Por dentro do Pró-Vida

(publicado em Marie Claire nº 68, novembro de 1996)

Poucas vezes o segredo funcionou tão bem como a alma de um negócio. O Pró-Vida cerca sua atuação de mistério. Apresenta-se como uma escola filosófica de desenvolvimento mental, mas não divulga métodos e conteúdo dos cursos. Quem quiser saber mais deve literalmente pagar para ver. Ou melhor, ingressar no quadro de alunos. É o que constato no primeiro telefonema, após receber de Marie Claire a missão de desvendar os bastidores desse enigmático grupo. Quando começo a frequentar o curso Básico, descubro que não se trata apenas de uma escola filosófica às voltas com as velhas interrogações do espírito humano – quem somos, por que vivemos, para onde iremos. Em muitos pontos, as aulas se assemelham aos cultos da Igreja Universal do Reino de Deus e afins. De maneira mais sutil, o Pró-Vida também envolve, incute idéias, desperta culpas, cobra dízimos. Não falta nem mesmo a revelação da existência de um paraíso na Terra.

Alguma vez na vida você ouviu falar que “um mundo melhor” existe aqui e agora? Para desfrutá-lo, basta entrar para o Pró-Vida e conviver com os “irmãos” do grupo. E não são poucos os que fazem essa opção. Chegam a abandonar outras atividades para marcar presença constante nos cursos, prestar trabalho voluntário e integrar definitivamente o rebanho de eleitos. A comparação é quase inevitável: o Pró-Vida atua como uma versão mais elaborada da igreja do bispo Edir Macedo. Dirige-se à classe média alta e, portanto, utiliza meios mais complexos de persuasão. O discurso dos monitores é articulado. No lugar de trechos bíblicos, supostas referências científicas. De Einstein a Freud e Jung, proliferam citações que procuram emprestar credibilidade aos ensinamentos.

Antes de descobrir esses e outros detalhes, tive de passar por uma entrevista para ser aceita no seleto rebanho. Durante a conversa não revelei, claro, minhas intenções jornalísticas. Criei uma pequena mentira. Disse ser uma publicitária em busca de sucesso profissional. Admito que estava um pouco amedrontada. Se soubessem ler pensamentos, como de fato sugerem, descobririam a farsa. Mas a história convenceu e fui aprovada com a garantia de que, ao final do curso, teria mudanças radicais na minha vida. Que tipo de mudanças? “Você verá os resultados”, desconversou uma educada monitora na faixa dos 50 anos.

A manutenção do suspense tem finalidade. O Pró-Vida funciona como um grupo “iniciático”, segundo a classificação do antropólogo José Guilherme Magnani, professor da Universidade de São Paulo. “É a mesma estrutura de sociedades como a maçonaria e a rosa-cruz”, ele compara. “Nessas organizações, há sempre um segredo mantido pela lealdade dos adeptos. É preciso passar por etapas para ter acesso a certas dimensões do grupo”. Quer dizer, para conhecer o referido “segredo”, é necessário prosseguir na iniciação – o que no Pró-Vida significa pagar mais e mais cursos. Como a meta é conquistar adeptos selecionados, de preferência os financeiramente saudáveis, a propaganda é dirigida. O Pró-Vida mantém uma página na Internet e promove divulgação boca-a-boca – alunos de cursos avançados levam parentes, amigos e conhecidos. Outra ferramenta publicitária é um adesivo para ser colado no vidro do carro. O anúncio traz uma frase que confirma o teor enigmático utilizado pelo grupo: “Se você já estiver preparado, uma força maior o levará ao Pró-Vida”. Quem ler – e não conseguir segurar a curiosidade – irá telefonar.

Logo no primeiro dia, percebo que o marketing do mistério funciona. Cerca de 60 pessoas desembolsaram R$ 350,00 para “aprender a utilizar melhor o cérebro”. A procura é tamanha que a organização promove de dois a quatro cursos iguais a este por mês – não só em São Paulo, mas também em várias cidades do país e em Buenos Aires, na Argentina. Faço uma conta rápida, considerando a presença mínima de 50 alunos em cada um deles, e constato que o Pró-Vida deve faturar pelo menos de R$ 35 mil a R$ 70 mil reais por mês só com essa fonte. E os cursos não são a única forma de ganhar dinheiro. O clube de Campo, situado em Araiçoiaba da Serra, no interior de São Paulo, é outro negócio bastante rentável.

É PROIBIDO ANOTAR

Uma nova sede do Pró-Vida em São Paulo está funcionando desde agosto. Erguido nas imediações da Marginal Pinheiros, o prédio ostenta uma vistosa pirâmide em sua fachada e abriga os cursos ministrados na capital paulista. Substituiu outras duas sedes, situadas nos bairros de Moema e Vila Olímpia. Fiz o Básico na casa da Alameda dos Nhambiquaras, em Moema, pouco tempo antes da inauguração do prédio da Marginal. No primeiro dia, uma segunda-feira, chego 30 minutos antes do horário estipulado. A aula estava marcada para começas às 20h30. Procuro um lugar vago entre as cadeiras enfileiradas, que acomodam homens e mulheres com idades e profissões variadas. Há médicos, engenheiros, professores, estudantes, publicitários, empresários, donas de casa. E também crianças e adolescentes (maiores de 9 anos podem frequentar o curso).

Enquanto espero, converso com uma colega. Ela namora um “avançado” do Pró-Vida e está lá por insistência dele. Tem 24 anos e é muito falante. A aula começa com atraso – o que se repete todos os dias. A monitora fala longamente sobre as agruras do mundo moderno, as guerras, as doenças, as drogas. Fico olhando os rostos atentos e percebo que três alunos avançados estão sentados em posição estratégica para assistir a platéia. Sinto-me vigiada. Tento decifrar o que estariam observando. Nessa primeira aula, a monitora garante que aquela semana mudará a nossa vida e promete algo do tipo: satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”.

Durante a minha maratona de “desenvolvimento mental”, ouvi ensinamentos sobre o funcionamento do cérebro, sono, poderes das pirâmides, energia, aura e fenômenos de levitação e materialização. Participei de sessões de relaxamento e pratiquei exercícios comandados pela monitora. Mas, nesses tempos de farta literatura esotérica, cursos de auto-ajuda aos borbotões e familiaridade com anjos, achei que nada poderia ser visto como novidade.

O entusiasmo dos meus colegas, no entanto, confirmou não ser essa a opinião da maioria. Boa parte parecia estarrecida. Mas será o conteúdo que conquista os alunos ou a forma como ele é transmitido? Para se ter uma idéia, somos instruídos a “sentir” o que está sendo falado. Não temos autorização de fazer qualquer anotação. O professor do Departamento de Psicologia Social da Universidade de São Paulo, Esdras Guerreiro Vasconcellos, explica por que esse detalhe é tão importante, “O ensinamento da primeira noite é internalizado no nível da consciência, mas uma parte se perde. Na noite seguinte, outra leva de conhecimentos é internalizada da mesma forma e só uma parte fica – e assim sucessivamente”, afirma. Como nossa memória possui capacidade limitada, segundo o professor, a internalização torna-se um processo inconsciente. Com um agravante: o curso compacto não oferece tempo para elaborar o aprendizado. Conclusão: “A pessoa guarda essencialmente aquilo que tem valor emocional”. Em conversas durante os intervalos, percebo que muitos chegam ao Pró-Vida em busca do genérico “algo mais”. Ou estão embalados por crises conjugais, dificuldades profissionais, estresse acumulado.

A aula de terça-feira trata do sono e sonhos. Freud e Jung, os mais badalados estudiosos do tema, não são esquecidos. O bê-a-bá das teorias de ambos faz parte do menu de ensinamentos do dia. Depois, aprendemos a programar nosso cérebro para acordar no horário desejado, lembrar dos sonhos ou ter um sono revitalizante. Basta, antes de adormecer, em estado de relaxamento, emitir uma ordem objetiva para ele. Assim, se eu ordenar que “quero acordar às 7 horas”, despertarei. Se só possuo quatro horas disponíveis para dormir, devo apenas dizer com firmeza a meu cérebro que acordarei disposta e descansada. E ponto final.

CONTRABANDO DE EISNTEIN

A aula de quarta-feira é anunciada como especial e ansiosamente aguardada por todos. No encerramento da noite anterior, somos avisados de que teremos um grande dia. Receberemos um ensinamento, cunhado de “chave de prata”, que nos ajudará a abrir portas da felicidade. Durante a explicação, descobrimos que a “chave” em questão leva o nome pomposo de “Verdade Suprema e Absoluta ao nível da Consciência Humana”. Mas rapidamente verifico que o resumo da ópera é menos sofisticado e equivale à difundida idéia de que a energia do pensamento tem poderosa força. Todos são instruiídos a fazer “tela mental” para o que quiserem. Em outras palavras, quem almeja um carro novo precisa, em primeiro lugar, determinar marca, cor e detalhes. Depois, imaginar-se desfrutando da supermáquina, no velho estilo Lair Ribeiro. Se conseguir “eliminar conflitos” – do tipo “será que mereço?”-, vai obter o que pretende. Para convencer sobre a veracidade dessa sabedoria, a aula inclui exemplos de pessoas que alcançaram o desejado. Até mesmo a equação de Einstein – E=mc2 – entra na dança, numa tentativa de provar que a energia do pensamento é capaz de materializar desejos.

Naquele momento, suspeito que a teoria de Einstein foi retirada de seu contexto. O professor do Instituto de Física da USP Luiz Carlos de Menezes confirma minhas suspeitas. “É uma interpretação rastaqüera da ciência”, critica o físico. Ele explica que é possível transformar matéria em energia e vice-versa, desde que sejam observadas “determinadas leis de conservação”. E conclui: “Não desprezo outras formas de conhecimento que não sejam a dos cientistas. Mas tenho grande desconfiança desse contrabando de conceitos Você pode usar a fórmula de Einstein até para vender pasta de dentes”.

A noite da grande apoteose é marcada para sexta-feira. Teremos demonstrações de cura. Alunos avançados promovem uma sessão rápida de imposição de mãos. No melhor estilo Doril, a dor de cabeça de um colega simplesmente sumiu. Outro garante que se livrou do incômodo no estômago e uma terceira sente a inflamação na garganta aliviada. Lembro novamente dos cultos da Universal com suas curas, mas o pior ainda está por vir. Chegou a hora e a vez de despertar culpas e induzir todos a fazerem uma auto-avaliação. “Classifique-se”, ordena a monitora. Ela sugere que cada um faça uma auto-avaliação do seu estágio de evolução. A “evolução” pregada pelo Pró-Vida, a grosso modo, significa migrar do reino “mineral”, formado pelas pessoas menos evoluídas, passar pelo intermediário mundo “vegetal” e atingir o grupo dos “animais superiores”. Esses últimos, segundo eles, são aqueles que praticam “a ajuda verdadeira” e tratam os outros como “irmãos”.

Os últimos momentos da aula reservam mais surpresas. Faremos um exercício para sentir a chamada “harmonia universal”. Estamos relaxados quando a monitora começa a ler um texto escrito pelo fundador do Pró-Vida, o médico Celso Charuri. O texto descreve o ser evoluído como aquele que “conhece-se a si mesmo, tal qual é, e conhece a Deus”. Enquanto isso, uma fita mal gravada, com chiados de fundo, embala a catarse com a versão instrumental do tema da Disneylândia – “Para ser feliz é preciso ver / Este céu azul na imensidão… / Há um mundo bem melhor” etc. Muitos não seguram as lágrimas.

O sábado promove mais catarse. A monitora nos conduz a um castelo imaginário, onde encontraremos o chamado “guardião”ou o “eu maior”. Cada um pode enxergar a imagem que bem quiser. Durante o “encontro”, alguns choram e posso ouvir os soluços. No final, todos os alunos contam o que viram. O campeão absoluto das citações é Jesus Cristo. houve até quem mantivesse contatos imediatos com “um monge”, “um oriental” ou “um hindu”. Da minha parte, confesso que não vi nada.

Na manhã de domingo, estou esgotada. Na reta final da maratona, somos orientados a praticar tudo o que aprendemos nas aulas. Fazemos exercícios “parapsicológicos”em duplas. Imaginem, por exemplo, que meu companheiro fará minha mão levitar. Depois, eu repetirei a dose com a mão dele. Na hora, abro discretamente um dos olhos para conferir se meu colega já eliminou a força gravitacional. Vejo que sim e vou suspendendo vagarosamente minha mão para que ele se sinta feliz e satisfeito.

O destaque da manhã é a sessão de clarividência. Funciona mais ou menos assim: uma das partes da dupla entra em alfa (pratica o relaxamento) e a outra cochicha o nome de alguém de seu rol de amigos, acompanhado de idade e endereço. Quem ouviu não conhece a pessoa, mas deve visitá-la mentalmente e descrevê-la – e, quem sabe, falar algo sobre sua personalidade. Torci para que, pelo menos isso, desse certo. Tive uma clarividência? Claro que não. Quase todos, entretanto, garantem que obtiveram êxito. E quem errou a descrição contou com o apoio do companheiro e da monitora para arriscar uma adaptação convincente do que “viu”. Exemplo: se a “clarividente” enxergou uma morena, e ela é loira, chutavam: mas será que ela não pintou o cabelo? Pior: mas será que não pensa em mudar a cor? E assim por diante. Cada um relata sua história, os outros batem palmas e dão nota dez.

Um mês mais tarde, tenho a oportunidade de repetir o Básico. Os interessados em prosseguir na “iniciação” necessitam cumprir esse procedimento. Precisam assistir de novo às sete aulas e registrar oficialmente a presença. Desta vez, contabilizo mais de cem novatos, além de cerca de 200 “repetentes”. Desde o primeiro momento, percebo que o discurso é igualzinho. Mudou o monitor, mas as aulas continuam as mesmas. Como no primeiro Básico, muitas perguntas ficam sem resposta porque são assunto de cursos mais avançados. Um colega pergunta por que a pirâmide azul é mais indicada para auxiliar curas. A resposta: “Isso você vai saber no Avançado 1”. Nem todos, porém, chegarão lá. no terceiro dia de repetição, constato a desistência da jovem publicitária, que foi minha colega na primeira vez e era uma das mais entusiasmadas. Ao mesmo tempo, outro colega, um empresário de 33 anos, confidencia que não tem certeza se prosseguirá. Passou a fase da empolgação. Um dia, até brincou comigo que estava se sentindo “na igreja do Edir Macedo”.

DÍZIMOS PARA TREINAR O CÉREBRO

Aqueles que resistem à provoção de assistir a todas as aulas novamente – e permanecem entusiasmados – estão fisgados e prontos para se matricular no Avançado 1. E, aí, o céu pode não ser o limite. “Desde o Básico, o aluno vai sendo envolvido aula após aula. Colocam em sua cabeça que harmonia e amigos só se encontram ali. Você acaba se convencendo de que é mais do que os outros”, explica a ex-integrante Elza Aparecida de Castro. Conforme informações de ex-adeptos do grupo, depois do Avançado 1, vem o curso Introdução. Ambos custam igualmente R$ 350 e são seguidos dos Avançados 2 ao 7. Para ser promovido, é preciso passar por uma espécie de comissão julgadora, que escolhe os “eleitos”. Por isso, muitos adeptos permanecem anos no mesmo curso e não são autorizados a seguir adiante. Os que atingem os três últimos níveis são identificados por um crachá com o símbolo ” 4/ ” , que significa “avançados quatro e meio”. Do seleto grupo fazem parte basicamente diretores, conselheiros e monitores.

A exemplo de diversas seitas evangélicas, o Pró-Vida também recolhe dízimo. Não existe uma pressão escancarada para doar dinheiro como nos cultos da Igreja Universal, onde pastores aos berros lembram aos fiéis que “Deus quer dar, mas o demônio segura a carteira”. O convencimento é sutil. Quem colocar os pés na escola será contemplado por uma frase de pretenso efeito sugestivo: “O privilégio de ser nas mãos de quem dá”. Essa mensagem, assinada pela Central Geral do Dízimo e seguida pelo número de uma conta bancária está estampada nos crachás recebidos pelos alunos, nas paredes e até na página da Internet. O lucro, em última análise, é o sabor predominante nesse caldeirão que mistura psicanálise com neurolingüística, princípios de física com jargões de auto-ajuda, retórica evangélica com estrutura de maçonaria, parapsicologia com ficção científica.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/por-dentro-do-pr%C3%B3-vida

Carl Jung Reloaded

A forma do mundo em que o homem nasceu já está dentro dele como imagem virtual. (Carl Jung)

Carl Gustav Jung era um jovem psiquiatra de Zurique na época em que conheceu e ficou fascinado pelo revolucionário psicanalista Sigmund Freud, no começo do século passado. A admiração mútua durou pouco mais de uma década, tendo os dois rompido relações por incompatibilidades pessoais e intelectuais, principalmente pela rejeição de Jung ao pansexualismo de Freud. Para Jung, o comportamento humano é condicionado não somente pela sua história individual e racial (causalidade), mas também pelos seus alvos e aspirações (teologia). O passado como realidade, e o futuro como aspiração/potencialidade dirigem o comportamento presente.

“O indivíduo vive para os alvos, assim como pelas causas.” (Carl Jung)

No primeiro filme, The Matrix, Neo aprende a viver por sua aspiração, que é primeiro libertar-se de algo que ele não conseguia ver ou saber, mas cuja opressão ele podia sentir em sua alma. Ele buscou essa libertação desesperada e inconscientemente, e foi ajudado por Morpheus e Trinity a sair da Matrix. Após o conhecimento do QUE o subjugava, sobreveio o medo, e a pequenez diante do poder do carcereiro (no caso, as máquinas). Precisou, novamente, de ajuda externa, na figura de Oráculo, que progressivamente o ensinou que buscar os seus objetivos é como respirar (ou amar): não deve haver dúvidas se você pode ou não pode, você apenas respira (ou ama) e aquilo é o natural. Sua mente, enganada (e subjugada) pelas máquinas durante toda a vida, poderia novamente ser enganada (e subjugada) por uma força ainda maior: ele mesmo. Inicia-se todo um esforço de desprogramação (desintoxicação) das limitações que o cerceavam na Matrix.

Foi em um momento de absoluta necessidade, quando não havia espaço para o raciocínio lógico, que uma parte do poder de Neo aflorou, e ele salvou Trinity da queda no helicóptero numa seqüência de acontecimentos que poderíamos chamar aqui de Sincronicidade, onde cada ação ocorreu em seu momento certo, da forma correta. Embora ele tenha tido este momento de epifania, dúvidas ainda pairavam em sua mente, dúvidas essas que o levaram ao erro (a bala que passou de raspão ao tentar desviar) e foi preciso que seu corpo na Matrix morresse (simbólica e literalmente) para que uma nova consciência pudesse despertar. Essa nova consciência, finalmente liberta das amarras da ilusão (Matrix), escolheu ensinar a humanidade o poder dessa libertação.

Assim termina o primeiro filme, que retrata um combate não externo, mas interno, contra a ilusão que nubla a própria mente consciente, ou ego, como veremos nos estudos de Carl Jung:
Ego ou mente consciente

É o responsável por nossos sentimentos de identidade e continuidade e, do ponto de vista da própria pessoa, é encarado como sendo o centro da personalidade. O budismo procura justamente aniquilar o ego, essa falsa percepção de identidade. O ego não foi produzido pela natureza para seguir ilimitadamente os seus próprios impulsos arbitrários, e sim para ajudar a realizar, verdadeiramente, a totalidade da Psique. Se, por exemplo, possuo algum dom artístico de que meu ego não está consciente, este talento não se desenvolve, e é como se fora inexistente. O ego é como o boi da parábola Zen, é a tração. Mas não confunda: o boi não guia, é guiado pelo cocheiro, mas, na maioria das vezes, nós mesmos deixamos o boi tomar o rumo que ele quer.
Inconsciente individual

Onde ficam as experiências que foram reprimidas, suprimidas, esquecidas ou ignoradas, e também experiências muito fracas para marcar a consciência do individuo. É aí que se encaixam os Complexos, que são grupos organizados de sentimentos, percepções e memórias, que ficam no inconsciente, mas atuando de forma determinante no consciente, podendo atuar até mesmo como uma personalidade autônoma, usando a psique para seus próprios fins.
Inconsciente coletivo

É o alicerce de toda a estrutura da personalidade. Sobre ele estão erigidos o ego, o inconsciente individual e todas as outras

“O conhecimento baseia-se não somente na verdade, mas no erro também.” (Carl Jung)

No segundo filme, Neo é alçado a um patamar de semi-Deus pelos seus amigos e habitantes de Zion. Não apenas ele libertou-se, como dominou o código da Matrix. Neo fica um pouco desconfortável com o assédio, mas seu ego se acomoda bem à posição de Super-Homem, e sua autoconfiança dentro da Matrix é visível, e perigosa. Vejamos o que Jung tem a dizer sobre os papéis que tomamos para nós mesmos e para a sociedade:
Arquétipos

São imagens recorrentes no inconsciente coletivo (formas-pensamento), que expressam e definem uma situação. São mais que um ícone, pois contêm uma grande carga de emoção (além da informação) que é transmitida a quem vê. Ex: Jesus na cruz simboliza um arquétipo de ser bondoso que sofreu injustamente e resignado, o que causa um efeito anestésico (inconsciente) em quem está passando por provações (por identificação). Já a andrógina e decidida Trinity se tornou (pra muitos) um arquétipo feminino desta geração, assim como sensual e produzida Marilyn Monroe o foi para a geração dos anos 60. Uma vez que esses arquétipos são assimilados pela pessoa, são trabalhados individualmente, podendo até assumir o controle da personalidade (no caso da Sombra). Não é preciso entrar em contato sensorial com o arquétipo para que eles atuem, já que cada indivíduo nasce com acesso a toda a “biblioteca de Arquétipos”, via Inconsciente Coletivo.
Persona

É a máscara usada pelo indivíduo em resposta às convenções e tradições sociais e às suas próprias necessidades arquetípicas internas. É o papel que a sociedade lhe atribui, que espera que você represente na vida. O propósito da máscara é produzir uma impressão definitiva nos outros e, muitas vezes (embora não obrigatoriamente) dissimula a verdadeira natureza do indivíduo, em oposição à personalidade privada, que existe por trás da fachada social. Se o ego se identificar com a persona, como freqüentemente o faz, o indivíduo terá mais consciência do papel que está representando do que de seus sentimentos genuínos. Será sugado pelo personagem, tornando-se um alienado de si mesmo e toda a sua personalidade toma um aspecto superficial e bidimensional (a persona assemelha-se, em certos casos, ao superego categorizado por Freud). O pós-estruturalismo veio reforçar a idéia do papel como esvaziador da potência do indivíduo, como um chefe que se deixa tomar pela importância do cargo, ou homem/mulher que sofre ou se anula em prol de um símbolo, que é a família ou o casamento. Lidamos com esses símbolos todo dia, seja em casa (com o pai, irmão), seja na rua (com o guarda), nos afazeres (com o professor, o chefe), até mesmo indiretamente (como o governador e o presidente), os símbolos se interpõem entre nós e as pessoas, assim como um software de computador nos apresenta um conjunto de símbolos que intermedia nossa comunicação com o processador da máquina.

“Mais cedo ou mais tarde tudo se transforma no seu contrário.” (Carl Jung)

“Aceite que tudo gira em torno do sexo, Mr. Jung. É inevitável!”

Continuando o filme, surge o combate de Neo com Smith. Neo fica surpreso em ver como ele está mais forte, e tem de fugir para não perder o combate. Aqui fica claro que há uma estreita relação entre os dois, que ambos podem intuir, mas, como ambos se detestam, não podem compreender as implicações de que um é instrumento de evolução do outro.
Sombra

O arquétipo da Sombra é o lado escuro da mente, moradia do inconsciente. Lá estariam guardados os instintos animais que o homem herdou de espécies primitivas na evolução, e também as funções menos utilizadas da personalidade. É representada pelas idéias, desejos e memórias que foram reprimidos pelo consciente, por ser incompatível com a Persona e contrárias aos padrões morais e sociais. Quanto mais forte for nossa Persona, e quanto mais nos identificarmos com ela, mais repudiaremos outras partes de nós mesmos. A Sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade e também aquilo que negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos. Em sonhos, a Sombra freqüentemente aparece na forma daquilo que detestamos. No caso de Neo, um engravatado do governo. 

O estruturalismo (Lévi-Strauss, Barthes, Lacan etc) e a teoria dos sistemas (Luhmann) decretaram a “morte do sujeito”, o indivíduo do pensamento iluminista, em favor da sociedade ex-machina, vista de cima, de forma pragmática e objetiva. Esse é o papel do Arquiteto, o programa que construiu a Matrix. Para ele pessoas são números, equações que ele deve manter equilibradas. Entretanto, o ser humano é imprevisível, e alguns poucos desequilibraram o sistema várias vezes, causando um colapso.

O pós-estruturalismo defende que é a interação entre os elementos de um sistema que causa a entropia que destrói a estutura. Cuidar desses elementos individuais é o papel de Oráculo, um programa de salvaguarda do “sistema Matrix”. Ela tenta equilibrar os interesses do Arquiteto com o dos humanos “revoltados”, e naturalmente evoluiu para ser a intermediadora entre os dois lados.

Anima e Animus

Anima (alma, em latim) é a representação feminina no inconsciente do homem (que idéia ele faz, no seu íntimo, da mulher). O caráter da Anima é, em geral, determinado pela sua mãe. Se o homem sente que sua mãe teve sobre ele uma influencia negativa, sua Anima se manifestará de forma negativa, ou seja, ele poderá ser inseguro, apático, com medo de doenças, de impotência ou de acidentes (se ele conseguir combater essas influências negativas da Anima, sua masculinidade tende a fortalecer-se). A vida adquire um aspecto tristonho e opressivo, que pode levar o homem até mesmo ao suicídio. Se, por outro lado, a experiência com a mãe tiver sido positiva, a Anima poderá deixá-lo efeminado ou explorado por mulheres, incapaz de fazer face às dificuldades da vida (menino criado com vó dá nisso!). A manifestação mais freqüente de Anima é a que toma forma como fantasia erótica, que leva o homem a consumir revistas pornográficas, sex-shows, etc. É um aspecto primitivo e grosseiro da Anima, mas que só se torna compulsivo quando o homem não cultiva suficientemente suas relações afetivas – quando sua atitude para com a vida mantém-se infantil.Animus (espírito, em Latim) é o lado masculino no inconsciente da mulher. Assim, uma mulher muito feminina tem uma alma

“O encontro de duas personalidades é como o contato de duas substâncias químicas. Se há alguma reação, ambos são transformados”

masculina não desenvolvida (trabalhada). Em seu relacionamento com o mundo, se ela é impressionável, calorosa, estimulante e envolvente, seu lado masculino interior será muito diferente: duro, crítico, agressivo, prepotente… O Animus (assim como a Anima) possui 4 estágios de desenvolvimento: o primeiro como personificação da força física (o atleta, a força pelos músculos), no estágio seguinte, como o homem de ação (iniciativa e planejamento). No terceiro, manifesta-se como verbo, como professor, e na quarta e mais elevada manifestação torna-se (assim como a Anima) mediador de uma experiência na qual a vida adquire um novo sentido. Dá à mulher uma firmeza espiritual e um amparo interior, que compensa sua brandura exterior. Relaciona a mente feminina com a evolução espiritual da época, tornando-a assim mais receptiva a novas idéias criadoras do que o homem. É por este motivo que antigamente, em muitos países, cabia à mulher adivinhar o futuro ou a vontade dos Deuses. A audácia criadora do seu Animus positivo expressa, por vezes, pensamentos e idéias que estimulam a humanidade a novos empreendimentos.

Anima/us é também uma Sombra, e como tal pode ser projetada. Isso é feito quando a pessoa apaixona-se logo de cara, quando diz “É essa/esse!” e parece que se conhece essa pessoa há tempos. Pessoas fascinantemente misteriosas são as mais fáceis do homem/mulher projetar sua Anima/us, pois em torno delas pode-se tecer as mais variadas fantasias. Para sair desta ilusão é preciso reconhecer o Anima/us como um poder e qualidade interior. O objetivo de todo esse jogo do inconsciente é forçar o ser humano a desenvolver e amadurecer o próprio ser, integrando melhor a sua personalidade inconsciente e trazendo-a à realidade da vida (mesmo que seja através de subterfúgios, como projeções).

“Cada homem sempre carregou dentro de si a imagem da mulher; não a imagem desta ou daquela mulher, mas uma imagem feminina definitiva.” (Carl Jung)

Mas a Anima/us não é só negativa. Ao contrário, uma Anima bem trabalhada pode levar o homem ao seu pleno potencial. A função mais importante da Anima é ajudar a sintonizar a mente masculina com seus valores interiores positivos, assumindo então uma posição de mediadora entre o mundo interior e o Self. E é através deste desejo íntimo de trabalhar aspectos que o homem não possui, que um homem tímido tende a procurar alguém que seja extrovertida. Como no velho ditado “os opostos se atraem”, ou a “cara metade”, a “banda da laranja”, etc. As pessoas buscam o oposto nas outras pessoas quando na verdade é um subterfúgio do inconsciente para encontrar o oposto dentro delas mesmas.

“Atrás de um grande homem sempre existe uma grande mulher“. Verdade, embora o contrário também seja verdadeiro. Vemos este arquétipo de Anima como a salvação, a luz no fim do túnel, no livro A Divina Comédia, onde Beatriz guia Dante através de um (significativo e simbólico) caminho tortuoso e íngreme, que o leva à redenção (luz). Trinity simboliza a Anima de Neo em Matrix, e através dela (direta e indiretamente) ele pôde manifestar suas potencialidades. Na Índia vemos essa dualidade/complementação no casal de Deuses Shiva/Kali e Vishnu/Parvati.

No terceiro filme Neo fica cego (simbolicamente perdido, cercado pela escuridão) e é guiado (literalmente pela mão) por Trinity, que pilota a nave até seu objetivo (a cidade das máquinas). Antes, porém ela Neo até a luz do Sol (símbolo pra uma nova iluminação, uma nova compreensão).

A Anima/us vai muito mais fundo na contraparte da personalidade (lado oposto inconsciente) que a Sombra. Se a imagem da

Se todas as funções pudessem ser igualmente fortes no consciente e harmonizadas (como se dispostas na borda de um círculo) o centro desse círculo seria o Self realizado plenamente. É o núcleo, mas também é toda a esfera. O problema é que nem sempre acessamos este núcleo. Mas não fiquem pensando que é um ponto localizável na alma humana, algo que possa ser acessado tipo “ah, eu estou falando com o Self” porque ele é um conjunto que define o ser humano como um TODO, e o ser humano TAMBÉM é sua coletividade e seu meio (inconsciente coletivo). A abordagem do Self vem de encontro à filosofia Zen, quando diz:

“Se o Zen Budismo considerasse importante expressar-se aqui apoiado no uso da terminologia, poderia fazê-lo do seguinte modo: o centro do ser situa-se além da multiplicidade, da identidade/diversidade e, no entanto, não se situa além delas. E, como situar-se além e não-além disto é igualmente uma contradição, acrescentar-se-ia como explicação: o centro do ser não é um nem outro, nem ambos, e absolutamente não pode ser descrito por meio do pensamento. Quem desejar saber o que ele é, deve percorrer o Caminho Zen”

(O caminho Zen, de Eugen Herrigel)

Nicolau de Cusa, monge filósofo do século XV, já usara imagem semelhante ao referir-se à onisciência divina: “Deus é uma esfera cujo centro está em toda parte e cuja circunferência não se delimita em parte alguma”.

Self

O Self é o objetivo da vida. Um alvo pelo qual as pessoas sempre lutam, mas raramente atingem. Os arquétipos dessa realização são Jesus e Buda (meus heróis, meus heróis!). O Self pode ser definido como um fator de orientação intima. Jung o compara ao daemon, ou gênio (que hoje chamamos de guia espiritual ou anjo da guarda), seja ele interior ou exterior a você. O Self é o ponto central da personalidade, em torno do qual giram todos os outros sistemas. Ele sustenta a união desses sistemas, e fornece unidade, equilíbrio e estabilidade à personalidade. Antes de o Self emergir, é necessário os vários componentes da personalidade se desenvolvam plenamente. Por essa razão, o arquétipo do Self não se torna evidente até que o indivíduo tenha atingido a idade madura. Nessa época, ele procura deslocar-se do ego consciente para um ponto a meio caminho entre o consciente e o inconsciente. Manter-se nessa região intermediária constitui-se no domínio do Self. Qualquer semelhança com o caminho do meio, de Buda, não é coincidência.

“Não posso lhe dizer como é um homem que goza de uma completa auto-realização, nunca vi nenhum… Antes de buscar a perfeição, devemos viver o homem comum, sem mutilação” (Carl Jung)

Individuação

É um processo ininterrupto de aprimoramento pessoal. A harmonização do consciente com o Self. O caminho para a iluminação. Todos estamos num processo de Individuação, no entanto, a grande maioria não o sabem. Mas os que estão suficientemente conscientes deste processo, podem tirar algum proveito disso.

Mas não é assim tão é fácil: o ego reclama, pois se sente tolhido em suas vontades ou desejos, e projeta essa frustração sobre qualquer objeto exterior (Deus, a economia, o vizinho, o namorado(a) ou o trabalho). Algumas vezes tudo parece estar bem com a pessoa, mas no íntimo ela sente tédio e um vazio mortal. Há também o perigo de identificação com a Persona. Aqueles que o fazem tendem a tentar tornar-se perfeitos demais, incapazes de aceitar seus erros ou fraquezas, ou quaisquer desvios de sua auto-imagem idealizada. Aqueles que se identificam totalmente com a Persona tenderão a reprimir todas as tendências que não se ajustam, e a projetá-las nos outros, atribuindo a eles a tarefa de representar aspectos de sua identidade negativa reprimida.

“Nós não podemos mudar nada sem que primeiro a aceitemos” (Carl Jung)

Há alguns estágios básicos para a Individuação, que são: reconhecer as máscaras (persona), confrontar a Sombra, a Anima /

Neo se defronta com as questão do que é “real” várias vezes durante os filmes. Primeiro, ele teve de se libertar da ilusão da Matrix, depois da ilusão do ego e, por fim, da ilusão da individualidade. Somente quando percebeu que não tinha sentido combater pela eternidade a Sombra (Smith) foi que Neo se deixou levar pelo SENTIDO dos acontecimentos, que no filme é chamado de propósito. Todos ali têm uma missão, uma programação, mesmo fora da Matrix. Era o indicativo de que, para além do Arquiteto e da Matrix, existiria uma OUTRA Matrix mais sutil, e percebemos isso claramente quando Neo, ao Individuar-se (na fusão com Smith) é simbolicamente retratado como Jesus na cruz – pois cumpriu o trajeto dos Mestres Crísticos, que colocaram a missão acima da individualidade – para depois sumir em uma luz que representa uma flor de Lótus (símbolo da transcendência da alma).

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/carl-jung-reloaded

Egrégoras, o segredo do “Segredo” – parte II

“Pois onde se acham dois ou três reunidos

em meu nome, aí estou eu no meio deles.”

Mateus 18:20

Olá crianças,

Quem está lendo esta coluna pela primeira vez, provavelmente pode ter alguma dificuldade em acompanhar o que eu vou explicar sobre egrégoras, afinidades energéticas e ressonância. Eu sugiro primeiro ler estas colunas AQUI, AQUI, AQUI, AQUI e AQUI sobre múltiplas dimensões, a formação de Egrégoras, Magia Sexual e Ordens Solares e Lunares antes de continuar.

Especialmente a primeira parte, porque eu vi nos comentários que teve muita gente que não prestou atenção ao que leu. Não se “abre uma egrégora”, mas sim “abre-se os trabalhos dentro de uma egrégora”. Da mesma forma que não se “fecha uma egrégora”, mas sim “fecham-se os trabalhos dentro de uma egrégora”. As egrégoras já estão lá antes de você nascer e continuarão lá depois que você morrer… você não abre e nem fecha nada!

Egrégoras, por definição, são fruto de DUAS ou mais pessoas. Visualizações de uma pessoa são chamadas construções astrais. Egrégoras também não são criadas do dia para a noite. São necessários MESES ou mesmo ANOS para se estabelecerem. Algumas já estão no planeta há MILÊNIOS.

E não pense que isto é algo “místico” ou “religioso”. Da mesma forma que Igrejas, cultos ou Ordens Secretas possuem suas egrégoras, qualquer faculdade de física, química, engenharia e qualquer laboratório de biologia, química ou física, seja ele da sua escola ou da NASA, possuem sua própria egrégora, que por sua vez estão conectadas a egrégoras maiores do mesmo tipo de pensamento.

E qual a relação das Egrégoras com a nossa vida?

Toda. Quantas vezes não entramos em algum ambiente e nos sentimos desconfortáveis, com mal estar ou até mesmo ficamos com dores de cabeça após algum tempo? O que acontece é que nossos sete corpos, como geradores e receptores eletromagnéticos, ressoam com o ambiente e as pessoas ao nosso redor, onde quer que nos encontremos. Se o ambiente está carregado com uma egrégora que se comporta de uma maneira oposta aos nossos pensamentos, com certeza ocorrerá um choque entre elas e normalmente “os incomodados que se mudam” (claro que existem círculos de proteção pessoal e isolamentos psíquicos, mas isso é OUTRA história que eu comento outro dia… ).

Como já dissemos anteriormente, os planos mentais/astrais e espirituais também vibram em freqüências mais altas ou mais baixas. Conforme você está em ressonância com cada tipo de vibração, você atrai aquilo que você pensa. É a origem dos termos profanos “estar de alto astral” (que significa “o estado de vibração de meu corpo está em ressonância com as altas vibrações do astral”) e “estar de baixo astral”.

Quanto mais opostas as egrégoras, piores as sensações; quanto mais afinidade, melhores as sensações. Esta é a base científica da “Lei da Afinidade” que esses livros de auto-ajuda estão transformando em modinha por ai recentemente, mas não fazem muita noção de como tudo isso funciona.

Fazendo uma comparação simples, seria a mesma coisa que eu escrever um livro chamado “Como operar um acelerador de partículas no CERN”. Meu livro traria passo a passo tudo o que um leigo precisa fazer para realizar com sucesso uma experiência em um acelerador de partículas. O livro diria “entre na sala, coloque sua fantasia de cientista, ligue o aparelho, calibre assim, assim, assado, digite XYZ, coloque os parâmetros tais e tais, blá, blá, blá e aperte o botão vermelho”. Pronto. O leigo fez uma experiência com o acelerador de partículas…

MAS isto não o torna um cientista, não o torna conhecedor de física e muito menos uma pessoa que realmente saiba operar um acelerador de partículas… e se acontecer uma vírgula de parâmetros fora do que está no livro, TODA a experiência vai dar errado, ou pior, em alguns casos, trazer conseqüências que, em último caso, podem ser catastróficas.

Mas os exemplos descritos no livro “o Segredo” funcionam? Em termos…

Mozart, Beethoven, Abraham Lincoln, Benjamin Franklin e outros exemplos ali eram Iniciados e sabiam o que estavam fazendo. Não estavam copiando “receitas de bolos”. Ganhar na loteria, ganhar carros 0km, o amor da sua vida e tudo mais o que estão prometendo não vão “cair do céu”. Além de Visualizar, você vai precisar BATALHAR por isso…

E a questão da crença?

Não há crença ou descrença… Perguntar para alguém “você acredita na Lei da Atração?” ou “você acredita na Lei do Karma?” é tão estúpido quanto perguntar “você acredita na Lei da Gravidade?”. Não faz a MENOR DIFERENÇA se a pessoa acredita ou não nestas leis, ela está sujeita à suas ações de qualquer maneira. O fato de alguém não acreditar na Lei da Gravidade não vai fazê-la voar da mesma maneira que o fato de uma pessoa não acreditar na Lei da Atração ou Lei do Karma não vai fazê-la atrair egrégoras diferentes das que está atraindo ou deixar de sofrer as conseqüências das ações que realiza.

Entrando em sintonia com as Egrégoras

Como vocês já perceberam, estamos envolvidos a todo instante com dezenas, centenas, milhares de egrégoras de todos os tamanhos (de uma maneira análoga a um rádio que está envolvido por dezenas, centenas, milhares de freqüências ao mesmo tempo). Carl Gustav Jung chamou este mar de egrégoras de “Inconsciente coletivo”.

Para os iniciados, este mar de idéias é uma fonte inesgotável de inspiração, um universo de deuses, alegorias e mistérios a serem explorados, a fonte primordial na qual bebem todos os grandes artistas, inventores, cientistas e escritores.

Porém, a imensa maioria da população mundial está tão adormecida que suas mentes são um enorme depósito de poluição mental, ou seja, é como se o seu “rádio mental” estivesse o tempo todo com chuviscos, sintonizando dezenas de estações ao mesmo tempo. Preocupados em quem matou fulana na novela, que time está em qual divisão, que celular ele deve comprar, que cerveja deve tomar para conquistar as mulheres, ou sintonizado nas estações que as otoridades querem que você sintonize. Não é de se admirar que o planeta esteja um caos.

E como “sintonizamos” direito estas estações? Através da meditação e controle de nossos pensamentos.

Da mesma maneira que sintonizamos um rádio: se queremos escutar futebol, colocamos na rádio que transmite futebol; se queremos escutar música, colocamos na rádio que tem a música que queremos; se queremos escutar notícias, colocamos na estação de notícias. Não ficamos mudando de estação a cada 5 segundos.

Existe uma máxima zen budista que diz “Esteja presente no presente”. As pessoas comuns ficam pensando no trabalho quando estão na cama com suas esposas, ficam pensando na praia quando estão no trabalho, ficam pensando no trânsito da volta quando estão na praia, ficam pensando no futebol quando estão fazendo prova, nos problemas da vida quando estão no cinema e na namorada quando estão estudando… ou seja… não fazem nada direito, nada rende e eles não sabem por quê não têm tempo para nada. Sem contar o stress.

Aprendendo como funcionam as egrégoras, nossa vida se torna muito mais produtiva: Quando estamos com uma amiga na cama, aquilo é a única coisa no universo que existe naquele momento; quando estamos almoçando, desligamos nossos celulares e apreciamos a companhia que está almoçando com a gente; quando estamos no trabalho, não ficamos batendo papo no msn ou internet; quando estamos no cinema, assistimos o filme, quando estamos em ritual, estamos em contato com o divino, quando estamos treinando, estamos esculpindo nossos corpos, e assim por diante.

Assim como o conhecimento de nossos chakras e do fluxo de energias internas, precisamos conhecer também o fluxo de energias externas que entram em contato com nossos corpos para estarmos sempre em equilíbrio. Através do auto conhecimento e do trabalho com as egrégoras, conseguiremos muitos prodígios.

Como a Liliancomentou comigo depois da palestra da semana passada: “quando o orador terminou de ler todo o seu currículo e você levantou para falar, eu achava que você era um daqueles professores de 50 anos… como você consegue tempo para fazer todas estas coisas?” Não há nenhum “Segredo” nisso. É tudo uma questão de abrir e fechar as portas de cada coisa que você for fazer. Qualquer pessoa que se dedique consegue.

Exemplos de abrir e fechar trabalhos no mundo profano

Todos devem se lembrar do costume de nossos avós de “dar graças” antes das refeições. Apesar de ter adquirido uma casca religiosa, este era (e é) um costume ocultista que os sacerdotes egípcios já tinham 6.000 anos atrás.

Quando uma pessoa senta à mesa, esta ação de dar graças a alguma divindade, seja ela externa ou interior, é o que abre os “trabalhos” desta refeição em conjunto com uma egrégora de tranqüilidade (seja ela budista, egípcia, nórdica, wiccan, cristã, católica, etc… ). O ato de comer é um ritual. O que não quer dizer que você precise comer em silêncio (a menos que você esteja sozinho, o que torna este momento o melhor do dia para meditar em silêncio) mas, se estiver acompanhado, aproveite este momento para conversas construtivas ou reuniões de negócios proveitosas (ao invés de apenas ficar falando mal das pessoas que não estão presentes). Ao final da refeição, agradeça ao seu deus interior e volte ao mundo profano.

Locais de Influência

Assim como todos os outros fenômenos eletromagnéticos, existem locais na Terra que intensificam estas vibrações e outros que as prejudicam. Círculos de Pedras, Pirâmides e Catedrais (que foram erguidas sobre Linhas de Ley) servem como potencializadores de determinadas egrégoras, em rituais que sejam realizados ali; o Vaticano ou uma igreja são centros de egrégora do catolicismo; um estádio de futebol é o centro de egrégora de um time; um terreiro de umbanda, um centro kardecista ou uma Loja Maçônica intensificam os trabalhos ali realizados; um presídio ou um laboratório também intensificam as idéias ali debatidas.

Todos os especialistas em futebol dizem que é mais difícil derrotar um time quando ele está “em casa”. Por quê? O campo é do mesmo tamanho, as traves estão no mesmo lugar, a bola é a mesma e ninguém além dos 22 jogadores e juízes está em campo… qual é a diferença, então? Mas as estatísticas fornecem dados incontestáveis de que é mais complicado vencer um jogo estando “no campo adversário”. Por quê? Por causa das influências de Egrégora. Como eu disse anteriormente, elas não são suficientes para ganhar, mas influenciam.

Da mesma maneira, quando médiuns escolhem locais especialmente preparados para manifestações espirituais, não é uma “desculpa”, mas sim uma preparação do ambiente para vencer as barreiras físicas/astrais e permitir estas manifestações no plano físico.

Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece

Esta é toda a base do tal do “Segredo”. A ressonância entre egrégoras. Peça e receberá.

Da mesma forma que cada onda de rádio e TV viaja pelo espaço e tem uma freqüência característica de vibração, a onda de cada emissora tem uma freqüência própria, diferente da freqüência das demais emissoras. Sintonizar uma emissora significa fazer seu receptor de rádio ou TV entrar em ressonância com a onda da emissora.

Da mesma forma que ocorrem com as egrégoras. Se seus pensamentos ressoam de uma determinada maneira, mais cedo ou mais tarde você encontrará ondas provenientes de alguma egrégora que esteja vibrando nesta mesma freqüência.

E através da sincronicidade, o universo conspirará para que você e estas egrégoras se aproximem. E isto não tem absolutamente NADA a ver com bem, mal, céu, inferno, merecer, desmerecer, ocultistas, céticos ou religiosos. Funciona até mesmo se você for ateu! A palavra chave aqui é VONTADE (Thelema).

#Egrégoras #MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/egr%C3%A9goras-o-segredo-do-segredo-parte-ii

O Novo Signo do Zodíaco… NOT!

De tempos em tempos aparece na Grande Mídia algum espertalhão esquisotérico ou astrônomo completamente leigo para falar algum absurdo sobre o que eles imaginam que seja a Astrologia. A bola da vez são uns astrônomos do Planetário de Minnesota, nos EUA, que afirmam que, por causa da atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra, o alinhamento das estrelas foi empurrado por cerca de um mês.

“Quando [os astrólogos] dizem que o sol está em Peixes, não está realmente em Peixes”, disse Parke Kunkle, um dos integrantes do Minnesota Planetarium Society à revista “Time”. O signo astrológico é determinado pela posição do sol no dia em que a pessoa nasceu, o que significa que, de acordo com os astrônomos, tudo o que se sabia sobre horóscopo está errado“… Uma grande imbecilidade que tem sido repetida por céticos e esquisotéricos.

A imagem abaixo mostra o que os esquisotéricos, “Astrólogos do Braziu”, céticos e pseudo-céticos pensam que a astrologia é… um conjunto de 12 caixinhas fechadas onde se uma pessoa nasce às 23h59 de um dia é do “signo” de Áries e se nascer as 00h00 será do signo de Touro. Uma completa besteira; a Natureza não usa relógio. Mas, entendendo o que eles acreditam que seja a Astrologia, a afirmação dos astrônomos poderia até fazer algum sentido… afinal, se “apareceu outro signo na passagem do sol pelas estrelas, então deve ter aparecido outro signo no zodíaco”… Como diriam Pen and Teller… Bullshit!

A Segunda imagem mostra a divisão das energias da maneira como elas poderiam ser representadas em um aspecto cromático. Os “signos” nada mais são do que as imagens simbólicas e arquetipais que os povos antigos escolheram para representar este fluxo energético através do astro que lhes era mais acessível: o Sol.

A Astrologia Hermética, ou Científica (aquela que é estudada na Maçonaria, na Rosacruz e em Ordens Iniciáticas), não tem nem nunca teve nada a ver com Estrelas e Constelações. Os Planetas não “influenciam” nada; eles apenas servem como ponteiros para que possamos observar os efeitos destas energias.

Planetas não influenciam as pessoas, da mesma maneira que os ponteiros do seu relógio não fabricam as horas, eles apenas as MOSTRAM. Não existem “emanações planetárias”: O médico que faz o parto exerce mais influencia gravitacional sobre a criança na hora do nascimento do que a Lua ou Marte…

O que são as Astrologias?

Fazendo uma analogia com o Tempo, as diversas “astrologias” nada mais são do que diferentes designs de “relógios” adaptados aos costumes e ao tempo de cada cultura. Em umas culturas chamam de “touro”, em outras de “elefante”, em outras de “moedas”, mas signos são apenas SÍMBOLOS… da mesma maneira que escolhemos arbitrariamente medir as horas em nossos relógios a partir de Greenwich. Se o seu relógio está desregulado ou se adiantamos uma hora no horário de verão, ou mesmo se girarmos aquele anel que marca os minutos para frente ou para trás, isso NÂO MUDA o tempo real.

Assim como o Tempo, que é uma dimensão abstrata, precisa de um veículo para que possamos medí-lo, as emanações astrais (ou Luz Astral, como Eliphas Levi a chamou) às quais o Sistema Solar está submetido também precisam de uma representação concreta para ser compreendida pelos menos eruditos. Podemos observar os resultados práticos disto nas personalidades e vocações das pessoas (a combinação das reverberações destas energias nas DEZ Esferas de consciência de cada ser humano do planeta).

Desta forma, o que chamamos de “Mapa Astral” (o completo com os dez planetas/ponteiros… ESQUEÇA de uma vez por todas aquela maluquice de horóscopo de jornal e signos solares, pelo amor de Zeus) nada mais é do que os parâmetros de configuração de software de nossa biomáquina (nosso corpo físico e cérebro de carne), que é o veículo da nossa Vontade enquanto Pensamentos Encarnados no Plano Físico. Ele é um “manual de instruções” das configurações que você mesmo escolheu antes de encarnar, usando o seu livre arbítrio, para facilitar a realização do que quer que você tenha se proposto a fazer aqui.

Parece complexo? Isso porque você sabe o que é hardware e software… agora tenta explicar isso para alguém nascido no século XIX… mesmo gênios como Isaac Newton, Fernando Pessoa, Carl Jung e Aleister Crowley passaram décadas estudando a Astrologia Hermética e apenas conseguiam corresponder os efeitos e os ponteiros do relógio, mas faltava a eles o conhecimento de psicologia, a facilidade de cálculos astronômicos que temos hoje com computadores e o contato com as entidades do Plano Astral, que utilizam-se destas energias de maneira prática e ativa em seus trabalhos. Como toda ciência, a astrologia avançou muito nestas últimas décadas… pena que céticos e esquisotéricos ainda se apeguem a textos de dois séculos atrás.

Mas como a natureza não dá saltos, temos que cada intervalo entre dois signos possui também sua própria energia, que combina atributos destas duas energias. Basta dividir e arredontar… No Esoterismo, isto está representado pelos ARCANOS DA CORTE DO TAROT (Rei, Rainha e Cavaleiro dos 4 Naipes, totalizando 12 combinações). Ofiúco é o Rei de Bastões, a energia que possui as características mescladas de Escorpião e Sagitário… ficou famoso porque Nostradamus possuía alguns planetas nessa configuração e escreveu sobre eles e, como tudo o que Nostradamus escreve os esquisotéricos adoram, temos essa polêmica do 13o signo desde o século XVI… Eu até achei estranho que não falaram nada sobre Baleia (Cetus) que é uma Constelação que apareceu entre Peixes e Áries por um tempo…

No Oriente, são 64 divisões, chamadas Hexagramas, mas representam as mesmas energias psicológicas, mentais e astrais, divididas em outras proporções. Ou na Babilônia, os chamados 88 Anjos Enochianos, que trabalham as mesmas energias. Enquanto místicos de orkut e pseudo-cético ficam brigando para saber se eles são “seres de verdade” ou “amigos imaginários”, os Ocultistas sempre souberam que estas imagens são SÍMBOLOS de energias que nos permeiam astralmente.

E as Constelações? Onde os Astrônomos enfiam?

Constelações são apenas pontos luminosos usados como referência para estes ponteiros pelos Antigos. Os egipcios faziam outras divisões de períodos de tempo e atribuíam deuses a elas… deuses com características Mistas dos dois “signos” que faziam parte. Mas podemos dividir estas partes em quantas quisermos… se optarmos por 36 partes de 10 graus cada, teremos o que os astrólogos chamam de DECANATOS.

Se dividirmos estes decanatos por 2, chegando a 72 partes de 5 graus cada, chegaremos ao que os judeus chamavam de NOMES DE DEUS ou, se antropomorfizarmos estas energias, transformando-as em qualidades e atributos, teremos os 72 Anjos Cabalísticos (voce não achou que eu postei 3 matérias sobre Anjos Cabalísticos à toa, achou?)… fazendo os cálculos matemáticos de em que posição está cada Planeta, temos a origem dos tai “Anjos Protetores de cada dia” que os esquisotéricos adoram (o que também é um arredondamento, visto que são 365 dias e 72 anjos… então cada “anjo” não rege um dia, mas sim um período de tempo).

Desta maneira, podemos dividir as estrelinhas do céu em quantas combinações quisermos… as 12 constelações do zódiaco eram agrupamentos de estrelas que estavam alinhadas com os estratos de 30 graus quando as primeiras observações surgiram. Hoje, se quiséssemos mesmo ser corretos, teríamos de dividir o céu novamente nestes estratos, recolocar as estrelas que estivessem dentro destas faixas e renomeá-las para atributos mais modernos, organizando-as a partir dos Solstícios e Equinócios, que são os pontos utilizados para definir estas divisões.

Se os esquisotéricos e os céticos querem incluir Ofiúco, tudo bem… então vamos fazer do jeito certo e trabalhar com as VINTE QUATRO energias usadas no Hermetismo… só que ai vamos fazer TUDO direito e trabalhar também com as DEZ Sephiroth, não apenas o Sol…

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-novo-signo-do-zod%C3%ADaco-not

Abolição da Noção de Pecado

Psicologia do Liber Al: pt3 -Abolição da noção de pecado

A fórmula desta lei é: Faça o que quiser. Seu aspecto moral é bastante simples em teoria. Faça o que você que não significa dizer faça o que desejar, embora implique esse grau de emancipação, que já não é possível dizer a priori que uma determinada ação é “errada”. Cada homem tem o direito – e um direito absoluto – para cumprir sua Verdadeira Vontade “.

-Aleister Crowley, “The Method of Thelema”

Em Thelema, alguém está prescrito para “Fazer o que queres”, e vimos que essa vontade, para ser considerada como “pura” e “perfeita”, deve ser realizada com energia incansável, sem levar em conta o propósito, e sem luxúria por resultado. Um outro desvio ou véu da “vontade pura” é a moral convencional e, em especial, a noção de “pecado”.

Nos termos judaico-cristão-islâmico, o mundo é geralmente visto em termos de bem e de mal, com ações “boas” sendo as que aderem às leis específicas estabelecidas em qualquer livro que seja sagrado e “malvado” sendo o afastamento de tais leis. Thelema é uma filosofia ou um ponto de vista que Nietzsche teria chamado de “além do bem e do mal”. A única restrição em Thelema é restringir ou ser desviado da própria vontade. De fato, a linha logo após o aforismo “Faça o que quiser será a totalidade da Lei” é esta:

“A palavra de Pecado é Restrição”¹

Crowley explica isso sucintamente, dizendo que esta “é uma declaração geral ou definição de pecado ou erro. Qualquer coisa que liga a vontade, a impede ou a desvie, é pecado. “² Aqui está uma visão completamente nova da ética em que o único” mal “é desviar de si mesmo ou, com mais precisão, de sua vontade.

Psicologicamente, quando se desvia dos seus verdadeiros impulsos internos, surge um conflito que geralmente é conhecido como “neurose”. Carl Jung define os distúrbios nervosos como “consistindo principalmente em uma alienação de seus instintos, uma separação da consciência de algum princípios básicos fatos da psiquê “.³ Geralmente, quando ocorre uma ação, pensamento ou tendência surge dentro de alguém e esta é contrária à visão atual que sua sociedade (ou religião) entende o que é” certo “(o “superego” de Freud), a psiquê tende a suprimir e evitar que esses aspectos desagradáveis apareçam na mente consciente. Embora esses pensamentos (por exemplo, para um cristão, o pensamento de realizar um ato homossexual) podem não parecer conscientemente para a pessoa, a mesma tendência exata ainda está dentro do subconsciente e ainda exerce sua influência. Esta supressão de uma tendência natural que tenta adequá-la às expectativas societárias de conduta é a base da “repressão” psicológica.

Em Thelema, essas repressões são entendidas pelo que elas são: repressões das inclinações naturais de um indivíduo. Portanto, se a única lei é fazer o que tu queres,a repressão artificial de si mesmo levaria a uma desastrosa divisão da psiquê e, portanto, à própria vontade. Se o Indivíduo está se desviando da própria vontade quando está criando uma divisão basilar em si mesmo então estará criando “vontades múltiplas” que divergem e conflitam – o que é fundamentalmente uma separação do consciente (com suas muitas noções arbitrárias de “certo e errado”) do inconsciente e instintivo. Thelema reconhece que todos os desvios dessa vontade única, incluindo todas as repressões do instinto natural para se conformar com noções artificiais de conduta moral, levará à repressão, o que conduz inevitavelmente à neurose. Crowley escreveu: “Os thelemitas são ‘nascidos três vezes “; 4 aceitamos tudo pelo que é, sem “a “luxúria por resultados”, sem insistir em coisas que se adaptem aos ideais a priori ou lamentando quando falham em serem assim. Podemos, portanto, “gozar” todas as coisas de sentido e num manter o êxtase de acordo com sua verdadeira natureza”. 5

Uma das aplicações mais evidentes deste dito que “a palavra do pecado é restrição” é em relação à moralidade sexual. Toda religião, sem dúvida, teve inúmeras restrições sobre a vida sexual, especialmente para as mulheres. Liber AL vel Legis proclama que, não só “todo homem e toda mulher … uma estrela”, 6 mostrando sua igualdade essencial, mas, além disso, está escrito para “Também, tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes! “7 Esta linha é estranhamente profética da Revolução Sexual que ocorreu no final da década de 1960, mais de meio século após a redação do Liber AL vel Legis, e também a pesquisa inovadora sobre o sexo por Alfred Kinsey na década de 1940 . Não há restrições,nem mesmo quanto às relações de amor que podem ser consideradas como expressões de homossexualidade, masoquismo ou sodomia, pois, a partir do ponto de vista do Thelemita, uma coisa é “errada” apenas na medida isso desvia da Verdadeira vontade. Como Crowley diz: “Não temos o direito de interferir com qualquer tipo de manifestação do impulso sexual por motivos a priori” 8.

Crowley escreve: “O amor sob vontade” é a lei. Nós nos recusamos a considerar o amor como algo vergonhoso e degradante, como um perigo para o corpo e a alma. Recusamo-nos a aceitá-lo como a rendição do divino ao animal; para nós, é o meio pelo qual o animal pode ser feito a Esfinge Alada que deve levar o homem para a Casa dos Deuses “.9 O instinto sexual foi reprimido sem piedade nas religiões do passado e muitas vezes foi criticado como animalesco ou pecaminoso. Thelema transforma essa idéia de cabeça para baixo ao dizer que não só o sexo não é vergonhoso ou degradante, é a função natural de um ser humano e, se for de acordo com sua verdadeira vontade, eles deve expressá-la (e não de acordo com algum conjunto de regras pré estipuladas).

Crowley resume todos esses sentimentos quando ele proclama: “Deveria ficar bem claro com as observações precedentes de que cada indivíduo tem um direito absoluto e exequível de usar seu veículo sexual de acordo com seu próprio caráter e que só ele é responsável por si. “10 Psicologicamente, esta é uma rota saudável a tomar, pois “a repressão sexual leva à neurose e é a causa da inquietação social “11. Alfred Kinsey encontrou em sua pesquisa sobre a sexualidade que “o desejo sexual é um desejo básico e biológico, impulso ou instinto que exige satisfação … se a unidade sexual (do sexo masculino) tiver negado nos canais legítimos, encontrará satisfação em ilegítimos” (ou seja, estupro, abuso sexual de crianças, etc.)”, a repressão do desejo sexual pode levar a problemas físicos ou doença mental e “neurose” especialmente nas mulheres … [e] a necessidade de sexo é tão básica quanto a necessidade de alimentos “.12 Neste prisma, parece que Thelema nos deu uma estrutura adequada para agir sem medo de “doenças físicas ou mentais ” derivadas de nossas inclinações sexuais.

Essencialmente, proclamando “a palavra do pecado é restrição”, Liber AL vel Legis diz que toda restrição ou repressão da vontade é o único “mal” ou “pecado”. 13 Sabemos que “a repressão da satisfação natural pode resultar em além de vícios secretos e perigosos que destroem sua vítima porque são aberrações artificiais e não naturais “.14 A idéia de restrição se estende, obviamente, além da moral sexual, mas tem repercussões claras e óbvias nesse assunto e, portanto, era necessário entrar nesse aspecto específico em detalhes.

Sinceramente, os adágios de “Fazer o que você quer” e “a palavra do pecado é a restrição” se aplicam a toda a moralidade. A citação que começa este capítulo explica sucintamente isso, em termos simples, que “já não é possível dizer a priori que uma determinada ação é” errada “. Cada homem tem direito – e um direito absoluto – de cumprir sua Verdadeira Vontade”. Crowley escreve ainda que “não há” padrões de direito “. Ética é disparate. Cada Estrela deve seguir sua própria órbita. Para o inferno com “princípio moral”; não há tal coisa “.15 Nesse sentido, Thelema mostrou que não existe um padrão absoluto de certo e errado; Existe apenas um padrão relativo de certo e errado em relação à natureza e circunstância que sãp únicas de cada pessoa – sua vontade única.

“Na realidade, o bem e o mal não são diferentes uns dos outros. “Bom” e “ruim” são apenas termos convencionais. Dependendo de como é usado, o mesmo pode ser “bom” ou “ruim”. Tome, por exemplo, essa luz da lâmpada. Por causa da sua queima, somos capazes de ver e fazer várias benesses; Este é um modo de usar a luz. Agora, se você colocar os dedos nele, eles serão queimados; Esse é outro modo de usar a mesma luz. Portanto, é claro que uma coisa se torna boa ou ruim de acordo com a maneira como a usamos. O mesmo acontece com a virtude e o vício. Em termos gerais, o uso adequado de qualquer das faculdades de nossa mente e corpo é virtude, e seu uso indevido é o vício “.

-Swami Vivekananda

Crowley, Aleister. Liber AL vel Legis, I:41.

2 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:41.

3 Jung, Carl. “The Soul and Death” from Collected Works of C.G. Jung, volume 8: The Struture and Dynamics of the Psyche, par. 808.

4 Uma refencia thelemica para as categorias ‘nascido’ and ‘renascido’ como elucidade por William James em seu livro The Varieties of Religious Experience.

5 Crowley, Aleister. The Law is For All, II:22.

6 Crowley, Aleister. Liber AL vel Legis, I:3.

7 Crowley, Aleister. Liber AL vel Legis, I:51.

8 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

9 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

10 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

11 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:52.

12 Cablan, Pat & Caplan, Patricia. The Cultural Construction of Sexuality, p.72.

13 Mas, há de se notar que em Thelema, a noção de “pecado” nunca chega na definição que os Cristão ou Muçulmanos pois não há o Pecado Original nem o Julgamento das suas ações no outro mundo.

14 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

15 Crowley, Aleister. The Law is For All, II:28.

16 Vivekananda, Swami. Conversation: Saturday, January 23, 1898. Recorded in Bengali by Surendra Nath Sen in his private diary. Complete Works, vol.5: 337.

Link texto original: https://iao131.com/2013/02/26/psychology-of-liber-al-pt-3-the-notion-of-sin-abolished/

Tradução:Mago implacavel

Revisão: (não) Maga patalógica

#Thelema

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/aboli%C3%A7%C3%A3o-da-no%C3%A7%C3%A3o-de-pecado

[parte 4/7] Alquimia, Individuação e Ourobóros: A arte Alquímica

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“Tudo vai, tudo volta; eternamente gira a roda do ser. Tudo morre, tudo refloresce, eternamente transcorre o ano do ser. Tudo se desfaz, tudo é refeito; eternamente constrói-se a mesma casa do ser. Tudo se repara, tudo volta a se encontrar; eternamente fiel a si mesmo permanece o anel do ser. Em cada instante começa o ser; em torno de todo o “aqui” rola a bola “acolá”. O meio está em toda parte. Curvo é o caminho da eternidade.”

– Nietzsche

Alquimia

Esta é a quarta parte da série de sete artigos “Alquimia, Individuação e Ourobóros”, que é melhor compreendida se lida na ordem. Caso queira acompanhar desde o começo, leia as parte 1, 2 e 3.

No post anterior, vimos que, o arquétipo de Hermes, juntamente com o simbolismo do caduceu, serve como organizador e centralizador da psique, atuando no “caos primordial”, estruturando-o e elevando seu potencial. Este caos primordial é análogo ao conceito de prima matéria dos alquimistas. Ambos os conceitos se apresentam como uma fonte de energia desordenada, cuja harmonização permite a obtenção de um potencial incalculável.

“Nasce como uma ciência natural que busca a compreensão da própria natureza a partir de uma especulação filosófica, como se pode ver já na filosofia pré-socrática no século VI a C. É dela que nasce o conceito de prima matéria a partir da crença de que o mundo tinha origem em uma única substância que era subdividida nos quatro elementos terra, ar, fogo e água, os quais, segundo diferentes recomposições faziam surgir todos os objetos físicos existentes no universo. Esta idéia, a prima matéria, teve sua evolução chegando com Aristóteles a ser considerada como pura potencialidade, que em seguida adquire forma, quando é atualizada na realidade.” (SANTOS, 2013)

Para Jung (2008), a manipulação da prima matéria, correspondente aos aspectos inconscientes dissociados. O alquimista tem que realizar a Opus Alquimica, que corresponde ao processo de individuação, transformando seus conteúdos internos e os trazendo a luz da consciência. Esse processo acontece através de três (podem ser quatro) momentos alquímicos e psíquicos: nigredo, albedo, rubedo. Vale a pena frisar que as metáfora alquímicas compreendem um vasto simbolismo, que varia entre os alquimistas e pesquisadores, porém todos resultam no mesmo objetivo: a obtenção da pedra filosofal.

Dentro destes momentos, pode-se dividir a Opus em diferentes estágios, que variam dentro do arcabouço alquímico, mas que neste trabalho, será utilizado as definições de Hauck (1999), podendo ser resumidas em sete estágios de transformação: calcinação, dissolução, separação, conjunção, fermentação, destilação e coagulação.

Esta imagem mandálica é um clássico da alquimia medieval, ela foi primeiramente publicada em 1959 pelo alquimista alemão Basil Valentine, e representa o conceito de Azoth:

“Azoth era considerado como um remédio universal, ou solvente universal utilizado na alquimia. Seu símbolo era o caduceu; o termo, que foi originalmente um nome para uma fórmula oculta necessária para os alquimistas parecida com a pedra filosofal, se tornou uma palavra poética para o elemento mercúrio, o nome é proveniente do Latim Medieval, uma alteração de “azoc”, sendo originalmente derivado do árabe “al-zā’būq”, que significa “o mercúrio”.” [tradução livre] http://en.wikipedia.org/wiki/Azoth

Esta imagem irá nos guiar frente ao simbolismo utilizado na metáfora alquímica. No centro da imagem temos o homem, alquimista. A sua direita, um rei, princípio masculino, solar, a sua esquerda uma rainha, princípio feminino, lunar. A dicotomia já nos é evidente, sugerindo que a integração destes aspectos seriam necessários para atingir a Opus.

Podemos notar a presença dos quatro elementos, como manifestação quaternária do todo, associados à tipologia junguiana. Vemos na imagem, o pé direito do homem na terra, seu pé esquerdo na água, sua mão direta segurando uma tocha, associada ao fogo, e sua mão esquerda segurando uma pena, associada ao elemento ar. Há também os triângulos adjacentes a roda, representando a manifestação trina do corpo, alma e espírito.

Na parte superior da figura, é possível ver uma estranha figura alada, que pode ser associada com o disco solar egípcio ou o topo do caduceu de Hermes (Mercúrio), analisado anteriormente. Exstem uma série de simbolismos na imagem, como por exemplo o leão sob o rei, a salamandra em chamas e os pássaros da roda, porém seria necessário um outro post apenas para interpretá-los.

Por fim, temos a circular dos raios, associados com diferentes cores, que representam os estágios alquímicos. Estes estágios serão nosso foco daqui pra frente.

As etapas Alquímicas

O primeiro raio está associado à calcinação, ou calcinato, intrínseca ao elemento fogo. Para Hauck, esta etapa está psicologicamente associada a morte do ego e destruição dos mecanismos de defesa, a extinção do interesse no mundo material, e as respectivas ilusões associadas a este. Inicia-se o processo de enegrecimento, podemos citar como ilustração desta etapa, “escuro e nebuloso é o início de todas as coisas, mas não o seu fim”, frase de autor desconhecido.

Para Masan (2009), esta operação é realizada na Sombra, onde permanecem os desejos instintivos e não integrados. O fogo é está ligado com a frustração dos desejos, aspecto natural do processo de desenvolvimento associado ao Si-mesmo.

“Os aspectos do ego identificados com as energias transpessoais da psique (Self ou mesmo, o fogo Divino) e utilizados para fins pessoais, sejam de poder ou de prazer, serão calcinados. Quanto maior a dicotomia entre bem e mal, certo e errado, ou seja, quanto maior a polarização desses aspectos neuróticos, mais longa será a calcinação desses elementos, até que o fogo da própria culpa esvazia a balança do julgamento por essa imagem punitiva e compensatória, representada pela ira divina, enquanto imagem arquetípica constelada no psiquismo”(MASSAN, 2009, 26).

O segundo raio está associado com a etapa de dissolução, ou solutio, representada pelo elemento água. Psicologicamente dizendo, está atrelada com a quebra das estruturas artificiais da psique, através da imersão no inconsciente, ou das partes irracionais e rejeitadas. O elemento água como uma abertura das comportas, e inundação de energias pessoais antes cristalizadas, dissolução de aspectos fixos da personalidade.

“A operação apresenta, no aspecto negativo e sombrio, um sentido de dissolução da matéria diferenciada ou conteúdo do ego […]. Por outro lado, em seus aspectos superiores, onde ocorre à transposição de opostos, consolida-se o espírito, ou seja, os aspectos transpessoais da pisque objetiva, o Si-mesmo. É o encontro com o Numinoso, que reestabelece a saúde da relação ego-Self, salvando apenas o que vale ser salvo, os conteúdos realmente alinhados com o Si-mesmo, e redimindo os conteúdos comprometidos, derretendo-os ou reordenando-os em novas estruturas”.(MASAN, 2009, 14)

O terceiro raio diz respeito à separação, ou separatio. É o momento de captar tudo aquilo que sobrou das etapas anteriores e selecionar. É recuperar a energia congelada dos hábitos e pensamentos cristalizados (pré-conceitos, crenças, fobias). Refere-se à essência e energia separada das amarras da matéria. Esta psicologicamente associada à escolha dos aspectos dissolvidos anteriormente, desapegando daquilo que não mais apresenta valor psíquico, explicitando a essência e valores espirituais, portanto, associado ao elemento ar.

“Surge aí à necessidade de dissecar esses conteúdos do inconsciente pessoal e coletivo e realizar a escolha, a separatio, trazendo a consciência, através do ato de julgar, uma vinculação com o Self. Isso requer um poder para arcar com o ônus dessa escolha, uma desvinculação da necessidade de atender aos critérios do outro, mas sim de ser fiel àquilo para o que aponta o Si-mesmo, da mesma forma como não se pode servir a dois senhores, só que sem o domínio neurótico da unilateridade” (MASAN, 2009, 25).

A conjunção, ou coniunctio, é análoga ao quarto raio da figura. Conjunção é a grande guinada do opus alquímico. Notemos que na figura, através do movimento circular, existe o deslocamento das forças da alma (na direita), para o espírito (na esquerda). Em nível pessoal, a conjunção é o fortalecimento do nosso verdadeiro Self, a união dos aspectos masculinos e femininos de nossa personalidade em um novo sistema psíquico. Esta etapa corresponde à ‘pequena pedra’, ou o primeiro esboço do que seria a pedra filosofal atingida no final da operação.

“Conjunção pode ser vista com a criação de um self superior e a conquista do que Carl Jung nomeou de individuação, no qual o self fragmentado é reunido à um todo original. A criação desta pessoa completa e harmoniosa significa que atingimos nosso máximo no plano terrestre”. (HACUK, 1999, 162)

Associada então com o elemento terra, a conjunção pode ser divida em duas sub-etapas, segundo Masan: coniunctio inferior e superior. Na primeira, a união dos opostos separados de forma imperfeita, resulta em algo que deverá ser submetido a novos procedimentos.

Masan define que a coniunctio inferior acontecerá sempre que o ego identificar aspectos inconscientes, como a sombra, anima, ou mesmo o Si-mesmo (Self), através de uma perspectiva introvertida ou coletiva. Essa identificação deve ser ‘purificada’, ou seja, eliminada, redimida, para dar continuidade ao processo de individuação. A coniunctio superior representa a conjunção mor dos aspectos previamente impossíveis de serem integrados. Após passar pelos estágios anteriores da Opus, a prima matéria pode finalmente ter seus opostos complementados.

“Assim como na alquimia, a psique, dentro do processo analítico, vai transformando-se, ora dispondo-se num lado e ora de outro, no sentido das suas polaridades, até que lhe seja capaz a absorção de uma terceira figura, gradativa e construída, surgida de dentro da sua própria alma que lhe traduz essa expressão de convivência com o dual. A dissolução do conflito, gerado pelas dicotomias neuróticas, concebe o cenário onde essa pedra, em cujo seio se fixa o espírito, se manifesta. […] O casamento Divino, que somente existirá se ali houver o Amor, sua causa e seu efeito.

Enquanto na coniunctio inferior o amor é concupiscente, aqui, na coniunctio superior, esse amor é transpessoal. Revela-se no mundo como o altruísmo em seu sentido extrovertido e na psique, como a conexão com o Si-mesmo, gerando a unidade” (MASSAN, 2009, 34).

Masan apresenta o Amor como uma das chaves para a integração psicológica dos opostos. Seria insensato pensar em amor se associá-lo com o coração. A simbologia do coração é estudada no livro “A Psique do Coração”, de Denise Ramos. A autora apresenta mitos e imagens de culturas americanas que tinham como centro o coração, sendo ele, em quase todas as histórias um ícone do sagrado ou oferecido ao sagrado.

No capítulo “Elegias Para Acalmar o Coração”, é somado às ideias de rezas para ‘abrir’ o coração e permitir o esvaziamento do sofrimento com o preenchimento de Deus. No capítulo “O Coração em Julgamento” é recapitulado toda a simbologia do coração no antigo Egito, como este sendo um exemplar da alma do indivíduo.

Ainda nesse mito egípcio, ao morrer, o coração era pesado numa balança, onde na contraparte ficava a pena de Maat. Neste julgamento especial, se o coração fosse mais pesado que a pena, ou seja, estivesse carregado das impurezas do ego, não era permitido ao falecido integrar-se a completude.

No sub-capítulo “O Lugar Secreto” é destacado o valor simbólico do coração na tradição hindu, e como o coração está associado nestas culturas como o ‘lugar da consciência”, sendo o Self em si, o lugar que o homem emana a si mesmo, um guia de luz.

Ainda segundo a autora, Anãhata é a representação do chakra cardíaco no Tantra Yoga, que une os chakras superiores com os inferiores, o Tantra Yoga tem como objetivo alinhar e equilibrar as polaridades masculinas e femininas. Tal equilíbrio acontece no coração, e quando acontece, o praticante da técnica consegue ouvir o som ‘hum’ (ॐ), do vazio, que emana por todo o tempo e espaço.

Essas informações aparecem no sub-capítulo “O Lugar do Som Universal”. Uma frase que pode exemplificar o amor como via de integração das polaridades é a de Nietzsche: “Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal”.

Hauck (1999) sincretiza o processo alquímico da conjunção da seguinte forma: “Psicologicamente, Conjunção é usar a energia sexual dos corpos para transformação pessoal. Conjunção se ocupa no corpo no nível do coração”

A próxima figura, é uma foto tirada no dia 06/06/2013 no Elevado Presidente Costa e Silva, São Paulo, conhecido também como “Minhocão”:

É possível perceber inúmeras analogias com os temas tratados neste trabalho. A expressão artística urbana expressando a angústia de uma sociedade doente, cindida. Amor e Ourobóros como resoluções arquetípicas coletivas. Apesar de toda a fertilidade do tema social em questão, voltemos a descrição das etapas alquímicas.

Podemos perceber, portanto, que apesar de todo o processo alquímico estar intimamente ligado ao processo de individuação, a etapa de Conjunção é a que representa o ápice do processo, que é a integração dos aspectos complementares.

A quinta etapa do processo alquímico descrito por Hauck, observado na imagem é a fermentação. É a introdução de uma nova perspectiva de vida, resultado da etapa anterior – Conjunção – que é a ascensão para um novo estado de consciência, a transição para um estado mental elevado. Nesta etapa, existe a transição da nigredo para a leukosis, resultando no aparecimento da cauda pavonis, metáfora para imaginação ativa e ‘coloração da vida’, alguns autores definem esse amarelamento (leukosis) e o aparecimento da “cauda pavonis” como uma quarta etapa, entre o nigredo e albedo, enquanto outros, definem apenas como um aspecto transitório entre estas duas etapas. Representa psicologicamente a transição da psique para um estado mais conectado com o espírito, ou na nomenclatura junguiana, Si-mesmo (Self).

O penúltimo raio é análogo à etapa de destilação, ou destilatio. Neste estágio a metáfora que se apresenta é o aumento da pureza, associado com a cor branca, ou albedo. Psicologicamente, representa o esforço para que as impurezas do ego e do id não sejam incorporadas no último estágio. Representa a eliminação dos sentimentalismos e emoções, ou ainda melhor, das paixões egoístas e infantis, aspectos que na manifestação do verdadeiro Self, não são pertinentes, uma vez que se procura um estado pleno de espiritualidade.

“Seus pensamentos e sentimentos são os sentimentos e pensamentos do Universo inteiro”, Esta declaração descreve o processo de destilação, onde [o alquimista] se tornou muito mais interessado no bem maior do que apenas em seu próprio. É a fase de transformação onde estamos espiritualmente e emocionalmente maduros o suficiente para fundir-nos com o inconsciente coletivo sem sermos devastados pelo o que encontramos lá. A razão pela qual nós podemos manter o nosso equilíbrio, depois de ter chegado à fase de destilação é que o ego não nos controla e, portanto, podemos apreciar os mistérios do coletivo – e pessoal – material da sombra, sem a intromissão do ego.

Destilação traz o criativo fora de nós. Ela incentiva tudo o que somos se manifestar em formas equilibradas e serenamente poderosas. Ele anuncia a entrada da influência das forças superiores e do equilíbrio dessas forças com os inferiores, que fornecem firmeza, tão crucial para a totalidade” (SHANDERÁ, 2002).

O sétimo e último estágio é chamado de coagulação, ou coagulatio. Representa a ressurreição do espírito, materializado no corpo.

“A Coagulatio é uma operação que expressa, pelas suas imagens, o processo de formação do ego e sua ligação com os aspectos da vida, as forças ctônicas, através da vivência da carnalidade no seu sentido mais amplo, construindo, pelas experiências, a terra onde se lastreia o ego em seu caminhar e, logicamente, configurando, por essas mesmas vivências, a relação do eixo Ego-Self” (MASSAN, 2009, 34)

É a representação da pedra filosofal, ou Grande Pedra, antes anunciada pela coniunctio. O alquimista adentra o estágio de rubedo, e pode “curar-se de todas as feridas e enfermidades” (HAUCK, 1999, 140). Esta etapa é utilização da libido dentro de sua forma plena, integrada com a impulsão da consciência para os estados mais elevados do vir-a-ser.

“Vale ressaltar que o desejo é o agente da coagulatio. Esta operação é necessária não para aqueles que já se movimentam adequadamente dentro de sua libido, mas para aqueles outros com uma inconsistência em seu querer e o temor de colocar os pés na vida, com dificuldade, inclusive de sorver os cálices que ela dispõe. O desenvolvimento do ego nestes casos passa pelo lugar dessa consciência e realização do desejo, a fim de que haja a movimentação da energia psíquica” (MASSAM, 2009, 22).

Neste estágio, para Hamilton (1985), é manifestada, no alquimista a vontade de encarnar na terra o estado de consciência iluminado na mente e no corpo. É como se uma alma desejasse ser ‘encorpada’ sem o senso de separação do seu estado puro original. Só quando a alma está encarnada na psique que pode ser vivenciado o estado espiritual de completude. A psique pode agora expressar as qualidades da alma e da natureza. A frase “assim na terra como no céu” ilustra com perfeição este estado.

“Esta união do espírito / alma com o corpo / mente representa o final e mais importante casamento alquímico. Agora a anima torna-se a Mãe de Deus, ou a Consorte de Deus, o objeto do amor místico. As figuras de animus correspondentes são Os Iluminados – Cristo, Buda, Santos, etc. Isto significa que a consciência de Deus, ao nascer no mundo da terra, percebe sua natureza divina conscientemente – como um indivíduo transcendental e iluminado, num estado de unidade com o todo cósmico. Isso, então, é a pedra filosofal que o alquimista procurava. É o grande ponto culminante da Grande Obra” (HAMILTON, 1985, 8).

Ainda para o autor, o equivalente terapêutico é fácil de ser percebido, uma vez que o paciente transcendeu a natureza de seus dilemas e conflitos, e isso envolve uma mudança de personalidade que vai acomodar e manter essa realização. O paciente percebe que sua vida tem sido uma imposição que resultou numa série de problemas, e agora inicia um processo de mudança para uma sustentação mais pertinente a sua verdadeira natureza.

Hauck (1999) define que, ao atingir este estágio, o raio de transformação se volta a terra, e é iniciado novamente o ciclo previamente proposto, indicando que os estágios e transformações são processos eternos e constantes, assim como a lapidação do Self, ou o processo de individuação proposto por Jung, fazendo com que o alquimista volte à etapa de nigredo, e continue seu processo.

“Tudo o que coagula está sujeito a transformar-se. Dai decorre que após a coagulatio, os processos de putrefactio e mortificatio se realizam também, até porque, o fim da encarnação é o desencarne, visto que está sujeito às injunções do tempo e do espaço” (MASSAN, 2009, 27).

Percebemos que o processo alquímico é cíclico, e, assim como o processo de individuação, exige um constante processo de atuação do indivíduo para com seus conteúdos, processo este que Jung define acontecer por toda a vida.

A mesma metáfora pode ser utilizada para definir o Ourobóros, um processo cíclico e constante, que representa a integração de opostos e a volta para a unidade. No capítulo seguinte iremos analisar a figura arquetípica do Ourobóros e avaliar suas correspondências com o processo alquímico e o de individuação.

Referências Bibliográficas:

HAMILTON, Nigel. The Alchemical Process of Transformation. Disponível em: http://www.sufismus.ch/assets/files/omega_dream/alchemy_e.pdf. 14/05/2013

HAUCK, Dennis Willian. The Emerald Tablet: Alchemy for Personal Transformation. Arkana. Ed.Pengun Group. 1999.

MASSAN, Francisco. Opus Alquímica e Psicoterapia. Disponível em: www.clinicapsique.com/doc/opus.doc. 14/05/2013

RAMOS, Denise Gimenez. A Psique do Coração: Uma Leitura Analítica de seu Simbolismo. São Paulo. Cultrix. 1990.

SANTOS, Vitor P. Calixto. Jung e a Metáfora Alquímica. Disponível em http://www.symbolon.com.br/artigos/jungeameta.htm. 14/05/2013

SHANDERÁ, Nanci. The Alchemy in Spiritual Progress – Part 7: Distillation. Disponível em: http://alchemylab.com/AJ3-1.htm. 14/05/2013

Imagens:

“Nigredo, Albedo e Rubedo” de Thomas Norton em ‘Ordinal of Alchemy’, 1477

“Azoth” de Basil Valentine

“Calcinato Angelus” de Suanne Iles

Trecho do filme “Elena” de Petra Costa, 2013

“Artodyssey” de Tomasz Alen Kopera

A interação das polaridades (sol e lua). “Rosarium Philosophorum”, Séc XVI

Andrógino, representando a natureza dual. “Rosarium Philosophorum”, Séc XVI

“Heart Chakra” de Ormus Oils

Coração e pena na balança em hieróglifo egípcio

“Mais amor por favor” (ygormarotta.com/mais-amor-por-favor)

Pavão em tecido

Gravura representando a destilação, capa do livro “O Museu Hermético” de Alexander Robb

“Aquamarine Muse” de Philip Rubinov Jacobson

A natureza de Buddha

Ricardo Assarice é Psicólogo, Reikiano e Escritor. Para mais artigos, informações e eventos sobre psicologia e espiritualidade acesse www.antharez.com.br

#Alquimia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/parte-4-7-alquimia-individua%C3%A7%C3%A3o-e-ourob%C3%B3ros-a-arte-alqu%C3%ADmica

Teoria da Magia – II – Sistemas Mágicos

SISTEMA DA GOLDEN DAWN (AURORA DOURADA):

É uma fusão rígida da Cabala prática com a Magia Greco-Egípcia. Seu sistema complexo de Magia Ritual é firmemente baseado na tradição medieval Européia. Há uma grande ênfase na Magia dos Números. Os paramentos rituais são de uma impressionante riqueza simbólica, bem como os rituais são bastante variados de acordo com a finalidade e o grau mágico dos participantes. Suas iniciações são por graus, começando pelo Neófito (0=0), indo até os graus secretos (6=5 e 7=4), alcançados, e conhecidos, por poucos; até a bem pouco tempo, fora da Ordem pensava-se ser o 5=6 o grau máximo da Aurora Dourada. Curioso que na Golden Dawn não se praticava (nem se aceitava) a Magia Sexual.

Deste Sistema propagou-se o uso de Sigilos e Pantáculos, bem como ressurgiu o interesse pela Cabala, Numerologia, Astrologia e Geomancia. Além disso, sua interpretação e simplificação do Sistema-dos-Tattwas do livro “As Forças Sutis da Natureza” de autoria de Rama Prasad, permitiu uma grande abertura. Uma das mais importantes adições ao ocultismo ocidental, dada pela Golden Dawn, foi através de seu método de “Criação de Imagens Telesmáticas” (sobre o assunto, ver o texto relativo ao mesmo).

SISTEMA THELÊMICO (THELEMA, ALEISTER CROWLEY):

Criado acidentalmente (foi a partir da visita de uma Entidade que Aleister Crowley tomou o direcionamento que o faria criar este sistema), este Sistema original é, atualmente, um dos mais comentados e pouco conhecidos. Tendo como ponto de partida o “LIBER AL VEL LEGIS” (O LIVRO DA LEI), ditado por uma Entidade não-humana (o Deus Egípcio HÓRUS, Deus da Guerra), o sistema Thelêmico ampliou suas fronteiras, fazendo uma revisão na Magia Ritual, na Magia Sexual e nas Artes Divinatórias. Faz uso, a “Corrente 93”, das Correntes Draconiana, Ofidioniana e Tifoniana.

Thelema, em grego, significa vontade.

Os Thelemitas reconhecem como equivalente numerológico cabalístico o número 93. Os Thelemitas chamam aos ensinamentos contidos no “LIVRO DA LEI”(THE BOOK OF THE LAW) de “Corrente 93”. As duas frases mágicas dos Thelemitas são “FAZ O QUE TU QUERES POIS É TUDO DA LEI” (“DO WHAT THOU WILT SHALL BE THE WHOLE OF THE LAW”) e “AMOR É A LEI, AMOR SOB VONTADE” (“LOVE IS THE LAW, LOVE UNDER WILL”), que dizem respeito aos mais sublimes segredos do “LIVRO DA LEI”. As músicas “A LEI” e “SOCIEDADE ALTERNATIVA”, de autoria de Raul Seixas, definem bem a filosofia Thelemita, que não tem nada a ver com as bobagens que andam dizendo por aí. Rituais importantes são realizados nos dois solstícios e nos dois equinócios, o que demonstra uma influência da Bruxaria.

Aleister Crowley foi iniciado na Golden Dawn; associou-se, após abandonar a mesma, com a A.:A.: (ARGENTUM ASTRUM, ESTRELA DE PRATA), também chamada de GRANDE FRATERNIDADE BRANCA, e com a O.T.O. (ORDO TEMPLI ORIENTIS, ORDEM DOS TEMPLOS DO ORIENTE), as quais ele moldou de acordo com suas crenças e convicções pessoais. Muitos confundiram Thelema com Satanismo, o que é um imenso engano. Há muitas Ordens Thelêmicas, como a O.R.M (Ordo Rosae Misticae), por exemplo, que seguem a filosofia básica, mas com ditames próprios – como utilizar uma “Árvore da Vida” com doze “esferas” (fora Daath), o que resulta num Tarot com 24 Arcanos Maiores.

Há, porém, uma cisão da O.T.O, a O.T.O.A. (Ordo Templi Orientis Antigua, Ordem dos Templos do Oriente Antiga), ocorrida quando Aleister Crowley assumiu a “direção” da O.T.O. mundial; a O.T.O.A. mantém-se fiel à tradição pré-crowleyana, contendo em seu cabedal muitos ensinamentos do VUDÚ Haitiano. A O.T.O.A. é dirigida por Michael Bertiaux, cuja formação mágica é Franco-Haitiana. Foi ele, aliás, quem introduziu os ensinamentos de Crowley na O.T.O.A., tornando-a, assim, uma das Ordens Mágicas com maior quantidade de ensinamentos a dar. A O.T.O.A., além das Correntes citadas acima (Draconiana, Ofidioniana e Tifoniana), também faz uso da Corrente Aracnidoniana. O sistema da O.T.O. também funciona por graus, indo desde o grau Iº até o VIIº, com muita teoria; daí, vem os graus realmente operativos, o VIIIº (Auto-Magia Sexual), o IXº (Magia Heteroerótica) e o XIº (Magia Homoerótica); existe ainda o grau Xº, que não é porém um grau mágico, mas político-administrativo, sendo seu portador eleito pelos outros portadores dos graus IXº e XIº (o candidato a grau X deverá ser um deles), tornando-se o líder nacional da Ordem. Aleister Crowley era portador do grau-mágico XIº da O.T.O..

SISTEMA AURUM SOLIS:

Uma variação do Sistema da Golden Dawn, bastante completo, tendo como principal adição ao Sistema mencionado, o uso de práticas de Magia Sexual – muito embora seus métodos dessa forma de Magia não pareçam ser muito potentes. Mas contém no seu bojo todo o material técnico da Golden Dawn, exceto ter realizado uma simplificação na simbologia dos paramentos. Este grupo é liderado pelos renomados ocultistas Melita Denning e Osborne Phillips.

SISTEMA SALOMÔNICO (de SALOMÃO):

Basicamente consiste no uso de Sigilos e Pantáculos de Inteligências Planetárias, que serão Evocadas, ou Invocadas sobre Talismãs e Pantáculos.

É um sistema importante que foi aproveitado por quase todas as Ordens Ocultas hoje em atividade.

SISTEMA DA MAGIA PLANETÁRIA:

Criado pelo grupo “Aurum Solis”; baseia-se em rituais destinados a Evocar ou Invocar os “Espíritos Olímpicos”, Entidades Planetárias (Inteligências), ou Arquétipos (dos Arcanos do Tarot, Seres ou Deuses/Deusas Mitológicos, entre outros). É um sistema prático, completo, eficiente, de poucos riscos e fácil de colocar em prática.

SISTEMA SANGREAL:

Criado pelo famoso ocultista William G. Gray, é um Sistema que busca fundir a Tradição Ocidental em suas principais manifestações: a Cabala e a Magia. Na verdade, a Cabala aqui abordada é a teórica, que aliás é utilizada em todas as Escolas de Ocultismo, exceto aquelas que abraçam o Sistema de Cabala Prática de Franz Bardon, do Sistema Hermético. Apesar disso, é um Sistema bastante completo e racional, que tem fascinado os mais experientes e competentes ocultistas da atualidade. A obra de W.G.Gray é extensa mas não excessiva, o que contribui para facilitar o estudo deste Sistema.

Sua principal característica é a de “criar” (dentro de cada praticante) um “sistema solar em miniatura”. A partir daí, cada iniciado trabalha em seu Microcosmos e no Macrocosmos de forma idêntica.

SISTEMA DOS TATTWAS:

É um método de utilização dos símbolos gráficos orientais representantes dos cinco elementos (Éter/Akasha, Fogo, Água, Ar, Terra). Usa-se o desenho pertinente como forma de meditação e expansão da mente – transformando-se, mentalmente, o desenho em um “portal”, daí penetrando nesse “portal”, indo dar, mentalmente, em outras dimensões. É um eficiente método de auto-iniciação.

SISTEMA DE PATHWORKING:

Idêntico em tudo ao Sistema dos Tattwas, exceto que utiliza-se desenhos relativos às Esferas e Caminhos (“Paths”, daí o nome) da Árvore-de-Vida, que é um hieróglifo cabalístico. Pode-se, alternativamente, utilizar-se de Sigilos de diversas Entidades (visando “viajar” para as paragens habitadas por aquelas), ou até mesmo Vévés (Sigilos do Vudú), com a mesma finalidade – a auto-iniciação.

SISTEMA SATANÍSTICO (SATANISMO):

É um fenômeno cristão; só existe por causa do Cristianismo. Baseia-se no dualismo Deus-Diabo, presente em tantas culturas; no dualismo Bem-Mal, presente no inconsciente coletivo. Historicamente, o Satanismo como culto organizado nunca existiu, até a criação da Igreja de Satã, fundada em 30 de Abril de 1966, por Anton Szandor La Vey, na Califórnia, Estados Unidos. A partir de então, o Satanismo passou a contar com rituais específicos, buscando criar versões próprias da Magia Ritual e da Magia Sexual, além de ter sua própria versão da Missa Católica, chamada MISSA NEGRA. Basicamente, tudo como convencionou-se chamar de Magia Negra (submeter os outros a nossa vontade, causar enfermidades, provocar acidentes ou desgraças e até a mesmo a morte dos outros, obter vantagens em questões legais, em assuntos ilegais ou imorais, corromper a mente alheia, etc.), tem lugar entre os Satanistas. Na corrente da Igreja de Satã, não se prega o sacrifício animal, substituído pelo orgasmo sexual; o sacrifício humano inexiste, ao menos com a pretensa vítima “ao vivo” – é aceitável realizar um ritual visando a morte de outrem, que, então, será uma “vítima sacrificial”, embora não seja imolada num altar, á lá alguns Satanistas que praticam a imolação de pessoas. Portanto, os Satanistas modernos podem vir a realizar sacrifícios humanos, desde que sejam apenas na forma de rituais representados de forma teatral. Isto é, o sacrifício é de forma simbólica apenas.

Os ensinamentos de La Vey baseiam-se nos de Aleister Crowley, Austin Osman Spare, O.T.O. e F.S. (Fraternitas Saturni), além de fazer extenso uso das “Chamadas Enoquianas”.

O Satanismo de La Vey é um culto organizado, nada tendo a ver com os Satanistas que, volta e meia, são manchete dos noticiários.

Basicamente, a crença do Satanista dividi-se em três pontos:

1) O Diabo é mais poderoso que Deus;

2) aqueles que praticam o mal pelo mal, estão realizando o trabalho de Satã, sendo, portanto, seus servidores;

3) Satã recompensa seus servidores com poderes pessoais e facilita-lhes satisfazer e realizar seus desejos.

Satanistas verdadeiros são raros, a grande maioria dos que se dizem tal são simplesmente pessoas possuídas por forças desconhecidas que invocaram – e seu destino será a cadeia, o manicômio ou a tumba, depois do suicídio.

Satanismo não é Luciferianismo. Ver mais abaixo “Luciferianismo”.

SISTEMA DA MAGIA SAGRADA DE ABRAMELIM (OS QUADRADOS MÁGICOS):

Um tipo de Magia Ritual cujo alvo principal é a conversação com o próprio Anjo da Guarda; depois, se fará uso de uma série de Quadrados Mágicos que evocam energias diversas. É um sistema poderoso e perigoso, no qual muitos experimentadores se “deram mal”, aliás, muito mal.

As instruções dadas no famoso livro que ensina este Sistema não devem ser levadas a cabo “ao pé da letra”, de forma irrefletida; deve-se, porém, ter total atenção aos ensinamentos, antes de colocar os mesmos em prática. Como em todos os textos antigos, aqui também muita coisa está cifrada ou velada.

Deste poderoso Sistema apareceram inúmeras práticas com “quadrados mágicos” que nada têm a ver com o Sistema ensinado nesta obra.

SISTEMA ENOQUIANO (MAGIA ENOQUIANA, ENOCHIAN MAGIC):

É um sistema simbolicamente complexo, que consiste na Evocação de Energias ou Entidades de trinta esferas de poder em torno da Terra. É um sistema poderoso e perigoso, mas já existem diversos guias prático no mercado, que permitem uma condução relativamente segura. Este Sistema foi descoberto por John Dee e Edward Kelley; posteriormente, foi aperfeiçoado pela Golden Dawn, por Aleister Crowley e seus muitos seguidores, entre eles vale destacar Gerald Schueler. Os “nomes bárbaros” a que se referem muitos textos de ocultismo são os “nomes de poder” utilizados neste Sistema Mágico. Aqui, trabalha-se num universo próprio, distinto daquele conhecido no Hermetismo e na Astrologia. Busca-se contato com Elementais, Anjos, Demônios e com o próprio Anjo da Guarda. Dizem alguns entendidos que a famosa “Arca da União” é o “Tablete da União”, peça fundamental deste Sistema. Esse “Tablete da União” encontra-se a disposição de qualquer Mago que cruze o “Grande Abismo Exterior”, após a passagem pelo sub-plano de ZAX, no Plano Akashico, Etérico ou “do Espírito”, local aonde estão situados os sub-planos LIL, ARN, ZOM, PAZ, LIT, MAZ, DEO, ZID e ZIP, os últimos entre os 30 Aethyrs ou sub-planos. Essa região é logo anterior ao último “anel pelo qual nada passa”, tudo isso dentro do conceito do Universo pela física enoquiana.

Para encerrar nossa abordagem sobre a Magia Enoquiana, um aviso:

Muito cuidado ao pronunciar qualquer palavra no idioma enoquiano, pois as mesmas tem muita força, podendo provocar manifestações nos planos sutis mesmo que as “chamadas” tenham sido feitas de forma inconsciente ou inconsequente.

SISTEMA DA BRUXARIA (WITCHCRAFT):

Até virem à luz os trabalhos de Gerald Gardner, Raymond Buckland e Scott Cuningham, não se podia considerar a Bruxaria um sistema mágico. As bruxas e os bruxos se reúnem nos “covens”, que por sua vez encontram-se nos “sabbats”, as oito grandes festividades definidas pelos solstícios, pelos equinócios, e pelos dias eqüidistantes entre esses. Os últimos são considerados mais importantes.

A Bruxaria é um misto de métodos de Magia clássica (Ritual, Sexual, etc.), com práticas de Magia Natural (uso de velas, incensos, ervas, banhos, poções, etc.), cultuando Entidade Pagãs em geral. Nada tem a ver com o Satanismo. Bons exemplos do que podemos chamar de Bruxaria, em língua portuguesa, estão no livro “BRIDA”, de autoria de Paulo Coelho. Aquilo lá descrito mostra bem o Sistema da Bruxaria, menos nítido, mas também presente nas suas outras obras. Pena a insistência de algumas pessoas em condenar a bruxaria a um lugar inferior entre os Sistemas Mágicos.

SISTEMA DRUIDA (DRUIDISMO):

Há muito em comum entre o Druidismo moderno e a Wicca (nome dado nos países de língua inglesa à Bruxaria). As principais diferenças residem na mitologia utilizada nos seus rituais (a Celta), além dos locais de culto (entre árvores de carvalho ou círculos de pedras). O Druidismo pode ser rezumido como um culto à Mãe Natureza em todas as suas manifestações rituais.

SISTEMA SHAMÂNICO (SHAMANISMO):

O Shamanismo é a raiz de toda forma de Magia. Floresceu pelo mundo todo, nas mais diversas formas, dando origem a diversos cultos e religiões. Sua origem remonta a Idade da Pedra, com inúmeras evidências disso em cavernas habitadas nessa era. O Shamanismo moderno está ainda embrionário, embora suas raízes sejam profundas e fortes. O Shaman é uma espécie de curandeiro, com poderes especiais nos planos sutis. O Shamanismo caracteríza-se pela habilidade do Shaman entrar em transe com grande facilidade, e sempre que desejado.

SISTEMA DEMONÍACO (GOETIA, GOÉCIA):

Consiste na Evocação das Entidades Demoníacas, Demônios, de habitantes da “Zona Mauva” ou das Qliphás. É uma variação unilateral da Magia Evocativa do Sistema Hermético. Obviamente é um Sistema muito perigoso.

SISTEMA SOLAR:

Aonde se busca, única e exclusivamente, o conhecimento e a conversação com o Anjo da Guarda.

SISTEMA BON-PO (BON-PA):

É um Sistema de Magia originário do Tibete. É uma seita de Magia Negra, com estreitas ligações com as Lojas da FOGC (Ordem Franco-Massônica da Centúria Dourada), sediadas em Munich, Alemanha, desde 1825, com outras 98 Lojas espalhadas por todo o mundo. Na O.T.O.A. faz-se uso de práticas mágicas Bon-Pa. Membros da seita Bon-Pa estiveram envolvidos com organizações sinistras, como a “Mão Negra”, responsável para Arquiduque Ferdinando da Áustria, o que precipitou o mundo na Primeira Guerra Mundial. Durante a era Nazista na Alemanha, membros da seita Bon-pa eram vistos frequentando a cúpula do poder. Outro nome pelo qual a seita Bon-Pa ou Bon-Po é conhecida é “A Fraternidade Negra”. Muitos chefes de Estado, artistas famosos e pessoas de destaque na sociedade, foram ou são vinculados à Bon-Pa ou à FOGC – através de “pactos” feitos com as Forças das Trevas. Vale notar que, na Alemanha Nazista, todas as Ordens Herméticas foram perseguidas e proscritas – exceto a FOGC. E, na China, após a tomada do poder por Mao Tse Tung, todas as seitas foram perseguidas e proscritas – exceto a Bon-Pa. Seriam Hitler e Mao Tse Tung membros das mesmas, assim como seus principais asseclas? Vale a pena ler a obra “FRABATO”, de autoria de Franz Bardon, e a edição do mês de Agosto de 1993 da revista “PLANETA” (Editora Três). Em ambas, muita coisa é revelada sobre a história dessas seitas – inclusive sobre suas práticas nefastas.

SISTEMA ZOS-KIA-CULTUS:

Criado por Austin Osman Spare, o redescobridor do Culto de Priapo. É a primeira manifestação organizada de Magia Pragmática. Baseia-se na fusão da Magia Sexual com a Sigilização Mágica. A obra “Practical Sigil Magic”, de Frater U.: D.: revela seus segredos. É um Sistema eficiente, mas não serve para qualquer pessoa, somente para aquelas de mente aberta e sem preconceitos. O motivo é simples: seu método de Magia Sexual é o conhecido como “Grau VIIIº”, na O.T.O., ou seja, a Auto-Magia Sexual.

SISTEMA RÚNICO (MAGIA DE RUNAS, RUNE MAGICK, RUNES):

Runas são letras-símbolos, cada qual com significados variados e distintos. Tem uso em Divinação, em Magia Pantacular e em Meditação.

Infelizmente, a Cabala das Runas perdeu-se para sempre na noite dos tempos. As Runas tem origem totalmente Teutônica. As Runas tem se tornado um dos mais importantes alfabetos mágicos, talvez devido a seu poder como elementos emissores de ondas-de-forma, talvez devido à facilidade de sua escrita.

SISTEMA ICÔNICO ou ICONOGRÁFICO (antigo Sistema Hebraísta):

Desenvolvido por JEAN-GASTON BARDET, com a colaboração de JEAN DE LA FOYE, é um sistema tecnicamente complexo, que consiste em utilizar as letras de fôrma hebráicas como fonte de emissões-de-ondas-de-forma. Hoje, com o Sistema aprimorado por António Rodrigues, utiliza-se dessas letras, além de outros símbolos ou ícones, para a detecção e criação de “estados esotéricos”, bem como para neutralizar ou alterar energias sutis diversas. É um dos mais potentes que existe, dentro da visão de emissores e detectores de ondas-de-forma. Rodrigues introduziu muitas “palavras de conteúdo mágico” nesse Sistema, muitas das quais oriundas da obra “777”, de Aleister Crowley. Se for utilizado como forma de meditação, ou conjuntamente à Cabala Simbólica (a que faz uso do hieróglifo da Árvore-da-Vida), é eficiente para a prática do “Pathworking”.

SISTEMA DO VUDÚ (VOUDOUN, VOODOO):

Apesar de ser tido como uma religião primitiva, o VUDÚ é, na realidade, um sistema de Magia, aliás bastante completo.

Nele encontramos Invocação, Evocação, Divinação, Encantamento e Iluminação. Práticas não encontradas nos outros Cultos Afro (Candomblé, Lucumí, Santeria), como por exemplo a Magia Sexual, presente no VUDÚ, embora de forma não muito aprimorada, exceto dentro do VOUDON GNÓSTICO e do HOODOO.

As possessões que ocorrem no VUDÚ (como no Candomblé, Lucumí e Santeria), são reais, fruto da Invocação Mágica dos Deuses, Deusas e demais Entidades. Não se trata de uma exteriorização de algum tipo de dupla-personalidade, nem de uma possessão por Elementares ou por Cascarões Avivados (como normalmente ocorre em religiões que fazem uso das mesmas práticas). A possessão no VUDÚ é um fenômeno completo e real. O Deus “monta” o indivíduo da mesma forma que um ser humano monta num cavalo. As Entidades “sobem” do solo para o corpo do indivíduo, penetrando inicialmente pelos seus pés, daí “subindo”, e isso é uma sensação única, que só pode ser descrita por quem já teve tal experiência. Cada LOA (Deus ou Deusa) do VUDÚ tem sua personalidade distinta, poderes específicos, regiões de autoridade, além de insígnias ou emblemas – vevés e ferramentas. Creio firmemente que uma fusão dos Cultos Afro só trará benefícios a todos os praticantes da Ciência Sagrada.

Os avanços do VUDÚ foram tantos, especialmente do VUDÚ GNÓSTICO, do VUDÚ ESOTÉRICO e do VUDÚ DO NOVO AEON, que entre suas práticas encontra-se até mesmo um Sistema Radiônico-Psicotrônico, que faz uso de Máquinas Radiônicas com as finalidades Radiônicas convencionais (Magia de saúde, de prosperidade, de sucesso, de harmonia, combate às Forças das trevas e às Forças Psíquicas Assassinas, combate aos Implantes Mágicos, etc.), além de favorecer as “viagens” mentais e astrais – as viagens no tempo! Esse Sistema foi batizado, por seus praticantes, de VUDUTRÔNICA.

O VUDÚ é, guardadas as devidas proporções, uma “Religião Thelêmica”, posto que a “verdade individual” que se busca no Sistema Thelêmico, culmina aqui com a descoberta do Deus individual, o que resulta numa “Religião Individual”, isto é, a Divindade e toda a religião de um indivíduo é totalmente distinta do que seja para qualquer outra pessoa. E isso é Thelêmico, ao menos em seu sentido mais amplo. As Entidades do Vudú são “assentadas” (fixadas) em receptáculos diversos, que vão desde vasos contendo diversos elementos orgânicos misturados (os Assentamentos), até garrafas com tampa, passando pelas Atuas – caixinhas de madeira pintadas com os Sigilos (Vévés) dos Loas, com tampa, altamente atrativas para os Espíritos. Mas as práticas utilizando elementos da Magia Natural, como ervas, banhos, defumações, comidas oferecidas às Entidades, são todas práticas adicionadas posteriormente ao VUDÚ, não parte integrante desde seu início. No Vudú se faz uso, além da Egrégora do próprio culto, das Correntes Aracdoniana, Insectoniana e Ofidiana.

SISTEMA DE MAGIA DO CAOS (CHAOS MAGIC, KAOS MAGICK, CIRCLE OF CHAOS, CÍRCULO DO CAOS, I.O.T. – Illuminates of Thanateros, Iluminados de Thanateros):

A Magia do Caos tem origem nos trabalhos de Austin Osman Spare, redescobridor do Culto de Priapo. A Magia do Caos é atualmente bastante divulgada por seu organizador Peter James Carroll, além de Adrian Savage.

Os praticantes da Magia do Caos consideram-se herdeiros mágicos de Aleister Crowley (e da O.T.O.) e de Austin Osman Spare (e da ZOS-KIA CULTUS).

Seu sistema procura englobar tudo quanto seja válido e prático em Magia, descartando tudo quanto for mais complexo que o necessário. Caracteriza-se por não ter preconceitos contra nenhuma forma de Magia, desde que funcione!

Está se tornando o mais influente Sistema de Magia entre os intelectuais da modernidade. Entre suas práticas mais importantes vale ressaltar o uso da Magia Sexual, em especial dos métodos “de mão esquerda”.

Seus graus mágicos são cinco, em ordem decrescente: 4º, 3º, 2º, 1º e 0º.

SISTEMA DE MAGIA NATURAL:

Consiste na utilização de elementos físicos, na forma de realizar atos de Magia Mumíaca (éfiges de pessoas, representando-as, tornando-se receptáculos dos atos mágicos destinados àquelas), bem como no uso de banhos energéticos, defumações, pós, ungüentos, etc., visando obter resultados mágicos pela “via do menor esforço”.

SISTEMA NECRONOMICÔNICO (DO NECRONOMICON):

Uma variação da Magia Ritual, que baseia-se na mitologia presente nos contos de horror do autor HOWARD PHILLIPS LOVECRAFT, em especial no Deus Cthulhu, e no livro mágico O Necronomicon (citado com frequência pelo autor). Atualmente, diversos grupos fazem uso deste Sistema na prática, entre eles valendo destacar a I.O.T., a O.R.M. e a Igreja de Satã. Frank G. Ripel, ocultista italiano que lidera a O.R.M., pode ser considerado o mais importante divulgador deste Sistema de Magia, além de ser o renovador do Sistema Thelêmico; mas o grupo I.O.T. tem sido o responsável pela modernização (e explicação racional) deste poderoso Sistema. Aliás, poderoso e perigoso, por isso mesmo atraente. Tão atraente que foi criada uma coleção de RPG’s versando sobre o culto de Cthulhu, o Necronomicon e outras idéias de H.P.Lovecraft.

SISTEMA LUCIFERIANO (LUCIFERIANISMO, FRATERNITAS SATURNI):

Muito parecido com o sistema de Magia da O.T.O. (Thelêmico), centralizando suas práticas na Magia Sexual (em especial nas práticas de Mão Esquerda), na Magia Ritual e na Magia Eletrônica, conta, porém, com uma distinção fundamental do sistema pregado por Aleister Crowley: enquanto na O.T.O busca-se a fusão com a Energia Criadora, através da dissolução do ego, na Fraternitas Saturni (FS) busca-se elevar o espírito humano a uma condição de Divindade, alcançando o mesmo estado que o da Divindade cultuada: LÚCIFER, a oitava superior de SATURNO, cuja região central é o DEMIURGO, e cuja oitava inferior é SATÃ, SATAN, SHATAN ou SATANÁS (e sua contra-parte feminina, SATANA). Portanto, Lúcifer e Satã são entidades distintas.

Na F.S., há 33 graus, alguns mágicos, outros administrativos.

SISTEMA HERMÉTICO (HERMETISMO, FRANZ BARDON):

Sistema amplamente explicado (na teoria e na prática) nas obras de Franz Bardon, reencarnação de Hermes Trismegistos (conforme sua auto-biografia intitulada “FRABATO, THE MAGICIAN”). O sistema Hermético prega um desenvolvimento gradativo das Energias no ser humano, partindo de simples exercícios de respiração e concentração mental, até o domínio dos elementos, daí à Evocação Mágica, e até à Cabala, aonde aprende-se o misticismo das letras e o uso mágico de palavras e sentenças, algumas das quais foram utilizadas para realizar todos os milagres descritos na Bíblia e em outros textos sagrados. Considero este o mais completo e perfeito Sistema de Magia. É o único Sistema totalmente racional e científico.

SISTEMA CABALÍSTICO (QUABBALAH, KABALAH, TANTRA, FÓRMULAS MÁGICAS):

Conforme dito acima, é a prática do misticismo das letras (isto é, do conhecimento das côres, notas musicais, elementos naturais e suas respectivas qualidades, regiões do corpo em que cada letra atua, etc.), daí das palavras e de sentenças; o uso de mais de uma letra, cabalisticamente, tem o nome de Fórmula Cabalística. E Tantra? Tantra no Oriente, Cabala no Ocidente. Há muitas escolas de Tantra, outras tantas de Cabala, mas a que mais me agrada é a de Franz Bardon. Parece-me a mais completa e precisa.

Muitas Escolas de Ocultismo, que utilizam a Cabala como parte de seus ensinamentos, o fazem utilizando a chamada Cabala Teórica, que baseia-se no hieróglifo da Árvore da Vida e suas atribuições. Poucas Escolas utilizam a Cabala Prática, como ensinada por Franz Bardon. As diferenças entre a Cabala Prática e a Teórica são muitas, mas, como principal distinção, na Cabala Teórica o enriquecimento pessoal é apenas a nível teórico, isto é, intelectual, enquanto que na Prática se aprende, se compreende, se vive a realidade do Misticismo das Letras. O mesmo conhecimento que foi utilizado para criar tudo quanto existe no Universo. É simultâneamente Dogmático e Pragmático.

MAGIA ELETRÔNICA:

É uma forma “acessória” da Magia Ritual, utilizando-se de paramentos do tipo “Bobina Tesla” ou “Gerador Van De Graff”, para gerar poderosas energias visando potencializar os rituais.

SISTEMA PSICOTRÔNICO (PSICOTRÔNICA):

É uma forma de Magia Pragmática, pois utiliza do simbolismo próprio do Mago (uma vez que será este a determinar quais os números a serem utilizados, qual o tempo de exposição ao poder do equipamento utilizado, ou ainda uma série enorme de “coisas” passíveis de emissão psicotrônica, detectadas ou determinadas por meios radiestésicos ou intuitivos), aliado à eletricidade e à eletrônica, para produzir seus efeitos. Apesar de utilizar-se de aparato muitas das vezes sofisticado, tem o mesmo tipo de ação que outras variedades de Magia Ritual, isto é, depende inteiramente (ou quase) das qualidades mágicas do operador.

SISTEMA DE EMISSÕES DE ONDAS-DEVIDAS-ÀS-FORMAS (SISTEMA DE ONDAS-DE-FORMA):

É uma forma de Magia Dogmática, posto que faz uso de paramentos e símbolos sem paralelo no sub-consciente do Mago; exceção se aplica aos gráficos que dependem de uma seleção radiestésica de seu design, como, por exemplo, no sistema Alpha-Omega (aonde se seleciona os algarismos numéricos e a quantidade de círculos em torne daqueles, para se construir o gráfico). Neste, este sistema Pragmático. Para exemplificar o uso prático, se utiliza equipamentos bidimensionais ou tridimensionais; os primeiros são os gráficos emissôres, compensadores e moduladores de Ondas-de-Forma, enquanto os outros são os aparelhos tipo pirâmides, esferas ôcas, meias-esferas, arranjos espaciais que parecem móbiles, etc. Neste Sistema, na sua parte tridimensional, é que se utiliza os pêndulos, as forquilhas e demais instrumentos radiestésicos, rabdomânticos e geo-biológicos.

SISTEMA RADIôNICO (RADIôNICA):

É a única modalidade de Magia que, apesar de totalmente encaixada no sistema de Magia Ritual, e herdeira única do sistema Psicotrônico, reúne em si, simultaneamente, as características de Dogmatismo e Pragmatismo.

Os métodos utilizados para a detecção das energias são nitidamente Pragmáticos, uma vez que fazem uso de pêndulos (radiestesia) ou das placas-de-fricção (sistemas sujeitos à Lei das Sincronicidades, de Carl Gustav Jung).

O “coração” do sistema Radiônico, porém, não é seu método de detecção (uma vez que há aparelhos sem nenhum sistema de detecção, como a Peggotty Board, ou Tábua de Cravilhas), mas seu sistema de índices.

Esses índices são em geral descobertos ou criados pelos pesquisadores do sistema em questão, e passados adiante para os outros usuários do sistema, que não são necessariamente pesquisadores.

Assim, quando se utiliza índices desenvolvidos por outras pessoas, se está operando no sistema Dogmático, apesar de que os números presentes nos índices são sempre comuns à mente de qualquer operador – mas as seqüências em que eles aparecem, que formam os índices, o fazem de forma desconhecida ao sub-consciente do operador, portanto de forma Dogmática.

Quando, porém, fazemos uso de índices que sejam fruto de nossas próprias pesquisas ou experiências, trabalhamos, então, de forma Pragmática.

Portanto, em se tratando de Radiônica, somente nossas próprias pesquisas permitem um trabalho totalmente Pragmático.

SISTEMA DO CANDOMBLÉ:

Muito parecido com o Sistema do Vudú, mas simplificado. Na verdade, o Candomblé é um culto aos Deuses e Deusas do panteão Nagô, aonde predomina a Magia Natural, com grande ênfase nos sacrifícios animais, na criação de Elementares Artificiais e em outras tantas práticas mágicas – como os banhos de ervas, o uso de pós mágicos, etc. – , além de Evocações e Invocações das Divindades cultuadas. É um Sistema de grande potencial, infelizmente tornado, ao longo dos anos, inferior ao Vudú, do ponto de vista iniciático.

SISTEMA DA UMBANDA:

Consiste na Invocação de Entidades de um panteão próprio e extremamente complexo, visando obter os favores das Entidades “incorporadas”; também existe a Evocação quando se faz “oferendas” de coisas diversas para as Entidades. É basicamente um culto de “Magia Branca”.

SISTEMA DA QUIMBANDA:

Muito parecido com o Sistema da Umbanda, somente que aquí se trabalha com Entidades demoníacas; é basicamente um culto de “Magia Negra”.

SISTEMA DA WICCA:

Um aprimoramento do Sistema de Feitiçaria, a Wicca é uma religião muito bem organizada e sistematizada, sendo que nela se aboliu a prática de sacrifícios animais, que era frequente na Feitiçaria. Há um ramo mais elitizado da Wicca, a Seax-Wicca, dos seguidores de Gerald Gardner, que busca aprimorar a Wicca, transformando-a num culto menos dogmatizado que a Wicca tradicional.

SISTEMA DE MAGIA SEXUAL:

Temos aquí uma abertura para sete sub-sistemas, quais sejam:

– SISTEMA DA O.T.O.:

Basicamente um método de Magia Sexual que busca a elevação espiritual através do sexo. Tem três graus de aptidão mágica sexual – o VIII, o IX e o XI. Pode ser considerado o Tantra ocidental. Veja “Sistema Thelêmico”.

– SISTEMA DA O.T.O.A.:

É muito parecido com o da O.T.O., porém faz uso não apenas da Magia Sexual praticada físicamente, mas também de práticas astrais desse tipo de Magia.

– SISTEMA MAATIANO:

Criado por dissidentes da O.T.O., tem uma visão mais moderna da Magia Sexual. Sua visão sobre o grau XIº é particularmente distinta.

– SISTEMA DA FRATERNITAS SATURNI (F.S.):

É derivado da O.T.O., mas abertamente Luciferiano. Veja “Sistema Luciferiano”.

– SISTEMA ANSARIÉTICO:

Criado pelos Ansariehs ou Aluítas da velha Síria, é o primeiro dos modernos métodos de Magia Sexual.

– SISTEMA DE EULIS:

Criado por Pascal Beverly Randolph, um iniciado entre os Aluítas, é um método científico de Magia Sexual ocidental, muito poderoso e perigoso. Seu criador era médico, e cometeu suicídio após muitos problemas na vida – era mulato, político liberal, libertino, residente nos Estados Unidos. No século XIX!

– SISTEMA ZOS-KIA:

Criado por Austin Osman Spare, consiste no uso mágico da “Auto- Magia Sexual” ou “Auto-Amor”. É também um Sistema muito potente e perigoso. Seu criador, talentoso artista plástico, morreu esquecido e quase na miséria. Veja em verbete próprio.

– SISTEMA PALLADIUM:

Criado por Robert North, estudioso de Franz Bardon, P.B.Randolph, Aleister Crowley, além de outros mestres do ocultismo. Tem sua doutrina, os Palladianos, no conceito do ser humano pré-adâmico, isto é, no ser humano bisexuado, para o qual o relacionamento sexual era desnecessário para a procriação. Esses seres eram os “Elohim”, “Filhos de Deus”, que criaram o “pecado” relacionando-se sexualmente uns com os outros – o que era desnecessário – , provocando a “queda” da humanidade. Com o “pecado”, veio a “punição”: Deus dividiu o sexo dos seres humanos, o que provocou a expulsão deles do “Édem”, sua “Expulsão do Paraíso”. Baseando-se nessa crença, além de buscar decifrar os ensinamentos ocultos de todos os Mestres, e interpretar o significado oculto da literatura, os Palladianos buscam trazer luz aos conceito tão mal compreendido da Magia Sexual.

E, para concluir, quem cunhou os termos “Magia Dogmática” e “Magia Pragmática”?

Eliphas Lévi introduziu o termo vinculado à Magia, com sua obra “Dogma e Ritual de Alta Magia”. Frater U.:D.:, nos seus “Secret of the German Sex Magicians” e, particularmente, no “Practical Sigil Magic”, introduziu o termo “Magia Pragmática”.

Retirado de:

http://www.mortesubita.org/

#MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/teoria-da-magia-ii-sistemas-m%C3%A1gicos

Estudos sobre Astrologia

Ainda hoje, quando falamos em astrólogos, muita gente pensa em homens sinistros de chapéus pontudos, a contemplar o céu de suas altas torres e a interpretá-lo segundo seus delírios. E, no entanto, eles já estão penetrando nos gabinetes e laboratórios da ciência, misturando-se entre químicos, biólogos, meteorologistas, médicos e financistas. . .

No século passado, Carl Gustav Jung anunciou a volta da astrologia às cátedras universitárias. Na época, isso era verdade apenas em algumas raras escolas de psicologia na Suíça, onde pioneiros corajosos, como o próprio Jung, incentivavam ou promoviam cursos semi-oficiais de astrologia, à noite, para os futuros clínicos, sob os olhos complacentes dos velhos reitores.

Hoje, a Universidade de Stanford, a Escola Técnica Superior de Zurique e mais sete universidades em todo o mundo promovem estudos regulares sobre a astrologia. Na Universidade de Paris (e a França é o pais mais conservador face a astrologia), o professor Robert Jaulin, no curso de etnologia, concede “créditos” suplementares aos alunos que frequentam aulas de astrologia, e outro etnólogo, Jacques Halbronn, fundos o Movimento Astrológico Universitario, que reúne centenas de estudantes e professores da mesma universidade, e promoveu o último Congresso de Astrologia, em Paris. Desse congresso participaram figuras do porte de um Eric Weil, professor de filosofia em Louvain e pensador de renome universal.

Em 1666, expulsa das cátedras universitárias

Para começo de conversa, quem expulsou a astrologia das cátedras universitárias não foi o avanço da ciência, como normalmente se supõe, mas uma interpretação apressada das descobertas de Copérnico. A expulsão foi decretada em 1666, por Colbert, ministro de Luís XIV, com a alegação de que a astrologia não tinha fundamento cientifico.

Na realidade, a ciência da época não tinha condições mínimas para averiguar isso realmente, e a primeira pesquisa estatística sobre o assunto foi feita só trezentos anos depois. O que Colbert supôs foi que, como os horóscopos eram desenhados geocenteicamente – isto é, com a Terra no meio, e o Sol, a Lua, os signos e os Planetas em torno – não podiam funcionar, já que Copérnico havia demonstrado que o que estava no centro era o Sol e não a Terra.

Colbert simplesmente não percebeu que o horóscopo não era propriamente geocêntrico mas antropocéntrico, isto é, que representava o universo centralizado não na Terra enquanto realidade física, mas no Homem, no indivíduo. O horóscopo não era um mapa físico do universo (embora fosse também isto), mas um mapa do seu significado, um mapa do sentido do universo, tal como este se apresentava para determinado indivíduo na hora e no local em que este nascia. Para esses fins, o centro do universo, o centro da experiência individual, continuava a ser obviamente a Terra (excetuando-se a hipótese de o consulente ter nascido em Marte ou na Estrela Vega), e o próprio Kepler, que calculou as órbitas heliocêntricas dos planetas, continuou a desenhar horóscopos geocentricamente até o fim dos seus dias.

Enquanto o mapa astronômico era inteiramente objetivo e material, o mapa astrológico era ao mesmo tempo objetivo e subjetivo, tal como as mandalas tibetanas, que representam ao mesmo tempo o círculo do universo exterior e o interior do homem. Esta sutileza escapou a Colbert. As universidades alemãs e suíças, mais sensatas, preferiram deixar abertas suas cátedras de astrologia, embora sem ocupantes, e foi esta brecha que permitiu a Jung anunciar uma volta triunfal.

Em 1945, reabilitada pelas provas estatísticas

Essa volta não seria nada triunfal, entretanto, se não se houvesse descoberto, pouco depois, provas eloqúentes de que a relação astroHomem não é uma pura fantasia.

Essa descoberta veio quando, em 1950, o pesquisador francês Michel Gauquelin resolveu tirar a limpo, pela estatística (sua especialidade acadêmica), a questão das “influências astrais”. Desde o começo do século, o grande astrólogo Paul Choisnard pedia aos estatísticos que fizessem isso. Mas era muito difícil, porque um único mapa astrológico (feito para a hora, data e local de nascimento de um indivlduo) tem mais de mil fatores a serem levados em ponta.

Por volta de 1945, outro astrólogo, Léon Lasson, conseguiu finalmente formular um bom método de aplicar a estatística à astrologia. Gauquelin aperfeiçoou esse método e o empregou numa pesquisa que abrangeu cinco mil mapas astrológicos.

A pesquisa submeteu à prova uma única doutrina astrológica, porém antiga e fundamental: a de que não só determinados planetas estão associados a determinadas profissões (Júpiter à política e ao teatro, Saturno à ciência, Marte aos esportes e artes militares, Lua à literatura), como também tais planetas exercerão uma influência mais intensa, se no instante do nascimento do indivíduo estiverem colocados em determinados pontos privilegiados do céu. Esses pontos são, segundo a doutrina, o ascendente, que é a parte mais oriental da linha do horizonte, e o meio-do-céu, que é o ponto mais alto do Zodíaco (faixa dos signos) em relação a determinado lugar da Terra.

Se a teoria estivesse certa, pensou Gauquelin, determinados planetas estariam com maior frequência no ascendente e no meio-do-céu no nascimento das pessoas cujas profissões estivessem relacionadas com esses planetas, do que no nascimento das outras pessoas. Saturno estaria com mais freqüência no ascendente e meio-do-céu dos cientistas, Marte no dos militares, Júpiter no dos políticos e atores, etc. Inversamente, seria raro um Saturno no ascendente ou meio-do-céu dos esportistas ou atores, e assim por diante. Mais ainda: seria preciso que essa freqüência ultrapassasse a média do acaso (no jargão dos estatísticos: feeqüência teórica) de maneira significativa, para se poder acreditar que o fenômeno fosse algo mais do que mera coincidência.

Do ponto de vista cientifico, a hipótese a ser testada era um absurdo completo, mas as estatisticas foram mais favoráveis ao absurdo do que ao ponto de vista científico. Com uma freqüência que só seria possível atribuir ao acaso com uma possibilidade de 1 contra 10 milhões (isso mesmo), os planetas estavam lá onde os astrólogos diziam que estariam: Júpiter no ascendente e meio-do-céu dos atores e políticos, Saturno no dos cientistas, Marte no dos esportistas e militares, Lua no dos escritores. Inversamente, a Lua não estava no ascendente nem no meio-do-céu de quem não era escritor, Marte no de quem não era militar, etc.

Embora tudo isso parecesse uma trama diabólica dos astros para confundir o bom senso dos pobres cientistas, Gauquelin, com exemplar honestidade intelectual, publicou os resultados da pesquisa, que se tornaram imediatamente motivo de escândalo e protestos gerais. O diretor do Instituto Nacional de Estatística da França, Jean Porte, convidado pelos adversários de Gauquelin a desmascarar a farsa toda, refez os cálculos e informou depois de algum tempo: lamentavelmente, os cálculos estavam certos. Ainda assim, Gauquelin refez a pesquisa, desta vez reunindo nada menos que 25.000 mapas, na França, na Bélgica, na Holanda, na Itália e na Alemanha, e chegou novamente aos mesmos resultados. Novamente Jean Porte refez as contas, e novamente elas estavam impecáveis.

Recentemente, nos Estados Unidos, a revista The Humanist publicou um abaixo-assinado de 186 cientistas contra a astrologia. Em resposta, vieram centenas de cartas a favor, e The Humanist resolveu arbitrar a questão promovendo uma pesquisa igual à de Gauquelin, com amostragem menor mas controle estatístico maior. Os resultados, pela terceira vez, foram os mesmos. (No Brasil, durante um debate na TV, o abaixo-assinado de The Humanist foi exibido como o sumo argumento antiastrológico por um psiquiatra, que obviamente não contou a continuação da história . . .)

Agora, resta saber qual e natureza do fenómeno

Todos os debates que houveram serviram para mostrar que a astrologia é um assunto infinitamente mais completo do que seus opositores jamais imaginaram.

Exemplo. Quando não pôde mais negar os resultados da pesquisa, o mais feroz adversário francês da astrologia, o astrônomo Paul Couderc, então chefe do Observatório de Paris, julgou ter descoberto um argumento fulminante ao declarar que uma correlação era uma coisa, e um mecanismo de causa e efeito, outra; que a pesquisa Gauquelin havia estabelecido uma correlação entre os astros e o Homem, mas não havia de modo algum provado que os astros causam as ações humanas, “como pretendem os astrólogos”.

Os astrólogos limitaram-se a exibir os textos clássicos da sua arte, desde a Tábua de Esmeralda de Hermes Trimegisto (milênios anterior a Cristo) e as Enéadas de Plotino (século 39) até os tratados de Paracelso (século 15), Kepler (século 16) e Robert Fludd (século 17), em que por toda parte se explica a relação entre os astros e os homens como um processo de semelhança, de analogia, de simpatia, de correlação, de sincronismo, e nunca de causa e efeito.

E completaram: nenhum astrólogo jamais disse que os astros causam as ações humanas, pela simples razão de que o principio de causa e efeito, tão importante para o cientista materialista, é, para os astrólogos, um principio menor e secundário. O princípio maior é a lei de analogia, mediante a qual o grande e o pequeno, o macrocosmo e o microcosmo, a matéria e a consciência, têm uma estrutura e uma dinâmica semelhante, já que são apenas faces diversas do mesmo fenômeno.

O pobre Couderc jamais imaginou que estivesse mexendo num vespeiro tão grande. Desde essa época, praticamente cessou a polêmica rasteira tipo pró-e-contra a astrologia, e desencadeou-se um debate teórico de alto nível sobre a natureza do fenômeno revelado pela pesquisa Gauquelin. Se não se tratava de uma relação de causa e efeito, que relação era então? Um sincronismo, como pretendia Jung? Ou, como afirmava o próprio Gauquelin, tenaz estudioso dos biorritmos, existe em cada ser vivo um “relógio cósmico” que o torna receptivo a todos os ritmos do universo ao seu redor? Qual era precisamente o sentido com que os antigos falavam em “analogia”? Não seria a analogia um instrumento mental utilizável pela ciência, para a análise de fenômenos demasiado grandes e complexos, como a dinâmica da vida social e política, os grandes sistemas ecológicos, a economia das grandes nações? Não teriam os antigos astrólogos tido, milênios atrás, a intuição de um método cientifico para a abordagem de grandes problemas? Não teriam feito, como disse Lucien Malavard, “ciências humanas avant Ia lettre”? Esse é hoje o grande debate astrológico, que envolve algumas das questões mais contundentes e vivas da cultura contemporânea e ocupa alguns dos melhores cérebros da atualidade.

Os astros na religião, na biologia, nas finanças . . .

Paralelamente, prosseguiram as pesquisas. No campo da história, foi possível obter uma vasta coleção de evidências em favor da tese da astróloga Marcelle Senard (e de todos os astrólogos tradicionalistas), segundo a qual o Zodíaco é uma espécie de chave universal de todas as religiões.

Aplicando um método estrutural a praticamente todas as religiões e mitologias do mundo, o historiador Jean-Charles Pichou descobriu que existem apenas doze mitos básicos em todos os povos e lugares, e que esses mitos se sucedem segundo uma ordem mais ou menos regular.

Essas estruturas básicas são nada menos que os doze signos do Zodíaco. O trabalho de Pichou é demasiado revolucionário e demasiado volumoso para poder ser endossado ou contestado em bloco, mas certamente permanecerá como um clássico na historiografia das religiões.

Os biólogos também descobriram algumas coisas agradáveis aos astrólogos. Primeiro, simples correlações entre ciclos planetários e o metabolismo de animais e plantas estabelecidas por Frank A. Brown, da Northwestern University, EUA (o que não tem valor astrológico direto, mas constitui indicio favorável ao tipo de interdependência postulado pelos astrólogos, e que até 40 anos atrás era considerado mera ficção). Depois, um vendaval de confirmações da antiga correlação – esta, puramente astrológica – entre a lua e a fertilidade. Um pesquisador tcheco, Eugen Jorias, médico e astrólogo, chegou a estabelecer um processo astrológico de previsão de períodos de fertilidade das mulheres pela posição da Lua no instante do seu nascimento. Uma pesquisa feita pelo governo tcheco encontrou 94 por cento de acerto no método Jonas.

Em seguida, o neurologista Leonard Ravitz, da Duke University, descobriu que mudanças marcantes de potencial elétrico emitido pelo corpo humano ocorriam segundo as fases da Lua e, mais ainda (coerente com a doutrina astrológica de que a Lua está relacionada com as doenças mentais, donde a palavra lunático), que nos pacientes psicóticos tais mudanças eram nitidamente mais agudas do que nas pessoas mentalmente sadias.

Mais recentemente o economista norte-americano L. Peter Cogan procurou averiguar em que medida os ciclos de pessimismo e otimismo dos investidores, com reflexos nítidos na bolsa de valores, coincidiam com posições planetárias. Abarcando o período de 1873 a 1966, seu estudo concluiu que tais ciclos respondiam simetricamente às posições do Sol com relação a Saturno e Urano (planetas que, segundo a astrologia, regem o capitalismo). Os ciclos de pessimismo correspondiam às relações de 180 e 90 graus (ângulos “maléficos”, segundo a tradição astrológica).

“Bem-aventurado aquele que pode ler no céu estrelado”

Ao lado disso, o médico holandês Nicholas Kollerstrom, pesquisador do Medical Research Hospital de Londres, refazendo uma experiência do filósofo Rudolf Steiner, demonstrou que certas reações químicas com tons metálicos têm seu resultado alterado quando realizadas sob determinadas conjunções planetárias. Kollerstrom observa que os planetas que tiveram o poder de alterar essas reações foram precisamente aqueles que, segundo a tradição astrológica, estão relacionados com os metais que, em solução, ele usou na experiência. Saturno, cujo metal tradicional é o chumbo, alterava as reações com sulfato de chumbo, e ficava indiferente às demais; a Lua, cujo metal é a prata, só mexia com o nitrato de prata; Vênus só alterava o sulfato de cobre, já que seu metal é o cobre; e Marte, que rege o ferro, alterava as reações de sulfato de ferro.

Paralelamente, médicos e biólogos de todo o mundo vêm estudando, até sob o patrocínio da Unesco, as relações entre os ciclos planetários e os ritmos biológicos e emocionais humanos, sob o nome de biometeorologia ou de biopsicometeorologia.

Diante da convergência de tantos caminhos em direção a um fenômeno que há algumas décadas era negado em bloco, os entusiastas da conexão entre homens e astros exultam de alegrias e esperanças. Mas o que importa não é isso, e sim estudar esse fenômeno, aprender a contempla-lo e a compreendê-lo. Épocas inteiras o ignoraram. Kant e sua época viam acima de si o céu estrelado e dentro de si a lei moral. Viam um universo dividido, onde a necessidade interior do homem, a lei moral, não tinha nenhuma relação com a realidade objetiva. Até muito recentemente foi assim.

Assim no inicio do século XX, entre os horrores da Grande Guerra, o pensador materialista Georg Lukacs dizia: “Bem-aventuradas as épocas que podem ter no céu estrelado o mapa dos caminhos que lhe estão abertos! Bem-aventuradas as épocas cujos caminhos são iluminados pela luz das estrelas! Para elas, tudo é novo, e entretanto familiar! Tudo é aventura, e tudo lhe pertence, pois o fogo que arde em suas almas é da mesma natureza das estrelas”. Ao redescobrir a pista das relações entre o cosmo e o Homem, nossa época recomeça a ver, depois de uma longa escuridão, a lei moral no céu estrelado e as estrelas no coração do Homem.

Texto de O. de Carvalho

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/estudos-sobre-astrologia

Morpheus – Dream a little dream of me

Publicado no S&H dia 7/jul/2008,

Mr. Sandman, bring me a dream
Make him the cutest that I’ve ever seen
Give him two lips like roses and clover
Then tell him that his lonesome nights are over.
Sandman, I’m so alone
Don’t have nobody to call my own
Please turn on your magic beam
Mr. Sandman, bring me a dream.

É engraçado como funciona a sincronicidade. Este final de semana, enquanto Neil Gaiman estava autografando na Feira Literária de Parati (FLIP), todo o nosso projeto de textos sobre os Psycopompos (os deuses que representam a interação do Plano Físico com o Plano Astral), após passar por Thanatos, Hecate e Hermes, chega justamente a Morpheus, personagem que foi imortalizado na forma de Sandman por este autor.
A seguir, o que o mundo dos espíritos e o mundo dos sonhos tem em comum?

Morpheus
Morpheus, ou Morfeus em português (palavra grega cujo significado é “aquele que forma, que molda”) é o deus grego dos sonhos. Morpheus possui a habilidade de assumir qualquer forma humana e aparecer nos sonhos das pessoas como se fosse a pessoa amada por aquele determinado indivíduo. Seu pai é o deus Hipnos, do sono. Os filhos de Hipnos, chamados de Oneiroi, são personificações de sonhos, sendo eles Phobetor (que os deuses chamavam de Icelus), e Phantasis (de cujo nome originou a palavra “fantasia”). Morfeu foi mencionado pela primeira vez no texto Metamorphoses de Ovídio como um deus vivendo numa cama feita de ébano numa escura caverna decorada com flores, mas também aparece na Odisséia, na Eneida e na Teogonia.
Morpheus representa a presença da alma humana nos Reinos de Hades (Yesod) durante o sono. Sua alegoria nos demonstra o conhecimento que os iniciados possuem sobre este aspecto da interação do corpo físico com o astral. A partir do conhecimento da ligação entre estes pontos, podemos explicar facilmente alguns mitos que com certeza muitos de vocês já passaram:

Sono e Sonhos
Antes de mais nada, precisamos definir alguns parâmetros e termos:
Sono é um estado em que cessam as atividades físicas motoras e sensoriais.
Sonho é a lembrança dos fatos, dos acontecimentos ocorridos durante o sono.
A ciência ortodoxa, analisando tão somente os aspectos fisiológicos das atividades oníricas, ainda não conseguiu conceituar com clareza e objetividade o sono e o sonho. Sem considerar a emancipação da alma, sem conhecer as propriedades e funções do duplo-etérico (perispírito para os Kardecistas), fica, realmente, difícil explicar a variedade das manifestações que ocorrem durante o repouso do corpo físico. Alguns psiquiatras e psicólogos já analisam os sonhos como atividades do psiquismo mais profundo.
Assim temos em Freud, o precursor dos estudos mais avançados nesta área. Ele julgava que os instintos, quando reprimidos, tendem a se manifestar e uma destas manifestações seria através dos sonhos. Isto numa linguagem simbólica representativa do desejo.
Adler introduziu em Psicologia o “instinto do poder” . Nossa personalidade gravitaria em torno da auto-afirmação, do desejo do domínio.
Jung considerou válidas as duas proposições. Descobriu que nos recessos do inconsciente, existe uma infra-estrutura feita de imagens ou símbolos que integram a mitologia de todos os povos. São os arquétipos, reminiscências de caráter genérico que remontam a fases muito primitivas da evolução.
Mas foi mesmo o irmão Allan Kardec, através da Codificação Espírita, quem realmente, analisou amplamente os sonhos em seus aspectos fisiológicos e espirituais.

Citando o livro dos Espíritos, Cap. VIII, analisando a emancipação espiritual, coloca o sono como a primeira fase deste fenômeno, que antecede ao sonambulismo e ao êxtase que seriam estados mais profundos de independência pelo desprendimento parcial do Espírito.
Por exemplo, na questão 400, do Livro dos Espíritos, ele indaga:

“O espírito permanece voluntariamente no seu envoltório corporal ?”
R : “É como se perguntasse se o prisioneiro está satisfeito sob as chaves. O Espírito encarnado aspira incessantemente à libertação e quanto mais grosseiro é o envoltório, mais ele deseja ver-se desembaraçado.”

Na questão 401 :
“Durante o sono, a alma repousa como o corpo ?”
R : “Não. O Espírito jamais está inativo. Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não mais necessitando do Espírito, ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”

Na questão 402, Kardec indaga :
“Como podemos julgar a liberdade do Espírito durante o sono ?”
R : “Pelos sonhos.”

E chegamos a um ponto muito interessante: Quantos de vocês sonham?

Divisões e tipos de sonhos
Sonhos estão divididos em três tipos básicos:
Comum, ou cerebral: São aqueles que refletem nossas vivências do dia a dia. O Espírito desligando-se, parcialmente, do corpo, absorve as ondas e imagens de sua própria mente, das que lhe são afins e do mundo exterior, já que nos movimentamos num turbilhão de energias e ondas vibrando sem cessar nas egrégoras a que somos diariamente submetidos. Nos sonhos comuns, quase não há exteriorização perispiritual. São muito freqüentes dada a condição da humanidade.
A maioria das pessoas nem chega a lembrar-se dos sonhos, acreditando que simplesmente “não sonha”. Boa parte destas pessoas passa a noite inteira com o duplo-etérico deitado ao lado do corpo imaginando estar descansando, pois seu corpo está tão cansado e sua mente tão vazia que simplesmente não consegue exteriorizar sua vontade para lugar nenhum.

Sonhos reflexivos: Nesta segunda etapa, há maior exteriorização que nos sonhos comuns. O corpo astral e mental registra acontecimentos, impressões e imagens, arquivadas no subconsciente, isto é, no cérebro do corpo fluídico, duplo-etérico ou perispírito.
Esses sonhos poderão refletir fatos remotos, imagens da atual encarnação, imagens captadas das egrégoras que estejam influenciando mais intensamente a pessoa e assim por diante. Contudo, é mais freqüente revivenciar acontecimentos de outras vidas, cujas lembranças nos tragam esclarecimentos, lições ou advertências, se orientados por mentores espirituais.

Eventualmente, é neste nível de exteriorização que ocorrem as comunicações entre os seres astrais e os seres humanos. Como o duplo-etérico flutua muito próximo ao corpo (às vezes sem deixar a mesma área onde ele se encontra), os seres astrais é que precisam se aproximar das pessoas para transmitir qualquer tipo de comunicação.
Infelizmente, dada a completa falta de preparo e treinamento da maioria das pessoas, nesta etapa os sonhos acabam sendo confusos, com pouco aproveitamento e poucas recordações.
Mas neste tipo de sonho acontece um dos fenômenos mais comuns e que com certeza boa parte dos leitores já deve ter passado pelo menos uma vez na vida: a Catalepsia Projetiva.
Falarei mais sobre isso daqui a pouco.

Exteriorização do Duplo-Etérico: Neste tipo de sonho, há mais ampla exteriorização do perispírito. Desprendendo-se do corpo e adquirindo maior liberdade, a alma terá uma atividade real no plano espiritual. Léon Denis chama a estes sonhos de etéreos ou profundos, por suas características de mais acentuada emancipação da alma.

“O Espírito se subtrai à vida física, desprende-se da matéria, percorre a superfície da Terra e a imensidade onde procura os seres amados, seus parentes, seus amigos, seus guias espirituais ( … ) Dessas práticas, conserva o Espírito impressões que raramente afetam o cérebro físico, em virtude de sua impotência vibratória.”
– Livro dos Espíritos

Neste tipo de sonho, teremos que considerar a lei de afinidade. Nossa condição espiritual, nosso grau evolutivo, irá determinar a qualidade de nossos sonhos, as companhias astrais que iremos procurar (ou que irão nos procurar) e os ambientes nos quais permaneceremos enquanto o nosso corpo repousa.
Como tudo mais no astral está ligado às emoções, quando confrontados com situações “importantes” como finais de campeonatos de futebol ou de novelas, o povo eventualmente consegue atingir este estagio mental e desprender-se do corpo para vivenciar alguma experiência extra-material. Muitos chegam a se encontrar nos estádios e sonhar com a partida de futebol.

Creio que todo mundo já sonhou em fazer uma prova ou entregar um trabalho ANTES do dia da tal prova importante realmente acontecer. Ou de chegar atrasado a esta prova ou de perder o trabalho…

Nos sonhos, as pessoas costumam freqüentar locais astrais semelhantes com a sua índole. E isso quer dizer que mesmo os mais recatados pais de família, quando acham que ninguém os está vigiando, podem freqüentar prostíbulos e bares astrais (sim, eles existem, de todos os tipos, cores, tamanhos e formas imagináveis), hotéis e moteis ou até mesmo pontos de drogas astrais (sim, eles também existem, só que neste caso, os duplos-etéricos dos vivos é que vampirizam outros vivos que estejam usando drogas, fumando, fazendo sexo ou bebendo – não existe jantar grátis, crianças).
Claro que enquanto isso, outras pessoas são chamadas para estudar, visitam bibliotecas, centros de pesquisa, lojas maçônicas astrais e templos Rosacruzes nos planos mais sutis. Muitos também colaboram em resgates quando acontecem acidentes naturais, terremotos e inundações, quando há muitos mortos e existe a necessidade de se remover o corpo astral de pessoas (e engraçado que geralmente estas pessoas são ateus e materialistas) que estejam presos no corpo e acreditam que ainda estão vivos e presos em escombros. Normalmente é um tanto complicado convencê-los que estão mortos…

Catalepsia Projetiva
Provavelmente, uma das perguntas mais feitas na história da coluna tem relação com este fenômeno de paralisia (a outra é “por que não se aceitam mulheres na Maçonaria?”).

Ocasionalmente , o projetor pode sentir uma paralisia de seus veículos de manifestação, principalmente dentro da faixa de atividade do cordão de prata. Essa paralisia é chamada de “catalepsia projetiva ou astral”. Não deve ser confundida com a catalepsia patológica, que é uma doença rara.
A catalepsia projetiva pode ocorrer tanto antes como após a projeção. Geralmente, ela acontece da seguinte maneira: a pessoa desperta durante a noite e descobre que não pode se mover. Parece que uma força invisível lhe tolhe os movimentos. Desesperada, ela tenta gritar, mas não consegue. Tenta abrir os olhos, mas também não obtém resultado. Alguns criam fantasias subconscientes imaginando que um espírito lhes dominou e tolheu seus movimentos. Geralmente, esse fenômeno dura apenas alguns instantes, mas para a pessoa parece que decorreram horas de agonia.
Por incrível que pareça, essa catalepsia é benigna e pode produzir a projeção, se a pessoa ficar calma e pensar em flutuar acima do corpo físico.
A essa altura, o leitor que alguma vez tenha sofrido essa experiência, deve estar pensando que essa técnica de saída do corpo é bastante perigosa. Entretanto, ela não apresenta nenhum risco, pelo contrário, é totalmente inofensiva. É um fenômeno que acontece com muitas pessoas, todas as noites, em todo o planeta. Se o leitor questionar as pessoas de seu círculo familiar e de amizades, constatará que muitas delas já passaram por esse tipo de experiência algum dia.
Portanto, se algum dia o leitor se encontrar nessa situação em uma noite qualquer, não tente se mover como um desesperado e nem se afobe. Fique calmo, lembre do tio Marcelo e pense firmemente em sair do corpo e flutuar acima dele. Não tenha medo nem ansiedade e a projeção se realizará.
Caso o leitor não pretenda se arriscar e deseje recuperar o controle de seu corpo físico, basta tentar, com muita calma, traçar um pentagrama com a ponta dos dedos e, imediatamente, irá readquirir o movimento. Entretanto, se a catalepsia projetiva ocorrer, não desperdice a oportunidade e procure sair do corpo.

Cientificamente falando, o cérebro de carne paralisa os músculos para prevenir possíveis lesões, já que algumas partes do corpo podem se mover durante o sonho. A explicação que é dada pela ciência ortodoxa é que se uma pessoa acorda repentinamente, o cérebro pode pensar que ela ainda está dormindo e manter a paralisia, mas não são capazes ainda de explicar as “alucinações” que acontecem muitas vezes neste período.

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Esta semana o post ficou pequeno porque estou com muita coisa para fazer no mundo profano. Voltem aqui mais vezes porque até o final da semana quero escrever um pouco mais sobre Sonambulismo e Sonhos Premonitórios (que fazem parte desta matéria) e darei um Update neste post.

#Kabbalah

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/morpheus-dream-a-little-dream-of-me

[parte 2/7] Alquimia, Individuação e Ourobóros: Psicologia Analítica

“Só o que está separado pode ser devidamente unido.”

– Alquimista desconhecido

Esta é a segunda parte da série de sete artigos “Alquimia, Individuação e Ourobóros”, que é melhor compreendida se lida na ordem. Caso queira acompanhar desde o começo, leia a introdução.

Individuação

Na escola analítica, compreende-se que a psique seja maior que a consciência em si, ou seja, a existência de todo um campo inconsciente que interfere e interage com a mente consciente. Além do inconsciente pessoal, Jung (2011) defende a existência de um inconsciente coletivo, um plano de consciência no qual ficariam armazenados toda a herança cultural da sociedade, acessível ao nível consciente, cujo encontro, através de arquétipos, acrescentam e expandem a consciência.

Arquétipos podem ser definidos como temas típicos que aparecem em toda forma de sociedade e cultura, que abriga um significado primordial de estruturas psíquicas, os quais os indivíduos experienciam em níveis pessoais. Em Os arquétipos e o Inconsciente Coletivo (JUNG, 2011), o autor define que “O arquétipo representa essencialmente um conteúdo inconsciente, o qual se modifica através de sua conscientização e percepção, assumindo matrizes que variam de acordo com a consciência individual na qual se manifesta” (JUNG, 2011).

De acordo com Jung (1998), apesar da expressão social e coletiva de imagens e energias ligadas à ideia de divino, em nível individual, é necessário que o ser humano permita-se atravessar por tais ideias, pois isso ajuda sua natureza no processo de transcendência e auto-conhecimento – processo chamado de individuação. Em “O Poder do Mito” (CAMPBELL, 1999), o autor cita Nietzsche e toda sua teoria do eterno retorno, para demostrar a existência humana como cíclica. Nesta teoria, há a defesa de que as vivências humanas se dão através da polarização complementar dos aspectos pessoais que se repetem interminavelmente ao longo da existência, demarcando também a noção de infinito, porém ligada a psique humana e não em alguma entidade fora dela.

“Podemos dizer que a personalidade humana é constituída de duas partes: a primeira é a consciência e tudo o que ela abrange; a segunda é o interior de amplidão indeterminada da psique inconsciente. A personalidade consciente é mais ou menos definível e determinável. Mas, em relação à personalidade humana, como um todo, temos de admitir a impossibilidade de uma descrição completa dela. Em toda personalidade existe inevitavelmente algo de indelineável e de indefinível, uma vez que ela apresenta um lado consciente e observável, que não contém determinados fatores, cuja existência, no entanto é forçoso admitir, se quisermos explicar a existência de certos fatos. Estes fatores desconhecidos constituem aquilo que designamos como o lado inconsciente da personalidade” (JUNG, 1989, 47).

Realizar a síntese destes opostos no Si-mesmo é a meta do processo de individuação. Isso ocorre com a discriminação e a consequente integração de conteúdos inicialmente inconscientes e que fazem parte de um processo de transição da consciência comum (vigília) para um estado psíquico mais amplo, na busca do homem consciente, o homem total.

Evidentemente, esta é uma experiência incomum e vivida por poucas pessoas geralmente não antes da segunda metade da vida. A Individuação é um processo que ocorre durante toda a vida, mas, às vezes, há uma intensificação antes da maturidade da idade adulta e, quando isso acontece, há uma mudança na forma da pessoa encarar sua vida, fazendo-a manifestar, às vezes, alguns “comportamentos místicos”, num sentimento de comunhão e harmonia com a vida.

É de suma importância que as pessoas consigam refletir e entrar em contato com tais aspectos de suas personalidades, uma vez que, compreendendo-as, é possível integrá-las, tendo como consequência uma existência mais saudável e prazerosa, transcendendo a patologia e permitindo que suas verdadeiras essências venham à tona e se transformem.

Os Arquétipos Complementares

Jung descreve alguns arquétipos, universais e necessários para a compreensão da vida psíquica do homem. Alguns básicos discutidos pelo autor são os arquétipos da anima, animus, persona e sombra. A integração destes são de suma importância para o processo de individuação.

Ele consegue perceber a natureza polarizada na psique humana, e admite no homem uma natureza feminina, dando ao nome de anima, e seu complementar, a natureza masculina na mulher, de animus. “[…] Desde tempos imemoriais, o homem nos mitos, sempre exprimiu a ideia da coexistência do masculino e do feminino num só corpo” (JUNG, 1989, 38).

“O homem é composto biológica, e psicologicamente, de aspectos masculinos e femininos, para se desenvolver plenamente deve passar por fases: infância, adolescência, idade madura e velhice. Neste processo precisa integrar partes essenciais de sua personalidade como seu lado guerreiro, seu lado sensível, seu lado legislador e líder. A este processo de ir à busca da totalidade, Jung denominou individuação, e implica num grau de diferenciação de seus aspectos masculinos e femininos” (ULSON, 1997, 76).

A ideia andrógina de Deus faz com que, na busca pelo divino (individuação), a psique humana precise vivenciar, mesmo que em planos oníricos, personalidades complementares, cujas orientações muitas vezes sejam contrárias àquelas conscientes, trazendo ao sonhador, novos e diferentes pontos de vista que facilitam uma compreensão mais panorâmica de si mesmo.

Anima e animus seriam então os aspectos complementares de gênero na psique, personalidades inferiores que habitam a mente e são necessários para a dialética das polaridades consciente e inconsciente.

Persona pode ser definido como o arquétipo social. Aquele que abrange o tato das relações interpessoais e coletivas, e relação com o outro. É um conjunto de normas e condutas culturais que o indivíduo assimila e constrói uma identidade complementar.

“A partir de Jung, o conceito de ‘persona’ significa mais precisamente o eu social resultante dos esforços de adaptação realizados para observar as normas social, morais e educacionais de seu meio. A persona lança fora de seu campo de consciência todos os elementos – emoções, traços de caráter, talentos, atitudes – julgados inaceitáveis para as pessoas significativas do seu meio. Esse mecanismo produz no inconsciente uma contrapartida de si mesmo que Jung chamou de ‘sombra”. (OCANÃ, 2008, 04)

A sombra pode ser caracteriazada como o arquétipo da negação. Na sombra é personificado tudo aquilo que se tem resistência ou dificuldade para assimilar como próprio. A sombra é o amargurado ou reprimido que clama por expressão. Não só se opõe a persona, no constructo social, mas também em nível individual do sujeito e seus instintos e potenciais negligenciados pela sociedade.

“Diversas pessoas que trilham o caminho do aperfeiçoamento individual acreditam que completaram o processo, mas são incapazes de enxergar a verdade sobre si mesmas. Muitos de nós almejam ver a luz e viver na beleza do seu eu mais elevado, mas tentamos fazer isso sem integrar nosso ser. Não podemos ter a experiência completa da luz sem conhecer a escuridão. O lado sombrio é o porteiro que abre as portas para a verdadeira liberdade. Todos devem estar atentos para explorar e expor continuamente esse aspecto do ser. Quer você goste ou não, sendo humano, você tem uma sombra.” (FORD, 1998, 23).

A integração desses aspectos psicológicos inicialmente opostos seria, portanto a chave da chamada individuação. Através destes, seria possível atingir um estado psicológico centrado, no qual o maniqueísmo neurótico não mais afetaria negativamente a vida dos indivíduos.

“É de suma importancia que um indivíduo se relacione com esses aspectos nebulosos de sua psique e possa, no encontro com esses arquétipos, canalizar sua energia psíquica a fim de construir uma identidade plena, consciente de si-mesmo. Essa construção de identidade é um processo chamado por Jung (1986) de individuação. É um fenômeno que ocorre em todo o decorrer da vida, quando um sujeito ascende a níveis menos infantis de funcionamento em busca da integração de sua personalidade. A matriz dessa personalidade individual provém do conceito junguiano de self ou si-mesmo que pode ser definido como o arquétipo da totalidade e centro regulador da psique, oculto por trás da personalidade total e encarregado de levar à prática o projeto de vida e de guiar o processo de individuação. Por isso, Jung dizia que sua vivência poderia sentir-se psicologicamente como o “Deus dentro de nós” (SHARP apud JUNG, 1994,181).

O processo de individuação tem como finalidade paradoxal aproximar o homem da ideia de divino através da aproximação do homem com sua própria natureza.

A individuação, portanto, diz respeito ao processo cíclico de integração dos opostos psíquicos para transcender e atingir um contato mais significativo com suas essências e se aproximar do arquétipo divino, o Si-mesmo (Self), e está intimamente ligada com os processos e etapas alquímicas.

“A serenidade no velho e o estar consciente dos problemas à sua volta é a melhor maneira de se aferir seu processo de amadurecimento se completou. A total entrega e submissão aos designíos da natureza, do Self, ou de Deus, é objetivo e fim de todos aqueles que conseguem harmonizar os pares de opostos internos. É o coniunctio oppostorium dos alquimistas, ou a pedra filosofal, o lápís, ou tantos outros nomes que eles criaram para expressar o estado de totalidade e plenitude que apenas os sábios, santos e heróis conseguem atingir de uma forma mais intensa e duradoura” (ULSON, 1997, 79).

A alquimia, como veremos posteriormente, é um antigo método para a obtenção desse re-ligare com o Self e permitir o amadurecimento da psique através de metáforas que permitam a integração de opostos complementares.

Referências Bibliográficas:

BOECHAT, Walter. O Masculino em Questão. Petrópolis. Ed. Vozes. 1997.

CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo. Ed. Palas Athena, 1990.

FORD, Debbie. O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz. Disponível em: http://dharmalog.com/2013/02/19/7-trechos-de-o-lado-sombrio-dos-buscadores-da-luz-de-debbie-ford-1955-2013-sobre-a-aceitacao-plena-de-nos-mesmos/. 14/05/2013

JUNG, C.G Psicologia e Religião Oriental. Petrópolis: Vozes. 1989.

JUNG, Carl Gustav. A Vida Simbólica. Obras Completas. Vol. XVIII/I. Petrópolis. Ed. Vozes. 2 Edição 1998.

JUNG, Carl Gustav. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Obras Completas. Vol. IX/I. Petrópolis. Ed. Vozes. 2011.

OCAÑA, Emma Martinez. A sabedoria de integrar a sombra. Disponível em: http://www.fundacao-betania.org/biblioteca/cadernos/pdf/Caderno_13_A_Sabedoria_de_Integrar_a_Sombra_Emma_Ocana.pdf. 14/05/2014

SHARP, Daryl. Léxico Junguiano. São Paulo: Cultrix, 1997.

Imagens:

Gravura de Camille Flammarion, da obra “L’atmosphère, météorologie populaire” de 1888

Aquarela do manuscrito “Aurora Consurgens” de autor desconhecido, representando a dialética entre as polaridades masculina (sol) e feminina (lua)

“Union” arte de Android Jones

“DreamCatcher” arte de Android Jones

Ricardo Assarice é Psicólogo, Reikiano e Escritor. Para mais artigos, informações e eventos sobre psicologia e espiritualidade acesse www.antharez.com.br

#Alquimia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/parte-2-7-alquimia-individua%C3%A7%C3%A3o-e-ourob%C3%B3ros-psicologia-anal%C3%ADtica