam colaborar para impedir Cthulhu de aparecer e destruir a Terra”, “jogo de cartas para apostar dinheiro contra outros jogadores”, “Um RPG de Horror Moderno”, “arremesse a bola na canaleta para fazer um strike e derrubar o maior número de pinos que puder”, “divirta-se desenhando e adivinhando palavras”, “quem chegar primeiro na linha de chegada ganha”, “os jogadores precisam descobrir quem matou Carlos Fortuna, onde e com que arma?” e assim por diante…

No Hermetismo, Tiferet é a Verdadeira Vontade e, no Game-Design, a própria identidade do Jogo. TODOS os jogos existentes possuem estas Esferas em maior ou menor proporção e são estas características que compõem a Essência de cada Boardgame. Tiferet está localizado no centro da Árvore da Vida e conecta todas as Esferas, recebendo influxos de cada uma delas. Tanto os criadores dos jogos quanto os que participarão da co-criação deles (os jogadores, que podem inventar regras caseiras, modificar as regras ou mesmo criar jogos novos a partir dos jogos pré-existentes misturando, modificando ou melhorando partes do que já existe) estão conectados neste pequeno espetáculo.

Abaixo de Tiferet encontramos o Microcosmos, que é a maneira com que o jogo se apresenta para os Jogadores, dividido em quatro Elementos: Razão, Intuição, Sorte e Físico, que não por acaso estão atrelados aos 4 elementos da alquimia:

NETZACH (SORTE)

A Esfera de Netzach, de número 7, agrega as Emoções e lida com os elementos de SORTE. Jogos que dependam primariamente de sorte, rolagem de dados e cartas, como Banco Imobiliário, Ludo, Hero Quest, WAR, Ludo, Jumanji, jogos de aposta e muitos outros. Os RPGs e Ameritrash lidam bastante com cenários e rolagem de dados.

HOD (ESTRATÉGIA)

A Esfera de Hod, de número 8, agrega a Razão, a Lógica e a Estratégica. São jogos que não possuem nenhum tipo de sorte envolvido, como Damas, Xadrez, Go, Hive, Tsuro, Blokus e outros. A esfera de Hod lida mais com a forma do Boardgame e geralmente são jogos abstratos e de intelecto.

YESOD (INTUIÇÃO/BLEFE)

A Esfera de Yesod, de número 9, lida com a Intuição e com o Blefe. trata-se de adivinhar o que o oponente irá mostrar, escolher ou colocar em jogo e também de blefar, esconder e tentar direcionar os oponentes para o erro e Jogos de associações e correspondência. Pode ser simples como Pedra-papel-tesoura, três copos e uma bolinha, Dixit, Apples to apples, jogos de adivinhações e charadas; ou complexos como Game of Thrones, Cosmic Encounter, Love Letter, Citadels, Coup ou Diplomacia.

MALKUTH (FÍSICO)

Jogos que envolvem movimento e contato físico ou ações físicas, como tapão, boliche, jogos de bater-palmas, pegar a peça mais rapidamente, equilíbrio (Jenga, Bamboleo), bolinha de gude, construção e outros fazem parte de Malkuth, a esfera de número 10. Costumam ser jogos de party ou mais infantis.

Claro que, dentro do Microcosmos, todos os Boardgames possuem características destes 4 Elementos, dosados de maneira única em cada um. Por exemplo, Poker possui elementos grandes de Estratégia, Sorte e Blefe; nada de enredo e a mecânica de jogo simples; Bridge, por outro lado, não possui nada de blefe e, em campeonatos, nada de sorte; Truco é baseado em sorte e blefe; Jenga e arremesso de dardos são jogos físicos; Dobble possui um pouco de Intuição e físico; Xadrez, Damas, Blokus e Go são totalmente Estratégicos; Magic:The Gathering possui Estratégia e Sorte e muito pouco blefe;

Codename possui estratégia e intuição enquanto Imagem e Ação possui intuição e físico; Zumbicide possui ambientação, mecânica simples, muita sorte e alguma estratégia; e assim infinitamente podemos aplicar o diagrama da Árvore da Vida para QUALQUER tipo de jogo e estabelecer uma Zodíaco Comparativo.

Os Caminhos da Árvore da Vida lidam com as interações entre as Esferas, mas isto é assunto para outro texto…

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/boardgames-e-a-kabbalah

A Flauta Mágica

A famosa ópera de Wolfgang Amadeus Mozart e Emanuel Schikaneder, “A Flauta Mágica” tem sido objeto de inúmeros estudos, sem dúvida motivado tanto pelo seu imenso valor musical quando pelo tema subjacente ao seu livreto.

As claras referências esotéricas feitas em seu desenvolvimento motivaram inclusive que Goethe escrevesse uma segunda parte, continuação do livreto de Schikaneder e, não satisfeito com isso, ele preparava pessoalmente os esboços para uma representação da ópera de Mozart em Weimar, esboços que foram parcialmente preservados. Mas, infelizmente, a grande maioria dos estudos realizados são devidos a musicólogos. Estes são, sem dúvida, muito competente na sua disciplina, mas o são muito pouco em matéria de esoterismo.

Por isso, entendemos que poderia ser interessante uma análise da ópera do ponto de vista iniciático, deixando quase que totalmente na parte técnica da música (como nós entendemos que existem outros mais competentes do que nós para lidar com eles).

Além dos musicólogos quem vez por outra tentou mergulhar em “A Flauta Mágica” foram os Maçons. Com relação a isso, porém, convém ser taxativamente claro.

Na verdade, existem dois tipos distintos de Maçonaria. Por um lado temos a Maçonaria política e econômica formada quase inteiramente por pessoas pouco ou nada se importam com as tradições espirituais dessa Ordem.

Este tipo degradado de Maçonaria tem sido amplamente difundido no mundo, porque sempre existiram aventureiros sem escrúpulos, como desejos de poder político. Naturalmente, em tais organizações não deve buscar nem se pode encontrar valores espirituais.

Há, porém, um outro tipo de Maçonaria que transmite um legado espiritual real que vem desde o antigo Egito. Naturalmente, isso a Maçonaria é a antítese da anterior. Vale a pena parar um momento sobre este assunto para entender melhor a questão que hoje nos ocupa. Segundo nos informa o erudito francês antimaçônico Jacques D’Plonchard D’Assac, Mozart, bem como Schikaneder pertencia à Maçonaria Egípcia em Viena, aquela que praticava o Rito de Mizraim.

Este Rito havia se difundido enormemente tanto na Áustria quanto na Espanha desde meados do século XVIII, dando então origem ao Rito Nacional Espanhol neste segundo país.

Deve-se mencionar que o Rito de Mizraim originou-se no iniciação transmitida pelo Mestre Althotas a Joseph Balsamo, conhecido como Conde de Cagliostro.

Mais tarde, esse rito se difundiu na Itália e mais tarde na França. É interessante notar, de passagem, a Espanha, porque foi iniciado (na Loja “Lealidad” de Cádiz), o então jovem tenente do exército espanhol Dom José de San Martin. O fato é que em 14 de dezembro de 1784 Mozart foi iniciado como Aprendiz na loja “Zur Wohlthätigkeit” ascendendo a Companheiro em 07 de janeiro do ano seguinte (menos de um mês entre as duas iniciações).

Imediatamente começa a composição de sua famosas Sonatas Maçônicas.

Em abril de 1785 Mozart já é Mestre Maçom e em seis desse mesmo mês, é iniciado seu pai, o compositor e maestro Leopold Mozart. Este foi sem dúvida um homem de talento e provou-se recentemente que a famosa “Sinfonia dos Brinquedos”atribuída por muito tempo a Haydn é, na realidade, de autoria de Leopold Mozart.

Na loja, Mozart conheceu Johann Joseph Schikaneder, que tinha alí o nome de Emannuel, e que mais tarde seria o libretista de “A Flauta Mágica”.

Schikaneder era um homem de caráter, barítono de boa voz e bom gosto e, mais tarde, diretor de um pequeno teatro. Sabe-se que ele representou o primeiro Papageno na estréia da ópera em questão. Também frequentava a loja Karl Ludwig Giesecke que aparentemente contribuiu com algumas idéias para o libreto.

O fato incontestável é que Mozart foi um Maçom ativo até o fim de sua vida. Em 18 de novembro de 1791, quando só lhe restavam dezessete dias de vida, conduziu pessoalmente sua “Pequena Cantata Maçônica” (Köchel 623) por ocasião da consagração do novo templo da Loja “Zur neugekrönten Hoffnung”. Schikaneder por outro lado adormeceu, ou seja, retirou-se da loja logo depois de ter conhecido Mozart, embora a amizade e a cooperação entre os dois tenha persistido, dando conforme sabemos um magnífico resultado.

Uma das mais vis calúnias que circularam sobre Wolfgang Amadeus Mozart foi ter sido envenenado pelos Maçons por ter revelado segredos da Ordem em “A Flauta Mágica”. Justamente por isso mencionamos o fato de que poucos dias antes de sua morte, foi especialmente convidado para dirigir o sua Cantata para a consagração de um novo Templo. Isso aconteceu um mês e meio após a estréia de “A Flauta Mágica”, ou seja, a ópera em questão.

Isso prova a falsidade de tal afirmação.

Se houve revelação, como alguns dizem, o principal responsável teria sido Schikaneder o autor do libreto e não, evidentemente, o autor da música. Schikaneder continuou a viver por muitos anos, mas este fato não é mencionado por esses caluniadores.

Mozart e seu libretista estavam bem cientes destas coisas e por isso colocaram em sua ópera um arquétipo que simboliza a via lunar governada pelas emoções mais baixas que se disfarçam e se ocultam nas aparências religiosas. (Continua) Este arquétipo é a Rainha da Noite, cujas duas árias expressam aspectos bem contrastantes de uma personalidade sinistra.

Em sua primeira ária aparece como a mãe de coração partido por ter-lhe sido tirada sua filha. Tamino se deixa seduzir por suas lágrimas falsas e suas mentiras. Ela o elogia e lhe promete a mão de Pamina, enquanto sutilmente planta o ódio no coração do jovem príncipe.

Muito diferente é a sua atitude na segunda ária “Der Holle Rache kocht em meinem Herzen” (O rancor do inferno ferve no meu coração) quando coloca um punhal na mão de Pamina para que a virtuosa, porém perturbada jovem assassine o Venerável Mestre Sarastro.

Nessa cena se revela toda a traição e maldade que antes a Rainha encobria com sentimentalismo e lágrimas, pois ela ameaça Pamina se ela não cumprir seus desejos. Claramente aqui se aproxima do que temos tratado amplamente em vários artigos e conferências.

Trata-se do antagonismo existente entre os que praticam a via lunar ou religiosa (a pitriyana ou o caminho dos ancestrais dos hindus) e os Iniciados, que praticam a via solar ou Devayana (caminho dos deuses).

A via lunar se reveste de emotividade e pretende ser um conforto para as massas, a quem manipula com base justamente no medos e nas emoções. Desta forma, aceita-se indistintamente a todos os que se apresentam, pois seu último desejo é o poder temporal com base na quantidade. Corresponde ao modo passivo e é a única forma de vida espiritual a que podem aspirar as pessoas não qualificadas.

A via solar iniciática está reservada para as elites, quer dizer, a indivíduos plenamente qualificados. Naturalmente, os grupos sectários que são os religiosos, nunca quiseram aceitar sua subordinação aos Mistérios Iniciáticos e se esforçaram para destruí-los.

Na alegoria de Mozart e Schikaneder, a Rainha da Noite, que representa, sem dúvida, a Igreja Católica, organização sectária tipicamente lunar.

As damas da Rainha da Noite, apesar do flerte e do bom humor que revelam no início da ópera, não hesitam em se apresentar a Tamino e Papageno para derramar calúnias insidiosas contra a Sarastro e seus sacerdotes.

Finalmente, em cumplicidade com o traiçoeiro mouro Monostatos, a Rainha prepara uma grande complô nas sombras para destruir o Templo. Felizmente eles fracassam nessa tarefa e são jogados de volta para as trevas do mundo profano.

Parece muito provável hoje em dia que Mozart e Schikaneder tenham sido aconselhados por Ignaz von Born sobre este tema. Von Born era o Venerável Mestre da Loja “Zur Wohltätigkeit” naquela época, e um verdadeiro erudito nos mistérios da Grécia antiga.

A interpretação de alguns autores do rancor da rainha contra Sarastro para impor a primazia de sucessão matrilinear em relação à tradição patriarcal nos aparece hoje pura fantasia. Ainda em mais alto grau é fantasiosa a interpretação do escritor maçônico M. Zile, que em 1866 sustentou ingenuamente que Tamino representava o Imperador Joseph II, Pamina o povo austríaco e Sarastro era mencionado como Venerável Mestre e a Rainha da Noite, a imperatriz Maria Teresa, que então tinha começado a perseguir a Maçonaria.

Até aqui, um primeiro símbolo mais político que esotérico e que refletia uma realidade daqueles tempos. Não se pode esquecer que em 1738 o Papa Clemente XII havia excomungado a Maçonaria com sua encíclica “In eminenti specula”. Embora pouca atenção fosse dada em Viena a tal resolução, era evidente que o velho ódio da Igreja pelos Mistérios Iniciáticos subsistia em pleno vigor.

De maior interesse para esta alegoria são outros símbolos de natureza tanto anagógica quanto tropológica que vemos desfilar na ópera. Vamos recordar brevemente que, segundo a classificação estabelecida por Dante Alighieri em “Il Convivio”, os símbolos podem ser agrupados em quatro categorias.

A primeira é a dos símbolos literais. Como exemplo podemos citar um texto escrito em qualquer língua ou uma equação matemática.

A segunda categoria corresponde aos símbolos alegóricos. Como tal, pode-se mencionar a pomba, símbolo da paz, a lira de Apolo representando a música, a foice uma reminiscência de Saturno que recorda a morte, Mercúrio representando o comércio e a cornucópia simbolizando abundância, entre muitos outros.

Símbolo tropológico (De tropos: mudança de direção) é o que tem um sentido ético-moralizante, indicando uma mudança de rumo na vida. Como tal, podemos citar um esquadro simbolizando a retidão, um prumo indicando a disciplina e verticalidade, e a colher do pedreiro que recorda necessidade de suavizar as asperezas.

Por último, temos os símbolos anagógicos (De Anas: no alto). Estes últimos representam uma indicação de elevação através da espiritualização da existência e, geralmente, têm conteúdo esotérico.

Podemos mencionar aqui a Escada de Jacó que recorda precisamente isso, o caduceu de Hermes-Mercúrio que esotericamente se refere à transmutação das energias inferiores do homem e o Olho de Deus que simboliza que nada do que fazemos foge ou está oculto para a Consciência Suprema.

Um desses últimos símbolos, muito interessante e que escapou completamente da análise dos musicólogos está no início da ópera, imediatamente após a abertura. Nos referimos à serpente ou dragão, um tema que reaparece mais tarde, com o mesmo significado na Tetralogia de Richard Wagner. (Recordemos o dragão Pfafnir em cujo sangue deve o herói solar Siegfried deve banhar-se).

Aqui estamos lidando com um símbolo tradicional que reaparece continuamente na literatura esotérica. Trata-se, naturalmente, do Primeiro Guardião do Umbral.

O candidato à Iniciação deve enfrentar os efeitos cármicos que ele mesmo acumulou em incontáveis existências. Seu enfrentamento supõe um processo doloroso de purificação e de um risco; quem evita isso renuncia para sempre à recompensa espiritual desejada; e Tamino, assim como Siegfried deve passar por essa prova.

Se Tamino pode ser bem-sucedido é com a ajuda das damas da Rainha da Noite. Mas essa ajuda, como era de se esperar, não é desinteressada. As damas têm a missão a lhe designar: é claro que se trata de salvar Pamina.

Tamino e Pamina são um casal arquetípico precursor como o são de certa forma Siegfried e Brunhilde. Não são diferentes, na verdade um do outro em ambos os casos.

Pamina é a alma de Tamino, a alma que deverá passar por novas e duras provas antes de chegar à Iniciação: odisséia de Pamina é uma verdadeira “Noite Escura da Alma” (A Nigredo na terminologia dos alquimistas). São provas iniciáticas que conduzem à purificação através do caminho do sofrimento humano e das dúvidas que assaltam os aspirantes. Constituem o chamado Segundo Guardião do Umbral e são uma parte inevitável da Via Iniciática. Desgraçado daquele que as evita ou cede ante estas dúvidas, pois se verá cada vez mais mais mergulhado nas trevas do mundo profano e não chegará a receber a luz espiritual da Iniciação.

Este processo vital de transmutação interior (cuja realidade só pode ser negada pelos ignorantes) tem como contrapartida visível as provas simbólicas do ritual, aquelas que em “A Flauta Mágica” são mencionadas com maior clareza.

Felizmente, Mozart e Schikaneder foram suficientemente discretos e seria muita ingenuidade alguém pretender conhecer alguma coisa dos mistérios da Iniciação Maçônica apenas assistindo à ópera.

As damas dão a Tamino, para ajudá-lo em sua missão de resgate a Flauta Mágica que dá o título à ópera, e também Papageno que será seu companheiro recebe sinos de prata, também dotados de incríveis poderes. Aqui há alusões simbólicas a várias pontos da tradição esotérica que merecem ser mencionadas rapidamente.

É uma dupla referência ao poder do som, o poder que pode ser incompreensível e absurdo, não só aos profanos, mas também aos pseudo-maçons tão ignorante quanto arrogante a quem referimos anteriormente.

É fácil ver que isso é verdadeiro; basta perguntar a qualquer um dos Maçons orientados para a política e os negócios, qual é a verdadeira origem dos símbolos e sinais de seus graus, e quais são as sílabas de poder associadas a tais sinais. Não terão outra alternativa, a não ser reconhecer a enormidade da sua ignorância sobre o assunto e nem por um momento mencionarão que existe uma antiquíssima tradição secreta a respeito disso.

Esta tradição foi, inclusive, transmitida pelo Profeta Maomé aos seus mais fiéis discípulos e o Corão contém certas sílabas intraduzíveis que estão ligadas a este mistério.

Mas, tudo isso e muito mais é e será para sempre desconhecido por este tipo de pessoa que têm a audácia de se auto-qualificar como Maçons Regulares e de qualificar outros como Irregulares. Seria possível escrever um livro sobre isso e é bem possível que algum dia este autor o faça.

Na Índia, este poder oculto do som é ensinado no Matrika Yoga e testemunhamos pessoalmente alguns fatos surpreendentes feitos por este meio.

A pergunta honesta, desde já, se Mozart e Schikaneder estavam ao corrente de tais fatos. É provável que eles estivessem, somente por tradição mítica na forma de contos de fadas populares.

O que é fato estabelecido é que a trama externa, profana digamos, o enredo de “A Flauta Mágica” era uma narrativa deste tipo intitulada *“Lulu oder die Zauberflöte”.* Seja como for, é interessante notar com William Mann que, tendo sido esculpida a flauta pelo pai de Pamina, este a havia feito de carvalho. Na tradição esotérica, esta árvore é um símbolo de *Sabedoria e Força.* Para ser esculpida, à madeira foi adicionada a *Beleza* e agora estamos de volta à tradição Maçônica completa. Isto se refere,

evidentemente, à Tradição Sagrada tanto Maçônica quanto não Maçônica.

Na tríade é simbolizado tanto a divindade quanto a síntese de opostos. Isto é bem conhecido e só se pode acrescentar que unido ao quaternário conduz ao setenário, símbolo do Justo e Perfeito.

Na encenação original se referia ao Quaternário (símbolo do material), com uma inscrição em uma pirâmide que os Vigilantes armados do templo liam para Tamino: “Quem passa por este caminho difícil será purificado por terra, ar, fogo e água.”

A pirâmide, assim como a famosa ária de Sarastro “Ísis e Osíris” eram uma clara referência à origem egípcia do Rito de Mizraim.

Curiosamente, esse rito (unificado posteriormente com o outro Rito Maçônico egípcio, qual seja o Rito de Memphis pelo Grão-Mestre Giuseppe Garibaldi) reverencia a memória de um notabilísimo Mestre Arquiteto: Imotep, que a Bíblia menciona com o nome de Hiram Abif, diretor das obras de construção do famoso Templo de Salomão, uma das maravilhas do mundo antigo e também artesão excelso.

Note-se que o referido Rito de Memphis constitui, em seu próprio direito, o mais notório da tradição Maçônica, pois vem, por sua vez, dos mistérios de Ísis do antigo Egito e das antiquíssimas filiações Maçônicas drusas. Este Rito foi trazido à Europa por Napoleão I, Champollion e oficiais do exército francês que foram iniciadas por ocasião da expedição ao Egito.

Nota-se de passagem, que as três crianças-guias na decoração original levavam em suas mãos folhas de palmeira. Este é um símbolo permanente na tradição esotérica, cujo significado é ascensão, vitória, regeneração e imortalidade.

Até agora, os aspectos anagógicos do simbolismo da ópera. Passemos agora a abordar rapidamente os aspectos tropológicos, ou seja, aqueles que tornam o conteúdo ético, moral e filosófico.

Em primeiro lugar, não se pode ignorar a tipologia psicológica que estabelece uma clara diferença entre os dois casais: Tamino – Pamina e Papageno – Papagena.

Os primeiros são seres superiores com aspirações nobres, autênticos “homens de desejo”, para usar a terminologia de Louis Claude de Saint Martin. Esta atitude contrasta com a dos outros dois que só aspiram a uma boa comida, um bom relacionamento conjugal e que, em suma, são seres humanos bons, mas pequenos e medíocres.

Assim, vemos que a Iniciação de Tamino e Pamina acontece, mas a de Papageno e sua futura esposa falha (como não poderia ser de outra forma). De fato, a esmagadora maioria dos seres humanos em seu estado atual não é iniciável, e deve se contentar com as pequenas coisas da vida: seu estado atual não lhes permite aspirar outra coisa.

Papageno o diz claramente: “Ein Netz fur Mädchen möchte ich, ich fing sie dutzenweis fuer mich”. (De uma rede para garotas eu preciso, eu as teria às dúzia para mim.) No entanto, e apesar da sua vulgaridade. Papageno é bom em seus sentimentos. Isto se manifesta no célebre dueto com Pamina, onde eles expressam o fato de que o amor é a lei suprema da natureza, e que ele leva o casal ao limiar da Divindade.

Cabe perguntar se os dois personagens, tão charmosos quanto diferentes entre si, concebem o amor da mesma maneira e no mesmo nível. Pamina é a própria espiritualidade e Papageno a pura sensualidade. Ela pode conceber e sentir o amor divino, assim como o humano. Seria demais pedir isso a Papageno.

Uma segunda lição pode ser encontrada nas palavras das crianças-guias. Deve ser dito que estas crianças são referências às Columbas, a personificação da voz da consciência. Tais Columbas foram introduzidas nos Ritos Maçônicos Egípcios por Cagliostro. Hoje eles desapareceram, mas ainda são preservados nos rituais de certas ordens Rosacrucianas de origem moderna e que afirmam ter uma filiação inexistente proveniente (segundo eles) de tais Ritos.

As crianças-guia são claras com Tamino: “standhaft, duldsam und verschwiegen” (Seja persistente, paciente e guarde o silêncio).

Aqui estão as três regras de que devemos adicionar ao amor fraterno entre os seres humanos.

Com isso, Tamino chega às três portas do templo. Sua reflexão é precisa: “Onde reina e atividade e o ócio é proibido, o vício dificilmente pode criar raízes.”

As dúvidas e os erros afligem Tamino. O Segundo Guardião do Umbral está em ação. Surge então do fundo de seu ser a pergunta-chave “Quando então verei a luz?”. Uma pergunta honesta da parte de alguém que está disposto a reconhecer seus erros e que cada profano de valor deve fazer em um dado momento a si mesmo.

Cabe recordar de passagem que Richard Wagner na Tetralogia também menciona claramente este Segundo Guardião do Umbral. Referimo-nos à passagem de Siegfried atacado pelo anão Alberich a quem a capa mágica torna invisível.

E aqui é imperativo encerrar pois não se trata de esgotar o tema, mas apenas fornecer abundantes motivos para reflexão a cada um dos amados leitores.

Por Dr. Carlos Raitzin (Spicasc)

Publicado no Site da Grande Loja Unida da Venezuela

#Arte #Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-flauta-m%C3%A1gica