Brooklyn 99 e a Árvore da Vida

Por Gabriel Queiroz

Temos o herói tiferetiano Jake Peralta, um detetive brilhante, porém muito imaturo, egoísta e imaturo, que desvenda crimes no Brooklyn, em NY, na 99ª delegacia. Toda a história começa com a aposentadoria do antigo Capitão, que deixava Jake fazer o que queria e aprontar um monte de besteira na delegacia. O novo capitão, Raymond Holt, é extremamente linha dura, mandão, sem humor e conhecido por não expressar emoções e ter sempre a mesma cara fechada. Jake e Holt teimam muito um com o outro sempre, mas o tempo faz com que eles cresçam. Jake fica mais responsável e Holt aprende a embarcar nas loucuras de Jake.

A história de Jake é sobre amadurecimento como homem para deixar de ser um menino grande que é fã de Duro de Matar. A série volta e meia brinca com a relação de Jake e Holt, que se tornam como pai e filho (Jake tem problemas com sua figura paterna biológica).

TIFERET / SOL: Jake é sempre retratado como egoísta, vaidoso e mimado, se acha o melhor detetive do mundo e vive fazendo brincadeiras na delegacia e nas missões. Porém, ele sempre está disposto a ser sacrificar pelos seus amigos e acaba tomando atitude verdadeiramente magnânimas, quando deixa de lado suas próprias ambições para ajudar seus amigos (abrir mão da glória de um caso grande para que Holt consiga retomar a delegacia, deixar seu “inimigo pessoal” fugir e ajudar a Força-Tarefa de Rosa a desmanchar uma quadrilha).

YESOD / LUA: Amy Santiago é a amiga, namorada e esposa de Jake. Amy tem um jeito meigo, carinhoso, sensível e temperamental (fases, incluindo diversos estágios de ficar bêbada). Também é detetive, como Peralta, mas ela é certinha e puxa-saco do Capitão Holt para ser seu mentor para que ela progrida na carreira. Amy tem alergia a cães, gosta de cuidar dos outros, é bastante atrapalhada e nerd. Ela é caseira e gosta tipicamente de coisas de vovozinha, como crochê e caça-palavras. Ela também tem o lado “psíquico” de Yesod, boa de intuição (disputa com Jake como melhor detetive) e boa em leitura labial.

NEZTACH / VÊNUS: O mais óbvio de todos, Charles Boyle. Excessivamente amoroso, extravagante, afetuoso e agregador. Boyle é o melhor amigo de Jake e seu parceiro de polícia e sempre concorda com ele, elogia ele e o ama a ponto de criticar Amy por qualquer coisinha que faça o Jake se chatear. Charles é tão unha e carne com Jake que disse que se sentia abandonado pelo pai do Jake também, porque ele abandonou seu melhor amigo quando criança. Charles tem vários romances apaixonados e sempre sofre com desilusões por se jogar demais nos relacionamentos e por medo de acabar sufocando suas parceiras. Eventualmente, se casa com Genevieve e tem todo um arco envolvendo sua fertilidade, acaba por adotar um menino da Letônia, Nikolaj.

Charles inclusive é o sexy symbol do distrito, seduzindo criminosas e obtendo informações privilegiadas com mulheres com seu rebolado de bumbum e suas “curvas voluptuosas”. Charles é sempre manso e até capacho, mas quando seu filho corria o risco de não ter um Natal feliz, Charles virou um Rambo e moveu mundos e fundos, desmantelou um cartel de drogas quase que sozinho, a verdadeira força de uma “água doce”, a cachoeira. Charles também é muito requintado, cozinha comidas finas, todas essas guloseimas chiques que Vênus adora e é um Cupido entre Jake e Amy, induzindo os dois a terem filhos e falando sobre o período fértil dela. Charles vive falando sobre amor, paternidade, detalhes de sua vida sexual, fertilidade, crianças, culinária. Inclusive ele teve noites quentes com a Gina e ambos se relacionaram como amantes, embora sejam “irmãos” agora que o pai dele e a mãe dela se casaram.

Charles inclusive é parteiro. Não preciso nem dizer que esse aqui é o exemplo mais óbvio de encaixe perfeito em todos os arquétipos de Netzach.

HOD / MERCÚRIO: Gina Linetti, a versão humana do emoji 100 e fiel escudeira do Capitão Holt. Ela é amiga de infância e estudou com o Jake. Uma verdadeira trickster, a única civil da delegacia. Logo que Holt chega, a promove a sua assistente por ver “talentos” nela, a magia da Gina. Ela é eloquente, expressiva, uma “alfa” que manda na delegacia, cruel com as palavras, mean queen, vive conectada à tecnologia e sempre atenta às mensagens, é a mensageira da delegacia. Transita no dual, ser civil no meio policial, tem atitudes questionáveis, mas inúmeras vezes salva o dia com seu modo peculiar de pensar e agir. Ela é dançarina, uma atriz, uma estrela, blogueirinha, se acha demais e mentirosa das boas. Vive pregando peças nos outros, às vezes parece boa (ofereceu seu apartamento quando Jake ficou sem teto), às vezes parece má (bullying com Amy), consegue fazer mil coisas ao mesmo tempo, é preguiçosa e detesta trabalhar, adora uma fofoca. Gina já chegou a reformular a forma como se comunica porque o inglês não é capaz de expressar a complexidade de seus pensamentos, inserindo emojis em suas falas para se comunicar melhor.

GEBURAH / MARTE: Detetive Rosa Diaz, a melhor amiga de Jake, a policial mais assustadora, sem frescura e violenta do distrito. Ninguém sabe detalhes de sua vida particular e pouco se sabe sobre o soft side dela (fez balé na infância, “combina” coisas em casa para deixar mais bonito), ela diz que o nome dela nem é Rosa. Ela é sempre a primeira a propor técnicas de tortura, esfolar pessoas e querer encher de porrada os bandidos. Ela tem um acervo de armas, está sempre com um facão escondido e usa muito bem armas pesadas.

Ela é tão violenta que dá socos direto em Hitchcock, Scully e até no Boyle quando eles fazem algo que a desagrada. Ela é fria, não tem emoções, não sorri, esconde seus medos, gosta de destruir e demolir coisas. Quando o esquadrão está em apuros, ela é a primeira a se jogar no perigo, tirar seus bastões da cintura e ir para luta corporal, ela tem várias cenas de ação. No entanto, ela não é só explosão, tem um forte sendo de hierarquia e obediência a Holt mesmo quando ele a impede de prosseguir com Deus planos de tortura e linchamento, ela também tem a disciplina militar. Com o tempo, ela se abre mais para essa coisa estranha de “ter sentimentos”.

CHESED / JÚPITER: O Capitão Holt, líder da 99 e que usa os talentos de cada policial para que dia delegacia seja a melhor do país. Ele é durão, mas já sofreu muito na carreira por ser gay (fora do esteriótipo) e negro. Ele é extremamente inteligente, cortês e generoso com os que estão abaixo dele, gosta de ensinar aos outros e tem um nível cultural tão elevado que isso frequentemente é uma das piadas da série, quando ele fala com seu tom monótono sobre música clássica ou referências de literatura que ninguém pega. Como bom Mestre dos Magos, ele sempre orienta os policiais e gosta de desafios de palavra, adivinhação e vive propondo charadas ou criando códigos cifrados para manter investigação em sigilo que o esquadrão tem dificuldade de desvendar (como pegar cada letra do nome da investigação, transformar em número e elevar ao quadrado, decorando e dizendo a todo momento uma sequência enorme de números). Mora em uma grande casa que mais parece um palácio, está realmente “em um nível acima” dos policiais do distrito.

BINAH / SATURNO: Sargento Terry Jeffords, incrivelmente forte e musculoso, quase um Hulk. Sua patente é superior à de Jake, Amy, Rosa e Charles, o que o faz chefe deles. É o primeiro que Holt chama para entender o funcionamento da delegacia. Enquanto Holt quer expandir os horizontes e fazer cada policial melhorar e fazer a delegacia crescer, cabe a Terry ficar contendo ou tomando conta principalmente de Jake. Ele é um tanto pessimista, muito pé no chão, sério, um pouco rabugento e corta as asas de Jake. Muito tradicional, é o marido e pai perfeito, vive falando da esposa e das filhas gêmeas. Inclusive um episódio já brincou com o aspecto velho de Saturno do Terry, quando ele se achou velho e surgiu do nada com óculos de leitura de correntinha, uma manta e tomando mingau de aveia simplesmente porque é o que velhos tomam. Ele tem uma tendência controladora e quer que todos no esquadrão sigam certinho as normas e comandos. Também não gosta de luxo e fala muito em dinheiro e emprego pra sustentar a família.

MALKUTH / TERRA: Esse aqui fez muito sentido porque, como os próprios dizem ao longo da série, eles são uma pessoa só: Michael Hitchcock e Norm Scully. Eles representam tudo o que há de se mudar no serviço das organizações à população: são preguiçosos, não gostam de trabalho, fazem só a papelada e só querem saber de sombra e água fresca. Eles são tão “mundo créu”, que só querem saber de dormir, comer e falar besteira, Hitchcock inclusive pensa em “universitárias gatinhas” e outras safadezas, diferente do Boyle, que é muito sexual, mas como manifestação de amor e não de prazer mundano. Os dois são tão inertes (terra), que é como se tivessem raízes, não levantam das cadeiras pra nada quase e vivem sentados, a cadeira já tem até os formatos do assento deles. Eles são bons policiais, na verdade, mas não querem se desenvolver, preferem a papelada para não receberem missões porque é confortável ficar comendo e fazendo nada dentro da delegacia. Hitchcock e Scully são o padrão (lembra, “Norm” é o primeiro nome do Scully) de onde quer se sair para chegar em uma nova polícia “uma oitava acima”, onde não haverão mais maus policiais e não haverá mais crimes no Brooklyn.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/brooklyn-99-e-a-%C3%A1rvore-da-vida

Fossil Angels, por Alan Moore

Introdução

A lenda dos quadrinhos, Alan Moore, é o autor de diversos títulos memoráveis, tais quais Watchmen, A Liga Extraordinária, V de Vingança e Do Inferno. Desde o seu aniversário de 40 anos, Moore se autoproclamou um mago. Mas é preciso cuidado para compreender a sua visão da magia, que ele uma vez definiu como “uma ciência da linguagem, do uso de símbolos para induzir alterações na consciência”. Alan vê uma conexão íntima entre a magia e a criatividade artística, o que foi explorado de forma magistral na sua série Promethea.

Recentemente publicamos no meu blog (Textos para Reflexão) uma tradução da sua entrevista, A arte da magia, concedida a revista britânica Pagan Dawn. Conforme se tratou da série de posts com mais visualizações nos últimos tempos, resolvemos traduzir também o seu monumental Fossil Angels [Anjos Fósseis].

Fossil Angels é uma espécie de “ensaio-manifesto” que trata basicamente do estado da magia e espiritualidade no mundo atual, onde Alan traz críticas ácidas e contundentes a todos os demais magos e místicos, juntamente com conselhos preciosos e um otimismo implícito em relação a um possível futuro mais pleno de espiritualidade, tudo permeado com a mais fina ironia, numa linguagem por vezes rude e brutal, por vezes impregnada do bom humor britânico.

O ensaio foi escrito em 2002 para a edição #15 da revista KAOS, que de fato jamais chegou a ser lançada. Após quase uma década, foi finalmente divulgado online em 2010, por admiradores de Moore (claro, com o seu devido consentimento).

Trata-se de um ensaio longo, que foi publicado no blog em diversas partes. Daniel Lopes cuidou da maior parte da tradução, Rafael Arrais cuidou da revisão e de parte da tradução, juntamente com Luciano Prado.

E agora, com vocês, Mr. Alan Moore, o Grande Mago:

» Parte 1

» Parte 2

» Parte 3

» Parte 4

» Parte 5

» Parte final

(os links acima abrem novas janelas no blog Textos para Reflexão)

#AlanMoore #Arte #Magia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/fossil-angels-por-alan-moore

Gaura Kishora dasa babaji maharaja

Em 1849, SRILA GAURA KISHORA DASA BABAJI MAHARAJA deixou a vida de grhasta após a morte de sua esposa. Ele mudou-se para Vrndavana e tomou iniciação de Sri Bhagavata Dasa Babaji, um discípulo de Sri Jagannatha Dasa Babaji. Por mais de trinta anos Gaura Kishora Dasa Babaji permaneceu em Vrndavana realizando bhajana sob as árvores em Giri-Govardhana, Nandagrama, Varsana, Radha-kunda, Surya-kunda, Raval, Gokula.

Sentado no isolamento, ele cantava 200.000 nomes de Krishna todo dia (128 voltas de japa). Ele sentia dolorosa separação de Radha-Govinda e chorava profusamente. Enquanto vagava pelas dvadasa vana (12 florestas) de Vraja, cantava alto os santos nomes numa voz profunda cheia de lamentação. Ele também saboreava o seguinte bhajan:

kothay go prema-mayi radhe radhe!

radhe radhe go jaya radhe radhe!

dekha diya prana rakho radhe radhe!

tomar kangal tomay dake radhe radhe!

radhe vrindavana-vilasini radhe radhe!

radhe kanu-mano-mohini radhe radhe!

radhe astha-sakhir siromani radhe radhe!

radhe vrsabhanu-nandini radhe, radhe!

“Ó Radhe Radhe! Onde estás, ó Deusa do amor extático? Ó Radhe Radhe! Todas as glórias a Ti, ó Radhe Radhe!

Ó Radhe Radhe! Por favor mostra-Te para mim e através disso mantenha minha vida. Teu mais desprezível servo caído clama por Ti, ó Radhe Radhe!

Ó Radhe! Ó engenhosa desfrutadora de Vrindavana. Ó Radhe Radhe! Ó Radhe! Ó encantadora da mente de Kanu (Krishna). Ó Radhe Radhe!

Ó Radhe! Ó joia real de Tuas oito principais amigas. Ó Radhe Radhe! Ó Radhe! Ó deliciosa filha de Maharaja Vrsabhanu. Ó Radhe Radhe!”

O humor de renúncia de Srila Babaji Marahaja era sem paralelo. Às vezes ele comia argila das margens do Radha-kunda ou do Yamuna. Outras vezes ele tomava madhukari dos Vrajavasis. Madhukari é a prática diária de um babaji de mendigar um pouco de alimento de uma a sete casas, assim como uma abelha coleta uma gota de mel de cada flor. Ele via todos os Vrajavasis (residentes de Vrindavana) como sendo associados pessoais diretos de Radha e Krishna. Como resultado desta visão, ele prestava respeitos a cada pessoa, vaca, animal, ave, árvore, trepadeira, inseto, formiga no sagrado dhama.

Enquanto permaneceu em Varsana ele fazia uma guirlanda de flores todo dia para Raí e Kanu (Radha-Krishna). Após trinta anos de prestar serviços íntimos a Radha e Krishna em Vrndavana, Babaji sentiu-se inspirado pelo Casal Divino a ver Sri Navadvipa Dhama. Ele visitou todos os lila sthanas do Senhor Gauranga em Gaura Mandala. Em Navadvipa, ele costumava cantar um bhajana que significa: “Por receber a misericórdia de Nitai se consegue a misericórdia de Gauranga, que nos torna elegível para Krishna prema. Com Krishna prema se pode obter o serviço de Srimati Radharani e das gopis.”

Gaura Kishora Dasa Babaji era a forma encarnada da renúncia de Sri Rupa-Raghunatha. Completamente desapegado, ele lavava pano descartado para cobrir seu corpo. Bebia de um pote de barro rejeitado. Arroz ressecado misturado com água do Ganges ou simplesmente algum barro da margem do Ganga sustinha sua vida.

Ele carregava dois livros escritos por Sri Narottama Dasa Thakura. Prarthana e Prema-bhakti-chandrika. No Ekadasi ele nem comia ou bebia uma gota d’água. Reconhecendo-o como um mahabhagavata muitos tentavam servir, porém nunca ele aceitava.

Regularmente, ele se associava com e ouvia o Srimad-Bhagavatam de Srila Thakura Bhaktivinoda em Svananda sukhada kunja em Godrumadvipa. Constantemente absorvido em bhajana, Srila Babaji Maharaja não tinha desejo de fazer discípulos. A pedido de Bhaktivinoda Thakura, contudo, ele reconsiderou. Ao ver a verdadeira humildade e profundo apego do filho de Thakura Bhaktivinoda por bhajana, Srila Gaurakishora Dasa Babaji aceitou um discípulo – Sri Varsabhanavi-dayita Dasa (Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura).

Para evitar que pessoas mundanas se aproximassem dele para bênçãos materiais, uma vez residiu nos lavatórios no Kuliya Dharmashalla (em Koladvipa) por seis meses. Quando funcionários públicos vieram se oferecer para construírem um bhajana kutir adequado, Babaji Maharaja trancou-se por dentro e disse que já tinha um. Ele acreditava que associar-se com pessoas materialistas é muito pior que o cheiro de fezes na latrina.

Gaura Kishora Dasa Babaji aconselhou um médico de Calcutá que queria abrir uma clínica de saúde gratuita em Navadvipa Dhama: “Se realmente quer viver em Navadvipa Dhama, então abandone seu desejo de administrar uma clínica grátis para curar desfrutadores dos sentidos. Se quer prestar serviço substancial, então renuncie a tudo exceto ao que promove Hari Bhajana. Todos os outros tipos de deveres e serviços simplesmente nos atam ao medonho ciclo de reações kármicas.”

Babaji Maharaja falou gravemente para um homem recém-casado: “Uma esposa Vaisnava é extremamente rara e difícil de encontrar neste mundo. Caso se tenha a boa fortuna de possuir uma, deve-se ver isto como uma benção de Krishna. A esposa adora o marido como seu senhor e amo. Similarmente, o marido deve adorar a esposa porque ela é Krishna dasi, uma serva de Krishna. Desta maneira, o marido pode proteger seu entusiasmo devocional ao não considerar sua esposa como sendo sua serva, mas que ela sempre é a serva de Krishna.”

“Quem quer bhojana (comer gostosamente) irá estragar seu bhajana,” era uma citação favorita de Srila Babaji Maharaja. Em outras palavras, comer aqui e ali simplesmente para gratificar a língua (bhojana) destrói qualquer tentativa de adorar Krishna (bhajana). Uma vez um devoto comeu um pouco de prasadam de festival em seu bhajana kutir. Babaji Maharaja não queria falar com ele durante três dias. No quarto dia ele disse: “Aceitaste” prasadam de festival” dada por meretrizes de baixa classe e belas mulheres. Porque tomaste alimento sem considerar sua origem teu bhajana é inútil.”

A essência das instruções de Srila Gaura Dasa Babaji: “O Divino Nome de Krishna oferece o único refúgio. Nunca se deve tentar lembrar dos passatempos de Radha-Damodara mediante métodos artificiais. O cantar constante dos Nomes Divinos irá purificar o coração. Por cantar Hari Nama as silabas do maha-mantra (Hare Krishna Hare krishna Krishna Krishna Hare Hare, Hare Rama Hare Rama Rama Rama Hare Hare) irão gradualmente revelar a forma, qualidades, passatempos espirituais de Sri Krishna. Então se realizará a própria forma espiritual eterna, serviço, e as onze particularidades de sua identidade espiritual.”

Seguindo a declaração de Babaji Maharaja, “arrastem meu corpo morto através das ruas de Navadvipa,” um grupo de assim chamados devotos avançados propuseram cometer dito sacrilégio. Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, entretanto, desafiou-os: “Segundo o shastra, quem teve associação carnal com uma mulher largada dentro das últimas vinte e quatro horas está contaminado, e portanto não qualificado para tocar meu Guru Maharaja.” Ouvindo esta ousada declaração, os brahmanas de coração enegrecido bateram em rápida retirada.

A 19 de novembro de 1915, Srila Gaura Kishora Dasa Babaji Maharaja juntou-se aos eternos passatempos bem-aventurados de Gandharvika-Giridhari. Seu amado discípulo, Srila Baktisiddhanta Sarasvati Thakura, estabeleceu seu samadhi nas margens do Radha-kunda do Sri Chaitanya Matha, perto do Yogapitha do Senhor Chaitanya em Sridhama Mayapur.

Na Vraja lilá ele serve Srimati Radharani como Guna-manjari. Seu pushpa samadhi fica ao lado do Radha-kunja Bihari Gaudiya Matha perto do Radha-kunda. (16, 15)

– FIM –

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Fonte: Hare Krishna. Gaura Kishora dasa babaji maharaja., Biografia Vaishnava, 2019. Disponível em  <https://biografia-vaishnava.blogspot.com/2019/11/gaura-kishora-dasa-babaji-maharaja.html>. Acesso em: 27 de fevereiro de 2022.

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Texto revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/gaura-kishora-dasa-babaji-maharaja/

Cristozofrenia: Perca a Cabeça. Ponha a de Cristo no Lugar

Imagine que você percebe que quer ir ao banheiro. Na verdade você não apenas quer, você precisa MUITO ir ao banheiro. No meio do seu sufoco você entra em um bar, o primeiro que aparece, e pergunta onde fica a porcelana. O atendente, percebendo que você não vai consumir nada, mas de bom humor aponta para uma portinha nos fundos. O que você faz?

A) Agradece, entra correndo, atravessa a porta e lá dentro se alivia.

B) Agradece, entra correndo, senta na frente da porta e fica lá no chão sentado esperando o tempo passar.

Antes de responder leia novamente as duas opções com calma porque em um primeiro momento ambas parecem ser exatamente a mesma coisa. Não são.

Jesus veio para a terra, ele conheceu gente, ensinou, fez milagres, falou de Deus, do reino dos Céus, prometeu o paraíso para um ladrão, morreu, voltou, andou por ai mais um pouco. Mais do que esperança, ele trouxe uma promessa para um mundo que estava atolado na merda. É como se ele dissesse: “Gente, isso aqui deveria ser simples e fácil! Até as pombas sabem viver bem, e vocês complicam tudo!” (Mateus 6:26) e outras coisas do gênero. Ele ensinou que tanto os cobradores quanto as dividas devem ser perdoados. Disse para não ter as pessoas como inimigos, mas para abraçar aqueles que lhe perseguem, e se no processo tomar uma bolacha, oferecer ainda a outra face. Mas ele também  amaldiçoava árvores (Marcos 11:13), chicoteava camelôs (João 2:13-16) e rasgava dinheiro (Lucas 20:25).

O motivo que levava Jesus a fazer e dizer essas coisas era simples. Jesus era completamente maluco. Louco, pinel, lélé da cuca, e não apenas isso, mas tinha uma loucura contagiante e queria todo mundo a ser loucos como ele. Se você está se sentindo ofendido com essa afirmacão ótimo, continue lendo, mas se quiser ir ao banheiro se segure mais um pouco, não pense nas águas do Jordão fluindo.

Para a razão do mundo, todo cristão é louco, e Jesus é o rei do hospício. Ele não joga pelas regras da natureza, mas trapaceia elas o tempo todo. Ele perverte a Lei da Selva e ensina leões a conviverem com cordeiros. Ele perverte a Lei do Forte e ensina que ser grande é ser pequeno (Mateus 18:1-4) e servir é governar (Mateus 23:11). Em Coríntios lemos que a loucura de de Deus é mais sábia do que a sabedoria dos homens, e Jesus nos mostra o caminho exato para chegarmos lá, ele nos diz: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6)

E aqui entra a resposta para a pergunta que fizemos acima. Se você precisa de alívio sente no trono. Se você se sentar na porta, tudo o que vai conseguir é dor de barriga, uma bexiga descolada e uma sujeira das grandes. Se Jesus diz eu sou o CAMINHO, a VERDADE, a VIDA e que ninguém, NINGUÉM vai ao Pai se não for através dele, por que então as pessoas criam igrejas e templos e ficam só repetindo o que ele disse e contemplando sua imagem ao invés de seguir o caminho, a verdade e a vida que ele nos mostrou?  Por que as pessoas ficam adorando a porta, mas não o lugar ao qual ela leva?

Cristo estava cercado de macacos, sempre esteve, sempre estará. Na verdade ele gostava tanto de nosso polegar opositor que fez a si mesmo como um macaco e viveu entre macacos e foi morto por macacos que o pregaram em uma árvore, bem ao estilo símeo. Ele sentiu e experimentou a vida macaca em toda sua plenitude. Ele sentiu fome (Lucas 4:2), sentiu sono (Lucas 8:23), cansaço (João 4:6) e tristeza (Mateus 26:37). A Bíblia não diz, mas provavelmente ele sentiu tesão, dor de barriga e provavelmente coçou o saco de vez em quando também – aquela região era quente pra dedéu e a roupa devia ficar colando o tempo todo.

E ele sabia o que é ser um macaco como eu e você, por isso tentou ser específico e simples ao extremo. Ele sabia que iria apontar para a lua e, ao invés de olhar para a lua, seus seguidores ficariam olhando para o seu dedo. Jesus então fez um sermão simples e direto onde explicou tudo o que fariam de errado em nome dele.

Sobre os templos evangélicos e igrejas barulhentas que seriam criadas, ele disse:

“E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens.” (Mateus 6:5)

Sobre procurar se vestir bem ele disse:

“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida,[…] quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?”

Sobre o povo que perturba os outros nas praças ou visitando todo domingo para empurrar sua versão da bíblia goela abaixo:

“E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.” (Mateus 10:14)

Sobre as pessoas que ainda pedissem dinheiro para qualquer projeto ligado à divulgação da palavra:

“de graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8)

E ainda sobre os futuros pastores, apóstolos, profetas e religiosos, padres e bispos ele disse:

“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mateus 7:22-23)

Jesus, falando pausadamente e sem palavras difíceis, simplesmente disse para que todo mundo apenas vivesse a própria vida (João 10.10), não incomodasse aos outros(João 8:7), não julgasse (Mateus 7:1), não se julgasse melhor (Mateus 18:1-4) e não usasse Deus como forma de ganhar o dinheiro do cafezinho (Mateus 10:7-10). E hoje vimos no que deu. Não porque todos os macacos, como eu e você, sejamos gananciosos e oportunistas, somos simplesmente burros e limitados. Mas a intenção de Jesus era nos libertar. Jesus sempre soube que onde não há ordem não há opressão. Ele veio não para trazer uma nova ordem, mas para acabar com qualquer tipo de ordem existente (Mateus 10:18-22 e 10:34), não nos trazer a sabedoria, mas nos inflamar com a loucura de Deus, assim como ele era inflamado.

E agora, você se levantará para usar a privada, ou continuará sentado na frente da porta do banheiro atrapalhando as outras pessoas que querem usar as instalações que nos foram prometidas? Jesus não é apenas o atendente que apontou para a porta do banheiro. Jesus é o banheiro.

I. Perdendo Nossa Cabeça

Não Alimente Dogmas, Eles São Prejudiciais

Jesus é nossa autoestrada para o paraíso. É o caminho reto e rápido para o reino dos céus. Mas quando os macacos viram aquela estrada tão bem pavimentada construíram pedágios por toda ela e exigiam alguns cachos de banana de qualquer um que tentasse usá-la. Estes pedágios são cobrados pelas instituições religiosas (Não confunda com a Igreja: a comunhão universal de todos os santos). Estas instituições, seja católica, ortodoxa, protestante, ou seja lá qual for a denominação que criem para se rotular, se auto-intitularam relações públicas de Cristo na terra, os porta vozes do porta voz de Deus,e convenhamos, todos tem feito um péssimo trabalho. Pense nas críticas que ouviu contra a religião, ou nas críticas que você mesmo tem em relação à religião, e pare para refletir se o que é ruim é a religião ou a religião institucionalizada. Quem é contra o sexo? A religião ou a religião institucionalizada? Quem é contra a liberdade? A religião ou a religião institucionalizada? Quem quer regularizar a diversão? A religião ou a religião institucionalizada? Quem quer o seu dinheiro? A sua submissão? O seu arrependimento?

Cristo transformava água em vinho, e não o contrário. Cristo mandava cada um cuidar da própria vida e não ficar tentando tomar conta da vida dos outros. Cristo fazia demônios entrarem em porcos, e não achava ruim quando alguma mulher passava óleo nos pés dele e espalhava usando os cabelos. Assim a primeira coisa que você tem que tirar da cabeça são os dogmas.

Mas Jesus sabia que os macacos adoram dogmas tanto quanto gostam de banana e de se esfregar uns nos outros. Toda sociedade constituida têm ou inventa seus próprios dogmas. Somos viciados em certezas. Ao ponto de que se não tivermos certeza de nada vamos inventar algumas nas quais acreditar, é o famoso “até que se prove o contrário…”. Estes dogmas tem sido usados para manter estruturas de poder por toda a história registrada e por aquela documentada através da tradição oral. Jesus sabia disso e assim nos deu um dogma no qual acreditar. Não um dogma qualquer, mas um dogma que é um “anti-dogma” capaz de nos salvar dos demais. O “Grande dogma” para acabar com todos os outros dogmas para sempre. A saber: Jesus morreu para pagar por seus erros. Quais erros? Todos eles. Não importa o quão devassa ou podre seja a sua vida, você está salvo, perdoado e livre dos pecados. Jesus foi humilhado, jogado de um lado par ao outro, torturado, humilhado de novo e finalmente pregado em uma cruz pra garantir isso. Você quer ter certeza de alguma coisa? Tenha certeza que você é livre.

Livre de tudo o que tentam empurrar para você como sendo aquilo que Deus quer. Procure na Bíblia uma condenação a se apaixonar, seja por pessoas do sexo oposto ou do mesmo sexo que você, a assistir televisão, a praticar sexo antes do casamento. Cristo disse: “ame ao próximo como eu vos amei”, e foi um amor que o levou a ser torturado e morto. Amor não é algo sutil e que pode ser escondido, Jesus nos amava tanto que suava sangue, ama a todos da mesma forma intensa e insana. Esse amor às vezes contagia os cristãos e os leva a querer fazer algo em retorno. Nada pode pagar um amor superdotado como o de Jesus, mas podemos ao menos declarar nossa gratidão. Isso tem sido feito desde aquela época em Jerusalém através do batismo.

Um balde de água fria.

O sentido original do batismo era a compreensão desta lavagem que Deus proporcionou a humanidade. Se você não foi batizado ainda, peça para um amigo cristão (qualquer cristão) derramar um pouco de água na sua cabeça e declarar que você está redimido em nome de Jesus. O ritual externo não é tão importante quanto o sentido interno que este ato tiver para você. O lance aqui é se livrar de toda culpa que nos impede de sermos como Cristo foi e de nos aproximarmos de Deus como ele se aproximou. E a culpa não é como piolho que sai da sua cabeça ao ser lavada, ela existe dentro da sua cabeça e para tirar ela você precisa perder a cabeça e colocar a cabeça de Cristo no lugar. Lembre-se que já fomos todos lavados do pecado com a morte dele na cruz, assim o batismo não tem nada a ver com pecado, é simplesmente uma forma de você aceitar que não tem mais culpas.

É impossivel amar Jesus na mesma medida que ele nos ama. O batismo é só uma forma tosca de expressar isso publicamente. É como aqueles cartões mal feitos do dia das mães, são tão baratos que com o dinheiro deles não conseguiríamos nem pagar o lanche do recreio quando mais tudo o que as mães fizeram e fazem por nós. Mas elas gostam de recebê-los mesmo assim.

Abra Sua Mente

Jesus nunca criou grupos de exclusão. Ele não dizia: apenas curem os justos! Ele dizia que Deus faz chover sobre os justos e os injustos! Ele não falava para julgarmos quem era justo ou injusto, ele falava para não julgarmos e ponto final. Jesus abraçava leprosos, curava gente à distância sem nem querer saber quem eram e o que faziam e ainda falava pra pessoas que putas também eram gente.

Ele pregava para pessoas de outras religiões, batia-papo com os guardas do Império que oprimia seu povo e não baixava a cabeça para o que os sacerdotes diziam que era certo. Você sabe o que é um Samaritano? Hoje “samaritano” é sinônimo de boa gente, boa pessoa. Na época de Jesus um samaritano era alguém para ser ignorado e desprezado. Mas Jesus conversava e ensinava eles. Ele amou tanto os samararitanos que mudou o sentido da palavra! Faça como ele, experimente culturas diferentes. Coexista com todos. Se Deus criou tudo, ele criou os budistas, os israelitas, os mulçumanos, os ateus e mesmo as stripers. Quando vemos um jardim com flores de várias cores damos glória a Deus, mas quando vemos um jardim com pessoas de várias cores amaldiçoamos as flores! Siga o exemplo de Cristo, conviva com todas culturas e veja como Deus é grandioso em sua diversidade, e como através de Sua diversidade conseguimos vê-Lo de forma mais completa.

Just say Wow!

Da mesma forma Jesus chamava sacerdotes de ateus hipócritas, pessoas que lucram com a fé eram açoitadas. Ele não engolia cargos criados pelos homens, ele adorava a liberdade criada por Deus. Faça o mesmo. Extravase toda a sua frustração com a maneira bizarra que as pessoas andam pregando a fé do amor, lembre-se “amar ao próximo e perdoar seus inimigos” não significa ser um idiota.

Era considerado pecado se trabalhar no Sábado. Jesus trabalhou. Era errado questionar as autoridades religiosas. Jesus questionou. Era considerado impureza andar entre doentes. Jesus andou. Ele sabia quebrar as regras do livro. Tente fazer o mesmo. Pegue sua Bíblia e a queime. Acha que vai ser castigado? Atrairá a fúria de Deus para você? Jesus não andava com a Torah debaixo do braço. Ele nunca disse que o homem deve se alimentar da palavra impressa no papel encadernado em couro, mas das palavras que saem da boca de Deus, e as palavras que saem da boca de Deus falam direto ao coração de cada um, não apenas aos olhos dos alfabetizados. Queime ou jogue fora sua Bíblia e veja como se sente. Lembre-se: Moisés pode ter trazido a Lei escrita em pedra, mas Jesus escrevia na areia (joão 8:8). Você acha que Pedro, Paulo ou qualquer outro apóstolo tinha uma Bíblia nas suas pastinhas? De forma nenhuma, eles nem tinham pastinhas. Jesus foi específico ao dizer que “Nada leveis convosco para o caminho, nem bordões, nem alforje, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas túnicas.” (Lucas 9:3). Se na hora de se livrar do seu livro você se sentir estranho, não se preocupe, são as amarras se partindo, você pode achar que queimar a bíblia ou jogá-la fora é loucura, e espere só para ver, isso não chega perto das loucuras que você ainda vai cometer, quando terminar você estará caminhando sobre as águas de alegria. Uma bíblia de papel pode ser queimada, mas não a palavra no coração. Pois é ela que queima tudo o que toca.

Seja Herege e abrace a Heresia

Heresia é por definição “qualquer doutrina contrária àquela aceita como oficial”. Para entender melhor vamos dar um exemplo mais claro. Onde Cristo nasceu e viveu, o Judaismo era a doutrina oficial, entregue por Deus para os homens diretamente via Moisés. Assim, ir contra a religião que havia sido entregue aos homens era heresia. Se ao invés de apedrejar uma mulher adúltera você condenasse aqueles que queriam levar a cabo a Lei de Deus, você era um herege. Se você desrespeitasse um dia que era reservado apenas a orações, você é herege. Se você falasse, “pare de acreditar em Deus por causa dos milagres d’Ele, acredite em Deus porque você está de barriga cheia”, é um herege.

Jesus fez tudo isso, e muito mais. Ele chegou a um ponto de parar de tentar fazer os sacerdotes seguirem a lógica dele a passou apenas a dar respostas rápidas e malacas, apenas para se tocarem de como eram idiotas. No fim Jesus rasgou o véu do Templo mais sagrado. Como Jesus, pare de respeitar a fé alheia, e respeite aquilo que Deus fala em seu coração. Respeito é algo que deve ser conquistado, não dado de graça só porque alguém te diz que ele ou ela é a sua ligação com Deus. Se a pessoa que disser isso não for o próprio Cristo, então você não deve nada a ela, nem à obra que ela ergueu.

Quando falarem que por exemplo Homossexualismo é pecado, lembre às pessoas que Jesus teve dois pais. Quando falarem que sexo antes do casamento é errado diga que quem disse isso foi Paulo de Tarso e ele deixou claro que essa era a opinião dele, não de Deus. Quando falarem que você precisa ir orar na igreja porque está se desviando, diga que Cristo desprezava quem vai pra igreja orar, que depois você faz isso como ele fazia, no seu quarto, sem ficar se exibindo para os outros. (Mateus 6:5-15)

Higienize-se

Da mesma forma que você já se livrou da sua Bíblia, pare de ir ao seu culto ou à sua igreja. Evite também ir a comícios políticos ou a “encontros de estudo” organizados pelos líderes religiosos. Um pouco de isolamento pode fazer muito bem de vez em quando. Considere que mesmo Jesus ficou quarenta dias isolado no deserto para poder esclarecer as ideias antes de começar seu ministério.

A religião institucionalizada são responsáveis por grande parte da merda que a liberdade de hoje se tornou, mas não é a única. Se você não sabe tomar conta de si mesmo, aprenda. Não espere que os outros façam isso por você. Se não sabe pensar sozinho é melhor não pensar nada, com certeza sofrerá menos prejuízo do que se sair pedindo para os outros pensarem por você.  Marque um encontro com Cristo e passe um tempo em silêncio com ele. Se preciso jogue seus livros doutrinários fora ou os distribua  para os mendigos se aquecerem Melhor ainda passe uma noite com os mendigos, longe das influências do mundo que te cercam e te controlam. Lembre-se que faculdades e escolas devemo um objetivo, caso esteja estudando apenas por um diploma desista e compre um supositório. Pare de repetir o que vem sendo dito há séculos e milênios e comece a dizer coisas novas, era o que Jesus fazia.

Abrace o inimigo

Quando Jesus estava jejuando no deserto e o diabo apareceu, o que ele fez? Saiu correndo? Ficou gritando TE EXPULSO EM NOME DE DEUS? Ele ficou gritando: MENTIRAAAAAAAAAAAAAAAAA! pra tudo o que o diabo dizia? Não. Ele saiu para passear com ele e ouvir o que ele tinha a dizer.

Ele vencia as tentações em vez de fingir que elas não existiam. Se você acredita que o cirstianismo é a única maneira de se ter acesso à Palavra de Deus, lembre-se do que disse Jesus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar.” ele não disse: Na casa de meu Pai há um único e enorme cômodo homogênio!

Se a verdade absoluta fosse tão importante, teríamos algumas partes da Bíblia falando dela. E temos! Mas vejamos qual é a a bordagem do Cordeiro de Deus:

“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32. Ou seja, se a sua verdade está te escravizando, tornando você menor e mais fechado, então não é a Verdade da qual ele falava. A Verdade de Cristo era era ele mesmo (João  6:47, 8:58, 10:7, 17:17). Ele é aquele grande dogma que falamos acima e que realmente liberta.

Toda a crença forte em algo possui um crença oposta, que é tão forte e verdadeira. Isso é o resultado do dualismo em que nossa mente existe. E isso não acontece apenas com religião. Fale de socialismo a um capitalista, fale de gnose a um agnóstico. Fale de fé com um pseudo ateu. Se toda força cria uma força oposta de igual intensidade, então a sua crença, seja religiosa, política, sexual, ou do tipo que for, vai ser falha. No momento que você começa a enxergar Deus naquilo que se opõe à sua crença, vai descobrir a besteira que é achar que tudo tem um oposto. Homossexualismo é errado? Os mulçumanos deturpam a palavra? Stephen Hakiwns quer desviar todos os filhos do caminho de Deus? Aquela menina é vagabunda e invejosa?

Temos a tendência de dividir as pessoas entre amigos e inimigos. Em cada momento da história arranjamos uma boa desculpa: Romanos versus Bárbaros; Padres versus Bruxas; Templários versus Mouros. Jesus ensinou que isso é uma grande bobagem. Na época dele todo mundo já “amava seus amigos e odiava seus inimigos.” (Mateus 5:43-44). Mas ele ensinou que devemos fazer o bem até aos que nos odeiam e perseguem.

Pense no seguinte: se Deus nos ama, por que permite o sofrimento no mundo? Se sua crença é idiota e falha pode argumentar que o sofrimento serve para nos fazer crescer, ou que o sofrimento será recompensado de forma a não nos incomodar mais no paraíso, ou mesmo que Deus como todo bom pai que dá o livre arbítrio aos filhos não gosta de vê-los sofrer, mas também não impede que eles exerçam o livre arbítrio, apenas os consola no final das contas.

Se livre de uma mente lógica e dualista. Por que Deus permite que exista o sofrimento? Quem disse que existe o sofrimento. Se levar um choque cada vez que você coloca o dedo na tomada te incomoda e causa dor, pare de por o dedo na tomada e falar que a culpa é do eletricista ou que ele não existe, pois se existisse teria feito uma tomada que solta algodão doce e não correntes de elétrons.

Conheça Suas Necessidades

Deus criou seu corpo como criou. Foi ele que decidiu que o anus ficaria na altura do pênis e que nossos braços seriam suficientemente compridos para tocar em nossa genitália. Quando ele criou o primeiro casal ele NUNCA disse: isso pode fazer, aquilo não. A boca não foi criada para isso. POR MIM, EVA, ESSA POSIÇÃO ME OFENDE, PARE COM ISSO E NÃO FAÇA NUNCA MAIS! Ele fez as pessoas e as deixou para crescer e multiplicar, não deixou o guia moral de como exatamente crescer e se multiplicar.

Deus vê tudo, presente passado e futuro. Como vimos com José no egito, com Daniel, Ezequiel e João e todos os profetas, Deus dava dicas do futuro,  se Ele achasse inseminação artificial algo pavoroso teria dito: não deitarás tua semente num copinho para ser aproveitada posteriormente. Se achasse que sexo anal era errado teria feito o ânus quadrado e com dentes ou deixaria bem claro nas escrituras, sem que os teólogos tivessem que distorcer tanto a palavra, para achar alguma menção que pudesse ser usada para se passar essa mensagem. Se achasse que rock seria ofensivo a Ele mesmo, teria criado um universo onde guitarras elétricas não poderiam ser concebidas, como no nosso universo é impossível ser concebido um bispo Edir Macedo com um corpo de Gisele Bunchen com três pernas tortas. Se nudez fosse algo feio Deus não perguntaria para Adão e Eva: por que estão escondendo esses peitinhos? Ele teria criado eles e dado um guarda roupas na sequência.

Tudo o que o seu corpo precisa, ele precisa porque foi criado assim. Seu apetite, sua fome, seu desejo, suas aspirações, seu ódio, seu descontentamento. Jesus viveu de forma plena, pregando o respeito, mas nunca a submissão, e nem por isso foi um degenerado ou um pervertido, ele sabia do que gostava e fazia isso sem peso na consciência.

Saiba o que você precisa e corra atrás, e se não tiver como obter busque alternativas para satisfazer e canalizar essas emoções e desejos e apetites, não de reprimi-los ainda mais.

Não Sinta Medo

A culpa é como um parasita alienígena ao corpo. Isso é tão verdade que sempre que você faz algo que geralmente gera a culpa e tenta ignorá-la, sofre uma onda de medo como mecanismo de defesa para impedir que você vá longe demais sem se entregar. Mais do que isso, é como um virus que se espalha contaminando as pessoas. E a coisa piora: as pessoas não culpam apenas a si mesmas, mas fazem questão de culparem umas as outras. Damos uma topada do dedo e se houver alguém próximo o bastante de nós, sentimos vontade de culpa-la por isso. “Olha o que você me fez fazer!”. É o nosso mantra natural.

Tente queimar sua Bíblia e diga que não sente o frio no estômago. Mande o pastor ir catar coquinho e tente se virar para sair sem a sensação de que um sapato voador está rumando para sua nuca. Se você não se culpar, sem dúvida alguém fará isso por você.

Se a culpa é como uma doença, Jesus é a cura. Viver como Jesus é dar a cara a tapa, receber o tapa e oferecer a outra face para um tapa ainda maior e não baixar a cabeça nunca. Se deixar a sanidade dos homens para trás é dificil, encarar uma vida como a de Cristo para chegar a Deus é mais difícil ainda, mas até ai, se isso fosse fácil não precisaríamos de Cristo aqui na terra para servir de exemplo. Sempre que o medo começar a se manisfestar lembre-se das palavras do maluco beleza por excelência: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.”(Mateus 5:10-12)

Tenha em mente que o cominho para a glória e a iluminação da Loucura de Cristo não é um caminho fácil ou confortável. Você não pode ser louco e são e racional ao mesmo tempo. Judas ouviu os sacerdotes, tentou deixar a loucura para trás porque se incomodava com ela. Ele era muito racional. Achava que a libertação dos judeus só seria conseguida por uma oposição direta contra os romanos. Ele aceitou o dinheiro, para financiar sua lógica, teve uma crise, largou o dinheiro e então acabou se matando. Não tem preço, conforto, razão que possam com a insanidade daquele que acalmava tempestades quando queria atravessar o lago.

Parte II: Colocando a cabeça de Cristo no lugar

Deus nos fez à sua imagem e semelhança. Cada ser humano tem o potencial de Deus dentro de si, a fagulha divina, por assim dizer. Cristo relembrou as palavras do salmista (Salmos 82:6) e disse “Não está escrito na vossa lei: ‘Eu disse: Sois deuses?’” (João 10:34). Ele nos mostrou como transformar esse potencial em uma chama sem controle que não responde a ninguém senão ao Altíssimo. Colocar a cabeça de Cristo no lugar da sua é justamente aprender como atingir essa iluminação, como fazer essa chama que existe dentro de você se tornar uma estrela dançarina, como uma vontade de potência a se materializar.

Existem duas maneiras de enlouquecermos: uma lenta e gradual e a outra repentina. A maneira lente a gradual é aquela em que você descobre que se Deus criou tudo, está em tudo: da galáxia mais radiante ao macaco mais ignorante. No processo de perder a sua cabeça você segue este caminho gradual. A outra forma é simplesmente se iluminar de uma hora para outra.

Pense no seguinte:

A) Pode Deus criar uma pedra tão pesada que nem mesmo Ele possa erquê-la?

B) Se Deus sabe tudo o que você vai fazer, então existe mesmo o livre arbítrio ou todos os seus passos já foram dados?

C) Se Deus é bom por que prendi minha língua na máquina de escrever?

Cristo vivia em ligação direta com Deus – que é a maneira que Deus gostaria que cada um de nós vivêssemos – portanto ele saberia responder a essas três questões ao mesmo tempo que dividiria dois Big Macs para todo o acampamento do Movimento dos Sem Terra, e sem desviar os olhos do que estava fazendo.

A única maneira de você tentar compreender as respostas para essas questões é deixando a lógica dos macacos para trás e colocando a cabeça de Cristo no lugar da sua. Enlouqueça. Veja a Verdade – ao invés de tentar compreendê-la. E a Verdade o Libertará.

Até agora vimos como perder nossa cabeça. Se livre de suas certezas, medite/ore mais, em silêncio e sem a companhia de ninguém. Aprenda a ouvir o silêncio. Dê valor para uma mente vazia, não para um cabeça oca. Aprenda a enxergar a estrela que mostraria o local do nascimento do Cristo, como os sábios do oriente fizeram, e verá que ela paira sobre a sua cabeça.

Você pode fazer isso deixando o Espírito Santo agir sobre você. Quando os apóstolos foram visitados pelo Espírito Santo após a a crucificação e começaram a falar em várias línguas desconhecidas as pessoas acharam que eles estavam bêbados (Atos 2:13). Um irmão, durante um encontro freak ponderando sobre a primeira questão disse:

“Pensei: carregar pedra é característico de quem é incapaz, tipo escravos, operários e diretores de multinacionais. Quem tem que carregar pedra é porque não pode mudar ela de lugar sem ter que carregá-la. Então a pergunta real é: ‘Deus pode limitar a si mesmo para fazer o que um macaco faz?’ E a resposta é sim. O cristianismo conta que ele fez exatamente isso.  Deus se fez macaco para mostrar que os macacos podem ser campeões. Deus se fez fraco, incapaz de carregar uma cruz (Mateus 27:32) e nem por isso deixou de ser Deus, que podia erguer o universo com a pedra e a cruz que estava em cima dessa pedra junto com ele. Então ele SIM, pode criar uma pedra que não pode carregar. E logo depois pode SIM carregá-la.”

Isso faz sentido para você? Não deveria, isso não tem sentido, tem loucura.

Hoje o twitter se tornou uma febre mundial. Trancreva seus pensamentos e experiências em até 140 caracteres. Essa idéia pode ser fantástica, mas está defasada em pelo menos 3 séculos. Os mestres zen perceberam que é impossível tentar compreender algo que você ainda não compreende usando a sua mente naquele momento. Se fosse possível você já teria compreendido e não precisaria perguntar para o mestre. Ou seja usar uma lógica que você compreenda não serve de ponte para te levar ao que julga incompreensível. Uma vez perguntaram a um mestre zen o que era Buda, ele respondeu: “cinco libras de linho”! Você consegue compreender essa resposta? Jesus conseguiria, rindo da piada e respondendo outra ainda melhor, e ambos ririam juntos.

Esses atalhos para a iluminação são os koans zens, frases ou respostas curtas para perguntas, que aparentemente tão sem sentido e que só podem à iluminação caso a pessoa medite cobre ele até desligar sua razão tosca e expandir sua mente para além dos limites do comum – ou a chatice da sua vida de volta, sem custos adicionais. É como o gosto de uma lingua que se autosaboreia. Pense em duas mãos batendo palmas. Agora pense no som que faz apenas uma mão batendo palma.

Durante o seu processo de buscar a loucura você pode praticar um exercício rápido para dar um curto circuito no seu sistema lógico e se aproximar da Cristozofrenia em flashes. Imagine que você caminha em um lugar desconhecido em uma noite escura de tempestade. De repente, um relâmpago rasga o céu, iluminando tudo por um segundo, permitindo que naquele segundo você se localize e saiba em que direção seguir antes da escuridão engolfar a tudo novamente e você continue seguindo pelo caminho até a próxima iluminação repentina. Mather Luther King Jr. esse freak dos anos sessenta disse certa vez: “Suba o Primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas de o primeiro passo.”. Na cultura do movimento freak estes relâmpagos ganharam o nome de ‘Freakoans’. Prazer em conhecê-lo.

Jesus usava parábolas para tentar fazer os macacos de Jerusalém entenderem suas mensagens. Vá para uma missa e vai ver que até hoje a mensagem não foi entendida. C.S Lewis, um dos freaks mais bizarros do século XX uma vez disse: “O que não é eterno está fora de moda”. Concordando com isso, o movimento Jesus Freak, tentando atualizar essa forma de levar as pessoas à iluminação insana, deixou as parábolas de lado, por serem muito longas e às vezes chatas e depois de um tempo quem as está ouvindo nem se lembra mais da pergunta que fez, e as substituiu por Freakoans.

Outro irmão freak diante da segunda questão teve como resposta: “Da mesma forma que o que você come hoje influencia no que cagou ontem!”

Refletindo sobre o assunto ele escreveu:

“Se Deus é onipresente então não existe para Ele distinção entre presente, passado e futuro, apenas existe o Ser. Assim, ele saber o que você vai fazer amanhã afeta o seu livre arbítrio tanto quando aquilo que ele sabe que você fez ONTEM! Assim a onipresença de Deus não afeta o livre arbítrio de maneira nenhuma”

Faz sentido? É bom que não.

Frekoans são ferramentas que tem como único objetivo desligar o macaco que existe em você, desligar a lógica, o raciocínio, o senso comum – e tudo o mais que foi criado com o único objetivo de te fazer criar uma solução pra pegar uma banana dentro de uma fogueira sem se queimar – e te conectar diretamente, fisiologicamente e neurologicamente a Deus.

Sobre a terceira pergunta uma irmã que não bate bem da cabeça respondeu:

“Acreditar em Deus é acreditar no caráter de Deus. Se você está na pior, se está gravemente doente, sem um puto no bolso, isso não é por acaso. Você acha que quando um deficiente mental morre a alma dele continua deficiente mental? É claro que não. E talvez todos nós sejamos doentes mentais e só enxergaremos com clareza depois que formos para o outro lado. Até lá não podemos dizer com certeza o que é bom e o que é mal para nós. Qualquer reclamação com Deus é um ato ridículo de arrogância, é como dizer que sua mãe é pior do que Hitler porque ela te obriga a comer brócolis. Talvez sua vida seja muito melhor com a língua presa na máquina de escrever, já que tudo o que você fez a sua vida toda, seus pais fizeram a vida deles toda e os pais de seus pais fizeram a vida deles toda, resultaram no ponto presente em que você se encontra com a língua presa”

Nada coerente.

Para exemplificar ainda mais, vamos simular agora os Freakoans em ação. Veja uma conversa sem Freakoan, com um macaco de um lado e um macaco de outro:

Macaco1: Se Deus existe, por que ele não cura amputados?

Macaco2: Mas ele cura amputados, estrelas do mar e lagartixas regeneram partes amputadas.

M1: Não estou falando de animais, mas de pessoas que oram para ele pedindo para que o membro cresça novamente.

M2: Mas por que apenas as pessoas que oram deveriam ter os membros curados e regenerados? E as que rezam?

M1: Você sabe do que estou falando. Se Deus existe, ele deveria curar amputados.

M2: Mas se uma pessoa pára de ter uma vida saudável apenas porque perdeu um braço ou uma perna, ela não precisa de Deus, precisa de um psicanalista. A vida deveria ser mais do que apenas um braço ou uma perna.

M1: Isso não vem ao caso. Se Deus regenerasse uma perna, todos saberiam que ele existe, e a dúvida terminaria.

M2: Jesus e os apóstolos ressuscitavam pessoas, isso é curar a morte, na época que aconteceu ninguém levou a sério, hoje chamam isso de conto de fadas, porque acha que se Ele curasse amputados hoje, amanhã as pessoas seriam diferentes?

M1: Então por que Deus simplesmente não aparece, ou faz algo que tire a dúvida de todos? Ele não é Todo-Poderoso?

… conversa vai ao infinito e ninguém sairá com uma resposta, ninguém crescerá mentalmente, filosoficamente ou espiritualmente e não haverá satisfação na conversa.

Veja agora uma conversa com Freakoan, com um macaco de um lado e um macaco de outro:

Conversa 1

Macaco1: Se Deus existe, por que ele não cura amputados?

Macaco2: O sol do meio-dia não faz sombra!

M1: ???

M1: Viu? Dá respostas idiotas porque não consegue responder esse absurdo!

M2 segue sua vida, M1 segue sua vida, a conversa tem fim e os dois ganharam com isso.

Conversa 2

Macaco1: Se Deus existe, por que ele não cura amputados?

Macaco2: O sol do meio-dia não faz sombra!

M1: ???

M1: !!!

M1: ?!

Cristozofrênico: HAHAHAHAHAHAHAHAHA, MAS É CLARO! COMO NINGUÉM PENSOU NISSO ANTES? HAHAHAHAHAHAHA

A conversa tem fim e os dois ganharam com isso.

Agora que você já pegou a idéia, segue uma lista de questões comuns entre as pessoas e Freakoans com a resposta para elas. Medite de verdade sobre eles e veja o que acende dentro de sua cabeça:

1ª Se Deus é imutável, porque ele precisou “mudar as regras” enviando-se Jesus na Terra?

Freakoan: Falar com clareza não é problema da língua.

2ª Por que um Deus todo-poderoso teve que se tornar carne para poder se sacrificar em seu próprio nome, de modo a livrar sua criação de sua própria ira? Será que Deus, em sua sabedoria infinita, não teria uma solução menos primitiva?

Freakoan: Muitas vezes, para um computador voltar a funcionar, basta desligá-lo e religá-lo.

3ª Se tudo é “parte do plano de Deus”, como dizem os crentes, então Deus planejou todas as desgraças, todas as catástrofes e todos os nossos pecados e não precisamos sentir culpa por nada nem fazer nada para corrigir as coisas?

Freakoan: Se você devolver este livro após a data de devolução, será multado. Se você não devolver este livro após a data de devolução, será multado.

4ª Por que os teístas dizem que eu preciso vasculhar todos os lugares do universo e não achá-lo para dizer que Deus não existe, se eu só precisaria não encontrá-lo em apenas um lugar, visto que é onipresente?

Freakoan: Por que não?

5ª Cristãos dizem que se um bebê morrer, ele vai para o céu. Por quê então são tão contrários ao aborto, se isso privaria todas as crianças de irem para o Inferno?

Freakoan: A morte só mora onde reina a sombra do coração humano.

6ª Como Deus pode ter emoções (ciúme, raiva, tristeza, amor) se ele é onipotente, onisciente e onipresente? Emoções são uma reação, mas como Deus pode reagir a algo que ele já sabia que iria acontecer e até planejou?

Freakoan: Qual o som do silêncio?

7ª Por que Deus permite que uma criança nasça se ele já sabe que ela vai para o inferno? Onde está seu amor infinito?

Freakoan: Dizer que não existem cristãos não é o mesmo que dizer que não existe cristianismo.

8ª Por que a Bíblia não fala nada sobre dinossauros?

Freakoan: No jardim, uma margarida.

9ª Por Quê Deus Não Cura Os Amputados?

Freakoan: O sol do meio-dia não faz sombra!

10ª Por quê há tanta gente no nosso mundo Morrendo De Fome?

Freakoan: Nenhum caminho leva a lugar nenhum.

11ª Por que Deus ordena a morte de tantas pessoas inocentes na Bíblia?

Freakoan: As palmeiras existem dentro ou fora de sua mente?

12ª Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?

Freakoan: Sua pergunta já traz, em si, a resposta.

13ª Por que nenhum dos milagres de jesus na bíblia deixou alguma evidência?

Freakoan: Pedras que rolam não criam limo.

14ª Como explicamos o fato de Jesus nunca ter aparecido de fato para você ?

Freakoan: Cem palavras não valem mais do que uma única imagem, mas após ver o professor, aquela olhada nunca valerá mais do que cem palavras. Seu nariz erguido, ia alto. Mas ele era cego, afinal de contas.

15ª Por que os cristãos se divorciam na mesma proporção daqueles que não são cristãos?

Freakoan: Por que a Igreja é contra astrologia se Jesus era de capricórnio?

16ª Se Deus é onipotente e todo-poderoso, por que levou seis dias para criar tudo? Não poderia ter feito tudo simplesmente aparecer de uma vez?

Freakoan: Se nada existe, de onde veio esta questão?

17ª Como Noé consegui colocar os milhões e milhões de espécies que existem no planeta, aos pares, dentro de uma arca?

Freakoan: E morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará.

18ª Se Noé colocou todos os animais dentro da arca por 40 dias e 40 noites, como é que os pinguins conseguiram ir do monte Ararate até o pólo do planeta, e como os Kolalas saíram de lá para chegar à Austrália sem eucaliptos para irem se alimentando no caminho?

Freakoan: Os últimos serão os primeiros, e os primeiros, os últimos.

19ª Deus que ser adorado e seguidos por todos, e quem se recusar será queimado no inferno eternamente. Isso não define Deus como um tirano megalomaníaco?

Freakoan: Qual era a tua natureza original, antes dos teus pais terem nascido?

20ª Se no princípio havia apenas Deus e Ele criou tudo o que há, porque Ele criaria anjos com a propensão de desafiá-Lo?

Freakoan: O caminho passa por fora da cerca.

21ª Se Deus criou tudo, por que Ele criou AIDS, ebola, antrax, a peste negra, etc? Isso é parte do plano de Deus?

Freakoan: Todo dia é um bom dia.

22ª Por que Deus responde as preces de um trabalhador de classe média, consegue ajudá-lo a conseguir um emprego e a dar um bom estudo para sua família, mas se recusa a responder as preces das pessoas que sofrem por doença, de fome e que vivem abaixo do nível da miséria?

Freakoan: Um cipreste no jardim.

23ª Se o Cristianismo é a única religião verdadeira, então por que encontramos praticantes de outras religiões se sentindo plenos e satisfeitos com suas próprias crenças?

Freakoan: O homem observa a flor, a flor sorri.

24ª Se Deus existe porque as pessoas fazem sofrer umas as outras?

Freakoan – Por que vocês fazem isso?

Criando Freakoans

Jesus Freak é um movimento individual, não acredita em igrejas ou templos, como era na época em que Jesus saiu pregando sua loucura e contagiando as pessoas com seu amor. Não espere encontrar um templo com um Freak que irá responder as suas perguntas, essa pessoas deve ser você mesmo, ou você mesma. Assim vejamos agora alguns exemplos de como você pode criar o seu Freakoan caso surjam novas dúvidas.

Exemplo 1: Ore a Deus pedindo entendimento. Em seguida lei a a Bíblia. Medite sobre a resposta que teve.

Exemplo 2: Sempre que a dúvida surgir, pergunte para a primeira pessoa da rua com quem cruzar aquilo que complica sua cabeça. Tome como freakoan a primeira coisa que ela responder, agradeça e dê um real para ela dizendo: Jesus paga um pau pra você! Medite sobre a resposta que teve.

Exemplo 3: Pegue revistas, livros ou a sua própria Bíblia antes de queimá-la e recorte aleatoriamente frases, palavras ou imagens. Quando tiver uns 50 ou 60 recortes, coloque em um saco ou numa caixa. Sempre que surgir uma dúvida relaxe, esvazie a mente e diga: “encara essa agora Jesus!”, e tire um papel do saco/caixa. Medite sobre a resposta.

Exemplo 4: Apenas medite sobre a resposta.

 

Por fim, um último aviso. De forma alguma deixe estes Freakoans se tornarem respostas decoradas a questões que você não entende. Uma mesma questão pode ser respondida por 300 Freakoans diferentes, lembre-se, eles não devem ter lógica. Tão pouco faça com que seja apenas uma forma de fugir das perguntas. Algumas perguntas são elas mesmas freakoans, por exemplo: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? ” Marcos 3:33. Aprenda a deixar o Espírito Santo falar por você, e não busque sentido. Você acha que depois de 40 dias meditando sem comer debaixo de uma árvore Jesus ancontrou alguma resposta que fizesse sentido? E mesmo assim ele deixou o Diabo puto, resmungando coisas sem sentido, para trás. Ore por isso. Nós estaremos no outro galho, da grande árvore da vida, comendo uma banana, orando por você.


Sentindo-se freak? Conheça Jesus Freak: o Guia de Campo para o Pecador Pós-Moderno


 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/jesus-freaks/cristozofrenia-perca-a-cabeca-ponha-a-de-cristo-no-lugar/

Gadadhara Dasa Gosvami

Sri Chaitanaya Mahaprabhu tem basicamente dois grupos de associados. Um grupo tal como os dvadasa gopalas (Abhirama Gopala, Gauridasa Pandit, Dhananjaya e outros) servem Sri Nityananda Prabhu no humor de sakhya rasa (amizade). O segundo grupo sempre permanece fundido na doçura da madhurya rasa (amor conjugal).

Sri Gadadhara Goswami é uma forma unida de Chandrakanti gopi (uma expansão da refulgência de Radharani) e Purnananda (uma expansão da querida namorada do Senhor Balarama). Assim, Gadadhara Dasa era um associado de ambos Sri Chaitanya Mahaprabhu e Sri Nityananda Prabhu. Krishna Dasa Kaviraja descreve o Senhor Chaitanya como radha-bhava-dyuti suvalita, “caracterizado pelas emoções e brilho corpóreo de Srimati Radharani.” Gadadhara Dasa é este diuti, brilho. Gadadhara Dasa às vezes é chamado “a personificação da divina refulgência de Sri Radhika.”

Enquanto viajava com Senhor Nityananda, Gadadhara às vezes ficava absorto em madhurya prema e começava a agir e falar como uma Vraja gopi. Colocando um pote de barro de água do Ganges sobre sua cabeça como se fosse uma gopi, ele clamava: “Quem quer comprar leite? Quem quer comprar iogurte?”

Como um dos principais pregadores do Senhor Nityananda na Bengala, Gadadhara Dasa salvou incontáveis pecadores, ateus, e yavanas. Uma vez enquanto saboreava Krishna prema ele começou a dançar loucamente e cantar os santos nomes de Krishna fora da mansão do Kazi. O irado magistrado muçulmano irrompeu tempestuosamente para fora de sua casa a fim de repreendê-lo por “perturbar a paz.” Porém comtemplando a deslumbrantemente atraente forma de Gadadhara Dasa, o Kazi ficou pasmo e abandonou sua ira.

Gadadhara afetuosamente abraçou o Kazi e disse: “Gaura-Nityananda apareceram para salvar todos com divino amor distribuindo o doce néctar do santo nome de Hari. Porque não cantas este doce nome de Hari?”

“Amanhã vou cantar o nome de Hari,” respondeu o Kazi.

Ouvir o Kazi inadvertidamente cantar o santo nome encheu Gadadhara de felicidade. Ele disse: “porque amanhã? Já cantaste hoje. E esse poderoso nome de Hari irá destruir teus pecados e purificar tua existência.” Daquele dia em diante o Kazi tomou refúgio em Sri Gadadhara Dasa Goswami. Seu samadhi fica na Área dos 64 samadhis.

– FIM –

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Fonte: Hare Krishna. Gadadhara Dasa Gosvami., Biografia Vaishnava, 2020. Disponível em  <https://biografia-vaishnava.blogspot.com/2019/10/gadadhara-dasa-gosvami.html>. Acesso em: 27 de fevereiro de 2022.

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Texto revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/gadadhara-dasa-gosvami/

O Caminho Sinistro – Parte 2

Continuação do Post: O Caminho Sinistro – Parte 1

Preparação

Saudações, leitor. Já a partir deste, você encontrará similaridades com o artigo anterior. Nossa caminhada seguirá um padrão monográfico, para otimizar a compreensão e os processos cognitivos envolvidos. Em “Preparação” serão abordados temas introdutórios, ou uma explicação retrospectiva, para que você tenha tempo de abandonar o que estava fazendo anteriormente e conectar-se ao conteúdo. Em “Meta-Percepção” serão abordados jogos e exercícios intuitivos para aprimorar sua capacidade perceptiva no que se refere a coisas que são ditas em um padrão diferente da linguagem direta. Meta-percepção é a habilidade de perceber que está percebendo alguma coisa. E, finalmente, em “Considerações” será proposta uma ideia a ser trabalhada até o próximo passo n’O Caminho Sinistro, além de feitas, se necessárias, observações e explicações pertinentes.

Desde a publicação do primeiro artigo, pessoas próximas têm me perguntado por que optei por uma abordagem tão básica, e a resposta é simples: porque ninguém o faz. A senda sinistra é muito mais complexa do que o satanismo e o luciferianismo jamais serão juntos e há interpretações errôneas e tabus suficientes para induzir o mais atento dos adeptos ao erro. O objetivo desta caminhada inicial é encher os pulmões com uma nova golfada de ar para galgar uma colina, onde poderemos secar o suor à ilharga do braseiro, mas acima de tudo aproveitar a vista privilegiada. Preparado?

Meta-Percepção

Antes de qualquer coisa pare e se pergunte por que você está aqui, lendo isso.

Se você leu atentamente a primeira parte d’O Caminho Sinistro, deve saber que essa pergunta não tem uma resposta correta sequer, apesar de ter várias.

Não se trata da resposta, mas da pergunta, caro leitor.

Há uma máxima contemporânea que diz que feliz é aquele que sabe o que procura, pois o que não sabe, não vê o que encontra. Ao se deparar com a necessidade de saber o motivo de estar aqui, lendo isso, onde você busca os recursos para preencher a lacuna? Há mesmo uma lacuna a ser preenchida? Você “percebe” que a única pessoa a quem precisa realmente responder essa pergunta é a si mesmo? Percebe como isso muda completamente o contexto da pergunta e o universo de respostas? Percebe que, mesmo com a mudança de paradigma, a pergunta ainda carece de resposta?

Talvez a decomposição da proposta simplifique-a: “você está aqui”?

É chamada de propriocepção a capacidade de reconhecer, sem auxilio visual, seu posicionamento no espaço e esta funciona mesmo em nível inconsciente. Quando seu corpo é inclinado lateralmente, o cerebelo ativa o reflexo corretivo, fazendo com que você incline a cabeça para que sua linha de visão se alinhe novamente com o horizonte. Você não apenas está no espaço, como tenta inconscientemente se harmonizar com ele. Da próxima vez que isso acontecer você vai, provavelmente, tentar assumir o controle. Este é um exemplo mais complexo, mas funciona com qualquer função orgânica que normalmente façamos automaticamente, como respirar, contrair ou relaxar um músculo, piscar os olhos e assim por diante. No momento em que você assume o controle consciente de uma função orgânica e pensa ativamente sobre isso, você ganha ciência sobre o espaço que ocupa e começa a ter lapsos sobre como funciona sua própria consciência. Você percebe ativamente que está aí?

Antes de prosseguir pare e se pergunte por que você está aqui, lendo isso.

Panchamakara

No texto anterior conhecemos de forma breve as práticas dos Aghori, praticantes extremistas do Vamachara da linhagem Kapalika; hoje daremos um passo adiante na direção do Tantra sinistro de uma forma geral, para que você esteja definitivamente familiarizado com a origem da doutrina sinistra e, desta forma, possa tanto evitar engodos quanto construir suas próprias impressões sobre a mesma.

Na tradição védica designa-se pelo termo sânscrito “sadhana” qualquer meio espiritual para se alcançar o “moksha”; a libertação do ciclo de renascimento e morte. O Vamachara, ou caminho sinistro, é um sadhana, mas isso não impede que existam outros sadhanas específicos dentro da doutrina. O mais notório deles é o Panchamakara, ou “cinco M”.

Por melhor que o caminho destro tenha tentado adaptar os significados esotéricos dessa prática tradicionalmente sinistra, é difícil transpor todo seu significado sem distorcer a moral no sentido como conhecemos. O princípio básico de prática está na afirmação de Shiva (no Maheshvara Tantra) de que através da paixão é possível transcender. Os “cinco M” são os cinco aspectos envolvidos na união amorosa com a shakti (a mulher, e esta deve sempre ser vista como uma encarnação divina), a saber:

– Madya: Vinho. Transforma e ativa o tattva do ar e simboliza a intoxicação mística causada pelo amor e o néctar divino (amrita), de face feminina e ligada à shakti.

– Mamsa: Carne. Transforma e ativa o tattva do fogo e simboliza a consciência e a contemplação, de face masculina e ligada à Shiva.

– Matsya: Peixe. Transforma e ativa o tattva da água e simboliza a extensão por onde Kundalini ascende e/ou descende sob o controle do pranayama.

– Mudra: Não possui tradução literal, mas no Vamachara representa um companheiro espiritual, guru ou parceiro de sexo tântrico. Os dakshinacharyas, praticantes da mão direita, substituem esse elemento pelo cereal integral ou maltado… pois é. Transforma e ativa o tattva da terra.

– Maithuna: Traduz-se grosseiramente por ato sexual e é o elemento mais mal interpretado do Panchamakara. Obviamente não se refere à relação sexual comum, mas à união entre mente individual e mente cósmica. E, de qualquer forma, a prática tântrica ensina que o bindu (o núcleo manifesto da criação) deve ser preservado, e isto é feito evitando-se o orgasmo. Transforma e ativa o tattva do éter.

Talvez seja difícil imaginar inicialmente, mas o uso literal dos elementos do Panchamakara ajuda o praticante a destruir noções de egoísmo e falsas noções de pureza e são usados na maioria das vezes para recondicionamento mental e/ou para quebrar ciclos de pensamentos ou comportamentos negativos. Lembrando que um rigoroso nível de disciplina é exigido enquanto o praticante envolve-se nesse tipo de atividade sob o risco de incorrerem dependência psíquica e distúrbios orgânicos. Perceba que eu não descrevo o ritual em si; isso é proposital, tendo em vista que nossa caminhada não é doutrinária em sua natureza, mas explicativa. Houve um esforço da minha parte, contudo, para sintetizar o conhecimento sobre cada aspecto para que você mesmo possa fazer suas correlações durante a fase de estudo. Mudra, por exemplo, tem uma forte ligação alegórica com a Shekhinah inferior (Malkuth), daí a discrepância do significado para vamacharyas e dakshinacharyas.

Agora, caro leitor, o convido a fazer uma rápida análise por mera reflexão herética, lembrando que o ritual de Panchamakara tem como objetivo elevar o praticante à condição divina temporária, através da expansão da consciência e do refino pessoal. Onde mais você já viu estes elementos juntos? O vinho (“meu sangue”), o pão (“meu corpo”… agora o cereal faz sentido ao invés de guru?), o peixe e a carne (sobre a mesa) e a comunhão íntima entre corpo e espírito. Eis aí todos os elementos em forma literal. E se algum de vocês quiser entender que “consumir o corpo” do guru não se referia exatamente aos cereais, eu prometo que não vou impedir ninguém, afinal sexo tântrico é uma via de sublimação espiritual. É importante neste momento que vocês considerem, independente de se em forma literal ou alegórica, a possível ironia da incorporação do caminho sinistro à tradição cristã e passem a entender como é especialmente importante o valor da percepção e da interpretação na nossa caminhada.

Tanto a exegese quanto a gematria não apontariam mudança na essência “divina” do rito caso este fosse sinistro e, a bem da verdade, a interpretação literal é inconclusiva. E, não se engane, o desconforto moral que surge em grande parte dos casos não é, nem de perto, um indício real da essência das coisas.

Motivação Intrínseca

Como no artigo anterior, parte do texto será dedicada à origem e explicação da doutrina e parte dedicada a uma análise contemporânea sobre a mesma, desta forma no final de nossa caminhada você terá um apanhado geral sobre passado e presente, causas e conseqüências e, com sorte, teremos um grupo bem instruído.

Por que você faz as coisas que faz? Calma, essa não é uma das perguntas da seção Meta-Percepção. Quando você quer ser o melhor no que faz ou quando faz algo por diversão ou prazer o que o propulsiona em direção ao seu objetivo é a motivação intrínseca. Esse tipo de estímulo tem grande funcionalidade prática, por não depender diretamente da aprovação ou avaliação de terceiros, por facilitar e agilizar o mecanismo de recompensa, mas especialmente por não gerar quantias consideráveis de tensão e ansiedade.

No que se refere ao ocultismo sinistro, o comportamento ativado por recompensas internas deveria ser regra, mas a realidade está mais próxima do extremo oposto, pelo menos para a maioria, e aqui reside um problema que devemos evitar.

Motivação Extrínseca

Toda vez que você faz algo esperando uma recompensa, tangível (dinheiro, presentes) ou intangível (elogios, reconhecimento), aquilo que o propulsiona em direção ao seu objetivo é alheio a você. E se você pensar por um instante, simplesmente não faz sentido qualquer ato oculto cujo benefício não possa ser “recebido” diretamente através de si mesmo.

[IMPORTANTE] Se você não pode gerar e manter uma coisa que deseje com seus próprios recursos, não tente consegui-la através das artes ocultas. Nunca. Essa não é a função de absolutamente nenhuma doutrina sinistra. A evocação goética (que, por falar nisso, é um rito essencialmente do caminho da mão direita, como a quase totalidade do que tange a demonologia) é extremamente nociva sem um profundo conhecimento prévio e prática de teurgia. Absolutamente nenhum pacto favorece o contratante, e é mais fácil Mefistófeles executar o contrato do que Fausto encontrar outro Eterno Feminino que por ele interceda. Estude. Trabalhe. Tenha relações edificantes. Apenas o mérito constrói o êxito. Você foi avisado.

Portanto o principal erro, e também o mais comum, dos iniciantes no caminho sinistro é usar um fator extrínseco como motivação. Há os que querem grandes quantidades de dinheiro, sexo fácil, poder (sem conhecer sua definição exata, confundindo às vezes com arrogância, prepotência e pedantismo), atenção (esses são incontáveis), opor-se ao status quo ou alguma organização ou entidade específica por rebeldia e há ainda os que simplesmente buscam aceitação de algum grupo. É muito provável que você conheça alguém com motivações assim, elas existem nos dois caminhos, mas são uma praga particularmente persistente no caminho sinistro e, se você for uma dessas pessoas e ainda estiver aqui lendo isso, reavalie-se.

Em um contexto mais refinado, mas ainda no campo da motivação extrínseca, há casos de pessoas que buscam o caminho sinistro para desenvolver ou treinar traços da personalidade que não possuem. Um ESTJ (extrovertido, sensorial, racional e juiz, na escala Myers-Briggs) acredita que pode tornar-se um INTJ (introvertido, intuitivo, racional e juiz). Ou um “azul” (na escala Taylor Hartman) acredita que pode tornar-se um “vermelho” apenas porque entende o estereótipo desta forma. É realmente necessário apontar a futilidade aqui?

São estes tipos de motivação (ou falta dela) que diluíram ou apagaram totalmente os conceitos tântricos originais, desaparecendo com boa parte da metodologia e da disciplina mental no caminho sinistro moderno, que hoje é em grande parte “inventado” com base no humor do praticante. Desnecessário dizer que isso o deixa suscetível ao delírio e à paranóia, tanto astral quanto mundano, justamente pela falta de disciplina e perspectiva. O circo de horrores que você provavelmente conhecia não é o caminho sinistro. Não é sequer um caminho. É a fossa.

Considerações

Como os passos foram largos, a reflexão não vai exigir menos, caro leitor.

Na nossa realidade densa, o convido a analisar com carinho as suas e as motivações daqueles que o cercam. Note que eu não digo julgar, eu digo analisar. Tente perceber as pequenas molas invisíveis movendo as pessoas o tempo todo. Elas podem te ajudar a ter uma relação muito mais honesta com a sua Vontade. Em realidades mais sutis, o convite é mais complexo, mas igualmente gratificante. Teste-se em relação ao seu conforto moral. Parece simples, mas não é. Da mesma forma que ilustrei a Santa Ceia como rito sinistro sem alterar sua essência “divina”, tente experimentar com o componente moral dos conceitos e doutrinas que conhece (lembrando que nada viabiliza nem justifica comportamento criminal) e se pergunte se, honestamente, isso modifica suas essências.

Neste segundo artigo eu aprofundei um pouco a nossa relação, antecipando o formato que você deve esperar, fazendo colocações ligeiramente mais pessoais e delineando mais claramente aspectos de ocultismo, mas sobre este último assunto eu adianto que só vamos tratar o estritamente necessário para que, neste primeiro momento, você seja capaz de construir suas próprias opiniões e argumentos sobre o que seja, de fato, o caminho sinistro.

Mantive o formato condensado para não ficar cansativo, mas todos os termos e assuntos tratados no artigo continuam sendo de fácil pesquisa para aqueles que tiverem interesse em se aprofundar em qualquer um deles.

Espero que a caminhada continue sendo agradável; obrigado pela companhia.

Até breve.

#LHP

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-caminho-sinistro-parte-2

Mitos de Cthulhu

Embora Lovecraft nunca tivesse grande reconhecimento em vida ele atraiu a admiração de muitos dos escritores que com ele se correspondiam (inclusive alguns até estabelecidos como Robert E. Howard e Clark Ashton Smith). As obras que atraiam estes escritores tinham uma qualidade literária impar se aproximando dos escritos de Poe e estavam muito longe do que seria por assim dizer ‘popular’. O terror de monstros e vampiros para Lovecraft era batido, ele achava que a forma máxima do terror seria o terror cósmico-científico de forte conotação psicológica – o chamado terror psicológico, onde a ambientação é que conduz ao clima assombrado e onde elementos como angustia, depressão, sofrimento e suicídio são determinantes. Foi esta proposta literária e o desenvolvimento insipiente de uma mitologia fantástica envolvendo seres monstruosos e histórias antigas que atraiu a atenção destes escritores.

Utilizando palavras do próprio Lovecraft, “as efabulações sobre temas mundanos e o lugar-comum não satisfazem as mentes mais criativas e sequiosas de novos estímulos”. O trabalho de Lovecraft não serve para agradar às massas nem ao cidadão comum, mas apenas a um grupo mais restrito de admiradores que não se contentam com os enredos banais do dia-a-dia. Abdicando do lucro fácil que certamente teria atingido se utilizasse o seu gênio na produção de romances comerciais, Lovecraft deixou-nos um legado espantoso de visões fantásticas e universos assombrosos. Na verdade este gênero já havia sido explorado por Lord Dunsany e por William Hope Hodgson, mas o que fez Lovecraft foi dar uma singular propriedade a este novo tipo de horror que até então não existia – não daquela forma. É esta mitologia fantástica que ficou sendo conhecida como “Os Mitos de Cthulhu”.

É importante dizer aqui que este termo “Cthulhu” é pronunciado comumente como “kuh-THOO-loo” (em português soa algo como “Katuuluu”, pronunciado rapidamente) por causa da pronuncia indicada na caixa do famoso rpg de nome “Call of Cthulhu” da Chaosium. Entretanto, existem vários estudantes sérios de Lovecraft que preferem a pronúncia como “Cloo-loo”, justificando suas teses em referências dos contos do autor. Fora isto a discussão se estende e encontramos ainda uma série de pronuncias diferentes, mas que na prática nada, ou muito pouco, acrescentam ao termo. O próprio Lovecraft brincava com seus amigos escritores pronunciando hora de uma forma outra d’outra.

 

A Formação do Círculo de Lovecraft

Não apenas Lovecraft começou a desenvolver estes tipos de histórias, mas junto a ele aqueles correspondentes que falamos também criavam suas histórias e seus deuses, é por exemplo de autoria de Frank Belknap Long a entidade de nome Chaugnar Faugn. O trabalho de Lovecraft atraiu um grupo considerável de escritores, que começaram a corresponder com ele e entre si. Nascia o Lovecraft Cycle, “fundado” pelo próprio Lovecraft e dois escritores consagrados: Clark Ashton Smith e Robert E. Howard (criador de Conan – o Bárbaro). Jovens e talentosos escritores como August Derleth, Frank Belknap Long e Robert Bloch (que viria a escrever mais tarde o conto que inspirou o filme “Psicose”) juntam-se também ao círculo, e todos contribuíram com o seu trabalho para enriquecer os Mitos de Cthulhu. “Era uma espécie de jogo”, que todos levaram muito a sério, como comentou certa vez Robert Bloch. Estima-se que tenha-se criado mais de novecentas histórias sobre os mitos. A este grupo de escritores que se juntou a Lovecraft se denominou “Círculo de Lovecraft”.

Estes contos se centravam em um grupo de entidades transdimensionais e extraterrestres que serviram como deidades ao homem primitivo. Lovecraft escreveu que Cthulhu e os “Grandes Antigos”, como ele (às vezes) chamou os deuses alienígenas, vieram de estrelas escuras. Alguns viveram em um planeta que ele chamou de Yuggoth e identificou nos anos trinta com o planeta recentemente descoberto, Plutão.

Introdução aos Mitos de Cthulhu

 

Em “O Chamado de Cthulhu”, Lovecraft dispôs os fundamentos de seu conceito mitológico. Ele disse que muitos milênios atrás, os Antigos vieram de outros planetas e estabeleceram residência na Terra. Quando as estrelas estavam erradas eles não podiam viver, assim eles desapareceram sob o oceano ou voltaram aos seus mundos de origem onde usaram poderes telepáticos para comunicar-se com o homem. Central ao mito de Lovecraft, os Antigos formaram um culto e uma religião que adorava os aliens como deuses. Nas histórias, os Antigos pairam a meio caminho entre puros extraterrestres e verdadeiros deuses, como requer o enredo. Em seu romance “Nas Montanhas da Loucura“, ele escreveu que uma espécie dos Antigos criou o homem para servi-los, iniciando as primeiras civilizações humanas: Atlântida, Lemuria e Mu.

Lovecraft usou as mitologias suméria, egípcia e grega como base para os seus semideuses monstruosos. Ele disse que seu deus-mensageiro Nyarlathotep era um membro do panteão egípcio – a própria esfinge ou um grande faraó. Ele identificou o peixe-deus fenício Dagon (anteriormente Oannes) como o próprio Grande Cthulhu, e assim se tornou a primeira pessoa a ligar extraterrestres a religiões antigas. É interessante notar que Dagon é muitas vezes citado na Bíblia Sagrada nas seguintes partes para quem quiser conferir: Juízes 16:23, Samuel 5:2-7 e Crônicas 10:10. Entretanto Lovecraft nunca alegou que suas histórias eram qualquer coisa além de ficção, embora fizesse parecer ser as mesma muito reais.

August Derleth viria a designar o conjunto do trabalho produzido por Lovecraft e pelos escritores que seguiram o seu estilo como ele próprio por “Mitos de Cthulhu”. Cthulhu é uma criação do próprio Lovecraft de que falarei mais adiante, e que aparece naquele que é provavelmente o seu conto mais conhecido, “Call of Cthulhu”. Cada conto escrito por Lovecraft e seus seguidores constitui mais uma peça para enriquecer a imagem geral do que são os mitos. A melhor forma de os conhecer é obviamente pela leitura desses mesmo contos, mas tentarei dar uma idéia geral. Mas, o por que de tentar dar esta idéia geral, vocês devem estar se perguntando ao ler este site. Bem, a resposta é simples é para que vocês ao lerem a obra de Lovecraft pela primeira vez (como suponho que muitos o façam ao baixar os contos que transcrevi para o formato e-book neste site) vocês não pensem que o conto é um todo quando na verdade faz parte de um conjunto complexo. Foi apenas para dar uma noção que fiz esta seção neste site, tentar sistematizar toda a mitologia como tentou fazer Derleth só conduzirá a dados incompletos e críticas (como ele mesmo foi vítima na época). Vou tentar explicar melhor: Derleth e sites na web tentaram sistematizar algo meio que inconcebível, foram mais de 900 contos de diversos autores o que já complicaria muito as coisas. Mas, se nos concentrarmos mais nos trabalhos de Lovecraft que foi seu grande e inicial idealizador? Bem, isto também não seria bom, pois muitos dos temas que ele trabalhava também tiveram contribuição de outros ou mesmo vieram da troca de idéias e muitas das origens de determinado ponto da mitologia para ser corretamente catalogado deveriam partir para um grande pesquisa seja em contos destes autores ou de qualquer um dos outros que também trabalharam o tema. Entendem? A melhor forma de entender a mitologia e ter acesso a ela é ler as obras de Lovecraft e também, se possível, dos outros autores dos mitos a Chaosium tem muitas destas obras para venda em formato impecável. Fora isto, alguns contos que estão disponíveis aqui no Brasil são a base da mitologia citando alguns: “O Chamado de Cthulhu”, “Nas Montanhas da Loucura”, “Os Sonhos na Casa Assombrada”, “A História do Necronomicon”, só pra citar alguns.

Continuando a falar do mistos é possível dizer que é constante ao longo de todas as histórias a idéia de que a humanidade e o nosso planeta são uma “concha” de sanidade mental, imersa num universo completamente alienado, povoado por criaturas e raças poderosas, deuses estranhos e regido por leis completamente insondáveis e divergentes das leis naturais que conhecemos. Um homem exposto a esta realidade tem tendência a enlouquecer. A sanidade mental é vista como uma cortina que nos protege da realidade, permitindo que as sociedades humanas subsistam como as conhecemos, alheias à estranheza do universo que as rodeia. A personagem principal nas histórias de Lovecraft é tipicamente um cientista, investigador ou professor universitário que se vê confrontado das mais diversas formas com esta terrível realidade. Lembraram-se do filme Matrix? Pois, é acho que muito do que eles “criaram” com certeza tem como base os trabalhos de Lovecraft, Hodgson e Dunsany ou mesmo do artista de quadrinhos Grant Morrison criador dos “Invisíveis”, que alias chegou a processar os produtores do filme Matrix. Fiquei sabendo a pouco do trabalho deste artista e a pouco também procurei na minha cidade uma loja de HQ´s e pude comprovar falando com alguns e lendo algumas coisas que realmente o que propuseram no filme Matrix, e que causou sucesso, de novo não tem nada.

Outra idéia de base importante é a de que a maioria dos cultos e religiões humanas das mais diversas épocas e regiões do globo, sendo aparentemente dispersas, representem imagens distorcidas e por vezes complementares da verdadeira natureza do cosmos. Segundo a Mitologia de Cthulhu, diversas raças e entidades superiores teriam habitado a terra antes do homem, e diversas o farão depois que humanidade desaparecer. Algumas destas entidades superiores (como o próprio Cthulhu), dado o seu ciclo de vida inimaginavelmente longo, e a sua supremacia física e intelectual sobre o homem, são facilmente confundíveis com deuses. Cultos primitivos terão aparecido para adorar estes pseudo-deuses. Muitas das histórias dos mitos especulam sobre a subsistência desses cultos na atualidade, as suas atividades obscuras e as suas motivações incompreensíveis, criando um ambiente extremamente tenso e paranóico.

As histórias originais de Lovecraft têm na sua maioria como cenário os Estados Unidos dos anos 20 e início dos anos 30. Trata-se de uma época de grandes injustiças sociais, em que a classe baixa vivia na miséria e oprimida pela burguesia, enquanto que a classe alta usufruía de um estilo de vida luxuoso. A segregação racial era intensa e a lei seca encontrava-se em vigor, motivando o aparecimento de crime organizado em volta do tráfico de bebidas espirituosas. A terrível realidade dos Mitos de thulhu contrasta de uma forma bastante brutal e sugestiva com a futilidade dos interesses da classe alta.

Seguidamente irão ser descritos alguns elementos-chave dos mitos. Não sendo uma lista de forma alguma exaustiva, pretende apenas dar uma idéia geral do ambiente. Nas descrições que se seguem, e por comodidade, fatos completamente fictícios irão ser descritos como reais. É importante frisar aqui que vamos dar uma idéia geral, pois a entidades lovecraftianas são extensas e difíceis de serem sistematizadas, como falei. Lovecraft escreveu contos sem um ordem cronológica específica, de forma que o conjunto forma a mitologia seja a partir de suas criações ou de elementos do círculo. Por isto é mais interessante do que uma sistematização (aqui feita apenas para dar uma visão geral) é ler as obras sobres os mitos, aí sim ter contato com elas assim como elas foram criadas – dispersas, errantes, mas ao mesmo tempo dentro de uma linha de trabalho. Destas criações podemos citar algumas e alguns trabalhos em que há referências sobre as mesma eu coloquei em parênteses e preferi deixar os títulos originais em Inglês por que dependendo da tradução o título pode vir um pouco diferente e atrapalhar algum de vocês que um dia quiserem consultar algo a respeito:

 

Criação

Referências

 Azathoth

 (“The Dream-Quest of Unknown Kadath”, “The Whisperer in Darkness”, “The Dreams in the Witch House”).

 Hastur

 (“The Whisperer in Darkness”). Lovecraft tomou este termo emprestado de Robert W. Chambers, que por sua vez já havia tomado emprestado de Ambrose Bierce.

  Shub-Niggurath

(“The Last Test”, “The Dunwich Horror”, “The Mound”, “Medusa’s Coil”, “The Horror in the Museum”, “The Thing on the Doorstep”, “The Diary of Alonzo Typer”, “The Whisperer in Darkness”, “The Dreams in the Witch House”, “The Man of Stone”).

  Yog-Sothoth

 (“The Case of Charles Dexter Ward”, “The Dunwich Horror”, “The Horror in the Museum”, “Through the Gates of the Silver Key”).

 Tsathoggua

 (“The Mound”, “The Whisperer in Darkness”, “The Horror in the Museum”). Este termo é de criação de Clark Ashton Smith.

 Shoggoths  (“Sonnet XX, “Night Gaunts” in Fungi from Yuggoth, 1929-30″,”At the Mountains of Madness”, “The Shadow Over Innsmouth”, “The Thing on the Doorstep”).
  Nyarlathotep  (“Nyarlathotep”,”The Dream-Quest of Unknown Kadath”,”The Dreams in the Witch House”,”The Haunter of the Dark”)
  Night-gaunts  (“The Dream-Quest of Unknown Kadath”).
  Elder Things    (“At the Mountains of Madness”).
 Chaugnar Faugn   (“The Horror in the Museum”). Esta é uma criação de Frank Belknap Long.
   Mi-Go (“The Whisperer in Darkness”).
 Great Race  (“The Shadow Out of Time”).
 Ghouls  (“Pickman’s Model”
   Deep Ones  (“The Shadow Over Innsmouth”).
    Dagon  (“Dagon”, “The Shadow Over Innsmouth”).
  Cthulhu

 (“The Call of Cthulhu”).

 

Nas palavras do próprio Lovecraft sobre os Mitos de Cthulhu, ” basea-se na idéia central de que o nosso mundo foi povoado por outras raças que, por praticar magia negra, perderam suas conquistas e foram expulsos, mas vivem num lugar exterior, dispostos a todo o momento a voltar e se apoderar da Terra”.  Muitas vezes confundidos com deuses menores, os great old ones são provavelmente seres vivos incrivelmente poderosos, com ciclos de vida espantosamente longos. Especula-se sobre se pertencerão todos a uma ou várias raças cujos elementos se encontram dispersos pelo universo. A variedade do seu aspecto parece excluir a possibilidade de pertencerem todos à mesma raça. Os seus propósitos são mais compreensíveis do que os dos deuses exteriores, estando interessados em colonizar planetas. É freqüente um great old one liderar um povo de uma raça menos poderosa. Na terra existem cultos dispersos a vários destes seres, principalmente Cthulhu.O necronomicon, ou livro dos mortos, nos conta a existência dos “Grandes Antigos”, entidades vindas do espaço que dominaram a Terra primordial,  muito antes da existência dos seres humanos. Essas entidades foram derrotadas pelos outros deuses mais antigos chamado por Derleth de “Deuses Arquépticos” e foram expulsos do planeta Terra.

 

Existem seis “Grandes Antigos”:

  • Azathoth: Origem do nome:do árabe Izzu Tahuti, que significa “poder de Tahuti”, provavelmente uma alusão à divindade egípcia Thoth. Azathoth é o “Sultão Demoníaco”, o mais importante dos deuses exteriores. Fisicamente é uma massa gigantesca e amorfa de caos nuclear, sendo incrivelmente poderoso mas completamente desprovido de inteligência. A sua “alma” é Nyarlathotep, o mensageiro dos deuses. Azathoth passa a maior parte do tempo no centro do universo, dançando ao som de deuses menores flautistas. A maior parte das suas aparições em locais diferentes deste estão relacionadas com catástrofes gigantescas, como é o caso da destruição do quinto planeta do sistema solar, que é hoje o cinturão de asteróides.
  • Nyarlathotep: Origem do nome: do egípcio Ny Har Rut Hotep, que significa “não existe paz na passagem”. Nyarlathothep é a alma e o mensageiro dos deuses exteriores. É o único deles que tem vindo a travar contatos com a humanidade, mas os seus objetivos são imperscrutáveis. Possui um inteligência inimaginável e um sentido de humor mórbido. Consegue adotar centenas de formas físicas distintas, podendo parecer um homem vulgar ou uma monstruosidade gigantesca. Especula-se que um faraó obscuro da IV Dinastia do Egito dinástico fosse Nyarlathotep “em pessoa”. A própria esfinge seria uma representação em tamanho natural de uma outra forma de Nyarlathotep. Foi o único que, com suas astúcia, escapou do castigo general, e conspira para o retorno dos seus companheiros.
  • Cthulhu: Origem do nome: Deterioração pelos gregos da palavra árabe Khadhulu, que significa “aquele que abandona”. No Alcorão existe a seguinte passagem: 25:29 – “Para a Humanidade Satan é Khadulu”. O mais conhecido dos great old ones e das criações de Lovecraft, Cthulhu é um ser gigantesco e vagamente humanóide, com asas e tentáculos de polvo na boca. Chegou à terra milhões de anos antes do aparecimento do homem e povoou-a com a sua raça de deep ones, seres humanóides anfíbios. Construiu a gigantesca cidade de R’lyeh onde é hoje o oceano pacífico. Daí comandou o seu império, até ao dia em que as estrelas atingiram um alinhamento que o obrigou a entrar em letargia. Cthulhu dorme na sua cidade entretanto submersa por água, aguardando o dia em que a posição das estrelas lhe permita voltar à vida e de novo reinar sobre a Terra. Cthulhu é capaz de comunicar por sonhos enquanto dorme, influenciando alguns seres humanos mais sensíveis durante o sono. Diversos cultos tentam apressar o seu regresso, mas ele próprio não parece ter muita pressa. Especula-se que esta longa hibernação seja uma característica normal do seu estranho ciclo biológico.

 

  • Yog-sothot: é o veículo do caos, a manifestação exterior do caos primitivo.
  • Hastur: a manifestação da voz a força do caos.
  • Shub-niggurath: é o único com representação definida e humanamente acessível, é o poder dos “Grandes Antigos” manifestado na esfera terrestre, vulgarmente o deus das feiticeiras nos sabás.

Fora isto em nosso planeta e em outras dimensões do espaço-tempo existem espécies de monstros associados a isto e grupos de adoradores humanos cujo propósitos é despertar a estes entes extraterrestre. Três destas raças são os Cachorros de Tindalos, os necrófagos de Ghouls e os adoradores de Dagon na cidade de Innsmouth.

 

Outros elementos presentes na mitologia:

 

Necronomicon

 

Constituindo uma verdadeira “bíblia” dos mitos, o necronomicon foi originalmente escrito por Abdul Alhazared um árabe louco e visionário de cuja vida pouco se sabe, exceto que terá visitado alguns dos lugares mais desolados do globo terrestre. Escrito originalmente em árabe, o necronomicon foi mais tarde traduzido para grego (onde ganhou o seu nome atual), latim e inglês. Na atualidade não existirão mais do que duas ou três cópias deste livro, citando a “História do Necronomicon”: “…dos textos latinos agora existe um (século XV) está guardado no Museu Britânico, enquanto outra cópia (século XVII) está na Biblioteca Nacional de Paris. Uma edição do século XVII está na Widener Library em Harvard, e na Biblioteca da Universidade de Miskatonic em Arkham. Além disto na Biblioteca da Universidade de Buenos Aires. Numerosas outras cópias provavelmente existem em segredo, e uma do século XV existe um rumor persistente que forma parte da coleção de um célebre milionário norte americano”. Revelando alguns dos mais terríveis segredos dos mitos, a sua leitura provoca graves perdas de sanidade mental a quem alguns que o lêem. Lovecraft embora afirmou, por carta, certa vez que criou o necronomicon baseado em um sonho que teve, acredita-se que ele se inspirou no Liber Logaeth, o grimório real do Dr. John Dee.

Estes grimório não existe e nunca existiu e as descrições acerca do mesmo são de autoria de Lovecraft, o verdadeiro idealizador do necronomicon. O necronomicon nem como um livro cem por cento escrito foi criado por Lovecraft, pois o mesmo dizia ser o mesmo desconhecido. Com a morte de Lovecraft a coisa ganhou tal proporção que muitos forjaram cópias na internet de versões falsas do necronomicon algumas mais complexas outras menos e que em nada acrescenta de útil. É até engraçado algumas, certa vez li uma famosa que dizia a despeito de uma ligação do ocultista Aleister Crowley e Lovecraft – pode isto? Os contos que citam o necronomicon (e são muitos) constituem uma das partes mais interessantes da mitologia. Tem até um filme muito bom, baseado nos trabalhos de Lovecraft que recomendo sobre o tal livro que é o filme “Uma Noite Alucinante” (no E.U.A como “Evil Dead 2”), prefiram assistir a parte 2 que nada mais é do que uma refilmagem. Este filme conta a história de um grupo de jovens que vai acampar numa cabana no meio da floresta e lá encontram o necronomicon e ao ligarem um gravador com onde estava gravado passagens do livro, libertam espíritos malignos da floresta. Pode-se encontrar muito informação sobre o necronomicon no conto: “Os Sonhos na Casa Assombrada” e “O Horror de Dunwich” entre tantos outros. Esclarecendo novamente (em vista da confusão presente na web): o necronomicon nunca existiu como livro, o mesmo para a mitologia lovecraftiana, que como o necronomicon pertencem ao mundo da fantasia e nada mais! Fora este livro imaginário também existiam outro como The King in Yellow.

Arkham

Trata-se de uma pequena cidade universitária perto de Boston, na Nova Inglaterra. Atravessada pelo rio Miskatonic, é nela que vivem muitos dos heróis das histórias de Lovecraft. Aliás, a Universidade de Miskatonic é palco de muitas de suas aventuras. Fundada por pioneiros ingleses da colonização do continente americano, Arkham é assombrada pelas memórias do tempo das bruxas e dos ritos sombrios. Alguns dos sótãos desta cidade ocultam ainda hoje segredos terríveis.

Yuggoth

 

Ainda antes da descoberta oficial de Plutão, o último planeta do sistema solar, já Lovecraft escrevia sobre Yuggoth, um pequeno planeta sólido com a sua órbita exterior à de Neptuno. Yuggoth é a terra natal de uma raça de criaturas terríveis, os Fungos de Yuggoth, que são seres insectóides da dimensão de um homem com a capacidade de voar através do vácuo inter-planetário, e donos de uma tecnologia incrivelmente avançada. Os Fungos de Yuggoth vagueiam por todo o sistema solar, incluindo a Terra, com propósitos desconhecidos.

 

A impossibilidade de uma definição

Existe bastante polemica sobre se os Mitos de Cthulhu podem ser considerados uma verdadeira mitologia, ou mesmo uma pseudo-mitologia. Tendo todas as características de uma qualquer outra mitologia, desde um panteão de deuses a um conjunto de lendas (os contos de Lovecraft e outros), foram criados de uma forma perfeitamente artificial e intencional por um conjunto restrito de escritores. Não tiveram a sua gênese nas tradições e crenças de uma civilização, como seria normal numa mitologia. As obras desta mitologia fazem constantemente referências a elementos presente em outros livros, por isto é muito comum vermos termos como: Arkham (a principal cidade-palco de suas histórias), Universidade de Mistakatonic, a vila mal assombrada de Innsmouth, e outras coisas mais presentes em muitas de suas histórias.

August Derleth, autêntico embaixador da obra de Lovecraft e defensor da idéia de considerar os Mitos de Cthulhu uma mitologia, tentou de certa forma a sua sistematização. Procurou determinar que contos de Lovecraft e outros pertenciam aos mitos, e esclarecer aspectos focados de uma forma vaga e imprecisa nessas histórias. Chegou a pretender associar algumas entidades dos mitos com os quatro elementos naturais: ar, água, terra e fogo.

Lin Carter, no seu ensaio “Deamon-Dreaded Lore”, considera que este tipo de sistematização é negativa na medida em que faz desaparecer o fator que considera mais importante nas histórias de Lovecraft: o medo do desconhecido e do incompreensível. Na sua opinião Lovecraft descreve de forma vaga muitos aspectos dos mitos propositadamente, para criar uma aura de mistério e tensão. Os contos de Lovecraft abordam freqüentemente o confronto de seres humanos com realidades e desígnios totalmente alienígenas, e que não para eles compreensíveis.

De forma um pouco marginal ao núcleo central do seu trabalho, e sob a influência de Lord Dunsany, Lovecraft escreveu algumas histórias oníricas, passadas numa dimensão de sonhos, as dreamlands. A história central deste ciclo é “À Procura de Kadath” e narra as aventuras de Randolph Carter (alter-ego de Lovecraft e seu grande personagens de muitos trabalhos), um homem que quando sonha se vê transportado para um outro plano de existência, semelhante a uma terra medieval povoada de criaturas fantásticas. As dreamlands são aparentemente um lugar de paz e tranqüilidade, habitado por criaturas próprias do imaginário infantil. Este sonho pode por vezes transformar-se em pesadelo, dando lugar aos mais horríveis monstros e criaturas. Embora de uma forma dispersa, Lovecraft estabelece algumas relações entre estas dreamlands e o corpo central dos mitos.

Alguns contos de Lovecraft definitivamente não fazem parte dos mitos como por exemplo “A Arvore” e “Os Gatos de Ulthar”, mas que não deixam de forma algum de ter um excelente qualidade.

Existem ainda alguns paralelismos que podem ser traçados entre a vida de Lovecraft e alguns aspetos dos mitos. Desde muito pequeno que Lovecraft gostava de ler as “Mil e Uma Noites”, fascinando-o especialmente um personagem árabe misterioso. A analogia com o necronomicon e Abdul Alhazared é inevitável, tanto que era por este nome que ele gostava de ser chamado quando criança. A sua repulsa por peixe e comida marinha faz lembrar “A Sombra sobre Innsmouth”, onde a decadente população da cidade pesqueira de Innsmouth tem estranhas relações com os deep ones, anfíbios humanóides que imitem um repugnante odor a peixe. Falando nisto tem um filme muito interessante sobre Lovecraft que se chama “Dagon” ele é baseado no conto de mesmo nome e na “A Sombra… é um dos poucos filmes bons do mestre dando um boa idéia dos mitos (Necronomicon, Dagon, Re-Animator, Evil Dead 2, pra mim são os melhores filmes, mas existem outros – inclusive porcarias), este e tantos outros é fácil baixar no e-mule ou em qualquer programas de p2p na web e depois é só baixar as legendas em sites especializados. Voltando… Lovecraft é atormentado por sonhos desde pequeno, e a sua mais famosa criação, Cthulhu, tem a capacidade de influenciar os sonhos dos humanos. Além disto temos ainda um ciclo inteiro de histórias dedicadas às suas terras de sonhos, as dreamlands. Também é notório a influencia que exerceu Lord Dunsany com sua mitologia fantástica e também William Hope Hodgson e suas aventuras marinhas.

O fim do Círculo de Lovecraft

 

Os vários autores dos mitos seguiam um acordo tácito de criar nas suas histórias um ou dois deuses exteriores, um great old one, um tomo arcano e uma cidade assombrada por cultos obscuros e lendas sombrias. Com pequenas variações, os diversos elementos do círculo cumpriam as “regras do jogo” ao escrever para os Mitos de Cthulhu.

Era muito freqüente os membros do círculo “brincarem” uns com os outros colocando referências a outros autores dos mitos de uma forma mais ou menos explícita nas suas histórias. Em 1935 Robert Bloch pediu autorização a Lovecraft para o utilizar como personagem principal num conto. Lovecraft concorda e Bloch torna-o o herói em “O Bamboleiro das Estrelas”, matando-o no fim da história às mãos de um monstro alienígena. Lovecraft obtém a sua vingança “matando” Robert Blake, um alter-ego de Bloch em “O Caçador do Escuro”. O autor do tomo “Cultes des Goules” imaginado por Bloch, Comte D’Erlette, é uma alusão clara a August Derleth. O nome Klarkash-Ton, de alto-sacerdote da Atlântida num conto de Lovecraft, constitui uma paródia a Clark Ashton Smith. Vários outros exemplos poderiam ser citados…

Edmund Wilson criticou e ridicularizou mesmo Lovecraft por este usar muita adjetivação na sua escrita. Era considerado que um bom conto de ficção não deveria socorrer-se de muita adjetivação, mas que os próprios acontecimentos e descrições é que deviam sugestionar o leitor. Se uma visão é horrível, o próprio leitor deveria aperceber-se disso, nunca deveria explicitamente ser dito: “a visão é horrível”. O que é fato é que tanto Lovecraft como diversos dos seus seguidores mantiveram sempre o uso de adjetivação muito rica, o que se tornou uma característica distintiva dos contos dos mitos. Em sua defesa Robert Price considera que estes adjetivos podem ter um efeito quase hipnótico no leitor, despertando a sua própria noção dos conceitos que encerram e inflamando a sua imaginação.

A morte de Lovecraft constituiu um choque para os elementos do círculo, assim como uma surpresa, visto que este não lhes tinha dado qualquer indicação na sua correspondência de que estivesse doente. Este acontecimento causou uma quebra temporária no trabalho relacionado com os mitos. Citando Robert Bloch, “o jogo tinha perdido toda a piada”. Nos anos 40 e 50, Robert Bloch, James Wade e August Derleth continuaram a escrever histórias dos mitos. Em 1964 Ramsey Campbell, um jovem escritor britânico, dá a sua contribuição com o apoio de Derleth. Em 1971 ainda outro britânico, Brian Lumley, junta-se ao grupo. O círculo não morrera verdadeiramente com Lovecraft, subsistindo de uma forma dispersa até aos dias de hoje.

Fonte: www.sitelovecraft.cjb.net

Denilson, sitelovecraft.cjb.net

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/mitos-de-cthulhu/

O Que John Dee Viu No Espelho Negro?

John Dee realmente existiu. Nasceu em 1527 e morreu em 1608. Sua vida foi tão extraordinária que foram os romancistas que melhor o descreveram em obras de imaginação do que a maior parte de seus biógrafos. Estes romancistas são Jean Ray e Gustav Meyrink. Matemático distinto, especialista nos clássicos, John Dee inventou a idéia de um meridiano de base: o meridiano de Greenwich. Levou à Inglaterra, tendo-os encontrado em Louvain, dois globos terrestres de Mercator, assim como instrumentos de navegação. E foi assim o início da expansão marítima da Inglaterra.

Pode-se dizer, dessa forma – não participo dessa opinião – que John Dee foi o primeiro a fazer espionagem industrial, pois levou à Inglaterra, por conta da Rainha Elizabeth, quantidade enorme de segredos de navegação e fabricação. Foi certamente um cientista de primeira ordem, ao mesmo tempo que um especialista dos clássicos, e manifesta a transição entre duas culturas que, no século XVI, não eram, talvez, tão separadas como o são agora.

Foi também muitas outras coisas, como veremos. No curso de seus brilhantes estudos em Cambridge, pôs-se, infelizmente para ele, a construir robôs entre os quais um escaravelho mecânico que soltou durante uma representação teatral e que causou pânico. Expulso de Cambridge por feitiçaria, em 1547, foi para Louvain. Lá, ligou-se a Mercator. Tornou-se astrólogo e ganhou a vida fazendo horóscopos, depois foi preso por conspiração mágica contra a vida da Rainha Mary Tudor. Mais tarde, Elizabeth libertou-o da prisão e o encarregou de missões misteriosas no continente.

Escreveu-se com freqüência que sua paixão aparente pela magia e feitiçaria seriam uma “cobertura” à sua verdadeira profissão: espião. Não estou totalmente convencido disto.

Em 1563, numa livraria de Anvers, encontrou um manuscrito, provavelmente incompleto, da Steganographie de Trithème. Ele a completou e pareceu ter chegado a um método quase tão eficaz quanto o de Trithème.

Publicando a primeira tradução inglesa de Euclides, e estudando para o exército inglês a utilização de telescópios e lunetas, continuou suas pesquisas sobre a Steganographie. E em 25 de maio de 1581, elas superaram todas as suas esperanças.

Um ser sobre-humano, ou ao menos não-humano, envolto em luz, apareceu-lhe. John Dee chamou o anjo, para simplificar. Esse anjo deixou-lhe um espelho negro que existe ainda no Museu Britânico. É um pedaço de antracite extremamente bem polido. O anjo lhe disse que olhando naquele cristal veria outros mundos e poderia ter contato com outras inteligências não-humanas, idéia singularmente moderna. Anotou as conversações que teve com seres não-humanos e um certo número foi publicado em 1659 por Meric Casaubon, sob o título “A true and faithfull relation of what passed between Dr. John Dee and some spirits”.

Um certo número de outras conversações é inédito e os manuscritos se encontram no Museu Britânico.

A maior parte das notas tomadas por John Dee e dos livros que preparava, foram, como veremos, destruídos. Entretanto, restam-nos suficientes elementos para que possamos reconstituir a língua que esses seres falavam, e que Dee chamou a Língua Enochiana.

É a primeira linguagem sintética, a primeira língua não-humana de que se tem conhecimento. É, em todo caso, uma língua completa que possui um alfabeto e uma gramática. Entre todos os textos em língua enochiana que nos restam, alguns concernem à ciência matemática mais avançada do que ela estava no tempo de John Dee.

A língua enochiana foi a base da doutrina secreta da famosa sociedade Golden Dawn, no fim do século XIX.

Dee percebeu logo que não poderia lembrar-se das conversações que tinha com os visitantes estrangeiros. Nenhum mecanismo para registrar a palavra existia. Se dispusesse de um fonógrafo ou de um magnetóide, o seu destino, e talvez o do mundo, estariam mudados.

Infelizmente, Dee teve uma idéia que o levou a perder-se. Entretanto, tal idéia era perfeitamente racional: encontrar alguém que olhasse o espelho mágico e mantivesse conversações com os extraterrestres, enquanto ele tomaria nota das conversas. Em princípio, tal idéia era muito simples. Infelizmente, os dois visionários que Dee recrutou, Barnabas Saul e Edward Talbot, revelaram-se como grandes canalhas. Desvencilhou-se rapidamente de Saul, que parecia ser espião a soldo de seus inimigos. Talbot, ao contrário, que trocou seu nome pelo de Kelly, agarrou-se. E agarrou-se tanto que arruinou Dee, seduziu sua mulher, levou-o a percorrer a Europa, sob o pretexto de fazer dele um alquimista, e acabou por estragar sua vida. Dee morreu, finalmente, em 1608, arruinado e completamente desacreditado. O Rei James I, que sucedera a Elizabeth, recusou-lhe uma pensão e ele morreu na miséria. A única consolação que se pode ter é de pensar que Talbott, aliás, Kelly, morreu em fevereiro de 1595, tentando escapar da prisão de Praga. Como era muito grande e gordo, a corda que confeccionara rompeu-se e ele quebrou os braços e as pernas. Um justo fim a um dos mais sinistros crápulas que a história conheceu.

Apesar da proteção de Elizabeth, Dee continuou a ser perseguido, seus manuscritos foram roubados assim como uma grande parte de suas anotações.

Se estava na miséria, temos que reconhecer que parcialmente a merecera. Com efeito, após ter explicado à Rainha Elizabeth da Inglaterra que era alquimista, solicitara um amparo financeiro. Elizabeth da Inglaterra disse-lhe, muito judiciosamente, que se ele sabia fazer o ouro, não precisava de subvenções, pois teria suas próprias. Finalmente, John Dee foi obrigado a vender sua imensa biblioteca para viver e, de certo modo, morreu de fome.

A história reteve sobretudo os inverossímeis episódios de suas aventuras com Kelly, que são evidentemente pitorescos. Vimos aparecer aí, pela primeira vez, a troca de mulheres que, atualmente, é tão popular nos Estados Unidos.

Mas essa estatuária de Epinal obscureceu o verdadeiro problema, que é o da língua enoquiana, a dos livros de John Dee que nunca chegaram a ser publicados.

Jacques Sadoul, em sua obra “O Tesouro dos Alquimistas”, conta muito bem parte propriamente alquimista das aventuras do Dr. Dee e de Kelly. Recomendo-a ao leitor.

Voltemos à linguagem enoquiana e ao que se seguiu. E falemos primeiro da perseguição que se abateu sobre John Dee, desde que começou a dar a entender que publicaria suas entrevistas com “anos” não-humanos. Em 1597, em sua ausência, desconhecidos excitaram a multidão a atacar sua casa. Quatro mil obras raras e cinco manuscritos desapareceram definitivamente, e numerosas notas foram queimadas. Depois a perseguição continuou, apesar da proteção da Rainha da Inglaterra. Foi, finalmente, um homem alquebrado, desacreditado, como o seria mais tarde Madame Blavatsky, que morreu aos 81 anos de idade. Em 1608, em Mortlake. Uma vez mais a conspiração dos Homens de Preto parece ter vencido.

A excelente enciclopédia inglesa Man, Mith and Magic observou muito oportunamente em seu artigo sobre John Dee: “Apesar de os documentos sobre a vida de John Dee serem abundantes, fez-se pouca coisa para explicá-lo e interpretá-lo. Isto é verdadeiro.

Ao contrário, as calúnias contra Dee não faltam. Nas épocas de superstição afirmava-se que ele faria magia negra. Em nossa época racionalista pretendeu-se que seria um espião, que fazia alquimia e magia negra para camuflar suas verdadeiras atividades. Tal tese é notadamente a da enciclopédia inglesa que citamos acima.

Entretanto, quando examinamos os fatos, vemos primeiro um homem bem dotado, capaz de trabalhar 22 horas ao dia, leitor rápido, matemático de primeira ordem. Ademais, ele construiu autômatos, foi um especialista de óptica e de suas aplicações militares, da química.

Que foi ingênuo e crédulo, é possível. A história de Kelly o mostra. Mas que fez uma importante descoberta, a mais importante, talvez, da história da humanidade, não está totalmente excluso. Parece-me possível contudo, que Dee tenha tomado contato, por telepatia ou clarividência, ou outro meio parapsicológico, com seres não-humanos. Era natural, dada a mentalidade da época, que ele atribuísse a esses seres uma origem Angélica, em vez de fazê-los vir de outro planeta ou de outra dimensão. Mas comunicou-se bastante com eles para aprender uma língua não-humana.

A idéia de inventar uma língua inteiramente nova não pertencia à época de John Dee e nem de sua mentalidade. Foi muito depois que Wilkins inventou a primeira linguagem sintética. A linguagem enoquiana é completa e não se parece com nenhuma língua humana.

É possível, evidentemente, que Dee a tenha tirado integralmente de seu subconsciente ou inconsciente coletivo, mas tal hipótese é tão fantástica quanto a da comunicação com seres extraterrestres. Infelizmente, a partir da intervenção de Kelly, as conversações estão visivelmente truncadas. Kelly inventa-as e faz dizer aos anjos ou espíritos o que lhe convinha. E do ponto de vista de inteligência e imaginação, Kelly era pouco dotado. Possui-se notas sobre uma conversação onde pede a um dos “espíritos” cem libras esterlinas durante quinze dias.

Antes de conhecer Kelly, entretanto, Dee publicara um livro estranho: A Mônada Hieroglífica. Trabalhou nesse livro sete anos, mas após ter lido a Steganographie, terminou-o em doze dias. Um homem de Estado contemporâneo, Sir William Cecil, declarou que: “os segredos que se encontram na Mônada Hieroglífica são da maior importância para a segurança do reino.”

Certamente, quer-se ligar tais segredos à criptolografia, o que é bastante provável. Mas quando se quer relacionar tudo em John Dee com a hipótese de espionagem, isto me parece excessivo, pois os alquimistas e os magos utilizavam muito a criptografia, sob as formas mais complexas que não eram usadas pelos espiões. Tenho tendência a tomar Dee ao pé da letra e pensar que, por auto-hipnose produzida pelo seu espelho, ou por outras formas, ele ultrapassou uma barreira entre os planetas ou entre outras dimensões.

Por desgraça, ele era, por própria confissão, desprovido de todos os dons paranormais. Foi mal aceito pelos “médiuns” e isto terminou em desastre.

Desastre aliás provocado, explorado, multiplicado pelos “Superiores” que não queriam que ele publicasse às claras o que disse em código na Mônada Hieroglífica. A perseguição de Dee começou em 1587 e só parou com sua morte. Exerceu-se aliás também no continente, onde o rei da Polônia e o Imperador Rodolfo II foram advertidos contra Dee por mensagens “vindas dos espíritos”, e onde, a 6 de maio de 1586, o número apostólico entregou ao imperador um documento acusando John Dee de necromancia.

Foi um homem acovardado que chegou à Inglaterra, renunciando a publicar, e que morreu como reitor do Colégio de Cristo, em Manchester, posto que teve de 1595 à 1605, e que, ao que parece, não lhe deu satisfação.

Resta ainda, a respeito desse posto, uma problema não resolvido. Na mesma época o tzar da Rússia convidou John Dee para ir até Moscow, a título de conselheiro científico. Ele deveria receber um salário de duas mil livras esterlinas ao ano, quantia alta correspondente a um pouco mais de duzentas mil libras hoje, com moradia principesca e uma situação, que, de acordo com a carta do tzar, “faria dele um dos homens mais importantes da Rússia”. Entretanto, John Dee recusou. Elizabeth da Inglaterra teria se oposto? Teria ele recebido ameaças?

Não se sabe, os documentos são vagos. Em todo caso, as diversas calúnias segundo as quais Dee, completamente dominado por Kelly, percorrera o continente espoliando príncipes e ricos, uns após outros, perdem sua razão de ser quando se considera essa recusa. Talvez temesse que o tzar o obrigasse a empregar segredos que havia descoberto e tornasse, assim, a Rússia dominadora do mundo.

O que quer que seja, Dee se apresenta a nós como um homem que recebeu visitas de seres não-humanos, que aprendeu sua linguagem e procurou estabelecer com eles uma comunicação regular. O caso é único, sobretudo quando se trata de um homem do valor intelectual de John Dee.

Infelizmente, não se pode deduzir nada, a partir do que Dee nos deixou, do lugar onde habitariam tais seres, ou a natureza psíquica deles. Disse, simplesmente, que são telepatas e que podem viajar no passado e no futuro. É a primeira vez, que eu saiba, que aparece a idéia de viajar no tempo.

Dee esperava aprender desses seres tudo sobre as leis naturais, tudo sobre o desenvolvimento futuro da matemática. Não se tratava nem de necromancia nem de espiritualidade. Dee tinha a posição de um sábio que queria aprender segredos de natureza essencialmente científica. Ele mesmo descreve-se, a todo instante, como filósofo matemático.

A maior parte das notas desapareceu no incêndio de sua casa, outras foram destruídas em outras oportunidades e por pessoas diferentes. Restam-nos algumas alusões contidas em “A verdadeira relação de Casaubon”, e em certas notas que ainda existem. Tais indicações são extremamente curiosas. Dee afirma que a projeção de Mercator não é senão uma primeira aproximação. Segundo ele, a Terra não é exatamente redonda, e seria composta de várias esferas superpostas alinhadas ao longo de uma outra dimensão.

Entre essas esferas haveria pontos, ou antes, superfícies de comunicação, e assim é que a Groenlândia se estende ao infinito sobre outras terras além da nossa. Por isso, insiste Dee nas várias súplicas à Rainha Elizabeth, seria bom que a Inglaterra se apoderasse da Groenlândia de maneira a ter em suas mãos a porta para outros mundos.

Outra indicação: as matemáticas não estão senão no começo e pode-se ir além de Euclides, que Dee, lembramos, foi o primeiro a traduzir para o inglês. Dee teve razão ao afirmar isso, e as geometrias não-euclidianas que apareceriam mais tarde, confirmam seu ponto de vista.

É possível, diz igualmente Dee, construir máquinas totalmente automáticas que fariam todo o trabalho do homem. Isto, acrescenta, já foi realizado por volta de 1585 – gostaríamos muito de saber onde.

Insiste, igualmente, na importância dos números e na considerável dificuldade da aritmética superior. Uma vez mais, teve razão. A teoria dos números revelou-se como sendo o ramo mais difícil das matemáticas, bem mais que a álgebra ou a geometria.

É muito importante, notou John Dee, estudar os sonhos que revelam, ao mesmo tempo, nosso mundo interior e mundos exteriores. Esta visão, à moda de Jung, é muito avançada para a sua época. É essencial, notava ainda, esconder da massa segredos que possam ser extremamente perigosos. Encontra-se, ainda aí, uma idéia moderna. Como se encontra outra com relação a esse tema no jornal particular de Dee: saber que se pode tirar do conhecimento da natureza poderes perfeitamente naturais e ilimitados, mas que é necessário empregar muito dinheiro nessa pesquisa.

Foi para ter esse dinheiro que procurou a proteção dos grandes, e a fabricação do ouro. Nenhuma nem outra foram conseguidas. Se pudesse encontrar um mecenas, o mundo estaria bem mudado.

Entre todos os que encontrou, conheceu William Shakespeare (1564-1616)? Creio que sim. Um certo número de críticos shakespereanos estão acordes ao admitir que John Dee é o modelo do personagem Próspero, em “Tempestade”. Ao contrário, não se encontrou, ainda, que eu saiba, anti-shakespereanos bastante loucos para imaginar ser John Dee o autor das obras de Shakespeare. Entretanto, Dee me parece ser melhor candidato a esse título que Francis Bacon.

Não posso resistir ao prazer de citar esta teoria do humorista inglês A. A. Milne. Segundo ele, Shakespeare escreveu não só suas próprias obras como também o Novum Organum para o Conde de Francis Bacon, que era completamente iletrado! Tal teoria levantou em ira os baconianos, isto é, aqueles que pretendem ter sido Francis Bacon o autor das obras de Shakespeare.

Passando para outra lenda, John Dee jamais traduziu o livro maldito Necronomicon, de Abdul Al-Azred, pela simples razão que tal obra jamais existiu. Mas, como bem disse Lin Carter, se o Necronomicon tivesse existido, Dee seria, evidentemente, o único homem a poder encontrá-lo e traduzi-lo!

Infelizmente, esse Necronomicon foi inventado inteiramente por Lovecraft, que me confirmou esse fato por carta. Que lástima!

A pedra negra, vinda de outro universo, após ter sido recolhida pelo Conde de Peterborough, depois por Horace Walpole, encontra-se, agora, no Museu Britânico. Este não autoriza, nem que se possa usá-la, nem que se faça nela qualquer tipo de análise. Isto é lamentável. Mas se as análises do carvão de que é feita essa pedra dessem um composto isótopo que não o do carvão da Terra, provando que essa pedra teria origem fora dela, todo mundo ficaria fortemente embaraçado.

A Mônada Hieroglífica de Dee pode ser encontrada ou obtida por fotocópia. Mas sem as chaves que correspondem aos diversos códigos da obra, e sem os outros manuscritos de John Dee queimados em Mortlake ou destruídos sob as ordens de James I, ela não pode servir para grande coisa. Entretanto, a história do Dr. John Dee não acabou e dois capítulos ser-me-ão necessários para continuá-la.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/o-que-john-dee-viu-no-espelho-negro/

Platão e o Conhecimento Inato

Segundo Platão, conhecer é recordar verdades que já existem em nós – teoria que pode ser atestada sempre que nos deixamos guiar pela voz do inconsciente.

Aprender é descobrir aquilo que você já sabe. Fazer é demonstrar que você o sabe. Ensinar é lembrar aos outros que eles sabem tanto quanto você

Essa máxima, extraída do livro Ilusões, de Richard Bach, sintetiza o inatismo de Platão, doutrina filosófica segundo a qual aprendemos devido a um processo natural de descobertas, capaz de desentranhar conhecimentos racionais e idéias verdadeiras que se encontram, a priori, latentes, guardados em nosso mundo interior.

Platão nasceu em 428-7 a.C., na cidade-estado de Atenas, onde viveu a época de seu apogeu político. Por volta dos 40 anos, o mais importante discípulo de Sócrates fundou sua Academia, dirigindo-a até o fim de seus dias, em 348-7 a.C. Um de seus célebres pupilos foi Aristóteles, que aos 18 anos ingressou na Academia, bebendo da fonte platônica durante as últimas duas décadas de vida de seu mestre. A Academia estenderia seu funcionamento por 900 anos, até hoje a mais longa existência registrada na história das instituições educacionais do Ocidente.

Nascido em berço abastado, numa família que detinha importantes relacionamentos políticos, Platão, após cumprir o serviço militar, pôde aventurar-se pela Magna Grécia. Além de conhecer Euclides em Megara e estudar a matemática de Teodoro em Cirene, estendeu viagem ao Egito, inspirado pelos passos esotéricos de Pitágoras. Ao retornar a Atenas, já tendo escolhido o caminho da ascese espiritual, dedicou-se à poesia, ao teatro e à leitura dos textos clássicos. Aproximou-se dos filósofos e, aos 25 anos, conheceu Sócrates. Acercou-se dele intensamente e com profunda admiração, permitindo que em seu espírito se processasse uma revolução completa ao longo dos três anos seguintes, os quais antecederam a condenação de Sócrates à morte por cicuta.

Platão recebeu notável influência dos grandes pensadores de sua época e soube sintetizar magistralmente suas doutrinas num sistema próprio de compreensão do homem e do universo. De Pitágoras herdou, por exemplo, a vocação para a pedagogia, o amor pela matemática e pela música, assim como o caráter transcendente de sua teoria das idéias e os alicerces órficos de sua filosofia, caso da crença na imortalidade da alma, na metempsicose (teoria que aceita a passagem da alma de um corpo para o outro) e na existência do outro mundo.

De Heráclito aceitou a idéia de que tudo é mudança nesta vida, ao menos neste “mundo sensível” em que vivemos, cercados de ilusões e aparências da verdade, onde nada é permanente. De Parmênides assimilou a crença numa realidade perene e atemporal. Platão situou essa realidade em seu “mundo inteligível”, distinto deste, compreendendo que, para além das realidades ilusórias, a alma (o ser) é una, imutável e permanente.

De Sócrates absorveu o costume de refletir sobre o homem e seus problemas éticos, e apreendeu uma conduta impecável. Dele ainda recebeu a maiêutica (arte de dar à luz a verdade por meio de seguidas perguntas), instrumento valioso para a tese do inatismo. Tal teoria, de que todo conhecimento é reminiscência, assumiu melhores passagens em dois de seus 29 livros: Fédon e Mênon. Neste último diálogo, Sócrates, personagem central do livro, interpela um jovem escravo sem estudos e se põe a fazer-lhe perguntas de crescente complexidade sobre geometria. Por meio de questões precisas, o filósofo extrai respostas claras do rapaz, que consegue espontaneamente resolver um cálculo de área, razoavelmente difícil para alguém ignorante. Ou seja, conforme Sócrates vai dialogando com o escravo no sentido de fazê-lo raciocinar corretamente, as verdades matemáticas vão surgindo na sua mente. Tanto no Fédon quanto no Mênon, chega-se à conclusão de que o conhecimento da alma provém de existências anteriores.

Na República (Livro X), Platão procura fundamentar a teoria da reminiscência por meio da alegoria de Er, um pastor da Panfília que, morto em batalha, após dez dias é encontrado com seu corpo intacto entre centenas de cadáveres putrefatos. Levado para casa a fim de que se cumprissem os ritos funerários, já estendido sobre a pira de cremação, no décimo segundo dia após sua morte, Er acorda, levanta-se e põe-se a narrar o que viu no além. O pastor havia estado entre os juízes que separavam as almas boas das ruins, dando-lhes as sentenças conforme haviam vivido seus dias encarnados. Er estivera entre almas de sábios, heróis, antepassados e amigos. Os juízes o haviam escolhido para que, vendo e ouvindo tudo o que ali se passava, pudesse retornar à Terra e contar aos homens o destino que nos reserva o além. Er aprende que as almas renascem indefinidamente para purificar-se de seus erros passados até que não mais precisem reencarnar, quando então passam a residir na eternidade. Compreende ainda que a morte, mero intervalo entre as existências terrenas, é o período em que as almas podem contemplar o conhecimento verdadeiro e ao menos vislumbrar o mundo perfeito das idéias, proposto pela teoria de Platão. Antes de regressarem à nova encarnação, porém, cabe às almas escolherem o que desejam experimentar entre uma infinidade de sortes ou modelos de vida, que lhes são apresentados por Látesis, uma das três deusas do destino. Há vidas de rei, de guerreiro, de artista, de escravo etc., todas à disposição para que sejam tomadas conforme as necessidades compensatórias do futuro aprendizado.

As almas devem ainda escolher seu próximo sexo e local de nascimento, e se querem retornar feito mineral, vegetal, animal ou ser humano. Em seu caminho de volta, porém, elas atravessam vasta planície desértica, sob calor abrasador, que as força beber das águas de Lethé (“esquecimento” em grego), o rio da despreocupação. Quanto mais bebem, mais esquecem suas vidas anteriores, até que sejam encaminhadas ao local escolhido para o novo nascimento.

Platão se vale dessa metáfora (que até hoje influencia o kardecismo, o rosacrucionismo e várias outras correntes religiosas) para explicar como o conhecimento pode preexistir de modo latente em nossas almas, fadados que estamos a viver esquecidos de nosso caráter divino e das verdades puras contempladas.

Concordamos, porém, com Bertrand Russel (1872-1970), que diz que o argumento platônico de nada vale se aplicado ao conhecimento empírico. O rapaz escravo não saberia “recordar” – nem mesmo com ajuda da indução de Sócrates – quando se deu, por exemplo, a construção das pirâmides, ou o cerco à Tróia. Contra a teoria da reminiscência, considere-se ainda qualquer descoberta no campo científico, como a disseminação de doenças por meio de microorganismos atestada pelas experiências de Pasteur. Um completo ignorante dificilmente chegaria a essas conclusões se levado a pensar no problema pelo método de perguntas e respostas.

Somente o conhecimento que se denomina apriorístico, inato – como as intuições lógicas e matemáticas -, é que pode existir dentro de nós sem qualquer prévia experiência. De fato, o conhecimento a priori é o único que Platão admite como verdadeiro, além das revelações místicas às quais nossas almas estão sempre sujeitas.

Independentemente da crença na reencarnação professada pelo filósofo, podemos indagar: de onde teria vindo o saber do escravo se este não tivesse nascido já dotado dos princípios da racionalidade? O inatismo de Platão aqui se atesta: conhecer é recordar a verdade que já trazemos em nós, inerente ao aparato racional e intuitivo de que somos desde o nascimento dotados. Nesse sentido, aprender é mesmo descobrir o que já sabemos.

Aos defensores do inatismo, como vimos, contrapõem-se os empiristas, que afirmam que a verdade e a razão só podem ser adquiridas por meio da experiência. O empirismo entende a razão como uma “folha em branco”, ou uma tábua rasa, sobre a qual vão sendo gravadas as experiências de vida que agregam conteúdo a nosso saber. Freud, por exemplo, enxergava dessa forma nosso mundo inconsciente. A essa visão reducionista da psicanálise contrapôs-se Jung, para quem o inconsciente não é somente dinâmico, mas dotado de autonomia própria, estando ligado à fonte original do saber inconsciente universal. Sendo assim, ele é capaz de nos antecipar verdades que em tempo oportuno se tornarão conscientes, ou de nos levar a passar por experiências significativas, necessárias à nossa evolução pessoal, que Jung chamou de “sincronicidades”. Portanto, no que se refere à sua maneira de compreender o psiquismo, poderíamos dizer que a psicologia analítica é de natureza iminentemente platônica, já que valoriza as percepções intuitivas em detrimento do saber estritamente racional.

Cumpre lembrar que a história das descobertas (mesmo as científicas) está repleta de casos assim. O químico Friedrich Kekulé, por exemplo, adormeceu em frente de sua lareira, sonhou com uma serpente que mordia o próprio rabo e despertou com a exata noção de que o anel de benzeno tinha estrutura espacial hexagonal fechada em si mesma, o que lhe resolveu um problema que o atormentava havia anos. Famosa também é a história do físico Isaac Newton, que teria derivado a equação da gravitação universal num insight que lhe ocorreu ao observar a queda de maçãs maduras no pomar de Woolsthorpe, onde ele costumava passar suas tardes orando e meditando. Mozart também contou com humor que os temas de suas peças eram-lhe antecipados em sonho, sempre mais sublimes do que ele conseguia compor depois!

Gênios iluminados à parte, nossa vida cotidiana acha-se igualmente tomada de exemplos de descobertas espontâneas pessoais. Basta conferir nossa história biográfica, ou mesmo perguntar aos amigos sobre isso. Não resta dúvida: sempre que nos deixamos levar pelas vozes do inconsciente, descobrimos coisas novas, encontramos verdades escondidas, percebemos virtudes e potenciais a serem trabalhados. Admitindo primeiramente nossa virtual ignorância, e buscando intuitivamente por nossos caminhos, estamos exercitando a nobre arte que une a filosofia ao misticismo em favor do autoconhecimento. Importa, sobretudo, abrir nossos canais às lições dos verdadeiros mestres que habitam esferas transcendentes de nossa realidade interior. Conhecermo-nos a nós mesmos é, pois, nossa humilde obrigação, só assim descobriremos os segredos dos deuses e dos homens. Ao menos é o que nos quer ensinar a grande máxima, que repercute a nos lembrar que ninguém é melhor por saber muito, senão que aprendemos descobrindo que sabemos tanto quanto os outros – um quase nada diante dos mistérios realmente imponderáveis.

#Espiritualidade

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/plat%C3%A3o-e-o-conhecimento-inato

A Roda do Ano

Existem oito datas principais na Wicca, conhecidas como Festivais ou Sabás. Nos Festivais, os Wiccans fazem rituais de adoração e agradecimento aos Deuses.  Uma vez por mês, durante a Lua Cheia, nós também nos reunimos nos chamados Esbas. Esses encontros são usados para se discutir assuntos referentes ao grupo, para a realização de feitiços e rituais extraordinários, bem como para estudos e realização de exercícios de relaxamento, visualização, etc. Um Coven deve ser como uma grande família, portanto, ele também pode se reunir para passear, viajara, ir ao cinema, ao futebol, simplesmente para jogar conversa fora, ou para obras de melhoria do nosso Planeta, como trabalho em favor da Ecologia, dos Animais, dos Direitos Humanos ou de pessoas carentes. No fim desta obra é dada uma lista com endereços e sugestões de trabalho.

A Roda do Ano – Representada pelos oito Sabás, tem por objetivo sincronizar a nossa energia com as Estações do Ano, ou seja, com os ciclos do Planeta terra e do Universo. Ela descreve o caminho do Sol durante o ano, representando as várias fases do Deus: seu nascimento, crescimento, união com a Deusa, e, finalmente, seu declínio e morte. Da mesma forma que o Sol nasce e se põe todos os dias, e da mesma forma que a primavera faz a Terra renascer após o Inverno, o Deus nos ensina que a Morte é apenas um ponto no ciclo infinito de nossa evolução para podermos renascer do Útero da Mãe.

Para algumas tradições da Wicca, o ano se inicia no Solstício de Inverno. Outras consideram a noite do dia 31 de Outubro como início do ano. Essa data é conhecida como Halloween ou Dia das Bruxas, mas seu nome tradicional é Samhain, que significa “Sem Sol”, referindo-se ao tempo de Inverno. Essa época também é correspondente ao Ano Novo Judaico.

Yule – Solstício de Inverno (21 de Dezembro)

É desta data antiga que se originou o Natal Cristão. Nesta época, a Deusa dá à Luz o deus, que é reverenciado como CRIANÇA PROMETIDA. Em Yule é tempo de reencontrarmos nossas esperanças, pedindo para que os Deuses rejuvenesçam nossos corações e nos dêem forças para nos libertarmos das coisas antigas e desgastadas. É hora de descobrirmos a criança dentro de nós e renascermos com sua pureza e alegria. Coloque flores e frutos da época do altar. Se quiser, pode fazer uma árvore enfeitada, pois está é a antiga tradição “pagã”, onde a árvore era sagrada e os meses do ano tinham nomes de árvores. Esta é a noite mais longa do ano, onde a Deusa é reverenciada como a Mãe da Criança Prometida ou do Deus Sol, que nasceu para trazer Luz ao mundo. Da mesma forma, apesar de todas as dificuldades devemos sempre confiar em nossa própria luz interior

Candlemas – Festa do Fofo ou noite de brigit (02 de fevereiro)

Este Sabá é dedicado à Deusa Brigit, Senhora da Poesia, da Inspiração , da Cura, da Escrita, da Metalurgia, das Artes marciais e do Fogo. Nesta noite os Wiccans ceebram e cultuam estes pontos todos e colocam velas cor de laranja ao redor do círculo , e uma vela acesa dentro do caldeirão.  Se o ritual é feito ao ar livre, pode-se fazer tochas e girar ao redor do círculo com elas. o Wiccan mais jovem da Assembléia pode representar Brigit, entrando por último no círculo para acender, com sua tocha, a vela do caldeirão, ou a fogueira, se o ritual for ao ar livre, o que representaria a Inspiração sendo trazida para o círculo pela Deusa. Os membros do Coven devem fazer poesias, ou cantar em homenagem a Brigit. Pedidos, agradecimentos ou poesias devem ser queimados na fogueira ou no caldeirão em oferenda, no fim do ritual. o Deus está crescendo e se tornando mais forte, para trazer a Luz de volta ao mundo. É hora de pedirmos proteção para todos os jovens, em especial da nossa família de do Coven. Devemos mentalizar que o Deus está conservando sempre viva dentro de nós a chama da saúde, da coragem, da ousadia e da juventude. O altar deve ser enfeitado com flores amarelas, alaranjadas ou vermelhas. A consagração deve ser feita pelos membros mais jovens do Coven.

Equinócio de Primavera – Ostara (21 de Março)

Ostara é o Festival em homenagem à Deusa Oster, senhora da Fertilidade, cujo símbolo é o coelho. Foi desse antigo festival que teve origem a Páscoa. Os membros do Coven usam grinaldas, e o Altar deve ser enfeitados com flores da época. É um costume muito antigo colocar ovos pintados no Altar. Eles simbolizam a fecundidade e a renovação. Os ovos podem ser pintados crus e depois enterrados, ou cozidos e comidos enquanto mentalizamos nossos desejos. Nesse caso, não utilize tintas tóxicas, pois podem provocar problemas se ingeridas. Use anilinas para bolo, ou cozinhe os ovos com cascas de cebola na água, o que dará uma bela cor dourada. Antes de comê-los, os membros do Coven devem girar de mãos dadas em volta do Altar para energizar os pedidos. Os ovos devem ser decorados com símbolos mágicos, ou de acordo com a sua criatividade. Os pedidos devem ser voltados à “fertilidade” em todas as áreas.

Beltane – A Fogueira de Belenos, Festa da Primavera (01 de Maio)

Beltane é o mais alegre e festivo de todos os Sabás. O Deus, que agora é um jovem no auge da sua fertilidade, se apaixona pela Deusa, que em Beltane se apresenta como a Virgem e é chamada “Rainha de Maio”. Em Beltane se comemora esse amor que deu origem a todas as coisas do Universo. Beleno é a face radiante do Sol, que voltou ao mundo na Primavera. Em Beltane se acendem duas fogueiras, pois é costume passar entre elas para se livrar de todas as doenças e energias negativas. Nos tempos antigos, costumava-se passar o gado e os animais domésticos entre as fogueiras com a mesma finalidade. Daí veio o costume de “pular a fogueira” nas festas juninas. Se não houver espaço, duas tochas ou mesmo duas velas podem ter a mesma função. Deve-se ter o maior cuidado para evitar acidentes! Uma das mais belas tradições de Beltane é o MAYPOLE, ou MASTRO DE FITAS. Trata-se de um mastro enfeitado com fitas coloridas. Durante um ritual, cada membro escolhe uma fita de sua cor preferida ou ligada a um desejo. Todos devem girar trançando as fitas, como se estivessem tecendo seu próprio destino, colocando-nos sob a proteção dos Deuses. É costume em Wicca jamais se casar em Maio, pois esse mês é dedicado ao casamento do Deus e da Deusa.

Litha – Solstício de Verão (21 de Junho)

Nesse dia o Sol atingiu a sua plenitude. É o dia mais longo do ano. O deus chega ao ponto máximo de seu poder. Este é um dia de grande poder mágico e é tradicionalmente usado para o lançamento de rituais de ajuda, engrandecimento  e compaixão. É hora de pedirmos coragem, energia e saúde. Um dia de celebração do próprio senso de humor.
Mas não devemos nos esquecer que, embora o Deus esteja em sua plenitude, é nessa hora que ele começa a declinar. Logo Ele dará o último beijo em sua amada, a Deusa, e partirá no Barco da Morte, em busca da Terra do Verão. Da mesma forma, devemos ser humildes para não ficarmos cegos com o brilho do sucesso e do Poder. Tudo no Universo é cíclico, devemos não só nos ligarmos à plenitude, mas também aceitar o declínio e a Morte. nesse dia, costuma-se fazer um círculo de pedras ou de velas vermelhas. Queimam-se flores vermelhas ou ervas solares (como a Camomila) juntamente com os pedidos no Caldeirão.

Lamas – Lughnasad ou Festa da Colheita (01 de Agosto)

Lughnasad era tipicamente uma festa agrícola, onde se agradecia pela primeira colheita do ano. Lugh é o Deus Sol. na Mitologia Celta, ele é o maior dos guerreiros, que derrotou os Gigantes, que exigiam sacrifícios humanos do povo. A tradição pede que sejam feitos bonecos com espigas de milho ou ramos de trigo representando os Deuses, que nesse festival são chamados Senhor e Senhora do Milho. Nessa data deve-se agradecer a tudo o que colhemos durante o ano, sejam coisas boas ou más, pois até mesmo os problemas são veículos para a nossa evolução. O outro nome do Sabá é Lammas, que significa “A Massa de Lugh”. Isso se deve ao costume de se colher os primeiros grãos e fazer um pão que era dividido entre todos. Os membros do Coven devem fazer um pão comunitário, que deverá ser consagrado junto com o vinho e repartido dentro do círculo. O primeiro gole de vinho e o primeiro pedaço de pão devem ser jogados dentro do Caldeirão, para serem queimados juntamente com papéis, onde serão escritos os agradecimentos, e grãos de cereais. O boneco representando o Deus do milho também é queimado, para nos lembrar de que devemos nos livrar de tudo o que é antigo e desgastado para que possamos colher uma nova vida.
Porém a parte mais importante desse dia é que é momento de cobrar a dívida com rituais de destruição, maldições e vingança.
A pessoa ou o grupo de pessoas que tem sido um obstáculo e uma malefício terá hoje um dia especial para receber a vingança a moda Wiccan, Por meio de rituais seremos o lei do três voltando para quem a quebrou, só desta forma estaremos livre de mal retornos. Rituais especificos serão dados mais adiantes porem devem sempre ser usados com a consciencia da justiça, ou o feitiço voltará para você multiplicado por três. O Altar é enfeitado com sementes, ramos de trigo, espigas de milho e frutas da época.

Mabon – Equinócio de Outono (21 de Setembro)

No Panteão Celta, Mabon, também conhecido como Angus, era o Deus do Amor. Nessa noite devemos pedir harmonia no amor e proteção para as pessoas que amamos. Está é a segunda colheita do ano. O Altar deve ser enfeitado com as sementes que renascerão na primavera. O chão deve ser forrado com folhas secas. O deus está agonizando e logo morrerá. este é o Festival em que devemos pedir pelos que estão doentes e pelas pessoas mais velhas, que precisam de nossa ajuda e conforto. Também é nesse festival que homenageamos os nossos Antepassados, queimando papéis com seus nomes no Caldeirão e lhes dirigindo palavras de gratidão e bênçãos. Os feitiços de ajuda social e amorosa são especialmente feitos nesta noite.

Samhain – Halloween ou Dia das Bruxas (31 de Outubro)

Este é um dos mais importante de todos os Festivais, pois, dentro do círculo, marca tanto o fim quanto o início de um novo ano. Nessa noite, o véu entre o nosso mundo e o mundo dos mortos se torna mais tênue, sendo o tempo ideal para nos comunicarmos com os que já partiram. os Wiccans não fazem rituais para receber mensagens dos mortos e muito menos para incorporar espíritos. O sentido do Halloween é nos sintonizarmos com os que já partiram para lhes enviar mensagens de amor e harmonia. A noite do Samhain (pronuncia-se SOUEN) é uma noite de alegria e festa, pois marca o início de um novo período em nossas vidas, sendo comemorado com muito ponche, bolos e doces. A cor do sabá é o negro, sendo o Altar adornado com maçã, o símbolo da Vida Eterna. O vinho é substituído pela sidra ou pelo suco de maçã. deve-se fazer muita brincadeiras com dança e música. Os nomes das pessoas que já se foram são queimados no Caldeirão, mas nunca com uma conotação de tristeza! No Altar e nos Quadrantes não devem faltar as tradicionais Máscaras de Abóbora com velas dentro.Antigamente, as pessoas colocavam essas abóboras na janela para espantar os maus espíritos e os duendes que vagavam pelas noites do Samhain. Essa palavra significa “Sem Luz”, pois, nessa noite, o Deus morreu e mundo mergulha na escuridão. A Deusa vai ao Mundo das Sombras em busca do seu amado, que está esperando para nascer. Eles se amam, e, desse amor, a semente da luz espera no Útero da Mãe, para renascer no próximo Solstício de Inverno como a Criança da Promessa.

Conclusão

Candlemas, Beltane, Lammas e Samhain são Grandes Sabás, enquanto os Solstícios e Equinócios são Pequenos Sabás. A Roda continua a girar para sempre. Assim, não há motivo para tristezas, pois aqueles que perdemos nessa vida irão renascer, e, um dia, nos encontraremos novamente, nessa jornada infinita de evolução. Lembran

As datas fornecidas acima são do Hemisfério Norte. Muitas pessoas preferem adaptá-las ao nosso hemisfério, mudando a ordem dos Sabás. Outras já acham que se deve manter a tradição e seguir as datas da Europa. Isso depende do gosto de cada um, mas, no Brasil, não existem quatro estações, sendo que muitas regiões têm um Verão permanente ou uma estação chuvosa, o que torna bem difícil adaptar os Sabás aos aspectos da Natureza. Eu prefiro seguir as datas tradicionais e homenagear certos s aspectos da Natureza no Altar. Por exemplo, se eu comemoro o Equinócio do Outono em Setembro, que para nós seria Primavera, eu coloco algumas flores da época no Altar em homenagem à Natureza, mas sigo os aspectos do Equinócio de Outono durante o Ritual. Para dizer a verdade, eu acho muito estranho se comemorar Beltane em 31 de Outubro, quando é dia das Bruxas, mas isso depende da vontade de cada um. Eu penso que os Wiccans comemoravam esses Sabás na mesma data há milhares de anos! Já pensou se cada país comemorasse o Natal num dia? Se perderia a Universalidade da data! O Lugar onde realizamos nossos rituais é um espaço consagrado entre os mundos, portando, dentro dele podemos criar o tempo e o espaço que quisermos!

 

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