O caso Yakima

Um hexágono  voador pilotado por um homem com cara e italiano perto de Yakima em 1928, um anão cabeludo com nariz grande, capaz de atravessar paredes na Califórnia, e um encontro extraordinário em uma região remota da Argentina, com um gigante e um pequeno robô: são todos casos onde falei com testemunhas oculares, sem conseguir uma explicação. As testemunhas são indivíduos retraídos , sinceros, que não buscam a fama ou vantagem financeiras com suas experiências. Nenhum fato em suas vidas indica um padrão de incidentes inusitados ou interesse pela paranormalidade. Nenhum destes casos foi mencionado na imprensa.

Um cético tem direito a sua opinião , pode pensar que todas estas pessoas estavam mentindo ou sofrendo de alucinações , mas esta explicação não me convence. Tampouco acredito na interpretação literal dos entusiastas por OVNIs, para quem os diversos seres vistos pelas testemunhas devem ser considerados automaticamente visitantes de outros planetas.

Neste aspecto, o fenômeno dos OVNIs funciona como um transformador da realidade ( ou, na definição de Bertrand Meheust, modificador da realidade ) , provocando nas testemunhas uma série de situações simbólicas que se tornam indistinguíveis da realidade. Estas situações , que frequentemente se iniciam por uma série atordoante de luzes coloridas piscando ou de extraordinária  intensidade, induzem a um estado de profunda confusão nos envolvidos , que se tornam vulneráveis à inserção de novos pensamentos e experiências visuais inéditas.

A resposta dos ufologistas à confusão dos sequestrados tem sido desastrosa . Ao aceitar literalmente as manifestações
simbólicas, e ao hipnotizar  as testemunhas em um esforço para solucionar a confusão, muitos pesquisadores bem-intencionados acabaram , na verdade , por reforçar a realidade alternativa induzida pela visão do OVNI, desta maneira exacerbando o que pode muito bem ser apenas um efeito colateral , perdendo de vista  a experiencia principal. A hipnose , que pode ser uma técnica investigativa  muito proveitosa , infelizmente se tornou uma obsessão fanática dos pesquisadores  norte-americanos da atualidade. Neste processo, pesquisadores  sem treinamento em hipnose clínica criaram indubitavelmente falsas lembranças precedidas pelo fornecimento de pistas sutis. As falsas lembranças podem satisfazer os ufologistas ansiosos por explicações simples e factuais da condição dos OVNIs, tidos como naves interplanetárias, mas não passam de resultados espúrios. O procedimento pode ser danoso às testemunhas , que forçam artificialmente a experiência com os OVNIs a uma integração impossível com a memória consciente, tentando encaixar a peça redonda da visita extraterrestre no buraco quadrado de sua propria confusão. Conforme disse uma testemunha em uma carta que recebi:

O senhor faz muito bem em prevenir as pessoas quanto ao perigos da manipulação. . . As vitimas de sequestros são
extremamente vulneráveis à manipulação cara a cara , o que pode levar ao controle quase total sobre o individuo. Os humanos estão assumindo o controle das pessoas no ponto onde os alienigenas pararam.

Conheço diversas testemunhas que foram hipnotizadas vezes seguidas, frequentemente na presença de outros “sequestrados“. Elas se tornaram incapazes de distinguir entre a realidade e o sonho, sendo conduzidas  a um reino onde suas fantasias e terrores particulares são na verdade estimulados a se unirem ao encontro traumático e confuso com um OVNI. A sensação precária de bem-estar gerada desta forma é perigosa e ilusória.

O padrão que se criou em torno dos sequestros por OVNIs lembra as teorias medievais sobre sequestros por demonios , pactos com Satã e vôos no Sabbat , incluindo-se a marca do diabo no corpo das feiticeiras. Conforme  o sociologo frances Pierre Lagrange observou em uma conversa comigo, o unico elemento que falta é o familiar   —   o gato preto ou a coruja usados para acompanhar as bruxas!

A regressão hipnótica dos sequestrados não é o tipo de medida ativa que precisamos . Em vez disso, devemos considerar os OVNIs como um transformador da realidade , e pesquisar cuidadosamente o processo simbólico provocado  na mente da testemunha . Quando utilizada por um profissional capacitado, a hipnose fornece alguns elementos valiosos  para analise da experiencia, mas não a explica.

Em 1978 tive a oportunidade de encontrar outra testemunha cujo sofrimento lança uma nova luz a questão dos sequestros e a natureza dos seres a eles associados. Também esclarecer a escandalosa conduta antiética e amadoristica de alguns dos cientistas que foram encarregados de avaliar o fenomenos.

No dia 3 de dezembro de 1967 o sargento Herbert Schimer realizava uma patrulha perto de Ashland , no Alasca, às 2h30 – numa noite límpida , sem luar   —   quando avistou luzes vermelhas , que imaginou pertencerem a um caminhão. Quando foi verificar , contudo, notou que as luzes vinham das janelas de um objeto em forma de disco que pairava sobre a rodovia . Sua lembrança consciente seguinte foi de um aparelho brilhante iluminado que subia com um som de sirene , enquanto soltava um material cor de fogo da parte inferior. Ele teve sensação de paralisia naquele momento, ficou nervoso, enjoado e fraco quando voltou ao quartel.

O dr. Leo Sprinkle  , da Universidade do Wyoming, foi um dos primeiros  psicologos profissionais a mostrar interesse pelos sequestros feitos por OVNIs  e a usar a hipnose como recurso investigativo. Quando se encontrou com membros do comite Condon, que havia sido organizado pela Força Aérea na Universidade do Colorado, em 1968, ele repassou alguns casos que poderiam ser utilizados como exemplo. O comite escolheu o caso Schirmer em função da perda  de sentindo do tempo por parte da testemunha.

O sargento Schirmer foi a Boulder para uma série de testes psicológicos, e pediu para falar com o professor Condon. Ele fora convencido a fazer a viagem por causa de sua importancia cientifica potencial. Recebera garantias de que havia um interesse verdadeiro em sua visão , e que o professor Edward Condon , um fisico famoso, estaria presente pessoalmente na sessão.

Infelizmente o professor Condon não se encontrava no campus na época, e o comite científico se deu conta de que o truque usado para atrair o sargento e realizar os testes corria o risco de ser desmascarado. Assim, conforme relatou o sargento Schirmer , eles apresentaram outra pessoa e disseram que era o professor Condon.

Schirmer não era nenhum idiota. Durante a entrevista alguém entrou na sal e dirigiu-se ao “professor Condon”, chamando-o pelo primeiro nome, algo como “Ed” ou “Edward”, Schirmer desafiou o cientista:

—    Voce não é Condon!   —   gritou, e uma cena muito constrangedora ocorreu.

Dali para a frente a credibilidade da Universidade do Colorado , aos olhos da testemunha , era praticamente nula . Quando recebeu manchas de tinta e o pedido de dizer o que via ali, ele declarou o óbvio: via manhcas de tinta.

—    Bem, não pode imaginar que sejam qualquer outra coisa?   —   sugeriu um dos psicólogos.

—    Doutor , sou um policial    —    Schimer retrucou.     — Não sou obrigado a imaginar nada. Fui treinado para relatar fatos reais.

Schirmer me  falou que tinha medo de começar a dizer que via borboletas ou elefantes copulando nas manchas, levando os cientistas a concluir que ele era maluco, que poderia muito bem ter vistos discos voadores onde havia apenas um monte de nuvens.

Duarante nosso encontro , perguntei ao sargento Schirmer quais foram as consequencias para a sua saude, como resultado  do encontro com o OVNI. No momento da experiencia a testemunha sentiu um “formigamento” no corpo, por alguns segundos , e uma dor localizada na base da orelha  , como se uma agulha tivesse sido introduzida ali.  Surgiu uma mancha vermelha , com pequenos orificios  , no local. Durante três anos, após o incidente , ele sentiu fortes dores de cabeça , que duravam  duas horas e não eram aliviadas por aspirina. Nas três primeiras semanas  depois da  visão as dores de cabeça o acordavam.

O dr. Sprinkle notou que após a visão a testemunha tomou duas xícaras de café quente, quase fervendo, “como se fosse agua”. Ele frequentemente sentia “uma tontura e um zunbido no ouvido, antes de dormir , e disturbios violentos durante o sono”.

O sargento Schirmer fez um desenho detalhado , a lápis , de um dos “operadores” do aparelho , conforme suas lembranças durante a hipnose. O desenho mostra um homem severo, com um pedaço de pano preto cobrindo a cabeça. A abertura do rosto tem forma de ogiva, o que lhe dá uma aparencia gótica. A testa tem rugas. Os olhos, nariz, boca e sombrancelhas são do tamanho normal, embora as pupilas sejam grandes  e alongadas, dando aos olhos um aspecto penetrante, estranho. Na orelha  esquerda há um aparelhinho redondo, com uma pequena antena, medindo menos de 5 centimetros. E no ombro direito uma insignia, com uma serpente encaracolada.

Schirmer lembra que foi retirado do carro patrulha, sem conseguir usar o rádio ou a arma. Foi levado para dar uma volta no disco. O operador perguntou:

—    Voce é o vigia deste lugar?

Quando atingiram a parte superior do aparelho, o homem disse a Schirmer:

—    Vigia, um dia você verá o Universo!

Na época de nosso encontro , e por muitos anos , após o evento , este dialogo com o operador foi considerado por Schirmer como o acontecimento mais importante de sua vida.

Os encontros com OVNIs são cenários completos , nos quais a personalidade das testemunhas se projeta. Como nos filmes que aterrorizam, fazem rir, chorar ou suar de medo, a experiencia se torna parte da realidade da testemunha. Os ufologistas se comportam como pesquisadores sociais que, ao tentar compreender o fenomeno do cinema, entrevistam pessoas ao acaso, e aceitam seu testemunho  de acordo com as aparências. Como as testemunhas de OVNIs, estas pessoas não mentem . Algumas viram Godzilla , outras viram Bambi. A experiencia, em qualquer um dos casos , foi real para elas.

Mas a realidade sobre a qual devemos concentrar a atenção, a realidade que os pesquisadores de OVNIs frequentemente ignoram , é que existe um projetor oculto em uma pequena sala escura, perto do teto. Nesta sala, a tecnologia pode transmitir as imagens tanto de Bambi e Godzilla quanto Guerra nas Estrelas e, obviamente , Contatos Imediatos.

Como a tecnologia do cinema, a tecnologia dos OVNIs é um metasistema. Ela gera qualquer fenomeno apropriado para nosso nível, em uma dada época, em uma determinada condição do “mercado”.

Como Bertrand Meheust provou de modo brilhante , o cenário simbólico visto pelos sequestradores é identico ao tipo de iniciação ritual ou viagem astral que se encontra enraizada em todas as culturas. Neste sentido , a experiencia com os OVNIs é o detonador real que liberta uma série de imagens poderosas que carregamos em nosso “inconsciente coletivo” ( na nomeclatura junguniana). Inútil perguntar por que algumas testemunhas enxergam gigantes e outras anões, por que alguns sequestros são benignos e outros nocivos, por que em determinados encontros as vítimas encontram tecnologia sofisticada e em outros ocorrem estupros e outras indignidades.

Enquanto nossos colegas ufologistas ficam na caçada entrevistando os frequentadores do cinema, eu (Jacques Vallée ) acredito que as perguntas importantes devem ser feitas em outro lugar. Minha pesquisa conduziu à escada dos fundos, onde ninguem sobe. Meu objetivo é penetrar no segredo da pequena cabine de projeção, e descobrir finalmente o que faz os rolos se moverem e a máquina funcionar.
Extraido do livro Confrontos  de Jacques Valleé  –  Editora Best Seller

Postagem original feita no https://mortesubita.net/ufologia/o-caso-yakima/

Eliphas Levi

Eliphas Levi Zahed é tradução hebraica de Alphonse Louis Constant, abade francês, nascido no dia 8 de fevereiro de 1810 em Paris. O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, era filho de um modesto sapateiro, Jean Joseph Constant e de Jeanne-Agnès Beaupurt, de afazeres domésticos. Possuía uma irmã, Paulina-Louise, quatro anos mais velha do que ele. Apesar de mostrar desde menino aptidão para o desenho, seus pais encaminharam-no para o ensinamento religioso.

Foi assim que aos dez anos de idade ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em L´lle, onde aprendeu o catecismo sob a direção do abade Hubault selecionava os garotos mais inteligentes, que demonstravam alguma inclinação para a carreira eclesiástica. Desse modo, Eliphas foi encaminhado por ele ao seminário de Saint-Nicolas du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios(1). A vida familiar cessou para ele a partir desse momento. No seminário, teve a oportunidade de aprofundar-se nos estudos lingüisticos e aos dezoito anos já era capaz de ler a bíblia em seu texto original.

Em 1830, foi transferido para o seminário de Issy para cursar Filosofia. Dois anos mais tarde, ingressou em Saint-Sulpice para estudar Teologia. Foi em Issy que escreveu seu primeiro drama bíblico, intitulado Nemrod; no grande seminário de Saint-Sulpice criou seus primeiros poemas religiosos, dotados de uma grande beleza.

Após seu curso de Teologia, Eliphas ingressou nas ordens maiores, sendo ordenado sub-diácono e encarregado de ministrar o catecismo para meninas. “Esse ministério, diz Eliphas, tão poético e tão suave, foi para mim muito agradável; parecia-me que eu era um anjo de Deus, enviado a essas crianças para iniciá-las na sabedoria e na virtude; as palavras tornavam-se abundantes para elas em meus lábios, pois meu coração estava repleto e tinha necessidade de expandir-se(2)”.

Nosso jovem Alphonse são tardou a sentir o despertar em seu interior da força de sua juventude asceticamente reprimida desde a adolescência. Um dia, quando estava ensinando o catecismo às meninas, alguém chamou-o à sacristia. Era uma senhora, com uma jovem pálida e tímida, que pediu a Eliphas que a preparasse para a primeira comunhão. Outros padres tinham recusado por ser ela pobre e a filha doente e tímida. Eliphas não só aceitou a tarefa, como prometeu tratá-la como filha. A menina, que se chamava Adele Allenbach, de uma beleza pura e cândida, pareceu a Eliphas ser a imagem da própria Virgem Maria. Essa beleza juvenil correspondeu para ele a uma “iniciação a vida”, pois amou-a ternamente como se fosse uma deusa.

Eliphas Levi foi ordenado diácono em 19 de dezembro de 1835; em maio de l836 teria sido ordenado sacerdote se não tivesse confessado a seu superior o amor que devotava à jovem. Suas convicções religiosas receberam um choque tão grande, que Eliphas sentiu-se jogado fora da carreira eclesiástica.

Após 15 anos de estudos, Eliphas deixou o grande seminário para ingressar no mundo, tinha então vinte e seis anos de idade. Sua mãe, ao saber disso, suicidou-se. Abalado, sem experiência do mundo, teve muitas dificuldades para encontrar um emprego. Essa dificuldade aumentava ainda mais pelo boato que correu, segundo o qual teria sido expulso do seminário. Após ter percorrido o interior da França, trabalhando em um circo, Eliphas encontrou em Paris alguns trabalhos como pintor e jornalista. Fundou, com seu amigo Henri-Alphonse Esquirros(3), uma revista denominada “As Belas Mulheres de Paris”, na qual aplicava-se como desenhista e pintor e Esquirros como redator.

Mas, apesar desse pequeno parêntese em sua vida, Eliphas não tinha perdido sua inclinação para a vida religiosa. Despedindo-se de Esquirros, partiu em 1839 para o convento de Solesmes, dirigido por um abade rebelde. Eliphas aí encontrou uma biblioteca com mais de 20.000 volumes, iniciando-se na leitura dos antigos Padres da Igreja, dos Gnósticos e de alguns livros ocultistas, principalmente os da Senhora Guyon: “A vida e os escritos dessa mulher sublime, diz-nos Eliphas, abriram-me as portas de inúmeros mistérios que ainda não tinha podido penetrar; a doutrina do puro amor e da obediência passiva de Deus desgostaram-me inteiramente da idéia do inferno e do livre arbítrio; vi Deus como o ser único, no qual deveria absorver-se toda personalidade humana. Vi desvanecer o fantasma do mal e bradei: um crime não pode ser punido eternamente; o mal seria Deus se fosse infinito!”(4).

Eliphas vislumbrou, através do Spiridion e de outros escritos dessa autora, o reino futuro do Espírito Santo, o trabalho do homem de amanhã. O Cântico dos Cânticos lhe foi revelado; compreendeu por que em teologia a esposa tinha preferência em relação a mãe. Ficou imensamente feliz ao compreender que todos os homens poderiam ser salvos.

Partiu de Solesmes sem dinheiro, sem roupas, mas com uma profunda paz no coração. Não acreditava mais no inferno!(5).

Eliphas Levi passou, então, de emprego em emprego, sempre perseguido pelo clero que via nele um apóstata. Foi então que escreveu sua Bíblia da liberdade, desejando dividir com seus irmãos as alegrias de suas descobertas (1841). Essa publicação custou-lhe oito meses de prisão e 300 francos de multa! Foi acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contra as bases da sociedade, de propagar o ódio e a insubordinação.

Foi mais ou menos por essa época que conheceu os escritos de Swedenborg. Segundo Eliphas, tais escritos não contêm toda a verdade, mas conduzem o neófito com segurança na senda.

Saindo da prisão, realizava pequenos trabalhos, principalmente pintura de quadros e murais de igrejas e colaborações jornalísticas. Apesar dos contratempos materiais, não deixou jamais de aperfeiçoar seus conhecimentos e enriquecer sua erudição. Foi após Swedenborg que encontrou os grandes magos da Idade Média, que o lançaram definitivamente no Adeptado: Guillaume Postel, Raymond Lulle, Henry Corneille Agrippa. Assim em 1845, aos trinta e cinco anos de idade, escreveu sua primeira obra ocultista, intitulada O livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.

Em 13 de julho de 1846 casou-se com Marie Noémi Cadiot, matrimônio que durou sete anos. Esse casamento foi para ele um suplício. Instigado pela mulher, lançou-se a escrever panfletos políticos, resultando-lhe um segundo período de cárcere. Em 3 de fevereiro de 1847, foi condenado a um ano de prisão e ao pagamento de mil francos de multa, acusado de levar o povo ao ódio e ao desprezo do governo imperial. Sua mulher, grávida, percorreu os mistérios a fim de obter a redução da pena imposta a seu marido, o que conseguiu após seis meses.

Em 1847, sua esposa deu à luz uma menina, que faleceu em 1854, para desespero de seu pai, que a adorava. Era uma criança muito doente e esteve várias vezes à morte. “Um dia, diz o Mestre, trouxeram-me essa pobre criança agonizante, porque não ouso dizer morta, por uma estúpida mulher que Noemi, incapaz de ser mãe, tinha admitido como ama-de-leite. A criança estava fria; o coração e o pulso não batiam mais. Noemi, que não soube cuidar dela como devia, estava furiosa, dizendo que mataria o filho da ama-de-leite (que mulher eu tinha, grande Deus!). Para apaziguá-la, jurei-lhe que a menina não estava morta. Transportei o pobre corpo para a cama e coloquei-o sobre meu peito; assoprei ao mesmo tempo em sua boca e em suas narinas; senti que ela começava a se destorcer. Peguei em seguida um pouco de água morna e bradei: Maria! Si quid est in baptismate catholico regenerationis et vitae, vive christiana! Ego enim te baptizo en nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Meu amigo, não vos conto um sonho: a criança abriu imediatamente seus grandes olhos azuis espantados e sorriu… Levantei-me precipitadamente com um grande grito de alegria e conduzi-a aos braços de sua mãe, que não podia acreditar no que estava vendo”. (6)

A Vontade, a Fé, o poder do Verbo Humano, juntos, operam as maravilhas da Natureza que os profanos denominam milagre…

Em l848, Eliphas Levi fundou um clube político, denominado Clube da Montanha, com fins eleitorais, no qual era presidente; Noemi Constant era a Secretária e Esquirros um dos vice-presidentes. Para sorte dos ocultistas, somente Esquirros foi eleito Deputado para a Assembléia Nacional (1849). Em 1851, Esquirros partiu para o exílio, na Inglaterra, onde escreveu uma série de obras, sendo uma delas de cunho ocultista, apesar de seu título (O Evangelho do Povo). Entre os discípulos de Esquirros contava-se Henri Delaage, Iniciador de Papus, em 1882 na Sociedade dos Filósofos Desconhecidos, entidade que provém de Louis Claude de Saint-Martin. Foi a partir desse episódio que Eliphas Levi abandonou integralmente sua obra social, para dedicar-se exclusivamente ao Ocultismo.

“Na Bíblia da Liberdade, explica-nos Eliphas, saudamos o gênio da revolução, do progresso e do futuro. Na festa de Deus, Assunção da Mulher e Emancipação da Mulher procuramos explicar nossa religião materna. Na Última Encarnação demonstramos o papel do Cristo sobre a terra e saudamos o gênio do Evangelho, marchando à frente do progresso. Agora, nossa obra social está concluída; não pedimos por ela, indulgência nem severidade. Escrevemos o que ditou nossa inteligência e nosso coração”(6).

Sabemos a origem dos estudos ocultistas de Eliphas Levi, mas permanece obscura sua origem iniciática. Sabemos de suas relações de amizade com Hoene Wronski e com Edward Bulwer Lytton. O polonês Wronski, falecido no dia 9 de Agosto de 1853, em Paris, deixou setenta manuscritos catalogados por sua esposa, à Eliphas Levi e outros, os quais foram doados à Biblioteca Nacional de Paris.

Em 1854, um ano após a morte de Wronski, Eliphas viajou à Londres, onde se encontrou com inúmeros ocultistas ingleses, que lhe pediram revelações e prodígios. Longe de querer iniciá-los na magia cerimonial, isolou-se no estudo da Alta Cabala.

Havia um, contudo, Adepto de primeira linha, que se tornou grande amigo de Eliphas Levi: Bulwer Lytton, autor de Zanoni, Os Últimos Dias de Pompéia, A Raça Futura, etc. Os dois Mestres teriam trocado informações iniciáticas dos mais altos interesses para as sociedades ocultistas, das quais certamente eram os chefes. Haveriam inclusive, realizado trabalhos espirituais entre 20 e 26 de julho de 1854, em Londres. As anotações relacionadas com esses eventos foram parar nas mãos de Papus, sendo publicadas, em parte, em um dos números da Revista L´Initiation. Registram três visões, de São João, de Jesus e de Apolônio de Tiana, os quais lhes teriam revelado os mistérios dos Sete Selos do Apocalipse; alguns enigmas do futuro, que desejavam saber; detalhes da Magia Celeste (revelados pelo livro do Rabino Inaz que lhes indicaram onde encontrar), as chaves dos milagres, bem como o sagrado dever de honrar a Coroa, uma vez conquistada.

Retornando a Paris, instalou-se no atelier do pintor e discípulo Desbarrolles, uma vez que estava separado de sua esposa Noemi (fato ocorrido antes de partir para Londres). Desenrolou-se nova etapa em sua vida. Foi a fase do Adeptado. Em 1855 fundou a Revista Filosófica e Religiosa (cujos artigos principais encontram-se em seu livro A Chave dos Grandes Mistérios). Nesse mesmo ano publicou seu Dogma e Ritual da Alta Magia e o poema Calígula, identificado no personagem, o imperador Napoleão III. Foi preso imediatamente. No fundo da prisão escreveu uma réplica, o Anti-Calígula, retratando-se. Foi posto em liberdade.

Em 1859 veio à luz sua História da Magia, formando com A Chave e o Dogma a Trilogia ocultista tida como bíblia por seus discípulos, entre os quais, nessa época, figuravam Desbarrolles, Delaage e Rozier. Os dois últimos vieram a transmitir a Papus e aos demais ocultistas do fim do século XIX o precioso depósito da Tradição, proveniente de Martinez de Pasqually, Willermoz, Saint-Martin e vivificada por Eliphas Levi.

O círculo de amigos de Eliphas Levi era constituído por uma elite de homens de Desejo, que se reuniam na casa de Charles Fauvety. Constavam-se entre os discípulos parisienses, além dos mencionados acima, Louis Lucas (autor de Química Nova), Louis Ménard (tradutor de Hermes Trismegistro), o conde Alexandre Branicki, Littré, Considérant, Reclus, Leroux, Caubet, Eugène Nus, Constantin de Branicki. O Conde Alexandre de Branicki, polonês, amigo pessoal de Bulwer Lytton, era tido como o principal discípulo de Eliphas Levi, “o mais avançado em Cabala”(8).

Mas nem todos os discípulos do Mestre habitavam em Paris, como era o caso do Barão Nicolas-Joseph Spedalieri, nascido em 1812, na Sicília. Iniciado desde os vinte anos na Sociedade dos Martinistas de Nápoles, era leitor assíduo de Louis Claude de Saint-Martin, o Filósofo Desconhecido. Aos trinta anos, fixou residência na França (Marselha). Em 1861, entrou em contato com o autor do Dogma e Ritual de Alta Magia, tornando-se seu discípulo. A correspondência entre Eliphas e Spedalieri, iniciada em 24 de Outubro de 1861, prolongou-se até 14 de Fevereiro de 1874.

Apesar de cultivar relações de amizade com pessoas ricas, que freqüentava, Eliphas levava uma vida bastante simples. Suas regras eram: “uma grande calma de espírito, um asseio com o corpo, uma temperatura sempre igual, de preferência um pouco mais fria do que quente, uma habitação arejada e bem seca, onde nada lembre as necessidades grosseiras da vida, refeições regulares e proporcionais ao apetite, que deverá ficar satisfeito e não excitado. Uma alimentação simples e substanciosa; deixar o trabalho antes do cansaço; fazer um exercício moderado e regulado; jamais aquecer-se ou excitar-se à noite, para que a maior calma preceda o sono. Com uma vida regulada assim, pode-se prevenir todas as doenças, que se apresentam sempre sob a forma de indisposições, fáceis de combater com remédios simples e brandos… uma xícara de vinho quente para o enfraquecimento e o resfriado, alguns copos de hidromel! como purgativo, infusão de borragem(9) e leite para a gripe, muita paciência e alegria farão o resto”(10).

Em agosto de 1862 editou seu livro Fábulas e Símbolos, considerado por ele mesmo como o mais profundo que escreveu. Ao elaborar essa obra, conta-nos Eliphas, o Espírito projetou-se em sua alma, de sorte que via todo o conteúdo do livro na Luz, antes de ser escrito. Toda a obra foi feita de um só fôlego, sem qualquer rasura. As idéias brotavam espontaneamente e coisas simples e belas emergiam da Luz, admirando o próprio autor. “Que a Vontade de Deus seja feita! Exclamou Eliphas. Estou maravilhado e espantado pelas grandes obras que Ele me faz executar. Se soubésseis como meu mérito é pequeno… Sou um verdadeiro cadáver que o Espírito Santo anima”.(11)

Suas obras causavam impacto no mundo ocultista da França e do exterior. Recebia visitas de toda espécie: curiosos, ocultistas, estudantes sinceros, aprendizes de feiticeiro … “Um dia, diz Eliphas, entre três e quatro horas da tarde, ouvi alguém bater a minha porta. Eram sete batidas secas, assim espaçadas: 00-0-00-00. Abri a porta e um rapaz muito bem vestido e de boa apresentação entrou lentamente, rindo, com um ar um pouco sarcástico, dizendo-me em um tom familiar: “meu caro Senhor Constant, estou encantado por encontrá-lo em casa”. Tendo dito isso, passou para meu escritório como se estivesse em sua própria casa e sentou-se em minha poltrona.

“Mas Senhor, disse-lhe, não vos conheço”! Ele soltou uma gargalhada: “Sei perfeitamente disso: é a primeira vez que me vedes, pelo menos sob esta forma. Mas eu vos conheço muito bem! Conheço toda vossa vida passada, presente e futura. Ela está regulada pela lei inexorável dos números. Sois o homem do Pentagrama e os anos terminados pelo número cinco sempre vos foram fatais. Olhai para traz e julgai: em 1815 vossa vida moral começou, pois vossas recordações não vão além, em 1825 ingressastes no seminário e entrastes na liberdade de consciência; em 1845 publicastes A Mãe de Deus, vosso primeiro ensaio de síntese religiosa, e rompestes com o clero; em 1855 vós vos tornastes livre, abandonado que fostes por uma mulher que vos absorvia e vos submetia ao binário. Notais que se houvésseis continuado juntos, ela vos teria anulado completamente ou teríeis perdido a razão. Partistes em seguida para a Inglaterra; ora, o que é a Inglaterra? Ela é o Iod da Europa atual; fostes temperar-vos no princípio viril e ativo. Lá vistes Apolônio, triste, barbeado e atormentado como estáveis naquele período. Mas esse Apolônio, que vistes era vós mesmo; ele saiu de vós, entrou em vós e em vós permanece”.

“Vós o revereis neste ano de 1865, mais bonito, radioso e triunfante. O fim natural de vossa vida está marcado (salvo acidente) para o ano de 1875(12); mas se não morrerdes neste ano, vivereis até 1885. Apolônio, quando o vistes, temia as pontas das espadas; vós as temeis como ele, pois neste momento, me tomais por um louco. Como um dia alguém quis assassinar-vos(13), perguntais inquietamente se não vou terminar minha extravagante alocução com um gesto semelhante (aqui começou a rir). Sim, sou louco, acrescentou, retomando seu ar sério, mas não sou a loucura morta, sou a loucura viva; ora, a loucura viva é o inverso da sabedoria de Deus. Sabeis vós o que é Deus? Deus sois vós, pois Satã é Deus visto ao contrário.

“Existem atualmente dois grandes escritores, continuou o estranho visitante, que são úteis à Ciência, Mirville e Eliphas Levi. A todo tempo são necessárias duas colunas; vós sois Jakin, ele é Boaz. Sabeis bem que nenhuma força se produz sem resistência, nenhuma luz sem sombra, nenhuma afirmação sem negação”. Calou-se por alguns instantes e eu lhe perguntei:

– Sois Espírita? Respondeu-me gravemente:

“Os espíritas são escorpiões que inoculam um veneno cadavérico sob as pedras tumulares. Atraem os mortos, mas não os ressuscitam. Em breve a terra estará coberta de cadáveres que andam. Estamos em uma época de morte. Louis-Philippe era um Mercúrio sem asas na fronte; ele as tinha nos pés e foi-se. Napoleão III é um Júpiter sem estrela; após ele virá o Saturno coxo e o rei dos padres. O Senhor Conde de Chambord… “O visitante refletiu um instante, olhou-me fixamente e disse de repente:

“Por que não quereis ser papa”? Dessa vez fui eu quem soltou uma gargalhada. Respondi-lhe:

– Porque não quero ser despropositado. “Ah! disse-me ele, ainda tendes um véu para rasgar e não conheceis vossa força toda-poderosa, acrescentou, retratando-se. Nós dois já criamos e destruímos muitos mundos e vós não ousais aspirar a governar um. Esperai, então, a derrota, o esmagamento dos tímidos, a cruz desse pobre homem que se chamava Jesus Cristo”.

“Mas, finalmente, quem sois vós?”, perguntei-lhe, então, levantando-me.

“Vós negastes minha existência, respondeu-me ele; chamo-me Deus. Os imbecis denominam-me Satã. Para o vulgo chamo-me Juliano Capella. Meu envelope humano tem vinte e um anos; ele nasceu em Bordéus; tem pais italianos”.

“Enquanto esse rapaz falava, eu sentia um peso extraordinário na cabeça; parecia-me que minha testa iria explodir. Observava meu interlocutor com surpresa. Seu rosto lembrava os retratos de Lord Byron, com menos correções nos traços; possuía as mãos muito brancas e carregadas de anéis, o olhar seguro e crepitante de sarcasmos, a boca vermelha, os dentes regulares”. (14)

O curioso visitante partiu e jamais os biógrafos de Eliphas Levi encontraram qualquer traço dele. O ano de 1865, como ele tinha predito, foi triunfal para Eliphas, pois a publicação de sua Ciência dos Espíritos trouxe-lhe enorme reputação entre os ocultistas de seu tempo.

No dia 31 de maio de 1875 faleceu Eliphas Levi. Aqueles que o acompanharam até o último momento testemunharam sua grande coragem e resignação. No momento de expirar, estava bastante calmo. Sua vida tinha sido plena de realizações espirituais. Havia cumprido a missão de iniciado e de iniciador. Acima de seu leito, estava fixado um crucifixo, que olhava seguidamente nos últimos momentos. Disse antes de expirar: “Ele prometeu o Consolador, o Espírito. Agora espero o Espírito, o Espírito Santo”. O Mestre faleceu logo em seguida.

Dedicando praticamente todo seu tempo à pesquisa da verdade e ao apostolado perante seus discípulos, Eliphas Levi levou uma vida bastante humilde. Os bens materiais que possuía não passavam de muitos livros e algumas obras de arte, como prova seu testamento, redigido em uma quarta-feira, no dia 26 de maio de 1875, cinco dias antes de sua morte:

“Em nome da Justiça e da Verdade, este é meu testamento:

Lego ao Conde Georges de Mniszech meus manuscritos, livros e instrumentos de ciência, particularmente uma dupla esfera metálica portanto um resumo de todas as ciências.(15)

Desejo que ninguém toque em meus; manuscritos, a não ser o Conde de Mniszech, a condessa sua esposa, o Conde Branicki e a senhora Gustaf Gebhard, que reside na rua Koenigstrasse, 64, em Esberfeld.

Meu amigo Edouard Pascal, que se ocupou de mim com o maior devotamento, escolherá dentre meus livros não científicos e entre meus objetos de arte e de curiosidade o que lhe interessar.

Lego à minha irmã Pauline Bousselet, que sou forçado a deserdar, por causa de meu cunhado, todos os meus quadros e objetos de devoção.

Desejo, ademais, que todas minhas vestes e roupas em geral sejam legadas às irmãs de caridade da rua Saint-Jacques.

O que resta de móveis, curiosidades, tapeçarias, vasos, pratos de cobre, etc., será vendido e o resultado dividido entre as pessoas que se ocuparem de mim até os últimos momentos; não me refiro a mercenários, mas a amigos”.

O Conde de Mniszech faleceu em 1885. Os manuscritos de Eliphas Levi foram vendidos e dispersos; mas graças a Stanislas de Guaita foram reencontrados. Cabe salientar que a Condessa de Mniszech era prima da Condessa Keller, esposa de Saint-Yves d´Alveydre, o Mestre intelectual de Papus, fato que certamente facilitou a recuperação dos preciosos manuscritos.

Edouard Pascal ficou também com a espada mágica de Eliphas Levi e com a famosa caderneta de anotações referentes aos trabalhos mágicos de Londres. Em 1894 esses objetos caíram nas mãos de Papus, graças a intercessão de amigos que conheciam a viúva de Pascal.

O Filho de Eliphas Levi que só viu o pai no dia de sua morte, acompanhou-o até a sua última morada.(16) M.A.C. foi visto em 1914 por Chacornac, que ficou admirado com sua extrema semelhança com Eliphas Levi. Era um velho de estatura média, de cabelos brancos e que exalava bondade. Mostrou-lhe sua biblioteca, com quase todas as obras de seu pai, cuidadosamente encadernadas. Presenteou-o com um busto de Eliphas e com um de seus manuscritos, denominado O livro de Hermes. Compunha-se de 294 folhas, com 47 figuras no texto e com 78 lâminas do Tarot, em anexo, desenhadas pelo próprio autor. Em 1919, Chacornac encontrou-se com o neto de Eliphas Levi, filho de M.A.C.

M.A.C. legou em 1914, a amigos de Papus, manuscritos inéditos de Eliphas, e objetos pessoais do Mestre. A Tradição Ocultista continuou através dos discípulos póstumos de Eliphas Levi Zahed. A vida continua depois da vida; o sol parte e vem a noite; mas ele não deixa de renascer no dia seguinte, para aquecer e iluminar todos os recantos da Natureza.

Notas

1-) Eliphas Levi tinha 15 anos de idade. Cf. CONSTANT, A.L. Livre des Larmes ou le Christ Consolateur. Paris, Paulier, 1845, p.214.

2-) Cf. CHARCONAC, P. Eliphas Levi, Rénovateur de I´Occultisme em France. Paris, Charconac Freres, 1926, p.17.

3-) Nasceu em Paris em 1814; foi autor de Magicien (1834), Charlotte Corday (1840), Evangile du Peuple(1840); exilado na Inglaterra em 1851, retornou à França em 1869, após a queda do império. Foi nomeado administrador da região de Bouches-du-Rhone, onde tomou medidas enérgicas do ponto de vista econômico e administrativo. Suspendeu o jornal La Gazette du Midi e dissolveu a congregação dos Jesuítas de Marselha; esses atos foram desfeitos pela administração superior, o que culminou com sua demissão. Foi reeleito deputado para a Assembléia Nacional em 1871. O papel que desempenhou como político à partir desta data, foi sem expressão.

4-) CONSTANT,A.L. L´Assomption de la Femme ou le livre de L´Amour. Paris, Le Gallois, 1841, p. XIX.

5-) CONSTANT, A. L. Op. Cit., p. XXI.

6-) Carta de Eliphas Levi ao Barão Spedalieri, Correspondência, t. IX. Essa correspondência entre os dois ocultistas comporta mais de mil cartas. A presente tradução engloba apenas o tomo I (Citado por CHACORNAC, p. op. cit., p. 108).

7-) CONSTANT,A.L. Le Testament de la Liberté. Paris, Frey,1848, p. 218-9.

😎 ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.

9-) Planta de Largas flores azuis, que crescem em regiões temperadas. Suas infusões são sudoríferas, diuréticas e depurativas.

10-) ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.

11-) ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.
12-) Todas essas observações estão admiravelmente corretas.

13-) Em 1862, com efeito, um alucinado procurou Eliphas Levi durante dezoito meses, para assassiná-lo. Um dia ele apareceu com um punhal em uma mão e um exemplar do Dogma e Ritual da Alta Magia em outra. O mestre encarou-o com brandura. Falou-lhe com docilidade e ele foi embora tremendo.

14-) ELIPHAS LEVI, Correspondência, vol. V, citado por CHACORNAC, p. op. cit. p. 242 a 244.

15-) Trata-se do famoso Prognóstico de Wronski, aparelho reencontrado por Eliphas Levi em um antiquário de Paris.

16-) M.A.C. era filho de Eliphas Levi e de Eugene C.. Em 1867, Eliphas quis ocupar-se de seu filho, mas não se entendeu com Eugene. Até sua morte não mais avistou Eugene e o filho. Este, informado por um amigo, conseguiu rever o pai sobre seu leito de morte. Cf. CHARCONAC,P.ELIPHAS LEVI, op.cit.p.192.

Original foi retirado do site da Sociedade das Ciências Antigas.

1810 – 1875

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/eliphas-levi/

Dan Brown e o Símbolo Perdido

Publicado no S&H dia 18/9/09,

To Live in the World without becoming
Aware of the meaning of the World is
Like wandering in a Great Library
Without touching the books
– The Secret Teachings of all Ages

Esta semana está sendo mega hiper corrida, mas só para não deixar passar batido, li hoje o novo livro do Dan Brown, “The Lost Symbol” (tradução “O Símbolo Perdido”) e gostei bastante. Será com certeza leitura obrigatória para os fãs desta coluna.
O livro trata basicamente de algumas lendas maçônicas muito interessantes a respeito de Washington e dos “Pais Fundadores” dos Estados Unidos. No terceiro livro da série, Robert Langdon usa seus conhecimentos sobre simbologia para ajudar o maçom Peter Solomon e sua irmã Katherine a enfrentar o misterioso assassino tatuado Mal´akh.
Não darei nenhum spoiler, apenas comentarei sobre algumas das várias lendas maçônicas que Dan Brown coloca neste livro. Aliás, a pesquisa foi sensacional. Resta aguardar o mimimi dos pseudo-céticos e crentes, como sempre.

A colocação da Pedra Angular do Capitólio
Uma das histórias verídicas a respeito da fundação de Washington foi a de que todos os prédios públicos da capital tiveram a sua pedra angular (ou Pedra de Fundação) colocadas precisamente seguindo datas e horários calculados pelo estudo da Astrologia Hermética. Através de cuidadoso estudo dos mapas astrais, estabeleceram-se as janelas mais propícias para a fundação de cada edifício.

Por exemplo, o Capitólio, marco zero da fundação da cidade, foi iniciado precisamente no dia 18 de Setembro de 1793, entre 11h15 e 12h30. Por quê desta data?

Analisando o Mapa Astral, temos Sol, Mercúrio e a Caput Draconis no signo de Virgem e Vênus, Marte e Urano em Leão, uma combinação ideal para um local onde seria exigido trabalho duro e ao mesmo tempo a liderança do País. Saturno em touro para reforçar a responsabilidade nos gastos e Júpiter em escorpião, para facilitar as relações diplomáticas. De curiosidade, fucei em várias datas e combinações em 1793 e não encontrei nenhuma que considerasse mais propícia do que esta. Os “Founding Fathers” estão de parabéns!
Como já coloquei diversas vezes no meu blog, a escolha de datas astrológicas especiais para a realização de eventos e consagrações importantes pode afetar, e muito, o resultado destes eventos.

The Apotheosis of Washington e Constantino Brumidi
Constantino Brumidi, nascido em 1805, foi um artista italiano, membro da maçonaria e responsável por muitos dos mais importantes afrescos do Capitólio, incluindo sua obra mais notável, a Apoteose de Washington, no qual retrata a Ascenção de George Washington aos céus. Este afresco é dividido em seis partes, nas quais mistura elementos da mitologia grega com personalidades americanas:

– Guerra: personificada na deusa grega Colúmbia, fica logo abaixo da figura de Washington, representada em posição de combate e vestindo os símbolos maçônicos da capa, espada, o capacete e o escudo (os fãs de quadrinhos vão notar que o escudo original do Capitão América é uma homenagem ao design DESTE escudo), combatendo as figuras representativas da vilania. Auxiliando Colúmbia está a Águia Careca carregando flechas e relâmpagos, como seria representada na bandeira americana.
– Ciência: personificada na deusa Minerva, que está auxiliando Benjamin Franklin, Samuel Morse e Robert Fulton a montar um gerador elétrico. À esquerda, o uso do esquadro e o compasso.
– Marinha: personificada pelo deus Netuno, empunhando um tridente e montado em sua carruagem de conchas, e Vênus, auxiliando os americanos a instalar o primeiro cabo telegráfico submarino. Ninguém vai duvidar do quanto Poseidon ajuda a Marinha americana, certo?
– Comércio: personificado pelo deus Mercúrio, com suas sandálias aladas e o caduceu, entregando um saco de ouro para Robert Morris (um dos financiadores da Revolução Americana).
– Mecânica: representado pelo deus Vulcano, que auxilia os americanos a preparar um canhão e um Ironclad (um tipo de barco de guerra). Ao fundo, o maçom Charles Thomas, construtor responsável pelas estruturas metálicas na construção do Capitólio.
– Agricultura: representada pela deusa Ceres, com um feixe de trigo e uma cornucópia, símbolos conhecidos no ocultismo, sentada em uma colheitadeira McCormick. Também podemos ver a deusa Flora ao fundo, colhendo flores…

George Washington representando Zeus
Esta é uma estátua muito famosa, esculpida por Horacio Geenough em 1840, representando Washington desnudo, na posição tradicional de Zeus. Muitos religiosos toscos acusaram os maçons de terem feito a estátua na mesma posição do Baphomet. A verdade é que o Baphomet é que TAMBÉM foi desenhado inspirado na posição tradicional de Zeus.
De qualquer forma, depois de inúmeros protestos, em 1908 a estátua acabou sendo movida para o Museu Smithsorian e, em 1964, para o Museu de História e Tecnologia, onde está até hoje.
Claro que manter uma estátua de Washington na posição clássica de ZEUS no meio do Capitólio em um país dominado pelos seguidores de Jesus não faz sentido. Seria quase tão absurdo quanto, por exemplo, se a imagem que todos veneram na Basílica de Aparecida não fosse a de Nossa Senhora, como todos acreditam, mas de Maria Madalena.

A Palavra “MASON” escrita na nota de um dólar.
A imagem fala por si mesma. Se você pegar uma caneta e desenhar o Símbolo de Salomão em uma nota de um dólar, as pontas da estrela formarão a palavra “Mason” (maçom) e a parte de cima fará o topo da Pirâmide. Eu já ouvi da boca de um cético bem famoso que “isso é muito provavelmente apenas uma coincidência”. Então tá, né?

.’.

Melencolie, de Albrecht Durer
Uma das imagens que representa o temperamento Melancólico, carregado de simbolismo alquímico. Para o livro, o que importa é o Kamea de Júpiter, que Durer coloca no canto superior direito da imagem.

Um Kamea é um quadrado mágico dividido em NxN casas, onde N é o número associado na Kabbalah com cada um dos planetas. Assim sendo, Saturno possui um Kamea de 3×3 (tipo um Sudoku), Júpiter um Kamea de 4×4, Marte um kamea de 5×5, Sol 6×6, Vênus 7×7, Mercúrio 8×8 e Lua 9×9.
Cada Kamea é preenchido com números de 1 até o valor máximo do Kamea (9, 16, 25, 36, 49, 64 ou 81) onde a soma de todos os números em cada linha ou coluna sempre é igual. Em um dos meus posts antigos eu expliquei a ligação do Kamea do Sol com o famigerado 666.
A curiosidade é que Durer organizou o Kamea de Júpiter para que os números 15 e 14 ficassem na parte inferior-central do quadrado, formando o ano em que ele fez a ilustração (1514).

O Livro traz muitas outras referências bacanas sobre a cidade de Washington, sobre Benjamin Franklin, sobre os rituais maçônicos (mas não espere nenhum segredo revelado) e especialmente sobre o ídolo e patrono dos cientistas, sir Alquimista Mestre Maçom e Rosacruz Isaac Newton… e muita coisa que eu já disse aqui nas Colunas, devendo impressionar a maioria dos leitores, mas nem tanto os leitores do Teoria da Conspiração.

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Textos relacionados no blog Teoria da Conspiração e n Wikipedia de Ocultismo.
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Outros textos interessantes:
– Walt Disney Demolay
– Carta Aberta dos Ateus ao Presidente
– O que são Sigilos Pessoais?
– IURD obrigada a indenizar terreiro
– Como lavar dinheiro em Igrejas Evangélicas
– Teoria das Supercordas
– As pesquisas de Michel Gauquelin
– Iniciação ao Hermetismo

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/dan-brown-e-o-s%C3%ADmbolo-perdido

Ninguém Evolui por Alguém!

por Vitor Manuel Adrião

«O Discípulo evolui pelos seus próprios méritos», isto é, pelo seus próprios esforços já que ninguém evolui por alguém. Quem pensa o contrário, recorrendo a santões, profetas, adivinhos, médiuns, promessas devocionalistas, crença em datas apocalípticas, etc., etc., inclusive pagando para afinal ser enganado, está caindo no maior logro prejudicando gravemente a seu evolução verdadeira desperdiçando tempo e vida em superstições puéris.

«A si mesmo transformando, transforma o mundo», ou seja, pelo EXEMPLO dando à prática o Bem, o Bom e o Belo influindo positivamente na Aura Colectiva dos seus semelhantes em Humanidade. Uma Mente no Bem influi beneficamente no anulamento do Mal na Mente alheia; um Sentimento de Bom ou Bondade impõe-se ao Mau Sentimento e emoções passionais de toda a espécie do próximo; um Corpo cultuando o Belo faz com que o imite o Corpo que cultua o Feio, criação dos vícios sociais. O Bem da Sabedoria, o Bom do Amor, o Belo da Vontade em servir desinteressadamente a favor dos seus Irmãos de Grupo e de todos seres viventes. Ademais, «Quem equilibrar a sua Mente e o Coração na Terra, alcançará as maiores venturas do Céu» (JHS).

Já agora, para terminar: nós não precisamos dos Mestres mas os Mestres de nós. Isto é, como criaturas limitadas sujeitas aos vícios corporais e que, sendo mais comum do que aparenta, por um desaire psicomental qualquer mandamos às urtigas a espiritualidade, de facto assim não precisamos dos Mestres Vivos que são Seres muitíssimo ocupados. Mas Eles precisam de nós para o cumprimento no Plano Físico denso do Desígnio de Deus em cada Ciclo. Por isso, os Mestres de Amor-Sabedoria procuram os verdadeiros Discípulos a guisa de Diogenes com a sua lanterna à procura de um Homem. Quem se torna Discípulo de um Mestre Verdadeiro tem tudo a ganhar e tudo a perder: ganha em Iniciação Verdadeira que é ampliação da Vida-Consciência e perde em Vida-Energia ou condição profana que ao comum da Humanidade abarca, esta que também tem tudo a ganhar em espiritualidade e tudo a perder, desaire após desaire, decepção após decepção, na vivência profana do dia-a-dia, colecionando ilusões e mentiras para um dia, à porta do túmulo, as perder todas, e continuar além vida em condição igual à corpórea. Nisto, o verdadeiro Iniciado, que é todo o verdadeiro Discípulo (aquele que é aceite pelo Mestre após o aceitar incondicionalmente em seu peito), «não está sujeito à lei da morte», citando Camões.

Espero ter feito entender-me. Saudações amigas.

#Teosofia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/ningu%C3%A9m-evolui-por-algu%C3%A9m

O Compasso e o Esquadro

Ao falar da Arquitetura, indicamos a importância que tem a forma do cosmo físico como modelo no qual se inspiravam os antigos construtores para a edificação dos recintos sagrados e das moradias humanas. E entre os principais instrumentos utilizados para tal fim destacamos o compasso e o esquadro. Ambos são os símbolos respectivos do Céu e da Terra, e assim os contempla em diversas tradições, ou mais precisamente, iniciações, como o Hermetismo, a Maçonaria e o Taoísmo. O círculo ao qual desenha o compasso, ou seu substituto a corda, simboliza o Céu, porque este efetivamente tem forma circular ou abobadada, qualquer que seja o lugar terrestre de onde o observe. Por sua vez, o quadrado (ou retângulo), que traça o esquadro, simboliza a Terra, quadratura que lhe vem dada, entre outras coisas, pela “fixação” no espaço terrestre dos quatro pontos cardeais assinalados pelo sol em seu percurso diário. Além disso, a Terra sempre foi considerada como o símbolo da estabilidade, e a figura geométrica que melhor lhe corresponde é precisamente o quadrado, ou o cubo na tridimensionalidade.

Para a Ciência Sagrada, o compasso designa a primeira ação ordenadora do Espírito no seio da Matéria caótica e amorfa do Mundo, estabelecendo assim os limites arquetípicos deste, quer dizer, criando um espaço “vazio”, apto para ser fecundado pelo Verbo Iluminador ou Fiat Lux. Na Gênese bíblica, a separação das “Águas Superioras” (os Céus) das “Águas Inferiores” (a Terra) deu nascimento ao cosmo, cuja primeira expressão foi a criação do Paraíso, que como se sabe tinha forma circular. A este respeito se diz nos textos hindus: “Com seu raio (rádio) mediu os limites do Céu e da Terra”, e nos Provérbios de Salomão, pela voz da Sabedoria se diz: “quando (o Senhor) riscou um círculo sobre a face do abismo…”. Igualmente em um quadro do pintor e poeta inglês William Blake, vê-se o “Ancião dos Dias” (o Arquiteto do Mundo) com um compasso na mão desenhando um círculo.

O compasso é pois um instrumento que serve para determinar a figura mais perfeita de todas, imagem sensível da Realidade Celeste, que é precisamente o que está simbolizando a cúpula ou abóbada do Templo. O compasso é o emblema da Inteligência divina, do “Olho de Deus” que reside simbolicamente no interior do coração do homem, a luz do intelecto superior que dissipa as trevas da ignorância e nos permite acessar o interior do sagrado. Por isso mesmo, o conhecimento da “ciência do compasso” implica uma penetração nos arcanos mais secretos e profundos do Ser. Entretanto, o conhecimento plenamente efetivo desses mistérios seria tal a culminação, se assim pode se dizer, do próprio processo da Iniciação.

Mas no momento de pôr “mãos à obra”, a casa não se começa pelo telhado. O trabalho começa por baixo, em definitivo pelos alicerces, pelo conhecimento das coisas terrestres e humanas. Aqui entra em função a “ciência do esquadro”, tão necessária para riscar com ordem e juízo os planos de base do edifício e seu posterior levantamento, dando-lhe a estabilidade e comprovando o perfeito talhado das pedras que servirão de suporte e fundamento à abóbada, teto ou parte superior.

No trabalho interno é imprescindível, para que este siga um processo regular e ordenado, “enquadrar” todos nossos atos e pensamentos na via assinalada pela Tradição e pelo Ensino, separando o sutil do grosseiro. É isto precisamente o que assinala o Tao-Te-King: “Graças a um conhecimento convenientemente enquadrado, caminhamos sem dificuldades pela grande Via”. Recordaremos, neste sentido, que em latim esquadro também se diz “norma”, que é também uma das traduções da palavra sânscrita dharma, a Lei ou Norma Universal pela que são regidos todos os seres e o conjunto da manifestação cósmica. Poderíamos então dizer que o esquadro é o compasso terrestre, posto que não é mais que a aplicação na terra e no humano dos princípios e idéias simbolizados pelo compasso.

Por outro lado, esta união do círculo celeste e do quadrado (ou cruz) terrestre, está em relação com o enigma hermético da “quadratura do círculo” e a “circulatura do quadrante”, que sintetiza os mistérios completos da cosmogonia. Efetivamente, na “ciência do compasso” e na “ciência do esquadro” estão contidos a totalidade dos “pequenos mistérios”, cujo percurso é, em primeiro lugar, horizontal (terrestre), e posteriormente vertical (celeste). Com tudo isto, queremos indicar que na realidade existe uma aplicação filosófica da Geometria, que poderíamos denominar a “Geometria Filosofal”, que era perfeitamente conhecida pelos construtores medievais, os companheiros e maçons operativos, como por todos aqueles que se dedicaram à Arquitetura ou ordem do cosmo como meio de elevar-se ao conhecimento do que o ponto primitivo simboliza. Sem fatuidade, Platão fez pôr sobre o frontispício de sua escola: “Que ninguém entre aqui se não for geômetra”, indicando assim que seus ensinos só podiam ser compreendidos por quem conhecia o aspecto qualitativo e esotérico da geometria.

Desde outro ponto de vista, o trabalho com o compasso e com o esquadro sintetiza igualmente todo o processo alquímico da consciência, do que a edificação e construção não são mais que símbolos. Por isso que em alguns emblemas hermético-alquímicos se vê o Rebis, ou Andrógino primitivo, sustentando em suas mãos o compasso e o esquadro, quer dizer, reunindo na natureza humana as virtudes e qualidades do Céu e da Terra, harmonizando-as em uma unidade indissolúvel.

#hermetismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-compasso-e-o-esquadro

Frank Sherman Land, 100 anos de maçonaria

“Se trabalharmos sobre o mármore, um dia ele se acabará. Se trabalharmos sobre o metal, um dia o tempo o consumirá. Se erguermos templos, um dia se tornarão pó. Mas se trabalharmos sobre almas jovens e imortais, se nós a imbuirmos com os princípios do justo temor ao criador e amor à humanidade, nós gravaremos sobre essas almas algo que brilhará eternamente. Daqui a cem anos pouco importará o quanto tenhamos acumulado no banco, que tipo de casa, palacete ou carro possuímos. Mas o mundo poderá ser diferente, talvez porque fomos importantes na vida dos jovens.” – Frank Sherman Land.
Quando jovem, Frank Sherman Land, ainda não conhecia o Tao The King,Lao Tse ou o I Ching, pouco difundidos no ocidente na época, porém é um exemplo de homem que desde criança seguiu o caminho que não pode ser melhor identificado do que com o Hexagrama 8 do I Ching, que significa Solidariedade, nem melhor descrito do que com o verso 49 do Tao The King. Como vamos ver durante toda a biografia desse homem e da história da Ordem DeMolay, Frank S. Land foi uma pessoa que não se limitou em transmitir, durante toda sua vida, a sabedoria e a bondade.

Lao Tse, sec IV a.C., antiga China.

No primeiro passo vimos o que levou Louis a procurar ajuda da maçonaria, e aqui vamos acompanhar os aspectos da infância de Frank S. Land até sua grande inspiração, que foi o encontro com esse garoto. Os fundamentos de sua vida que o levou a estruturar toda ideologia DeMolay e ser reconhecido como Pai (“Dad” em inglês, como era chamado) por milhares de jovens.

Frank, o Pequeno Ministro

Elizabeth Lottie em 1889 era uma garota de 15 anos dentro de uma família autoritária, e se apaixonara por um rapaz mais velho chamado William Sherman Land. Apesar da oposição de sua família, se casaram. No ano seguinte, no dia 21 de junho de 1890 em Kansas City no estado de Missouri, nascia seu primeiro filho, batizado com o nome Frank Sherman Land.

Já aos nove anos Frank S. Land possuía o dom da oratória, liderança que usava para incentivar seus amigos, tanto mais velhos como mais novos. Nessa idade pediu ajuda a sua mãe para iniciar uma “Escola de Domingo” que reunisse seus amigos nas tardes de domingo para que pudessem aprender sobre a Bíblia. Elizabeth reformou o porão de sua casa para atender ao desejo de Frank. Um ano depois a fama de Frank já havia se espalhado e ele era conhecido como o Pequeno Ministro. Não só seus amigos frequentavam o porão de sua casa, mas também estavam sendo acompanhadas por suas mães, que o escutavam atentamente. Nessa época a família Land morava em St. Louis no estado de Missouri.

Uma mãe expôs a Elizabeth toda a curiosidade de todas as outras mães presentes: como tudo isso havia começado? A resposta de Elizabeth foi: “Ele constantemente lê a Bíblia. Ele já a leu toda, possivelmente mais de uma vez. Ele pode citar capítulos de memória. Eu me pergunto sobre Frank, ele é muito interessado no que os outros meninos fazem. Ele brinca com os outros garotos, mas existe uma profunda parte espiritual nele que eu não consigo explicar.”

Desde cedo Frank demonstrou seu espirito cuidadoso e companheiro, cuidando dos seus amigos e os instruindo através de histórias bíblicas, sobre o amor filial e sobre o patriotismo. Num de seus sermões no domingo a tarde, Frank compartilharia o ensinamento que em alguns anos se tornou a virtude central da Ordem DeMolay: “Amigos são muito importantes! Nós devemos ter amigos. Nós devemos partilhar com eles. Ajudar uns aos outros. Eu vou lhes contar uma história do Antigo Testamento sobre dois amigos, Davi e Jônatas”. E assim começou seu sermão com tom profético, que aos seus 10 anos já implantava idéias de virtudes e cidadania a todos que os escutavam.

Dos 12 aos 21 anos

Assim como toda família, a dos Land também tinham problemas. Os desentendimentos e dificuldades cresceram ao nível de conflitos pessoais e a única solução foi o divorcio. William ficou na cidade de St. Loius e Elizabeth, que na época tinha Frank com 12 anos e a caçula Sissy com 7, voltou para sua cidade natal Kansas City para morar com sua mãe. Foi uma época perturbada para Frank, pois ele perdera sua figura masculina em uma importante parte do seu desenvolvimento pessoal, o que transformou o Pequeno Ministro em alguém recolhido e tímido, a ponto de dar a volta no quarteirão para evitar encontrar com as garotas de sua classe.

Nesse tempo de timidez de sua adolescência, Frank preenchia seu tempo com leituras que o fez conhecer e passar a aceitar a responsabilidade individual que cada ser humano possui, aprendeu o dever do jovem crescer e se tornar um “herói” honesto em meio a sociedade, e um de seus sonhos foi de se tornar um bombeiro. Seus autores favoritos eram Horatio Alger e G. A. Henty.

Em 1907 Frank, sua mãe e avô montaram um restaurante. As mulheres cozinhariam e Frank seria o administrador. No ano seguinte Frank entrou no Kansas City Art Institute (Instituto de Arte) por seu interesse na arte e na pintura, e nesse instituto expandiu seu conhecimento artístico adquirindo amor e apreciação por todas as formas de artes. E esse conhecimento cultural adquirido na juventude foi o que lhe garantiu um grande conhecimento e destaque dentro os ritos da Maçonaria.

Exemplo de brasão heráldico Templário.

Frank admirava secretamente Nell, uma menina do instituto. E certa vez Nell foi a Frank perguntar o que ele estava desenhando, e sua resposta foi: “Estou pintando um Escudo da Cavalaria”, e explicou “Eu sempre fui interessado nas Cruzadas e nos tempos da história em que os cavaleiros lutavam em batalhas e resgatavam belas damas do perigo. Esse emblema que estou desenhando é do século quatorze. Foi nessa época que espadas foram sobrepostas por escudos. Era a época de ouro da Heráldica. Eu acrescentei um elmo também. Você sabia que os elmos só eram usados por cavaleiros, e só podiam ser usados nos brasões  das famílias de cavalaria? Você se interessa por isso?”

Assim começou seu diálogo com Nell, e uma semana depois Frank tomou coragem para convidá-la para tomar sorvete e conversar sobre escudos, espadas e a época da cavalaria. Mas nesse encontro, Frank nunca mencionou quaisquer desses assuntos, simplesmente perguntou a Nell quem era ela, e pedindo para ela falar sobre ela mesma. Três anos mais nova que Frank, descendente polonês, nascera em 5 de fevereiro de 1893 em Kansas City, batizada como Nell Madeline Swiezewski. Não demorou muito para os dois se sentirem bem juntos e iniciarem o romance.

Dessa maneira a família Land ia aumentando, pois a mãe de Frank, Elizabeth se casou com um rapaz um ano mais velho que ela em 1909. Dando a Frank uma nova irmã, Elizabeth Irene, que Frank chamava de “Princesa Irene”, e que foi a grande inspiração materna que ele precisou para futuramente colocar o Amor Filial como a primeira das virtudes DeMolay por observar o amor de sua mãe com sua irmã mais nova.

Tomando conta do restaurante, de sua própria educação, e de Nell, Frank desenvolveu ainda mais seu senso de liderança e organização. No dia 21 de junho de 1911 ao chegar na maioridade, Frank recebeu o presente mais importante da sua vida de sua avó, através de algumas palavras e um envelope: “Frank, você agora tem 21 anos. Eu estou orgulhosa de você e do que você fez. Seu avô era Maçom. Eu ficaria feliz se você se unisse a Fraternidade que ele tanto amou. Em sua memória, e como um presente meu, você achará nesse envelope o dinheiro necessário para apresentar uma petição para ingresso na Maçonaria. Faça como seu coração ordenar, mas me agradaria muito ver você fazendo isso.”

Encontro com Louis Gordon Lower

Sua petição foi aceita na Ivanhoe Lodge 446 (clique aqui para ver a Loja no Google Street View) e sua iniciação ao Grau de Aprendiz aconteceu no dia 25 de maio de 1912. Alcançando o Grau de Companheiro em 17 de junho do mesmo ano, e alguns dias depois já tinha autorização para ser exaltado ao Grau de Mestre Maçom, cerimônia ocorrida no dia 29 do mesmo mês.

Uma nova porta foi aberta para Frank S. Land, que ao iniciar na maçonaria percebeu que havia encontrado algo a mais, algo que sempre procurara. A Maçonaria proveu meio que ele pôde expressar seu amor aos seus novos irmãos, sua compaixão aqueles que se encontravam em dificuldade, e sua vontade de ajudar seus companheiros, tudo através das lições aprendidas nos três graus simbólicos da maçonaria. Dessa maneira sentiu vontade de entrar em todos os grupos e ritos que tivesse acesso para absorver seus ensinamentos e filosofias. Começou a cavalgar os graus do Rito de York, Rito Escocês Antigo e Aceito, se tornando Grau 32 no Kansas City Scottish Rite, e participou do Ararat Temple se iniciando no Ancient Arabic Order of the Nobles of the Mystic Shrine, dentro de alguns anos alcançando todos os graus e recebendo diversos cargos dentro dos ritos. É importante relembrar que Frank sempre esteve em destaque apesar de sua jovem idade dentro da Maçonaria devido aos estudos que fez durante sua juventude e pelo seu interesse em ajudar o próximo.

Se casou com Nell no dia 15 de setembro de 1913. Em 1914 Frank recebeu uma nova oportunidade e precisou da ajuda de Nell para tomar essa decisão, que era de vender o restaurante e dedicar-se em tempo integral a se tornar administrador e secretário em um novo projeto no Templo do R.E.A.A. Ao invés de insegurança com o futuro, Nell mais uma vez contribuiu para que as coisas na vida de Frank tomassem um novo rumo: “Frank, aceite essa oferta. Assuma esse trabalho. Você nunca será feliz enquanto não achar meios de servir as pessoas. Acredito que isso abrirá um novo mundo para você. É o limite da sua vida de trabalho. Eu sinto que disso virá uma grandeza para você e para os outros”. E como uma profecia, entre 1914 e 1919, Frank trabalhou em projetos que o incentivaria a criar a Ordem DeMolay, só precisando de mais um empurrão, que viria a seguir.

Em janeiro de 1919 Frank recebeu uma ligação de San Freet, Primeiro Vigilante de sua Loja Mãe, Ivanhoe 446, com um pedido: “Um de nossos membros, Elmer E. Lower, que foi iniciado ao grau de Companheiro, morreu ano passado, acredito que no dia 3 de janeiro. Ele deixou sua esposa e quatro filhos que agora estão entre seis e 17 anos. A mãe tem feito um grande trabalho para sustentar a família. Ela achou um emprego como inspetora no hospital, mas isso não é suficiente para sustentar a família.Você conseguiria achar um emprego de meio expediente para o garoto, Louis? Ele é um dos melhores jovens que eu já conheci.”

Assim aconteceu a fundação da vida de Frank. Sua dedicação a vida religiosa o fez ser uma pessoa carismática e profética desde criança, estudando simbolismo bíblico, conhecendo a cultura medieval, e adentrando nos estudos e ensinamentos dos diversos graus da maçonaria que concretizaram e expandiram ainda mais todo seu conhecimento e interesse. Junto ao seu amor a Deus, a pátria, ao próximo, e o ao amor materno, dentro de alguns meses iniciou um projeto para mudar para sempre a vida de Louis e de mais oito de seus amigos.

É dever de um DeMolay conhecer o Pai e o objetivo de sua Ordem. Aqui conhecemos o caráter e um pouco da jornada desse homem. Conhecer nos faz pensar e refletir sobre nosso propósitos, valores e verdadeiros objetivos. No próximo passo veremos o nascimento do nosso tesouro, o Ritual dos Trabalhos Secretos.

Em homenagem a Frank Sherman Land, o homem que com sua bondade e sabedoria mudou, muda e continuará mudando, a vida de milhares de jovens. O Pai da Ordem DeMolay que hoje completa 100 anos de maçonaria.

N.N.D.N.N.

Leonardo Cestari Lacerda

Leonardo Cestari Lacerda é Sênior DeMolay do Cap. Imperial de Petrópolis, nº 470, e Maçom da A.’.R.’.L.’.S.’. Amor e Caridade 5ª, nº 0896.

Virtude Cardeal é uma coluna com o propósito de desenvolver a reflexão sobre características fundamentais de todo DeMolay, bem como apresentar a Ordem aos olhos dos forasteiros.

#Demolay

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/frank-sherman-land-100-anos-de-ma%C3%A7onaria

Arcano 12 – O Enforcado – Mem

Um homem está suspenso, pelo pé, de uma trave de madeira que se apóia em duas árvores podadas. Os dois suportes são amarelos e cada um conserva seis tocos da poda, pintados de vermelho; terminam em forquilha, sobre as quais repousa o pau superior.

São verdes os dois montículos dos quais nascem as árvores da provação, e nos quais brotam plantas de quatro folhas. A corda curta que suspende o homem desce do centro da barra transversal.

O personagem veste uma jaqueta terminada em saiote marcado por duas meias-luas à direita e à esquerda, que podem ser bolsos. O cinto e o colarinho da jaqueta são brancos, assim como os dez (ou nove) botões – seis acima e quatro (ou três) abaixo da cintura.

A cabeça do Enforcado encontra-se no nível da base das árvores. Suas mãos estão ocultas atrás da cintura. Naturalmente, a perna pela qual está suspenso – a esquerda – permanece esticada, enquanto que a outra está dobrada na altura do joelho, cruzando por trás a perna esquerda.

Significados simbólicos

Abnegação. Aceitação do destino ou do sacrifício.

Provas iniciáticas. Retificação do conhecimento. Gestação.

Exemplo, ensino, lição pública.

Interpretações usuais na cartomancia

Desinteresse, esquecimento de si mesmo. Submissão ao dever, sonhos generosos. Patriotismo, apostolado. Filantropia, entrega a uma causa. Sacrifício pessoal. Idéias voltadas para o futuro. Semente.

Mudança de vida, iniciação, abertura espiritual, sacrifício por algo valioso. Paz interior, nova visão do mundo.

Mental: Possibilidades diversificadas, flutuações. Indica coisas em processo de amadurecimento; não define nem conclui nada.

Emocional: Falta de clareza, indecisão, particularmente no campo afetivo.

Físico: Abandono de algumas coisas, renúncias, projetos duvidosos. Impedimento momentâneo para a ação. Um assunto iniciado é abandonado e só poderá ser resolvido através de uma ajuda. Do ponto de vista da saúde: transtornos circulatórios.

Sentido negativo: Êxito possível, mas parcial, sem satisfação nem prazer, sobretudo em projetos de ordem sentimental.

Reticências, planos ocultos. Resoluções acertadas, mas que não se executam; projetos abortados; plano bem concebido que fica na teoria. Promessas não cumpridas, amor não correspondido.

Os bons sentimentos serão utilizados para maus empreendimentos. Impotência. Perdas. Auto-renúncia, passividade.

História e iconografia
Em 1591 – tomando como testemunho a História Eclesiástica de Eusébio – Galônio descreveu as torturas sofridas pelos mártires dos primeiros séculos da cristandade. “As mulheres cristãs – escreve – eram freqüentemente suspensas pelo pé durante todo um dia, e os algozes faziam de tal modo que suas partes mais íntimas ficavam a descoberto, de maneira a mostrar o maior desprezo possível à santa religião de Cristo”.

A suspensão pelo pé foi amplamente executada pelos supliciadores romanos e há testemunhos também de vítimas medievais. Uma canção de gesta do século XIII informa que este castigo foi aplicado a um trovador por um dos duques de Brabante, quando este o surpreendeu em diálogo mais que musical com a duquesa.

Mas o enforcamento pelo pescoço, mortal, tem histórias mais remotas e, no caso de Judas, trata-se de um gesto auto-imposto na sequência do sacrifício que fez para que se cumprissem as profecias.

Uma tradição que vem dos primórdios da Igreja cristã é a de que um outro apóstolo, Pedro, teria insistido em ser crucificado de cabeça para baixo por não se sentir digno de reproduzir o suplício de Cristo.

No que diz respeito às artes gráficas, há inúmeras miniaturas dos séculos XIII e XIV com reproduções de santos e mártires pregados pelos pés a uma barra elevada. Mas é preciso chegar aos fins do século XV para descobrir uma imagem análoga à do Enforcado do Tarô.

De outro ponto de vista, pode-se dizer que a Antigüidade nos deixou inúmeros testemunhos de figuras invertidas que em nenhum caso poderiam ser ligadas ao suplício. Esta postura é adotada com freqüência por divindades nuas assírio-babilônicas, nos cilindros de argila que reproduzem cenas de conjunto.

É possível imaginar que as deusas nesta posição significavam outra coisa: propunham uma leitura ritual que, agora, parece absurda ou incompreensível.

Alguns estudiosos lembram, a esse respeito, os ensinamentos que atribuem ao homem o papel de estabelecer a ligação entre o Céu e a Terra, numa zona que o preserva de influências e contaminações. “Toda suspensão no espaço participa deste isolamento místico, sem dúvida relacionado à idéia de levitação e de vôo onírico”.

Muitas lendas de origens diversas atribuem aos enforcados características mágicas e os dotam de vidência e mediunidade.

Para Wirth, preocupado com o simbolismo iniciático, o protagonista do Arcano XII é homólogo ao do Prestidigitador (I), já que também inicia uma das vias, mas partindo do extremo oposto do caminho. Neste sentido o vê como o princípio de intuição pelo qual o ser humano pode alcançar um resplendor de divindade: como colaborador da grande obra que mudará para o bem a carga negativa do universo; como a vítima sacrifical para a redenção.

Atribuem-se ainda ao arcano virtudes divinatórias e telepáticas; é com freqüência relacionado com a arte e a utopia. Alguns o vêem como arcano possessivo, mas é necessário compreendê-lo num sentido puramente idealista, como uma manifestação de amor que carece de objeto individual (amor ao próximo).

Uma especulação interessante pode ser feita partir de seu número na ordem do Tarô, que o relaciona ao décimo-segundo signo do zodíacao, Peixes ou ainda ao conjunto do simbolismo zodiacal e ao dodecadenário: os doze signos e os doze meses do ano, os doze apóstolos, as doze tribos de Israel…

Por Constantino K. Riemma
http://www.clubedotaro.com.br/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/arcano-12-o-enforcado-mem

Os Stuarts e o Rito Escocês

James VI era rei da escócia em 1601 quando, com 35 anos de idade, foi iniciado na maçonaria escocesa, na Loja “Perth and Scone”. É o 1º imperador que se tem notícia da iniciação na Maçonaria. Dois anos após sua iniciação, ele assumiu também o trono da Inglaterra e Irlanda, passando a ser para esses “James I”, (por isso muitas vezes mencionado como James VI&I), e iniciando assim a era “stuartista”. A partir daí, todos os homens da família e nobres de sua corte tradicionalmente ingressavam na Maçonaria.

Em 1715, os Stuarts foram exilados na França, mais precisamente em Bar le Duc. Nesse mesmo ano, James Radclyffe, Conde e melhor amigo do pretendente ao trono, James III, “The Od Pretender”, acompanhado de seu irmão Charles Radclyffe, ambos fiéis declarados à causa Stuart, retornaram à Escócia para participarem de uma rebelião. A rebelião fracassou e ambos foram presos, sendo que o Conde James Radclyffe foi executado e Charles Radclyffe conseguiu fugir e retornar à França.

Dez anos depois, Charles Radclyffe, então secretário do Príncipe Charles Edward Stuart, conhecido como “The Young Pretender”, na França, e atendendo o desejo do príncipe e de sua corte, funda a 1ª Loja Maçônica “escocesa” em território francês. Através de sua liderança, as Lojas conhecidas como “escocesas” rapidamente se proliferam na França.

20 anos depois, em 1745, apoiando uma frustrada tentativa dos Stuarts de retomada do trono da Inglaterra, o Conde Charles Raclyffe é capturado e executado em Londres. Porém, sua iniciativa maçônica foi o embrião do que hoje conhecemos como Rito Escocês Antigo e Aceito.

Guarde esse nome, Charles Raclyffe, o verdadeiro pai da Maçonaria Neolatina.

Trabalho do Irmão Kennyo Ismail publicado no Blog: http://www.noesquadro.com.br/

#Maçonaria

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-stuarts-e-o-rito-escoc%C3%AAs

Psicodelias, Relâmpagos e Catedrais

Continuando nossa série histórica a respeito das origens dos Cavaleiros Templários, dividimos nosso arco histórico em três facções: de um lado, a Igreja Católica e a história de seus papas, até chegar em Urbano II “Porque Deus quis” pode ser lida AQUI, AQUI, AQUI e AQUI. Do outro lado, a história paralela dos Construtores do Templo, as guildas de maçons detentores do conhecimento da geometria sagrada, preservado desde as pirâmides egípcias até os templos romanos (e até os dias de hoje).

Justamente quando estava escrevendo esta coluna, li um texto postado pelo amigo Kentaro a respeito de um estudo feito por cientistas a respeito de padrões psicodélicos encontrados em neurônios em curto-circuito. Por coincidência, acabei de ler um livro chamado “Girando a Chave de Hiram” onde o autor relaciona justamente estas conexões e a ritualística templária e maçônica. Nesta semana, traçarei a relação entre psicotrópicos, mantras, orgasmos, meditações, relâmpagos, limiares da dor, religião, da falta de sono e até mesmo experiências de pós-morte e sua conexão com o Plano Astral e com a estrutura das primeiras catedrais européias.

Antes de mais nada, vamos ao texto original:

Psicodelia explicada por neurônios em curto
“Está cheio de estrelas”, disse o astronauta Bowman enquanto era absorvido pelo Monolito Negro em “2001 – Uma Odisséia no Espaço”. Uma sucessão de imagens psicodélicas (criadas com fotografia slit-scan) representavam então um contato com o Divino, ou o que quer que fosse, já que o próprio Kubrick nunca deixou claro o que diabos aquele final significava. Mas era algo grande, místico, mesmo religioso.
Imagens espirais e túneis de luz afins emergem repetidamente em experiências com drogas alucinógenas, e talvez não por mera coincidência, em iconografias religiosas resultantes de “visões”, como mandalas, arte islâmica ou catedrais cristãs. Não apenas isso, surgem também em experiências de “quase-morte”, alucinações de sinestésicos, cefaléias, epilepsia, distúrbios psicóticos, sífilis avançada, distúrbios do sono, tontura e mesmo em pinturas rupestres de milhares de anos.
Esta universalidade parece indicar algo maior, quiçá contato com planos superiores, ainda que cefaléias, sífilis avançada ou distúrbios psicóticos como meio de se aproximar de deus pareça um tanto bizarro. A neurociência aliada à matemática sugere uma explicação um pouco mais mundana. Porque a ciência já anda investigando o tema.
Nos anos 1920, o neurologista alemão Heinrich Klüver dedicou-se com afinco a estudar os efeitos da mescalina (peyote), e notou como tais padrões geométricos eram repetidamente relatados por diferentes sujeitos (incluindo ele mesmo, mas esta é outra história). Os padrões acabaram classificados no que ele chamou de “constantes de forma”, de quatro tipos: (I) túneis, (II) espirais, (III) colméias e (IV) teias.

Pois estudos recentes, aliando descobertas sobre o funcionamento do córtex visual a modelos do funcionamento de neurônios sugerem que tais padrões podem surgir simplesmente de uma espécie de curto-circuito no cérebro. Perturbações simples no córtex visual, quando mapeadas ao correspondente que o sujeito perceberia, podem gerar padrões notavelmente similares às constantes de forma psicodélicas.

À esquerda, a representação da alucinação de um maconhado. Ao lado, a simulação da percepção gerada pela perturbação do córtex visual. Simples assim. Nada de enxergar deus, e sim um produto da forma como nossos neurônios processam imagens, e como reagem assim a perturbações em seu funcionamento. “Está cheio de estrelas”, mas todas em seu cérebro.
Ou não tão simples, é preciso ressalvar. Neurocientistas, cientistas que são, admitem que ainda não conseguem explicar todas as alucinações relatadas. O próprio exemplo acima envolve uma complexidade maior do que os modelos usados, e a simulação envolve mais especulação. Mesmo o modelo utilizado para simular a percepção dos sujeitos frente às perturbações em seu córtex visual é, ainda, rudimentar, envolvendo diversas simplificações. É uma área ainda em exploração, mas pelo visto, extremamente promissora. Explicaria bem porque tanto religiosos em transe quanto drogados e sifilíticos em estado avançado poderiam partilhar as mesmas alucinações visuais. São seres humanos partilhando a mesma estrutura cerebral submetida a alguma perturbação.

By Kentaro Mori no 100Nexos.

Espirais, Relâmpagos e Teias de Aranha
Uma das sete leis de Hermes Trismegistrus diz que “Todas as coisas se movimentam e vibram com seu próprio regime de vibração. Nada está em repouso”.
Das galáxias às partículas sub-atômicas, tudo é movimento. Todos os objetos materiais são feitos de átomos e a enorme variedade de estruturas moleculares não é rígida ou imóvel, mas oscila de acordo com as temperaturas e com harmonia. A matéria não é passiva ou inerte, como nos pode parecer a nível material, mas cheia de movimento e ritmo. Ela dança.

Os primeiros contatos com o Divino muito provavelmente aconteceram por causa dos relâmpagos. Robert Lomas, em seu livro “Girando a Chave de Hiran” conta que, certa vez, estava passando de automóvel quando quase foi atingido por um raio. O raio havia passado tão perto que, por alguns segundos, não apenas a parte elétrica de seu carro teve problemas, mas ele teve uma “visão de Deus”. Naqueles pequenos instantes, que para ele pareceram uma enternidade, Lomas teve o contato direto com o Cósmico, fundindo-se ao todo, na sensação que os ocultistas chamam de Samadhi ou “pequeno mergulho no Nirvana”. O contato com Kheter.
Durante o livro, com a ajuda de diversos neurocientistas britânicos, ele traça paralelos experimentais entre o “curto-circuito” que experimentou graças ao raio e as descrições de êxtase religioso encontradas em diversas literaturas, bem como experiências de neurocientistas como Michael Persinger, Andrew Newberg e Eugene D´Aquili envolvendo o comportamento do cérebro humano.

Mas voltando aos trovões e relâmpagos… é muito provável que desde os tempos mais remotos, muitos homens tenham passado pela mesma experiência que Lomas. Este “curto circuito” e posterior expansão da mente do indivíduo pelo Cósmico certamente resultariam em uma experiência transcedental, divina. O contato com o TODO, o Grande Arquiteto do Universo. Não é de se estranhar, então, que alguns dos deuses mais importantes de todas as mitologias faziam uso do trovão como arma (Zeus fulminando seus adversários na mitologia grega, por exemplo). Ao quase ser alvejado por um raio e sobreviver, o indivíduo ou grupo de indivíduos passava a ter um legítimo contato com a divindade cósmica, e traduzia esta sensação indescritível com o melhor que seu vocabulário pudesse conceber. Enquanto isso, no plano material, os neurônios e sinapses expostos a campos elétricos causariam a sensação que Walter Leslie Wilmshurts chamou de “Consciência cósmica”. Não é de se estranhar que os antigos construtores de catedrais, trabalhando em campanários e outros locais elevados, sob tempo ruim, invocavam a ajuda de Santa Bárbara.

Tantra e Chakras
A experiência divina não é exclusividade do contato com raios e trovões. Paralelamente a isso, os iniciados conheciam técnicas de magias sexuais derivadas do tantra para atingir o MESMO estado de iluminação, ou Samadhi. Através de orgasmos cada vez mais fortes e intensos, e do fluxo de energias despertando cada um dos chakras dos amantes, através da Kundalini, os iniciados conseguem experimentar o mesmo estado divino descrito pelas experiências acima. Da mesma forma, outros exercícios de meditação, contemplação e masturbação têm sido utilizados para o mesmo fim. A energia canalizada durante este “curto circuito” é muito utilizada na chamada Magia do Caos, desenvolvida por Peter J. Carroll no começo do século XX e não é muito diferente das antigas magias sexuais celtas ou egípcias.
Aposto minhas adagas ritualísticas que, se os neurocientistas medissem o padrão do córtex visual em um casal de sacerdotes durante o Hieros Gamos ou de um casal iniciado tântrico durante o Maythuna, eles encontrariam o mesmo padrão descrito por Heinrich Klüver.

Meditação, Mantras e Mandalas
Outro caminho conhecido para se atingir este estado de “curto circuito” é através da meditação. Exercícios de “desligamento da mente” zen e técnicas envolvendo mandalas, mantras ou orações repetitivas, normalmente trabalhando em um padrão espiral, fazendo com que os sentidos objetivos sejam cada vez mais neutralizados, até que haja o travamento das faculdades objetivas e, como conseqüência, a conexão com os planos superiores.
O mesmo processo explica claramente porque muitos fiéis cristãos, ao envolverem-se demasiadamente com as orações (especialmente no terço, que é uma derivação do japamala budista), entram neste “curto-circuito” durante as orações e chegam ao mesmo estado de consciência. A diferença é que, para estas pessoas, por desconhecerem o que está acontecendo, acreditam que “Jesus falou com elas”, pois não são capazes de explicar este contato com o Cósmico e, assim como os selvagens nas cavernas, tentam explicar ao mundo o que sentiram através de seu vocabulário limitado.
Novamente, se estes padrões cerebrais fossem medidos, teríamos o mesmo padrão, tanto que eles se repetem nos desenhos das mandalas, só que de uma forma invertida. Nas experiências com psicotrópicos, o usuário enxerga os padrões depois de entrar em contato com a droga; nas mandalas, o iniciado procura os padrões ANTES de causar o “curto-circuito”.
Qual padrão é a causa e qual é a consequência?

O limiar da dor
Também é conhecido que estes padrões são encontrados em cefaléias, epilepsia, distúrbios psicóticos, sífilis avançada e outras situações do limiar da dor extrema. Estes estados mentais também causam o “curto-circuito”, resultando os mesmos padrões descritos acima. Isto deu origem a uma série de rituais de iniciação e ritos religiosos envolvendo perfurações e suspensões por meio de ganchos, até os famosos faquires e devotos hindus, capazes de atravessar pregos pelo nariz, anzóis pela pele e ganchos por todo o corpo. Examine o córtex deles e teremos o mesmo padrão.
Este culto à dor pela iniciação existe até os dias de hoje, tanto em iniciações que envolvam suportar a dor, como o ritual de Gkol nas tribos de Vanuatu, que consiste em se jogar do alto de uma árvore ou penhasco amarrado em cipós como prova de iniciação da puberdade para a maioridade até talhar os próprios dentes para deixá-los pontudos ou perfurar a pele com piercings e anzóis, além das flagelações.

Durante a idade Média, existiram muitas ordens monásticas que cultuavam a auto-flagelação. Açoites e chicotes como forma de penitência foram trazidos para a Igreja católica dos templos hindus, que por sua vez traziam este costume da maneira a conectar-se com o divino através da penitência.
Podemos ver resquícios desta ritualística até mesmo no cilício, instrumento composto de espinhos que são amarrados na coxa e apertados de acordo com a vontade do usuário, causando uma dor contínua e muito forte. O cilício ainda é muito utilizado na Opus Dei e em outras ordens religiosas monásticas.

Sexo e a Dor
Os Etruscos possuíam templos destinados a ritos sexuais que envolviam prazer e dor (o mais conhecido é a Tombe de la Fustigazione), que deram origem à Lupercália romana e, mais tarde, ao dia de São Valentino (o “dia dos namorados” gringo). Até os dias de hoje, existem dentro de ordens do caminho da mão esquerda rituais de BDSM até o limiar da dor e do êxtase, onde se consegue chegar ao mesmo “curto circuito” da meditação zen. E aposto meu pantáculo saturnino que quando a iniciada estiver em êxtase, encontraremos nela os mesmos padrões descritos por Heinrich Klüver.

As drogas e os psicotrópicos
Outro aspecto muito comum nas iniciações é o uso de psicotrópicos e libertadores da consciência. Drogas como o haxixe, ópio, peyote, mescalina, folha de coca, LSD ou até mesmo o Santo Daime têm a finalidade de desligar os sentidos objetivos e abrir as portas da percepção. Como foi colocado acima, o efeito resultante no Plano Material é o mesmo das outras experiências. Da mesma maneira, Sinestetas enxergam sons, escutam cheiros, sentem cores e algumas delas (acabei de perguntar a uma amiga sinesteta pelo msn) enxergam espirais e estrelas no momento de um orgasmo. “Mas só dos mais fantásticos” segundo palavras dela. O que comprova nossa teoria a respeito dos orgasmos tântricos e curtos circuitos.

Dança de Roda
Outra maneira de se atingir este “curto circuito” é através da dança ou das artes marciais. Danças sagradas de roda e danças ritualísticas existem em todas as culturas e religiões, muitas das quais com extremos aspectos místicos. Entre as principais eu vou citar os Dervishes, do ocultismo muçulmano (epa, eu escutei certo? Ocultismo muçulmano? Sim crianças… chegaremos aos sufis e dervishes em breve) e suas danças de roda. Note como eles estão em estado de transe. Aposto meu cálice de prata que se você medir os padrões do córtex deles, obterá os MESMOS resultados supracitados.
Também posso citar as dançarinas de dança do ventre ou dança dos sete véus ritualística e, claro, os praticantes de kung fu ou tai chi (especialmente tai chi).

A Árvore da Vida
Dentro da Kabbalah, na Árvore da Vida (diagrama que mapeia todos os estados de consciência do ser humano, do mais mundano até o divino), este processo é o caminho que conecta a décima esfera Malkuth (o mundo da matéria) à nona esfera Yesod (o mundo astral, ou intuitivo e acausal), representado pela letra hebraica “Tav”, que também é o símbolo da Ordem dos Franciscanos. O Tau ou Tav representa a imaginação e todos os processos decorrentes da libertação da mente intuitiva da mente objetiva, que incluem todos os processos criativos e visionários. É o primeiro passo para a iluminação. Não é por acaso que todos os deuses representados em Yesod trabalhem com a intuição e com a conexão com a Consciência superior.

A Geometria Sagrada e os Rituais
Muitos dos Construtores de Templos conheciam as propriedades da geometria sagrada de induzir e promover estes estados psíquicos nos iniciados durante os rituais. Desde as proporções na Pirâmide, nos Templos Gregos e Romanos até chegarmos às catedrais cristãs e, posteriormente, às mesquitas muçulmanas e aos Castelos Templários.
Este conhecimento também permanece na África (o povo sempre se esquece que o Egito fica na África! Quando os muçulmanos tomam o Cairo e Alexandria, eles absorvem muito do conhecimento que estava disponível nas Escolas e bibliotecas), trazendo a geometria sagrada para a Arábia. Com as expansões, levam este conhecimento para o sul da Espanha também.

Mas isso já é outra história…

#ICAR

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/psicodelias-rel%C3%A2mpagos-e-catedrais

Qual é o coletivo de pensamentos?

“Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és.

Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar”

– Johann Wolfgang von Goethe

Egrégora. Do grego “egregoroi”, do latim “gregariu”, do celta “egregor”, do francês “égrégor”, do alemão “eggregore”, do finlandês “egregoi”…

O senhor está acompanhando, seu zero-cinco?

Comecei este texto com uma brincadeira com o filme “Tropa de Elite” porque ele exemplifica bem o que é uma egrégora. Tanto o treinamento realizado pelos soldados do verdadeiro Bope quanto a capacidade que o filme teve de mexer com o inconsciente coletivo aqui no Brasil.

Mas… o que é uma Egrégora?

Uma Egrégora representa o conjunto de formas-pensamento de duas ou mais pessoas, voltado para uma determinada finalidade. O conhecimento a respeito de Egrégoras talvez seja uma das coisas mais importantes dentro do ocultismo. A Egrégora forma o coração e o espírito de todas as Ordens Iniciáticas e profanas. É ela quem protege e auxilia os magistas em seus trabalhos.

Mas vamos por partes.

Em primeiro lugar: o que vem a ser uma “forma-pensamento”?

Conforme eu havia explicado nestas colunas AQUI e AQUI, existem dimensões físicas fora do que chamamos “plano material”, que os ocultistas dominam há séculos mas que os cientistas ortodoxos ainda estão engatinhando em suas experiências. Nestas outras faixas vibratórias residem os pensamentos, emoções e conceitos, além dos chamados “fantasmas” ou “espíritos”. O plano sutil mais próximo do Plano Material é o Plano Astral.

Eu já comecei a falar sobre o Plano Astral nas colunas anteriores, mas como este assunto é demasiadamente extenso, com certeza voltaremos a ele ainda muitas vezes nas proximas colunas.

Por estarmos mergulhados neste oceano de vibrações eletromagnéticas sutis, nossos corpos de carne (que, como demonstrei na matéria sobre os Chakras, são verdadeiras transmissores e receptores eletromagnéticos) estão constantemente em ressonância com estas vibrações externas que se manifestam ao nosso redor.

Colocando em palavras mais simples: pensamentos, emoções e intenções são capazes de afetar diretamente as pessoas através destas ressonâncias. Podemos fazer uma analogia dos seres humanos como transmissores/receptores eletromagnéticos, cujos pensamentos afetam e são afetados pelo ambiente que nos cerca.

Podemos emitir determinadas vibrações através da vontade e do pensamento, mas também estamos sujeitos a receber e absorver emanações que estejam ao nosso redor.

Da mesma maneira que podemos interagir com o mundo físico através dos nossos sentidos objetivos (segurando uma caneta com nossas mãos, por exemplo), todos nós somos capazes de interagir e realizar ações no Plano Astral.

Para entender melhor, vamos fazer um exercício simples de visualização: Imagine uma taça de vinho tinto repousando ao lado do teclado. Mas não “pense” na taça… “visualize” esta taça… relaxe… respire calmamente, concentre sua mente e veja todos os detalhes da textura do vidro, a cor, o brilho, a transparência do copo, o reflexo da luz, a cor característica do vinho, imagine o cheiro delicioso… afaste todos os outros pensamentos e concentre-se apenas nessa taça. Imagine sua mão pegando esta taça, o aspecto liso e frio do vidro em contato com seus dedos, o líquido mexendo dentro da taça enquanto você a ergue no ar. Observe o vinho contra a luz… Dê um gole imaginário nesta taça e sinta o gosto do vinho na sua boca, o sabor adocicado enquanto o líquido preenche sua boca e o cheiro do bouquet invade suas narinas… se você fez direitinho, pode até mesmo estar com água na boca neste momento. E, durante um curto espaço de tempo, você acaba de criar uma forma-pensamento. Basta que, nesse momento, TODA a sua concentração estivesse voltada para esta criação.

Esta taça de vinho que você acaba de criar é tão sólida quanto qualquer objeto “real”, apenas existe em outra dimensão mais sutil e, portanto, a princípio, não interage com o plano físico. Em alguns instantes, ela será dissolvida e retornará ao que chamamos de “fluído astral”. Dependendo da emoção e da quantidade de tempo que você se dedicar a esta construção astral, ela acaba se cristalizando e passa a ficar ali, diante do computador, no exato local onde você a visualizou.

Saber como trabalhar estas construções astrais é algo importantíssimo, pois delas dependem os círculos de proteção, os rituais de banimento e de conjuração, gárgulas, templos astrais, defesas psíquicas, proteção contra vampiros energéticos e um campo aberto para facilitar suas projeções. Por esta razão, os exercícios de visualização e concentração que eu passei AQUI precisam estar dominados. A imaginação e a visualização devem fazer parte do arsenal básico de qualquer estudante de ocultismo.

Já uma egrégora é o conjunto de formas-pensamento criadas por um grupo, com uma mesma finalidade. Como disse aquele mago famoso da bíblia, “Onde dois ou mais se reunirem em meu nome, eu estarei entre eles”. Ou seja: quando duas ou mais pessoas se reúnem ao redor de um único objetivo, estas formas-pensamento se somam e geram algo maior, mais dinâmico. E quanto mais concentrados, intensos e constantes forem estes pensamentos, maior o campo de atuação desta egrégora. Aqui está o segredo e a base da Ritualística, ou seja, da repetição.

Aliás, a título de curiosidade, “ritual” vem do grego “Arithmos” (Número) da qual surge também a palavra “Aritmética” e “ritmo”, mostrando que matemática, música e magia sempre andaram de mãos dadas.

Para tentar explicar melhor o que seria “poluição mental” em contraparte a “egrégora”, eu fiz estes dois desenhos no photoshop. O primeiro mostra uma reunião de profanos/adormecidos, no qual cada um está tentando colaborar em uma reunião. Por mais interessados que estejam, a falta de disciplina e concentração faz com que a mente objetiva fique divagando entre problemas alheios ao grupo ao invés de dar vazão à mente intuitiva, ou superior.

Já em uma reunião onde se tenha estabelecido uma Egrégora (normalmente através de uma ritualística), todos os envolvidos estão empenhados em realizar um trabalho justo e perfeito e suas mentes fluem como uma única potência.

Quanto mais se repete a ritualística, maior e mais forte é a Egrégora; Quanto mais concentração se coloca nos pensamentos, maior e mais forte é a Egrégora; quanto mais emoção se coloca nesta ritualística, mais forte é a Egrégora. Em algum tempo, este verdadeiro colosso de energia mental/emocional/espiritual adquire “vida própria” e passa a auxiliar a causa para qual aquele grupo trabalha.

É bom notar que não apenas pessoas no Plano Material colaboram com a Egrégora, mas também as Pessoas que estiverem no Plano Astral (é extremamente comum que antigos mestres que já faleceram continuem a participar de reuniões dentro das ordens e instituições que faziam parte).

Por causa da Egrégora, Grupos Iniciáticos costumam se reunir sempre nos mesmos dias e horários da semana. Desta maneira, mesmo se um membro não puder comparecer, ele pode emanar pensamentos para colaborar na Grande Obra. O simples fato dele se posicionar mentalmente dentro do templo durante o período de trabalho já o coloca em sintonia com a egrégora que estiver ativada.

Abrindo e Fechando as Egrégoras

Muita gente sempre me pergunta como é que eu consigo fazer parte de uma dúzia de ordens iniciáticas sem ficar louco. A resposta para isso é simples: todo trabalho e operação ocultista é composta de três partes: a “Abertura dos Trabalhos”, o “Trabalho” e o “Fechamento dos Trabalhos”.

Fazendo uma analogia, pode-se imaginar a egrégora como sendo uma piscina (ou lago, ou mar, dependendo da egrégora). Quando vou nadar, eu me aproximo da piscina, retiro minhas roupas profanas, coloco paramentos adequados (shorts, maiôs, sungas, biquínis, pés de pato, snorquels, prancha de surf, bóias, etc… ), passo meu protetor solar e somente depois de todo o “ritual” é que estou preparado para nadar. Da mesma forma, quando saio da piscina, eu me enxugo, tiro a água do corpo, limpo o protetor solar, tomo um banho, visto minhas roupas e somente depois volto ao mundo profano. Ninguém entra na água de terno e gravata nem sai por ai andando de maiô no meio da avenida Paulista. Fazendo os trabalhos de abertura e fechamento de Egrégora corretamente, é possível freqüentar palestras na Rosacruz Áurea na quarta-feira, realizar um Esbath Wiccan na quinta-feira, visitar um Terreiro de Umbanda na sexta feira, participar de um ritual budista no sábado, de uma missa cátara/templária no domingo e de uma loja maçônica na segunda-feira sem ficar maluco. E, antes que alguém pergunte, este exemplo NÃO foi hipotético…

E esta ritualística de abrir e fechar egrégoras se repete em absolutamente todos os lugares: desde os maçons, rosacruzes e demolays que se paramentam para seus trabalhos até patricinhas e dançarinas de bailes funk que se vestem e se maquiam antes de sair para a balada, passando por médicos, bombeiros, policiais, professores, cientistas, trabalhadores que “batem cartão”, padres com suas batinas rezando uma missa, pais-de-santo com suas roupas brancas, médiuns kardecistas com seus aventais, sacerdotes e sacerdotisas wiccans com seus mantos (ou sem roupas), torcedores de times de futebol que vestem a camisa de sua torcida antes de irem ao jogo, lutadores que vestem seus kimonos antes de praticarem seus treinos e assim por diante. TUDO o que envolver estar “no mundo profano”, uma transição para um ato e um posterior retorno ao mundo profano está ligado diretamente a uma Egrégora. Assistir passivamente uma novela é pertencer a uma egrégora. O problema é selecionar quais delas você quer participar…

E qual a importância de fechar uma Egrégora?

Quando você abre os trabalhos em uma Egrégora, você se coloca em um estado mental compatível com as vibrações desta egrégora. Quando você retorna ao mundo exterior sem fechar os trabalhos, a egrégora continua exercendo influência sobre as suas ações e pensamentos. O problema com isso é que, dependendo do tipo e poder desta egrégora, a pessoa acaba sendo literalmente DOMINADA por estes pensamentos e emoções.

Vou dar alguns exemplos simples, mas bastante importantes:

Todo mundo deve conhecer pessoas que gostam de, no domingo, vestir a camisa do seu time, sentar na frente da TV, assistir uma partida de futebol e depois voltar aos seus afazeres normais. Times de futebol são egrégoras. Uma partida de futebol é um ritual de confronto entre duas egrégoras adversárias. Ao final dos “trabalhos”, os obreiros (torcedores) retornam às suas vidas normais, fechando as portas destas egrégoras. Por outro lado, todo mundo deve conhecer pessoas que não são capazes de se desligar disso, tornando-se literalmente escravas de seus times. Tatuam o símbolo do time no próprio corpo, agridem pessoas de outras egrégoras, gastam tempo e energia propagando ódio em emails, piadas, xingamentos, brigas e discussões com pessoas ligadas a outros times, passam a semana inteira gastando horas de pensamento preocupadas se o time está na zona de rebaixamento ou não ao invés de tomarem o controle das suas próprias vidas. Em pouco tempo, a vida desta pessoa está completamente dominada por esta egrégora. Um perfeito zumbi.

Vemos casos como este todos os dias nos noticiários.

Aliás, times de futebol são exemplos maravilhosos de egrégoras e do controle que elas podem exercer sobre as criaturas. Quando as pessoas se conectam a estas egrégoras, seus corpos se tornam unos com a idéia; alguns chegam até mesmo a morrer de ataques cardíacos durante finais de campeonato. Só quem já esteve em um estádio de futebol sabe o que é sentir esta energia fluindo e como a torcida faz diferença em uma partida de futebol.

Uma egrégora PODE desviar uma bola para que ela bata na trave ao invés de fazer um gol, PODE fazer um jogador se contundir no meio da partida, errar um pênalti ou acertar um chute impossível… a egrégora influencia, mas não decide. Como disse certa vez o comentarista João Saldanha: “Se macumba ganhasse jogo, campeonato baiano terminava sempre empatado”.

Outro exemplo interessante são os fumantes: a egrégora do cigarro é absurdamente poderosa. Quando alguém pensa em abandoná-la, ela toma providencias para manter a mente da pessoa acorrentada. Some-se isso ao fato de que, cada vez que se acende um cigarro, alguma entidade astral “gruda” na pessoa para usufruir desta energia e com isto temos uma explicação muito precisa do por quê é tão difícil largar o vício.

Por outro lado, pode-se combater uma egrégora com outra egrégora. Quando um alcoólatra passa a freqüentar uma AA, ele passa a se conectar com OUTRA egrégora, que por sua vez é antagônica à egrégora da bebida. Uma pessoa que esteja ligada à AA possui MUITO mais chances de abandonar e vencer um vício do que uma pessoa que está tentando sozinha, pois sua força de vontade passa a ser acrescida do poder desta outra egrégora.

Mas, independente da guerra astral que está sendo travada, o ser humano vai ter a última palavra. Lembram que eu falei ali em cima que nosso corpo é um transmissor/receptor eletromagnético? Pois bem… serão as atitudes da pessoa que permitirão a influência da egrégora X ou Y, que determinarão se ela conseguirá sobrepujar o vício ou não. Existe uma máxima ocultista que diz “É impossível ajudar quem não quer ser ajudado” ou ainda “Não entregue pérolas aos porcos”.

Se o nível mental da pessoa é baixo, ela vai ser dominada por toda a sua vida.

E claro que as “otoridades” sabem disso. Aliás, acham isto maravilhoso. As grandes companhias adoram estes conceitos. Os clientes vestindo suas marcas e repetindo seus slogans como se fossem bordões. As religiões caça-níqueis AMAM estes conceitos, e pode apostar que elas utilizam-se de todos eles para manter seus fiéis aprisionados.

Aprendendo a fechar as Egrégoras

Como vocês podem estar imaginando, a partir do momento que se tem consciência de como estas energias funcionam, torna-se simples. “Um horário para cada coisa e cada coisa no seu horário e local”. Sabendo trabalhar estas energias mentais, você perceberá que seus trabalhos renderão mais e seu nível de stress diminuirá consideravelmente.

Acostume-se a limitar os seus horários de trabalho. Quando estiver no seu horário de lazer, não pense no trabalho; quando estiver no trabalho, não pense no seu lazer. Concentre-se APENAS no que estiver fazendo, e faça direito.

Qual a relação de um iniciado com uma egrégora?

Muita gente perguntou na coluna passada o que representa ser um iniciado. A resposta está ligada à coluna de hoje. Um iniciado é alguém que foi ACOLHIDO por uma egrégora. Quando eu falo em uma Iniciação dentro da pirâmide ou de um círculo de pedra, ou de um batismo, quero dizer que o iniciado está entrando em contato com as chaves astrais que vão permitir a ele acessar estas egrégoras mais poderosas.

Em um momento de dificuldade, o iniciado pode resgatar energias desta reserva para auxiliá-lo no que precisar (e estiver de acordo com os preceitos da egrégora, claro).

Exercício Prático: Como ir melhor na escola.

Estabeleça um grupo de estudos. Faça com que todos leiam esta coluna para se familiarizarem com o conceito de egrégora. Reúna os amigos que precisam estudar para uma prova (mas também funciona sozinho, embora como vimos acima, mais mentes significam mais vibrações no mesmo objetivo – ou mais gente te atrapalhando, então escolha direito seus colegas de estudo). Estabeleça um horário fixo. Neste horário, acenda um incenso e diga em voz alta: “Eu, fulano de tal, declaro abertos os trabalhos com a finalidade de estudar para a prova X pelas próximas horas. Que a partir deste momento, nada possa nos distrair ou perturbar”. Claro que você terá desligado celulares, TV, i-pods e o que quer que possa distraí-los neste tempo. Quando acabar, feche os livros e diga em voz alta “Eu, fulano de tal, declaro encerrados os estudos para a prova X no dia de hoje”. Faça isso nos dias que for estudar… aliás, tente estabelecer o mesmo horário sempre.

Na hora da prova, apenas diga para você mesmo “eu, fulano de tal, desejo acessar os conhecimentos arquivados nos meus períodos de estudo” (mas você precisa dizer estas frases… não vale só pensar… o VERBO é necessário para trazer estas chaves da nossa pequena egrégora do plano metal para o físico).

Depois você me diz como foi na prova…

O mesmo vale para qualquer tipo de trabalho, estudo ou reunião. Antes de começar, abra os trabalhos definindo exatamente o que você pretende fazer, quando terminar, feche os trabalhos. Você perceberá como tudo na sua vida irá render mais…

Até a semana que vem, crianças…

Enquanto isso, meditem na pergunta abaixo:
Você é mesmo dono dos seus pensamentos?

Ou alguém está pensando por você?

#MagiaPrática #PlanoAstral

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/qual-%C3%A9-o-coletivo-de-pensamentos