Francis Barrett

Francis Barret que nasceu por volta de 1765 e vive até 1825 segundo registro é o herdeiro de uma vasta tradição ocultista europeia. Foi um estudioso da química, metafísica, filosofia natural e oculta e sua importância é o de ser a ponte entre o legado anterior da feitiçaria ocidental e o renascimento mágico do século XIX. Sua base foram as tradições orais vindas do oriente e as obras e manuscritos de homens como Abade Tritemo e Cornelio Agripa.

Paradigma Mágico de Francis Barrett

Ao contrário da maioria de seus antecessores Francis Barrett não acreditava simplesmente que o processo mágico consistia em apelações a forças exteriores que deveriam ser exaltadas ou intimidadas para se alcançar objetivos diversos. Ao contrário, para ele “O poder mágico está dentro dos homens. Uma certa proporção deste homem interno se alonga e se extende sobre todas as coisas. Quando uma pessoa está em uma disposição apropriada uma conexão apropriada entre homem e objetos pode ser obtida.”

Assim como Levi, Barrett tinha uma grande preocupação em aliar a prática mágica com suas o espírito científico nascente assim como com as suas próprias convicções religiosas cristãs. Sobre este respeito ele deixo registrado que “Magia é uma ciência muito boa e louvável da qual uma pessoa pode tirar proveito, tornando-se sábia e feliz. Sua prática está longe de ser ofensiva a jDeus ou ao homem, pois a própria raiz ou fundamento de toda a magia brota das Escrituras Sagradas, a saber: ‘O temos a Deus é o início de toda a sabedoria’, e a caridade é o objetivoe por essa razão os sábios eram chamados de Magi.” Portanto os reis Magos com todo conhecimento e sabedoria, puderam reconhecer que Cristo, o Salvador, havia nascido entre os homens. Suas últimas recomendações, antes que alguém leia o livro, dizem respeito ao uso deste conhecimento: que seja usado para a honra de nosso Criador e benefício do próximo, sentindo, portanto, a satisfação de estar cumprindo o dever. Manter silêncio e só falar àqueles que mereçam ouvir, para não dar pérolas a porcos. “Sê amável com todos, mas não íntimo, como dizem as Escrituras, pois muitos são lobos em pele de cordeiro.”

A Sociedade Mágica de Francis Barrett

Sabe-se muito pouco da vida de Barrett mas existem provas de que ainda jovem forma um seleto grupo de discípulos ou aprendizes de magos em Londres (Inglaterra) para estudar, ampliar e preservar esta tradição. Entre os membros do grupo se encontra Sir Edward Bulwer-Lytton (1803-1873) conhecido escritor e autor da novela “Zanoni”, talvez ainda o maior romance ocultista que tem como pano de fundo os princípios da Ordem Rosa-cruz e tratando metaforicamente da evolução da alma.

Esta sociedade mágica não era uma sociedade secreta, mas segundo o próprio Barret, uma “sociedade seleta e discreta”. Fora a menção deste grupo no legado de Francis Barret, existem documentos conservados até hoje sobre as atividades e natureza dos encontros. Summers, um pitoresco clérigo e ocultista nos tempos livres, relata que Barrett fundara uma “pequena confraria de estudiosos destes profundos mistérios”, complementando que “esta não estaria restrita apenas a Londres” e continua, afirmando que: “Alguns avançaram no caminho, e pelo menos um deles era um homem de Cambridge. A tradição de Barrett se manteve em Cambridge, embora de maneira muito reservada, transmitindo seus ensinamentos a discípulos promissores.”

Magus

 

Contudo, Barret é conhecido, não por sua escola ocultista, mas por seu famoso livro, Magus.  Um compêndio de dois volumes que prometia encapsular um completo sistema de filosofia oculta e conhecimento mágico. Publicado em Lodres em 1801 consiste de uma seleção, organização, desenvolvimento e comentários dos quatro livros de filosofia oculta de Cornelius Agrippa e das traduções de Robert Turner do Heptameron datada de 1655. Barrett fez algumas correções, atualizaou a teoria e modernizou a sintaxe e vocabulário das invocações trazendo para o seu século o conhecimento ocultista das gerações anteriores, exatamente como faria Eliphas Levi, Aleister Crowley e Peter Carroll posteriormente.

Magus lidava com invocações, magnetisno, talismãs, alquimia, numerologia, cabala, demonologia, angeologia, magia elemental, a propriedade das pedras e hervas e trazia também as biografias de fomosos adeptos dos séculos anteriores. Além disso, Magus serviu também como uma ferramenta de propaganda para Barret. Nele, o ocultista despertou o interesse dos londrinos pela magia e conhecimentos ocultos e consequentemente em seu circulo de estudos. Um anúncio na página 140 do segundo volume da edição original especificamente se referia ao grupo fundado por Barrett:

“O autor desta obra respeitosamente informa para aqueles curiosos nos estudos da Arte e Natureza, e em especial da Filosofia Oculta Natural, Química, Astrologia, etc., etc., que tendo sido incansável em suas pesquisas das ciências sublimes, tratadas largamente neste livro, dá também aulas particulares e palestras sobre todas as ciências acima mencionadas, nas quais são reveladosmuitos curiosos e raros experimentos.”.

“Aqueles que se tornarem estudantes serão iniciados nas operações escolhidas de Filosofia Natural, Magia Natural, Cabbala, Química, Arte Talismânica, Filosofia hermética, Astrologia, Fisiognosis, etc, etc.. desta forma eles atingirão conhecimento dos Ritos, Mistérios, Cerimônias e Princípios dos antigos filósofos, nagos, cabalistas e adeptos.”

“O Propósito desta escola ( que consiste em um número não superior a 12 estudantes) é investigar os tesouros escondidos da natureza; trazer a mente a contemplação da Sabedoria Eterna, promover as descobertas do que quer que conduza a perfeição humana , aliviar as misérias e calamidades desta vida, em respeito a nós mesmos e a nossos semelhantes , estudar a moralidade e religião com vista em assegurar nossa felicidade eterna, e finalmente promulgar o que quer que conduza a felicidade e bem estar geral da humanidade.”

“Magus”, ou “A milicia celeste” compila um sistema completo de filosofia oculta, tratando de magia natural, cabala, magia cerimonial, alquimia e magnetismo. Serviu de referência para magos e estudiosos como Eliphas Levy e Papus por reunir conhecimentos de Zoroastro, Hermes Trismegistro, Apolônio e Tyana, Simão do Templo, Trithemus, Agrippa, Porta – o Napolipano, Dee, Paracelso, Roger Bacon e muitos outros.

O livro foi escrito quando as correspondências astrológicas já estavam plenamente incorporadas à Tradição Mágica Ocidental e cada planeta possuía seu próprio anjo. Dominando este conhecimento, teoricamente o mago poderia conjurar este anjo e obter o domínio sobre os aspectos da vida controlados pelo planeta correspondente. O acesso ao anjo costumava ser efetuado por intermédio do seu espírito, subordinando-o. Cassiel, por exemplo, era o espírito subordinado ao anjo de Saturno. Montague Summers assegurava que os espíritos que apareciam nas ilustrações do “Magus” eram desenhados do “natural”.

Legado e Posteridade

O livro ganhou popularidade local quase instantânea, mas Francis e sua obra só se tornaram referências do ocultismo quando ganhou uma segunda edição em 1875 e foi promovido por Eliphas Levi. É ainda hoje uma obra importante na coleção dos estudiosos e sua influência continua sendo enorme no meio ocultista até os dias de hoje.

A morte de Barret, Sir Edward Bulwer Lytton é datada em 1825. Após seu falecimento o grupo que formou começa a perder força até que eventualmente termina por extinguir-se, mas sua obra teve um importante papel no renascimento mágico que aocnteceu na Europa durante as primeiras decadas do século XIX.

1765 – 1825

Postagem original feita no https://mortesubita.net/biografias/francis-barrett/

Importante Shaman Zulu e antigo Credo Mutwa

Tem sido dito que os antigos nativos de alguma tribo receberam as chaves do conhecimento. Esta declaração nunca havia sido minuciosamente confirmada antes após a recente entrevista que eu tive o privilégio de conduzir com o (Shaman) Zulu “Sanusi” Credo Mutwa agora com quase 80 anos de idade. Através dos esforços e assistência de David Icke eu fui capaz de manter contato com o Dr. Johan Joubert que brilhantemente coordenou contato com Credo Mutwa permitindo assim que a entrevista ocorresse por telefone literalmente a meia distância do mundo na África do Sul. Nós do SPECTRUM gostaríamos de transmitir nossa profunda apreciação para David Icke e o Dr. Joubert pelos seus esforços em contatar esta lenda viva. Eu inicialmente ouvi falar sobre Credo Mutwa há 5 anos atrás sendo que naquela época impossibilitei-me em dialogar com ele por telefone devido habitar numa distante área sem comunicação. Quando eu soube por David Icke que ele tinha passado algum tempo com Credo Mutwa e que ele gostaria de conversar com o SPECTRUM, bem, assim foi feito. Através da fantástica rede internacional de telecomunicação no dia 13 de agosto nós tivemos que conduzir uma sessão de entrevista que durou 4 horas! E não, nós não estamos falando em cancelar isto devido ao tamanho da entrevista. As palavras que ele nos transmitiu estão completamente inseridas no texto, sendo nossa norma – uma questão de respeito para com o apresentador bem como um bom e honesto jornalismo! Credo Mutwa é um homem que David Icke descreve como sendo: “O mais incrível e sábio homem que tem meu respeito e honra para chamá-lo como meu amigo, um gênio”. Após conversar com Credo ele mudou seus valores. Eu gostaria de dizer que quando Credo ainda não era um homem instruído ele era uma pessoa capaz de soletrar todas as palavras Zulus ou Africanas, nomes próprios, etc. Para aqueles de vocês que talvez possuam escolaridade Africana sentirão que este nível de informação é mais avançado para suas pesquisas do que para a média dos leitores logo certos cuidados foram tomados por Credo como sendo outra face de sua honestidade e exatidão. Se você sente que você tem lido alguma recente matéria que amplia seus pensamentos e que desafia alguns valores e credos esta entrevista conduzirá você então a dar um passo além. Como sempre a verdade é mais estranha do que a ficção.

Assim como a verdade – ou partes da verdade que foram reveladas para alguns de nós – que fazemos parte de um grande mosaico isto está sendo transmitido para cada um de nós para chegarmos á nossas próprias conclusões quanto a verdade que outros tem compartilhado conosco. Nós estamos honrados em ter esta oportunidade para apresentar as experiências e o conhecimento de Credo Mutwa com você. A impressionante informação apresentada por Credo Mutwa é certamente um provocante pensamento distante de alcançar suas implicações e objetivos.

Uma vez que você tenha lido esta informação você compreenderá então por que existem tentativas para silenciá-lo. Similarmente você apreciará profundamente Credo Mutwa pela sua coragem em vir dizer a verdade independentemente das conseqüências. Então sem mais comentários introdutórios iniciaremos a entrevista.

Martin: Primeiro de tudo, deixe-me dizer que é uma honra e um privilégio conversar com você e eu gostaria de agradecê-lo bem como o conhecimento de David Icke e o Dr. Joubert sem os quais não teria sido possível esta conversa. Nossos leitores estão cientes da existência dos extraterrestres reptilianos mutáveis e que eu gostaria de discutir com você a respeito especificamente sobre suas presenças, seus líderes, suas agendas e seus métodos de operação nesta época. Assim a primeira questão que eu gostaria de perguntar a você é : Você pode confirmar o que fazem realmente os extraterrestres reptilianos mutáveis que habitam atualmente nosso planeta? E se eles o fazem, você poderia confirmar isto mais especificamente sobre suas atuações. E de onde eles vêem?.

Credo Mutwa: Senhor, seu jornal pode enviar pessoas para a África?

Martin: Desculpa, você pode repetir?

Credo Mutwa: Seu jornal pode enviar alguém para a África no futuro próximo?

Martin: Nós estamos financeiramente incapazes de fazer isto no momento mas talvez este quadro reverta-se no futuro.

Credo Mutwa: É porque existem algumas coisas que eu gostaria que seu jornal verificasse além de mim. Você tem escutado sobre a cidade chamada Ruanda na África Central?

Martin: Sim

Credo Mutwa: As pessoas de Ruanda, as pessoas Hutu bem como as pessoas Watusi afirmam que eles não são as únicas pessoas na África que tem relatado que muitos de seus ancestrais foram uma raça de seres que eles chamavam de Imanujela que significa “os senhores que chegaram”. E algumas tribos no Oeste da África tais como Bambara também falam o mesmo. Eles dizem que eles vieram dos céus quando há muitas, muitas gerações atrás uma raça de seres altamente avançados chegaram, amedrontando-se com algumas criaturas que se pareciam como humanos que eles os chamavam de os Zishwezi. A palavra Zishwezi significa o dival ou a criatura glidal que pode voar para o céu ou através da água. Todos, senhor, tem escutado sobre o povo Dogon na África Ocidental onde todos dizem terem recebido instruções dos seres normais mas eles não são – o povo Dogon são especiais – muitos povos na África tem declarado que sua tribo ou seu rei foi inicialmente fundado por uma raça de criaturas sobrenaturais que veio dos céus. Você ainda está na linha, senhor?

Martin: Oh, sim, bem atento. Por favor continue.

Credo Mutwa: Senhor, eu posso prosseguir mas deixe-me trazê-lo para conhecer meu povo, o povo Zulu da África do Sul.

Martin: Aceito. Por favor.

Credo Mutwa: O povo Zulu é conhecido como um povo guerreiro, sendo pessoas que pertenceram ao Rei Shakazulu no último século. Quando você pergunta aos antropologistas brancos da África do Sul o que significa o nome Zulu lhe dirão que isto significa “o céu” (sorrindo) e então o Zulu os chamam auto-denominando-os de “o povo do céu”. Isso senhor não faz sentido. Na linguagem Zulu nosso nome para o céu, o céu azul é Sibakabaka. Nosso nome para o espaço interplanetário é Izulu e o Weduzulu que significa “espaço interplanetário” e o céu negro estrelado que você vê toda noite também tem a ver com viagens, senhor. A palavra Zulu para viagens ocasionais como um nômade ou um cigano é Izulu. Agora você pode ver que o povo Zulu na África do sul estavam cientes do fato que você pode viajar através do espaço – não pelo céu como um pássaro – mas você pode viajar através do espaço e os Zulus dizem que há muitos, muitos milhares de anos atrás lá chegou dos céus uma raça de pessoas que eram como lagartos, pessoas que conseguiam mudar de aparência á sua vontade. E pessoas que se casavam com suas crianças para um viagem (extraterrestre) gerando-se assim uma poderosa raça de reis e chefes tribais sendo que existem centenas de contos de fadas, senhor, no qual um lagarto fêmea assumiu a identidade de uma princesa humana ao apoderar-se de seu corpo casando-se com a princesa Zulu. Todas as crianças das escolas na África do sul, senhor, conhecem a história de uma princesa chamada Khombecansini. Khombecansini teria se casado com um príncipe muito atraente chamado Kakaka que significa “o iluminado”. Um dia enquanto Khombecansini estava catando lenha no bosque ela deparou-se com uma criatura chamado de Imbulu. E este Imbulu era um lagarto que possuía um corpo e os braços e pernas de um ser humano e uma longa cauda. E este lagarto disse para a princesa Khombecansini, “Oh, como você é linda garota e eu gostaria de ser como você. Eu gostaria de me parecer como você. Eu posso me aproximar de você?” disse o lagarto Imbulu para a princesa. E a princesa disse “sim você pode”. E o lagarto que tinha uma história se aproximou da garota e cuspiu nos seus olhos e começou a transfigurar-se. O lagarto repentinamente mudou para uma aparência humana e começou a aparentar-se mais e mais como a garota, com exceção de suas pontudas unhas. E ele então bateu violentamente nela e o lagarto dominou a princesa e removeu todos os seus braceletes, bolinhas e veste de casamento. Então o lagarto tornou-se a princesa. Agora haviam duas mulheres idênticas no bosque, o lagarto transformado em mulher e a verdadeira. E a mulher lagarto disse para a verdadeira mulher “agora você é minha escrava”. Agora você me acompanhará para o casamento. Eu serei você e você será minha escrava, vamos! Ela pegou uma vara e começou a bater na pobre princesa. E então ela partiu acompanhada por outras garotas que eram donzelas noivas de acordo com o costume Zulu e assim ela chegou no vilarejo do príncipe Kakaka.

Mas antes que eles alcançassem o vilarejo o lagarto transfigurado em princesa teve que fazer alguma coisa na sua cauda que é o que tinha que fazer de algum modo a mulher transformada para ocultar a sua cauda. Então ela mandou a princesa tecer uma rede de fibra e colocou sua cauda e amarrou-a apertadamente em si mesma. Ela agora aparentava-se como uma atraente mulher Zulu com grandes nádegas bem demarcadas. E então quando ela chegou ela tornou-se a esposa do príncipe Kakaka quando uma estranha coisa ameaçou suceder no vilarejo. Todos os leites começaram a desaparecer por que toda a noite a princesa transformada, a falsa princesa desenrolava a sua cauda para sugar todo o soro de leite por um orifício na ponta de sua cauda. E a sogra indagou o que significava aquilo? Por que o leite está sumindo? E então ela disse, “não, eu vi, existe um Imbulu entre nós”. A sogra que era uma esperta antiga senhora disse “um buraco deve ser escavado na frente do vilarejo e ele deverá ser preenchido com leite”. E assim foi feito. E então todas as garotas foram requisitadas a pularem no buraco. Elas pularam uma após a outra. E foi quando a mutante princesa foi forçada a fazê-lo também mas quando ela pulou sua longa cauda irrompeu sob a rede de sua saia e começou a sugar o leite através do orifício e então os guerreiros mataram o lagarto mutante. E assim a verdadeira princesa Kombecansini tornou-se a esposa do Rei dos Reis Kakaka. Agora, senhor, esta história possui várias versões em si mesma. Por toda a África do Sul entre muitas tribos você descobrirá histórias destas impressionantes criaturas que são capazes de transformarem-se de réptil para um ser humano e de réptil para qualquer outro animal de sua escolha. E essas criaturas, senhor, realmente existem. Não importa por onde você vá pelo sudeste, oeste, leste e África Central, você descobrirá que a descrição dessas criaturas é idêntica. Até mesmo entre as tribos que nunca por toda a sua história mantiveram contato entre todos eles. Assim existem tais criaturas. De onde eles vem, senhor, eu nunca soube. Mas eles estão ligados com certas estrelas no céu e uma dessas estrelas é um grande grupo de estrelas que faz parte da via Láctea que nosso povo chamam-na de Ingiyab que significa “A grande serpente”. E existe uma estrela vermelha, uma estrela avermelhada próxima da ponta desta grande margem de estrelas que nosso povo chama de Isone/Nkanyamba e eu descobri este nome no inglês. Isto é a estrela chamada Alpha Centauri em inglês. Agora isto, senhor, é algo que vale a pena ser investigado. Por que isto também é o que mais de 500 tribos espalhadas pela África que eu tenho visitado nos últimos 40 ou 50 anos ou mais tem descrito as mesmas criaturas? Dizem que estas criaturas alimentam-se de seres humanos e que eles numa época desafiaram Deus para guerra por que eles queriam controlar o universo. E então Deus travou uma terrível batalha com eles que foram derrotados, feridos e forçados a ocultarem-se nas cidades subterrâneas. Eles ocultaram-se em profundas cavernas subterrâneas por que eles sempre sentiam frio. Nestas cavernas nos foi dito que existem grandes lareiras que são mantidas por escravos, humanos e escravos zumbis. E é dito também que esses Zuswazi, esse Imbulu ou qualquer coisa que você prefira chamá-los não são capazes de ingerir alimentos sólidos. Eles tampouco ingerem sangue humano ou eles se alimentam dessa força, a energia que é gerada quando os seres humanos na superfície da terra estão brigando e se matando aos milhares. Eu encontrei pessoas que fugiram da antiga cidade de Masaki em Rwanda alguns anos atrás porque elas ficaram horrorizadas pelo o que estava acontecendo nas suas cidades. Eles disseram que o massacre dos Hutus pelo Watuzi e o Watusi pelos Hutus está atualmente alimentando os monstros Imanujela. É por que o Imanujela absorve a energia que é gerada das pessoas quando elas estão sendo aterrorizadas ou assassinadas. Você ainda está me ouvindo, senhor?

Martin: Sim, eu estou na linha.

Credo Mutwa: Agora permita-me dizer-lhe uma coisa interessante, senhor. Se você estudar todas as línguas de todas as nações Africanas você encontrará dentro das línguas nas palavras de nosso povo que são parecidos com as do mundo oriental, oriente médio e até mesmo com as palavras do índios americanos. E a palavra Imanujela significa “o senhor que chegou”. Uma palavra que alguém pode encontrar em Ruanda entre as pessoas Watusi e Rwandan Hutu é muito parecida com a palavra do hebreu Immanuel que significa “o senhor está conosco”. Immanujela significa “alguns que chegaram”, os senhores que estão aqui. Nosso povo acredita, senhor, que nós pessoas desta terra não somos mestres de nossas próprias vidas embora façamos coisas achando que somos nós que fazemos. Nosso povo diz que os negros de todas as tribos, alguns iniciados e todos os Shamans de toda a África quando descobrem sua verdade eles compartilham seus profundos desejos com você então eles dizem que (com) o Immanujela existe Imbulu. E existe outro nome pelo qual essas criaturas são conhecidas. Este nome é Chitauli. Agora a palavra Chitauli significa “os ditadores, alguns que nos transmitem a lei”. Em outras palavras “eles que nos dizem secretamente o que nós devemos fazer”. Agora dizem que esse Chitauli fizeram muitas coisas conosco quando chegaram neste planeta. Por favor perdõe-me mas eu devo dividir esta história com você. Esta é uma das estranhas histórias que você encontrará em qualquer lugar na África e em sociedades secretas shamânicas e em outros lugares onde o vestígio de nosso antigo conhecimento e sabedoria ainda estão preservados. Isto diz que originalmente a terra ficou encoberta por uma muito densa manta de neblina ou névoa. Essa pessoa realmente não conseguiu ver o sol no céu mas um clarão de luz. E eles também viram a lua á noite como um suave clarão de luz no céu por que existia uma densa névoa. E a chuva estava sempre jorrando constantemente em chuviscos. Não haviam trovões. Não haviam tempestades. O mundo estava coberto por grandes espessas florestas, selvas e as pessoas viviam em paz na terra naquela época. As pessoas eram felizes sendo que naquela época nós não tínhamos o poder de nos expressarmos. Nós somente fazíamos sons e balbúcios como alegres macacos mas nós não falávamos como nós falamos atualmente. E naqueles séculos as pessoas se comunicavam telepaticamente. Um homem poderia chamar sua esposa somente pensando nela, nas feições de seu rosto, no odor de seu corpo e ao tocar no cabelo de uma mulher. Um caçador deveria ir ao bosque e chamar os animais para virem e assim um dos animais mais velhos e cansados seria selecionado por si mesmo devendo se oferecer para o caçador que o mataria instantaneamente levando-o para sua caverna. Não existia violência contra os animais. Não havia violência contra a natureza pelos seres humanos naquela época. O homem perguntava a natureza para poder alimentar-se. Ele utilizava isto quando se aproximava de uma árvore e refletia sobre os frutos e a árvore deixava alguns frutos caírem no chão e o homem os apanhavam. E assim é dito que quando o Chitauli chegou na terra eles chegaram em terríveis embarcações que flutuavam no ar, em embarcações que possuíam a forma de tigelas e que faziam um ensurdecedor barulho e terríveis labaredas no céu. E os Chitaulis disseram aos seres humanos que eles geraram fortes clarões luminosos e que eles eram os grandes deuses dos céus e que eles agora recepcionariam um valioso grupo presenteado pelos deuses. Esses denominados deuses se pareciam com os seres humanos mas muito altos com uma comprida cauda e com tenebrosos olhos flamejantes sendo que alguns tinham dois brilhantes olhos amarelados – e alguns tinham três olhos vermelhos sendo que o terceiro olho ficava no centro de suas testas. E então essas criaturas tomaram os grandes poderes que aqueles seres humanos possuíam: o poder de conversar e movimentar objetos pela mente e o poder de observar o seu futuro e passado e também o poder para viajar espiritualmente para diferentes mundos. Todos esses grandes poderes o Chitauli tomou dos seres humanos e lhes deram um novo poder, o poder da fala.

Mas os seres humanos infelizmente descobriram que o poder da fala dividiu os seres humanos em vez de uni-los por que o Chitauli habilmente criou diferentes linguagens que dividiram as pessoas. Também o Chitauli fez algo que eles nunca tinham visto antes: eles deram aos seres humanos tarefas para eles e lhes disseram: “Estes são seus reis e estes são seus líderes”. Eles possuem nosso sangue neles. Eles são nossas crianças e você deve escutar essas pessoas por que eles nos falarão sobre o nosso comportamento. Se você não compreender nós o puniremos terrivelmente”. Antes da chegada do Chitauli, antes da vinda das criaturas Imbulu, os seres humanos eram seres espiritualizados. Mas quando o Chitauli chegou os seres humanos tornaram-se divididos espiritualmente bem como pela linguagem. E então foi dado aos seres humanos novos estranhas emoções pelo Chitauli. Os seres humanos começaram a sentirem-se inseguros e começaram a construírem aldeias com fortes cercas de madeira ao redor. Os seres humanos começaram a formar países. Em outras palavras eles começaram a criar tribos e tribos por terras delimitadas que eles defendiam-nas contra algum possível inimigo. Os seres humanos tornaram-se ambiciosos e gananciosos procurando enriquecerem-se com gado e crustáceos. E a outra coisa que o Chitauli forçou os seres humanos a fazerem foi trabalharem em minas. O Chitauli recrutou mulheres humanas para descobrirem minerais e certos tipos de metais. As mulheres descobriram cobre, ouro e prata. E eles eventualmente eram instruídos pelo Chitauli para fundirem esses metais e criar novos metais que jamais existiram na natureza antes como utensílios metálicos de bronze e outros objetos mais. E além disso o Chitauli descortinou a sagrada chuva que nevoava os céus e pela primeira vez desde a criação os seres humanos puderam observar as estrelas nos céus quando o Chitauli os contou que eles enganaram-se em acreditar que deus havia manifestado-se sobre a terra. “A partir de agora” o chitauli contou as pessoas terrenas “as pessoas da terra que eles devem acreditar que deus está no céu e que eles devem fazer coisas aqui na terra que agradem este deus que encontra-se no céu”. Veja, originalmente os seres humanos tinham acreditado que deus estava na terra e que isso era uma grande mãe que habitava embaixo da terra por que eles viram todas as coisas esverdeadas crescendo sobre a mesma – o capim crescia do solo e as árvores cresciam da terra e as pessoas acreditavam que quando morriam iam para debaixo da terra. Mas quando os Chitaulis mostraram aos seres humanos o céu as pessoas começaram a acreditar que Deus está no paraíso e que aquele que morre nesta terra não vai para a debaixo da terra mas sim para o paraíso. E agora, senhor, percorrendo toda a África como um investigador você descobrirá então esta incrível faceta – estes duas incríveis idéias que divergem entre si. Muitas tribos Africanas acreditam no chamado Midzimu ou Badimo. Agora a palavra Midzimu ou Badimo significa “eles que estão nos céus”. Mas na terra Zulu, dentre muitas pessoas você descobrirá esta incrível divergência de opiniões por terem passado de mãos em mãos. Existem Zulus que acreditam que algumas mortes são o Abapansi que significa “alguns que estão debaixo, são aqueles que estão sob a terra”. Mas existe uma outra idéia que diz Abapezulu. A palavra Abapezulu significa “aqueles que estão acima” e a palavra Abapanzi que é o antigo nome para os espíritos dos mortos significa “eles que estão sob a terra”. Assim, até hoje, senhor, quase em todas as centenas de tribos na África você encontrará estas duas estranhas crenças que diz que quem morre vai para o céu e a outra de que o morto vai para debaixo da terra. Dizem que esta crença data-se dos dias em que nosso povo acreditou que Deus era uma mulher, a grande mãe cósmica. E esta crença é mantida pelo povo Abapezulu que diz que deus é um homem que mora nos céus. Agora, senhor, outra coisa que o Chitauli nos contou é que nós estamos aqui na terra transformando-a para adaptá-la para “Deus” vir um dia habitá-la. É dito que eles estão trabalhando para mudar este planeta e salvaguardá-lo para a grande serpente Chitauli vir e habitar este mundo recompensando-o com grande poder e riqueza.

Senhor, eu tenho observado por muitos anos de estudos, por muitos anos de iniciação dos mistérios da sabedoria e do conhecimento do shamanismo Africano por que nós seres humanos estamos atualmente destruindo este planeta em que vivemos. Nós estamos fazendo o que somente está sendo feito por uma outra espécie de animal, a saber, o elefante Africano que seguidamente tem destruído todas as árvores de seu ecossistema. Nós seres humanos estamos fazendo exatamente isto com nosso planeta. E por onde você passar pela áfrica onde existiam grandes civilizações você encontrará um deserto. Por exemplo, existe o deserto de Kalahari na África do Sul e sob as areias daquele deserto eu descobri ruínas de antigas cidades mostrando que os seres humanos numa remota época guiaram-se para esta região desértica que já foi verde e fértil. E por alguns dias acompanhando exploradores de safari nas regiões do deserto do Sahara na África eu também encontrei evidências inacreditáveis de antigas habitações humanas em locais atualmente desérticos onde existe somente pedras e areias assobiando. Em outras palavras o deserto do Sahara foi uma grande nação agora desértica para os seres humanos. Por que? Eu me questiono muitas vezes porque que os seres humanos estão sendo direcionados a sentirem-se inseguros, vorazes e cobiçosos pelo poder para transformar o planeta terra num deserto incapacitando a vida humana? Por que? Embora todos nós estejamos cientes dos terríveis perigos que isto nos causará, porque nós estamos desmatando grandes áreas de selva na África? Por que nós estamos cumprindo as diretrizes que o Chitauli programou para nós? Embora eu recuse aceitar isto, a resposta é um terrível sim, sim, sim. Mas dentre os sábios que me prestigiam com sua amizade é o Dr. Sitchin que é um homem de grande sabedoria que vive em Israel.

(Nota do Editor: Esta referência é para o Dr. Sitchin, autor de muitos controvertidos livros sobre a interação de seres extraterrestres com seres humanos em muitas épocas remotas).

De acordo com os antigos livros escritos pelos sumérios, além das escritas em barro, os deuses vieram dos céus e forçaram os seres humanos a trabalharem para eles em mineração de ouro. Esta história é confirmada pelas lendas Africanas em toda a África em que os deuses desceram dos céus e nos escravizaram de uma forma que nós nunca soubéssemos que éramos escravos. Uma outra coisa que nosso povo diz é que o Chitauli furtaram-nos como abutres. Eles idolatraram alguns de nós, implantaram-nos ódio e ambição e transformaram essas pessoas em grandes guerreiros criadores de guerras. Mas no fim, o Chitauli não permitiu que estes grandes líderes, chefes guerreiros e Reis morressem pacificamente. O líder guerreiro é usado para gerar tantas guerras quanto possível para dizimar seu povo e seus inimigos e no fim o líder guerreiro falece cruelmente com seu sangue extirpado por outros. E estes incidentes eu vejo repetidamente. Nosso grande Rei Shaka Zulu lutou em mais de 200 grandes guerras durante o reinado de alguns 30 anos. E então foi massacrado cruelmente. Ele morreu derrotado após a morte de sua mãe já sem forças para vencer nenhuma outra batalha. E antes de Shaka Zulu, lá existia um outro rei que foi treinado por Shaka para tornar-se o grande rei que foi. Esse rei chamava-se Dingiswayo.

Dingiswayo tinha travado grandes guerras para unir o povo Zulu com uma grande tribo. Ele viu os brancos do Cabo com propósito de unir o seu povo para formar uma grande nação que seria capaz de repelir a ameaça de seu povo que o colocou na posição de um branco.

Mas o que aconteceu foi que após vencer muitas batalhas para unificar muitas tribos o Rei Disgiswayo subitamente sofreu de uma doença na vista que quase o cegou. Ele então ocultou em segredo que não enxergava mais. Mas esse terrível segredo foi desvendado por uma adolescente de uma outra tribo chamada Utombazi. Então Utombazi travou uma batalha com Dingiswayo degolando-o após tê-lo atraído para sua cabana por comida e bebida. Também existem similares fenômenos com grandes líderes brancos: Napoleão na Europa morreu miseravelmente na sua solitária ilha no oceano atlântico; Hitler também na Europa tendo uma terrível morte ao se suicidar com um tiro na boca, ao que sabemos; Attila o uno foi assassinado por uma mulher e muitos outros grandes líderes que arruinaram-se após matarem e empobrecerem muitas pessoas. O Rei Shaka Zulu foi estrangulado até a morte pelo seu meio irmão com a mesma lança que havia utilizado para matar outras pessoas. E Julio Cesar também esbarrou num similar destino após gostar de nossa Shaka Zulu e ter conquistado muitas nações. Sempre o herói guerreiro morre de uma forma que ele não deveria morrer.

O Rei Arthur na Inglaterra foi morto pelo seu próprio filho Mordred após um longo e corajoso reinado. Eu poderia continuar, senhor. Agora todas essas coisas juntas mostram-nos que se a pessoa ri ou zomba disto ou inexiste um poder que nos leva ao sombrio rio da auto-aniquilação. E em breve muitos de nós tornaremos-nos cientes disto e o melhor seria que nós devêssemos ser capazes de lidar com este fato.

Martin: Você acredita que esses seres estão espalhados pelo planeta ou fixados na África?

Credo Mutwa: Senhor, eu acredito que essas criaturas estão espalhadas pelo planeta e com todo respeito, senhor, embora eu evite falar de mim eu sou uma pessoa que tenho viajado por muitos lugares do mundo. Eu estive no seu país Estados Unidos, senhor. Eu também estive na Austrália, Japão dentre outros países. E não importa onde eu vá, senhor, eu encontro pessoas me falando sobre criaturas como estas. Por exemplo, em 1997 eu visitei a Austrália, senhor, e viajei para tentar encontrar os aborígenes da Austrália. E quando os encontrei eles me disseram muitas coisas impressionantes. A mesma coisa que eu descobri no Japão eu descobri em Taiwan. Em todo lugar que ainda existe Shaman e curandeiros você descobre estas incríveis histórias. Agora, senhor, deixe-me lhe dizer o que eu pessoalmente descobri quando estava na Austrália. Isto é o que os índios Australianos chamam de Coorie que significa “nosso povo”. O povo Coorie da Austrália acredita num supremo criador chamado Byamie, senhor. Um Shaman Coorie e vários deles me mostraram retratos deste Byamie e um deles me mostrou uma pedra pintada simbolizando este estranho deus criador que veio das estrelas. E quando ele colocou o desenho na minha frente o que eles realmente me mostraram foi um chitauli. Eu reconheci isto através das minhas iniciações Africanas. Isto tinha uma grande cabeça e olhos bem demarcados pelos pintores. Não tinha boca mas compridos braços e incríveis longas pernas. Senhor, isto era uma típica feição de uma criatura Chitauli que eu conheci pelo meu povo na África. Eu me indaguei “Por que”? Aqui estou num país á milhares de milhas da África e vejo um ser como o Biamai ou Bimi que é uma criatura que eu conheço na África. Entre os nativos americanos, senhor, eu encontrei por exemplo, entre certas tribos Americanas tais como os Hopi e aqueles que habitam construções chamadas Pueblo sendo pessoas que tem sido visitadas por criaturas chamadas Katchina que colocam máscaras para disfarçarem-se como criaturas. E alguns destes Katchinas são bastante altos com enormes cabeças arredondadas. Exatamente como vistas na Africa deparei-me com criaturas semelhantes na América. Na África nós chamamos estas criaturas de Egwugwu ou de Chinyawu. O Katchina dos índios Americanos e o Chinyawu de nosso povo são seres similares. Agora por que é assim? Quando que os índios Americanos e Africanos mantiveram contato? Quando? Este é um dos grandes mistérios de todos os tempos, senhor. Isto é uma das muitas coisas que descobri no mundo que me deixou intrigado. Existem tais criaturas e quando os céticos se deparam com estes fatos é excelente. Mas porque que a humanidade não progride? Por que geramos em todo lugar um círculo de auto e mútua-destruição? Eu acredito que as pessoas são boas. As pessoas não querem guerras. As pessoas não querem destruir o mundo que eles habitam mas existem criaturas ou um poder neste planeta que está nos guiando para a auto-aniquilação. Brevemente nós perceberemos melhor isto.

Eu atualmente vivo na África e aqui vivem muitas pessoas sendo aqui minha casa. Mas eu vejo a África sendo destruída por guerras que para mim não fazem sentido como um Africano. Eu vejo a Índia como a África sofrendo do flagelo do colonialismo Francês, Inglês e de outras forças Européias. Mas a Índia como um país independente alcançou coisas que nós Africanos fracassamos em alcançar. Por que? A Índia detonou a bomba atômica sendo atualmente uma preocupação para as nações deste planeta. A Índia também tem lançado satélites em órbita.

Embora a Índia possua os mesmos problemas que a África ela possui uma população burguesa, religião e também disputas tribais – embora a Índia tenha uma grande classe pobre em sua população assim como de classe alta, ela alcançou coisas que nós africanos fracassamos em alcançar. Agora me pergunto “Por que? Por que?” Por que a Índia acolheu pessoas africanas, senhor, pois não sei como os negros sabem disto.

Há milhares de anos atrás os africanos povoaram grandes civilizações da Índia bem como em outros países do sudoeste asiático. Existe irrefutável prova arqueológica disto. Mas porque que a África se arruinou em guerras, em doenças e na fome? Por que? Muitas vezes, senhor, eu sento em minha cabana e choro quando vejo doenças como a Aids nos destruindo; quando vejo insignificantes guerras fulminando nossas cidades que prosperaram por anos. Digo que a Etiópia foi uma nação livre por muitos anos.

A Etiópia uma vez foi a escola de toda a África. A Nigéria uma vez foi uma grande nação de longa tradição de se auto-governar muito antes do homem branco chegar a África. Mas atualmente todos estes países e em muitos outros estão sendo destruídos. Hoje, senhor, existem regiões na África que estão totalmente desabitadas devido as guerras e a Aids que é uma doença que certamente foi fabricada pelo homem. E eu me pergunto “Quem ou o que está aniquilando a África e por quê?” Por que existem tribos naquelas aldeias que habitei que acompanharam minhas pesquisas antes e após a segunda guerra mundial. Mas atualmente essas tribos desapareceram. Eles partiram, dispersaram-se, exterminados por insignificantes guerras que somente prejudicaram os negros. Eu agora estou na África do Sul e aqui eu nasci e aqui vou morrer. Mas eu vejo meu país se desfalecendo como uma manga podre. A África do Sul já foi um poderoso país com um forte exército e grandes indústrias que fabricavam de tudo desde locomotivas até pequenos rádios. Mas atualmente meu país está atolado em drogas com a paz voltada para o crime. Por que? Um país não pode ser destruído todas as noites a menos que existam forças que estejam comandando isto. Eu recentemente acompanhei, senhor, a destruição de um outro país na África do Sul. O país é Lesotho. Este país é habitado por algumas das mais antigas e sábias tribos da África do Sul. Entre elas existe uma que se chama Bakwama. O povo Bakwama são tão antigos que eles podem atualmente lhe relatar uma misteriosa aterrizagem apontando para as montanhas, numa aterrizagem que foi comandada por um grande deus que tinha a cabeça de um ser humano e o corpo de um leão. (Imediatamente imagina-se a Esfinge do Egito). O Bakwama chama este país de Ntswama-tfatfi. Esta região que eles chamam de Ntswama-tfatfi significa “o território do Falcão do Sol”. O falcão é o pássaro de adoração no Céu – você sabia? Agora, esse povo Bakwama na África do sul conhecia a região do Egito de onde eles dizem terem vindo seus ancestrais. E eles chamam esta misteriosa região dos deuses de “a terra do Falcão do Sol ou a Águia do Sol” que é exatamente como os egípcios citam em seu país, senhor. Eles o descrevem como “a terra de Hor”, o deus horus na Grécia. Agora quando a princesa Diana morreu em 1997 eu fui uma das primeiras pessoas negras a suspeitar que a princesa Diana havia sido assassinada e lhe direi porque isto aconteceu, senhor. Por que a quase um ano ou oito meses antes de Diana falecer morreu um Rei em Lesotho chamado Moshoeshoe II. A morte deste rei foi minuciosamente idêntica a morte da princesa Diana. Considerem todos que desconfiaram das minhas palavras: A princesa Diana morreu num túnel mas o rei de Lesotho morreu numa vala. Ele tinha viajado para investigar um problema em sua fazenda. Descobriu-se então que ele estava atrasado e quando foram procurá-lo souberam por alguns garotos, que estavam observando o gado nas montanhas de Lesotho que eles escutaram um tiro de rifle e quando procuravam o local do tiro descobriram o carro do rei na margem da estrada numa vala. Eles desceram e encontraram o rei dentro do carro. Ele estava preso no seu cinto de segurança e com um grave ferimento atrás de sua cabeça. Descobriu-se mais tarde que o motorista do carro morreu porque dormiu na direção. Mas os dois guarda-costas que estavam no banco traseiro e sem cinto de segurança escaparam ilesos.

Então um dos homens entrou no carro e tirou o rei. O rei desculpou-os por sujarem suas mãos com seu sangue sendo a tradição agradecer aqueles que lhe salvam. E ele deveria desculpá-los por lhe salvar pois qualquer um que toque no sagrado sangue do rei torna-se uma preocupação espiritual de alguma forma. Assim quando o carro do rei foi retirado da vala descobriram um furo de bala num dos pneus de seu carro. E este pneu foi misteriosamente removido quando o carro estava estacionado num lugar perigoso isolado. E quando uma autópsia foi feita no corpo do motorista do rei descobriu-se que o homem estava tão drogado que foi incapaz de guiar o carro em segurança.

E terceiro, o homem que havia guiado o veículo do rei e que morreu no volante não tinha sido o homem que habitualmente guiava o carro do rei. Agora, senhor, você percebe este mistério? A morte do rei de Lesotho combina com a da princesa Diana que se sucedeu posteriormente. Em muitos outros incríveis detalhes que eu estou declarando agora, a nação de Lesotho reduziu-se para um comício após a morte do rei quando uma manifestação ocorreu devido a uma eleição geral em que membros partidários emergiram e controlaram o poder. Atualmente Lesotho é um país economicamente subdesenvolvido. E Lesotho é um país em que aconteceu uma estranha experiência – uma experiência que consistiu na construção de uma grande represa para suprir água para a África do Sul exceto Lesotho.

E nós recentemente escutamos desagradáveis rumores vindo daquele país em que alguém foi subornado para instalar a construção desta grande represa onde a água de uma pequena nação está sendo usada para reforçar o estoque de água de uma nação altamente industrializada. Existem muitas coisas estranhas, senhor, acontecendo na África do Sul e que está ocorrendo também em outras partes da África que não faz sentido para mim como um africano. Existem guerras ocorrendo na África num país Africano que conquistou a independência do colonialismo onde uma força de rebeldes rebelaram-se com armas contra o governo desse país mas em vez dos rebeldes lutarem com o governo para solucionar as hostilidades o que ocorreu foi que estas forças de rebeldes dividiram-se em vários grupos que finalmente não lutaram somente com o governo mas também entre si. E o resultado disto é que vários países africanos estão devastados pela guerra não importando qual facção vença sendo que o povo sempre perde. As Nações Unidas está sendo convocada para amenizar o problema. Em outras palavras os africanos atualmente estão lutando não para vencerem mas para se auto-destruírem bem como o seu povo. Eu também gostaria de lhe chamar a atenção, senhor, para um pequeno grupo que ainda encontra-se rebelado no Sudão bem como em outras regiões da África. Eu gostaria de lhe chamar a atenção, senhor, para a longa e extensa guerra civil que está assolando as áreas sudestes do Sudão. Eu também gostaria que você prestasse atenção e seus leitores, senhor, para a terrível guerra que está assolando Angola. Numa região do planeta, no leste da África do Sul, está tão devastada por anos de guerras que atualmente você não escuta nem mesmo o canto dos pássaros. Todas os seres vivos tem sido varridos deste lugar. Agora, por quê? E então, eu descobri que esses países que estão sendo assolados por insignificantes guerras até mesmo sem sentido para nós estão com suas populações á minguas podendo todos na África ajudá-los com comida, água e minerais valiosos. Me foi dito, senhor, que debaixo do solo e das planícies de Angola existem depósitos de carvão sem igual neste planeta. Também digo que em certas regiões de Angola existem bacias petrolíferas que somente duas equivalem as reservas de petróleo que estão no Oriente Médio. O Sudão é um país que eu visitei várias vezes até mesmo depois da Segunda Guerra Mundial. No Sudão existiam tantos alimentos que você recebia de graça dos vilarejos quando você viajava por ele. Atualmente o Sul do Sudão é um lugar sem alimentos, com terríveis guerras onde crianças morrem de disenteria nos bosques enquanto os abutres e falcões se espreitam nos galhos das árvores para digeri-los. A África está sendo sistematicamente e deliberadamente destruída por uma força implacável que vem destruíndo-a até hoje. Mas este poder está desenfreado.

Martin: Desculpe-me. Você disse que existe carvão ou ouro em Angola?

Credo Mutwa: Carvão, senhor, carvão. Existem diamantes também em Angola, senhor. Eu tenho aprendido com pessoas de confiança que existe mais petróleo debaixo de Angola em certos lugares do que em muitas regiões do Oriente Médio. É por isso que a África está sendo destruída? É por isso que nossas nações estão sendo massacradas devido ao nosso carvão e diamantes? As pessoas valem menos do que os minerais? Elas valem menos que o petróleo? Por que, senhor, genocídio, algo pior até mesmo para tudo que Hitler sempre cometeu com o povo judeu está acontecendo na África atualmente e os Americanos estão insensíveis? Nós somos os melhores amigos que os Estados Unidos tem interagido. Nós somos o melhor povo. Nós compramos produtos dos Estados Unidos. Nossas crianças querem ser como as crianças americanas. Elas vestem jeans, senhor, e até se expressam com sotaque Americano porque nós nos espelhamos em vocês. Mas porque vocês estão deixando sermos massacrados? Por que? Por que? Não somente estamos sendo assassinados pelas guerras, senhor, mas também pelas drogas. Não existiam drogas na África do Sul durante o governo de segregação racial. Agora sob nosso governo democrático nosso país tornou-se uma mina de impostos entupida com drogas. Por que? Atualmente, senhor, eu falo como um tradicional Shaman como sendo um dos meus objetivos ajudar pessoas drogadas. Senhor, eu posso ajudar um jovem africano viciado em maconha, hashiche ou dakwa. Mas, senhor, eu sou incapacitado, minhas habilidades são insignificantes e novamente fracasso – mas realizo muitas coisas que gosto – para ajudar jovens negros que estão viciados num novo tipo de droga chamado “crack”. Isto parece ser uma terrível droga parecida com chocolate sólido que é tão viciante que nenhum shaman é capaz de ajudar a vítima. Eu indago aos americanos, aos meus irmãos e minhas irmãs negras que estão lá por que vocês permitem que o país que é a sua mãe seja exterminado? Eu não me importo com o que os céticos digam, senhor. Por favor perdõe-me pelo desabafo. Eu não me importo com o que os céticos digam mas existe uma força destruindo a África e não estou subornando os palhaços dos banqueiros do FMI e outros grandes bancos. Você não mata as galinhas dos ovos de ouro então porque que os banqueiros destruiriam a África? Existe outra força por trás destas pessoas, uma terrível força extraterrestre que age furtivamente e que brevemente nós reconheceremos isto – senhor, isto é normal para seres humanos que tenham problemas em culpar forças externas. Eu tenho estudado a situação da África desde o início e o fim da Segunda Guerra Mundial e eu tenho evidências indicando que uma força extraterrestre está agindo na África. Qual e quem está banindo as antigas tribos Africanas? Por favor, senhor, deixe-me lhe dizer uma coisa que custou minha alma. Por favor, eu devo comentá-la?

Martin: Por favor prossiga Credo.

Credo Mutwa: Por favor, eu estou triste por falar muito. Por favor perdõe-me. Eu pertenço ao povo Zulu, um povo de guerreiros e sábios. Meu povo, senhor, nunca foi estudado detalhadamente pelos antropologistas brancos mas os Zulus conhecem coisas que se eu for comentar com seus leitores eles se impressionarão. Deixe-me dizer isto a vocês. Os Zulus sabiam dentre outras coisas que a terra gira em torno do sol e não o inverso. Eles explicam para um iniciado que a terra é uma criatura feminina e o sol uma criatura masculina e que portanto a terra é um objeto que vagueia em volta do sol – a maravilhosa princesa que dança em volta do ígneo rei sol.

Nosso povo sabia que a terra é esférica e sobre os germes e suas funções. Quando os brancos chegaram na África de onde que este conhecimento surgiu? Eu não sei. O povo Americano e Europeu disseram que Albert Einstein explicou que o tempo e o espaço são o mesmo. Respondo que “não”! “Meu povo Zulu sabiam que o tempo e espaço são o mesmo”. Na linguagem Zulu, um dos nomes para o espaço é Umkati e para o tempo é Isikati. Agora, nosso povo soube que o espaço e tempo eram os mesmos á centenas de anos atrás antes mesmo de Albert Einstein nascer. E além disso, nosso povo e o povo Dogon acreditam na existência de 24 planetas no sistema solar habitados por seres inteligentes de variadas formas. E estas informações ainda não foram citadas em nenhum livro e eu e minha tia somos os únicos grandes sobreviventes Sanusis (Shaman) na África do Sul detentores deste conhecimento. Minha tia ainda está viva. Ela está com quase 90 anos de idade e eu estou perto de desencarnar, sofrendo com diabete sendo uma terrível doença que aflige o povo africano atualmente. E o que eu estou querendo lhe dizer é que embora meu povo detenha este conhecimento jamais citado em algum livro a maioria dos Zulus atualmente estão com o vírus HIV ou simplesmente Aids. Estima-se, senhor, que nos vindouros 50 anos de 3 á 4 Zulus morrerão. Eu possuo objetos sagrados herdados de meu avô. Eu sou de parte de mãe um descendente direto do último verdadeiro rei Zulu, Dingame. E meu dever é proteger meu povo de tudo que ameace sua existência. Observe, por favor, senhor. Qualquer um que estuda a humanidade com amor, compreensão, atenção, reconhece que existe um Deus que luta para despertar em nós. Nós estamos lutando novamente mas muitos não estão cientes disto. Nós estamos protegendo nosso planeta sem se importar com quem ou o que nós somos. Existem governantes na África que lhe multam se você derrubar uma árvore desnecessariamente. Isto foi comum no passado mas terminou com a vinda do homem branco e agora retorna novamente. O homem está lutando para ser mais desenvolvido, precavido e os extraterrestres não acreditam nesta mentira. Eles estão querendo que nós nos matemos novamente. E eu estou preocupado com o que ocorrerá. Senhor, eu posso lhe mostrar muitas coisas estranhas que os Africanos ocultaram dos extraterrestres greys. Coisas que nosso povo fez que não é fruto de superstição. E que resultaram numa terrível experiência pessoal. Um dia eu lhe direi, senhor, a história de como eu fui “levado”, assim dizendo. Nós acreditamos, senhor, que o Mantindane (o “atormentador”) e que os Greys são os servos dos Chitaulis. E que eles ao inverso do que muitos brancos imaginam – muitos brancos pensam erroneamente, senhor – que o Mantindane nos experienciam. Eles não nos experienciam. Alguém que vivenciou um encontro com esses seres diabólicos lhe dirá que eles não fazem experiências. Eles possuem um frio, frio, sangue frio e eles não fazem o que eles fazem para nós por si mesmos e o que eles fazem é o que eles fazem para nós como a grande criatura que eles são. Por favor, senhor, você pode me dar um tempo para lhe dizer sucintamente o que aconteceu comigo?

Martin: Oh, sim, disponha-se. Nós temos todo o tempo necessário.

Credo Mutwa: Senhor, este foi um comum dia como qualquer outro. Este foi um maravilhoso dia nas montanhas do oeste de Zimbabwe chamado de Inyangani. Existem muitas montanhas no leste de Zimbabwe. Portanto, neste dia eu fui instruído por minha professora a procurar uma certa erva que utilizaríamos para curar um iniciado adoentado. E minha professora chamava-se Senhora. Moyo que foi Ndebele e desde então Zimbabwe sendo uma vez conhecida como Rhodesia. Então fui procurar esta erva sem pensar nas crenças pois não acreditava em nenhuma dessas criaturas. Eu nunca me deparei com esses seres antes embora acreditássemos em muitas coisas mas eu duvidava sobre algumas entidades que acreditávamos na época porque eu nunca havia me deparado com nada parecido antes. E repentinamente, senhor, eu percebi que a temperatura havia caído embora fosse um dia quente na África. E então a temperatura esfriou e uma brilhante névoa azulada me circundou naquela paisagem oriental. Eu me lembro que me espantei com a névoa quando colhia uma das ervas. Subitamente, me encontrei num lugar estranho parecido com uma linha de um metálico túnel. Eu já tinha trabalhado em minas logo parecia com um túnel de mina alinhado com um prateado metal acinzentado. Havia neste lugar um ser corpulento e pesado trabalhando num banco ou mesa, senhor. Eu não estava amarrado na mesa mas deitado sem minha calça mas com minhas botas que eu usava para ir ao bosque. Quando neste estranho lugar num quarto em formato de um túnel eu avistei seres com cabeças similares aos dos greys se aproximando lentamente. Haviam luzes neste lugar mas não como nós conhecemos. Os seres consertavam um material brilhante. E haviam coisas distantes da entrada que eram anotações que estavam sendo feitas por um prateado grey quando se aproximaram de mim criaturas que me hipnotizaram como se tivessem me feito bruxaria. Eu observei as criaturas ao se aproximarem de mim. Eu desconhecia seus propósitos. Eu me debatia mas não conseguia mover meus braços e pernas. Eu justamente estava lá deitado como um bode para ser sacrificado no altar. E quando as criaturas se aproximaram eu me amedrontei. Eram criaturas pequenas quase do tamanho dos pigmeus africanos. Eles tinham grandes cabeças e braços e pernas muito finas. Eu observei, senhor, como um artista e pintor, que esses seres eram totalmente desconjuntados na visão de um artista. Seus membros eram muito longos para seus corpos e seus pescoços eram muito finos e suas cabeças quase do tamanho de melancias. Eles possuíam esquisitos olhos arregalados. Eles não tinham narizes como nós temos mas somente pequenos orifícios nos dois lados superiores entre os olhos. Suas bocas não possuíam lábios somente um fino risco como feito por uma navalha. E enquanto eu olhava as criaturas, senhor, eu fiquei assustado com alguma coisa perto de minha cabeça. E quando olhei para cima havia outra criatura ligeiramente maior que as outras que encontravam-se perto de minha cabeça me observando. Eu olhava seus hipnotizantes olhos que me enfeitiçavam. Então os observei pois a mesma queria que eu vidrasse seus olhos. Eu vi pelas suas membranas seus verdadeiros olhos por trás da parte escura da membrana de seu arregalado olho. Seus olhos eram arredondados com horizontais pupilas como as de um gato. E a coisa não balançava a cabeça. Mas respirava ao notar que suas narinas inalavam e exalavam. Mas se alguém me disser que eu cheiro que nem essas criaturas, senhor, sou capaz de socá-lo.

Martin: Sorrindo

Credo Mutwa: As criaturas cheiravam como qualquer negociante. Havia um estranho cheiro, um cheiro químico parecido com um forte cheiro de enxofre que irritou minha garganta e coçou meus olhos. E a criatura percebeu isto e me fitou quando senti uma terrível dor na minha coxa direita desferido como uma espada em minha coxa. Eu gritei tanto que clamei por minha mãe quando a criatura tapou minha boca. Você sabe, senhor, se você quiser saber o nível de dor que uma pessoa sente, por favor, senhor, segure as pernas de uma galinha, corte-a e coloque isto em seu bico. Isto foi o que a criatura sentiu quando colocou a mão na minha boca. Esta criatura tinha finos, longos dedos que eram mais unidos do que os meus dedos humanos. E seu dedo polegar encontrava-se no lugar errado. Cada um dos dedos tinham escuras garras parecidas com as de certos pássaros africanos. E a coisa me dizia para eu ficar quieto. Mas não lembro, senhor, quando a dor sumiu. Só sei que eu gritei, gritei e gritei seguidamente. E então extraíram alguma coisa de mim e quando olhei para baixo minha coxa estava ensangüentada e uma das criaturas – haviam 4 delas além da outra que encontrava-se perto de minha cabeça – estava fazendo um curativo em minha coxa, sendo que a pele do prateado grey lembrava a carne de certos tipos de peixes que nós pescamos no mar da África. Mas a criatura que encontrava-se perto de mim parecia feminina. Era de alguma forma diferente dos outros. Este ser era alto, grande, mas sem os similares seios das normais mulheres humanas mas parecia ser feminino. E os outros pareciam temê-la mas não sei como lhe explicar isto. E então quando esta terrível coisa partiu outras criaturas se aproximaram de mim – este ser caminhava de lado sacudindo-se como se estivesse bêbado – ele caminhou pela mesa pelo meu lado esquerdo e permaneceu perto de um ser que encontrava-se perto de minha cabeça. Mas antes que eu soubesse o que sucederia a criatura fixou uma pequena prateada bola na ponta de um tipo de caneta com um longo cabo e a inseriu friamente em minha narina direita. Senhor, a dor foi descomunal. Meu nariz sangrava e eu engasgava e tentava gritar mas o sangue escorria pela minha garganta. Isto foi um pesadelo. Então retiraram esta coisa e eu tentei reagir e sentar-me. A dor foi terrível, mas a outra coisa que estava na minha cabeça apoiava-se em minha testa me curvando sem forças. Eu engasgava e tentava estancar a hemorragia girando minha cabeça para a direita para cuspir o sangue mas o que as criaturas me fizeram depois, senhor, eu não sei. Tudo o que eu sei é que a dor desapareceu e no seu lugar surgiram-me visões de dilúvio, visões de cidades com algumas conhecidas – mas as cidades encontravam-se semi-destruídas com tetos destruídos e janelas vazias como se olhasse pelos olhos de um crânio. Eu freqüentemente tinha essas visões.

Todas as construções estavam semi-submersas numa água avermelhada, barrenta. Era como se tivesse ocorrido um dilúvio avistando-se semi-destruídas construções provocadas por um desastre de algum tipo nesta terrífica visão. Mas antes destas cenas surgirem uma das criaturas a única que encontrava-se próxima de meu pé manejou algo indolor em meu órgão sexual sentindo uma forte sensação como se estivesse transando com alguém ou alguma coisa. E então a criatura retirou a coisa de meu órgão masculino parecido como se um pequeno e escuro tubo tivesse sido inserido no meu órgão sexual resultando misteriosamente em algo que não faço intencionalmente. E então abriram minha bexiga e urinei direto no tórax da criatura quando retiraram o instrumento de meu órgão sexual. E se eu tivesse agredido a criatura ela não reagiria. Ela foi atingida tão fortemente que quase caiu cambaleando como um inseto drogado e deixou a sala. Eu não sei se a minha urina fez isto; eu não sei. Mas foi o que ocorreu. E então depois de um tempo as outras criaturas saíram da sala deixando-me com uma terrível dor em minha narina com sangue ao meu redor e a mesa urinada. E a coisa que estava de pé perto de minha cabeça não se mexia. Estava lá apenas com a sua mão direita apalpando meu ombro esquerdo de uma maneira estranha e maravilhosamente feminina. Este ser encontrava-se lá de pé me observando.

Não havia expressão em sua face. Eu nunca vi nenhuma das criaturas falar ou pronunciar algum som. Tudo o que eu sei é que eles eram mudos. E então, chegaram duas outras criaturas sendo que esta era totalmente de metal. Até mesmo nos meus piores pesadelos eu ainda vejo esta criatura. Este ser era alto e grande tanto que na área que encontrávamos era pequeno para isto. Este ser caminhava levemente curvado, movendo-se para frente e ele definitivamente não era um ser vivo mas uma criatura robótica ou algo assim. E então ele se aproximou de meus pés, mas notei que seu corpo era desengonçado quando me observou. Não tinha boca nem nariz. Somente dois brilhantes olhos que mudavam de cor e se movimentavam de alguma forma como o estalido de um dispositivo elétrico. E por trás desta grande e hábil criatura chegou uma criatura impressionante. Era muito, muito gorda, senhor. Tinha pele rosada e um corpo bem humano com cabelos loiros e olhos azuis muito brilhantes. Seu cabelo parecia como algum tipo de fibra de nylon. Tinha definidas bochechas e uma boca quase humana com grossos lábios e um pequeno pontiagudo queixo. A criatura, senhor, era realmente feminina mas como um artista, pintor e escultor observei que esta criatura era totalmente desconjuntada. Estava toda errada. Primeiro, seus seios eram finos e pontiagudos e localizados muito acima de seu tórax onde em nenhuma normal mulher humana se encontrariam. Seu corpo era corpulento e suas pernas e braços eram muito curtos proporcionalmente ao resto de seu corpo. E então este ser se aproximou, me observou e antes que eu soubesse o que ele iria fazer, ele me arrastou. Foi uma terrível experiência, senhor, até mesmo pior do que minha prévia experiência. Mas até hoje o trauma daquele dia repercute em minha vida, senhor, exatamente há 40 anos depois. E depois que esta criatura partiu permaneceu somente a criatura que havia permanecido perto de minha cabeça quando a outra criatura que encontrava-se perto de minha cabeça me agarrou pelo cabelo me forçando a sair da mesa. Eu saí da mesa e tombei no chão percebendo que o mesmo era estranho. Haviam movimentos nos seus padrões que mudavam e se alteravam em purpúreo, vermelho e em padrões esverdeados no fundo de um metal acinzentado. E então a criatura me puxou novamente pelo cabelo me forçando a levantar-me para acompanhá-la. Senhor, levaria muito tempo para eu descrever o que eu vi neste esquisito lugar quando a criatura me empurrava de quarto a quarto.

Até agora eu não consigo compreender o que foi que eu vi neste lugar. Mas dentre as muitas coisas que eu vi estavam grandes objetos cilíndricos feitos de algum tipo de vidro. E dentro destes objetos cilíndricos, senhor, que vinham do teto ao chão por onde nós passávamos eu vi um tipo de líquido rosado acinzentado. E dentro deste líquido eu vi pequenas criaturas extraterrestres boiando em vidros cilíndricos como pequenos asquerosos sapos. Eu não compreendi isto que me mostraram. Mas quando eu cheguei no último quarto eu vi pessoas e outras estranhas criaturas que até agora incompreendo e que encontravam-se deitadas na mesa. Eu também tinha passado por um homem branco, um verdadeiro homem branco que cheirava como um ser humano em suor, urina, excrementos e medo. Este homem encontrava-se deitado na mesa como o primeiro que eu tinha avistado inicialmente então nós nos olhamos quando eu parti. Então me deparei no bosque sem minhas botas. Mas eu sentia uma terrível dor no lado direito de minha coxa e meu pênis começou a inflamar e quando fui lavá-lo a dor foi terrífica. Eu tirei minha camisa e a empreguei como atadura e caminhei pelo bosque. Quando encontrei com um grupo de jovens negros Rhodesianos que me levaram para meus professores no vilarejo. E chegando no vilarejo eu fedia tanto que os cachorros latiram e rosnaram para mim logo chorei copiosamente. Então, minha professora, alguns estudantes e algumas pessoas do vilarejo foram quem me salvaram naquele dia. Minha professora e os aldeões não surpreenderam-se com o ocorrido. Eles acreditaram em minha história, senhor. Eles me disseram que ocorreu comigo já havia acontecido com muitas outras pessoas e que eu tive sorte em retornar vivo por que muitas delas desaparecem para sempre naquela região – pessoas brancas, negras e etc. Senhor, eu estou resumindo uma longa história. Um ano depois, em 1960 eu estava entregando produtos na cidade de Johannesburg. Veja, eu estava trabalhando numa loja folclórica quando um homem branco gritou para eu parar. Eu achei que este homem era um policial que queria ver meus documentos. E quando eu fui mostrá-los ele me indagou irritado dizendo que não queria ver meus malditos documentos. Senhor, então ele me questionou: “Ouça, de que inferno o conheço, maldição, eu já o vi antes?” “Quem é você? Eu disse “ninguém, senhor”; apenas um trabalhador”. Ele então disse “Não me enganes homem; de que inferno você é? Eu já o vi em algum lugar? E então o fitei. Eu o reconheci pelos seus longos e lisos cabelos castanhos dourados e seu ridículo bigode e barba. Eu o reconheci pelos seus cruéis olhos azuis e intimidação que refletiam em seus olhos e pela sua pálida pele como a de um bode. Eu então disse “Meneer”, que é uma trilha africana “Meneer – eu já o vi na Rhodesia numa instalação subterrânea”. E se eu tivesse batido nele inicialmente ele não teria me tratado como tratou, senhor. Ele então esquivou-se e partiu irritado desaparecendo pelo outro lado da rua. Basicamente foi isto que aconteceu comigo, senhor, mas esta não foi a única experiência também. Desde aquela época me deparei com pessoas que vivenciaram similares experiências que eu descrevi aqui sendo que muitas ocorreram com homens brancos e mulheres que tampouco lêem ou escrevem. Por eu ser um Shaman eles me procuraram para ajudá-los mas eu procurava alguém mais sábio que eu para me explicar o que tinha realmente acontecido comigo.

Por que, senhor, quando eu fui seqüestrado pelo Mantindane, você fica tão traumatizado, sua vida torna-se tão transformada que você fica desconcertado e envergonhado de si mesmo e desenvolve um ódio incompreensível e também sutis mudanças em sua vida que não fazem sentido para você. Primeiro: Você desenvolve um esquisito amor pela humanidade. Então você balança seus ombros e diz: “Ei, desperte as pessoas; nós não estamos sozinhos!”E assim você desenvolve um sentimento que sua vida já não é mais sua e também desperta uma estranha vontade de viajar para vários lugares. Você preocupa-se com o futuro e com as pessoas. E outra coisa, senhor, eu espero que um dia você me envie pessoas para a África para eu lhes mostrar seus próprios eus: você adquire conhecimento que não pertence a você. Você desenvolve um entendimento do espaço e tempo e criação que não faz sentido para você como um ser humano – isto é um estado em que após terrivelmente torturado com extração de algumas substâncias em que ocorre algum tipo de troca você desvenda coisas que o Mantindane conhecia e que os seres humanos desconhecem. Mas, senhor, eu sei que o esquecimento de Deus ocorreu até mesmo quando – por exemplo, naquela época em 1966 na África do sul, senhor, eu fui arrastado e estupidamente interrogado pela polícia. Foi nesta época que todos os intelectuais negros, não importando o que eles eram ou fossem, foram visitados por perversos rapazes que lhes torturaram, ás vezes até mesmo com aparelhos elétricos e então nos interrogavam e assim por diante. Ás vezes, quando esses “seres humanos” lhe torturavam você percebia o que eles pensavam. De algum modo quando você está sendo torturado por humanos não somente pelos Mantindanes, existe uma troca de pensamentos. Por exemplo, quando um maldito policial está para bater em você, você soube o que ele pensava antes mesmo dele entrar em seu quarto.

Você soube que ele estava vindo e soube exatamente o que ele pensava e o que ele tencionava fazer com você. Assim, esta é a razão pela qual comento-lhes estranhas coisas que abarrotam minha mente. E o que inundou minha mente naquele dia foram visões mentais dos Mantindanes. Desde aquela época – eu sou um homem com pouca instrução – eu tenho dificuldade em me expressar portanto vamos escrever somente em inglês. Eu levaria tempo para pronunciar coisas que pessoas com boa fluência em inglês expressariam em poucas palavras. Mas minhas mãos são capazes de fazer coisas que ninguém me ensinou. Eu trabalho atualmente fabricando máquinas e peças para foguetes. Eu construo armas de qualquer tipo que eu queira e todas as pessoas que me conhecem lhe dirão isto e David Icke, senhor, deve lhe mostrar fotos que eu tirei da minha casa. Eu construí grandes robôs com sobras de ferro e alguns deles funcionam. Eu não sei de onde eu adquiri este conhecimento. E desde aquele terrível dia, as visões que eu tenho tido como um Shaman tem se evidenciado. Eu não sei porque mas eu quero saber a razão. Mas posso lhe dizer, senhor, que essas criaturas que as pessoas erroneamente chamam de aliens não são. Por muitos anos observando e tentando compreender isto eu posso lhe dizer o seguinte: que o Mantindane e outros tipos de seres extraterrestres que nós conhecemos são sexualmente compatíveis com os seres humanos. O Mantidane é capaz de engravidar mulheres africanas. Eu tenho visto muitos destes casos durante os últimos 30 anos ou mais. Por exemplo, de acordo com nossa cultura o aborto é pior do que um assassinato. E se uma mulher tribal de uma área rural na África do sul está grávida de um desconhecido e depois não está mais grávida, senhor, ela é acusada de ter cometido aborto ainda que negue. E devido as brigas entre ela e seus parentes e de seu marido ela desafia aqueles que lhe acusam de ter se entregado a um sangoma; que é uma pessoa como eu, um Shaman.

O Sangoma ás vezes examina a mulher e se ele achar que ela foi engravidada tendo após seu feto removido de algum modo – e quando isto é feito pelos Mantindanes a mulher chora copiosamente como alguém que vivenciou isto – então o Sangoma sabe que a mulher está dizendo a verdade. E também o odor que impregna aqueles que estiveram nas mãos do Mantindane é o mesmo dos escrupulosos homens que sempre impregnaram todas as mulheres que tem sido engravidadas pelo Mantindane, não importando quantos perfumes ou talcos eles usem. Isto é porque certos casos pousam no degrau da porta de minha vida.

Os Sangomas trazem algumas pessoas para mim por que eles acham que eu sou o melhor para ajudá-los com certos problemas. Assim, nos últimos 40 anos ou mais eu tenho recebido muitas mulheres que tem sido atualmente engravidadas pelo Mantindane que tiveram sido misteriosamente abortadas deixando-as vazias, culpadas e rejeitadas por suas famílias. Então meu dever foi de convencer seus familiares de sua inocência para tentar curar o terrível trauma espiritual, mental e físico que a mulher vivencia e que de alguma forma lhe ajudará como também a seus familiares a esquecer o ocorrido. Não, senhor, se esses aliens são de um longínquo planeta por que são capazes de engravidar mulheres? Digo isto por que esta estranha criatura que estava despida com cabelos pubianos avermelhados montou sobre mim naquela mesa cirúrgica e este ser possuía um órgão sexual um pouco diferente de uma normal mulher humana, como um órgão feminino? O órgão sexual desta criatura encontrava-se no lugar errado? Era um pouco mais para a frente sendo o de uma mulher humana entre as pernas. Mas era visível e parecido com um órgão feminino. Possuía cabelos parecidos com os de um órgão feminino. Então, senhor, eu creio que todos esses denominados aliens não vem de um longínquo lugar. Eu acredito que eles estão aqui conosco e que precisam de substâncias de nosso corpo como alguns que usam certas coisas de animais selvagens como glândulas de macacos para certos egoísticos propósitos. Eu creio, senhor, que nós deveríamos estudar estes perigosos fenômenos atentamente e prudentemente. Muitos fracassaram em observar estes “aliens” como criaturas sobrenaturais. Eles são criaturas sólidas, senhor. Eles se parecem conosco; e além disso, senhor, eu descreverei aqui uma coisa que será estonteante: Os extraterrestres Greys, senhor, são comestíveis. Surpreso?

Martin: Por favor continue.

Credo Mutwa: Eu disse, senhor, que os extraterrestres são comestíveis.

Martin: Sim, eu escutei isso mas estou ansioso para………..

Credo Mutwa: Sua carne tem proteína como a carne de um animal mas se ingerido pode levá-lo a morte. Eu quase morri. Veja, em Lesotho existe uma montanha chamada Laribe mais conhecida como a montanha da Pedra Chorona. Em várias ocasiões nos últimos 50 anos ou mais uma nave alienígena colidiu nesta montanha. E o último acidente foi reportado nos jornais há pouco tempo atrás.

Um Africano que acredita serem estas criaturas deuses me disse que quando eles encontraram os cadáveres dos extraterrestres Greys eles os pegaram, os colocaram numa sacola e os levaram para o bosque onde os desmembraram e os degustaram num ritual. Mas alguns deles morreram como conseqüência da ingestão desta coisa. Há quase um ano eu tive uma experiência na montanha Imyangani onde me foi ofertado por um amigo de Lesotho carne do que ele chama de o Deus do Céu. Ele me ofereceu um pedaço de algo ressecado dizendo-me que era carne de extraterrestre grey. Então, ele, eu e sua esposa num ritual comemos esta coisa numa noite. Depois que nós ingerimos isto, senhor, no dia seguinte começou a se manifestar em nós erupções na pele como jamais experienciado em minha vida. Nossos corpos foram tomados por equizemas e urticárias como se tivéssemos pequenas brotoejas espalhadas pelo corpo. Nós nos coçávamos terrivelmente especialmente nas axilas e entre as pernas e nádegas. Nossas línguas começaram a feder. Nós não conseguíamos respirar direito. E por alguns dias o meu amigo, sua esposa e eu fomos amparados e atendidos secretamente por iniciados estudantes de um grau abaixo ao de meu amigo Shaman. Eu quase morri. Quase todos os orifícios de nossos corpos sangravam. Nós perdemos muito sangue quando fomos ao banheiro. Nós mal conseguíamos caminhar, apenas respirar. E após 4 ou 5 dias os equizemas diminuíram e então a pele começou a descascar. Nossas peles começaram a descascar como a muda de pele de uma cobra. Senhor, esta foi uma das minhas mais terríveis experiências vivenciadas. Realmente, quando eu comecei a melhorar eu concluí que minha abdução possui ligação direta com a ingestão da carne de uma dessas criaturas. Eu não acreditava que meu amigo tinha me ofertado carne de uma criatura extraterrestre Grey. Eu pensava que isto era algum tipo de raiz ou erva ou seja lá o que fosse. Mas depois disto eu me lembrei do sabor da coisa. Tinha gosto de cobre e o mesmo tipo de cheiro que eu havia sentido quando me encontrei com as criaturas em 1959. E depois que as equizemas sumiram – enquanto eu estava descamando nós éramos banhados diariamente da cabeça aos pés com óleo de côco pelos iniciados – mas uma estranha alteração surgiu em nós, senhor, mas peço a todos os sábios de seus países que leiam isto para tentar me explicar. Nós ficamos doidões, senhor, literalmente malucos. Nós começamos a rir como verdadeiros idiotas. Era ha-ha-ha-ha-ha, dia após dia – e por nada começávamos a rir por horas ainda que estivéssemos cansados. E então as risadas sumiram e uma estranha coisa sucedeu, uma coisa que meu amigo disse que era o propósito daqueles que ingerem carne de Mantindane objetivam alcançar. Isto foi como se nós tivéssemos ingerido uma estranha substância, uma droga, uma droga como nenhuma outra conhecida na terra. E então subitamente nós nos sentimos nas alturas. Quando você bebe água, isto era como se você tivesse bebido algum tipo de vinho.

O sabor da água tornou-se tão deliciosa quanto uma bebida. O alimento começou a surtir um gosto incrível. Todos os sentimentos tornaram-se extasiantes e indescritíveis – era como se eu estivesse com todos os corações do universo. Eu não consigo descrever isto de outra forma. E esta intensidade de sensação durou mais de 2 meses. Quando eu escutava música era como se eu ouvisse música após música. Quando eu pintava quadros – que é o que eu faço para viver – e quando eu estava manejando uma cor na ponta do pincel era como se existissem outras cores naquela cor. Foi algo indescritível, senhor. Até hoje eu não consigo descrever isto. Mas agora, senhor, comentarei outro assunto. Os Mantidanes não são os únicos seres extraterrestres que nós Africanos avistamos e deparamo-nos com histórias que surgem para lhe contar. Há muito, muitos séculos atrás, antes mesmo do primeiro homem branco chegar na África, nós Africanos deparamo-nos com uma raça de seres extraterrestres que pareciam-se exatamente como o homem branco Europeu que existe na África atualmente. Estas criaturas extraterrestres são altas. Alguns deles são corpulentos como atletas e possuem olhos azuis ligeiramente oblíquos e definidas bochechas. Possuem também loiros cabelos parecidos exatamente como os dos atuais Europeus mas com uma exceção: seus dedos são belos, longos como dos músicos e artistas. Agora, essas criaturas chegaram na África vindo dos céus em naves que se pareciam como boomerangs Australiano. Mas quando uma dessas naves aterrizou criou uma tormenta de poeira que gerou um enorme ruído como o de um tornado. Na linguagem de algumas tribos Africanas um vendaval significa Zungar-Zungo. Agora nosso povo deu vários nomes para esses extraterrestres de pálida pele.

Eles os chamam de Wazungu, uma palavra esquecida chamada “Deus”mas literalmente significa o “povo da poeira do mal ou vendaval”. E nosso povo familiarizou-se com esse Wazungu inicialmente. Eles viram e perceberam que realmente muitos Wazungus carregavam bolas de cristal ou vidro que eles sempre brincavam quicando como uma bola em suas mãos. E quando uma força de guerreiros tentou capturar um Wazungu, ele lançou esta bola no ar, depois segurou-a e desapareceu. Mas alguns Wazungus foram capturados pelos africanos no passado e aprisionados nas aldeias dos chefes e nas cavernas dos Shamans.

A pessoa que tinha capturado o Wazungu, como ele é chamado normalmente, tinha que manter a bola de vidro bem escondida do Wazungu. Mas como a bola encontrava-se distante do refém, o Wazungu não podia escapar. E quando os africanos viram os verdadeiros Europeus, os homens brancos Europeus passaram a chamá-los então de Wazungu. Antes de nós conhecermos o povo Europeu, nós africanos, tínhamos encontrado com o Wazungu de pele branca então nós transferimos o nome Wazungu para os verdadeiros Europeus no lugar dos aliens. Agora, senhor, na língua Zulu nós chamamos o homem branco de Umlungu. Então, o mundo Umlungu significa o mesmo que Wazungu “um deus ou uma criatura que criou um grande vendaval na terra”. No Zaire atualmente chamado de a República Democrática do Congo os brancos denominam-se Watende ou Walende. Isto novamente significa “um deus ou uma criatura branca”. E a palavra Watende não é usada somente para exprimir os extraterrestres de pele rosada mas também ao perverso Chitauli. No Zaire quando os Shamans falam sobre os senhores que controlam a terra eles não os chamam de Chitauli mas eufemisticamente como Watende-Wa-Muinda que significa “a criatura branca que carrega uma luz”, por que a noite os Chitaulis surgem com brilhantes olhos em sua face como luzes avermelhadas no bosque. Eles brilham como as luzes traseiras de um automóvel nos arvoredos. Então um Watende-Wa-Muinda “a criatura branca da luz” é como os Chitaulis são chamados na República Democrática do Congo. Existem mais de 24 raças de criaturas extraterrestres, senhor, que nós africanos conhecemos mas lhe direi somente sobre duas delas. Senhor, no país chamado Zimbabwe quando tive um encontro, existia uma outra criatura. Esta é a mais incrível criatura que eu e muitas outras pessoas brancas e negras que estavam comigo viram. Esta criatura é grande e parecida com um gorila mas difere de um gorila ao caminhar. A criatura que estou me referindo, senhor, mede quase 8 ou 9 pés de altura e seu corpo é muito forte. Seus ombros são muito largos e seu pescoço é muito grosso sendo coberto por uma grossa pele como de nenhum animal selvagem na África. Esta é uma criatura humanóide com coxas, pernas e pés e braços e mãos parecidos exatamente como de um ser humano somente cobertos com uma grossa pele castanha escura. Esta criatura, senhor, é conhecida como Ogo pelo povo Zimbawe. E os estudantes tem visto estas criaturas por muitas gerações. Algumas dessas criaturas tem sido vistas aqui na África do Sul em distantes bosques e lugares montanhosos. E esses Ogos são exatamente como o que os nativos americanos do norte ocidental chamam de Sasquatch ou Pé-Grande. Realmente digo que são as mesmas criaturas que nós possuímos aqui na África do Sul. Esta também é a mesma criatura mas com uma cor de pele totalmente diferente sendo a única criatura vista pelo povo de Nepal nas cordilheiras das montanhas do Himalaya, chamada de Yeti. Agora, senhor, a última criatura que é bem conhecida na África do Sul e em qualquer outro lugar da áfrica que se você mencionar seu nome as pessoas rirão chama-se Tokoloshe. Alguns os chamam de Tikoloshe. Este ser se parece como a feiosa figura de um ursinho de brinquedo e sua cabeça é que nem desses ursos de criança, possuindo uma grossa, afiada crista óssea em sua cabeça. A crista prolonga-se acima de sua testa até atrás de sua cabeça sendo que com esta crista ele pode derrubar um boi cabeceando-o. Esta criatura faz com que os negros em certos lugares da África elevem suas camas em tijolos á 3 pés do chão. E você descobre muito sobre isto na África do Sul. Este Tokoloshe gosta de brincar com as crianças e tem sido visto muitas vezes por estudantes em várias partes da África do Sul até mesmo atualmente. Ás vezes o Tokoloshe amedronta as crianças arranhando-as quando dormem ao marcarem-nas com longos duplos arranhões atrás e sobre suas coxas que infeccionam com coceiras. Há quase dois anos atrás uma criatura como esta aterrorizou toda uma escola juvenil em Soweto perto de Johannesburg. E os estudantes apelidaram isto de Pinky-Pinky. Portanto esta criatura não é somente conhecida na África do sul pelos negros mas também, senhor, pelo povo Polinésio do Hawaii e em outras ilhas do pacífico. Estas pessoas abandonaram suas cabanas e construíram-nas sobre palafitas, reerguendo-as exatamente como fizeram os Africanos com suas camas. Quando você pergunta a um Polinésio “Por que você construiu suas cabanas desta forma?” O Polinésio então lhe responderá que “Nós queremos nos proteger do Tiki”. Portanto, é interessante saber, senhor, que esta criatura é exatamente similar a que foi vista na África do Sul e em algumas ilhas do pacífico sendo conhecida como Tiki, uma palavra próxima da Africana Tikiloshe ou Tokoloshe. Um dia eu espero dividir mais informações sobre isto com seus leitores mas novamente apelo para que: Investiguem! Por favor vamos investigar! Vamos deixar de ser céticos. O ceticismo é tão perigoso e perverso quanto a mentira. Ninguém pode me dizer que os seres extraterretres não existem. Deixe me indagarem o que significa esta cicatriz em minha face? Deixe me questionarem por que depois de ter me relacionado com aquela estranha criatura naquele esquisito lugar meu órgão sexual ficou fedendo e por muitos anos depois com dificuldades em me relacionar normalmente com uma mulher?

Por que? Se isto foi fantasia de minha imaginação como pode existir uma imaginação que deixa cicatrizes e fissuras em seu órgão sexual masculino que não foram curados até então? Espero que me respondam esta questão. Nós devemos investigar, senhor, por que existem muitos sinais que os extraterrestres dividem este planeta conosco ao capturarmos desesperadamente. Por que? Por que existe uma grande luta circundando-nos e qualquer um que pense realmente sobre tais coisas perceberá que isto está emergindo. Mas do que estou falando? Senhor, até 30 ou 40 anos atrás muitas poucas pessoas preocupavam-se com o meio ambiente. Muitas poucas pessoas preocupavam-se com a escassez das estações de chuvas nas florestas Africanas e em algum outro lugar.

Muitas poucas pessoas preocupavam-se quando os assassinos brancos, que naquela época eram vistos como heróis, massacravam animais africanos aos milhares. Muitas poucas pessoas preocuparam-se quando as grandes nações mundiais como os Estados Unidos, Rússia, França e Grã Bretanha testaram armas nucleares em várias partes do planeta. Atualmente existem pessoas que cuspiriam no programador de um perverso jogo se ele se apresentasse num hotel para anunciar seu feito. Hoje o programador de um perverso jogo já não é visto como um herói mas como um assassino. Atualmente existem homens e mulheres negros e brancos que estão preparados para arriscarem suas vidas para salvarem as árvores, animais e frear os testes de armas nucleares. Senhor, o que isto lhe diz? Isto lhe diz que após milhares de anos sendo dominado por criaturas extraterrestres os seres humanos estão começando a lutar novamente. Os seres humanos estão começando a se preocuparem com o planeta em que vivem. Mas os extraterrestres, os chitaulis e os mantindanes – eles dizem o que vocês devem ou não fazerem. Eles nos castigarão como fizeram no passado. Uma vez os aliens destruíram uma nação que é relembrada por nós como sendo a nação de Amariri, que foi uma grande nação que acreditamos ter sido fundada além do cenário solar, que recusou-se a obedecer as ordens dos Chitaulis. O Rei daquela época recusou-se a sacrificar as crianças para o Chitauli. Eles não quiseram guerrear com os chitaulis para idolatrá-los como seus deuses. É dito que o Chitauli lançou um fogo do céu. Eles utilizaram fogo do seu sol e o usaram para destruir esta grande antiga civilização. Eles provocaram terremotos e maremotos destruindo assim a grande civilização de pessoas avermelhadas de longos cabelos esverdeados considerados como o primeiro povo criado nesta terra, É dito que o Chitauli deixou que poucos sobrevivessem a destruição de Amariri e que eles estão preparados para fazerem isto novamente num futuro próximo. Eu estou preocupado com o que acontecerá nos outros países deste planeta. Todos estes terremotos que destroem vidas humanas no Oriente Médio e regiões da África e Índia acontecem porque meu coração sente lutas quando eu leio sobre tudo isto? Estes terremotos estão acontecendo irregularmente atualmente no Egito, Armênia sendo que um desses tremores foi tão poderoso que atingiu o planeta terra, desmoronando uma sagrada pedra na Namíbia conhecida como Dedo de Deus que tinha sido preservada por dez mil anos. E quando esta pedra desabou eu recebi muitas cartas de Sangomas preocupados com a proximidade do fim do mundo. Há alguma pergunta, por favor, diga?

Martin: Eu li seu poema e sua promessa. Em sua promessa você menciona o nome Jabulon. Você pode explicar o que isto significa?

Credo Mutwa: Jabulon, senhor, é um deus muito estranho. Dizem ser o líder dos Chitaulis. Ele é um Deus e para minha surpresa deparei-me com certas facções de homens brancos. Nós sabemos sobre Jabulon há muitos, muitos séculos. Mas eu estou surpreso que existam brancos que veneram este Deus e entre eles pessoas que culpam os maçons por tudo que ocorre neste planeta. Nós acreditamos que Jabulon é o líder do Chitauli. Ele é antigo. E um de seus nomes na língua africana, senhor, é Umbaba-Samahongo – “O Senhor dos reis, o grande pai dos perversos olhos” – por que nós acreditamos que Jabulon possui um olho que se você avistá-lo você morre. É dito, senhor, que o Umbaba percorreu uma região ocidental durante uma forte luta com um dos seus filhos se refugiando na África Central numa caverna, num profundo subterrâneo. Isto é incrível, senhor – é dito que debaixo das montanhas da lua no Zaire nesta grande cidade de cobre existem milhares de transluzentes construções. Lá, habita o deus Umbaba ou Jabulon. E este deus espera pelo dia em que a terra fique despovoada quando ele e suas crianças, os chitaulis, possam vir e curtirem o coração do sol.

Em um dia, senhor, eu tive uma surpreendente visita quando vivia em Soweto próximo de Johannesburg. Eu fui visitado por padres tibetanos. Um desses padres, senhor, eu acho que você já o viu ou conhece. Seu nome é Akyong Rinpochce. Ele é um dos principais padres tibetanos na Inglaterra que foi exilado junto com Dalai Lama e ele me visitou um dia enquanto eu estava em meu laboratório no vilarejo de Soweto. E uma das coisas que Akyong Rinpoche indagou-me foi “eu sei de uma cidade secreta que fica em algum local na África, uma cidade feita de Cobre?”. Eu disse “mas Akyong, você está referindo-se a cidade de Umbaba, a cidade do oculto deus que oculta-se no subterrâneo. Como você sabe sobre isto?” E Akyong Rinpochce, que é um sério investigador de estranhos fenômenos, me contou que uma vez o grande Lama deixou o Tibet com um grupo de seguidores e veu para a África procurar esta cidade. E o Lama e seus seguidores não foram mais vistos novamente. Eles não retornaram mais ao Tibet. Agora, senhor, temos algumas histórias da África do Sul e Central que pequenos amarelos homens chegaram a África á procura da cidade de Umbaba, a cidade que não se retorna vivo. O que é impressionante, senhor – eu não sei se isto desviará o assunto de seu jornal mas existem muitas, muitas estranhas histórias que tenho acompanhado aqui na África do Sul que não compreendo. (intervalo de alguns minutos).

Credo Mutwa: Alô

Martin: Sim Credo. Agradeço-lhe em estar tomando o seu tempo para conversar comigo apesar das dificuldades.

Credo Mutwa: É uma honra para eu fazê-lo muito mais do que você possa imaginar. Eu sei que os brancos ameaçam qualquer um que comente assuntos que estou relatando aqui tão estranhos. Senhor, eu realmente não me ridicularizaria em me apresentar em público como estou fazendo agora mas nosso povo Está Morrendo! Não é somente nós que temos problemas com drogas na África do Sul e nem com crimes em meu país que está vitimando milhares de viciados a mais do que antes mas não somente nós que temos problemas com a Aids, senhor, mas nós também temos adquirido estranhos problemas que habitualmente nos assolam – problemas que quando são pesquisados indicam que alguma coisa sobrenatural está ocorrendo na África do Sul. Eu poderia partilhar esta informação com o senhor?

Martin: Sim. Por favor.

Credo Mutwa: Senhor, de acordo com minha cultura é difícil para um simples homem comentar a outro sem oferecer a esse outro a chance de respondê-lo. Então, sem ofender seu jornal e ao senhor, eu gostaria de lhe indagar se em seu país E.U.A você tem escutado estranhas histórias sobre construções subterrâneas edificadas – por que nós temos similares histórias na África do Sul e eles realmente estão tendo muitos estranhos resultados.

Martin: Sim, existem muitas histórias de edificações subterrâneas – nós as chamamos de bases subterrâneas e realmente no jornal que eu era associado publicou-se uma edição completa sobre estas bases subterrâneas. Mas não somente isso……..

Credo Mutwa: Existem a mesma coisa aqui na África do sul e lá elas tem existido por anos. Eu fiquei satisfeito em poder confirmar uma dessas bases o que não ocorreu com as demais. Veja, senhor, um homem como eu, que percorre dois mundos – o mundo místico africano bem como o mundo moderno e sob o planeta terra precavenha-se com o que dizem. Mas há quase 5 anos atrás eu vivia numa pequena cidade Masikeng, uma cidade histórica que foi o local de uma famosa saga dos Boors na guerra de 1899 – 1902. E foi nesta cidade, senhor, que o movimento dos escoteiros, dos jovens escoteiros foi fundado pelo Capitão Powell. Eu acho que você já ouviu falar sobre ele. Mas enquanto eu vivia em Masinkeng algumas pessoas me procuraram, homens e mulheres tribais, senhor, sendo alguns desprovidos de formação escolar. Essas pessoas se queixavam do misterioso desaparecimento de seus familiares. Eles me pediram ajuda para eu encontrá-los. Eu indaguei essas pessoas e todos que não se conheciam onde que seus familiares haviam desaparecido? Eles então me contaram uma incrível história que foi a seguinte: Não muito distante de Masikeng existe um famoso lugar que eu tenho certeza que você já escutou chamado de Las Vegas da África do Sul. Isto é o famoso complexo do hotel cassino chamado Cidade do Sol.

Martin: Sim

Credo Mutwa: Me disseram que debaixo da Cidade do sol existem estranhas atividades de mineração sendo executadas nas profundezas e que muitos africanos que trabalhavam lá nunca mais voltaram para suas casas novamente embora seus salários tenham sido enviados para seus familiares. Os homens nunca mais retornaram para suas casas como os mineiros faziam. Agora eu observo este fenômeno, senhor, como um ingênuo recusando-me a acreditar nele. E então me deparo com mais histórias por que quando um africano está preocupado ele sempre procura a ajuda de um Sangoma para desvendar o motivo de sua preocupação. Senhor, a outra história foi esta que eu a considero como forte verdade – que existiam construções cruzando os territórios da África do Sul, na região conhecida como Botswana. Neste lugar os Americanos trabalhavam secretamente com mão de obra africana sendo executada em segredo. Lá os Americanos estavam construindo um aeroporto secreto com capacidade para receber modernos caças. Eu não posso acreditar nisto. Novamente me disseram que lá muitos misteriosamente desapareceram – homens das tribos, senhor, pessoas negras instruídas como também trabalhadores desapareceram. E quando seus parentes foram procurá-los eles os encontraram mudos em silêncio mortal. Agora eu quis observar este aeroporto e uma coisa que me fez investigá-lo foi sobre uma estranha história que circulou na África do sul de que um jato da África do sul havia derrubado um disco voador. E o caça operava nesta base secreta. Agora, senhor, eu decidi investigar isto por que minha credibilidade como um Shaman e um Sangoma estava em jogo. Eu então fui pesquisar isto em Botswana e foi muito fácil.

Você pode até cruzar as cercas de arame para alcançar este país. Os limites não estão tão delimitados em certos lugares quanto muitos imaginam. Eu pesquisei muito sobre o assunto e este lugar realmente existe e o homem disse que se nós nos aproximarmos deste local nós desapareceríamos. Isto que é muito estranho, senhor, por que existem muitas bases militares por toda a África do Sul e em Botswana, mas este é um local que aterroriza as pessoas. Mas por que é assim pois ainda luto para desvendar porque que existem muitas coisas estranhas ocorrendo em meu país que estão afetando negativamente a vida de milhares de pessoas de nosso povo. Agora, existe outra coisa, senhor: Isto é uma coisa que o Chitauli parece fazer nas suas cavernas subterrâneas onde muitas labaredas estão sempre acesas em que nos disseram que quando um Chitauli adoece ele começa a perder muita pele em seu corpo e que existe uma doença que o Chitauli padece que ocasiona a queda de muitas partes de sua pele ficando somente em carne viva. Quando o Chitauli padece desta forma uma jovem garota virgem é raptada pelo servo do Chitauli sendo após levada para o subterrâneo. Lá a garota tem seus pés e mãos amarrados e envolvida num manto dourado sendo forçada a deitar-se perto do adoentado Chitauli por semanas sendo bem nutrida e cuidada mas mantida com seus pés e mãos amarrados e somente solta ocasionalmente para suas necessidades pessoais. É dito que depois que o adoentado Chitauli melhora então a garota é induzida a tentar escapar. Lhe é dada uma chance para escapar, uma chance irreal. Então quando a garota escapa ela corre sendo perseguida no subterrâneo por criaturas voadoras metálicas e então é recapturada quando atinge o temor e exaustão. Então ela é deitada num altar disposto como uma pedra bruta plana no topo.

Então ela é cruelmente sacrificada, senhor, e seu sangue bebido pelo adoentado Chitauli que assim reconvalida-se. Mas a garota não deve ser sacrificada enquanto não esteja aterrorizada por que se ela não estiver diz-se que então seu sangue não salvará o convalescido Chitauli. Tem que ser sangue de um ser humano muito aterrorizado. Agora esta ação de perseguir a vítima também foi praticado pelos canibais africanos, senhor. No território Zulu no último século existiam canibais que comiam pessoas e seus descendentes e até hoje, sendo que se confiarem em você lhe dirão, que a carne do ser humano aterrorizado que percorreu distâncias tentando escapar é mais saborosa do que a carne de alguém que simplesmente foi assassinado. Agora, senhor, há algum tempo atrás aqui na África do Sul – e esta ação prossegue – 5 garotas brancas desapareceram. As garotas eram estudantes, senhor. Eram super-dotadas – com sinais tanto de alto grau de poder espiritual quanto de outros talentos. Cinco dessas crianças sumiram na África do Sul. Este caso foi uma grande matéria no jornal da época enquanto eu era procurado para tentar desvendar o paradeiro destas crianças. E um dia um homem branco me trouxe um brinquedo que pertencia a criança que havia desaparecido. Eu segurei o brinquedo e percebi que os olhos da criatura pareciam se mover. Foi como se o brinquedo Dinossauro estivesse chorando.

Eu me senti péssimo com vontade de me levantar e correr. E então disse a este homem branco o seguinte “Me ouça: A criança que segurou este brinquedo está morta”.

O que você está querendo me dizer? Que esta criança está morta. Eu lamento. “E o homem branco que era um produtor de TV pegou o brinquedo, os livros escolares, a camisa da criança e partiu. E depois encontraram a estudante branca enterrada numa cova perto da estrada. Agora, também existem outras pessoas que me procuram para que eu encontre suas crianças desaparecidas. Elas estão mortas? Elas estão vivas? Mas antes que eu possa ajudá-los, senhor – naquela época eu ainda tinha um telefone na minha casa – meu telefone começou a tocar onde eu ouvia pessoas com vozes irritadas, vozes de pessoas brancas gritando comigo para que eu parasse de ajudar aquelas pessoas. Eles me disseram que se eu não parasse com o que eu vinha fazendo eles jogariam ácido no rosto de minha esposa e que minhas crianças seriam assassinadas uma por uma. E realmente num certo dia meu garoto foi quase espancado até a morte por misteriosas pessoas que seus amigos depois me disseram terem sido homens brancos. E então eu tive que parar, senhor. Me foi dito por fontes fidedignas que mais de 1000 crianças desaparecem na África do Sul mensalmente. E eles somem para sempre. Muitas pessoas acham, especialmente do meio jornalístico, que isto é o resultado da máfia da prostituição infantil. Mas não acho. As crianças – se você pesquisar a história de muitas dessas crianças elas não são crianças de rua, senhor. Elas são estudantes que freqüentam aulas e devido a certas pessoas que elas são boas ou por que elas freqüentam aulas acham que elas são boas. Mas não é somente isto, senhor, as mulheres tem desaparecido desta forma e em Masikeng também mais ou menos na mesma época que as 5 crianças brancas desapareceram. Em Masikeng 2 professores negros e 2 professoras negras desapareceram em seus carros para sempre.

Mas eu não quero oprimi-lo, senhor, com esta terrível história. Mas permita-me lhe dizer uma última coisa: Após o desaparecimento das 5 estudantes brancas a polícia prendeu um padre, um reverendo de uma igreja reformada, o reverendo Van Rooyen. Foi dito que Van Rooyen foi o responsável pelo desaparecimento daquelas indefesas estudantes. E ele tinha sido ajudado por sua namorada que as esquartejou. Antes que Van Rooyen fosse a julgamento algo muito estranho ocorreu. Ele e sua namorada foram alvejados em seu veículo, um caminhão 4×4. Logo após o caminhão parou – uma coisa que nunca ocorre quando o caminhão circula e então eu soube mais tarde por uma mulher branca que conhecia Van Rooyen que ele e sua esposa não haviam cometido este crime como a polícia havia declarado nos jornais. Eles foram realmente assassinados. Por quê? Por que Van Rooyen foi encontrado com um tiro em sua têmpora direita sendo que todos que o conheciam sabiam que ele era canhoto. Então quem assassinou Van Rooyen e sua esposa? Este é um dos grandes intrigantes mistérios daquela época na África do Sul. Existe mais, muito mais nesta narrativa mas eu não desperdiçarei seu tempo com isto.

Martin: Quando nós estávamos conversando sobre os Greys você comentou sobre o Chitauli. Você havia descrito sobre os seres reptilianos – agora se não me engano – você os descreveu como seres altos, magros e com grandes olhos e cabeças?

Credo Mutwa: Sim, senhor. Eles são altos. Eles caminham com um – veja, os extraterrestres Greys caminham de forma – veja, os extraterrestres greys caminham letargicamente, senhor, como se houvesse algo de errado em suas pernas. Mas o Chitauli caminha delicadamente como árvores balançando ao vento. Eles são altos. Eles possuem grandes cabeças. Alguns deles possuem chifres pela cabeça. Agora, deixe-me dizer algo incrível que existe lá – num dos filmes que recentemente estrearam na África do Sul, Guerra nas Estrelas, sendo que neste mais recente filme mostra um ser com a fisionomia EXATAMENTE igual de um Chitauli! Este ser possuía chifres na cabeça. Existem os guerreiros Chitaulis. O verdadeiro chitauli não possui chifres na cabeça mas uma escura crista que percorre sua testa até a parte de trás de sua cabeça. Nos foi dito que eles são criaturas elegantes, senhor, mas eles possuem pequenos dedos com muito afiadas e retas garras que eles utilizam para agredir as faces dos humanos e para digerir cérebros humanos em seus rituais.

Martin: Eles possuem pele?

Credo Mutwa: Eles não possuem pele rosada. Eles possuem pele branca como papel parecido com certos tipos de cartolina. Suas peles são como isso, e esta é a pele da cor da escala ao das criaturas répteis. Suas testas são muito largas, salientes e eles parecem ser muito inteligentes.

Martin: Agora tem sido dito – eu tenho escutado que esses seres são controladores e desenvolvem-se “dividindo e conquistando”.

Credo Mutwa: Sim eles fazem isto, senhor. Eles induzem os humanos a brigarem. Eu poderia lhe fornecer diversificados exemplos disto utilizando algumas linguagens africanas e quanto aos Chitaulis eles induzem os seres humanos a gladiarem-se. Eles gostam que você saiba de suas preferências, senhor? Eles gostam dos fanáticos religiosos.

Martin: Sorrindo

Credo Mutwa: Aqueles que são devotos religiosos estão muito afinizados com os Chitaulis.

Martin: Bem, agora eu não posso mais ajudar, mas quero saber se o Chitauli predomina nos E.U.A devido ao grande número de bases subterrâneas. Somente nos E.U.A o número de crianças desaparecidas são tão elevados que o comércio de escravos brancos não responde aquelas questões.

Credo Mutwa: Sim, senhor, eu concordo. Mas lamento, senhor, mas eu sinto que isto está ocorrendo na África onde alguma coisa muito estranha está para acontecer. Deixe-me lhe dizer o que ocorreu comigo recentemente, senhor. Nós ainda temos algum tempo. Eu não me prolongarei não mais que um minuto

Martin: Não, não, isso é bom.

Credo Mutwa: Quando eu comecei a conversar com David Icke e foi (quando) Icke começou a falar a meu respeito na cidade do Cabo, onde eu recebi a visita de 3 brancos que fingiram ser da América do Sul. Essas pessoas me contaram que alguma coisa acontecerá no dia 9 deste mês 9-9-1999. Eles me disseram que isto ocorrerá no lago Tititica, um lugar que conheci há quase 2 anos atrás.

Martin: Um lugar muito especial.

Credo Mutwa: Sim, senhor. E então essas pessoas me disseram quando nós estávamos conversando, senhor, através de um intérprete – que a África é o país onde alguma coisa acontecerá dentre em breve onde será decidido o destino de toda a humanidade. E então, nós nos despedimos, senhor, mas essas pessoas haviam me deixado uma carta que eu ainda não a tinha aberto a poucas horas depois deles partirem. E nesta carta, senhor, estava escrito que eu não deveria conversar mais com David Icke e que uma estranha pessoa chamada Alia Czar me vigiava. Eu não sei quem é Alia Czar. E eles me disseram – essas pessoas me disseram quando nós nos encontramos – que eles estavam sob as ordens de um grande senhor chamado Melchizedek. E depois que eu li esta carta ameaçadora que me advertia caso eu conversasse com David Icke e que minha esposa que encontra-se acamada com câncer no hospital morreria se eu o procurasse. Então comecei a me preocupar. Quem eram essas pessoas? Mas por já ter estado na América do Sul eu percebi que o Espanhol que eles pronunciavam era diferente da língua Espanhola que é falado na América do Sul. Essas pessoas falavam o Espanhol da Espanha e não o fraco Espanhol da América do sul. Até então, senhor, esta ameaça me preocupa e talvez eu aponte, senhor, uma estranha coisa para quem você me enviar para ver por si mesma: minha esposa está com câncer num grande hospital da África do Sul, senhor. E num dos raios-x tirados do útero de minha esposa detectou-se um estranho objeto metálico – algo que tem sido um enigma para os médicos. Eu disse para a minha esposa “quem colocou este objeto que o raio-x tem detectado em seu útero”. Ela me respondeu que ninguém havia tocado ou inserido nada nela. Mas este objeto, senhor, que é nitidamente observado no raio-x e visivelmente marcado com uma seta foi inicialmente visto numa chapa de raio-x vindo a desaparecer nas duas próximas chapas tiradas e observado na quarta chapa novamente. Eu estou muito preocupado com isto. Não importa o que nós pensamos, senhor, existem estranhas coisas acontecendo neste mundo que requerem investigações e explicações. O que é este estranho objeto que os médicos não conseguem decifrar e o que ele está fazendo no útero de uma mulher de 65 anos de idade? Minha esposa está sofrendo muito e posso perdê-la a qualquer momento por que eu não posso tirá-la do hospital. Quem inseriu este objeto em seu útero e por quê? Eu nunca saberei a resposta, não deste mundo.

Martin: Eu estou muito triste por saber que sua esposa está com câncer. Eu perdi minha mãe com esta doença no ano passado e sei que é uma luta dolorosa.

Credo Mutwa: Sim, senhor, isto mesmo.

Martin: Logo, estou triste em saber que você está passando por este momento difícil.

Credo Mutwa: Através do treinamento como um guerreiro Zulu dando um passo como um filho guerreiro nós alcançamos alguma coisa como os samurais japoneses atingiram que nós chamamos de Kaway que é o guerreiro do sol. Quando um guerreiro do sol é treinado como eu ele passa por uma terrível experiência que ele deve suportar a dor causada pelo frio, sangrentas batalhas, para poder superar sua aflição. E neste momento, senhor, eu aceito o que está ocorrendo em meu país; sobre o que está acontecendo com o meu povo e com a minha esposa que também é minha meia-irmã. Veja, nós é que convocávamos um casamento sagrado entre um homem, uma Sanusi, um Shaman e sua meia-irmã. E a esposa que eu estou perdendo é minha meia-irmã. Nosso pai é um homem embora nossas mães fossem diferentes. Você sabe, senhor, eu sinto uma raiva em saber que a África está sendo destruída. Eu sinto, senhor, uma raiva em saber que meu povo está sendo destruído por forças que quando você as estuda você descobre que são totalmente extraterrenas. E agora, deixe-me dividir com você a última coisa, por favor, que fará com que seus líderes compreendam por que eu estou sentindo este remorso agora. Como você sabe, senhor, a Aids está se espalhando como um silencioso fogo pela África do Sul. E no último ano eu descobri para meu horror que uma das minhas seis crianças que agora está com 21 anos de idade está infectada com o vírus HIV. Senhor, eu sinto um ódio em meu coração por nós estarmos permitindo que uma doença extraterrestre se manifeste nas pessoas vindo de um lugar que desconhecemos sendo uma doença que qualquer um com um pouco de raciocínio compreenda que foi fabricada em algum lugar para destruir grande parcela da humanidade. Quando eu fitei nos olhos de minha filha, senhor, eu senti um calafrio. Eu tenho 2 crianças crescidas, jovens mulheres e ela é a caçula. A outra é pequena, gordinha e amada – uma amável garota africana com demarcadas nádegas e seios. Mas esta garota que está com esta doença é esbelta tendo a pele negra como a de minha mãe e muito bela até mesmo para os padrões Europeus – eu não consigo olhar para os olhos desta criança e ver o que eu li lá: com resignação, por quê? Por Quê? Se a Aids foi uma doença natural, senhor, eu aceitaria isto por que os homens devem conviver lado-a-lado com a doença neste mundo. Mas uma criança em que você gasta anos criando e educando-a sendo repentinamente morta diante de seus olhos por uma doença fabricada por pessoas perversas assim quero chorar nos olhos de alguém pelo o que eu tenho visto acontecer. Lamento, senhor.

Martin: Eu compreendo.

Credo Mutwa: Nós devemos pesquisar esta coisa. Existe uma última questão que você gostaria de perguntar?

Martin: Sim. Eu gostaria de retornar ao assunto da cidade de cobre por um instante. Parece que este Jabulon seria equivalente ao que chamamos no ocidente de Satan? Você diria isto?

Credo Mutwa: Eu acho que sim, senhor. Ele é o líder dos Chitaulis. E como Satan ele vive numa casa subterrânea onde grandes labaredas estão sempre acesas para mantê-lo aquecido. Por que nos foi dito que depois da grande guerra eles lutaram com deus quando seus sangues tornaram-se frios e assim eles não puderam permanecer em ambiente frio sendo a razão pela qual eles precisam de sangue humano e o fogo para mantê-los trabalhando onde estão.

Martin: Bem, isto tem sido dito na recente fita de vídeo que David Icke produziu em que os reptilianos mutáveis mantiveram-se camuflados, ocultos, parecendo-se como humanos devendo ingerirem sangue humano. E existe alguma coisa aparentemente no gene sanguíneo. Agora, eu não sei o que………..

Credo Mutwa: Sim. David Icke conversou um pouco sobre isto comigo, senhor. Ele me contou isto seguidamente que pessoas aloiradas são sacrificadas pelos Chitaulis quando disse-lhe o que eu sabia sobre a África. Veja, senhor, não são todos os africanos que possuem cabelos negros. Existem africanos que são considerados santos como homens sagrados. Existem africanos que nascem com cabelos naturalmente avermelhados. Acredita-se que esses africanos são pessoas poderosamente espiritualizadas. Agora na África certas pessoas albinas ou africanas de cabelos avermelhados foram as principais vítimas de sacrifícios especialmente quando estavam atingindo a maturidade – independentemente do sexo ser masculino ou feminino.

Martin: Agora quando você foi capaz de avistar interiormente os olhos dos extraterrestres Greys você disse que aqueles seres eram seres reptilianos? Disfarçados?

Credo Mutwa: Sim senhor, exatamente. Eu lhe direi por quê. Existe uma cobra aqui na África do Sul que chama-se Mamba.

Martin: Sim, mortífera.

Credo Mutwa: Esta cobra é uma das mais venenosas cobras que você pode encontrar. Seus olhos são EXATAMENTE como daqueles de um Chitauli e de um Mantindane. E também tem a Python, senhor. Os olhos do crocodilo são muito parecidos com os dos extraterrestres e não parecem tão hipnóticos e envolventes quanto daquele de um Mamba ou uma Python. Se você puder imaginar, senhor, os olhos de uma Python aumentado cerca de 10 vezes seu tamanho, você saberá exatamente como são os olhos de um Chitauli.

Martin: Bem, isto é dito e eu acredito que seja verdade embora seja difícil explicar de outra forma sendo que existe uma luta entre a luz e a escuridão e o bem e mal neste planeta.

Credo Mutwa: Sim. Sim, senhor. Sim, senhor.

Credo Mutwa: Sim, senhor.

Martin: Como sua cultura, como você vê a intervenção de deus através daqueles que lhe convidam e representam? E todas as coisas devem permanecer equilibradamente lá e isto inclui o planeta terra – como é em cima também é embaixo. Como você vê – pelos muitos leitores, eles podem ler isto tudo que parece muito assustador e quase desesperançado – e lá certamente está a esperança. Assim eu gostaria de terminar esta entrevista com uma mensagem de esperança.

Credo Mutwa: Sim. Por favor, senhor, existe esperança! Observe, primeiro de tudo, existe um deus acima de nós. E este deus é mais verdadeiro do que muitos de nós acreditamos. Deus não é uma fantasia imaginatória de alguém. Deus não é algum sonho criado por homens e mulheres da pré-história.

Deus existe, senhor. Mas entre nós e Deus estão criaturas que dizem ser deuses. E dessas criaturas devemos livrar-nos a fim de aproximar-nos de deus. Senhor, eu tenho vivido uma longa e estranha vida e posso lhe dizer que existe um Deus e que ele intervém. Entretanto, nós percebemos deus intervindo tão lentamente, mas espere: Quem imaginaria há 30 anos atrás alguém se preocupando com o meio ambiente. Quem colocou esta bondade dentro de nós? Atualmente, senhor, as pessoas em todos os lugares do mundo estão posicionadas e lutando pelos direitos das mulheres e das crianças. Quem inseriu essas idéias em nossas mentes? Não foi o Chitauli nem alguma entidade demoníaca e isto é deus agindo nas sombras e nos fortalecendo para sermos capazes de resistir a essas perversas criaturas. Veja, senhor, deus parece trabalhar lentamente em nossos olhos por que deus vive num período temporal totalmente diferente do nosso. Deus existe. Deus está ativo. E isto é Deus, senhor, que pela primeira vez em nossa existência está nos conscientizando destas coisas e que neste mundo nós não estamos sozinhos e que devemos ser solenemente responsáveis por nossas ações de forma que devemos neutralizar esses seres extraterrestres que por muitos anos tem nos ludibriado. Os seres humanos nunca tiveram algum verdadeiro progresso, senhor, por que lá existem forças que nos freiam de alcançar o nosso verdadeiro caminho no universo e digo os Chitaulis, Mantindanes e os Midzimus. Nós devemos frear estas criaturas super-humanas. Eles são parasitas que precisam mais de nós do que nós deles. E somente um ingênuo negaria o fato de que nós não somos a única espécie inteligente que foi criada nesta planeta. E por toda a África existe evidências que uma vez existiram gigantes seres humanos que caminharam neste planeta na época dos dinossauros. Existem pegadas em granito com cada uma com cerca de 6 pés por 3 pés de largura de seres humanos adultos, senhor, que data de milhares, milhões de anos atrás. Para onde que esses seres gigantes foram? Quem sabe os dinossauros talvez tenham gerado uma raça inteligente, uma raça que nos enganou a todos, imaginando que vieram das estrelas quando realmente pertence a este planeta que vivemos. Mas existe esperança e a esperança é muito brilhante. A criança cristã está nascendo em todos nós mas como tudo morre, a morte da criança de luz (a morte da sua idade antevém a transformação para o quase cético) está criando um grande perigo quando o inimigo está desesperado. O inimigo ludibriará e nós o conquistaremos no sagrado nome de Deus. Isso é o que eu acredito, senhor, e o que eu sustento até o meu último suspiro.

Martin: E esse é um ótimo lugar para terminar esta entrevista com este pensamento neste texto. Agora, deixe-me dizer a você, desde 1974 eu tenho visto muitas, muitas espaçonaves próximas (não em seus interiores e nem por abdução). Eu tenho experienciado nas montanhas do sul do Oregon o que eu percebi como sendo pegadas de um Pé-Grande…..

Credo Mutwa: Ah-Ah!

Martin: …..por um rio onde eu estava acampado. Eu escutei o Pé-Grande nas montanhas naquela noite. Eu escutei seus gritos…..

Credo Mutwa: Ya-Ya! Você viu?

Martin: ……de uma montanha a outra. Existem coisas que eu tenho vivenciado. Eu sei que estas coisas são verdadeiras!

Credo Mutwa: Sim, senhor. Eu então falo para um companheiro guerreiro e digo “Que nós venceremos esta batalha”, como a elite das forças armadas Americanas costumavam falar durante a Segunda Guerra Mundial.

Martin: Sim e durante a Guerra do Vietnam.

Credo Mutwa: Nós venceremos, venceremos mas os céticos devem parar de caçuar e os ingênuos devem parar de chamar esses extraterrestres de deuses. Somente existe Um deus e para ele ou ela deus é o único que nos criou e nenhum impostor pode vir de algum outro lugar ocultando-se de nós para beber o sangue de nossas crianças. Amém, senhor.

Martin: Sim, certamente. Credo, sabe que estou gostando muito do que você tem feito e a coragem que você tem tido de falar tudo isto francamente. No passado eu guardei essas coisas e este é o momento para se dizer a verdade. E para aqueles que não acreditam ou até mesmo consideram isto como possibilidades, bem, isto é muito ruim.

Credo Mutwa: Exatamente e também para confrontar pessoas com o fato de que não existe razão para se sentirem amedrontadas. Se nós tencionamos disponibilizarmos informações que estariam disponíveis para todas as pessoas deste controverso planeta por que o inferno tentaria ameaçá-lo para silenciá-lo? Isto é tão ridículo mas deixe como está. Pare de assassinar, ridicularizar e destruir pessoas aterrorizando-as. Esta é a minha perspectiva e estou convicto que também David Icke e obviamente o senhor pensem da mesma forma. Eu não sinto mais medo. Esta época em que conversamos adquirimos uma conscientização global acerca desta matéria. Obrigado Martin, muito obrigado, eu gostei desta entrevista.

Martin: Certíssimo Credo. Muito obrigado.

*Tradutor Julio Anglada

Uma rara e impressionante conversa com Rick Martin

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/importante-shaman-zulu-e-antigo-credo-mutwa/

A Verdadeira História do Papai Noel

A figura e a característica de portador de presentes do Papai Noel, mundialmente conhecido por diferentes nomes [veja lista adiante] foi, portanto, forjada com elementos lendários de diferentes culturas. No caso específico do folclore cristão, foi incluído o personagem de Santa Klaus ou São Nicolau, nascido na segunda metade do século III, morto em 6 de dezembro de 342. Ele foi bispo de Mira [na Turquia]. É o santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega, patrono dos guardas noturnos na Armênia e dos coroinhas na cidade de Bari, na Itália.

Dia a lenda que um homem muito pobre vivia amargurado porque não tinha dinheiro os dotes nupciais de suas três filhas, destinadas, assim, a ficar “solteironas”. O então bispo Nicolau, tomando conhecimento do caso, secretamente, depositou bolsas recheadas de moedas de ouro nas meias das moças que observara, postas a secar diante da lareira. A história se espalhou; todos falavam sobre o misterioso benfeitor que  salvara as moças do “encalhamento”. Diziam que ele tinha entrado na casa descendo a chaminé. Nicolau aproveitou a idéia e passou a beneficia, anonimamente, outras pessoas carentes, especialmente crianças.
Ao longo dos séculos, associando elementos daquelas várias cultura em torno das festividades de fim de ano, a imagem do Papai Noel globalizado foi se definindo até alcançar a configuração que tem hoje: idoso obeso e barbudo vestido com casaco, calças e gorro vermelhos, debruados com pelugem branca e calçando botas altas. Em 1866, a concepção do artista alemão Thomas Nast, criada para a revista Harper’s Weeklys caiu no gosto popular contemplando a imagem atual: um duende na terceira idade, norte-europeu que engordou e cresceu demais.

Observemos que segundo os padrões estéticos e sanitários “politicamente corretos” da pós-modernidade o excesso de tecido adiposo, gordura, banha mesmo! do velhinho poderá ser banido como característica do design posto que a obesidade, atualmente, é considerada doença ou sinal de preguiça, desleixo pessoal. Aliás, nem sempre ele foi representado com excesso de peso. O Papai Noel rechonchudo pode estar com os dias contados tal como aconteceu no carnaval baiano de 2008, quando os poderes públicos rejeitaram a tradição-mau exemplo dos gordos e escolheram um rei Momo magro, o Sr. Clarindo Conceição. Sim, tudo muda, a cultura é uma força viva. Meditemos.

O Papai Noel globalizado tem endereço certo: mora na Lapônia, cidade de Rovaniemi – Finlândia, onde mantém seu escritório e a suposta oficina. Ele tem uma equipe de anões ajudantes, recebe pedidos pelo correio: Santa Claus – FIN-96930 Arctic Circle – Rovaniemi – Finlândia e tem um site na internet: . Viaja em um trenó puxado por nove renas mágicas: a rena guia, cujo nariz vermelho brilha como uma lâmpada na escuridão, Rudolph [Rodolfo], Dasher [Corredora], Dancer [Dançarina], Prancer [Empinadora], Vixen [Raposa], Comet [Cometa] Cupid [Cupido], Donner [Trovão] e Blitzen [Relâmpago]. Estas renas foram acrescentadas ao mito do Papai Noel no século XIX.
Outro elemento mágico da lenda, diz que o personagem, à semelhança de um vampiro [!?] pode entrar em qualquer residência, ainda que esta  não tenha chaminé: ele se transubstancia em fumaça e pode passar por qualquer fresta ou buraco de fechadura [com saco e tudo!]Mas os presentes do velho Noel não são para todos: somente aqueles que, durante o ano, foram “bons meninos e meninas” ganham. E não adianta tentar mentir ou abafar o caso sobre sua má conduta. O Papai Noel tem um telescópio e espiões encantados espalhados em todo lugar. [Esse Papai Noel devia trabalhar na polícia!]

Nome do Papai Noel em várias línguas

Alemanha: Nikolaus (ou Weihnachtsmann – literalmente, “homem do Natal”)
Brasil: Papai Noel [Noel significa Natividade/Natal em francês]
Chile: Viejito Pascuero
Costa Rica: Colacho
Cuba e Republica Dominicana: Santa Claus, pronunciado como Santi Clo
Dinamarca: Julemanden
El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicaragua y México: Santa Claus (no México se pronuncia Santaclós)
Espanha, Argentina, Colômbia, Paraguai , Peru e Uruguai: Papá Noel
Estados Unidos: Santa Claus
Finlândia: Joulupukki
França: Père Noël
Hungria: Télapó
Inglaterra: Father Christmas
Itália: Babbo Natale
Islandia: Jólasveinn
Macedónio: Dedo Mraz
Noruega: Julenissen (literalmente “Duende da Natividade”)
Países Baixos: Kerstman (literalmente, “homem do Natal”) ou Sinterklaas
Panamá: Santa Claus.
Portugal: Pai Natal
Porto Rico: Santa Claus (pronunciado como Santa Clo’)
República Dominicana: Santa Claus (pronunciado como Santa Clo ou, às vezes, Santi Clo)
Romênia: Moş Crăciun
Rússia: Ded Moroz [Avô do Frio, ou do Inverno]
Suécia: Jultomte
Venezuela: San Nicolás o Santa Claus (pronunciado como “Santa clos”)
Costa Rica: Colacho

por Ligia Cabús

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-verdadeira-historia-do-papai-noel/

Necronomicon: da origem até nossos dias

O Necronomicon (literalmente: “Livro de Nomes Mortos”) foi escrito em Damasco, por volta de 730 d.C., sendo sua autoria atribuída a Abdul Alhazred. Ao contrário do que se pensa vulgarmente, não se trata de um grimoire (ou grimório), livro mágico de encantos, mas de um livro de histórias. Escrito em sete volumes no original, chegou à cerca de 900 páginas na edição latina, e seu conteúdo dizia respeito à coisas antigas, supostas civilizações anteriores à raça humana, numa narrativa obscura e quase ilegível.

Abdul Alhazred nasceu em Sanaa, no Iêmen, tendo feito várias viagens em busca de conhecimento, dominando vários idiomas, vagou da Alexandria ao Pundjab, na Índia, e passou muitos anos no deserto despovoado ao sul da Arábia. Embora conhecido como árabe louco, nada há que comprove sua insanidade, muito embora sua prosa não fosse de modo algum coerente. Alhazred era um excelente tradutor, dedicando-se a explorar os segredos do passado, mas também era um poeta, o que lhe permitia certas extravagâncias na hora de escrever, além do caráter dispersivo. Talvez isso explique a alinearidade do Necronomicon.

Alhazred era familiarizado com os trabalhos do filósofo grego Proclos (410-485 d.C.), sendo considerado, como ele, um neo-platônico. Seu conhecimento, como o de seu mestre, inclui matemática, filosofia, astronomia, além de ciências metafísicas baseadas na cultura pré-cristã de egípcios e caldeus. Durante seus estudos, costumava acender um incenso feito da mistura de diversas ervas, entre elas o ópio e o haxixe. As emanações desse incenso, segundo diziam, ajudavam a “clarear” o passado. É interessante notar que a palavra árabe para loucura (majnum) tem um significado mais antigo de “djinn possuído”. Djilms eram os demônios ou gênios árabes, e Al Azif, outra denominação para o livro de Alhazred, queria dizer justamente “uivo dos demônios noturnos”.

Como Determinar o Limite Entre a Loucura e a Sabedoria?

Semelhanças entre o Ragnarok, mito escandinavo do Apocalipse, e passagens do Al Azif sugerem um vínculo entre ambos. Assim como os djinns árabes e os anjos hebraicos, os deuses escandinavos seriam versões dos deuses antigos. Ambas as mitologias falam de mundos sendo criados e destruídos, os gigantes de fogo de Muspelhein equivalem aos anjos e arcanjos bíblicos, ou aos gênios árabes, e o próprio Surtur, demônio de fogo do Ragnarok, poderia ser uma corruptela para Surturiel, ou Uriel, o anjo vingador que, como Surtur, empunha uma espada de fogo no Juízo Final. Da mesma forma, Surtur destrói o mundo no Ragnrok, quando os deuses retornam para a batalha final. Embora vistas por alguns com reservas, essas ligações tornam-se mais fortes após recentes pesquisas que apontam o caminho pelo qual o Necronomicon teria chegado à Escandinávia. A cidade de Harran, no norte da Mesopotâmia, foi conquistada pelos árabes entre 633 d.c. e 643 d.c. apesar de convertidos ao islã, os harranitas mantiveram suas práticas pagãs, adorando a Lua e os sete planetas então conhecidos. Tidoa como neo-platônicos, escolheram, por imposição, da religião dominante, a figura de Hermes Trimegisto para representa-los como profeta. Um grupo de harranitas mudou-se para Bágdá, onde mantiveram uma comunidade distinta denominada sabinos. Alhazred menciona os sabinos. Era uma comunidade instruída, que dominava o grego e tinha grande conhecimento de literatura, filosofia, lógica, astronomia, matemática, medicina, além de ciências secretas relativas às culturas árabe e grega. Os sabinos mantiveram sua semi-independência até o século XI, quando provavelmente foram aniquilados pelas forças ortodoxas islâmicas, pois não se ouve mais falar deles à partir do ano 1000. No entanto, por volta de 1041, o historiador Miguel Psellus conseguiu salvar uma grande quantidade de documentos pertencentes aos sabinos, recebendo-os em Bizâncio, onde vivia. Quem levou esses documentos de Bagdá para Bizâncio permanece um mistério, mas é certo que o fez tentando preservar uma parte da cultura dos sabinos da intolerância religiosa da época. Psellus, que além de historiador era um estudioso de filosofia e ocultismo, juntou o material recebido num volume denominado “Corpore Hermeticum”. Mas haviam outros documentos, inclusive uma cópia do Al Azif, que ele prontamente traduziu para o grego.

Por essa época, era costume os imperadores bizantinos empregarem guarda-costas vikings, chamados “varanger”. A imagem que se tem dos vikings como bárbaros semi-selvagens não corresponde à realidade, eram grandes navegadores que, já no ano mil, tinham dado inicio a uma rota comercial que atravessaria milhares de quilômetros, passando pela Inglaterra, Groenlândia, América do Norte e a costa atlântica inteira da Europa, seguindo pela Rússia até Bizâncio. Falavam grego fluentemente e sua infantaria estava entre as melhores do mundo.

Entre 1030 a 1040, servia em Bizâncio como varanger um viking chamado Harald. Segundo o costume, sempre que o imperador morria, o varanger tinha permissão para saquear o palácio. Harald servia à imperatriz. Zoe, que cultivava o hábito de estrangular os maridos na banheira. Graças a ela, Harald chegou a tomar Varie em três saques, acumulando grande riqueza. Harald servia em Bizâncio ao lado de dois companheiros, Haldor Snorrason e Ulf Ospaksson. Haldor, filho de Snorri, o Padre, era reservado e taciturno. Ulf, seu oposto, era astuto e desembaraçado, tendo casado com a cunhada de Harald e tornado-se um grande 1íder norueguês. Gostava de discutir poesia grega e participava das intrigas palacianas. Entre suas companhias intelectuais preferidas estava Miguel Psellus, de quem Ulf acompanhou o trabalho de tradução do Al Azif, chegando a discutir o seu conteúdo como historiador bizantino. Segundo consta, foi durante a confusão de uma pilhagem que Ulf apoderou-se de vários manuscritos de Psellus, traduzidos para o grego. Ulf e Haldor retornaram à Noruega com Harald e, mais tarde, Haldor seguiu sozinho para a Islândia, levando consigo a narrativa do Al Azif. Seu descendente, Snorri Sturluaaon (1179-1241), a figura mais famosa da literatura islandesa, preservou essa narrativa em sua “Edda Prosista”, a fonte original para o conhecimento da mitologia escandinava. Sabe-se que Sturlusson possuía muito material disponível para suas pesquisas 1ítero-históricas e entre esse materia1certamente estava o Al Azif, que se misturou ao mito tradicional do Ragnarok.

Felizmente, Psellus ainda pôde salvar uma versão do Al Azif original, caso contrário, o Necronomicon teria sido perdido para sempre. Ao que se sabe, não existe mais nem um manuscrito em árabe do Necronomicon, o xá da antiga Pérsia (atual Irã) levou à cabo uma busca na Índia, no Egito e na biblioteca da cidade santa de Mecca, mas nada encontrou. No entanto, uma tradução latina foi feita em 1487 por um padre dominicano chamado Olaus Wormius, alemão de nascença, que era secretário do inquisidor-mor da Espanha, Miguel Tomás de Torquemada, e é provável que tenha obtido o manuscrito durante a perseguição aos mouros. O Necronomicon deve ter exercido grande fascínio sobre Wormius, para levá-1o a arriscar-se em traduzí-lo numa época e lugar tão perigosos. E1e enviou uma cópia do livro a João Tritêmius, abade de Spanhein, acompanhada de uma carta onde se lia uma versão blasfema de certas passagens do Livro de Gênese. Sua ousadia custou-lhe caro. Wormius foi acusado de heresia e queimado numa fogueira, juntamente com todas as cópias de sua tradução. Mas, segundo especulações, ao menos uma cópia teria sido conservada, estando guardada na biblioteca do Vaticano.

Seja como for, traduções de Wormius devem ter escapado da Inquisição, pois quase cem anos depois, em 1586, o livro de Alhazred reapareceria na Europa. O Dr. John Dee, famoso mago inglês, e seu assistente Edward Kelley, estavam em Praga, na corte do imperador Rodolfo II, traçando projetos para a produção de ouro alquímico, e Kelley comprou uma cópia da tradução latina de um alquimista e cabalista chamado Jacó Eliezer, também conhecido como, “rabino negro”, que tinha fugido da Itália após ser acusado de práticas de necromancia. Naquela época, Praga havia se tornado um ímã para mágicos, alquimistas e charlatões de todo tipo, não havia lugar melhor para uma cópia do Necronomicon reaparecer.

John Dee (1527-1608), erudito e mago elisabetano, pensava estar em contato com anjos e “outras criaturas espirituais”, por mediação de Edward Kelley. Em 1555, já fora acusado, na Inglaterra, de assassinar meninos ou de deixá-los cegos por meio de mágica. É certo que Kelley tinha grande influência sobre as práticas tenebrosas de Dee, os anjos com os quais dizia comunicar-se, e que talvez só existissem em sua cabeça, ensinaram a Dee um idioma até então desconhecido, o enoquiano, além de outras artes mágicas. Se tais contatos, no entanto, foram feitos através do Necronomicon, é coisa que se desconhece. O fato é que a doutrina dos anjos de Dee abalou a moral da época, pois pregava entre outras coisas, o hedonismo desenfreado. Em 1583, uma multidão enfurecida saqueou a casa de Dee e incendiou sua biblioteca. Após tentar invocar um poderoso espírito que, segundo o vidente, lhes traria grande sabedoria, Dee e Kelley se separaram, talvez pelo fracasso da tentativa. Em 1586, Dee anuncia sua intenção de traduzir o Necronomicon para o inglês, à partir da tradução de Wormius. Essa versão, no entanto nunca foi impressa, passando para a coleção de Elias Ashmole (1617-1692), estudioso que transcreveu os diários espirituais de Dee, e finalmente para a biblioteca de Bodleian, em Oxford.

Por cerca de duzentos e cinquenta anos, os ensinamentos e escritos de Dee permaneceram esquecidos. Nesse meio tempo, partes do Necronomicon foram traduzidas para o hebreu, provavelmente em 1664, circulando em forma de manuscritos e acompanhados de um extenso comentário feito por Nathan de Gaza. Nathan, que na época contava apenas 21 anos, era um precoce e brilhante estudante da Torah e Talumud. Influenciado pelas doutrinas messiânicas judaicas vigentes na época, ele proclamou como o messias esperado a Sabbatai Tzavi, um maníaco depressivo que oscilava entre estados de transcendência quando se dizia que seu rosto parecia reluzir, e profunda frustração, com acessos de fúria e crueldade. Tais estados de ânimo eram tidos como o meio pelo qual Sabbatai se comunicava com outros planos de existência, como um Cristo descendo aos infernos, ou Orfeu, numa tradição mais antiga. A versão hebraica do Al Azif era intitulada Sepher há’sha’are ha-Da’ath, ou o “Livro do Portal do Conhecimento”. Tratava-se de um comentário em dois capítulos do livro de Alhazred. A palavra para conhecimento, Da’ath, foi traduzida para o grego na Bíblia como gnosis, e na Cabala tem o significado peculiar de “não-existência”, sendo representada às vezes como um buraco ou portão para o abismo da consciência. Seu aspecto dual parece indicar uma ligação entre o mundo material, com sua ilusão de matéria física e ego, e o mundo invisível, obscuro, do conhecimento, mas que seria a fonte da verdadeira sabedoria, para aqueles que pudessem suportá-la. Isso parece levar ao Astaroth alquímico e à máxima da magia, que afirma que o que está em cima (no céu) é como o que está em baixo (na terra). A ligação entre os dois mundos exigiria conhecimento do Abismo, abolição do ego e negação da identidade. De dentro do Abismo, uma infinidade de portões se abre. É o caos informe, contendo as sementes da identidade.

O propósito de Nathan de Gaza parece ter sido ligar o Necronomicon à tradição judaica da Cabala, que fala de mundos antigos primordiais e do resgate da essência sublime de cada ser humano, separada desses mundos ou submergida no caos. Ao lado disso, criou seu movimento messiânico, apoiado em Sabbatai Tzevi, o qual criou cisões e conflitos na comunidade judaica, conflitos que persistiram por pelo menos um século. Há quem afirme que uma cópia do Sha’are ha-Da’ath ainda existe, em uma biblioteca privada, mas sobre isso não há qualquer evidência concreta.

O ressurgimento do Necronomicon é constantemente atribuído ao escritor Howard Phillip Lovecraft, que fez do livro a base de sua obra literária. Mas não se explica como Lovecraft teve acesso ao livro de Alhazred. O caminho mais lógico para esse ressurgimento parece indicar o mago britânico Aleister Crowley (1875-1947). Crowley tinha fama de charlatão, proxeneta, toxicômano, promíscuo insaciável e bissexual, além de traidor da pátria e satanista. Tendo se iniciado na Ordem do Amanhecer Dourado em 1898, Crowley aprendeu práticas ocultas no Ceilão, na Índia e na China. Mais tarde, ele criaria sua própria ordem, um sistema mágico e uma nova religião, da qual ele seria o próprio messias. Ao que tudo indica, essa religião denominada “Lei de Thelema” se baseava nos conhecimentos do “Livro da Lei”, poema em prosa dividido em três capítulos aparentemente ilógico, que segundo ele, lhe havia sido ditado em 1904 por um espírito chamado Aiwass.

Sabe-se que Crowley pesquisou os documentos do Dr. John Dee em Bodleian. Ele próprio se dizia uma reencarnação de Edward Kelley, o que explica em parte, seu interesse. Apesar de não mencionar a fonte de seus trabalhos, é evidente que muitas passagens do Livro da Lei foram plagiadas da tradução de Dee do Necronomicon. Crowley já era conhecido por plagiar seu mestre, Allan Bennett (1872-1923), que o iniciou no Amanhecer Dourado, mas há quem sustente que tais semelhanças foram assimiladas inconscientemente seja como for, em 1918 Crowley viria a conhecer uma modista chamada Sônia Greene. Aos 35 anos, judia, divorciada, com uma filha e envolvida numa obscura ordem mística, Sônia parecia ter a qualidade mais importante para Crowley naquele momento: dinheiro. Eles passaram a se ver durante alguns meses, de maneira irregular.

Em 1921, Sônia Greene conheceu H.P. Lovecraft. No mesmo ano, Lovecraft publicou o seu primeiro romance “A Cidade Sem Nome”, onde menciona Abdul Alhazred. Em 1922, no conto “O Cão de Caça”, ele faz a primeira menção ao Necronomicon. Em 1924, ele e Sônia Greene se casam. Nós só podemos especular sobre o que Crowley contou para Sônia Greene, e não sabemos o que ela contou a Lovecraft, mas é fácil imaginar uma situação onde ambos estão conversando sobre uma nova história que ele pretende escrever e Sônia comenta algumas idéias baseadas no que Crowley havia lhe contado, sem nem mesmo mencionar a fonte. Seria o bastante para fazer reluzir a imaginação de Lovecraft. Basta comparar um trecho de “O Chamado de Cthulhu” (1926) com partes do Livro da Lei, para notar a semelhança.

«Aquele culto nunca morreria… Cthulhu se ergueria de sua tumba e retomaria seu tempo sobre a Terra, e seria fácil reconhecer esse tempo, pois os homens seriam livres e selvagens, como os “antigos”, e além do bem e do mal, sem lei ou moralidade, com todos gritando e matando e rejubilando-se em alegria. Então os “antigos” lhes ensinariam novos modos de gritar e matar e rejubilar-se, e toda a Terra arderia num holocausto de êxtase e liberdade» (O Chamado de Cthulhu).

«Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei… Todo homem e toda mulher é uma estrela… Todo homem tem direito de viver como quiser, segundo a sua própria lei… Todo homem tem o direito de matar quem se opuser aos seus direitos… A lei do forte, essa é a nossa lei e alegria do mundo … Os escravos servirão»(Lei Thelemita).

Não há nem uma evidência que Lovecraft tenha visto o Necronomicon, ou até mesmo soube que o livro existiu. Embora o Necronomicon que ele desenvolveu em sua obra esteja bem próximo do original, seus detalhes são pura invenção. Não há nem um Yog-Sothoth ou Azathoth ou Nyarlathotep no original, por exemplo. Mas há um Aiwass…

O Que é o Necronomicon:

O Necronomicon de Alhazred trata de especulações antediluvianas, sendo sua fonte provável o Gênese bíblico e o Livro de Enoch, além de mitologia antiga. Segundo Alhazred, muitas espécies além do gênero humano tinham habitado a Terra, vindas de outras esferas e do além. Alhazred compartilhou da visão de neoplatoniatas que acreditavam serem as estrelas semelhantes ao nosso Sol, cada qual com seus próprios planetas e formas de vida, mas elaborou essa visão introduzindo elementos metafísicos e uma hierarquia cósmica de evolução espiritual. Aos seres das estrelas, ele denominou “antigos”. Eram sobre-humanos e podiam ser invocados, desencadeando poderes terríveis sobre a Terra.

Alhazred não inventou a história do Necronomicon. Ele elaborou antigas tradições, inclusive o Apocalipse de São João, apenas invertendo o final (a Besta triunfa, e seu número é 666). A idéia de que os “antigos” acasalaram com os humanos, buscando passar seus conhecimentos para o nosso plano de existência e gerando uma raça de aberrações, casa com a tradição judaica dos nephilins (os gigantes de Gênese 6.2-6.5). A palavra árabe para “antigo” deriva do verbo hebreu para “cair” (os anjos caídos). Mas o Gênese é só um fragmento de uma tradição maior, que se completa, em parte, no Livro de Enoch. De acordo com esta fonte, um grupo de anjos guardiões enviados para observar a Terra viu as filhas dos homens e as desejou. Duzentos desses guardiões formaram um pacto, saltando dos ares e tomando as mulheres humanas como suas esposas, gerando uma raça de gigantes que logo se pôs a pecar contra a natureza, caçando aves, répteis e peixes e todas as bestas da Terra, comendo a carne e bebendo o sangue uns dos outros. Os anjos caídos lhes ensinaram como fazer jóias, armas de guerra, cosméticos, encantos, astrologia e outros segredos. O dilúvio seria a consequência das relações entre os anjos e os humanos.

«E não vi nem um céu por cima, nem a terra firme por baixo, mas um lugar caótico e horrível. E vi sete estrelas caírem dos céus, como grandes montanhas de fogo. Então eu disse: “Que pecado cometeram, e em que conta foram lançados?” Então disse Uriel, um dos anjos santos que estavam comigo, e o principal dentre eles: “Estes são os números de estrelas do céu que transgrediram a ordem do Senhor, e ficarão acorrentados aqui por dez mil anos, até que seus pecados sejam consumados”».(Livro de Enoch).

Na tradição árabe, os jinns ou djinns seriam uma raça de seres sobre-humanos que existiram antes da criação do homem. Foram criados do fogo. Algumas tradições os fazem sub-humanos, mas invariavelmente lhes são atribuídos poderes mágicos ilimitados. Os djinns sobrevivem até os nossos dias como os gênios das mil e uma noites, e no Corão eles surgem como duendes e fadas, sem as qualidades sinistras dos primeiros tempos. Ao tempo de Alhazred, os djinns seriam auxiliares na busca de conhecimento proibido, poder e riquezas.

No mito escandinavo, hoje bastante associado à história do Necronomicon, os deuses da Terra (aesires) e o gênero humano (vanas) existiam contra um fundo de poderes mais velhos e hostis, representados por gigantes de gelo e fogo que moravam ao norte e ao sul do Grande Girnnunga (o Abismo) e também por Loki (fogo) e sua descendência monstruosa. No Ragnarok, o crepúsculo dos deuses, esses seres se ergueriam mais uma vez num combate mortal. Por último, Siurtur e ou gigantes de fogo de Muspelheim completariam a destruição do mundo.

Essa é essencialmente a profecia de Alhazred sobre o retorno dos “antigos”. É também a profecia de Aleister Crowley sobre o Àeón de Hórus. Os gigantes de fogo de Muspelheim não diferem dos djinns, que por sua vez se ligam aos anjos hebraicos. Como Surtur, Uriel carrega uma espada de fogo, e sua sombra tanto pode levar à destruição quanto a um renascimento. Assim, tanto os anjos e seus nephilins hebraicos quanto os “antigos” de Alhazred poderiam ser as duas faces de uma mesma moeda.

Como os Antigos São Invocados

É inegável que o sistema enochiano de Dee e Kelley estava diretamente inspirado em partes do Necronomicon, onde há técnicas de Alhazred para a invocação dos “antigos”. Embora o Necronomicon fosse basicamente um livro de histórias, haviam algums detalhes práticos e fórmulas que funcionavam quase como um guia passo a passo para o iniciado entrar em contato com os seres sobre-humanos. Dee e Kelley tiveram que preencher muitas lacunas, sendo a 1inguagem enochiana um híbrido que reúne, basicamente, um alfabeto de 21 letras, dezenove “chaves” (invocações) em linguagem enochiana, mais de l00 quadros mágicos compostos de até 240l caracteres além de grande quantidade de conhecimento oculto. É improvável que esse material lhes tivesse sido realmente passado pelo arcanjo Uriel. Bulwer Lytton, que estudou a tradução de Dee para o Necronomicon, afirma que ela foi transcrita diretamente do livro original, e se eram ensinamentos de Uriel, o mais provável é que ele os tenha passado a Alhazred.

A ligação entre a linguagem enochiana e o Livro de Enoch parece óbvia. Como o livro de Enoch só foi redescoberto no século XVII, Dee só teria acesso à fragmentos do mesmo citados em outros manuscritos, como o Necronomicon de Alhazred, o que mais uma vez reafirma sua provável fonte de origem. Não há nenhuma dúvida que Alhazred teve acesso ao livro de Enoch, que só desapareceria no século IX d.C., sendo até então relativamente conhecido. Outra pista para essa ligação pode ser a chave dos trinta Aethyrs, a décima nona das invocações enochianas. Crowley chamava-a de “a maldição original da criação”. É como se o próprio Deus a enunciasse, pondo fim à raça humana, à todas as criaturas e ao mundo que ele próprio criara. Isso é idêntico ao Gênese 6.6, onde se lê: “E arrependeu-se o Senhor de ter posto o homem sobre a Terra, e o lamentou do fundo de seu coração”. Esse trecho segue-se à descrição dos pecados dos nephilins, que resulta na destruição do mundo pelo dilúvio. Crowley, um profundo conhecedor da Bíblia, reconheceu nisso a chave dos trinta Aethyrs, estabelecendo uma ligação. Em resumo, a chave (ou portão) para explorar os trinta Aethyrs é uma invocação no idioma enochiano, que segundo Dee seria o idioma dos anjos, e esta invocação seria a maldição que lançou os nephilins (ou “antigos”) no Abismo. Isto se liga à práticas antigas de magia negra e satanismo: qualquer meio usado pelo mago no passado para subordinar uma entidade pode ser usado também como um método de controle. Tal fórmula existe em todo grimoire medieval, em alguns casos de forma bastante explícita. A entrada no trigésimo Aethyr começa com uma maldição divina porque esse é um dos meios de afirmar controle sobre as entidades que se invoca: o nephilin, o anjo caído, o grande “antigo”. Isso demonstra, além de qualquer dúvida, que o sistema enochiano de Dee e Kelley era idêntico, na prática e em cadência, ao sistema que Alhazred descreveu no Necronomicon.

Crowley sabia disso. Uma das partes mais importantes de seu trabalho mágico (registrou-o em “A Visão e a Voz”) era sua tentativa de penetrar nos trinta Aethyrs enochianos. Para isso, ele percorreu o deserto ao norte da África, em companhia do poeta Winner Neuberg. Ele já havia tentado fazê-lo no México, mas teve dificuldade ao chegar ao 28º Aethyr, e decidiu reproduzir a experiência de Alhazred o mais proximamente possível. Afinal, Alhazred levou a cabo seus estudos mais significativos enquanto vagava pela região de Khali, uma área deserta e hostil ao sul da Arábia. O isolamento o ajudou a entrar em contato com os Aethyrs. Para um plagiador como Crowley, a imitação é o primeiro passo para a admiração, não é surpresa essa tentativa, além do que ele também pretendia repetir os feitos de Robert Burton, explorador, aventureiro, escritor, lingüista e adepto de práticas obscuras de magia sexual. Se obteve sucesso ou não, é desconhecido pois jamais admitiu suas intenções quanto à viagem, atribuindo tudo ao acaso.

Onde o Necronomicon Pode Ser Encontrado:

Em nenhum lugar, com certeza, seria a resposta mais simples, e novamente somos forçados a suspeitar que a mão de Crowley pode estar metida nisto. Em 1912 ele conheceu Theodor Réuss, o 1íder da Ordo Templi Orientis alemã (O.T.O.) e trabalhou dentro daquela ordem por dez anos, até ser nomeado sucessor do próprio Réuss. Assim temos Crowley como líder de uma loja maçônica alemã. Entre 1933-1938, desapareceram algumas cópias conhecidas do Necronomicon. Não é segredo que Adolf Hitler e pessoas do alto escalão de eu governo tinham interesse em ocultismo, e provavelmente apoderaram-se dessas cópias. A tradução de Dee desapareceu de Bodleiam, roubada em 1934. O Museu Britânico também sofreu vários saques, sendo a edição de Wormius retirada de catálogo e levada para um depósito subterrâneo, em Gales, junto com as jóias da Coroa, onde permaneceu de 1939 a 1945. Outras bibliotecas simplesmente perderam cópias desse manuscrito e hoje não há nenhuma que apresente em catálogo uma cópia, seja em latim, grego ou inglês, do Necronomicon. O paradeiro atual do Al Azif original, ou de suas primeiras cópias, é desconhecido. Há muitas fraudes modernas, mas são facilmente desmascaradas por uma total falta de imaginação e inteligência, qualidades que Alhazred possuía em abundância. Mas há boatos de um esconderijo dos tempos da 2º Guerra, que estaria localizado em Osterhorn, uma área montanhosa próxima à Salzburgo, onde haveria uma cópia do manuscrito original, escrita pelos nazistas e feita com a pele e o sangue de prisioneiros de campos de concentração.

Qual o motivo para o fascínio em torno do Neconomicon? Afinal, é apenas um livro, talvez esperemos muito dele e ele não possa mais do que despejar um grão de mistério no abismo de nossos anseios pelo desconhecido. Mas é um mistério ao qual as pessoas aspiram, o mistério da criação, o mistério do bem e do mal, o mistério da vida e da morte, o mistério das coisas que se foram. Nós sabemos que o Universo é imenso, além de qualquer limite da nossa imaginação, mas o que há lá fora? E o que há dentro de cada um de nós? Seria o Universo um espelho para nós mesmos? Seriam os “antigos” apenas uma parte mais profunda de nosso subconsciente, o ego definitivo, o mais autêntico “eu sou”, que no entanto participa da natureza divina?

Sábios e loucos de outrora já se fizeram essas perguntas, e não temeram tecer suas próprias respostas, seus mitos, imaginar enfim. A maioria das pessoas, porém, prefere criar respostas seguras, onde todos falam a mesma língua, cultivam os mesmos hábitos, respeitam a diversidade,cada qual em sua classe. O Necronomicon, porém, desafia nossas certezas, pois não nos transmite qualquer segurança acerca do Universo e da existência. Nele, somos o que somos, menos que grãos de pó frente à imensidão do Cosmo e muitas coisas estranhas, selvagens e ameaçadoras estão lá fora, esperando pelo nosso chamado. Basta olhar em qualquer tratado de Astronomia ou Astrofísica, basta ler os jornais. Isso é para poucos, mas você sabe que é verdade.

Método Utilizado Por Nostradamus Para Ver o Futuro:

Recolha-se à noite em um quarto fechado, em meditação, sozinho, sentando-se diante de uma bacia posta sobre um tripé e cheia de água. Acenda uma vela sob a bacia, entre as pernas do tripé, e segure um bastão mágico com a mão direita, agitando-o sobre a chama do modo como se sabe, enquanto toca a água com a mão esquerda e borrifa os pés e a orla de seu manto. Logo ouvir-se-á uma voz poderosa, que causa medo e tremor. Então, esplendor divino; o Deus senta ao seu lado.

Incenso de Alhazred:

– Olibanum, storax, dictamnus, ópio e haxixe.

À partir de que momento uma pessoa deixa de ser o que ela própria e todos os demais acreditam que seja? Digamos que eu tenha que amputar um braço. Posso dizer: eu mesmo e meu braço. Se fossem as duas pernas, ainda poderia falar da mesma maneira: eu mesmo e minhas duas pernas. Ou os dois braços. Se me tirarem o estômago, o fígado, os rins, admitindo-se que tal coisa seja possível, ainda poderia dizer: eu mesmo e meus órgãos. Mas se cortassem a minha cabeça, ainda poderia falar da mesma maneira? O que diria então? Eu mesmo e meu corpo ou eu mesmo e minha cabeça? Com que direito a cabeça, que nem mesmo é um membro, como um braço ou uma perna, pode reivindicar o título de “eu mesmo”? Porque contém o cérebro? Mas existem larvas, vermes e muitas outras coisas que não possuem cérebro. O que se pode dizer a respeito de tais criaturas? Será que existem cérebros em algum outro lugar, para dizerem “eu mesmo e meus vermes”?

Por Daniel Low

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/necronomicon-da-origem-ate-nossos-dias/

Carta de Bolonha: O Documento mais antigo da Maçonaria

Por Kennyo Ismail

O mais antigo documento comprovadamente maçônico no mundo é conhecido como “Carta de Bolonha” e data de 1248. Seu nome original é “Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamilis”. Foi redigido originalmente em latim por um escrivão público, sob ordem do Prefeito de Bolonha, Bonifaci di Cario, no dia 08 de Agosto de 1248. Em seu conteúdo fica claro que essa Maçonaria Operativa Italiana já era tradicional, antiga, contendo sólida estrutura e hierarquia, bem anterior à data de registro da Carta.

Reflitamos: Bolonha fica a pouco mais de 300Km de distância de Roma. Há alguma razão para duvidarmos de que essa antiga Associação de Construtores de Bolonha seja a evolução de uma das principais Guildas Romanas?

A Carta de Bolonha é anterior em 142 anos ao “Poema Regius” (1390), 182 anos ao “Manuscrito de Cooke” (1430), 219 anos ao “Manuscrito de Estrasburgo” reconhecido no Congresso de Ratisbona de 1459 e autorizado pelo Imperador Maximiliano em 1488, e 59 anos ao “Preambolo Veneziano dei Taiapiera” (1307). Todos esses documentos maçônicos antigos não somente comprovam a existência da Maçonaria Operativa e sua evolução histórica, mas principalmente sua evolução social, incluindo a atenção especial de reis e o interesse crescente de intelectuais e nobres.

A Carta possui anexos. Entre eles, conserva-se uma “lista de matrícula” registrada em 1272, que contém 371 nomes de Mestres Maçons (Maestri Muratori), dos quais 2 eram escrivães públicos, outros 2 eram freis e 6 eram nobres. Essa é a prova histórica mais clara de que, em pleno século XIII, a transformação da Maçonaria de Operativa em Especulativa já estava iniciada.

A existência desses e de outros documentos antigos descartam completamente as teorias de que a Maçonaria teria nascido com o fim da Ordem dos Templários ou quando da Revolução Francesa ou mesmo com o Iluminismo. Os documentos comprovam que a Maçonaria é bem anterior ao século XIII e reforçam a teoria da origem egípcia, aprendida pelos judeus quando em cativeiro no Egito, e espalhada ao mundo quando os descendentes desses estavam sob domínio e influência romana, incorporados nas Guildas.

A “Carta de Bolonha” confirma o texto das Constituições de Anderson, 1723, quando Anderson diz tê-las redigido após consultar antigos estatutos e regulamentos da Maçonaria Operativa da Itália, Escócia e Inglaterra. Revisando o texto do “Statuta et ordinamenta societatis magistrorum tapia et lignamiis”, não resta a menor dúvida de que este foi um dos estatutos e regulamentos consultados por Anderson para redigir a Constituição da nossa Maçonaria Especulativa.

O documento anexo à Carta, datado de 1257, informa ainda que foi decidida a separação entre os “Mestres do Muro” e os “Mestres da Madeira”, que até então eram uma única Corporação, mas separados desde antes nos trabalhos das correspondentes Assembléias tendo, porém, os mesmos Chefes. Esse é um fortíssimo indício de quando e como surgiu a Maçonaria Carbonária.

Fica evidente que a Carta de Bolonha é um dos documentos históricos mais importantes da nossa Sublime Instituição, e fica mais do que comprovada a presença dos “Aceitos” na Maçonaria dos “Antigos e Livres” a pelo menos 800 anos atrás.

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/carta-de-bolonha-o-documento-mais-antigo-da-ma%C3%A7onaria

Origens do Martinismo

A tradição do Martinismo pode ter sua origem à Martinez de Pasqualy .

O Martinismo moderno está disseminado em todo o mundo através destas três ramificações principais:

A ordem que está a mais próxima a Pasqualy é a Ordem dos Chevaliers Elus Cohens de l`Universe com 5 graus.

A ordem mais próxima a Willermoz é Os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa, um rito maçônico antigo que foi reorganizado por ele em 1778.

E há então as Ordens próximas a Papus baseadas no trabalho de Saint Martin, e que foram nomeadas como A Ordem dos Filósofos Desconhecidos (Silencieux Inconnus de Ordre), mas que é mais conhecida como Ordem Martinista ( L`Ordre Martinisme).

Certamente os Elus-Cohen os Cavaleiros Benfeitores têm a relação mais forte com a maçonaria.

Não há historicamente documentos que comprovem que Saint-Martin fundou realmente uma ordem, entretanto existe um rito maçônico chamado Rito Retificado de Saint Martin, constituída de dez graus, que mais tarde foram reduzidos a sete a saber :

1. Aprendiz 2. Artesão ou journeyman 3. Mestre 4. Mestre Antigo 5. Mestre Eleito 6. Grande Arquiteto 7. Mestre Secreto 8. Príncipe de Jerusalém 9. Cavaleiro da Palestina

10. Kadosh

Posteriormente :

1. Aprendiz 2. Artesão ou journeyman 3. Mestre 4. Mestre Perfeito 5. Mestre Eleito 6. Escocês 7. Santo
Criação da Ordem dos Filósofos Desconhecidos

Quase todas as ordens Martinistas modernas são uma manifestação do bom trabalho de Papus (Dr. Gerard Encausse, 1865-1916), que criou ou se preferirem, revitalizou, o pensamento de Saint Martin durante o período de 1882-91. Recrutou diversos de seus irmãos em 1888 para dar forma ao primeiro conselho supremo Martinista, a fim de regularizar as diversas iniciações Martinistas livres da época. Em 1891 este conselho sob a direção de Papus deram forma a uma organização chamada Ordem Martinista ou Ordem dos Superiores Incógnitos com três graus, é reconhecido que esta Ordem Martinista que foi baseado em dois Ritos Maçônicos extintos : o Rito de Elus-Cohens (de Pasqually) e o Rito Retificado de Saint-Martin De características templárias dividiram a iniciação em três partes: S.I. – P.I. e L.I. Entretanto, com o tempo o grau S.I. (originalmente apenas um grau) foi dividido em quatro partes, como mostramos abaixo, e esta divisão causou muita confusão entre os diferentes ramos do Martinismo. Algumas ordens dividiram-no somente em três partes, e fizeram mais um grau o S.I.I ou Circulo dos Filósofos Desconhecidos. :

1) associado ou (S.I. I) 2) iniciado ou (S.I. II)

3) superior incógnito ou (S.I. III) 4) filósofo desconhecido (P.I.)(S.I. IV) 5) S.I.I. ( Filósofo Desconhecido; P.I.)

6) Livre Iniciador (L.I.)

Certamente alguns Martinistas preferiram continuar seus trabalhos de forma independente. Era Martinistas ” livres “. Ainda se tem noticias de que há ainda algum Martinistas livres , independentes não associados com as chamadas Ordens regulares.

As Ordens Sinarquica( Synarchy), Martinista (Ordre Martiniste), e a Ordem Martinista de Elus Cohen (Ordem de Martinist do lus Cohens) são consideradas theurgicas da linha de Martinez de Pasqually menos mística que as Ordens fundadas com a orientação em Louis Claude de Saint Martin. Há também outras ordens regulares menos conhecidas dentre as quais : ìRussianî que descende de Papus quando de sua visita à corte do Czar Nicholas e a Belgo/ Holandesa. As ordens as mais antigas em existência, derivando-se todas da ordem de Papus são estas : a Ordem Martinista Synarquica (Synarchy de Martinist), a Tradicional Ordem Martinista TOM (Tradicional de Martinist) e finalmente a Ordem Martinista ( Ordre Martiniste. )

As Ordens Martinistas em geral se reúnem em grupos , dependendo do número de participantes , cada uma possui um nome diferente :
Círculo (sete membros ou menos) , Heptada (sete Membros ou mais) , Loja (vinte e um membros ou mais) . Vale notar que a Tradicional Ordem Martinista somente possui um organismo previsto em sua constituição , a que chamamos de Heptada , que é constituída de no mínimo 21 membros de preferencia SI na sua fundação.

A base dos ensinamentos em todas as Ordens incluem Misticismo Cristão, Teosofia, Kabbalah, Hermetismo, e outros assuntos esotéricos semelhantes. A filosofia Martinista está inspirada no teosofismo clássico e nos trabalhos de Jacob Boehme, Swedenborg, além é claro em Martinez de Pasqually, Jean-Baptiste Willermoz e Louis-Claude de Saint Martin.

A maioria dos historiadores confirmam que foram membros Martinistas dos diversos segmentos proeminentes figuras do mundo esotérico, como: Papus, Arthur Edward Waite, Eliphas LÈvi, Margaret Peeke, Henri Delaage, Maria Desraimes e Gearges Martin, Helena Petrovna Blavatsky, Coronel Olcott, Annie Besant, James Ingall Wedgwood, Charles Webster Leadbeater e outros , e muitos Rosacruzes e Maçons da Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, e E.U.A..

Vamos agora tentar resumir o pensamento e a estrutura das maiores Ordens Martinistas no mundo .
Ordem Martinista de Papus (L`Ordre Martiniste)

É o nome da primeira ordem criado por Papus em Paris 1888. Papus foi o primeiro Soberano Grande Mestre de 1888 até a sua morte em 1916. O seu primeiro Conselho Supremo foi constituído dos seguintes Irmãos:

1. Papus (o Grande Mestre ) 2. Pierre Augustin Chaboseau 3. Paul Adam 4. Charles Barlet 5. Maurice Barres 6. Burget 7. Lucien Chamuel, 8. de Stanislas Guaita 9. LeJay 10. Montiere 11. Josephin Peladan 12. Yvon Le Loup (Sedir) 13. Eduoard

Maurice Barres e Josephin Peladan foram posteriormente substituídos por Marc e Emile Michelet. O Dr. Blitz de Edouard , Delegado Soberano no E.U.A., também era um membro do Conselho Supremo, entretanto ele é negligenciado freqüentemente na história do Martinismo, provavelmente porque ele deixou a Ordem, depois de uma controvérsia com Papus que não pretendia manter a subordinação maçônica em sua organização.

A sucessão de Papus na linhagem de Saint Martin era assim:

1. o Louis-Claude Saint Martin (1743-1803) 2. Jean-Antoine Chaptal (de Compte Chanteloup)(morto em 1832) 3. (?)X 4. Henri Delaage (morreu 1882) 5. Dr. Gérard Encausse

Porém, havia um elo ou melhor um vácuo (o X) na linhagem de Papus, assim em 1888, Augustin Chaboseau (um membro do Conselho Supremo original de 1888) e Gérard Encausse trocaram Iniciações pessoais para consolidar a sucessão. A Ordem Martinista se constituiu então de 2 linhagens espirituais, a que vimos acima e a seguinte :

1. o Louis-Claude de Saint Martin (1743-1803) 2. Abbe de la Noue (morreu 1820) 3. J. Antoine-Marie Hennequin (morreu 1851) 4. Adolphe Desbarolles (morto em 1880) 5. Henri la de Touche (Paul-Hyacinthe de Nouel de la Touche)(morto em 1851) 6. a marquesa de Amélie de Mortemart Boisse 7. Pierre Augustin Chaboseau .

Depois de morte de Papus , Charles Detré (nome místico Teder ) se tornou o Soberano Grande Mestre, ele decidiu limitar a afiliação à Ordem Martinista (L`Ordre Martiniste) para Mestres Maçons, especialmente do Rito de Memphis & Misraim. Claro que isto significou que as mulheres seriam excluídas do Martinismo, e isto também não estava de acordo à filosofia do Martinismo original. Naturalmente isto causou grande discordância entre os membros, e vários membros do Conselho Supremo original de 1891 deixaram a Ordem.
Ordem Martinista Martinezista (L’Ordre Martiniste-Martineziste de Lyons)

É o nome que Detré deu para a ordem em 1916, depois de ter mudado para Lyon e levado a Ordem com ele. Então, poderíamos considerar a Ordem Martinista original de Papus como morta, pelo menos até que depois de vários anos ela fosse reativada pelas inúmeras outras organizações que se fundaram. A linha de sucessão da Ordem Martinista-Martinezista é :

0. (Papus 1888-1916) 1. Charles DetrÈ (Teder) (1916-1918) 2. Jean Bricaud (1918-1934) 3. Constantin Chevillon (1934-1944) 4. Henri-Charles Dupont (1944-1958) A exigência maçônica de DetrÈ em 1916, foi a primeira causa da criação de todas as Ordens Martinistas modernas e mistas.
Ordem Martinista de Paris (L`Ordre Martiniste de Paris)

Fundado em 1951 por Philippe Encausse (o filho de Papus). Ele havia reunido vários Martinistas livres da França e formou a uma ordem baseada da constituição original. Phillipe Encausse sendo o Grande Mestre fundiu-se com a Federação das Ordens Martinistas , com A Ordem Martinista e Elus Cohen ( L`Ordre Martiniste e o Martinist Order do Elus Cohen de Robert Ambelain) e removeu a exigência da qualificação maçônica pela qual era determinada a pré afiliação. Ele resignou como Grande Mestre em 1971, e teve como sucessor Irénée Séguret . Philippe Encausse retomou a direção em 1975 e resigna finalmente em 1979. O Irmão Emilio Lorenzo encabeça atualmente a Ordem . A linhagem é:

1. Papus (morreu 1916) 2. o Charles Deter (ie. Teder, morreu em 1918) 3. Jean Bricaud (morreu em 1934) 4. Chevillon (morreu em1944) 5. Charles-Henry Dupont (morreu 1960) 6. Philippe Encausse (se aposentou em 1960) 7. IrÈnÈe SÈruget (1971-74) 8. Emilio Lorenzo (1979)
Ordem Martinista Belga (L’Ordre Martiniste Belge)

Criado em 1968 e encabeçada pelo astrólogo belga e membro anterior do Conselho Supremo da Ordem Martinista, Gustave-Lambert Brahy. Os membros de seu Conselho Supremo eram: Gustave-Lambert Brahy, Pierre-Marie Hermant, Stéphane Beuze e Maurice Warnon (que resignou em 1975 para trabalhar na Ordem Martinista dos países Baixos). Todos os quatro eram membros anteriores do Conselho Supremo da Ordem Martinista . Esta Ordem desapareceu praticamente com o falecimento de Gustave Brahy em 1991. Há só um Grupo permanecendo, sob a direção de Irmão Loruite.

Ambas as Ordens Martinista Belga e Países Baixos foram criadas a pedido de Philippe Encausse. A razão disto era a discordância interna na Ordem Martinista sobre qual afiliação religiosa a ordem deveria ter. Muitas religiões independentes e igrejas Gnósticas eram populares entre os Martinistas , mas alguns preferiam o silêncio a aderir a estas igrejas. Quando a Ordem Martinista ( L`ordre Martiniste) em 1968 confirma uma aliança com a igreja Gnóstica (fazendo dela a religião oficial da ordem), muitos membros objetaram a esta limitação da liberdade religiosa . Então, para permitir para os membros mantivessem a liberdade para adorar nas igrejas de sua escolha , eles ofereceram as duas outras ordens como uma alternativa.
Ordem Martinista dos Países Baixos (L’Ordre Martiniste de Pays-Bas)

Foi introduzido no Países Baixos em 26 de Setembro de 1968, o Presidente da Federação das Ordens Martinistas localizou em Paris Maurice H. Warnon de Bruxelas (um membro anterior do Conselho Supremo da L`Ordre Martiniste)ele foi designado por Philippe Encausse como Representante Nacional e Soberano para o Países Baixos, com a missão de esparramar as idéias Martinistas e iniciações naqueles países em particular.

Depois de trabalhar bem de perto na Ordem Martinista francesa, ficou evidente que os membros holandeses objetaram à relação íntima da Organização francesa com a igreja Gnostica e Apostólica, pois a maioria deles que é de origem protestante. Eles quiseram manter uma liberdade completa de religião. Philippe Encausse sugestionou a criação de um segundo ramo separada da árvore original .

A decisão pela independência começou em Setembro de1975, durante a reunião anual dos membros da Ordem no Países Baixos. Uma Constituição nova foi adotada e subseqüentemente, a ” Ordem des Martiniste Pagar-Bas ” foi fundado 12 de setembro do mesmo ano, pela transmissão dos poderes do Representante Nacional da Ordem Martinista francesa para o Conselho Supremo recentemente criado do Países Baixos. Os membros de seu Conselho Supremo eram: Maurice Warnon, Augustus Goetmakers, Bep Goetmakers, Femke Iken, Annie Iken e Joan Warnon-Poortman.

A Ordem Martinista dos Países Baixos não é uma jurisdição territorial, mas uma orientação específica do movimento de Martinista.
Ordem Martinista dos Elus Cohens (des Ordem Chevaliers Maçons Elus-Cohen de l’Univers)

Originalmente fundado por Martinez de Pasqually em 1768. Foi fundido com alguns ritos Maçons pelo discípulo dele e sucessor Jean-Baptiste Willermoz. O Dr. Blitz de Eduoard, um companheiro antigo de Papus, trabalhou com os Cavaleiros Benfeitores da Cidade Santa de Willermoz, nos E.U.A., e consequentemente mantinha a exigência de afiliação maçônica. Depois do Segunda Guerra Mundial, Robert Ambelain (Sar Aurifer),era seu Grande Mestre e mantinha rituais Elus Cohen que ele tinha obtido de várias fontes , reavivou a Ordem Martiniste des lus Cohens que praticava justamente esta forma operativa de teurgia. Ambelain também preservou somente esta Ordem aos Homens.

A Ordem original do Cohens Eleitos tinha trabalhado de 1767 a pelo menos até 1807. De lá para cá a linhagem está quebrada ou pelo menos incompleta. Estes são o iniciados principais da Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos do Elus Cohen do Universo na França:

1. Martinez de Pasqually 1767-1774 2. Caignet Lestere 1774-1779 3. o Sebastian las de de Casas 1780 4. G.Z.W.J. 1807 de 1942-1967: 1. Robert Ambelain (Aurifer) 1942-1967 2. Ivan Mosca (Hermete) 1967-1968

No seguimento Italiano : 1. Krisna Frater 2. Francesco Brunelli

Os graus transmitidos nos Elus Cohen são assim:

1º grau – o Mestre Elus-Cohen 2º grau – Cavaleiro do Oriente 3º grau – o Chefe do Oriente 4º grau – RÈaux-Croix Outras fontes relatam assim: 1 – Ordem dos Cavaleiros de Elus-Cohen L’Univers 2 – ordem de Cavaleiros maçons 3 – Eleitos sacerdotes do Universo 4 – RÈaux-Croix

A ordem se fundiu com a Ordem de Martinista de Phillipe Encausse. Ambelain publicou uma declaração na revista de Martinista ´L’Initiation” em 1964 relatando o fechamento da ordem. 30 anos depois foi reavivado mais uma vez – novamente por Ambelain – que ainda parece estar morando em Paris.
Ordem Martinista Sinarquica (L’Ordre et de Martiniste Synarchique)

Esta ordem é a mais antiga das que tiveram uma existência ininterrupta desde sua fundação em 1918 por Blanchard (Sar Yesir). Originalmente era Blanchard que iria se tornar o sucessor de Detré como Grande Mestre da Ordem Martinista Martinezista. Blanchard desistiu disto, pois ele não estava a favor da exigência de afiliação maçônica no Martinismo. Assim em 1918 Blanchard reuniu o Conselho Supremo anterior de Martinistas e Martinistas independentes que não aderiram ou pertenceram às Ordens Martinistas maçônicas e formaram uma Ordem de Martinistas sob a constituição original que Iniciou homens e mulheres. Depois, em 1934 a Ordem de Blanchard mudou seu nome para Ordem Martinista e Sinarquica, e Blanchard foi elegido Soberano Grande Mestre Universal.

Com uma idade de 75 anos , Blanchard faleceu em 1953, em Paris. O Soberano Grão Mestre a substitui-lo foi Sar Alkmaion (Dr. Edouard Bertholet), da Suíça. Foi Sar Alkmaion, Soberano Grão Mestre da Ordem para as Lojas Inglesas que recebeu a Carta Constitutiva como Delegado Geral para a Grã Bretanha e a Comunidade britânica. A Grande Loja Britânica era governada por um comitê interno conhecido como o Tribunal Soberano do qual este era um dos membros permanentes: Presidente: Sar Sorath (também conhecido como Sar Gulion, ainda em vida)

No momento, a jurisdição principal desta ordem está na Inglaterra sob da liderança de Sar Gulion. Nos E.U.A. há uma filial da ordem que funciona regularmente com uma carta constitutiva da Inglaterra. Depois da morte de Fusiller, o sucessor de Blanchard, a Ordem Martinista dos Eleitos Cohens fundiu com o OMS e mantém o nome do posterior.

A linhagem de OMS atual: 1. Papus & Chaboseau (linhagem dobro) 2. Charles DetrÈ (Teder) 3. Georges de de BogÈ LagrËze (Mikael) 4. Auguste Reichel (Amertis) 5. V. Churchill (Sar Vernita) 6. Sar Gulion/Sorath (o Grande Mestre Inglês)

O OM&S independente do Canadá, tem estas linhagens; 1. Papus & Chaboseau (linhagem dobro) 2. Charles DetrÈ (Teder) 3. Georges de BogÈ LagrËze (Mikael) 4. Auguste Reichel (Amertis) 5. V. Churchill (Sar Vernita) 6. Sar Sendivogius 7. William Pendleton 8. Sar Parsifal/Petrus ( morto, 1994)

O tribunal de OM&S no Canadá, 1965, era compostos de,: 1. Sar Resurrectus, Presidente (iniciado por Pendleton) 2. Sar Sendivogious, 3. Sar Petrus

A Jurisdição canadense se declarou independente. Sar Resurrectus se tornou o Grande Mestre, Sar Sendivogius se retirou das atividade da OMS para se concentrar nos Elus Cohen , e Sar Petrus se tornou Grande Mestre.
Tradicional Ordem Martinista (L’Ordre Martiniste Traditionnel)

Certamente é dispensável discorrermos a respeito de nossa própria organização uma vez que existem um sem número de documentos e literatura e este respeito, dentro e fora de nossa Ordem. Entretanto alguns comentários são importantes.

A Tradicional Ordem Martinista permanece como a maior e mais fechada Ordem Martinista em atividade no mundo, para tanto conta com a aliança fraterna com a Ordem Rosacruz AMORC , é a organização Martinista que possui o maior número de Heptadas tradicionalmente constituídas e é a que possui a melhor organização administrativa

A sucessão da Tradicional Ordem Martinista possui vários ramos a saber :1. V.E. Michelet 2. Augustin Chaboseau (Sar Augustus) 3. Ralph Maxwell Lewis (Sar Validivar) 4. Gary L. Stewart 5. Cristian Bernard (Phenix)

Sucessões iniciáticas : 1. Papus & Chaboseau (linhagem em dobro) 2. o Charles Deter (Teder) 3. Blanchard 4. H.S.Lewis

1. Papus & Chaboseau (linhagem em dobro) 2. Charles Deter (Teder) 3. Georges de BogÈ LagrËze (Mikael) 4. Ralph Lewis

O atual Grande Mestre é o Irmão Charles Vega Parucker ( Vega). O Soberano Grande Mestre da Tradicional Ordem Martinista é o Ir Cristian Bernard ( Phenix) que possui duas linhagens:

1. Ralph Lewis 2. Sepulcros de Orval 3. Cristian Bernard e

1. Ralph Lewis 2. Cecil UM. Poole 3. Gary L. Stewart 4. Cristian Bernard.

O intuito desta compilação é o de fornecer informações históricas sobre o Martinismo através dos séculos. Como todo Martinista deve saber , não se julga um irmão pela riqueza ou pobreza do berço que o embalou e sim pela fraternidade que une dois seres que possuem gravados em seus íntimos a mesma iniciação e a mesma paternidade espiritual. Este é o elo que nos une.

Monte Cristo SI

in “HERMENUBIS” ANO 7 NÚMERO 1

TOM – CAMPINAS

#Martinismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/origens-do-martinismo

O Diabo que Caminha

Na manhã do dia 16 de fevereiro de 1855, os moradores de londres leram no jornal The Times of London a seguinte materia:

“Uma grande comoção foi causada nas cidades de Topsham, Lympstone, Exmouth, Teignmouth e Dawlish, ao sul de Devon, por causa da descoberta de um vasto número de pegadas estranhas e misteriosas. Os superticiosos chegam ao ponto de crer que são as pegadas de Satã em pessoa; e a grande comoção causada nas pessoas de todas as classes pode ser julgada pelo fato do assunto ter chegado aos púlpitos locais.

Parece que na noite de quinta-feira houve uma grande nevasca na região de Exeter e no sul de Devon. Na manhã seguinte os habitants dessas cidades foram surpreendidos pela descoberta de rastros de um animal estranho e misterioso, embuído da capacidade de onipresença, já que as pegadas foram encontradas em muitos lugares inacessíveis – no telhado de casas, no alto de muros muito estreitos, em jardins e praças cercados por paredes e muros altos ou cercas fechadas assim como em campo aberto. Era raro um jardim em Lympstone onde as pegadas não estivessem presentes.

A julgar pelas trilhas, elas teriam sido causadas mais provavelmente por um animal bípede e não quadrúpede e o espaçamento entre os passos era de aproximadamente 20 centímetros. As impressões das pegadas se assemelhavam muito às das ferraduras de um jumento e mediam de 4 a 5 centímetros de uma ponta a outra. Aqui e ali elas tomavam a aparência de cascos fendidos, mas na sua maioria a forma de ferradura era constante e, pela neve acumulada no centro, apenas mostrando os contornos exteriores, as pegadas eram côncavas.

A criatura parece ter se aproximado das portas de inúmeras casas e então ter se afastado, mas ninguém foi capaz de descobrir os pontos de partida ou chegada do visitante misterioso. No ultimo domingo o reverendo Mr. Musgrave citou o ocorrido em um de seus sermões, e sugeriu a possibilidade das pegadas terem sido causadas por um canguru; mas isso dificilmente seria o caso, já que foram encontradas de ambos os lados do estuário de Exe.

Até o momento o acontecido permanence um mistério, e muitas pessoas supersticiosas que habitam as cidades já citadas estão realmente com medo de sair de suas casas depois que escurece.”

Essa material comenta os fatos ocorridos na madrugada do dia 7 para o dia 8 de fevereiro daquele ano. Essa material, entretanto, não mostrava todos os detalhes que foram enviadas para os jornais, como o Illustrated London News, pelos habitants da região.

Os fatos como foram experienciados seguem:

Levantando-se na manhã do dia 8 de fevereiro de 1855, os habitants de uma vasta região do sul do condado de Devon, na Inglaterra, constataram que, sobre a neve que cobria o solo, entrecruzavam-se um número enorme de rastros estranhos, pequenos e assemelhando-se a cascos de um animal e de uma incrível multiplicidade. Havia, provavelmente, mais de 160 km de rastros.

Os desenhos a seguir são reproduzidos daqueles publicados no Illustrated London News, no dia 3 de março de 1855, página 214. As pegadas mediam cada uma cerca de 10 centímetros de comprimento, por 7 centímetros de largura e estavam regularmente separadas de 20 a 22 centímetros.

Quem as tinha feito? Surgiram todo tipo de explicações: de cangurus a passarinhos (sem deixar de lado o eventual alienígena de passagem por nosso planeta).

Existem alguns pontos relativos ao problema de identificação de quem ou o que deixou essas pegadas, que não foram suficientemente ressaltados nos relatos já publicados. Merecem atenção:

1- Se as pegadas forem atribuídas a um animal terrestre qualquer (e aqui incluímos os pássaros), o elemento mais difícil de explicar é a sua colocação fantástica: “O misterioso visitante passou de modo geral apenas uma vez em cada local e o fez em quase todas as casas de numerosas partes das diferentes cidades, assim como nos ranchos isolados. Essa pista regular, passando em certos casos por sobre os tetos das casas ou por sobre os palheiros, ou por sobre muros muito altos (um com cerca de 4 metros e meio de altura), sem deslocar a neve nem de um lado nem do outro e sem modificar as distâncias entre as pegadas, como se o obstáculo não fosse absolutamente incômodo. Os jardins cercados de sebes altas ou de muros e com portas fechadas foram visitados, assim como aqueles que não tinha obstáculos nem eram fechados.”

Um cientista afirmou ter seguido uma mesma pista através de um campo até um palheiro. A superfície deste palheiro estava totalmente virgem de qualquer marca mas, do lado oposto, numa direção correspondente exatamente à pista traçada até aquele ponto, as pegadas recomeçavam.

O mesmo fato foi observado de um lado e de outro de um muro. Dois outros habitantes da mesma coluna seguiram uma linha de pegadas durante três horas e meia, passando sob um bosque de groselheiras e de árvores frutíferas em renques; perdendo em seguida o rastro e reencontrando-o sobre o teto de casas nas quais sua busca haviam começado.

O artigo publicado no Illustrated London News, 24 de fevereiro de 1855, página 187, indica igualmente que as pegadas passavam por uma “abertura circular de 30 cm de diâmetro” e em um “dreno de 15cm”. As pegadas pareciam atravessar um estuário de quase 3,5 Km de largura (não existe documentação hoje sobre o rio para confirmar se sua superfície se encontrava congelada ou não).

De nada serve atribuir a mais de um animal estes rastros, porque isto não explica como, qualquer que seja o animal e qualquer que seja seu número, possa “passar pelos muros” ou subir aos tetos como se eles não oferecessem nenhum obstáculo; e, também, ter capacidade de passar por pequenas valas de 30 cm de largura. É igualmente digno de nota que os rastros não pareciam voltar para trás e nem circular aleatoriamente.

2- Muitas pessoas que se interessaram pelo caso, propuseram como solução para o mistério um fenômeno natural da atmosfera sobre as marcas – que seriam rastros não tão fantásticos, que devido ao clima teriam mudado e ficado com aquela aparência, mas como seria possível que a atmosfera afetasse uma marca e não a outra? Na manhã em que elas foram observadas, a neve apresentava pegadas frescas de cães e gatos, coelhos, pássaros e homens, nitidamente definidas. Por que então um rastro ainda mais nitidamente definido – tão nitidamente que a fenda do meio de cada casco podia ser dicernida – por que então este traço em particular seria, somente ele, afetado pela atmosfera e todas as outras marcas deixadas como eram? Ademais, a circunstância mais singular levantada a esse respeito era a de, onde quer que aparecesse essa marca, a neve estava completamente revolta, como se tivesse sido talhada com diamante ou marcada com ferro quente, como se a neve tivesse sido tirada, e não pisada.

Em um caso, esta pista entrou num celeiro coberto onde a atmosfera não podia afetá-la e atravessou saindo por uma brecha na parede oposta. O autor desses registros (no mesmo artigo no Illustrated London News) passou cinco meses de inverno nas florestas do interior do Canadá e tem uma longa experiência em rastros de animais e de pássaros sobre a neve. Ele assegurou que “jamais viu uma pista tão nitidamente definida e nem uma pista que parecesse tão pouco afetada pela atmosfera”.

Estas circunstâncias são desconcertantes; os rastros são feitos por pressão e mostram sinais nítidos de compressão na neve que envolve cada pegada. Mas se elas são feitas por revolvimento da neve, como explicar esse fato?

3- Um outro pormenor, notado por Charles Fort, mas que não foi encontrado em nenhuma outro lugar, é que segundo uma descrição (se bem que feita 35 anos após o acontecimento), as pegadas do condado de Devon alternavam-se por “intervalos enormes, mas regulares, que pareciam ser marcas da ponta de um bastão” (O Livro dos Danados, capítulo 28). O que isso pode significar permanence extremamente problemático.

4- Charles Fort, Rupert T. Gould, Bernard Heuvelmans e Eric Franck Russel mencionaram descrições curiosamente similares provenientes de regiões muito afastadas geograficamente. Segue a lista dos incidentes relatados:

– Escócia, 1839-1840 (London Times, 14 de marco de 1840)

– Ilha Kerguelen, Oceano Índico 1840 (Viagem de descoberta e pesquisa dos mares do Sul e Oceano Antártico, Cap. Sir James Clark Ross)

– Polônia perto de 1855 (Illustrated London News, 17 de março 1855)

– Bélgica, 1945

– Brasil, data anterior a 1954

Os autores se referem a casos que podem ser ou não pertinentes. Um deles diz: “Após o sismo de 15 de julho de 1757, nas praias de Penzance, na Cornualha, numa zona de uma centena de metros quadrados, foram encontrados vestígios semelhantes a de cascos, salvo que estes não eram em crescente” (notar a proximidade do condado de Devon. Os vestígios do Brasil não eram em forma de crescente – esses rastros foram atribuídos à criatura conhecida como pé de garrafa). Uma menção, ainda mais obscura, diz respeito a um extrato dos anais chineses que se relaciona com o caso do condado de Devon: “Da corte de um palácio […] habitants do palácio, levantando-se uma manhã, encontraram o patio marcado com rastros, parecendo pegadas de um boi […] supuseram que o demonio os tivesse feito”. Convém notar que alguns desses depoimentos não falam de neve, mas de rastros encontrados na areia ou na lama.

O Diabo Passeia Novamente

Em 1957 o To Morrow publicou um caso sob o título de “O Diabo passeia novamente?”

O artigo estava assinado por Eric. J. Dingwall, o erudito autor ingles, que foi um dos colaboradores do Dr. Alfred Kinsey, bem conhecido por seus trabalhos antropológicos e suas pesquisas sexopsicológicas. “Entre todas as histórias estranhas que ouvi, escreve o Dr. Dingwall, esta foi uma das mais esquisitas e inexplicáveis.”

A história foi contada por um tal “Sr. Wilson”. Inglês de nascimento, Wilson veio rapazola para a América e prosperous em seus negócios em Nova York. Na quebra da Bolsa, perdeu muito dinheiro. Retornou para a Inglaterra onde se instalou em um vilarejo e montou, em pouco tempo, um bom negócio comercial.

Um dia, numa revista britânica, leu um artigo sobre “os rastros do Diabo”, em 1855, em Devon. Como o nome do Dr. Dingwall foi mencionado no artigo, Wilson escreveu-lhe uma carta. Até então ele estava tão dominado por sua aventura, que havia contado somente a três amigos de confiança.

O Dr. Dingwal visitou Wilson para uma entrevista. Wilson apareceu-lhe como um homem de alta estatura, solidamente constituído, de espírito prático. Não era “evidentemente um sonhador que imaginasse histórias inacreditáveis”.

Conta Wilson que, em outubro de 1950, ele decidira tirar ferias numa pequena cidade da costa oeste de Devon, onde passara a juventude. No ultimo dia de sua permanência, foi ver a antiga casa de sua família e a praia onde havia brincado quando criança. Esta praia era inteiramente orlada de falésias abruptas. Penetra-se nela por uma passagem estreita entre sob dois rochedos, cuja entrada é barrada por uma alta grade de ferro. No verão, as pessoas que vão a esta praia pagam uma taxa para entrar na caverna. Mas naquela tarde triste de outono a grade já estava fechada para o inverno.

A casa da infância do Sr. Wilson estava próxima. Lembrou-se que seria possível chegar até à praia passando pelo jardim, utilizando uma outra passagem. Tomou esse caminho e cedo se encontrava sobre a areia da praia deserta. O mar atingira a parte mais elevada da praia, porem quando ele chegou a mare era vazante, deixando a areia tão lisa como vidro. Foi então que Wilson fez sua apavorante descoberta.

Uma série de pegadas começava no alto da praia, bem abaixo de uma falésia vertical, e atravessava a praia em linha reta até o mar. Estavam extremamente nítidas “como se fossem esculpidas por um objeto cortante”. Espaçadas em cerca de 1,80m, elas pareciam ser os vestigios do casco de um bípede e assemelhando-se muito com o de uma forte pônei não-ferrado. Não eram fendidas e eram mais profundas que as pegadas feitas por Wilson, que pesava 80 quilos.

Um pormenor perturbou especialmente Wilson: a areia não havia sido “escavada”na borda das pegadas – “dir-se-ia que cada pegada havia sido recortada na areia com ferro quente”. Tentou compará-las com as suas, andando ao lado delas, depois tentou saltar de uma marca à outra, mas o passo era maior que o dele, ainda que fosse um homem de alta estatura e longas pernas. Não havia marcas regressando do mar e a estreita praia era limitada em cada extremo por pontas rochosas.

O Dr. Dingwal fez então algumas perguntas que ficaram sem resposta: Qual a criatura possível, terrestre ou marinha, capaz de deixar aquelas marcas? De que tamanho podia ser ela para possuir um passo tão longo? Se fosse animal marinho, por que teria cascos? Se fosse animal terrestre por que teria entrado no mar? Ou teria então asas?

O Sr. Wilson declarou que os rastros eram frescos e que a mare vazante estava justamente além da última pegada da pista. Que teria visto se chegasse um pouco antes? O Dr. Dingwal assinala que semelhantes sinais foram vistos em 1908, nos Estados Unidos, ao longo da costa de Nova Jersey, entre Newark e o cabo May. Elas foram atribuídas ao “Diabo de Jersey”. Ele acrescenta: “Existem ainda descrições de marcas como as do casco de um pônei na neve espessa e, também, as pegadas saltam cercas para depois continuarem do outro lado, mesmo quando as barreiras estavam a apenas polegadas umas das outras”.

O Dr. Dingwall conclui dizendo que quanto mais se fazem perguntas, mais o mistério se torna desconcertante.

Desta vez, um responsável

Em uma noite de Janeiro de 1909 E.P. Weeden acordou abruptamente quando ouviu alguém tentando arrombar a porta de sua casa. Ele fazia parte do concelho da cidade de Trenton, Nova Jersey, EUA. Assustado com o intruso ele correu para o andar de cima de sua casa para olhar o que estava acontecendo. Além do som das investidas contra a porta ele podia ouvir também o som de asas grandes batendo. Ao olhar pela sua janela ele não conseguiu ver o intruso, mas o que viu o apavorou: o que quer que fosse que tentava entrar em sua casa havia deixado um rastro na neve do telhado, e o que quer que a coisa alada fosse ela possuía cascos.

Na mesma noite, “aquilo” deixou pegadas na neve no Arsenal Estadual em Trenton, Nova Jersei. E logo depois John Hartman, na Center Street, conseguiu ver finalmente o responsável pelas pegadas circulando por seu quintal e então desaparecendo na noite. Os residentes de Trenton que viviam perto do rio Delaware foram assustados por sons altos, parecidos com o grito de um gato gigante, e ficaram em casa, com medo de sair para as ruas.

A diferença entre esse caso e os dois relatados anteriormente, é que desta vez a criatura responsável pelas pegadas misteriosas foi avistada, a semelhança é que novamente foram ligadas ao diabo.

O Diabo de Jersey, também conhecido como o Diabo Leeds (Leeds Devil), é uma criatura que muitos acreditam habitar a região de Pine Barrens ao sul de Nova Jersey. A criatura geralmente é descrita como um bípede voador, com cascos, mas além disso as descrições variam, como os seguintes registros mostram:

Russ Muits, Franklinville, NJ.

“Ele andava em suas patas traseiras e estava agaixado. As costas tinham pelo menos 1,20m de altura. Sua cor era cinza escuro, e os pêlos lembravam os de rato. Sua cauda parecia com a de um macaco e tinha pelo menos 60 centímetros de comprimento. Eu não consegui ver sua cabeça.”

Em 1909 surgem alguns avistamentos como o de George Snyder, em Moorestown, NJ. no dia 20 de janeiro.

“Ele tinha 90 centímetros de altura, pelos longos e escuros por todo o corpo, braços e mãos como as de um macaco, sua face lembrava a de um cão e possuia cascos fendidos, e uma causa com 30 centímetros de comprimento.”

E então Lewis Boeger, em Haddon Heights, NJ. no dia 21.

“No geral sua aparência lembra a de uma girafa… possui um pescoço longo, e a inpressão que tive ao vislumbrar a sua cabeça era a de traços horríveis. Ele possui asas de um bom tamanho, e no escuro, obviamente pareciam ser negras. Suas pernas são longas e de certa forma bem definidas e ficavam na mesma posição que as patas de um ganso quando ele voa… ele parecia ter 1,20m de altura.”

Apesar das descrições variarem, vários aspectos se mantém constantes, como o longo pescoço, as asas e os cascos. Muitos dizem que a criatura possui uma cabeça e cauda parecidas com a de um cavalo, sua altura varia de 90 cm a 2,10m, e claro muitos afirmam que a criatura possui olhos vermelhos que brilham e são capazes de paralizar um homem. Além disso ela solta gritos agudos, que parecem gritos de queixa como se algo a machucasse.

 

Origens da Lenda

Existem muitas origens possíveis para a lenda do Diabo de Jersey. As mais antigas vem do folclore nativo americano. As tribos Lenni Lenape sempre se referiram à área que cerca Pine Barrens como “Popuessenig”, que significa o “Lugar do Dragão”, mais tarde exploradores suecos batizaram a região com o nome de Drake Kill, Drake sendo a palavra sueca para dragão, e kill significando canal ou braço de água (rio, córrego, etc.).

Curiosamente, as histórias nativas que existiam foram substituídas por uma que se tornou muito popular entre os americanos ligando o Diabo com uma figura histórica conhecida como Mãe Leeds, e ela segue da seguinte forma:

Dizem que quando Mãe Leeds teve seu décimo segundo filho afirmou que se tivesse mais um seria o próprio diabo. E chega o ano de 1735 e Mãe Leeds entrava em trabalho de parto. Era uma noite chuvosa e ao redor dela estavam amigas ajudando no trabalho de parto. Supostamente, Mãe Leeds era uma bruxa e dizem que o pai da criança era o diabo em pessoa. Dizem que a criança nasceu normal, com a aparência de um bebê comum, mas então sua forma mudou. O recém nascido se transformou em uma criatura com cascos, uma cabeça de cavalo e uma cauda fendida, o monstro então rosnou e gritou; matou a própria mãe na frente de todos e depois correu para a chaminé por onde fugiu voando. Depois de circular a vila três vezes tomou o rumo do Pines. Em 1740 um clérigo exorcizou o diabo por 100 anos e ele não foi visto de novo até 1890.

Alguns historiadores identificam a Mãe Leeds como Deborah Leeds, esposa de Japhet Leeds. Essa identificação ganhou certo crédito graças ao testamento de Japhet, que deixou registrado em 1736, o nome de doze filhos. Temos então o sobrenome Leeds ligado a 12 descendentes, o décimo terceiro, que não constaria no documento seria a criatura.

Identificando o Diabo

Vários céticos acreditam que o demônio de Jersey não passa de uma manifestação da criatividade dos colonos ingleses. O local de Pine Barrens era evitado pela maioria dos colonos por ser desolado e ameaçador. Por ser relativamente isolado, o Barrens era um refugio natural para aqueles que desejavam permanecer escondidos como era o caso de dissidentes religiosos, traidores, fugitivos e desertores militares da época colonial. Um local denominado Barren é um região inóspita e estéril que não produz nada e evitada por todos, tida como desagradável. Tais indivíduos formavam grupos solitários chamados pejorativamente de “pineys”, dos quais muitos se tornaram bandidos notórios conhecidos como ladrões de pine. Os Pineys foram demonizados ainda mais quando dois estudos de eugenia no início do século XX os mostrou como idiotas congênitos e criminosos. É fácil imaginar o surgimento de contos de monstros horríveis surgindo da combinação dos relatos de animais reais como ursos, a atividade dos pineys e o medo do local.

Um caso curioso é o do naturalista Tom Brown Jr, que passou várias estações vivendo nos arredores de Pine Barrens. Ele conta as várias ocasiões quando caminhantes apavorados o confundiam com o Diabo de Jersey, depois de cobrir o corpo de lama para se proteger dos insetos.

Não é de se surpreender que a lenda do Diabo de Jersey continue a crescer a cada dia, alimentada por um sem número de relatos de testemunhas de reputação, que dizem ter encontraod a criatura, que vão da era colonial até os dias de hoje.

Muitas especialistas no Diabo de Jersey acreditam que ele pode se tratar de uma espécie rara e não classificada que instintivamente tem medo de humanos e por isso tenta evitá-los ao máximo. Os elementos que suportariam essa teoria incluem a similaridade geral da aparência da criatura (cabeça de cavalo, pescoço e cauda longos, asas de membrana, cascos fendidos e o grito de gelar o sangue), excetuando-se o tamanho e cor. Outro fator que suporta a teoria criptozoológica é o fato de que uma espécie poderia existir por um longo período de tempo, ao contrário de um indivíduo apenas que dificilmente teria uma espectativa de vida beirando os 500 anos.

Além deles existem aqueles que acreditam que muitas pessoas podem observar algum animal nativo e levadas pelo medo ou pela imaginação acabam confundindo-o com a figura mítica.

Algumas pessoas acreditam que o Grou Canadense é a criatura que serve de base para as histórias do Diabo de Jersey. O pássaro tem uma envergadura de asas que chega a alcançar 2,10m.

As descrições físicas do Diabo de Jersey parecem ser mais consistentes com alguma espécie de pterossauro como o dimorphodon, cujo nome significa ” Dentes de duas formas ” era um pterossauro que viveu durante o período Cretáceo há aproximadamente 105 milhões de anos atrás na Inglaterra, caçando insetos velozmente pelos ares, provavelmente viviam em grupos enormes para se protegerem melhor e obterem melhores êxitos nas caçadas.

Ainda existem aqueles que o associam com o Hypsignathus monstrosus, uma espécie de morcego da família Pteropodidae. Pode ser encontrada na África Ocidental e Central. Conhecidos também como cabeça-de-martelo, esses morcegos habitam florestas próximas de rios, pântanos e territórios semelhantes para habitar. O problema é que apesar de certa semelhança, o morcego apresenta um tamanho reduzido, variando entre 15 e 20 centímetros de envergadura de asa. Os machos, que são os maiores na espécie alcançam a média de 25 centímetros. Apesar de ser o maior morcego nativo da África, ainda é um animal pequeno se comparado com as descrições de um animal que pode ultrapassar 1,20 metros.

Mesmo assim, sendo real ou uma confusão criada pelos afoitos, muitas pessoas registram encontros com a criatura.

Encontros

Aqui vão alguns dos inúmeros registros de encontros com o Diabo de Jersey através da história:

Em 1778, o comodoro Stephen Decatur, um herói naval, visitou o Hanover Iron Works nos Barrens para fazer testes de disparos de canhão, onde ele supostamente avistou uma criatura voando acima no céu acima de onde estava. Usando um dos canhões Decatur supostamente atingiu a asa da criatura, rompendo a membrana, mas ela continuou voando, para a surpresa dos observadores. O problema com este relato é que Decatur nasceu no ano de 1779, e se este incidente de fato ocorreu deve ter sido entre 1816 e 1820, quando Decatur era o Comissário Naval responsável pelos testes dos equipamentos usados na construção dos novos navios de batalha.

Em 1840 o Diabo foi acusado de ser o responsável pela matança de vários animais de rebanhos. Ataques similares foram registrados em 1841, acompanhados de rastros estranhos e gritos sobrenaturais. Em 1859 o Diabo fez uma aparição em Haddonfield. Bridgeton foi testemunha de uma séria de avistamentos durante o inverno de 1873. Mais ou menos em 1887 o Diabo de Jersey foi avistado próximo de uma casa e apavorou uma criança, que chamou o Diabo de “aquilo”; ele também foi avistado nas florestas logo depois deste episódio, e assim como aconteceu no encontro de Decatur, ele foi alvejado na asa direita, mas continuou voando.

Em 1820, o irmão mais velho de Napoleão Bonaparte, Joseph, supostamente avistou a criatura enquanto caçava.

Agora, foi no mês de Janeiro de 1909 que houve o maior número de avistamentos do Diabo jamais registrado. Milhares de pessoas disseram ter sido testemunhas da existência da criatura na semana dos dias 16 ao 23. Jornais do pais todos acompanhavam as histórias e publicavam os relatos:

Sábado, dia 16 – A criatura foi avistada voando sobre Woodbury.

Domingo, dia 17 – Em Bristol, na Pensilvânia, várias pessoas viram a criatura e rastros foram encontrados na neve no dia seguinte.

Segunda-Feira, dia 18 – Burlington amanheceu coberta de rastros estranhos que pareciam desafiar a lógica; alguns foram encontrados em telhados, enquanto outros começavam e terminavam abruptamente, aparentemente sem uma origem ou destino. Pegadas semelhantes foram encontradas em várias outras cidades.

Terça-Feira, dia 19 – Nelson Evans e sua esposa, em Gloucester, disseram ver a criatura do lado de fora de sua janela, as 2:30 da manhã.

O registro do acontecido, dado por Evans é o seguinte: “Aquilo tinha aproximadamente 2,40m, a cabeça parecia a de um cão collie e tinha cara de cavalo. Um pescoço longo, asas com 60 centímetros de comprimento e suas pernas traseiras pareciam com a de um grou e tinha cascos como os de um cavalo. Andava em suas patas traseiras e tinha duas patas menores, como pequenos braços, com patas nas extremidades. Aquilo se movia sem o auxilio das patas dianteiras. Minha esposa e eu estávamos apavorados, eu lhes digo, mas eu consegui abrir a janela e gritei “XÔÔÔÔÔÔ!”, entào aquilo se virou para mim, latiu e voou para longe.

Dois caçadores de Gloucester seguiram os rastros da criatura por mais de trinta quilómetros, as pegadas pareciam pular por cima de cercas e se espremer por vãos de 20cm. Trilhas similares foram encontradas em várias outras cidades.

Quarta-Feira, dia 20 – Em Haddonfield e Collingswoow organizaram grupos para encontrar o Diabo. Eles supostamente viram a criatura voar em direção de Moorestown, onde foi avistada depois por mais duas pessoas.

Quinta-Feira, dia 21 – A criatura atacou um bondinho em Haddon Heights, mas foi afugentada. Bondes em várias outras cidades começaram a contratar o serviço de guardas armados, e vários fazendeiros encontraram suas galinhas mortas. Existe um registro que indica que o Diabo se chocou com um trem elétrico em Clayton, mas não foi morto. Um operador de telégrafo, próximo a Atlantic City disse que atirou no Diabo apenas para vê-lo fugir mancando e se embrenhar na floresta. Aparentemente a criatura não foi posta de ação e continuou sua marcha através da Filadélfia, Pensilvânia e West Collingswood, Nova Jersei (onde supostamente foi atingido por jatos d’água atirados pelo departamento de bombeiros local). O Diabo parecia pronto para atacar qualquer um que se aproximasse, as pessoas se defendiam atirando qualquer objeto que tivessem à mão contra ele. A criatura então subitamente fugiu voando – e foi avistada então em Camden onde feriu um cachorro, arrancando um pedaço da bochecha do animal, que foi salvo pelo dono ao espantá-la. Este foi o primeiro registro de um ataque do Diabo a uma criatura viva.

Sexta-Feira, dia 22 – O último dia dos avistamentos. Muitas cidades estavam em pânico, com muitas lojas e escolas fechadas por medo da criatura.

Durante este período o Zoológico da Filadélfia ofereceu uma recompensa de U$ 1.000.000 de dólares para quem capturasse a criatura. A proposta criou um sem número de fraudes, inclusive um canguru com asas artificiais. A recompensa está disponível até os dias de hoje.

Além desses encontros a criatura foi avistada voando sobre várias outras cidades. Desde a semana do terror em 1909 os avistamentos se tornaram muito menos frequentes.

Em 1951 houve um novo pânico em Gibbstown, Nova Jérsei, depois que alguns garotos afirmaram ter visto um monstro humanóide que gritava.

Uma carcaça bizarra em decomposição que lembrava vagamente as descrições do Diabo de Jérsei foi encontrada em 1957, fazendo muitas pessoas acreditarem que a criatura havia morrido. Entretanto desde aquele ano surgiram novos relatos de encontros e avistamentos.

Em 1960, os comerciantes de Camden ofereceram uma recompensa de U$10.000 dólares pela captura da criatura, chegando a oferecer a criação de uma jaula especial para guardar e exibi-la quando fosse capturada. Esta recompensa permanece até os dias de hoje.

Em 1991 um entregador de pizzas em Edison, Nova Jérsei, descreveu um encontro com uma criatura branca com características equinas.

Em Freehold, no ano de 2007, uma mulher supostamente avistou uma criatura enorme, com asas semelhantes às de um morcego, próxima de sua casa. Em Agosto do mesmo ano um jovem dirigindo para casa, perto da divisa estadual de Mount Laurel e Moorestown, em Nova Jérsei, registrou um encontro semelhante, dizendo que vi uma “criatura semelhante a uma gárgula com asas de morcego parcialmente abertas” enormes, pousada em árvores perto da estrada.

Em 23 de Janeiro de 2008 o Diabo de Jérsei foi visto novamente, desta vez em Litchfield, na Pensilvânia, por um residente local que afirma ter visto a criatura sair voando do telhado de seu celeiro.

No dia 18 de Agosto de 2008 surgiram rumores sobre o avistamento do Diabo na Ebenezer Church Road em Rising Sun, Maryland. Três adolescentes em um carro observaram a criatura passar voando perto do parabrisa e pousando a alguns metros de distância no campo de uma fazenda.

Existem hoje inúmeros sites e revistas como a NJ Devil Hunters  e Weird NJ que catalogam os avistamentos do Diabo.


Freak Show

Existe um termo em inglês nos circos, feiras e shows de beira de estrada usado para designar um item falso, usado pelo mestre de picadeiro para atrair pessoas para a barraca do show de aberrações. O termo é gaff, é um objeto manipulado, um falsificação taxidermista ou um objeto trabalhado para iludir as pessoas.

O Diabo de Jérsei e os gaffs andaram juntos por muito tempo. Um exemplo é o que ocorreu a mais de cem anos atrás na Filadélfia.

Em 1906 Norman Jefferies, gerente de publicidade do C.A. Brandenburg’s Arch Street Museum, na Filadélfia, encontrou um antigo livro que mencionava o filho curioso de Mãe Leeds e teve uma idéia.

Ele era um showman e o público para seus espetáculos estava diminuindo. Jefferies estava procurando a algum tempo por algo que trouxesse a multidão de volta. Infelizmente para ele os jornais da Filadélfia já o conheciam, e sabiam de suas propaganda um tanto exageradas e não iriam cooperar com ele. Então ele plantou a seguinte história em um periódico de uma cidadezinha ao sul de Jersei:

“O “Diabo de Jersei”, que não foi visto por essas partes em quase cem anos, surgiu novamente em suas andanças. A Sra. J. H. Hopkins, esposa de um fazendeiro digno de nosso condado, viu, sem sombra de dúvidas, a criatura, próxima do celeiro no Sábado passado e chegando ao celeiro examinou seus rastros na neve.”

capturado.jpg

A matéria causou uma enorme comoção. Em todos os cantos do estado homens e mulheres começaram a andar olhando por cima dos ombros e passaram a trancar portas e janelas. Embora se mostrassem céticos em relação à nota, os habitantes de Jersei não queriam correr riscos.

E se o monstro fosse de fato real? Um “expert” da Smithsonian Institute não havia afirmado que “possuia uma teoria há muito estimada de que existem ainda, em cavernas escondidas e esconderijos secretos, lá dentro, no interior da terra, sobreviventes daqueles animais pre-históricos dos quais apenas fósseis restaram na superfície…”? O expert tinha certeza que o Diabo se tratava de um piterodáctilo.

Pouco tempo depois o animal foi capturado por um grupo de fazendeiros. Depois de se certificar que todos os jornais tivessem publicado a notícia, Jefferies levou o Diabo consigo para a Filadélfia e o colocou em uma exibição no Arch Street Museum. A multidão, enorme e sem um senso crítico, olhavam maravilhadas a coisa capturada – que de fato era um canguru com asas de bronze presas nas costas e listas verdes pintadas pelo corpo.

Jefferies confessou em 1929 que ele comprou o animal de um negociante em Buffalo, Nova Iorque, e que depois o soltou em uma floresta no sul de Jersei, onde certamente seria apanhado sem dificuldades.

O Woodbury Daily Times também acabou participando da história, publicando no dia 25 de Dezembro que o fazendeiro “William Hyman” matou um animal desconhecido depois que ele invadiu seu galinheiro. “Hyman descreve a fera”, dizia a notícia “como sendo tão grande quanto um Airedale adulto, sua pelagem negra parecia com lã; Pulava como um canguru, com as patas traseiras muito maiores do que as dianteiras e andava ereto, com uma postura corcunda e suas patas traseiras possuiam quatro dedos ligados por uma membrana de pele.

Herman Flegenheimer Jr.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/o-diabo-que-caminha/

Movimentos Messiânicos: Os Messias Judeus

O trabalho de Messias não é nada fácil. Nunca foi. Claro que se formos totalmente honestos sobre o assunto, o currículo requerido de alguém que deseja assumir para si este papel não é lá muito exigente, de acordo com a tradição ele deve cumprir cinco requisitos:

1- Ele deve descender do Rei Davi;
2- Deve se tornar soberano sobre o povo de Israel;
3- Deve conseguir reunir os judeus dos quatro cantos do mundo;
4- Uma vez reunidos, deve restaurar sobre eles a total observância da lei da Torah;

e por último, mas não menos importante:

5-Deve trazer a paz para o mundo!

E com isto em mente surge a questão: por que diabos alguém desejaria se tornar um Messias? Se olharmos o exemplo mais famoso isso significava, de forma resumida, fazer afirmações que deixariam o seu povo puto e desconfiado, então sair vagando e conversando com desconhecidos, e nem todos seriam gentis. Eventualmente teria convencido muita gente que você falava sério, e teria deixado muita gente importante puta com você, isso significa que se fosse muito longe se tornaria uma pedra no sapato de gente poderosa, e se isso acontecesse esses poderosos iriam atrás de você e não apenas para te jogar na cadeia ou te matar. Eles te usariam de exemplo, te desmembrariam ou crucificariam depois de um circo público e então iriam atrás de sua família, filhos e herdeiros. Algo nada agradável como você pode supor.

Então porque alguém desejaria se tornar um Messias?

Antes de mais nada um pouco de história. A palavra Messias tem origem judaica, Messias ou מָשִׁיַח ‎[mâshıyach] deriva de משׁח [mâshach], מָשַׁח [maw-shakh] uma raiz linguística primitiva que significa: esfregar com óleo, ungir, pintar. מָשִׁיַח, Mashíach por extenção significa o ungido, aquele é esfregado com óleos. Para compreender o que realmente isso significa devemos procurar no livro do Êxodo as conversas que “EU SOU O DEUS DE ABRAHÃO” tinha com Moisés. Quando Moisés libertou o povo Judeu da escravidão do Egito, além de finalmente dar sossego para o Faraó e o povo dele, que haviam caído vítimas das brincadeiras do Divino que “endurecia o coração de Faraó” apenas para continuar com o desfile de pragas e finalizando com a morte por afogamento de grande parte do exército dele com o objetivo de se exibir para Seu povo [1], também recebeu de Deus as novas leis e regras que deveriam ser observadas e seguidas. No capítulo 30 do livro Êxodo, nos versículos 23 a 25, encontramos uma receita, passada por Deus diretamente a seu servo de como fazer um “um óleo sagrado para unções, um perfume composto segundo a arte do perfumista; este será o óleo sagrado para unções.” (Ex. 30:25). Este óleo tinha uma função muito especial, era o óleo utilizado para se ungir aquilo que era sagrado, as coisas apontadas por Deus. Este óleo então era utilizado pelos sacerdotes, também apontados por Deus, para consagrar algo, ou seja dedicar, tornar sagrado. Como isto é interessante, vamos repetir: algo que era ungido era algo que havia sido escolhido e apontado pelo próprio Deus. A seriedade disso era tanta que O Próprio afirma que “O homem que compuser um perfume como este, ou que com ele ungir a um estranho, será extirpado do seu povo.” (Ex. 30:30), e por extirpado do seu povo podemos ler: “se tornará seu inimigo” – você iria descobrir o que a expressão “estar no sal” significa.

Ser o Ungido, como vimos, simplesmente queria dizer que a pessoa, no caso um líder Judeu, havia recebido a atenção especial de Deus. Aarão foi ungido (Ex. 29:4-8), Salomão (1 Cr 29:22), etc. Mas ao contrário do que pode parecer o ritual da unção não foi criado pelos judeus, esse costume já era muito antigo no Oriente Médio. Na Babilônia e na Assíria, óleo de gergelim era derramado sobre a cabeça de noivas, de pessoas que realizavam certas negociações comerciais e de escravos que haviam sido liberdados. Havia os pašîšû, que eram sacerdotes ungidos, e mesmo a arca no épico Gilgamesh é ungida antes do dilúvio chegar. Mas aparentemente o costume de ungir reis era títipo dos judeus. Um detalhe interessante, que vale a pena ser notado, é que nunca houve uma distinção clara entre sacerdotes, reis e profetas; lembre-se que na antiguidade não havia pessoas votando no próximo rei, muito pelo contrário: a realeza era ligada à religião. Por isso não é surpresa lermos sobre o rei Davi agindo como sacerdote em 2Samuel 6:12-19 ou prevendo o futuro em 2Samuel 23:1-7. Da mesma forma os sumo-sacerdotes podiam se comportar como reis, o exemplo mais famoso é Melquisedeque, que preparou a ceia para Abrahão e lhe serviu pão e vinho em Gênesis 14:18, e a partir de 152 a.C. quando os sumo-sacerdotes eram a mais alta autoridade, combinando autoridade real e sacerdotal.

Mas isso não responde nossa pergunta do porquê alguém gostaria de vestir essa carapuça e para respondê-la nós temos que olhar para dois fatos reais e inegáveis:

1- Embora grande parte dos textos sagrados comentem sobre reis e profetas que foram Ungidos (receberam a atenção do Divino), haviam passagens que falavam de um governante diferente, idealizado, com uma missão maior do que todos os outros goverantes. Por exemplo o Salmo 2:2-9:

“Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra seu Ungido, dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós suas algemas. Ri-se aquele que habita os céus; o Senhor zomba deles. Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os confundirá. Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Proclamei o decreto do Senhor: Ele me disse ‘Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão. Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de oleiro’”

Outras passagens também se referem a um ungido idealizado que destruiria os inimigos de Israel em nome da justiça e em várias passagens, como no Salmo 2, ele é chamado de “filho de Deus”, apesar de textos deste tipo não serem raros naquela região (os faraós egípcios afirmavam descender do Deus Ra e se gabavam de ser capazes de destruir qualquer inimigo com a ajuda dos deuses; os persas possuem a história de como Darius I foi escolhido pelo deus Ahuramazda para destronar o usurpador Gaumâta em 522 a.C).

2- O mundo chegava cada vez mais perto de seu fim. Deus havia criado tudo, e tudo terminaria. A contagem começara com Adão e Eva, e a idéia é que acabaria 6000 anos depois disso. E no século VI a.C. quando o mundo tinha já aproximadamente 4.400 anos, começam as especulações de que o governante especial, aquele que seria conhecido como filho de Deus deveria estar chegando.

E como chegaram a estas conclusões? Simples!

De acordo com o que se acreditava nos séculos I a.C. e I d.C o mundo havia chegado à idade de 5000 anos. O judaismo sempre acreditou que a Tanak era muito mais do um livro resgistrando a história dos judeus e as crenças de seus antepassados, eles “sabiam” que aqueles livros eram o registro feito por Deus sobre a sua criação (o universo, os anjos, o mundo e tudo o que existe nele, incluindo a raça humana) e a Sua relação com o povo escolhido (os próprios judeus). Os livros não apenas são um registro, mas está permeado de informações e “dicas” escondidas no próprio texto, por isso desenvolveram métodos de extrair as informações que não estavam explicitas, com técnicas de gematria, Notaricon e Temurá era possível ao estudar o texto sagrado, palavra por palavra, encontrar relações, significados ocultos e indicações da vontade do Criador. Era como viver em um prédio e estudando a composição de suas paredes, as fiações e encanamentos conseguir recriar a planta usada para construí-lo e com isso não apenas compreender sua estrutura mas prever seu comportamento e descobrir o destino que lhe aguardava, por exemplo ao descobrir que ele era feito de concreto e gesso avaliar sua vida útil, saber que se os encanamentos fossem de metal prever quando eles deveriam ser substituídos e desta forma quando as águas que saíssem das tornerias se tornassem turvas deveriam chamar um encanador para trocar os canos por novos.

Assim, Gematria é uma metatesis da palavra grega Grammateia. É baseada no relativo valor numérico das palavras. As palavras de valores numéricos similares supostamente são interpretadas mutuamente, e esta teoria se estende às orações e frases completas. Notaricon é uma palavra derivada do latim que significa Notario. Do Notaricon derivam duas formas. Na primeira, cada letra de uma palavra é tomada como abreviação de outra palavra, assim, com as letras de uma palavra é construída uma frase, A segunda forma do Notaricon é exatamente o contrário da primeira. Qualquer das letras que formam uma frase podem dar origem a uma palavra ou a outra frase. E a Temurá é a permutação. De acordo com certas regras uma letra pode ser substituída por outra que a anteceda ou que a preceda no alfabeto, e desta maneira dar forma a uma nova palavra.

Um exemplo de exercício para isso é o seguinte: pode-se destacar que as três primeiras letras das primeira palavra da Bíblia, BRAShITH – no princípio -, ou seja, BRA, são as iniciais dos nomes que constituem a Trindade: BN, Ben, o Filho; RVCh, Ruach, o Espírito e AB, Ab, o Pai. Mas ainda, a primeira letra do Antigo Testamento é B, inicial de BRKH, Berakhah, bendição, e não A, que é a inicial de ARR, Arar, condena. O valor numérico da palavra Berashith, em sua máxima expressão, nos indica os anos de medida entre a Criação e o Nascimento de Cristo: B=2000, R=200, A=1000, Sh=300, I=10, Th=400, total=3910 anos em números redondos. Picus de Mirandola fez o seguinte trabalho com Berashith: unindo a terceira letra A, com a primeira B, obteve AB, Ab, o Pai. A primeira letra repetida B, mais a segunda R, dão BBR, Bebar, Através do Filho. Tomando-se todas as letras, tirando a primeira, temos RAShITH, Rashith, o Princípio. Conectando a lera Sh com a primeira B e a última Th, temos ShBTh, Shebeth, o Fim ou o Resto.

Com as três primeiras obtemos BRA, Bera, Criado. Omitindo a primeira e pegando as três seguintes temos RASh, Rash, Cabeça. Se omitimos as duas primeiras e tomamos apenas as duas seguintes temos Ash, Ash, Fogo. Tomando a quarta e a última temos ShTh, Sheth, fundação. Pegando a segunda e colocando-a anteposta a primeira temos RB, Rab, Grande. Colocando antes da terceira colocamos a quinta e a quarta, temos AISh, Aish, Homem. Juntando as duas primeiras com as duas últimas temos ThB, Theb, que comumente é utilizada como TVB, Thob, Bom. [2]

Desta forma ao analisar o livro da Gênesis utilizando estas ferramentas, ficou claro para os estudiosos que se Deus havia criado o mundo em 6 dias, consagrando o último a Si Mesmo, então o mundo duraria 6.000 anos, um período equivalente a 1000 anos para cada dia que levou para ser criado. Isso lhes deixava com apenas mais mil anos de existência. Além disso a crença era de que surgiria um Messias que reinaria por mil anos antes que o mundo acabasse. A matemática era simples, o Messias deveria estar batendo à porta a qualquer instante.

Mas de onde surgiu essa crença? Como vimos, existem algumas menções a um salvador nos textos bíblicos, era tudo uma questão de saber quando ele surgiria.

Uma das tentativas mais intrigantes de datar a vinda exata do prometido pode ser encontrada no Primeiro Livro de Enoque, um texto complexo, organizado em cinco livros que foi composto entre o terceiro século a.C. de  a primeira metade do primeiro século d.C. A primeira parte, conhecida como O Livro das Sentinelas (os anjos que observam), foi escrita no século III a.C. e relata uma descrição da visão que o Patriarca Enoque teve dos céus. No capítulo 10 o autor escreve:

“Quando todos [os anjos caídos e] seus filhos se tiverem matado uns aos outros, e quando eles virem a destruição de seus queridos, aprisiona-os por setenta gerações, sob os montes da terra, até o dia de seu julgamento e de seu fim, até que o julgamento, que é por toda a eternidade, seja consumado.” [1 Enoque 10.12]

Isto implica que existiriam setenta gerações desde Enoque até o Dia do Julgamento (ou setenta e sete gerações desde a criação, já que Enoque é um membro da sexta geração desde Adão). O Primeiro Livro de Enoque era bem conhecido dos judeus, chegando a ser aludido na Epístola de Judas 14: “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos;”

Acredita-se hoje que o texto que serviu de modelo para esta passagem foi o texto de Daniel 9:24-27, que menciona a vinda do Messias, do príncipe (nasi), sete “semanas” (de sete anos cada) após a ordem de Deus de restaurar Jerusalém. De acordo com Jeremias 30:18, esta ordem foi dada em 586 a.C. e como consequência disso podemos identificar o Messias com Ciro, o rei da Pérsia.

“24 Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. 27 E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.” Daniel 9:24-27

O restante da profecia permanece ainda mais difícil de ser interpretada, mas vários estudiosos chegaram a identificar o segundo Messias com Onias, um sumo sacerdote que foi morto em 171 a.C., isso nos mostra um aspecto constante em uma caça de Messias, textos proféticos confusos sendo combinado com fatos históricos, mas de uma forma que contorne alguns “detalhes”, já que se Onias fosse o segundo Messias a destruição do segundo santuário teria que ser associada com a perseguição liderada por Antíoco IV Epifânio, que de fato durou “meia semana” (três anos e meio), mas que tem que ignorar o fato de que entre o retorno do exílio babilônico e a morte de Onias não se passaram “sessenta e duas semanas”.

Então a reposta para a pergunta: “por que diabos alguém desejaria se tornar um Messias?” se torna simples, criou-se a espectativa de um salvador, um enviado. A cada dia que passavam todos se encontravam a um dia mais próximos do fim e por isso a um dia mais próximos da chegada do salvador. E essa espera começou a gerar uma enorme expectativa, e isso começou a pirar muita gente. Era um cargo aberto esperando que algúem o reclamasse, o Messianismo se tornou então, para várias pessoas uma questão de oportunidade, “por que não eu?”. Logo, por que alguém desejaria se tornar um Messias? Simples, porque com alguma ginástica matemática e genealógica qualquer um poderia ser um messias, a resposta se torna: “porque eu posso!”

O povo Judeu sempre teve aqueles que o reunia e o libertava e que restauravam a todos a observância da Torah. Podemos inclusive resumir, sem nenhuma pretensão ou falta de respeito, o Antigo Testamento da seguinte forma: o povo está espalhado. Surge um Patriarca que os une, tem filhos e estabelece a observação das leis, ele é seguido e consegue terras e prosperidade pra seu povo. O tempo passa e o povo se torna desregrado e adota novos deuses, vem a miséria e a servidão. Surge um novo líder que os reúne, lhes mostra que devem seguir ao Senhor, restaura a observância da Lei, todos prosperam e ganham uma terra. O tempo passa, eles deixam os costumes e práticas religiosas de lado e ai se tornam escravos de alguém assumindo as crenças dos captores que os maltratam de forma abusiva; o povo se lamenta, surge um novo líder que o reúne, lhe restitui a observação, o liberta, e uma vez que todos voltam às práticas antigas são guiados para uma nova terra onde prosperam. Esse “loop” é a constante que move os judeus do Antigo Testamento. Mas o tempo está passando e o povo está inquieto. Desde o nascimento de Abrahão os judeus foram cativos no Egito, foram levados para a Babilônia, caíram sob o domínio dos Persas, dos macedônios, dos ptolomeus, dos selêucidas. Conforme os ponteiros do Grande Relógio se aproximam do momento do Grande Fim, o povo clama por sossego, por poder voltar para a terra santa e viver em paz até o fim dos dias, afinal eles são os escolhidos, ou não?

E assim torna-se claro como passagens sobre alguém que seria filho de Deus, seria enviado por Ele para liberar a todos e conquistar os inimigos começam a se tornar populares.

Um reflexo disso fica claro quando nos atentamos para o uso do termo “ungido” aplicado a várias pessoas como os Reis de Israel, os Juízes e mesmo o Sumo Sacerdote, até os patriarcas eram considerados “ungidos” – mesmo antes de Moisés receber a receita o Óleo Sagrado e o ritual de unção. Este termo era bem próximo do termo Messias, mas não era exatamente a mesma coisa. Apesar de “ungido” surgir várias vezes e ser atribuído a várias pessoas (inclusive àlgumas que viveram antes do ritual de unção) o termo específico “Messias” aparece apenas duas vezes no Antigo Testamento, no livro de Daniel, capítulo 9 versículos 25 e 26:

“25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 E depois das sessenta e duas semanas será abatido o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.”

Diferente do que muitos possam imaginar o conceito do Messias não faz parte do judaísmo bíblico e se desenvolveu como um folclore informal que possui muitas variantes e pode ser compreendido de diferentes formas. O Messias é personagem de inúmeros contos folclóricos e músicas hassídicas (Hassídico ou Chassídico é um dos movimentos dentro do Judaísmo que existiu praticamente desde sempre na história judaica). Um dos conceitos do Messias pode ser encontrado nos comentários de Maimonides, como era conhecido o Rabi Moshe ben Maimon, escritos no século XII sobre o Talmude Babilônico:

“A era Messiânica será quando os judeus ganharem novamente sua independência e todos retornarem à terra de Israel. O Messias será um grande rei, ele alcançará grande fama e sua reputação entre as nações gentis será ainda maior do que a do Rei Salomão. Sua bondade, sobriedade e as maravilhas que realizará farão com que todas as pessoas estabeleçam a paz com ele, e todas as terras o servirão… Entretanto nada mudará na era Messiânica, a não ser os judeus que ganharão novamente sua independência. Ricos e pobres, fortes e fracos ainda existirão. Entretanto será muito fácil para as pessoas ganharem a vida e com muito pouco esforço serão capazes de realizar muito… será um tempo quando o número de homens sábios crescerá… não haverá mais guerras e as nações não erguerão mais suas espadas umas contra as outras… A era Messiânica será marcada por uma comunidade formada pelos corretos e dominada pela bondade e sabedoria. Ela será governada pelo Messias, um rei correto e honesto, que se sobressairá através de sua sabedoria e será muito próximo a Deus. Não pense que o mundo ou as leis da natureza mudarão, isto não é verdade. O mundo continuará como é. O profeta Isaias predisse: “o lobo viverá com a ovelha, o leopardo se acomodará aos pés das crianças”. Isto, é claro, não passa de uma alegoria que mostra que os judeus viverão em segurança, mesmo convivendo com nações que outrora foram cruéis. Todas as nações se voltarão para a religião verdadeira (o monoteísmo, mas não necessariamente o judaísmo) e não mais roubarão ou oprimirão. Note que todas as profecias a respeito do Messias são alegóricas – Apenas na era Messiânica nós compreenderemos o significado de cada alegoria e o que virá nos ensinar. Nossos sábios e profetas não esperam pela era Messiânica para reinar sobre o mundo ou dominar os gentis… a única coisa que desejavam era que os judeus fossem livres para se envolver com a Torah e a sabedoria que ela traz.”

É claro que esse não é o consenso geral dentro do judaísmo, um século mais tarde, Maimonides foi contestado por Nachmanides, que rejeitava o nacionalismo do primeiro e afirmava que Isaias estava sendo literal: que quando chegasse a Era Messiânica até mesmo os animais selvagens se tornariam criaturas domésticas de temperamento doce. Outro Judeu, nosso contemporâneo, Woody Allen, complementou essa visão dizendo que: “as ovelhas e os lobos viverão juntos, mas as ovelhas não conseguirão pregar os olhos à noite.”

Agora, nos tempos bíblicos a idéia da restauração de Israel e o fim dos problemas por que passavam ganhava muitos adeptos sempre que a situação ficava preta, e se lembrarmos o nosso resumo do Antigo Testamento podemos ver que o povo hebreu poderia ser comparado a um cardume que sempre nadou dentro de um balde de piche. Quando se tornaram cativos da Babilônia (séc VI a.C.), dos Romanos (séc II a.C.), quando houve o reinado de Hadrianus (séc. I e II), durante a conquista árabe (séc. VII d.C.) e durante mais ou menos toda a Idade Média (séc V ao XV), para citar alguns momentos. E com um agravante, conforme o prazo de validade estipulado para as velhas profecias vencia, surgiam novas idéias para explicar porque o Salvador não havia surgido ainda e para adaptar a influência do Messias e suas características aos novos tempos. Lembre-se que já no século VI a.C. o Filho de Deus era esperado, um erro de alguns séculos poderia ser esperado, afinal não haviam indicações precisas de quando ele viria, mas conforme os séculos passavam a aflição pela espera e a grandiosidade dos seus atos cresciam. Muitos começaram a crer que com o seu surgimento os mortos ressuscitariam, que ele marcaria o início dos Fins dos Tempos e tudo resultaria na supremacia do judaísmo. Com o tempo surgem diferentes categorias de Messias, como o Messias Efraínico, descendente de Efraim que surgiria antes do Messias Davídico, descendente de Davi, para anunciar sua chegada.

Desta forma, criou-se visão sobre-humana daquele que assumiria o papel de Messias no Judaísmo dando-lhe características quase divinas. Lhe atribuíram milagres e maravilhas, a capacidade de converter todos a uma única religião, a criação de paz mundial – esses feitos, ironicamente, posteriormente foram associados ao Anti-Cristo no texto canônico da Revelação de São João, conhecida também como o Apocalipse.

Isso fez com que muitos judeus se tornassem cautelosos em relação ao advento Messiânico e mesmo céticos e cínicos em relação àqueles que o anunciam. O sábio Rabban Yochanan ben Zakkai chegou a dizer no primeiro século: “Se por acaso você estiver com uma muda de planta em sua mão e lhe disserem que o Messias chegou, primeiro plante a muda e então vá para as ruas e saúde o Messias”. Uma velha história judaica também fala de um Judeu russo que recebia um rublo por mês do conselho municipal para aguardar do lado de fora da cidade para que fosse a primeira pessoa a saudar o Messias quando este chegasse. Quando um amigo lhe perguntou por que fazia aquilo já que “o salário era tão baixo” o homem respondeu: “é verdade, mas o trabalho é permanente”.

E com isso chegamos a um grande problema, na verdade um impasse: mesmo com a ironia, as anedotas e o ceticismo, a crença no Messias e na era Messiânica está entranhada no judaísmo. Como então reagir diante destas crenças? O Messias de fato virá? Como reconhecê-lo? Como agir?

A resposta mais simples é: todos os atos atribuídos ao Messias podem apenas ser julgados depois de realizados, não podemos afirmar hoje, diante da presença de alguém que tenha esse status, que ele trará a paz e reunirá o povo de Israel, é apenas com o tempo que veremos se essas coisas de fato aconteceram graças a ele e ai sim afirmar que o papel foi cumprido. No momento presente as pessoas tem apenas a própria crença, ou seja isso se torna uma questão de fé. E é essa crença pessoal, esta fé,  que pode levar uma pessoa a acreditar que alguém, em determinado momento é o Messias fazendo-a seguir essa pessoa, mas não pode servir como afirmação de que aquela pessoa de fato é o prometido. É como dizer que o Messias, por exemplo, será seguido por multidões, mas nem todo aquele que de fato conseguir se seguido por multidões será o Messias, a reação do povo e as ações que ele realizar podem ser um termômetro, mas nunca uma prova final de sua natureza.

O maior exemplo disso tiramos da própria história, nos últimos quatro mil anos o nome “Israel” foi usado para designar não apenas a Terra de Israel como toda a nação judaica. O artefato arqueológico mais antigo a mencionar Israel não como um simples nome vem de uma estela egípcia documentando campanhas militares em Canaã, datada do XIII século a.C. onde se refere a um povo, às pessoas que habitavam aquela terra. A Terra de Israel, Eretz Yisrael, é um local sagrado para os judeus desde a época bíblica, já que foi prometida aos três patriarcas por Deus, para se tornar seu lar. Durante o período dos reinados israelitas e o século das conquistas muçulmanas, séc VII d.C., a Terra de Israel foi conquistada e dominada pelos Assírios, Babilônios, Persas, Gregos, Romanos, Sassânios e Bizantinos. A presença judaica na região diminuiu drasticamente após o fracasso da revolta de Bar Kokhba contra o império romano em 132 d.C. e do massacre conduzido pelo imperador Heraclitus em 628 e 629. Depois de perder a terra para os Muçulmanos em 636 d.C. o domínio da região mudou de mão em mão entre os Omíadas, os Abássidas, os cruzados, os Cosméricos e os Mongóis por mais de seis séculos, até cair nas mãos do sultanato Mameluco em 1260. Em 1516 a Terra de Israel se torna parte do império Otomano que dominou a região até o século XX.

Durante todo este tempo os judeus da diáspora desejavam retornar ao Sião e à Terra Prometida, mas a primeira grande onda de imigração, conhecida como a primeira Aliyah só teve início em 1881. Três anos depois, em 1884 o governo Turco-Otomano emite o documento que ficou conhecido como Édito de Tolerância, permitindo que os judeus retornassem à Terra Santa. A segunda Aliyah ocorreu entre 1904 e 1914 quando mais de 40.000 judeus ocuparam a Palestina e entre 1919 e 1929 ocorreram a terceira e quarta Aliyah, levando mais de 100.000 imigrantes para a região; esta época coincide com o mandato concedido sobre a região da Palestina pela Liga das Nações à Inglaterra, a partir de 1921 a Inglaterra cria cotas de imigração para os judeus. Em 1930 o surgimento do Nazismo acabou criando a quinta Aliyah e um influxo de mais de 250.000 judeus para a Terra Prometida, o que causou a revolta árabe de 1936 a 1939 e fez com que a Inglaterra proibisse as imigrações. Como países ao redor do mundo começaram a não aceitar e a denunciar fugitivos do holocausto teve início um movimento conhecido como Aliyah Bet para levar clandestinamente judeus para a Palestina, com o fim da Segunda Guerra os judeus formavam mais de 33% da população da Palestina. Nesta mesma época o Reino Unido entrou em um conflito violento com os judeus, e chegou à conclusão, em 1947, de que era incapaz de criar uma solução aceitável tanto para os árabes quanto para os judeus, foi então que a recém criada Nações Unidas estabelece em novembro de 1947 a divisão do país em dois estados um para cada povo que habitava a região. A comunidade judaica aceitou a idéia, mas os árabes não. Dois dias após a criação dos estados, os árabes começam a realizar ataques a alvos judeus, e assim teve início uma guerra civil na região. Na década de 1950 começam os conflitos na Faixa de Gaza e a batalha pela conquista do Canal de Suez. Em 1967 o Egito, a Síria e a Jordânia enviaram tropas para fechar todas as fronteiras Israelitas. No período de 1969 a 1970 Israel esteve em guerra contra o Egito. Seguindo esses eventos podemos destacar ainda o ataque Egípcio/Sírio no Yom Kippur em 1973. Em 1981 e 1982 Israel interveio na guerra civil Libanesa. Em 1987 surge a primeira Intifada, um levante Palestino contra Israel; com a guerra do golfo em 1991 muitos Palestinos apoiaram Saddam Hussein e o Iraque fez vários ataques com mísseis a Israel. Em 2006 um grupo de artilharia do Hezbollah realizou ataques contra israelitas.

… e durante toda esta bagunça surgiram várias pessoas que se proclamaram ou foram proclamados Ungidas, as Escolhidas por Deus e que chegaram a atrair multidões.

Com isso podemos ver que mesmo que muitos dos Messias que surgiram tenham afirmado descender do Rei David, embora muitos tenham sido reconhecidos como líderes do povo de Israel, ao menos por parcelas dele, e ainda tenham conseguido, em certos momentos, causar uma imigração de judeus para se reunirem e tenham também afirmado a importância da total observância da lei da Torah, até hoje não temos um que tenha conseguido trazer a paz ao mundo, seja ela uma paz mundial ou simplesmente um sossego para o Povo Escolhido, nem mesmo um consenso entre os vários ramos surgidos dentro do judaísmo, e assim a própria história mostra que nenhum dos Messias conseguiu levar o cargo até o fim, cumprindo os 5 requisitos.

É por esta dificuldade, a de apenas observar e julgar um ato depois dele ter acontecido, aliada à ansiedade que o povo judeu teve por vezes acreditando que o Messias estava a um passo de suas portas, que encontramos inúmeros Messias na história, pessoas que, por um motivo ou por outro, ganhavam a simpatia e confiança de inúmeros seguidores que acreditavam nele e tinham esperanças de estar diante daquele que surgiu para cumprir as profecias, lendas e contos folclóricos.

Como vimos, durante o séc. VI a.C. os judeus exilados na babilônia criaram expectativas sobre um Ungido que os libertariam e os lideraria de volta para seu lar, inúmeras profecias se realizaram quando o rei Persa Ciro o Grande permitiu que eles retornassem a sua terra de origem. No séc. II a.C. os judeus novamente sofreram repressão e as antigas profecias se tornaram relevantes novamente. Algumas pessoas esperavam por um líder militar que derrotaria os inimigos romanos e criaria o reino judaico, outros, como os autores dos Salmos de Salomão, diziam que o Messias seria um professor carismático que ensinaria a todos a interpretação correta da Lei Mosaica, restauraria Israel e julgaria a humanidade.

Graças aos pergaminhos e textos encontrados nas cavernas de Qumran, conhecidos como os manuscritos do Mar Morto, chegou até nós uma cultura messiânica muito rica, nos mostrando inúmeras teorias sobre quem seria o Messias vindouro. No Manuscrito da Guerra o Messias é um profeta e não toma parte na guerra entre “os filhos da luz” contra “os filhos das trevas”, ele seria identificado como “o príndipe da comunidade”. Em outros textos o Messias surge como um senhor da guerra. Isto por si já deixa claro que haviam muita confusão quanto a natureza do Messias esperado.

Ainda existem vários textos atribuídos hoje aos membros da seita de Qumran como, por exemplo, o Documento de Damasco e a Regra Messiânica. Os textos da seita são interessantes porque nos mostram que seus membros não esperavam a vinda de um Messias, mas de dois. Isto pode ser o reflexo de um povo tentando compreender todas as divergências sobre a figura que viria libertá-los.

A origem desta idéia é possivelmente o texto deixado em Zacarias 6:12-13:

“12 E fala-lhe, dizendo: Assim fala e diz o SENHOR dos Exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar e edificará o templo do SENHOR. 13 Mesmo edificará o templo do SENHOR, e levará a glória, e assentar-se-á, e dominará no seu trono, e será sacerdote no seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos.”

Apesar deste texto se referir ao príncipe Zerubbabel e ao alto-sacerdote Joshua ele poderia ser compreendido como uma profecia Messiânica no início do período Hasmoneu, como vemos nas passagens do texto Testamentos dos doze patriarcas:

“Minhas crianças, sejam obedientes a Levi e a Judá. Não se exaltem acima destas duas tribos, pois dentra elas surgirá o Salvador enviado por Deus. Pois o Senhor irá erguer de Levi um sumo sacerdote e de Judá um rei. Ele salvará todos os gentis e a tribo de Israel.” (Testamento de Simeão 7:1-2)

“A mim [Judá] Deus entregou um reinado, e para ele [Levi] um sacerdócio. E ele sujeitou o reinado ao sacerdócio. A mim Ele entregou os assuntos terrenos e para Levi os assuntos celestiais. Assim como o céu está acima da terra, o sacerdócio de Deus está acima do reino da terra. (Testamento de Judá 21:2-4a)

Apesar da palavra “Messias” não ser usada, os membros da seita esperavam por um Messias de Israel e um Messias de Davi, que cumprissem a descendência real e sacerdotal de Judá e Levi.

O primeiro texto ao qual daremos atenção é o documento de Damasco, que como acontece com a maioria dos achados de Qumran, é uma combinação de textos. A primeira parte é uma história teológica que prova que a seita, identificada por muitos como os Essênios, é o povo verdadeiro de Israel e que Deus recompensará o fiel; então segue um trecho de lei com uma código penal adicionado como apêndice. A primeira parte não menciona o Messias, mas pode ser interpretada como um texto de tradição Messiânica, já que faz alusão à profecia de Balaão:

“E a estrela é aquele que busca a lei, que veio para Damasco; como está escrito A estrela partiu de sua jornada de Jacó e um cetro de ergue de Israel. O cetro é o Príncipe de toda a congregação, e com sua chegada ele porá por terra todos os filhos de Set.” (Documento de Damasco 7:18-21)

E assim temos a crença em dois Messias vindouros, um o líder militar o outro um sábio, se nos atentarmos ao termo “aquele que busca a lei” encontramos similaridades com o Mestre da Retidão (título dado ao fundador da seita de Qumran), o fato deste título ser usado para apontar o Messias indica a crença da seita de que seu fundador retornaria um dia.

Na primeira citação a palavra “Messias” não é utilizada, mas o documento de Damasco às vezes se mostra mais explícito:

“[…] e durante o período de trevas até o surgimento do Messias de Aarão e Israel […]”(Documento de Damasco 12:23-13:1)

“Este é a afirmação exata das ordenanças que serão seguidas por eles até o Messias de Aarão e Israel apareça e expie sua iniquidade.” (Documento de Damasco 14:18-19)

“Aqueles que atentarem a Ele serão os humildes do rebanho; eles serão salvos no tempo de Sua visitação. Mas os outros serão entregues à espada quando vier o Messias de Aarão e Israel.” (Documento de Damasco 19:33-20.1)

E em pelo menos um texto encontramos um terceiro personagem na Era Messiânica: o profeta. Ele é mencionado no Manual de disciplina. Este texto é curioso por usar o termo plural “os Messias de Aarão e Israel” ao invés de “o Messias de Aarão e Israel” como no Documento de Damasco, com isso temos a crença em pelo menos dois e talvez três Messias:

“E eles não partirão de nenhum concelho da lei para caminhar com teimosia em seus corações, mas serão governados pelas primeiras ordenanças nas quais os membros da comunidade iniciaram suas instruções, até a vinda do profeta e dos ungidos de Aarão e Israel.” (Manual de disciplina 9:9b-11)

Assim como o Messias rei de Israel e o Messias sacerdote de Aarão, o profeta é um personagem Messiânico e não é difícil imaginar que a biblioteca de Qumran possuísse textos de cunho messiânico que defendessem a vinda de três Messias. Afinal de contas reis, sacerdotes e profetas eram os únicos que podiam ser ungidos.

Mas o texto mais interessante de todos pode ser encontrado na Regra Messiânica, também chamada de Regra da congregação. Ele descreve a arrumação da mesa durante uma refeição messiânica sagrada. Uma das particularidades do texto é a hierarquia entre os dois Messias. Esta é a posição dos homens de renome chamados para a assembléia do conselho da comunidade quando Deus lhes enviar o Messias.

“O Sacerdote entra liderando toda a congregação de Israel, então entram todos os líderes dos filhos de Aarão, os sacerdotes, chamados para a assembleia e homens de renome. E eles deverão se sentar diante dele, cada um de acordo com sua posição.”

“Então o Messias de Israel deve entrar, os chefes das tribos de Israel devem se sentar diante dele, cada um de acordo com sua posição nos campos e durante suas marchas, e então todos os líderes das famílias da congregação, juntamente com os sábios, devem se sentar diante deles, todos de acordo com sua posição.”

“E eles devem se reunir na mesa comunal ou para beber o vinho e preparar a mesa e misturar o vinho para o consumo, que ninguém toque o pão ou o vinho antes do Sacerdote. pois é ele que deve abençoar o pão e o vinho. E então o Messias de Israel deve tocar o pão. E então toda a congregação deve abençoar cada um de acordo com sua posição.” (1Q28a 2.11-21)

Vale ressaltar que a idéia de múltiplos Messias não desapareceu com a seita (que teve seu fim durante a guerra entre os judeus e os Romanos entre 66 e 70).

Flávio Joséfo, o historiador e apologista judaico-romano que registrou in loco a destruição de Jerusalém, em 70 d.C., relata em seu Antiguidades Judaicas que no primeiro século antes da destruição do Templo, alguns Messias surgiram, prometendo o alívio da opressão romana e tendo encontrado seguidores:

“Outro corpo de homens malvados também se levantou, mais limpos nas suas mãos, mas mais malvados nas suas intenções, que destruíram a paz da cidade, não menos do que o fizeram estes assassinos os Sicarii. Porque eles eram impostores e enganadores do povo, e, sob a pretensa iluminação divina, eram pela inovação e por mudanças, e conseguiram convencer a multidão a agir como loucos, e caminharam em frente deles pelo descampado, afirmando que Deus lhes iria ali mostrar sinais de liberdade”.

Vamos ver então quem foram esses outros Messias que durante a história do Judaísmo tentaram vestir as sandálias do Salvador.

Judas o Galileu

Um deles foi Judas, o Galileu. Surgiu nos dias do recenseamento, pregando contra a dominação de Roma, criticando a subserviência dos governantes ao Império Romano e incitando o povo a se rebelar, se recusando a pagar tributos, dizendo que a carga tributária cobrada pelo Império era o mesmo que a escravidão, ele conquistou milhares de seguidores. Percorria os vilarejos da Galiléia denunciando as arbitrariedades (e atrocidades) praticadas pelo exército romano contra homens, mulheres e crianças, pressionando todos a lutar pela liberdade política, econômica e administrativa.

Sobre ele Josefo escreve: “[tratava-se de um revolucionário], pois, censurava a população por esta pagar impostos aos romanos e a incitava ao levante, à luta armada”.

Citado pelo rabino Gamaliel I, neto do grande educador judeu Hillel, o Ancião, líder dentre as autoridades do Sinédrio no meio do século I, reconhecido mestre e Doutor da Lei, em um discurso enquanto defendia Pedro, o Pescador e Paulo de Tarso disse: “(…) levantou-se Judas, o Galileu, [contra o Império Romano] nos dias do alistamento, e levou muito povo após si”.

Judas e um fariseu chamado Saduc lideraram várias ações contra o Império, inclusive executando os publicanos, judeus contratados por Roma para cobrar os impostos, que eram chamados de infiéis e traidores. Criaram um grupo que ficou conhecido como Zelotes (significa literalmente alguém que é ciumento em nome de Deus, ou seja, alguém que demonstra excesso de zelo) e os Sicários (por causa de um punhal, chamado “sica”, que usavam), e realizaram inúmeros ataques de sucesso, que só fizeram aumentar a simpatia popular com a sua causa. Foram talvez os pioneiros em táticas de terrorismo e guerrilha na Palestina.

Um dos recursos do qual faziam uso como forma de intimidação era o graffiti. Em vários lugares, em especial nas muralhas e nos arcos das pontes sobre o Tiropeon, grafitavam frases provocadoras contra os romanos. A mais comum delas era “Poncio cattivo” (Pôncio o mau), parodiando o insulto que os habitantes de Cápri dirigiam ao maligno imperador então reinante: Tibério. Outras frases comuns eram “Pôncio, o escravo de Segano”; “Soldado, tua vida vale dez asses?” se referindo ao salário diário de um legionário, fixada por Júlio César de 225 denários anuais ou o equivalente a dez asses por dia.

Ná no séc. V d.C. os Zelotes assumiam o porte de um exército de guerrilheiros contando inclusive com uma facção encarregada de execuções de autoridades romanas e judeus ricos simpatizantes dos romanos. Mas a revolução mudou quando pessoas comuns, comerciantes donas de casas e até crianças se tornaram vítimas desses assassinos tendo inicio assim uma época de medo e terror nas ruas da Palestina, especialmente na região leste.

Os romanos por fim conseguiram sufocar a revolta e crucificaram Judas, os membros de sua família, seus seguidores conservaram vivo o espírito de resistência aos Romanos. Dois de seus filhos foram crucificados pelo procurador Alexandre (c. 46 d.C.), enquanto que um terceiro filho, Manaém, foi o líder da Primeira Rebelião Judaica (66-70 d.C.). O último baluarte Zelote, Massada, caiu em Maio de 73 d.C., mas, mesmo depois, o seu espírito não foi extinto. Os zelotes continuaram a opor-se aos romanos, argumentando que Israel pertencia apenas a um rei judaico descendente do Rei Davi.

Simão, filho de José

Foi um ex escravo de Herodes o Grande se rebelou, e foi morto no ano 4 a.C. Ele foi identificado como o Messias da Revelação de Gabriel, um tablete de pedra de um metro de comprimento contendo uma coleção de profecias curtas, escritas na primeira pessoa e datada do século I a.C.

Conta a história, que Simão de Paraea se corou como rei, afirmando ser o redentor de Israel, o Messias. Ele comandou uma rebelião contra Roma no ano 4 a.C., antes da Páscoa, e ateou fogo a um dos palácios de Herodes e a várias de suas residências reais. Logo após este episódio, Simão foi capturado em um desfiladeiro e então decaptado. Seu corpo foi abandonado para apodrecer entre as pedras, já que para os judeus da época não ter o corpo queimado era uma das maiores humilhações pela qual alguém poderia passar. Depois de sua morte, inúmeros seguidores foram caçados e crucificados.

A seu respeito Flavius Josefus escreveu:

“Também houve Simão, que foi escravo do Rei Herodes, mas que de outra forma era uma pessoa de feições atraentes de corpo alto e robusto; ele era uma pessoa muito superior em relação às outras de sua classe, e tinha muitas responsabilidades. Este homem foi levado a um turbilhão de coisas e foi corajoso o suficiente para colocar em sua própria cabeça um diadema, quando um certo número de pessoas estava em sua presença e por elas foi declarado rei, e ele se considerou mais merecedor daquela dignidade do que qualquer outro.

Ele queimou até a sfundações o palácio de Jericó, e saqueou o que restou nele. Ele ateou fogo também a muitas outras casas do rei em vários lugares do país, as destruindo totalmente, e permitiu que aquilo que sobrasse fosse feito presa por aqueles que o seguiam. Ele teria feito muitas coisas grandiosas, mas foram tomadas medidas para o reprimir imediatamente. (O comandante da infantaria de Herodes) Gratus, se uniu a alguns soldados romanos, e reunindo suas forças foi de encontro a Simão. E após uma longa e grandiosa luta, um grande número daqueles que vieram de Perasea (um grupo desordenado de homens, brigando mais com coragem do que com técnica) foi destruído. E apesar de Simão ter se salvado, fugindo por um vale, foi encontrado por Gratus e então decaptado.”

Athronges

Foi o lider de uma rebelião, seguido por seus quatro irmãos, contra Herodes Arquelaus e os romanos, depois de se proclamar o Messias. Ele e seus irmãos foram eventualmente vencidos.

Assim como Simão, filho de José, Athronges não era uma pessoa eminente, não possuía nenhum antepassado importante nem tinha posses, era um simples pastor desconhecido, mas por ser um homem alto e mais forte do que todos que conhecia ele decidiu se declarar rei. Também se dedicou, com a ajuda de seus irmãos, a atacar os romanos, e os relatos dizem que embora a princípio ele fosse um homem gentil e justo, começou a se tornar violento, não apenas com os romanos, mas com todos.

E assim como Simão acabou tendo seu fim nas mãos de Gratus.

Theudas

Por volta de 44 d.C., surge um homem chamado Theudas, ou Teudas, que afirmava ser um profeta, encorajando que as pessoas o seguissem até o Jordão, que seria dividido por ele para seus seguidores.

Isto é digno de nota, pois apesar de não se declarar o Messias a idéia de profetas também é importante. Um profeta ou profetisa é uma pessoa capaz de predizer o futuro. Antes de receberem o nome de profetas essas pessoas eram chamadas de videntes, como nos mostra o livro I Samuel 9:9. Os profetas eram aqueles que falavam por inspiração divina ou em nome de Deus, e é sempre bom ter em mente que isso acontecia em uma comunidade que levava Deus muito a sério, tanto que de acordo com a Lei Mosaica uma pessoa acusada de ser um falso profeta recebia a pena de morte, e  naquela época não havia câmaras de gás, injeções letais nem nada que transformasse a morte em algo rápido e indolor.

Enquanto o Messias era alguém sagrado por Deus e enviado, o profeta era alguém escolhido por Deus para ser seu porta voz, como vemos na história, assim como onde há fumaça há fogo, Messias e Profetas nunca estiveram muito longe um do outro como veremos adiante.

Com o tempo Theudas conseguiu arrebanhar para si mais de 400 pessoas, todas perseguidas por Cuspius Fadus, que enviou homens a cavalo em perseguição ao  bando e a seu líder. Muitos deles foram mortos e outros foram tomados como cativos, juntamente com o seu líder, que foi decapitado.

Messias Egípcio

Ainda de acordo com Josefo, no séc. I surge um Messias egípcio que supostamente conseguiu agregar mais de 30 000 seguidores. Segundo Flávio Josefo, esse personagem se proclamava um “enviado de Deus”, e apareceu na Judéia no tempo do governador Marco Antônio Félix, arrebanhando um grande número de pessoas, e as levando para o Monte das Oliveiras, onde haveriam de presenciar um milagre: as muralhas de Jerusalém se desmantelariam, abrindo um caminho para a entrada triunfal de Yahweh, que viria para estabelecer seu reino na Terra. Isso, se de fato acontecesse, realizaria a profecia do profeta Zacarias, sobre a proximidade do Dia do Senhor: “Nesse dia, os seus pés [de Yahweh] pousarão sobre o Monte das Oliveiras, que fica em frente e a leste de Jerusalém; e o Monte das Oliveiras vai rachar-se ao meio, formando um vale enorme no sentido do nascente para o poente (…) Então virá Yahweh e todos os santos com ele” (Zc 14,4). Ele também é citado em Atos, no episódio em que Paulo se encontra com um tribuno, nos degraus da Fortaleza Antônia, e este lhe pergunta: “Por acaso você não é o egípcio que, dias atrás, subverteu e arrastou ao deserto quatro mil sicários?” (At 21,38). O governador Félix mandou uma tropa atacar a multidão e muitos foram mortos pelos legionários, mas o egípcio escapou durante a luta e nunca mais foi visto.

Dois outros Messias

Josefo ainda nos fala do surgimento de mais dois Messias naquela época: Um que prometeu ao povo “a libertação das suas misérias” se eles o seguissem até ao descampado. O líder e seus seguidores foram mortos pelas tropas de Festus, o procurador romano.

E outro surgido quando Jerusalém já estava sendo destruída pelos Romanos, um profeta subornado pelos defensores em uma tentativa para evitar que as pessoas desertassem, anunciou que Deus os comandava para virem ao Templo, onde receberiam sinais milagrosos da sua libertação. Ao invés de libertação os seguidores encontraram a a própria morte nas chamas.

Menahem ben Judah

Ao contrário daqueles Messias, que esperavam conseguir a libertação do seu povo através de intervenção divina, surge Menahem ben Judah, o filho de Judas da Galileia, e neto de Hezequiel, o líder dos Zelotes, que tinham irritado o Rei Herodes. Ele era um guerreiro e quando começou a guerra, atacou Masada com o seu grupo, armou os seus seguidores com as armas ali armazenadas, e partiu para Jerusalém, onde capturou a fortaleza Antónia, derrotando as tropas de Agripa II. Encorajado por este sucesso, ele comportou-se como Rei e clamou a liderança de todas as tropas. Espoletou por isso a oposição de Eleazar, outro líder Zelota que alguns historiadores acreditam ser irmão de Menahem, tendo sido assassinado como resultado de uma conspiração. Ele será provavelmente a mesma pessoa mencionada como Menahem ben Hezekiah no Talmud e ali chamado de “provedor de conforto que deverá aliviar”.

Nos Pergaminhos do Mar Morto lemos sobre um Messias que teria existido antes do primeiro século chamado Menahem, o essênio, que morreu em circunstâncias semelhantes às atribuídas a Jesus.

Bar Kochba

Com a destruição do Segundo Templo de Jerusalém em 70 d.C., temos uma pausa com a aparição de Messias. Foi uma época em que os judeus começaram a se espalhar pelo globo em busca de um lugar para viver. Mas sessenta anos mais tarde, um movimento político-messiânico de grandes proporções teve lugar, com Shimeon Bar Kochba (também Bar Kosiba) como líder. Este líder da revolta contra Roma foi saudado como o Rei-Messias pelo Rabi Aquiva, que se referiu a ele, como: “Uma quarta estrela de Jacob virá e o ceptro irá erguer-se fora de Israel, e irá golpear pelos cantos do Reino de Moab,”, e Hag. ii. 21, 22; “Eu irei sacudir os céus e a terra e destronar reinados…”. Apesar de alguns terem duvidado que fosse o Messias, ele parece ter conseguido o apoio generalizado na nação.

A revolta de Bar Kochba , de 133 a 135 d.C., que fez frente ao poder de Roma foi a terceira maior rebelião dos judeus que habitavam a província Iudaea (Judéia) e a última das guerras contra os romanos. A revolta estabeleceu um Estado Judeu sobre algumas regiões da Judéia por dois anos e meio. A função de administrador público foi assumida por Shimeon Bar Kochba, que assumiu o título de Nasi Israel (Governante, ou Príncipe de Israel). A “Era da redenção de Israel” foi anunciada, se criaram contratos e se cunharam moedas. O Rabi Akiva presidia a Sanhedrin e os rituais religiosos eram observados e os sacrifícios (korbanot) era realizados no altar.

Shimeon foi morto perto das muralhas de Bethar. O seu movimento messiânico acabou em derrota e na miséria dos sobreviventes. Em 135, a revolta foi esmagada pelo imperador romano Adriano. De acordo com Cassius Dio, 580,000 judeus foram mortos e 50 cidades fortificadas e mais de 980 vilas foram massacradas. Os sobreviventes dispersaram-se pela diáspora ou foram feitos escravos. Adriano decretou a expulsão de todos os judeus de Jerusalém, autorizando o seu retorno apenas por um dia ao ano, em Tisha Be’av, para demonstrar luto pela destruição do Templo. Após esta tremenda derrota dos judeus, a cidade de Jerusalém seria reconstruída pelos Romanos, tendo o imperador Adriano ordenado a mudança do nome de Jerusalém para Aelia Capitolina, e o nome da Judéia para Síria Palestina, para evitar qualquer associação judaica e com a terra de Israel.

O ocorrido marcou também uma nova etapa do cristianismo. Até então, os cristãos eram sobretudo judeus. A partir de aqui foram obrigados a dispersar-se para outras zonas. Se até então a psicologia dos líderes cristãos tinha uma perspectiva judaica, depois do ano 135 a maioria dos cristãos seriam gentios, e adquiririam uma perspectiva diferente, de pessoas que vivem na Grécia, ou então romanos e que mais facilmente adotariam posições antijudaicas.

Com a derrota de Bar Kochba passam-se alguns séculos em que não temos o registro de novos Messias.

A derrota da guerra de Bar Kochba foi um desastre que afetou negativamente o surgimento de Messias nos séculos seguintes, mas a esperança é a última que morre e de acordo com cálculos baseados no Talmude, o Messias seria esperado no ano 440. Esta expectativa, em ligação com os distúrbios no Império Romano em face das invasões, podem ter levado a incentivar o Messias que apareceu nesta época em Creta e que angariou o apoio da população judaica para o seu movimento.

Moisés de Creta

Em 448 eis que surge o autodenominado Moisés, prometendo liderar o seu povo, como o antigo Moisés, de volta à Palestina. Ele percorreu as comunidades judaicas da ilha anunciando que iria repetir “seu” feito de séculos passados – fazer o mar se abrir para dar passagem aos israelitas -, de maneira a conduzir os judeus cretenses de volta à Terra Prometida. Conseguiu arrebanhar muitos seguidores e os levou até o mar. Os seguidores, que haviam sido convencidos por ele a deixaram para trás suas possessões, aguardavam ansiosos pelo dia prometido, e quando este chegou, sob o  comando do Messias, muitos se lançaram ao mar. Alguns morreram, outros foram salvos. O “Salvador” desapareceu sem deixar rastros.

Após o afogamento em massa de centenas de judeus os Messias que se seguiram surgiram todos no Oriente e eram por vezes reformadores religiosos cujo trabalho influenciaria o Caraismo, uma das ramificações do Judaísmo que defende unicamente a autoridade das Escrituras Hebraicas como fonte de Revelação Divina, defendem a Crença Única e Absoluta em Deus e que sua Revelação Única foi dada através de Moshê (Moisés) na Torá (que não admite adições ou subtrações) e nos profetas da Tanakh. Confiam na Providência divina e esperam a vinda do Messias e a Ressureição dos Mortos. Seguem um calendário baseado no Abib e com ínicio de mês na lua nova vísivel, rejeitam o judaísmo rabínico como por exemplo o Talmud e a Mishná. Não seguem costumes judaicos rabínicos como o uso de kipá, peiot, tefilin e afins.

Ishak da Pérsia

No final do século VII, surgiu na Pérsia Ishak ben Ya’kub Obadiah Abu ‘Isa al-Isfahani de Ispahan. Ele viveu no reino do Califa Omíada Abd al-Malik ibn Marwan (684-705). Afirmou ser o último dos cinco precursores do Messias e ter sido nomeado por Deus para libertar Israel. De acordo com alguns, ele era o próprio Messias. Tendo reunido um grande número de seguidores, ele revoltou-se contra o califa, mas foi derrotado e assassinado em Rai. Os seus seguidores disseram que ele fora inspirado por Deus e mostraram como prova o fato de ter escrito livros apesar de ser analfabeto. Ele fundou a primeira seita a ter surgido do Judaísmo após a destruição do Templo.

O seu discípulo Yudghan, chamado Al-Ra’i (o pastor do rebanho do seu povo), que viveu na primeira metade do século VIII, declarou ser um profeta e foi visto pelos seus discípulos como um Messias. Ele era de Hamadã e ensinava doutrinas que afirmava ter recebido através da profecia. De acordo com Shahristani, ele opôs-se à crença do antropomorfismo, ensinou a doutrina da vontade livre, e sustentou que a Torah tinha um sentido alegórico em adição ao sentido literal. Ele preconizava que os seus seguidores levassem uma vida ascética, se abstivessem de carne e de vinho, e que rezassem e jejuassem frequentemente, seguindo nisto o seu mestre Abu ‘Isa. Ele afirmava que a observância do Shabat e de festividades era meramente uma questão de memorial. Após a sua morte, os seus seguidores formaram uma seita, os Iudghanitas, que acreditavam que o seu Messias não tinha morrido, mas sim que iria regressar.

Serene

Entre 720 e 723 um Sírio conhecido como Serene (o seu nome aparece em várias fontes como Sherini, Sheria, Serenus, Zonoria, Saüra) apareceu como o Messias, no reinado de Yazid II. Seu nome é uma forma latina (Serenus) de Shaáre Zedek; aparece também como Severus na obra Chronicon Syriacum de Gregorius bar Hebraeus.

A ocasião imediata para a sua aparição pode ter sido a restrição das liberdades dos judeus pelo Califa Omar II (717-720) e seus esforços de proselitismo. De uma perspectiva política, este Messias prometia a expulsão dos Muçulmanos e a restauração dos judeus na Terra Santa, de acordo com Isidoro Pacensis, muitos judeus na espanha abandonaram bens e propriedades para se juntarem a Serene. Como Abu ‘Isa e Yudghan, Serene foi também um reformador religioso. Ele era hostil ao Judaísmo Rabínico. Os seus seguidores não observavam as leis da alimentação, as preces instituídas por rabinos e a proibição contra o “vinho de libação”. Eles trabalhavam no segundo dia das festividades, não escreviam documentos para registrar casamentos e divórcios tal como as prescrições do Talmud, e não aceitaram as proibições do Talmud em relação ao incesto.

Serene foi preso e questionado pelo Califa Yazid II sobre suas qualidades messiânicas, não conseguindo responder às questões declarou que nunca teve nenhum plano real contra o Califa e que apenas desejava tirar um sarro dos judeus, aos quais foi entregue posteriormente para ser castigo. Os seus seguidores foram recebidos de volta a suas comunidades religiosas, graças a Natronai Gaon, após terem renunciado à heresia.

Inflamados com as chamas de Allah, após a morte de Maomé em 632 d.C., o exército árabe lançou-se com renovado fervor contra os povos que os dominavam. Após a vitória sobre os bizantinos e os persas, os muçulmanos recebem uma parte da Síria, a Palestina, o Egito e o norte da África, e então seguem para a Índia, ilhas mediterrâneas o sul da Itália e a Penísnula Ibérica. Os muçulmanos criam então um império gigante, marcado pelo desenvolvimento intelectual e artístico que entre em declínio durante o século IX. O domínio dos turcos sobre a Terra Santa já incomodava os cristãos do ocidente como uma ameaça que reprimia as peregrinações e os cristãos que viviam no oriente. Então em 1095, no concílio de Clermont, o papa Urbano II declara que um dos novos objetivos da Cristandade, como forma de penitência para ter deixado a Terra Santa cair nas mãos de muçulmanos, é tomá-la de volta. A multidão presente aceita a tarefa e inflamada pelo fogo do espírito santo monta um pequeno exército, identificado pela cruz vermelha pintada sobre suas roupas, o que lhes deu o nome de cruzados.

Um dos efeitos colaterais das cruzadas foi o aumento do números de Messias que surgiram. Maiomonides em suas cartas aos judeus Iemenitas (Iggeret Teman – אגרת תימן – ou epístola ao Iemen) cita três deles. Em 1087 surge um na França para ser assassinado pelos franceses, outro em 1117 na Província de Córdova e mais um em Fez em 1127.

Menahem

Em 1160 surge um novo movimento Messiânico na Pérsia, liderado por David Alroy.

Nascido em Amadia, no Curdistão, Alroy (também citado como Alrui) se tornou um estudioso da Bíblia e do Talmud, estudando os livros com Hisdai, o Príncipe do Exílio e Ali, o acadêmico chefe em Bagda. Ele era versado em literatura muçulmana e era conhecido por praticar magia.

Graças às cruzadas, o poder do Sultão da Ásia Menor e da Pérsia foi minado, e Alroy aproveitou as condições do Califado para assumir o nome “Menahem” e se declara o Messias enviado por Deus para libertar os judeus da opressão islâmica e levá-los de volta para Jerusalém, onde se tornaria Rei e todos viveriam em liberdade. Em todas as partes da região surgiam líderes muçulmanos criando novos estados independentes, desafiando a liderança do Califa. O surgimento de novas taxas abusivas criadas para serem pagas por todos os judeus homens com mais de 15 anos também foi um fator decisivo, usado por Alroy para fomentar a revolta. Agitando um grupo de judeus guerreiros que viviam nas montanhas de Chaftan no distrito vizinho de Adherbaijan, começou a formar seu grupo, conseguiu o apoio de seus correligionários em Mosul e Bagdá. Seu primeiro alvo foi um forte que existia em sua cidade natal.  A partir deste momento as lendas falam mais alto do que a história. Os pesquisadores da vida de Alroy dão, cada um, uma versão diferente do ocorrido, mas o resultado do ataque foi a derrota dele e de seus seguidores. O seu movimento falhou, e diz-se que teria sido assassinado, enquanto dormia, pelo seu próprio sogro. Mas a sua morte não chegou a destruir a crença em sua missão divina de redenção para o povo Judeu.

Logo após a morte de Alroy surgiram dois impostores, vindo de Bagdá, anunciando que traziam notícias do falecido Messias, que ele havia dito que em determinada noite seus seguidores deveriam se erguer nos ares e voar de Bagdá até Jerusalém e que no meio tempo deveriam entregar aos dois mensageiros suas propriedades. Esta fraude obteve um certo sucesso, mas podemos imaginar como terminou, e mesmo assim muitos seguidores continuaram surgindo em Khof, Salmas, Tauris, e Maragha, dando origem a uma seita conhecida como Menahemistas, para continuar reverenciando a memória do Messias de Amadia.

Doze anos após o surgimento e morte de David Alroy, em 1172, surge um suposto precursor do Messias apareceu no Iêmen. Nesta época os Muçulmanos estavam realizando certos esforços para converter os judeus que ali viviam. Ele declarou que as desgraças deste tempo eram um prognóstico da vinda do Reino Messiânico, e ordenava aos judeus que dividissem a sua propriedade com os pobres. Este pseudo-Messias foi tematizado pelo “Iggeret Teman” de Maimónides. Ele continuou com suas atividades por um ano, tendo depois sido preso pelas autoridades muçulmanas e decapitado após a sua própria sugestão, diz-se, de forma a poder provar a verdade da sua missão ao retornar à vida.

Abraão ben Samuel Abulafia

Com a chegada do século XIII os movimentos Messiânicos ganham uma nova ferramenta que antes não era muito utilizada, a Cabala. Em 1240 nasce na Espanha Abraão ben Samuel Abulafia, cabalista estudioso que, graças aos próprios estudos, acaba acreditando que é um profeta, e, em um livro profético publicado em Urbino em 1279, declara que Deus havia falado com ele. Foi para Messina, na ilha da Sicília, onde foi bem recebido e ganhou discípulos e em um trabalho que publicou em novembro de 1284 se declara o Messias, e anuncia 1290 como o ano do início da Era Messiânica. As pessoas, confusas apelam a Solomon ben Adret para analisar as afirmações de Abulafia, e tem como veredito a condenação do Messias, que passa a ser perseguido na Sicília por algumas congregações tendo que fugir para a ilha de Comino, próxima a Malta, em 1288, ainda convencido por seus estudos que estava em uma missão Messiânica. Dois dos seus discípulos, José Gikatilla e Samuel, ambos de Medinaceli, declararam mais tarde serem profetas e milagreiros. Samuel ficou famoso por profetizar em linguagem mística em Ayllon em Segóvia o advento do Messias.

Nissim bem Abraham

Um outro pretenso profeta foi Nissim ben Abraham, que viveu em Ávila, ele não chegou a se declarar o Messias, mas previu sua chegada. Seus seguidores diziam a seu respeito que apesar de ignorante e analfabeto, tinha sido iluminado subitamente por um anjo, e com o poder que recebeu, escreveu um livro místico “A maravilha da Sabedoria”. Novamente Solomon ben Adret é chamado para dar seu parecer sobre o novo profeta e novamente seu parecer é desfavorável e ele aconselha uma investigação cuidadosa. Nissim continuou com suas atividades e fixou até o último dia do quarto mês, Tammuz, 1295, como a data da vinda do Messias. Os crentes prepararam-se para o evento jejuando e dando para a caridade, e reuniram-se no dia designado. Mas em vez de encontrarem o Messias, encontraram pequenas cruzes presas aos seus vestimentos, talvez colocadas por descrentes para ridicularizar o movimento. Na sua decepção, alguns dos seguidores de Nissim ter-se-iam convertido ao Cristianismo. Não se sabe o que aconteceu ao profeta.

Moisés Botarel

Após o lapso de um século aparece um novo Messias. De acordo com Grätz o nome dele era Moisés Botarel de Cisneros, que teve como um de seus simpatizantes Hascai Crescas. A relação dos dois é discutida por Jerónimo da Santa Fé, o rabino Joshua Harloqui convertido por São Vicente Ferrer e que foi responsável pela Disputa de Tortosa em 1413 onde converteu muitos de seus correligionários.

Asher Lemmlein

Em 1502 surge um novo profeta predizendo a vinda do Messias, desta vez um profeta alemão. Asher Lemmlein (Lämmlein) apareceu em Ístria, perto de Veneza e anunciou a vinda do Messias para aquele mesmo ano, desde que os judeus fossem penitentes e praticassem a caridade, e então um pilar de nuvens e fumaça iria preceder os judeus no seu regresso a Jerusalém. Ele conquistou a simpatia e credibilidade de muitos seguidores, existem inclusive registro de muitos cristãos que acreditaram em suas profecias messiânicas. O cronista Ganz nos deixa o relato de seu avô destruindo um forno que era utilizado para se cozer o Matsá, pão ázimo sem levedura, o único que os judeus podem comer durante os oito dias de Pessah, por acreditar que na próxima celebração ele estaria em companhia do Messias na Palestina. Asher conseguiu reunir muitos seguidores na Itália e na Alemanha, vários deles cristãos. Por onde quer que ele passasse as pessoas jejuavam, rezavam e faziam caridade, aquele ficou conhecido como o “ano da penitência”. E então ele simplesmente desapareceu, e a agitação chegou a um fim.

David Reuveni e Salomão Molko

Em nossa lista de candidatos a Messias não podemos deixar de fora David Reuveni e Salomão Molko. O primeiro afirmou ser o embaixador e irmão do Rei de Khaibar. Khaibar era uma cidade no distrito de Hejaz, se encontrava a quatro dias de caminhada de Medina. Na época de Maomé o nome Khaibar era usado por toda a província e era habitada por inúmeras tribos judaicas, onde os descendentes das “tribos perdidas” de Rubem e Gad supostamente viviam.

Existem inúmeras tradições sobre a fundação da cidade pelos judeus, uma delas afirma que eles chegaram no local na época de Moisés (o patriarca, não o Messias grego), outra afirma que foi na époce de Saulo, que foi enviado para exterminar os Amalekitas), na época de Davi, quando ele fugiou diante de seu filho Absalon, mas a suposiçõa mais provável é a de Rapoport, que os judeus de Haibar são os descendentes de Jonadab b. Rachab, que os fez viver uma vida nômade.

David Reuvani ainda fez um apelo ao Papa e aos países europeus que lhe enviassem canhões e armas de fogo para iniciar uma guerra contra os muçulmanos, que impediam que os judeus que viviam em margens opostas do mar vermelho se reunissem. É interessante frisar que ele mesmo sempre negou veementemente ser um profeta ou um Messias, afirmava a todos que era apenas um guerreiro, mas a boa vontade com que foi acolhido pelo Papa em 1524 e a audiência que lhe foi concedida nas cortes portuguesas em 1525 (a convite do Rei D. João III), onde recebeu pela primeira vez a promessa de ajuda e a pausa temporária na perseguição aos Marranos, fez com que os Marranos Portugueses e Espanhóis acreditassem era aquele que anunciaria a vinda do Messias. Isso fez com que Selaya, o inquiridor de Badajoz, se queixasse ao Rei de Portugal que um Judeu vindo do Oriente vinha suscitando aos Marranos espanhóis a esperança de que o Messias chegaria e iria liderar os filhos de Israel de todas as suas terras de volta à Palestina, e que tinha mesmo encorajado que realizassem manifestações públicas. Um espírito de expectativa cresceu durante a estadia de Reuveni em Portugal. Uma mulher marrana da região de Herara, em Puebla de Alcocer declarou ser uma profeta, teve visões, e prometeu liderar os seus correligionários para a Terra Santa. Como era o costume na época, ela recebeu o tratamento que mulheres que diziam ter visões e causavam agitação recebiam: foi queimada viva, juntamente com quem acreditava nela.

Apesar disso o evento mais importante causado pela presença de Reuvani foi a conversão de Marano Diogo Pires (b. c. 1501; d. 1532) ao judaísmo. Marano nasceu cristão e Portugal, e recebeu o nome de batismo de Diogo Pires. Ele tinha o cargo de secretário em uma das cortes mais importantes em seu pais natal. Quando David Reuvani surgiu, vindo da África para Portugal, em sua missão política, Marano decidiu se unir a ele, e foi rejeitado. Ele então se circuncisou, o que não o fez cair nas graças de Reuvani, e emigrou para a Turquia, com um patrocínio farto. Adotou o nome de Salomão Molko. Era um visionário e acreditava em sonhos, estudou cabala com Joseph Taytazak e conheceu Joseph Caro. Ele então vagou como pregador através da Palestina onde conseguiu uma grande reputação e anunciou que o reino Messiânico chegaria em 1540. Em 1529 Molko publicou alguns de seus sermões sob o título e Derashot – ou Sefer ha-Mefo’ar. Quando rumou para a Itália encontrou a oposição de vários judeus proeminentes que temiam que ele confundisse seus correligionários, mas ele consegue o apoio do Papa Clemente VII, e de alguns cardeais anti-semitas em Roma. Muitos afirmam que ele previu para o Papa uma inundação que atingiu Roma e vários outros lugares.

Graças a seus estudos que envolviam a Cabala e outros tópicos estranhos, Molko sentiu que nada seria mais justo do que se proclamar o Messias, ou ao menos seu precursor. Acompanhado por David Reubeni, que ele conheceu na Itália, rumou para Ratisbon, em 1532 onde o imperador Charles V se encontrava realizando uma dieta. Nesta ocasião Molko carregou uma bandeira com a inscrição מכבי, uma abreviação do versículo 11 do décimo quinto capítulo do livro do Êxodo: O SENHOR, quem é como tu entre os deuses? (em hebraico a tradução desta passagem seria: Quem dentre os poderosos é como Deus?). O imperador aprisionou Molko e Reubeni, e os levou consigo de volta para a Itália. Em Mantua, uma corte eclesiástica sentenciou Molko à morte na fogueira. Quando estava amarrado no tronco o emperador ofereceu o perdão a ele, com a condição de retornar para a igreja, mas Molko recusou, pedindo pela morte de um Mártir.

Isaac Luria,  Hayyim Vital Calabrese e Abraão Shalom

Isaac Luria (Isaac ben Solomon Ashkenazi Luria), juntamente com Ḥayyim Vital Calabrese, seu maior discípulo e sucessor) foi o fundador da escola moderna da Cabala. Luria ensinava em seu sistema místico a transmigração e superfetação (Concepção de novo feto, quando já existe outro no útero) das almas, e acreditava ele próprio possuir a alma do Messias da casa de José e ter como missão apressar a vinda do Messias da linha de David através da evolução mística das almas. Tendo desenvolvido o seu sistema Cabalístico no Egito, sem no entanto conseguir ali muitos seguidores, ele foi para Safed, Israel, por volta de 1569. Foi ali que conheceu Hayyim Vital Calabrese, a quem revelou os seus segredos e através de quem assegurou muitos seguidores. A estes ensinou secretamente o seu messianismo, acreditando que a era messiânica teria início no princípio da segunda metade do segundo dia (do ano 1000) após a destruição do templo de Jerusalém, ou seja, em 1568.

Com a morte de Luria em 1572, Hayyim Vital Calabrese reivindicou ser o Messias Efraíta e pregou o breve advento da era Messiânica. Em 1574, Abraão Shalom, um pretendente a Messias Davídico, enviou um comunicado a Vital, dizendo que ele (Shalom) era o Messias da casa de Davi, enquanto que Vital era o Messias da casa de José. Ele pediu a Vital que fosse a Jerusalém e que ali ficasse pelo menos dois anos, com o que o espírito divino iria chegar-lhe. Shalom ainda disse a Vital, por fim, que não receasse a morte, o destino do Messias Efraíta, já que ele iria tentar salvá-lo dessa perdição.

Após quatro décadas encontramos um registro no “De Pseudo-Messiis”, no capítulo iv, parágrafo 15, outro Messias que teria aparecido em Coromandel em 1615.

Sabbatai Zevi e os Messias Cabalísticos

Um dos movimentos Messiânicos mais importantes surgiu na metade do século VII e em alguns lugares chegou a persistir por mais de 100 anos. Sabbatai Zevi nasceu no nono dia de Ab (dia 23 de julho de 1626), descendente de espanhóis, em Smyrna, e morreu dia trinta de setembro de 1676 em Duleigno, uma pequena cidade da Albânia.

De acordo com os costumes dos judeus orientais da época, Sabbatai deveria se tornar um estudioso do Talmude, quando jovem atendeu o yeshibah sob o tutelado do rabi veterano Joseph Escapa, mas ele nunca demonstrou muito interesse por esses estudos. Ele era fascinado pela Cabala e o sistema desenvolvido por Isaac Luria, especialmente pela Cabala prática com seu ascetismo e mortificação do corpo, práticas que, de acordo com seus praticantes, tornavam possível um contato com Deus e com os anjos, predizer o futuro e realizar todo o tipo de milagre. Ele teve uma infância solitária e de acordo com o costume da época se casou muito jovem, mas se recusou a realizar o ato sexual com sua esposa, de forma que ela pediu um divórcio e ele de boa vontade o garantiu. O mesmo aconteceu com sua segunda mulher. Quando começou a estudar mais profundamente a Cabala começou a se mortificar, a jejuar dia após dia e a viver em um constante estado de êxtase.

Paralelamente um outro fenônemo estava surgindo, desta vez graças aos cristãos. Durante a primeira metade do século XVII teve início a crença sobre a aproximação da Era Messiânica e a da redenção dos judeus e seu retorno a Jerusalém. Essa crença era difundida cada vez mais não apenas por judeus, mas por cristãos também, que acreditavam que o ano do apocalipse seria o de 1666. A crença era tão difundida e aceita que Manasseh ben Israel escreveu uma carta para Cromwell e para o Parlamento Inglês urgindo a readmissão dos judeus na Inglaterra, afirmando que “a opinião de muitos cristãos assim como a minha concordam aqui que ambos acreditamos que o tempo de restauração de nossa nação em seu pais nativo está muito próxima e à mão”. Além disso existe uma passagem muito popular entre os judeus no Zohar, que quando interpolada da maneira correta afirma que o ano da redenção de Israel pelo Messias seria o de 1648.

Esse conjunto de fatos e crenças teve um efeito muito forte na mente extasiada de Sabbatai e o levou à conclusão mais lógica que ele poderia chegar: ele era o Messias esperado por todos. E então com apenas 22 anos, em 1648, ele se revelou em Smyrna para aqueles que, impressionados com seus trabalhos com Cabala, carisma e atos fora do comum, o seguiam como o Redentor Messiânico enviado por Deus para acabar com os governos das nações e liderar Israel de volta para Jerusalém. O método que escolheu para se revelar foi pronunciar o Tetragrammaton em hebreu, um ato que só podia ser realizado pelo sumo sacerdote na Santuário no dia do Yom Kippur, o dia mais sagrado para os judeus. Apesar de sua ousadia a sua pouca idade não lhe garantiu muitos seguidores, mas dentre os primeiros que simpatizaram com sua empreitada estavam Isaac Silveyra and Moses Pinheiro. Sabbatai continuou em Smyrna por alguns anos, levando uma vida pia, mística e com certos atritos com a comunidade, mas quando suas pretensões messiânicas se tornaram muito evidentes o colégio dos Rabinos o baniu junto com seus seguidores.

O que se seguiu não é muito claro, em 1653 ou 1658 ele esteve em Constantinopla, onde conheceu Abraham ha-Yakini (um discípulo de Joseph di Trani, um homem de grande inteligência e reputação), que confirmou as declarações de Sabbatai. Neste época surgiu um documento entitulado “A Grande Sabedoria de Salomão”, que atestava o messianismo de Sabbatai, dizendo:

“Eu, Abrahão, fui confinado em uma caverna por quarenta anos, e ponderei muito sobre o tempo dos milagres, que não havia chegado ainda. Então uma voz se fez ouvir, proclamando: ‘Um filho nascerá no ano de 5386 (1626) para Mordecai Zevi; e ele será chamado de Shabbatai. Ele vencerá o grande dragão;… ele, o verdadeiro Messias, se sentará sobre o trono (de meu Deus).”

Munido deste documento, tido por muitos como uma revelação real, Shabbatai escolheu Salonica, na época um ponto de encontro de Cabalistas, como o seu campo de operações. Ali ele se proclamou novamente como o Messias, e ganhou muitos seguidores. Como consequência os Rabinos de Salonica o baniram da cidade, e ele segue seu caminho passando por Alexandria, Atenas, Constantinopla, Jerusalém, Smyrna e outros lugares, finalmente após uma longa jornada ele chega ao Cairo onde viveu por dois anos. Mas aparentemente Shabbatai não achava que o Egito era o local ideal para os acontecimentos que previa, o ano apocalíptico 1666 se aproximava e algo definitivo deveria ser feito para estabelecer que ele era o Messias sem deixar quaisquer sombras de dúvidas. Ele então deixa o Egito e ruma para Jerusalém, esperando que na cidade santa algum milagre acontecesse e confirmasse seu destino para todos. Chegando lá ele começa a meditar, jejuar, realizar atos de caridade para crianças e passa as noites cantando Salmos, isso faz com que ganhe a simpatia de muitas pessoas. Neste ponto um incidente inesperado o leva de volta ao Cairo, com a missão de arrecadar uma grande soma em dinheiro para reparar uma calamidade engendrada contra  Jerusalém por oficiais turcos. Shabbatai consegue arrecadar o dinheiro, o que lhe garantiu um prestígio ainda maior.

Carregado com o dinheiro e com uma esposa que encontrou no caminho (e um número crescente de seguidores) ele volta triunfante para a Palestina, atravessando a cidade de Gaza ele encontra Nathan Ghazzati, que se torna seu o braço direito e afirmava ser o Elijah, aquele que tomaria o lugar do Messias. Em 1665 Ghazzati proferiu que a Era Messiânica teria inicio no ano seguinte. Essa revelação surgiu com grandes detalhes, ele afirmava que o mundo seria conquistado por ele, O Elijah, sem derramamento de sangue, que então o Messias lideraria para a Terra Santa as dez tribos, “montado em um leão com sete cabeças de dragão em suas mandíbulas”. Tudo isso, é claro, foi aceito por todos. Finalmente no outono de 1665 Shabbatai ele é aclamado como Messias por todos.

No início de 1666 ele se dirige novamente para Constantinopla, esperando pelo milagre que realizasse a profecia de Ghazzati que dizia que Shabbatai colocaria a coroa do Sultão em sua própria cabeça. Tão logo colocou o pé na cidade foi preso ao comando do Grão Vizir, Ahmad Koprilli e foi jogado, acorrentado, na prisão. Seu aprisionamento, entretanto, não teve nenhum efeito negativo, nem para ele, nem para seus seguidores. Ao contrário o tratamento tolerante que recebeu apenas confirmou a fé de todos de que ele era o Messias. Após dois meses de encarceramento em Constantinopla, Shabbadai foi levado à prisão estadual no castelo de Abydos, onde recebeu um tratamento ainda mais condescendente e alguns de seus amigos ainda puderam acompanhá-lo. Em consequência disso os Shabbateanos deram à fortaleza o nome de Migdal ‘Oz (Torre da Força). No dia que foi levado para Abydos abateu um cordeiro para si e seus amigos, já que era o dia antes do Páscoa e o comeu com a gordura, o que era uma violação da Lei, e antes de comer o animal ele pronunciou: “Bendito seja Deus, que fez limpo o que era abominação”. Nesta época acontece um incidente que contribuiria com a queda de Shabbatai, que até o momento estava vivendo como um príncipe na fortaleza.

Dois estudiosos do Talmud, poloneses de Lemberg, que estiveram entre os visitantes de Shabbatai em Abydos, o informaram sobre um profeta originário de Lemberg, Nehemia ha-Kohen, que havia anunciado a vinda do Messias. Shabbatai ordenou que trouxessem o profeta à sua presença. Nehemia obedeceu, e chegou a Abydos em setembro de 1666 e a conferência entre ambos terminou com a insatisfação mútua e dizem que os Shabbateanos fizeram planos de assassinar o profeta rival.

Nehemiah, entretanto, escapou para Constantinopla, onde se converteu, tornando-se maometano e traiu Shabbatai. O Sultão Mohammed IV, foi tirado de Abydos e levado a Adrianopla, onde o médico do Sultão informou a Shabbatai que ele deveria abraçar o Islã como única maneira de se salvar. No dia 16 de Setembro de 1666 ele foi levado diante do sultão onde se desfez de suas vestes judaicas e colocou na cabeça um turbante, se convertendo. O sultão ficou muito satisfeito, e deu a Shabbatai o cargo de Effendi, e o contratou pagando um alto salário. A esposa de Shabbatai e alguns de seus seguidores também se converteram, e alguns dias após sua conversão ele escreveu para Smyrna: “Deus me tornou um ismaelita, Ele comandou e foi feito. O nono dia da minha regeneração”.

Os efeitos da conversão do Messias foram devastadores na comunidade judaica, rabinos proeminentes que era seguidores de Shabbatai se prostravam em vergonha. Entre as massas uma grande confusão reinou.

Por um tempo Shabbatai permaneceu fazendo um jogo duplo, em março afirmando ter sido tomado pelo Espirito Santo disse ter recebido uma revelação. Ele, ou um de seus seguidores, publicou um trabalho místico endereçado para os judeus afirmando entre outras coisas que ele era o Redentor, apesar de sua conversão, cujo objetivo real era converter para o judaísmo milhares de muçulmanos. Para o sultão ele dizia que suas atividades com os judeus eram para convertê-los ao islamismo. Esse jogo duplo entre judeus e muçulmanos não poderia durar muito e pouco tempo depois ele foi deprivado de seu salário e banido. Terminou seus dias em obscuridade em Dulcigno, um lugarejo na Albânia.

Após a morte de Shabbatai seguiu-se uma linha hereditária de Messias. Jacob Querido, filho de Joseph Filosof, e irmão da quarta mulher de Sabbatai, tornou-se líder dos Shabbatheanos em Salônica, sendo visto como a encarnação de Shabbethai. Ele afirmava-se filho de Sabbatai e adotou o nome Jacob Tzvi. Com 400 seguidores converteu-se ao Islã por volta de 1687, formando uma seita chamada Dönmeh. Ele próprio chegou mesmo a peregrinar a Meca (c. 1690). Após a sua morte, o seu filho Berechiah ou Berokia sucedeu-o (c. 1695-1740).

Vários seguidores de Shabbatai declararam-se eles próprios Messias. Miguel Abraham Cardoso (1630 – 1706), nascido de pais marranos, pode ter sido iniciado no movimento Shabbatheano por Moisés Pinheiro em Livorno. Ele tornou-se um profeta do Messias, e quando o último se converteu ao Islão, ele chamou-o de traidor, dizendo que é necessário que o Messias se conte entre os pecadores por forma a expiar a idolatria de Israel.

Ele aplicou a passagem de Isaías LIII a Sabbatai, e enviou epístolas que provariam que ele era o verdadeiro Messias, chegando mesmo a sofrer a perseguição por defender a sua causa. Mais tarde, considerou-se um Messias Efraíta, argumentando com alegadas marcas no seu corpo que o provariam. Pregou e escreveu sobre vinda em breve do Messias, marcando datas diferentes, até que acabou por morrer.

Outro seguidor de Shabbatai que lhe permaneceu fiel, Mordecai Mokia, ou Mordekay Mokiah (“o admoestador”) de Eisenstadt, que também afirmou ser um Messias. O seu período de atividade foi de 1678 a 1682 ou 1683.

Defendeu inicialmente que Shabbatai era o verdadeiro Messias e que a sua conversão tinha sido necessária por motivos místicos. Pregava que este não morrera mas que se iria revelar dentro de três anos após a sua suposta morte, e apontou para as perseguições de judeus em Oran (Espanha), na Áustria, e em França, e a pestilência na Alemanha como presságios da sua vinda.

Encontrou seguidores entre judeus da Hungria, Morávia e da Bohemia. Dando ainda um passo a mais, ele se declarou como o Messias Davídico. Shabbatai, de acordo com ele, passou apenas a ser o Messias Efraíta. Como tinha sido rico, significava que não poderia executar a redenção de Israel. Ele, Mordecai, sendo pobre, era o Messias verdadeiro e ao mesmo tempo a encarnação da alma do Messias Efraíta.

Judeus italianos, ouvindo falar dele, convidaram-no a ir até Itália. Viajou para lá por volta de 1680, tendo sido bem recebido em Reggio e Modena. Falou das preparações messiânicas que teria que fazer em Roma e deu a entender que talvez adotasse o Cristianismo exteriormente. Denunciado à Inquisição ou aconselhado a deixar a Itália, ele regressou à Bohemia, onde se diz que se tornou demente. A partir deste tempo, uma seita começou a tomar forma ali, e persistiu até à era Mendelsoniana.

Judas Leib (Leibele) (Löbele) Prossnitz foi um cabalista nascido no fim do século XVII em Brodi, na Galícia. Ele deixou sua cidade natal e seguiu para Prossnitz, na Morávia, onde se casou. Ele era extremamente pobre, vivendo em uma cabana abandonada, tida como mal assombrada por muitos e em uma noite ele afirmou que iria evocar Shekiná e fazê-la aparecer diante de uma multidão.

Shekiná, שכינה em hebraico, é no judaísmo a faceta da revelação divina aos homens, a “Divina Presença”, sendo também considerada a face “feminina” e “materna” dela. O vocábulo “shechiná” não aparece na Bíblia Judaica nem no Novo Testamento, de acordo com a concepção cabalística e do ramo hassidísmo do judaísmo, a Shechiná é uma energia cósmica poderosíssima em si mesma, que habita no “interior” do Universo e vivifíca-o, sendo a sua “alma” ou “espírito”. Apesar de não constar nas escrituras a Shekiná é uma idéia concreta na literatura rabínica. E para se entender a grandiosidade da promessa de Judas, esta faceta da divindade é o meio comunicativo entre o homem e Deus.

Para realizar o feito, Judas colocou uma cortina, atravessando seu quarto de ponta a ponta, atrás dela ele acendeu uma mistura de de álcool e querosene. Então, vestindo um manto branco ele ficou atrás da cortina e a luz atrás dele fazia a imagem das letras do tetragrammaton, que ele havia dependurado no peito, brilharem. Os espectadores se agitaram, estando na presença de um milagre, até que um dos presentes arrancou a cortina do lugar e revelou a fraude. Judas foi excomungado pelos rabinos da Morávia.

Apesar de tudo, Judas encontrou muitos seguidores dentre os Shabbateanos, ele se autoproclamou o Messias ben Joseph (Messias filho de José) e assinava seu nome como Joseph ben Jacob (José, filho de Jacó) e pregava que desde o surgimento de Shabbatai Zevi, Deus havia dado a ele a missão de guiar o mundo, quando ascendeu aos céus a missão foi passada a Jonathan Eybeschütz e finalmente caia nas mãos de Judas. Perambulou de cidade a cidade na Austria e Alemanha, onde arrecadava dinheiro de muitas pessoas. Em 1725 sua excomunhão foi renovada e ele se mudou para a Hungria. A história registra que ele morreu lá entre os não judeus.

Outro, Isaías Hasid (um cunhado do Shabbatheano Judah Hasid), que vivia em Mannheim, afirmou secretamente ser o Messias ressuscitado apesar de ter publicamente abjurado de quaisquer crenças Shabbatheanas.

Jacob Frank, fundador dos Franquistas, também afirmou ser o Messias. Na sua juventude tinha tido contato com o Dönmeh. Ele ensinava que era uma reencarnação de Shabbatai e do Rei Davi. Tendo conseguido alguns seguidores entre os judeus da Turquia e de Valáquia (na atual Romênia), ele veio em 1755 até a Podolia, onde os Shabbatheanos necessitavam de um líder, e revelou-se como a reencarnação da alma de Berechiah.

Enfatizou a ideia do “rei sagrado” que seria ao mesmo tempo Messias, tendo-se denominado apropriadamente de “santo señor”. Os seus seguidores afirmam que realizou milagres, tendo chegado mesmo a rezar para ele.

O seu objetivo (e o da sua seita) era o de acabar com uma vez por todas com o judaísmo rabínico. Foi forçado a deixar Podolia; e seus seguidores foram perseguidos.

Regressando em 1759, aconselhou os seus seguidores a converterem-se ao cristianismo. Cerca de 1000 deles converteram-se, tornando-se polacos gentios com origens judaicas. Ele próprio converteu-se em Varsóvia em Novembro de 1759.

Mais tarde a sua falta de sinceridade foi exposta e foi emprisionado por heresia, permanecendo no entanto, mesmo encarcerado, o líder de sua seita.

Moises Hayyim Luzzatto, o poeta, também acreditou ser o Messias. Ele havia sido iniciado na Cabala e, desiludido com a sua ocupação com o Zohar e influenciado pela atmosfera Cabalista em que vivia, ele acreditava que um espírito divino lhe havia dado uma iluminação nos mistérios e terminou acreditando que estaria destinado a redimir Israel graças ao “Segundo Zohar” que ele mesmo escreveu. Sua Cabala foi mantida, num primeiro momento, em um círculo fechado de discípulos, mas quando o segredo foi revelado Luzzato fez um juramento de que ele não escreveria, publicaria ou ensinaria mais suas doutrinas a não ser que fosse para a Palestina. Ele retornou com suas atividades Cabalistas e foi excomungado várias vezes. Mais ou menos em 1744 ele foi para a Palestina, onde poderia seguir com seus estudos sem ser incomodado, ou para realizar seu destino de Messias. Ele morreu lá.

Shukr Kuhayl

Shukr ben Salim Kuhayl I também conhecido como Mari (Mestre) foi um Messias do Iemem. Ele se revelou primeiro em San’a em 1861, como um mensageiro do Messias, em uma época que havia uma grande expectativa por parte do povo do surgimento do Prometido. Se divorciando de sua esposa ele deu início a uma vida de pregador intinerante para ter uma vida de pobreza e exortar a todos que se arrependessem. ENo Sabbath de maio de 1861 ele declarou que “Eu venho para avisar a todos e lembrá-los do arrependimento e da redenção”.

Ele aparentemente era um indivíduo pio, asceta e humilde, que se trajava com retalhos e vivia em solidão no Monte Tiyal, mas em algum momento ele começou a dar a entender que não era mais o mensageiro do Messias e sim o próprio. Ele escrevia fórmulas messiânicas em suas mãos e corrigia os textos sagrados, inserindo a si mesmo nas narrativas bíblicas. Um viajante judeu chamado Jacob Saphir registrou que quase todos os judeus do Iemem naquela época acreditavam nas proclamações messiânicas de Shur Kuhayl I.

Kuhayl morreu pouco depois disso, morto por árabes em 1865, supostamente a mando do imã que controlava a capital de San’a e que enxergava uma ameaça em Kuhayl, mas mesmo assim muitos de seus seguidores não aceitaram o seu fim e esperavam que ele retornasse em breve. E essa espera foi recompensada em pouco tempo com o surgimento de Judah ben Shalom, que afirmou a todos ser o mesmo Shur Kuhayl que havia sido morto e estava retornando.

Judah ben Shalom era um artesão de San’a e como seus antecessores era um cabalista. Em março de 1868 ele anunciou que era de fato Shukr Kuhayl I, que havia sido morto e decapitado por árabes três anos antes e ressuscitado por Elias.

O novo Shur Kuhayl continuou pregando as mensagens de arrependimento com que todos já estavam acostumados. Para os Judeus ele proclamava ser o Messias enviado para libertá-los, para os árabes ele anunciava ser um muçulmano enviado para anunciar a chegada do Mahdi. Realizar milagres não fazia parte de seu repertório, e ele chegou a notar isso em algumas de suas correspondências, mas acreditava que a principal causa para isso era que Deus ainda não havia liberado a permissão para a realização de milagres porque aguardava o momento em que todos os judeus se unissem e o aceitassem como seu Messias.

Diferente de sua primeira encarnação, Judah ben Shalom não era um pregador intinerante, ele chegou a desenvolver uma estrutura muito bem organizada que incluia centenas de funcionários, de seu quartel general ele mantinha vasta correspondência com líderes judeus em várias comunidades, principalmente com o propósito de angariar fundos.

Apesar de sua aceitação, Shukr Kuhayl II encontrou resistência de certas pessoas, especialmente aquelas que conhecial o primeiro Shukr e afirmavam que o seu novo estilo de vida cheio de luxos era incompatível com sua vida prévia.

Eventualmente foi Jacob Saphir, que refutou as alegações messiânicas de Judah e contou com apoio de vários rabinos de jerusalem para acabarem com o status de Kuhayl II perante os líderes das comunidades judias que o mantinham financeiramente. Quano o dinheiro parou de chegar ele foi obrigado a fazer empréstimos com os árabes e, por não conseguir pagar esses empréstimos, terminou na cadeia. Liberado depois de um tempo nunca mais foi capaz de reunir seguidores e morreu em estado de pobreza em 1878.

Uma das principais consequências desses movimentos messiânicos causados por Shabbatai e seus seguidores foi o da marginalização da Cabala. Aparente qualquer um que desejasse provar que era um profeta ou mesmo o Messias, com algum conhecimento desta ferramenta, poderia chegar a “provas” de que era legítimo. Depois desta época os estudos da Cabala foram ridicularizados pela maioria das pessoas e ela até hoje é tida como superstição dentre a maioria das comunidades judaicas.

Menachem Mendel Schneerson

Dentro do movimento Chabad Lubavitch do Judaísmo chassídico houve um crescente fervor messiânico nos finais da década de 1980 e princípios da década de 1990, devido à crença que o seu líder, Menachem Mendel Schneerson estaria prestes a revelar-se como o Messias.

Menachem Mendel Schneersohn, nascido em 1902, ficou conhecido por seus seguidores como O Rebe , foi um rabino ortodoxo, o sétimo e último Rebe do movimento Chabad Lubavitch. Em 1950, com a morte de seu sogro, o Rabbi Yosef Yitzchok Schneersohn,  ele recebe a visita de uma delegação de chassidim idosos com uma petição aceitando-o como seu Rebe, ele então colocou a cabeça entre as mãos e começou a chorar. “Por favor, me deixem” – suplicou ele. “Isso nada tem a ver comigo.” Após um ano de episódios como esse, finalmente aceitou o cargo. Assim mesmo, havia uma condição. “Eu ajudarei” – anunciou o Rebe – “mas cada um de vocês terá de cumprir sua própria missão. Não esperem ficar pendurados nas franjas de meu talit.” Desta forma ele assume a liderança do movimento Lubavitchiano até sua morte em 1994.

Em 1991 ele declarou a seus seguidores que: “Eu fiz tudo o que podia (para trazer o Messias), e agora estou passando para vocês (esta missão, façam tudo o que puderem para trazer o Messias.” Tem início então a uma campanha para que a era Messiânica tivesse início através de “atos de bondade e gentileza”.

Pouco antes de sua morte um número considerável de Chabad Hasidim acreditavam que ele logo se manifestaria como o Messias. Segundo seus seguidores, Rav. Menachem Mendel Schneersohn era dotado de grande sensibilidade, o que fazia com que fosse consultado por milhares de pessoas todos os anos, em busca de conselhos para suas vidas pessoais. Muitos destes conselhos e suas consequências acabaram por serem vistos como “milagres” por aqueles que os buscavam.

Surge então um movimento que acreditava ter a missão de convencer o mundo de que o Rebe era de fato o Messias e que assim que todos aceitassem isso ele seria levado à revelação de seu papel. Aqueles que aderiam a esse movimento eram chamados de Meshichistas, e era comum cantarem: “Yechi Adoneinu Moreinu v’Rabbeinu Melech haMoshiach l’olom vo’ed!” (“Vida longa a nosso mestre, professor e Rabi, o Rei Ungido, para sempre e sempre) quando estavam na sua presença.

A morte de Schneerson em 1994 abateu um pouco este sentimento, apesar de muitos seguidores de Schneerson ainda acreditarem que ele é o Messias e que irá regressar em devido tempo.

 

Notas:

[1] Êxodo capítulo 14

Versículo 4 – E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o SENHOR. E eles fizeram assim.

Versículo 8 – Porque o SENHOR endureceu o coração de Faraó, rei do Egito, para que perseguisse aos filhos de Israel; porém os filhos de Israel saíram com alta mão.

Versículo 17 – E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros,

Versículo 18 – E os egípcios saberão que eu sou o SENHOR, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros.

Versículo 26 – E disse o SENHOR a Moisés: Estende a tua mão sobre o mar, para que as águas tornem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavaleiros.

Versículo 28 – Porque as águas, tornando, cobriram os carros e os cavaleiros de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nenhum deles ficou.

Versículo 29 -Mas os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco; e as águas foram-lhes como muro à sua mão direita e à sua esquerda.

Versículo 30 -Assim o SENHOR salvou Israel naquele dia da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar.

Versículo 31 -E viu Israel a grande mão que o SENHOR mostrara aos egípcios; e temeu o povo ao SENHOR, e creu no SENHOR e em Moisés, seu servo.

E nós podemos ouvir as vozes perguntando: Por que, Senhor? Eles já estavam livres? Afogar aquela gente toda a troco de que?

[2] Aleister Crowley LIBER LVIII, GEMATRIA UM ARTIGO SOBRE QABALAH – THE EQUINOX I(5)

por Rev. Obito

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/movimentos-messianicos-os-messias-judeus/

A Tradição Hermética

As verdades eternas, conhecidas unanimemente e expressadas por sábios de todos os tempos e lugares, plasmaram-se no Ocidente no pensamento de culturas estreitamente inter-relacionadas, que em distintos momentos floresceram em regiões localizadas entre o Oriente Médio e a Europa, durante esta quarta e última parte do ciclo, à qual se chamou Kali Yuga ou Idade do Ferro, e que sempre se vinculou com o Oeste.

Antiqüíssimos conhecimentos, patrimônio da Tradição Unânime, foram revelados aos sábios egípcios, persas e caldeus. Eles se valeram da mitologia e do rito, do estudo da harmonia musical, dos astros, da matemática e geometria sagradas, e de diversos veículos iniciáticos que permitem acessar os Mistérios para recriar a Filosofia Perene, desenhando e construindo um corpus de idéias, que foi o gérmen do pensamento metafísico do Ocidente, conhecido com o nome de Tradição Hermética, ramo ocidental da Tradição Primordial. Hermes Trismegisto, o Três Vezes Grande, dá nome a esta tradição. Na verdade, Hermes é o nome grego de um ser arquetípico invisível que todos os povos conheceram e que foi nomeado de distintas maneiras. Trata-se de um espírito intermediário entre os deuses e os homens, de uma deidade instrutora e educadora, de um curandeiro divino que revela suas mensagens a todo verdadeiro iniciado: o que passou pela morte e a venceu.

Os egípcios chamaram Thot a esta entidade iniciadora, que transmitiu os ensinos eternos a seus hierofantes, alquimistas, matemáticos e construtores que, com o auxílio de complexos rituais cosmogônicos, empreenderam a aventura de atravessar as águas que conduzem à pátria dos imortais.

Autores Herméticos relacionaram Hermes com Enoch e Elias, que seriam, para os hebreus, a encarnação humana desta entidade supra-humana que identificam com Rafael, o arcanjo, também guia, sanador e revelador. Esta tradição judaica, que se considerou sempre como integrante da Tradição Hermética, conviveu com a egípcia antes e durante a cativeiro (Moisés é fruto desta convivência) e em tempos dos reis David e Salomão durante a construção do Templo de Jerusalém; faz ao redor de três mil anos, estes pensamentos se consolidaram numa arquitetura revelada que permitiu, uma vez mais, a criação de um espaço vazio ou arca interior capaz de albergar em seu seio a divindade.

No século VI antes de Cristo, que é o mesmo século da destruição do Templo de Jerusalém, e contemporânea de Lao Tsé na China, de Buddha Gautama na Índia e do profeta Daniel na Babilônia, nasce a escola de Pitágoras que, também herdeira dos antigos mistérios revelados por Hermes, alumiará posteriormente à cultura grega, tanto aos pré-socráticos como a Sócrates e Platão. Este pensamento hermético exerceu sua influência notavelmente na cultura romana, nos primeiros cristãos e gnósticos alexandrinos, nos cavaleiros, construtores e alquimistas da Europa medieval e nos filósofos e artistas renascentistas, nutrindo-se ao mesmo tempo dos conhecimentos cabalísticos e do esoterismo islâmico.

Logo florescem estas idéias hermético-iniciáticas no movimento rosa-cruz, que se desenvolve na Alemanha e na Inglaterra da época Elisabetana, tendo sido depositados estes antigos ensinos, posteriormente, na Franco-Maçonaria. Esta Ordem, que em sua aparência exotérica não pôde escapar à degradação e dissolução promovidas pela humanidade atual, conserva, no entanto, em seus ritos e símbolos esse gérmen revelado e revelador, ativo no seio de umas poucas lojas que conseguiram se subtrair às modas inovadoras que ameaçam a Ocidente com sucumbir, e mantêm esse vínculo regenerador com o eixo invisível da Tradição que se dirige sempre para o verdadeiro Norte, origem e destino da humanidade, do qual esta tradição nunca se separou.

Hermes e a Tradição Hermética vivem atualmente. Sua presença é eterna.

#hermetismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-tradi%C3%A7%C3%A3o-herm%C3%A9tica

Mitos de Cthulhu

Embora Lovecraft nunca tivesse grande reconhecimento em vida ele atraiu a admiração de muitos dos escritores que com ele se correspondiam (inclusive alguns até estabelecidos como Robert E. Howard e Clark Ashton Smith). As obras que atraiam estes escritores tinham uma qualidade literária impar se aproximando dos escritos de Poe e estavam muito longe do que seria por assim dizer ‘popular’. O terror de monstros e vampiros para Lovecraft era batido, ele achava que a forma máxima do terror seria o terror cósmico-científico de forte conotação psicológica – o chamado terror psicológico, onde a ambientação é que conduz ao clima assombrado e onde elementos como angustia, depressão, sofrimento e suicídio são determinantes. Foi esta proposta literária e o desenvolvimento insipiente de uma mitologia fantástica envolvendo seres monstruosos e histórias antigas que atraiu a atenção destes escritores.

Utilizando palavras do próprio Lovecraft, “as efabulações sobre temas mundanos e o lugar-comum não satisfazem as mentes mais criativas e sequiosas de novos estímulos”. O trabalho de Lovecraft não serve para agradar às massas nem ao cidadão comum, mas apenas a um grupo mais restrito de admiradores que não se contentam com os enredos banais do dia-a-dia. Abdicando do lucro fácil que certamente teria atingido se utilizasse o seu gênio na produção de romances comerciais, Lovecraft deixou-nos um legado espantoso de visões fantásticas e universos assombrosos. Na verdade este gênero já havia sido explorado por Lord Dunsany e por William Hope Hodgson, mas o que fez Lovecraft foi dar uma singular propriedade a este novo tipo de horror que até então não existia – não daquela forma. É esta mitologia fantástica que ficou sendo conhecida como “Os Mitos de Cthulhu”.

É importante dizer aqui que este termo “Cthulhu” é pronunciado comumente como “kuh-THOO-loo” (em português soa algo como “Katuuluu”, pronunciado rapidamente) por causa da pronuncia indicada na caixa do famoso rpg de nome “Call of Cthulhu” da Chaosium. Entretanto, existem vários estudantes sérios de Lovecraft que preferem a pronúncia como “Cloo-loo”, justificando suas teses em referências dos contos do autor. Fora isto a discussão se estende e encontramos ainda uma série de pronuncias diferentes, mas que na prática nada, ou muito pouco, acrescentam ao termo. O próprio Lovecraft brincava com seus amigos escritores pronunciando hora de uma forma outra d’outra.

 

A Formação do Círculo de Lovecraft

Não apenas Lovecraft começou a desenvolver estes tipos de histórias, mas junto a ele aqueles correspondentes que falamos também criavam suas histórias e seus deuses, é por exemplo de autoria de Frank Belknap Long a entidade de nome Chaugnar Faugn. O trabalho de Lovecraft atraiu um grupo considerável de escritores, que começaram a corresponder com ele e entre si. Nascia o Lovecraft Cycle, “fundado” pelo próprio Lovecraft e dois escritores consagrados: Clark Ashton Smith e Robert E. Howard (criador de Conan – o Bárbaro). Jovens e talentosos escritores como August Derleth, Frank Belknap Long e Robert Bloch (que viria a escrever mais tarde o conto que inspirou o filme “Psicose”) juntam-se também ao círculo, e todos contribuíram com o seu trabalho para enriquecer os Mitos de Cthulhu. “Era uma espécie de jogo”, que todos levaram muito a sério, como comentou certa vez Robert Bloch. Estima-se que tenha-se criado mais de novecentas histórias sobre os mitos. A este grupo de escritores que se juntou a Lovecraft se denominou “Círculo de Lovecraft”.

Estes contos se centravam em um grupo de entidades transdimensionais e extraterrestres que serviram como deidades ao homem primitivo. Lovecraft escreveu que Cthulhu e os “Grandes Antigos”, como ele (às vezes) chamou os deuses alienígenas, vieram de estrelas escuras. Alguns viveram em um planeta que ele chamou de Yuggoth e identificou nos anos trinta com o planeta recentemente descoberto, Plutão.

Introdução aos Mitos de Cthulhu

 

Em “O Chamado de Cthulhu”, Lovecraft dispôs os fundamentos de seu conceito mitológico. Ele disse que muitos milênios atrás, os Antigos vieram de outros planetas e estabeleceram residência na Terra. Quando as estrelas estavam erradas eles não podiam viver, assim eles desapareceram sob o oceano ou voltaram aos seus mundos de origem onde usaram poderes telepáticos para comunicar-se com o homem. Central ao mito de Lovecraft, os Antigos formaram um culto e uma religião que adorava os aliens como deuses. Nas histórias, os Antigos pairam a meio caminho entre puros extraterrestres e verdadeiros deuses, como requer o enredo. Em seu romance “Nas Montanhas da Loucura“, ele escreveu que uma espécie dos Antigos criou o homem para servi-los, iniciando as primeiras civilizações humanas: Atlântida, Lemuria e Mu.

Lovecraft usou as mitologias suméria, egípcia e grega como base para os seus semideuses monstruosos. Ele disse que seu deus-mensageiro Nyarlathotep era um membro do panteão egípcio – a própria esfinge ou um grande faraó. Ele identificou o peixe-deus fenício Dagon (anteriormente Oannes) como o próprio Grande Cthulhu, e assim se tornou a primeira pessoa a ligar extraterrestres a religiões antigas. É interessante notar que Dagon é muitas vezes citado na Bíblia Sagrada nas seguintes partes para quem quiser conferir: Juízes 16:23, Samuel 5:2-7 e Crônicas 10:10. Entretanto Lovecraft nunca alegou que suas histórias eram qualquer coisa além de ficção, embora fizesse parecer ser as mesma muito reais.

August Derleth viria a designar o conjunto do trabalho produzido por Lovecraft e pelos escritores que seguiram o seu estilo como ele próprio por “Mitos de Cthulhu”. Cthulhu é uma criação do próprio Lovecraft de que falarei mais adiante, e que aparece naquele que é provavelmente o seu conto mais conhecido, “Call of Cthulhu”. Cada conto escrito por Lovecraft e seus seguidores constitui mais uma peça para enriquecer a imagem geral do que são os mitos. A melhor forma de os conhecer é obviamente pela leitura desses mesmo contos, mas tentarei dar uma idéia geral. Mas, o por que de tentar dar esta idéia geral, vocês devem estar se perguntando ao ler este site. Bem, a resposta é simples é para que vocês ao lerem a obra de Lovecraft pela primeira vez (como suponho que muitos o façam ao baixar os contos que transcrevi para o formato e-book neste site) vocês não pensem que o conto é um todo quando na verdade faz parte de um conjunto complexo. Foi apenas para dar uma noção que fiz esta seção neste site, tentar sistematizar toda a mitologia como tentou fazer Derleth só conduzirá a dados incompletos e críticas (como ele mesmo foi vítima na época). Vou tentar explicar melhor: Derleth e sites na web tentaram sistematizar algo meio que inconcebível, foram mais de 900 contos de diversos autores o que já complicaria muito as coisas. Mas, se nos concentrarmos mais nos trabalhos de Lovecraft que foi seu grande e inicial idealizador? Bem, isto também não seria bom, pois muitos dos temas que ele trabalhava também tiveram contribuição de outros ou mesmo vieram da troca de idéias e muitas das origens de determinado ponto da mitologia para ser corretamente catalogado deveriam partir para um grande pesquisa seja em contos destes autores ou de qualquer um dos outros que também trabalharam o tema. Entendem? A melhor forma de entender a mitologia e ter acesso a ela é ler as obras de Lovecraft e também, se possível, dos outros autores dos mitos a Chaosium tem muitas destas obras para venda em formato impecável. Fora isto, alguns contos que estão disponíveis aqui no Brasil são a base da mitologia citando alguns: “O Chamado de Cthulhu”, “Nas Montanhas da Loucura”, “Os Sonhos na Casa Assombrada”, “A História do Necronomicon”, só pra citar alguns.

Continuando a falar do mistos é possível dizer que é constante ao longo de todas as histórias a idéia de que a humanidade e o nosso planeta são uma “concha” de sanidade mental, imersa num universo completamente alienado, povoado por criaturas e raças poderosas, deuses estranhos e regido por leis completamente insondáveis e divergentes das leis naturais que conhecemos. Um homem exposto a esta realidade tem tendência a enlouquecer. A sanidade mental é vista como uma cortina que nos protege da realidade, permitindo que as sociedades humanas subsistam como as conhecemos, alheias à estranheza do universo que as rodeia. A personagem principal nas histórias de Lovecraft é tipicamente um cientista, investigador ou professor universitário que se vê confrontado das mais diversas formas com esta terrível realidade. Lembraram-se do filme Matrix? Pois, é acho que muito do que eles “criaram” com certeza tem como base os trabalhos de Lovecraft, Hodgson e Dunsany ou mesmo do artista de quadrinhos Grant Morrison criador dos “Invisíveis”, que alias chegou a processar os produtores do filme Matrix. Fiquei sabendo a pouco do trabalho deste artista e a pouco também procurei na minha cidade uma loja de HQ´s e pude comprovar falando com alguns e lendo algumas coisas que realmente o que propuseram no filme Matrix, e que causou sucesso, de novo não tem nada.

Outra idéia de base importante é a de que a maioria dos cultos e religiões humanas das mais diversas épocas e regiões do globo, sendo aparentemente dispersas, representem imagens distorcidas e por vezes complementares da verdadeira natureza do cosmos. Segundo a Mitologia de Cthulhu, diversas raças e entidades superiores teriam habitado a terra antes do homem, e diversas o farão depois que humanidade desaparecer. Algumas destas entidades superiores (como o próprio Cthulhu), dado o seu ciclo de vida inimaginavelmente longo, e a sua supremacia física e intelectual sobre o homem, são facilmente confundíveis com deuses. Cultos primitivos terão aparecido para adorar estes pseudo-deuses. Muitas das histórias dos mitos especulam sobre a subsistência desses cultos na atualidade, as suas atividades obscuras e as suas motivações incompreensíveis, criando um ambiente extremamente tenso e paranóico.

As histórias originais de Lovecraft têm na sua maioria como cenário os Estados Unidos dos anos 20 e início dos anos 30. Trata-se de uma época de grandes injustiças sociais, em que a classe baixa vivia na miséria e oprimida pela burguesia, enquanto que a classe alta usufruía de um estilo de vida luxuoso. A segregação racial era intensa e a lei seca encontrava-se em vigor, motivando o aparecimento de crime organizado em volta do tráfico de bebidas espirituosas. A terrível realidade dos Mitos de thulhu contrasta de uma forma bastante brutal e sugestiva com a futilidade dos interesses da classe alta.

Seguidamente irão ser descritos alguns elementos-chave dos mitos. Não sendo uma lista de forma alguma exaustiva, pretende apenas dar uma idéia geral do ambiente. Nas descrições que se seguem, e por comodidade, fatos completamente fictícios irão ser descritos como reais. É importante frisar aqui que vamos dar uma idéia geral, pois a entidades lovecraftianas são extensas e difíceis de serem sistematizadas, como falei. Lovecraft escreveu contos sem um ordem cronológica específica, de forma que o conjunto forma a mitologia seja a partir de suas criações ou de elementos do círculo. Por isto é mais interessante do que uma sistematização (aqui feita apenas para dar uma visão geral) é ler as obras sobres os mitos, aí sim ter contato com elas assim como elas foram criadas – dispersas, errantes, mas ao mesmo tempo dentro de uma linha de trabalho. Destas criações podemos citar algumas e alguns trabalhos em que há referências sobre as mesma eu coloquei em parênteses e preferi deixar os títulos originais em Inglês por que dependendo da tradução o título pode vir um pouco diferente e atrapalhar algum de vocês que um dia quiserem consultar algo a respeito:

 

Criação

Referências

 Azathoth

 (“The Dream-Quest of Unknown Kadath”, “The Whisperer in Darkness”, “The Dreams in the Witch House”).

 Hastur

 (“The Whisperer in Darkness”). Lovecraft tomou este termo emprestado de Robert W. Chambers, que por sua vez já havia tomado emprestado de Ambrose Bierce.

  Shub-Niggurath

(“The Last Test”, “The Dunwich Horror”, “The Mound”, “Medusa’s Coil”, “The Horror in the Museum”, “The Thing on the Doorstep”, “The Diary of Alonzo Typer”, “The Whisperer in Darkness”, “The Dreams in the Witch House”, “The Man of Stone”).

  Yog-Sothoth

 (“The Case of Charles Dexter Ward”, “The Dunwich Horror”, “The Horror in the Museum”, “Through the Gates of the Silver Key”).

 Tsathoggua

 (“The Mound”, “The Whisperer in Darkness”, “The Horror in the Museum”). Este termo é de criação de Clark Ashton Smith.

 Shoggoths  (“Sonnet XX, “Night Gaunts” in Fungi from Yuggoth, 1929-30″,”At the Mountains of Madness”, “The Shadow Over Innsmouth”, “The Thing on the Doorstep”).
  Nyarlathotep  (“Nyarlathotep”,”The Dream-Quest of Unknown Kadath”,”The Dreams in the Witch House”,”The Haunter of the Dark”)
  Night-gaunts  (“The Dream-Quest of Unknown Kadath”).
  Elder Things    (“At the Mountains of Madness”).
 Chaugnar Faugn   (“The Horror in the Museum”). Esta é uma criação de Frank Belknap Long.
   Mi-Go (“The Whisperer in Darkness”).
 Great Race  (“The Shadow Out of Time”).
 Ghouls  (“Pickman’s Model”
   Deep Ones  (“The Shadow Over Innsmouth”).
    Dagon  (“Dagon”, “The Shadow Over Innsmouth”).
  Cthulhu

 (“The Call of Cthulhu”).

 

Nas palavras do próprio Lovecraft sobre os Mitos de Cthulhu, ” basea-se na idéia central de que o nosso mundo foi povoado por outras raças que, por praticar magia negra, perderam suas conquistas e foram expulsos, mas vivem num lugar exterior, dispostos a todo o momento a voltar e se apoderar da Terra”.  Muitas vezes confundidos com deuses menores, os great old ones são provavelmente seres vivos incrivelmente poderosos, com ciclos de vida espantosamente longos. Especula-se sobre se pertencerão todos a uma ou várias raças cujos elementos se encontram dispersos pelo universo. A variedade do seu aspecto parece excluir a possibilidade de pertencerem todos à mesma raça. Os seus propósitos são mais compreensíveis do que os dos deuses exteriores, estando interessados em colonizar planetas. É freqüente um great old one liderar um povo de uma raça menos poderosa. Na terra existem cultos dispersos a vários destes seres, principalmente Cthulhu.O necronomicon, ou livro dos mortos, nos conta a existência dos “Grandes Antigos”, entidades vindas do espaço que dominaram a Terra primordial,  muito antes da existência dos seres humanos. Essas entidades foram derrotadas pelos outros deuses mais antigos chamado por Derleth de “Deuses Arquépticos” e foram expulsos do planeta Terra.

 

Existem seis “Grandes Antigos”:

  • Azathoth: Origem do nome:do árabe Izzu Tahuti, que significa “poder de Tahuti”, provavelmente uma alusão à divindade egípcia Thoth. Azathoth é o “Sultão Demoníaco”, o mais importante dos deuses exteriores. Fisicamente é uma massa gigantesca e amorfa de caos nuclear, sendo incrivelmente poderoso mas completamente desprovido de inteligência. A sua “alma” é Nyarlathotep, o mensageiro dos deuses. Azathoth passa a maior parte do tempo no centro do universo, dançando ao som de deuses menores flautistas. A maior parte das suas aparições em locais diferentes deste estão relacionadas com catástrofes gigantescas, como é o caso da destruição do quinto planeta do sistema solar, que é hoje o cinturão de asteróides.
  • Nyarlathotep: Origem do nome: do egípcio Ny Har Rut Hotep, que significa “não existe paz na passagem”. Nyarlathothep é a alma e o mensageiro dos deuses exteriores. É o único deles que tem vindo a travar contatos com a humanidade, mas os seus objetivos são imperscrutáveis. Possui um inteligência inimaginável e um sentido de humor mórbido. Consegue adotar centenas de formas físicas distintas, podendo parecer um homem vulgar ou uma monstruosidade gigantesca. Especula-se que um faraó obscuro da IV Dinastia do Egito dinástico fosse Nyarlathotep “em pessoa”. A própria esfinge seria uma representação em tamanho natural de uma outra forma de Nyarlathotep. Foi o único que, com suas astúcia, escapou do castigo general, e conspira para o retorno dos seus companheiros.
  • Cthulhu: Origem do nome: Deterioração pelos gregos da palavra árabe Khadhulu, que significa “aquele que abandona”. No Alcorão existe a seguinte passagem: 25:29 – “Para a Humanidade Satan é Khadulu”. O mais conhecido dos great old ones e das criações de Lovecraft, Cthulhu é um ser gigantesco e vagamente humanóide, com asas e tentáculos de polvo na boca. Chegou à terra milhões de anos antes do aparecimento do homem e povoou-a com a sua raça de deep ones, seres humanóides anfíbios. Construiu a gigantesca cidade de R’lyeh onde é hoje o oceano pacífico. Daí comandou o seu império, até ao dia em que as estrelas atingiram um alinhamento que o obrigou a entrar em letargia. Cthulhu dorme na sua cidade entretanto submersa por água, aguardando o dia em que a posição das estrelas lhe permita voltar à vida e de novo reinar sobre a Terra. Cthulhu é capaz de comunicar por sonhos enquanto dorme, influenciando alguns seres humanos mais sensíveis durante o sono. Diversos cultos tentam apressar o seu regresso, mas ele próprio não parece ter muita pressa. Especula-se que esta longa hibernação seja uma característica normal do seu estranho ciclo biológico.

 

  • Yog-sothot: é o veículo do caos, a manifestação exterior do caos primitivo.
  • Hastur: a manifestação da voz a força do caos.
  • Shub-niggurath: é o único com representação definida e humanamente acessível, é o poder dos “Grandes Antigos” manifestado na esfera terrestre, vulgarmente o deus das feiticeiras nos sabás.

Fora isto em nosso planeta e em outras dimensões do espaço-tempo existem espécies de monstros associados a isto e grupos de adoradores humanos cujo propósitos é despertar a estes entes extraterrestre. Três destas raças são os Cachorros de Tindalos, os necrófagos de Ghouls e os adoradores de Dagon na cidade de Innsmouth.

 

Outros elementos presentes na mitologia:

 

Necronomicon

 

Constituindo uma verdadeira “bíblia” dos mitos, o necronomicon foi originalmente escrito por Abdul Alhazared um árabe louco e visionário de cuja vida pouco se sabe, exceto que terá visitado alguns dos lugares mais desolados do globo terrestre. Escrito originalmente em árabe, o necronomicon foi mais tarde traduzido para grego (onde ganhou o seu nome atual), latim e inglês. Na atualidade não existirão mais do que duas ou três cópias deste livro, citando a “História do Necronomicon”: “…dos textos latinos agora existe um (século XV) está guardado no Museu Britânico, enquanto outra cópia (século XVII) está na Biblioteca Nacional de Paris. Uma edição do século XVII está na Widener Library em Harvard, e na Biblioteca da Universidade de Miskatonic em Arkham. Além disto na Biblioteca da Universidade de Buenos Aires. Numerosas outras cópias provavelmente existem em segredo, e uma do século XV existe um rumor persistente que forma parte da coleção de um célebre milionário norte americano”. Revelando alguns dos mais terríveis segredos dos mitos, a sua leitura provoca graves perdas de sanidade mental a quem alguns que o lêem. Lovecraft embora afirmou, por carta, certa vez que criou o necronomicon baseado em um sonho que teve, acredita-se que ele se inspirou no Liber Logaeth, o grimório real do Dr. John Dee.

Estes grimório não existe e nunca existiu e as descrições acerca do mesmo são de autoria de Lovecraft, o verdadeiro idealizador do necronomicon. O necronomicon nem como um livro cem por cento escrito foi criado por Lovecraft, pois o mesmo dizia ser o mesmo desconhecido. Com a morte de Lovecraft a coisa ganhou tal proporção que muitos forjaram cópias na internet de versões falsas do necronomicon algumas mais complexas outras menos e que em nada acrescenta de útil. É até engraçado algumas, certa vez li uma famosa que dizia a despeito de uma ligação do ocultista Aleister Crowley e Lovecraft – pode isto? Os contos que citam o necronomicon (e são muitos) constituem uma das partes mais interessantes da mitologia. Tem até um filme muito bom, baseado nos trabalhos de Lovecraft que recomendo sobre o tal livro que é o filme “Uma Noite Alucinante” (no E.U.A como “Evil Dead 2”), prefiram assistir a parte 2 que nada mais é do que uma refilmagem. Este filme conta a história de um grupo de jovens que vai acampar numa cabana no meio da floresta e lá encontram o necronomicon e ao ligarem um gravador com onde estava gravado passagens do livro, libertam espíritos malignos da floresta. Pode-se encontrar muito informação sobre o necronomicon no conto: “Os Sonhos na Casa Assombrada” e “O Horror de Dunwich” entre tantos outros. Esclarecendo novamente (em vista da confusão presente na web): o necronomicon nunca existiu como livro, o mesmo para a mitologia lovecraftiana, que como o necronomicon pertencem ao mundo da fantasia e nada mais! Fora este livro imaginário também existiam outro como The King in Yellow.

Arkham

Trata-se de uma pequena cidade universitária perto de Boston, na Nova Inglaterra. Atravessada pelo rio Miskatonic, é nela que vivem muitos dos heróis das histórias de Lovecraft. Aliás, a Universidade de Miskatonic é palco de muitas de suas aventuras. Fundada por pioneiros ingleses da colonização do continente americano, Arkham é assombrada pelas memórias do tempo das bruxas e dos ritos sombrios. Alguns dos sótãos desta cidade ocultam ainda hoje segredos terríveis.

Yuggoth

 

Ainda antes da descoberta oficial de Plutão, o último planeta do sistema solar, já Lovecraft escrevia sobre Yuggoth, um pequeno planeta sólido com a sua órbita exterior à de Neptuno. Yuggoth é a terra natal de uma raça de criaturas terríveis, os Fungos de Yuggoth, que são seres insectóides da dimensão de um homem com a capacidade de voar através do vácuo inter-planetário, e donos de uma tecnologia incrivelmente avançada. Os Fungos de Yuggoth vagueiam por todo o sistema solar, incluindo a Terra, com propósitos desconhecidos.

 

A impossibilidade de uma definição

Existe bastante polemica sobre se os Mitos de Cthulhu podem ser considerados uma verdadeira mitologia, ou mesmo uma pseudo-mitologia. Tendo todas as características de uma qualquer outra mitologia, desde um panteão de deuses a um conjunto de lendas (os contos de Lovecraft e outros), foram criados de uma forma perfeitamente artificial e intencional por um conjunto restrito de escritores. Não tiveram a sua gênese nas tradições e crenças de uma civilização, como seria normal numa mitologia. As obras desta mitologia fazem constantemente referências a elementos presente em outros livros, por isto é muito comum vermos termos como: Arkham (a principal cidade-palco de suas histórias), Universidade de Mistakatonic, a vila mal assombrada de Innsmouth, e outras coisas mais presentes em muitas de suas histórias.

August Derleth, autêntico embaixador da obra de Lovecraft e defensor da idéia de considerar os Mitos de Cthulhu uma mitologia, tentou de certa forma a sua sistematização. Procurou determinar que contos de Lovecraft e outros pertenciam aos mitos, e esclarecer aspectos focados de uma forma vaga e imprecisa nessas histórias. Chegou a pretender associar algumas entidades dos mitos com os quatro elementos naturais: ar, água, terra e fogo.

Lin Carter, no seu ensaio “Deamon-Dreaded Lore”, considera que este tipo de sistematização é negativa na medida em que faz desaparecer o fator que considera mais importante nas histórias de Lovecraft: o medo do desconhecido e do incompreensível. Na sua opinião Lovecraft descreve de forma vaga muitos aspectos dos mitos propositadamente, para criar uma aura de mistério e tensão. Os contos de Lovecraft abordam freqüentemente o confronto de seres humanos com realidades e desígnios totalmente alienígenas, e que não para eles compreensíveis.

De forma um pouco marginal ao núcleo central do seu trabalho, e sob a influência de Lord Dunsany, Lovecraft escreveu algumas histórias oníricas, passadas numa dimensão de sonhos, as dreamlands. A história central deste ciclo é “À Procura de Kadath” e narra as aventuras de Randolph Carter (alter-ego de Lovecraft e seu grande personagens de muitos trabalhos), um homem que quando sonha se vê transportado para um outro plano de existência, semelhante a uma terra medieval povoada de criaturas fantásticas. As dreamlands são aparentemente um lugar de paz e tranqüilidade, habitado por criaturas próprias do imaginário infantil. Este sonho pode por vezes transformar-se em pesadelo, dando lugar aos mais horríveis monstros e criaturas. Embora de uma forma dispersa, Lovecraft estabelece algumas relações entre estas dreamlands e o corpo central dos mitos.

Alguns contos de Lovecraft definitivamente não fazem parte dos mitos como por exemplo “A Arvore” e “Os Gatos de Ulthar”, mas que não deixam de forma algum de ter um excelente qualidade.

Existem ainda alguns paralelismos que podem ser traçados entre a vida de Lovecraft e alguns aspetos dos mitos. Desde muito pequeno que Lovecraft gostava de ler as “Mil e Uma Noites”, fascinando-o especialmente um personagem árabe misterioso. A analogia com o necronomicon e Abdul Alhazared é inevitável, tanto que era por este nome que ele gostava de ser chamado quando criança. A sua repulsa por peixe e comida marinha faz lembrar “A Sombra sobre Innsmouth”, onde a decadente população da cidade pesqueira de Innsmouth tem estranhas relações com os deep ones, anfíbios humanóides que imitem um repugnante odor a peixe. Falando nisto tem um filme muito interessante sobre Lovecraft que se chama “Dagon” ele é baseado no conto de mesmo nome e na “A Sombra… é um dos poucos filmes bons do mestre dando um boa idéia dos mitos (Necronomicon, Dagon, Re-Animator, Evil Dead 2, pra mim são os melhores filmes, mas existem outros – inclusive porcarias), este e tantos outros é fácil baixar no e-mule ou em qualquer programas de p2p na web e depois é só baixar as legendas em sites especializados. Voltando… Lovecraft é atormentado por sonhos desde pequeno, e a sua mais famosa criação, Cthulhu, tem a capacidade de influenciar os sonhos dos humanos. Além disto temos ainda um ciclo inteiro de histórias dedicadas às suas terras de sonhos, as dreamlands. Também é notório a influencia que exerceu Lord Dunsany com sua mitologia fantástica e também William Hope Hodgson e suas aventuras marinhas.

O fim do Círculo de Lovecraft

 

Os vários autores dos mitos seguiam um acordo tácito de criar nas suas histórias um ou dois deuses exteriores, um great old one, um tomo arcano e uma cidade assombrada por cultos obscuros e lendas sombrias. Com pequenas variações, os diversos elementos do círculo cumpriam as “regras do jogo” ao escrever para os Mitos de Cthulhu.

Era muito freqüente os membros do círculo “brincarem” uns com os outros colocando referências a outros autores dos mitos de uma forma mais ou menos explícita nas suas histórias. Em 1935 Robert Bloch pediu autorização a Lovecraft para o utilizar como personagem principal num conto. Lovecraft concorda e Bloch torna-o o herói em “O Bamboleiro das Estrelas”, matando-o no fim da história às mãos de um monstro alienígena. Lovecraft obtém a sua vingança “matando” Robert Blake, um alter-ego de Bloch em “O Caçador do Escuro”. O autor do tomo “Cultes des Goules” imaginado por Bloch, Comte D’Erlette, é uma alusão clara a August Derleth. O nome Klarkash-Ton, de alto-sacerdote da Atlântida num conto de Lovecraft, constitui uma paródia a Clark Ashton Smith. Vários outros exemplos poderiam ser citados…

Edmund Wilson criticou e ridicularizou mesmo Lovecraft por este usar muita adjetivação na sua escrita. Era considerado que um bom conto de ficção não deveria socorrer-se de muita adjetivação, mas que os próprios acontecimentos e descrições é que deviam sugestionar o leitor. Se uma visão é horrível, o próprio leitor deveria aperceber-se disso, nunca deveria explicitamente ser dito: “a visão é horrível”. O que é fato é que tanto Lovecraft como diversos dos seus seguidores mantiveram sempre o uso de adjetivação muito rica, o que se tornou uma característica distintiva dos contos dos mitos. Em sua defesa Robert Price considera que estes adjetivos podem ter um efeito quase hipnótico no leitor, despertando a sua própria noção dos conceitos que encerram e inflamando a sua imaginação.

A morte de Lovecraft constituiu um choque para os elementos do círculo, assim como uma surpresa, visto que este não lhes tinha dado qualquer indicação na sua correspondência de que estivesse doente. Este acontecimento causou uma quebra temporária no trabalho relacionado com os mitos. Citando Robert Bloch, “o jogo tinha perdido toda a piada”. Nos anos 40 e 50, Robert Bloch, James Wade e August Derleth continuaram a escrever histórias dos mitos. Em 1964 Ramsey Campbell, um jovem escritor britânico, dá a sua contribuição com o apoio de Derleth. Em 1971 ainda outro britânico, Brian Lumley, junta-se ao grupo. O círculo não morrera verdadeiramente com Lovecraft, subsistindo de uma forma dispersa até aos dias de hoje.

Fonte: www.sitelovecraft.cjb.net

Denilson, sitelovecraft.cjb.net

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/mitos-de-cthulhu/