John Dee e o despontar de “Christian Rosencreutz”

FRANCES A. YATES

excerto do livro O Iluminismo Rosa-Cruz

A palavra “rosa-cruciano” é derivada do nome “Christian Rosencreutz” ou “Rosa-Cruz”. Os chamados “manifestos rosa-crucianos” são dois pequenos panfletos ou folhetos, publicados primeiramente em Cassel, nos anos de 1614 e 1615, cujos títulos extensos podem ser abreviados para Fama e Conjessio. O herói desses manifestos é um certo “Padre C.R.C.” ou “Christian Rosencreutz”, que consta como tendo sido o fundador de uma Ordem ou Irmandade, atualmente restaurada, e para a qual os manifestos convidam a ingressar. Eles provocaram um imenso alvoroço, e uma terceira publicação em 1616 aumentou o mistério. Tratava-se de um singular romance alquímico, cujo título em alemão traduzido para o inglês é The Chemical Wedding of Cbristian Rosencreutz. O herói dessa obra também parece estar associado a alguma Ordem que usa como símbolos uma cruz vermelha e rosas dessa mesma cor.

O autor de The Chemical Wedding foi certamente Johann Valentin Andreae. Os manifestos estão indubitavelmente relacionados com esse livro, embora provavelmente não tenham sido da autoria de Andreae, mas de alguma outra pessoa ou pessoas desconhecidas.

Quem era esse “Christian Rosa-Cruz” que aparece inicialmente nessas publicações? Infinitas são as mistificações e lendas tecidas em redor desse personagem e de sua Ordem. Vamos tentar cortar caminho através’ dele, por uma trilha completamente nova. Mas, permitam-nos começar este capítulo com esta pergunta mais fácil: “Quem foi Johann Valentin Andreae?”

Johann Valentin Andreae, nasceu em 1586, original de Württemberg, o Estado Luterano que se ligou intimamente ao Palatinado. Seu avô foi um  eminente teólogo luterano, algumas vezes chamado “o Lutero de Wurttemberg . O Intenso Interesse pela situação religiosa contemporânea foi a principal inspiração de seu neto johann Valentin, que também tornou-se um pastor luterano, porém com um interesse liberal pelo Calvinismo. Apesar dos infindáveis malogros, Johann Valentin foi encorajado durante toda sua vida, pelas esperanças de alguma solução a longo prazo, relativa ao desenlace religioso. Todas as suas atividades – seja como pastor luterano devoto com interesses socialistas, seja como propagador das fantasias “rosa-crucianas” – estavam orientadas para tais esperanças. Andreae era um escritor de futuro, cuja imaginação foi influenciada pelos atores itinerantes ingleses. No que concerne ao início de sua vida e às influências por ele sofridas, temos informações autênticas em sua autobiografia.

Por ela ficamos sabendo que em 1601, com a idade de 15 anos, sua mãe viúva levou-o para Tübingen, para que continuasse seus estudos naquela famosa universidade de Württemberg. Enquanto estudante em Tübingen – assim nos conta ele – desenvolveu seus primeiros trabalhos juvenis como autor, aproximadamente durante os anos de 1602 e 1603. Esses trabalhos incluíram duas comédias sobre os temas de “Esther” e “Jacinta” – que ele afirma ter escrito “por rivalidade com os atores ingleses” – e um trabalho chamado Chemical Wedding) o qual define depreciativamente como um ludibrium ou uma ficção, ou ainda uma pilhéria de pouco mérito.

A julgar pelo Chemical Wedding, de Andreae, que ainda existe, a publicação de 1616, tendo Christian Rosencreutz como herói – versão prematura do assunto – teria sido um trabalho de simbolismo alquímico, empregando o tema do casamento como um símbolo dos processos da alquimia. Não pode ter sido igual ao Chemical Wedding de 1616, que contém referências aos manifestos rosa-crucianos de 1614 e 1615, ‘ao Eleitor Palatino e sua corte em Heidelberg, e ao seu casamento com a filha de Jaime 1. A primeira versão do Chemical Wedding) que não é conservada, deve ter sido atualizada para a publicação de 1616. Não obstante, a versão inicial perdida deve ter proporcionado a parte essencial desse trabalho.

Podemos fazer uma boa conjetura sobre quais foram as influências e acontecimentos em Tübingen, que inspiraram esses primeiros trabalhos de Andreae.

O Duque de Württemberg então reinante, era Frederico I, alquimista, ocultista e anglófilo entusiasta, cuja paixão predominante fora estabelecer uma aliança com a Rainha Elisabete e obter a Ordem da Jarreteira. Visitara várias vezes a Inglaterra com esses desígnios e parece ter sido uma figura conspícua. A Rainha chamava-o “primo Mumpellgart” , que era seu nome de família, e muitas discussões foram travadas em torno do problema para saber se as referências crípticas em Merry Wives o/ Windsor , de Shakespeare, aos “velhacos (garmombles)”, e aos cavalos alugados no “Garter Inn” (Estalagem da Jarreteira) pelos servidores do duque alemão, poderiam ter alguma relação com Frederico de Württemberg . A Rainha autorizou a sua eleição para a Ordem da Jarreteira em 1597 , mas a verdadeira cerimônia de sua investidura não teve lugar senão em novembro de 1603, quando lhe foi conferida a Jarreteira em sua própria capital, a cidade de Stuttgart, por uma embaixada especial de Jaime L

Por conseguinte, mediante esse ato logo no primeiro ano de seu reinado, Jaime fez um gesto para continuar a aliança elisabetana com os poderes protestantes alemães, embora após alguns anos devesse rejeitar as esperanças assim originadas . Mas no ano de 1603, em Württemberg, o reinado de um novo soberano da Inglaterra parecia abrir-se mais auspiciosamente para as esperanças alemãs, e verificou-se uma efusão de entusiasmo à volta da embaixada que viera conceder a jarreteira ao Duque, e dos atores ingleses que a tinham acompanhado.

A cerimônia da Jarreteira em Stuttgart e as festividades a ela associadas são descritas por E . CeIlius numa narrativa em latim, publicada em Stuttgart em 1605, parte da qual é citada numa tradução inglesa por Elias Ashmole em sua história da Ordem da Jarreteira

As procissões nas quais tomaram parte solene os oficiais da Jar· reteira Inglesa, carregando a insígnia da Ordem, com os dignitários alemães, causaram uma esplêndida impressão. A aparência do Duque era a mais suntuosa, estando coberto de jóias que lançavam de um lado para outro “uma mistura radiante de diversas cores”. Um dos oficiais da Jarreteira Inglesa era Robert Spenser, que segundo afirmou Cellius era parente do poeta. 8 A parte interessante desse comentário é a que ouviram de Spenser, e talvez de seu Faerie Queene, em Stuttgart

Assim, suntuosamente vestido, o Duque entrou na igreja, na qual ao som de uma música solene, foi investido na Ordem. Após um sermão, a música recomeçou, consistindo nas “Vozes de dois Adolescentes, vestidos de branco com asas iguais às dos Anjos, e postados frente a frente”

Quando os convidados voltaram ao ball, participaram do Banquete da Jarreteira, que se prolongou até as primeiras horas do dia seguinte. Cellius tem alguns detalhes sobre o banquete que não estão citados por Ashmole, incluindo referências à parte do entretenimento proporcionado por “músicos, comediantes, artistas trágicos e outros atores ingleses talentosos”. Os músicos ingleses deram um concerto em conjunto com seus colegas de Württemberg, e os atores da Inglaterra aumentaram a hilaridade do banquete apresentando dramas. Um deles foi a ‘História de Susana’, “que representaram com tal arte e desempenho histriônico e tal engenhosidade, que foram profusamente aplaudidos e recompensados”.

Nos últimos dias, os ingleses foram convidados a visitar alguns dos principais lugares do Ducado, incluindo a Universidade de Tübingen, “na qual se distraíram assistindo comédias, música e outros passatempos”

Certamente a visita da embaixada da Jarreteira e os atores, que dela participavam, devem ter representado um acontecimento incrivelmente estimulante e emocionante para o jovem e imaginativo estudante de Tübingen, Johann VaIentin Andreae. O seu Chemical Wedding, de 1616, está repleto de impressões brilhantes relativas ao suntuoso cerimonial e às festas de alguma Ordem ou Ordens, contendo comentários sobre as representações dramáticas. Ele se torna mais compreensível enquanto uma obra artística, quando observado como o resultado das primeiras influências em Andreae, tanto do drama como do cerimonial, associando-se para inspirar um trabalho de arte novo, original e imaginativo.

Em 1604 , um ano após a cerimônia da Jarreteira, um trabalho muito singular foi dedicado ao Duque de Württemberg. Tratava-se de Naometria, por Simon Studion, um manuscrito inédito constante da “Landesbibliothek” , em Stuttgart. 11 É um trabalho apecalíptico-profético de grande extensão, usando de uma numerologia complexa sobre as descrições bíblicas das medidas do Templo de Salomão, e argumentos complicados relativos a datas expressivas na história bíblica e européia, preparando o caminho para as profecias sobre datas de acontecimentos futuros. O escritor interessa-se particularmente pelas datas relacionadas à vida de Henrique de Navarra, e o trabalho todo parece refletir uma aliança secreta entre Henrique, no momento Rei da França, Jaime I da Grã-Bretanha e Frederico, Duque de Württemberg. Esta suposta aliança (da qual não encontrei provas em nenhum lugar) está descrita muito pormenorizadamente, e o manuscrito até contém várias páginas de músicas que devem ser cantadas em versos, sobre a eterna amizade da Flor-de-lis (o Rei da França), o Leão (Jaime da Grã-Bretanha) e da Ninfa (o Duque de Württemberg) .

De acordo com a evidência apresentada por Simon Studion poderia parecer, portanto, que em 1604 existia uma aliança secreta entre Jaime, Württemberg, e o Rei da França, talvez uma continuação do rapprocbement com Jaime através da cerimônia da Jarreteira no ano anterior. Encontramo-nos ainda na parte inicial ,do reinado de Jaime, durante o qual ele ainda estava persistindo nas alianças do reino precedente e trabalhando de acordo com Henrique de Navarra, na época rei da França.

A Naometria é um curioso espécime daquela obstinação por profecias, baseado na cronologia, que era uma obsessão característica cUt época. Entretanto, essa obra contém um relato interessante e aparentemente real sobre algo que, segundo dizem, ocorreu em 1586. De acordo com o autor da Naometria, houve uma reunião em Luneburg no dia 17 de julho de 1586, entre “alguns Príncipes e Eleitores evangélicos”, e representantes do Rei de Navarra, o Rei da Dinamarca e a Rainha da Inglaterra. Consta que o objetivo dessa reunião foi formar uma “Liga Evangélica” de defesa contra a “Liga Católica” (que estava progredindo na França, a fim de evitar a ascensão de Henrique de Navarra ao trono da França). Essa Liga foi chamada “Confederatio Militiae Evangelicae”

Ora, de acordo com alguns primitivos estudantes do mistério rosa-cruciano, a Naometria de Simon Studion e a “Milícia Evangélica”, aí descrita, representam uma origem básica para o movimento rosacrucíano. A. E. Waite, que examinara o manuscrito, acreditara que o desenho de uma rosa toscamente delineado com uma cruz no centro, contido na Naometria, é o primeiro exemplo do simbolismo rosa-cruciano da rosa e da cruz. Não posso afirmar que esteja totalmente convencida da importância dessa pseudo-rosa, mas a idéia de que o movimento rosa-crucíano foi implantado à maneira de aliança dos simpatizantes protestantes, formada para anular a Liga Católica, poderia harmonizar-se bem com as interpretações a serem desenvolvidas neste livro. A data de 1586 para a formação dessa “Milícia Evangélica” far-nos-ia retroceder ao reinado da Rainha Elisabete, ao ano de intervenção de Leicester junto aos neerlandeses, ao ano da morte de Philip Sidney, à idéia da formação de uma Liga Protestante, que era tão cara a Sidney e a John Casimir do Palatinado.

Os problemas suscitados por Simon Studion, em sua Naometria, são demasiadamente complexos para aqui serem introduzidos com detalhes, mas eu estaria inclinada a concordar em que esse manuscrito de Stuttgart é certamente de importância para os estudantes do mistério rosa-cruciano. O que nos incentiva quanto a essa opinião, é o fato de que Johann Valentin Andreae, evidentemente conhecia a Naomeiria, pois a menciona em sua obra Turris Babel, publicada em 1619. Nela está interessado não em quaisquer datas anteriores mencionadas na Naometria, mas sim em suas datas para os futuros acontecimentos, suas profecias. Simon Studion mostra-se muito enfático em insistir que o ano de 1620 (lembrem-se de que ele está escrevendo em 1604) será grandemente significativo, pois ele verá o fim do reinado do Anticristo na derrocada do Papa e de Maomé. Este colapso prosseguirá nos anos subseqüentes e aproximadamente em 1623 começará o milênio. Andreae mostra-se muito obscuro no que diz a respeito das profecias da Naometria, que ele associa com as .do Abade Joaquim, S. Brígida, Lichtenberg, Paracelso, Postel e outros illuminati. Contudo, é possível que as profecias desse tipo possam realmente ter influenciado nos acontecimentos históricos, bem como ajudado o Eleitor Palatino a tomar aquela decisão precipitada de aceitar a coroa da Boêmia, ao acreditar que o milênio estava próximo.

Os movimentos obscuros, vislumbrados através do estudo do Duque de Württemberg e da Jarreteira, e os mistérios da Naometria pertencem aos primeiros anos do século, quando a União Protestante estava sendo formada na Alemanha, e os defensores dos Reis da França e da Inglaterra neles depositavam sua confiança. Naqueles anos mais distantes, Jaime I pareceu simpático a esses movimentos. O assassinato do Rei da França em 1610, às vésperas de fazerem uma intervenção importante na Alemanha, destroçou as esperanças dos ativistas durante algum tempo, e alterou o equilíbrio dos negócios europeus. Todavia, Jaime parecia continuar ainda a política antiga. Em 1612, ingressou para a União dos Príncipes Protestantes, cujo chefe no momento era o jovem Eleitor Palatino; no mesmo ano autorizou o noivado de sua filha Elisabete com Frederico, e em 1613 foi realizado o famoso casamento, com a promessa evidente de apoio pela Grã-Bretanha ao chefe da União Protestante Alemã, o Eleitor Palatino

Na época em que essa aliança estava em seu apogeu, antes que Jaime I tivesse iniciado sua tomada de posição, objetivando retirar seu apoio, o enérgico Christian de Anhalt começou a trabalhar com o fito de fortalecer o Eleitor Palatino, como sendo o chefe ideal das forças anti-habsburgas na Europa. Os líderes mais antigos depositários das esperanças tinham desaparecido; Henrique de França fora assassinado; Henrique, Príncipe de Gales, morrera. A escolha caiu sobre o jovem Eleitor Palatino.

Anhalt, por via de regra, foi considerado responsável pela malograda aventura de Frederico da Boêmia, e foi contra ele que a propaganda virou-se após seu desastroso fracasso. Possuía muitos contatos na Boêmia; e, segundo poderia parecer, talvez tivesse sido através de seus esforços persuasivos que os rebeldes da Boêmia foram influenciados para oferecerem a coroa a Frederico. A figura de Anhalt representava uma influência importante e dominadora durante os anos em que a aventura do povo da Boêmia estava evoluindo para seu clímax, e portanto é indispensável levar em consideração a natureza dos interesses desse homem, e a natureza de suas ligações na Boêmia.

Teologicamente falando, Christian de Anhalt era um calvinista entusiasta, mas como muitos outros príncipes protestantes alemães da época viu-se profundamente envolvido nos movimentos paracelsistas e místicos. Ele era o patrono de Oswald Croll, cabalista, paracelsista e alquimista, e suas relações na Boêmia eram de caráter semelhante. Era amigo íntimo de Peter Wok de Rosenberg ou Roãmberk, um opulento nobre da Boêmia com imensas propriedades nas imediações de Trebona ao sul daquele país, um liberal da antiga escola rodolfiana, e um patrono da alquimia e do ocultismo.

Os contatos de Anhalt com pessoas da Boêmia eram de um gênero que poderiam levá-lo a ingressar na esfera de uma extraordinária corrente de influências oriundas da Inglaterra, e que tinham surgido com a visita à Boêmia de John Dee e de seu companheiro Edward Kelley. Como é sabido, Dee e Kel1ey encontravam-se em Praga em 1583, quando o primeiro tentou despertar o interesse do Imperador Rodolfo II para seu misticismo imperialista de grande alcance e seu vasto círculo de estudos. A natureza do trabalho de Dee, atualmente, é melhor conhecida através do recente livro da autoria de Peter French. Dee, cuja influência na Inglaterra fora tão intensamente importante, e que tinha sido o professor de Philip Sidney e seus amigos, tivera a oportunidade de formar um grupo de adeptos na Boêmia, embora, por enquanto, tenhamos poucos meios para estudar o assunto. O centro principal das influências de Dee, na Boêmia, teria sido Trebona, na qual ele e KelIey haviam estabelecido sua sede após a primeira visita a Praga . Dee residiu em Trebona como hóspede de Villem Roãmberk, até 1589, quando regressou à Inglaterra. Villem Rozrnberk era o irmão mais velho de Peter, que foi amigo de Anhalt e que herdara as propriedades em Trebona após a morte de seu irmão.  Dada a tendência da mente de Anhalt e a natureza de seus interesses, é evidente que teria sido atingido pelas influências de Dee. De mais a mais, é provável que as idéias e perspectivas emanadas originalmente de Dee – o filósofo inglês e elisabetano – tenham sido empregadas por Anhalt ao fortalecer a imagem do Eleitor Palatino na Boêmia, como uma pessoa que dispunha de recursos maravilhosos, devido à influência inglesa em sua retaguarda.

A ascendência de Dee estivera difundindo-se, muito anteriormente, da Boêmia para a Alemanha. Segundo os comentários sobre Dee, feitos por Elias Ashmole em seu Theatrum Chemicum Britannicum (1652). a viagem de Dee pela Alemanha em 1589, ao regressar da Boêmia para a Inglaterra, foi um tanto sensacional. Ele passou perto daqueles territórios que, vinte e cinco anos mais tarde, deveriam ser o cenário da explosão do movimento rosa-cruciano. O Landgrave de Hesse apresentou seus cumprimentos a Dee, que por sua vez “presenteou-o com doze cavalos húngaros que comprara em Praga para sua viagem”. 26 Por ocasião dessa etapa em sua viagem para a Inglaterra, Dee também entrou em contato com seu discípulo Edward Dyer (um dos amigos mais íntimos de Philip Sidney) que estava seguindo para a Dinamarca como embaixador, e que “no ano anterior estivera em Trebona e levara cartas do Doutor (Dee ) para a Rainha Elisabete”. 21 Dee deve ter causado uma forte impressão nessas duas pessoas acima meneio- ‘nadas, como sendo um homem muitíssimo erudito e alguém representando o centro de grandes negócios.

Ashmole afirma isso em 27 de junho de 1589 quando, em Bremen, Dee recebeu a visita do “famoso filósofo hermético ou alquímico, Dr. Henricus Khunrath, de Hamburgo”. 22 A influência de Dee é um fato evidente na extraordinária obra de Khunrath (co Anfiteatro da Sabedoria Eterna, publicada em Hanover, em 1609. 23 “Monas” – o símbolo de Dee, um emblema complexo por ele explicado em seu livro Monas Hieroglyphica (publicado em 1564 com uma dedicatória ao Imperador Maximiliano II), tão significativo pela sua forma peculiar da filosofia alquímica – pode ser observada numa das ilustrações do “Amphiteatre”, e tanto a Monas de sua autoria, quanto seus Aphorisms estão mencionados no texto de Khunrath. O “Anfiteatro” forma um elo entre a filosofia influenciada pôr Dee e a filosofia dos manifestos rosa-crucianos. Na obra de Khunrath deparamo-nos com a fraseologia característica dos manifestos, a ênfase permanente sobre o macrocosmo e o microcosmo, a insistência sobre a Magia, a Cabala e a Alquimia, como que combinando-se para criar uma filosofia religiosa que promete um novo alvorecer para a humanidade.

As gravuras simbólicas no “O Anfiteatro da Sabedoria Eterna” são dignas de um estudo, como uma introdução visual à linguagem figurada e à filosofia que encontraremos nos manifestos rosa-crucianos. Exceto no título, a palavra “Anfiteatro” não aparece nesse trabalho, e podemos apenas supor que Khunrath com esse título deve ter tido em mente algum pensamento de um sistema oculto de memória, através do qual ele estava apresentando suas idéias visualmente. Uma das gravuras mostra uma grande caverna com inscrições nas paredes, através das quais os adeptos de alguma experiência espiritual estão se dirigindo para uma luz. Isso também pode ter sugerido uma linguagem figurada na Fama rosa-cruciana. E a gravura de um alquimista religioso é sugestiva tanto do ponto de vista de John Dee como dos manifestos rosa-crucianos. À esquerda, um homem numa atitude de profunda adoração está ajoelhado na frente de um altar, no qual constam símbolos cabalísticos e geométricos. À direita, vê-se um grande forno com todo o aparelhamento para o trabalho de um alquimista. No centro, instrumentos musicais estão empilhados sobre uma mesa. E a composição no conjunto está num ball, desenhada com toda a perícia de um perspectivista moderno, demonstrando o conhecimento daquelas artes matemáticas, que se harmonizavam com a arquitetura da Renascença. Essa gravura é uma demonstração visual do tipo de concepções que john Dee sintetizou em sua Monas hieroglyphica, uma combinação de disciplinas cabalística, alquímica e matemática, por meio das quais o adepto acreditava que poderia alcançar um profundo discernimento da natureza e a visão de um mundo divino para além da natureza.

Ela também poderia servir como manifestação visual dos temas principais dos manifestos rosa-crucianos, Magia, Cabala e Alquimia, unidos numa concepção profundamente religiosa, que abrangia um enfoque religioso de todas as ciências dos números.

Portanto, deveríamos procurar uma influência de John Dee nos manifestos rosa-crucianos? Sim, deveríamos, e sua influência deve ser neles encontrada sem sombra de dúvida. Farei agora uma breve exposição relativa às descobertas que serão desenvolvidas mais detalhadamente nos capítulos subseqüentes.

O segundo manifesto rosa-cruciano, a Confessio de 1615, foi publicado com um opúsculo em latim, chamado “Uma Breve Consideração da Mais Secreta Filosofia”.  Esta “Breve Consideração” é baseada na Monas hieroglypbica, de John Dee, e grande parte dela consta, palavra por palavra, de citações da Monas. Essa dissertação está associada indissoluvelmente ao manifesto rosa-cruciano que o sucedeu, a Conjessio. E a Conjessio está indissoluvelmente vinculada ao primeiro manifesto, a Fama, de 1614, cujos tópicos nela se repetem. Assim, a “mais secreta filosofia” por trás dos manifestos era a filosofia de John Dee, conforme sintetizada em sua Monas hieroglyphica.

Além disso, a obra Cbemical Wedding, de 1616, da autoria de johann Valentin Andreae – na qual ele ofereceu a manifestação alegórica e romântica dos assuntos dos manifestos – tem, na página do título, a “monas”, o símbolo de Dee, que é repetido no texto ao lado do poema com o qual inicia a alegoria.

Conseqüentemente, não pode haver dúvidas de que deveríamos considerar o movimento ‘oculto sob as três publicações rosa-crucianas, como sendo definitivamente proveniente de John Dee. Sua influência poderia ter entrado na Alemanha vinda da Inglaterra com os amigos ingleses do Eleitor Palatino, e poderia ter-se expandido da Boêmia. onde Dee propagara a sua missão inspiradora nos anos anteriores.

Por que deveriam essas influências ter sido anunciadas desse modo estranho, através de sua difusão nas publicações rosa-crucianas? Como uma tentativa para responder a essa pergunta – sobre a qual os capítulos subseqüentes fornecerão mais evidência – deve ser lembrado que as publicações rosa-crucianas pertencem aos movimentos em torno do Eleitor Palatino, movimentos esses que o estavam fortalecendo para a aventura da Boêmia. O principal espírito estimulante, por trás desses movimentos, foi Christian de Anhalt, cujas ligações na Boêmia pertenciam diretamente aos oráculos nos quais a influência Dee teria sido exercida e fomentada.

A sugestão estranhamente excitante é que o movimento rosa-cruciano, na Alemanha, representou o resultado retardado da missão de Dee na Boêmia vinte anos antes, cujas influências vieram a ser associadas com o Eleitor Palatino. Sendo Cavaleiro da Jarreteira, Frederico herdara o culto da cavalaria inglesa inerente ao movimento, e como chefe da União Protestante ele representava as alianças que Anhalt estava tentando fortalecer na Alemanha. Do ponto de vista político-religioso, o Eleitor Palatino atingira uma situação preparada nos anos anteriores, e surgira como o líder político-religioso destinado a resolver os problemas do século. Durante os anos de 1614 a 1619 – aqueles do entusiasmo veemente originado pelos manifestos – o Eleitor Palatino e sua esposa reinavam em Heidelberg, e Christian de Anhalt estava elaborando a aventura do povo da Boêmia.

E essa aventura não era simplesmente um esforço político anti- -habsburgo, Era a manifestação de um movimento religioso que durante muitos anos estivera concentrando energias, alimentado por influências secretas verificadas na Europa, um movimento para solucionar os problemas religiosos, paralelamente com as normas místicas sugeridas pelas influências hermética e cabalística.

A estranha atmosfera mística, na qual Frederico e sua esposa foram envolvidos pelos entusiastas, pode ser verificada numa gravura alemã, publicada em 1613. Frederico e Elisabete estão cobertos por raios provenientes do Nome Divino acima de suas cabeças. Essa gravura deve ter sido a primeira das que circularam na Alemanha, relacionadas com o assunto Frederico-Elisabete; muitas outras deveriam seguir-se. A história de Frederico nessas estampas proporciona maior diretriz de evidência no que se refere à sua ligação com os movimentos contemporâneos.

 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/john-dee-e-o-despontar-de-christian-rosencreutz/

Desdobramentos Divinatórios

Este pequeno artigo corresponde-se à resposta que tive em um Tátil trabalho divinatório feito pelos membros do “Temple Legion Gmicalza”, IOT (Seatle, 15 de janeiro de 1995), e as experiências que me permitiu começar a entender as implicações da resposta nos termos da questão.

 

A RESPOSTA É “SLIME” – “GOSMA”

 

Ao participar do ritual Tátil de Divinação eu perguntei: “Qual a chave para escrever Pseudonomicon II?”.

Depois de colocar minha mão sobre a caixa, eu tive uma imediata sensação de “gosma” e tomei isso como minha resposta.

 

Isso eu fiquei um tanto perplexo e divertido. Gosma é algo que pode-se imaginar pingando dos tentáculos de Cthullu. Além disso, Kenneth Grant (um grande influente do Pseudonomicon I) é conhecido em certos bairros da cena LHP do Reino Unido como “O Senhor da Gosma” – “The Slime Lord”. No entanto, eu estava inicialmente confuso a respeito de como “gosma” poderia se relacionar com escrever um livro.

 

Gosma é uma substancia peculiar – sendo um fluido úmido e viscoso secretado por organismos como as lesmas, peixes ou fungos. Também é geralmente considerada como desagradável e nociva. Isso imediatamente atingiu outro acorde comigo – que encontramos muitos aspectos da natureza desagradáveis. Cada vez mais estou começando a entender os Mitos de Lovecraft como uma expressão da nossa relação com os processos naturais.

 

Gosma é uma substancia que possui propriedades interessantes – camadas ou cobertura de outras coisas e muda-los sutilmente, mantendo suas próprias propriedades inerentes certas formas de gosma parecem se comportar como elásticos e parecem ter diferentes graus de memoria termoplásticas.

 

Pensamentos de que gosma tende a invocar os medos e preconceitos sobre os processos biológicos – menstruação é um excelente exemplo. Algumas semanas atrás, a “desordem” foi convincente e trouxe para a minha casa como nós atravessávamos uma floresta enlameada na chuva e vi uma casa que tinha sido literalmente “recuperada” pela floresta. Medo dos processos naturas é um forte subtexto dentro da escrita de Lovecraft em particular, e da psicologia ocidental em geral. Mais uma vez isso também me lembra o trabalho de Kenneth Grant.

 

Foi nesta floresta que eu tive uma conversa com um amigo que é ao mesmo tempo ecologista e um tântrico budista. Discutimos o Pseudonomicon e meu desejo de expandi-lo, e meu amigo novamente chamou a minha atenção para Cthullu como uma articulação da interação do homem com a natureza. Eu me tornei cada vez mais insatisfeito com a maioria das abordagens “magicas” do mito de Cthullu, pois me pareceu enraizada na tradição magica intelectualizada ocidental captada (que segue as tendências filosóficas ocidentais) Marchando através da floresta, tornozelos na lama e tudo molhado, tive um “insight” que aqui eu estava muito mais perto dos Grandes Antigos do que  se eu estivesse em um quarto para realizar o ritual. Este foi um pensamento eu tive antes, mas esta experiência reforçou e ampliou minhas perspectivas sobre ela.

 

Como resultado destes “redemoinhos” de pensamentos e experiências, eu comecei a planejar o Pseudonomicon II como um texto muito mais amplo do que analisar o Mito de Cthullu como paradigma magico.

 

Oráculos não lineares:

 

O acima lida com as minhas ideias atuais sobre as Respostas Divinatórias no momento (provavelmente há mais por vir). Agora vou discutir questões mais reais relativas a esse tipo de abordagem para a adivinhação.

 

Geralmente as técnicas divinatórias podem ser divididas em duas abordagens simbólicas (ou seja, tarô e runas) e de forma livre (vidência). O trabalho divinatório Tátil cai nessa ultima categoria, como um exemplo de técnica divinatória onde as respostas surgem do reclamante imediatamente da percepção decorrente, sem qualquer quadro estruturado de referencia para a interpretação.

 

O que eu acho interessante sobre este ultimo tipo de abordagem para a adivinhação é que interpretações das “respostas” surgem organicamente ou seja, gradualmente, a partir de um campo totalmente experimental, o consulente aborda a questão a partir de diferentes ângulos e perspectivas. Isso também me faz lembrar o uso de Guemátria na interpretação das respostas confusas. Guemátria envolve não só a associação de conceitos linguísticos e simbólicos (Cabala), mas também pode se exigir meditação sobre as cartas do tarô, etc. Kenneth Grant é provavelmente o expoente mais conhecido do uso da Guemátria para formar cadeias de associação entre ideias dispares. O ponto principal sobre estas interpretações é que eles levam tempo para se desdobrar e formular – a questão do divinatório e oracular torna-se um fodo para as novas experiências que parecem um “loop” de volta para o problema original.

 

A GNOSE iluminatória:

 

As experiências do tipo divinatórias podem dar origem a poderosas experiências iluminatórias. Um bom exemplo disso pode ser encontrado em “Masks of The Illuminati”, um romance de Robert Anton Wilson, onde o protagonista é impelido para uma Gnose Iluminatória como resultado da tentativa de desvendar a forma mágica do clássico I.N.R.I.

 

Outro conceito relacionado é o do “Zen Koans”. Zen Koans são eficazes na medida em que estudantes esgotam as tendências para tentar fazer sentido logico de uma proposição não logica até que a “resposta” surge espontaneamente ou organicamente. A marca de tais entendimentos é que eles são acompanhados por uma resposta fisiológica. Ou seja, a “compreensão” súbita de um problema é emocional, ao invés de meramente intelectual.o entendimento é portanto inserido no “psicocosmo” da pessoa – um verdadeiro processo de gnose pelo qual as crenças e percepções anteriormente realizadas podem ser significativamente alteradas.  Tal experiência pode derrubar o individuo a um estado alterado que pode durar vários dias, durante os quais os elementos de tempo de seu “psicocosmo” pode entrar em colapso – uma fratura da realidade de consenso, se quiser, onde eventos e experiências que parecem relacionados com o “core” do processo (o gatilho divinatório oracular) assumem uma importância elevada.

Por Phil Hine – Trad. Carolina Rezende

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/desdobramentos-divinatorios/

Eu era xamã e não sabia

Zzurto

Quando mais novo eu sempre me impressionei com a natureza. Não entendia bem o por quê, mas tudo o qual fazia parte do que eu encarava como natureza era extremamente bem pensado. Passei por vários lugares e sempre me dediquei ao máximo em ver valor aonde muitos não viam utilidade. Cheguei a carregar pedras das mais variadas para casa e sempre tive o cuidado de reservar um espaço para tudo isso.

Cheguei a viver de certo modo envolto em paradigmas esotéricos e isso facilitou ainda mais essa visão da realidade. Meditava quase sempre em busca de um mundo do qual eu era o maior escritor. Contudo o caos das informações que recebia e trabalhava me davam a certeza de que tudo aquilo ali ocorria, e de fato ocorria.

Encontrei muitos espíritos* que me confundiram mais do que auxiliaram, mas isso ocorreu devido a falta de consciência minha em minhas práticas intuitivas. Fui xamã sem perceber.

Dedicava boa parte do meu tempo a coordenar energias das mais variadas e muitas vezes as lancei com a força de minha vontade, pura e simplesmente. Intervi na realidade por meio disso e por meio disso me tornei um indivíduo de ação, não necessariamente fisicamente falando, mas em outro plano.

Em minhas incursões meditativas invadi e vivi em regiões muito além da compreensão comum. Estive boa parte do tempo lidando com elementais dos quais certas literaturas prejudicam mais do que auxiliam. Eles enfeitam demais tais forças para se tornarem mais agradáveis aos olhos e esquecem que a realidade não quer agradar ninguém. Contudo eu aceitei sem pensar muito nisso.

Fui alvo de tantas coisas que não saberia por onde começar e criei laços com lugares e plantas das quais muitos não enxergariam mais do que um terreno baldio. Eu escutei o som do vento e muitas vezes fui capaz de captar emoções e pensamentos que vinham por meio deste. Quantas e quantas vezes não antecipei circunstâncias numa sincronicidade que só eu percebia. Quantas e quantas vezes não menti para mim dizendo que era devaneio.

No sonho eu era particularmente medroso e tive dificuldade em estar lá. Curiosamente claro. Entretanto ao aprender a voar nada mais me era impossível. Quantos e quantos sonhos me fizeram ser mais atento e cauteloso e quantas e quantas vezes o que falei não vinha de mim. Os outros achavam somente que eu era um garoto sensível por demais. Eu sabia que não era isso, eram as vozes do conhecimento que a todos pertence, já que não há paredes limitadoras determinando um alguém mais capaz ou menos de receber. E minha atenção dedicada a tudo isso criava claro um diferencial que me fazia um estranho aos olhos de tantos.

Amigos meus que viveram comigo nesse período e que chegaram a buscar tais coisas também muitas vezes me olhavam céticos. Poderia alguém ter e poder fazer tantas coisas, simples, mas coisas das quais estes não conseguiam? Seria de fato verdadeiro ou pura invencionice de um garoto mimado? Eu me calava, não sabia o que falar nesses casos para ser compreendido e demorei a perceber que ser compreendido não importa. Importa somente ser verdadeiro com o que sente. E muitas vezes temi o que senti, por perceber coisas demais que minha maturidade emocional pouco auxiliava em lidar com isso.

O que mais prejudicou tudo isso foi cair nas graças de pessoas que se fizeram passar por experientes. Curiosamente estes foram os que menos me ajudaram. Não tirando o crédito que há na ação desse tipo de pessoa que permite nos fazer achar que nossas compreensões são plausíveis para eles. Isso para mim era suficiente. Essa falsa sensação de liberdade que a atuação destes criava era a melhor coisa que eu tinha, pois nunca desejei estar só. Mas na verdade eu que buscava uma comprovação. Minha mente racional se rasgava de raiva por não conseguir conter tudo o mais que me ocorria. Eu era xamã sem saber e cheguei a achar que tudo não passara de um erro.

Deixei meus espíritos de lado, larguei em outros cantos os cristais que tinha achado. Parei de entender o som das árvores e o chiado do vento. Entristecia-me ao pensar que com minhas mãos eu poderia ajudar, sem nem tocar, tantos que eu não queria mais estar perto. Parei de me lançar neste outro mundo por vergonha de continuar sendo taxado de tolo, imaturo ou criativo demais. E tranquei meu altar durante meses num silêncio que só machucou a mim. E foi por meio disto que aprendi uma das coisas mais importantes que é a confiança. Quando percebi que certas coisas não deixaram de ocorrer. Quando vi que certos vultos continuavam a passar. Quando percebi que certas palavras que eu falava continham as informações que eu intuía, mesmo quando os receptores nem ao menos se lembravam de onde tinham vindo o conselho. E isso ocorria provavelmente por que eu era somente um mediador, mas isso não me chateava, sabia bem que o bem feito era mais valioso.

Entretanto me dediquei por demais em não aceitar pura e simplesmente. Havia em tudo ali uma ciência que demorei em compreender. Para me aceitar xamã tive de ser neófito hermético. Tive de acreditar tolamente em enfeites dos contos de fadas das tradições espiritualistas incompletas que possuímos aos montes enlouquecendo os crédulos. Tive de me aventurar pela árvore da vida e falar nomes sagrados. Tive de encarar o terror dos arcanos e de suas compreensões. Tive de não me importar com opiniões chulas de pessoas fracas que encontramos aos montes por ai. Tive de rejeitar a religião para perceber que o problema não são elas e sim as pessoas e seus medos. Tive de parar no meio do mato novamente, longe de todos os olhos que me observaram eternamente descrentes para me ver livre de minha própria dúvida. Tive de escrever para muitos achando provável que estava perdendo novamente meu tempo para perceber que nada se perde nesse caso.

E foi lendo um livro e outro que percebi que todas as minhas práticas, até as mais tolas eram práticas de grandes xamãs dos quais nunca tinha ouvido falar. Que meus jogos tolos mentais e minhas práticas no quintal de casa tinham mais valor do que o que certos gurus falavam ou faziam. E que o fato de eu nunca ter encontrado respostas nas palavras deles não era por falta de capacidade minha e sim por falta de visão deles com suas próprias ciências.

Hoje em dia vejo alguns diários que escrevi. Juntando vez ou outra informações das mais variadas para alcançar a compreensão da qual necessitava para entender, abarcar aquilo tudo, tão simples. E nunca algumas informações foram tão fortes como certas passagens dos livros de Eliphas. Foi assim que aprendi a me calar pois o que sabia só a mim me importava. E testei incansavelmente tudo, por fim me libertando da dúvida que me consumia. Hoje afirmo que sou um xamã, mas não qualquer xamã. Meus passos pelo ocultismo, hinduísmo, Zen, budismo, cristianismo, oráculos, magia, meditação, espiritualismo e afins não se perderam no meio do nada. Mas o xamanismo é tão livre e tão grande que não consigo separa-lo como um objeto exclusivo. Na verdade quando me refiro ao xamanismo não consigo formaliza-lo como um ponto no espaço. Quando digo que sou xamã, digo que sou tudo isso. E os espíritos nunca os perdi, só tive de reencontra-los.

E como um Dom Juan que bem conhecemos também me visto de terno e gravata. Contudo o nó que dou é muito mais divertido.

E é por meio disto que implico que somos o que buscamos ser, curiosamente abobalhados pela impressão de nunca termos sido antes. Assim é bem provável que no meio do mato eu trace no chão um desenho hermético qualquer olhando no céu alguma ave de rapina passando, sentindo no cheiro do vento a intuição de outrora. O ritual apenas começou e se escutar um cântico qualquer vindo de mim não se assuste quando for pronunciado nomes divinos para uma fogueira. Não se envergonhe ao me ver dançando sobre um pentagrama ou flutuando nas águas claras do outro espaço. Saberei bem sacar de minha bolsa um mantra, aforisma ou qualquer outra coisa para auxiliar-me, para nos auxiliar. Pois esta ciência é viva e me regozijo com prazer ao utiliza-la. Meu templo não tem portas, contudo sei bem como fecha-las. E em qualquer lugar podes me ver recitando umas frases soltas enquanto olho para bem mais longe.

Se não compreender o meu olhar o problema não está em mim ou noutro alguém. O problema está em não compreender o seu próprio olhar. E se tudo isso aqui não passar de devaneio, como poderia tuas práticas serem diferente para ti? Contudo não afirmo que para alçar voou terás que fazer assim ou assado. Afirmo somente que se quer lançar-se no universo é preciso antes de mais nada a capacidade do psiconauta. Este que sabe que todo e qualquer mundo é válido, quando é parte do caminho que alcançamos ao respeitarmos o coração.

Silêncio… é preciso escutá-lo. Silêncio… é preciso sê-lo. Silêncio.

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leia também:

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Uno consigo e com o mundo – parte I

Uno consigo e com o mundo – parte II

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Entrevistas e Palestras de Maio/2020

Bate-Papo Mayhem 013 – Com Karla Souza – O Oráculo das Sibilas: Baralho Lenormand, cartas ciganas e a história da cartomancia
https://youtu.be/UhnSnkj07zA

Bate-Papo Mayhem 014 – Com Leo Lousada – As Sete Leis Herméticas
https://youtu.be/ThaLzNy8RZ4

Bate-Papo Mayhem 015 – Com Roberto Caldeira – A história marginal do tarot no Brasil, o lado nada glamouroso do esoterismo.
https://youtu.be/i5pGNo5WDEk

Bate-Papo Mayhem 016 – Com Roe Klukiewicz – A Iconografia dos Santos na História da Arte
https://youtu.be/86wf5xL1Rgk

Bate-Papo Mayhem #017 – Com Peu Lamaraum – Faz o que tu queres é o todo da Lei; a História da Thelema
https://youtu.be/0qRO2Ry35Dk

Bate-Papo Mayhem #018 – Com Rodrigo Grola – A História do Hermetic Kabbalah Tarot; como estudar as correlações herméticas e o tarot.
https://youtu.be/GFvwJ0VUFww

Bate-Papo Mayhem #019 – Com Danilo Cocenzo – Tai Chi, Chi Kung, Kung Fu – Paralelos entre treino de Artes Marciais e Estudo do Hermetismo.
https://youtu.be/t_c7Cs40gnI

Bate-Papo Mayhem #020 – Alexandre Nascimento e Eduardo Regis – A história da Golden Dawn (Ordem Hermética da Aurora Dourada).
https://youtu.be/1In5PXbTsVU

Bate-Papo Mayhem #021 – Com Leonardo Tremeschim – Lendas, Mitos e Folclores e suas relações com a cultura de cada tempo e lugar.
https://youtu.be/sovachDMJXo

Bate-Papo Mayhem #022 – Com Cussa Mitre – A ponte Bifrost: Runas Futhark, Mitologia Nórdica, Oráculos, Talismãs e Magia Rúnica.
https://youtu.be/PPvK050qTDM

Bate-Papo Mayhem #023 – Com Ingrid Grundig – Velas, encruzilhadas e bailes funk: Um passeio pela Quimbanda do Rio de Janeiro.
https://youtu.be/zWG1igKY7qI

Bate-Papo Mayhem #024 – Com Tiago Mazzon – Sincronicidades, Coincidências e casualidades: O oráculo do Xamã Urbano.
https://youtu.be/SIBcCCkoLns

#Batepapo

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O Útero dos Anjos

– Uma homenagem às mulheres –

Figura ‘Yonitântrica” de Kali em pleno fluxo menstrual (Séc.XVII).

Por Katy Frisvold.

Há um tempo um comentário nesta mesma coluna me chamou a atenção, não só pela franca erudição do remetente, mas também pela graciosa comparação com Bruxaria Tradicional e a Magia Tradicional Salomônica. Nas palavras dele: “Me parece que a bruxaria tradicional se assenta sobre a mesma filosofia e cosmologia da magia grimórica, mas imagino que na sua tradição haja um trabalho maior com os chamados espíritos terrestres, o que a meu ver é interessantíssimo. De fato, há uma lacuna na tradição grimórica no que diz respeito a trabalhos com elementais e espíritos dos mortos (os ancestrais), e seria interessante ver como a bruxaria tradicional lida com isso.”

Na época em que este comentário foi feito, deixei disponível meu email de contato. Não achei que era momento de escrever um texto muito longo como resposta como fora a resposta anterior.  As férias se passaram e estes são assuntos que ainda se apresentam muito pertinentes e que eu gostaria de desdobrar um pouco mais, de forma em que percebo este questionamento uma forma de clarear alguns assuntos àqueles que apreciam a abordagem teológica mais simples e pragmática. Isto porque a abordagem não recorre aos Doutos Mestres de outrora, mas na simples compreensão daquelas que foram caladas por séculos de repressão patriarcal.

A classificação bipartida da magia geralmente se apóia em “celestial x infernal” e “alta x baixa”, comumente compreendendo “celestial” como algo superior e sagrado e “infernal” como algo diabólico, ou do mal. Hoje alguns conseguem sair deste território ignorante, mas esta ainda é uma teoria muito vigente quando falamos de “baixa magia”, graças ao dualismo reinante nas culturas cristianizadas. Dentro da miríade de mundos e possibilidades, criou-se então uma dicotomia absurda ainda adotada por muitos magos, e “baixa magia” se tornou um rótulo negro às artes que lidam com o fator humano, a corporeidade e a noção de mortalidade.

O que alguns parecem desconhecer é que por “baixa magia” abarca-se toda a magia telúrica, todos os espelhos celestes (tais como os oráculos compostos de elementos naturais, ou seja, de pedra, areia, nas águas, etc.), bem como a comunhão entre vivos, mortos e seres intermediários entre mundos, como manifestações naturais e os chamados “anjos caídos”, ou seja, aqueles anjos que operam em nossa esfera e que conhecem a humanidade muito proximamente.

Da mesma forma em que Eruditos, Astrólogos e Magos necessariamente se apóiam em Tradição, o mesmo se dá àqueles que hoje são denominados Bruxos Tradicionais. Um Bruxo Tradicional se apóia à Tradição enquanto dá foco à magia mais imediata em seu reino, bem como em reinos próximos e paralelos ao humano, ou seja, ao aspecto mais “feiticeiro” ou “anímico” da Tradição.

Para quem opera nestas premissas, “Terra” ou “Inferno” são tão diferentes quanto “respirar” e “não respirar”. Ambos os reinos se localizariam no mesmo lugar: sob a abóboda celeste. Assim a tal “lacuna” na magia grimórica refere-se pura e simplesmente na compreensão entre o mundo que “respira” e o que “não respira”, ou seja, o mundo logo abaixo de nossos pés, os mortos em cujos ombros nos sustentamos. Segundo a Tradição, nossa “Memória” é composta especificamente pelos nossos antepassados e ancestrais. Antepassados e Ancestrais são História, são os chamados Mortos Poderosos, ideais míticos e exemplos de como a vida repete padrões cíclicos, são o “expirar”, e nós, vivos, somos Aspiração e Respiração. Devir e processo.

“Sheela Na Gig” – Quantas representações sagradas são necessárias para relembrar o portal de homens e anjos?

A compreensão sobre o mundo dos mortos e vivos como paralelos e não necessariamente locais de sofrimento sempre foi um assunto espinhoso para aqueles que unicamente “aspiram” a ida – ou retorno – ao Éden. Para estes, o Homem deverá mortificar a carne para se tornar digno de um extremo bem, enquanto a humanidade comum pavimenta seu caminho rumo ao extremo mal. Mas a própria visão do que seja o Inferno foi algo que mudou através dos tempos, fosse por influências literárias ou por interesses político-religiosos. “Inferno”, ou Mundo Subterrâneo, na acepção de boa parte dos povos primitivos, era simplesmente a “morada dos mortos”, o Castelo dos nossos Ancestrais, ou o lugar onde encontramos aqueles que nos são queridos e vinculados pela consangüinidade ou alma. Então, não, os Bruxos não “aspiram” o inferno de fogo e sofrimento tão propagado por alguns. Nem os Bruxos Tradicionais se apóiam em um mundo dualista – pelo contrário, como a Tradição sugere, monismo qualificado seria a forma mais acurada de explicar a idéia cosmológica de um Bruxo.

De acordo com certos grimórios, os anjos teriam caído de amor pelas mulheres. Eles teriam caído no reino de possibilidades, dos desdobramentos da Sabedoria Divina – com toda a sua ambivalência -, pois não há um reino, ser, palavra ou ação que não esteja no Plano Divino.

Tenho certeza que neste momento encontramos alguns Magos coçando a cabeça e pensando no quão similar isto tudo soa. Mas aparte os comuns preconceitos, todo Sábio – não interessa se chamado de Mago ou de Bruxo – opera nas duas vias em busca da União Mística, ao Criador(a) através da Natureza, ou como chamamos “Natureza Perfeita”.

As Três Bruxas de Macbeth – As bruxas figuram aqui com suas forquilhas – que também representam o “pé da bruxa”, (cerca de 1948, dirigido e estrelado por Orson Welles)

Na Bruxaria encontramos não a Trindade, mas o Quaternário Sagrado, o da manifestação, que ocorre entre Pai, Mãe, Miguel e Satanael, tão replicado em temas como Caim e Abel ou Judas e Jesus. Tudo isto se reflete na figura do “pé da bruxa” e na forquilha, que fortifica a constante memória de nossa condição e a aceitação plena dos nossos daemons.

E é justamente aqui que encontramos as “heresias” como a dos Bogomilos, que relegam a carne ao reino de uma “amada sombra divina”, e daí, ao Homem. Fora dos confinamentos “heréticos”, a mulher sempre foi satanizada por ser o portal, o “templo” onde anjos ganham corpo, pois é no útero, em última instância, onde eles “caem”.

Como representante desta Mãe do quaternário, está a terra onde vivemos – o corpo que sangra pelos seus filhos. Sua conexão maior se encontra na mulher, a bruxa, consolatrix e progenitora última de homens e anjos, cuja linguagem não se desvela completamente ao homem puramente celestial, mas naqueles que são de carne, osso e sangue.  Bruxas são as domadoras do fogo dos homens, preservadoras da Memória dos Mortos, Mães e Consoladoras, e como tal, são capazes de absoluta amoralidade: a única lei é ensinada pela única professora possível – a Natureza.

Os homens são movidos por impulsos celestes, são o fogo e o sopro que alimenta fogo. Enquanto a dor tem sido a condição mais celebrada quando falamos da saudade idílica reservada a Adão, do outro lado, para a Mulher, a Bruxa, o equilíbrio é a chave mestra de toda a magia da vida, e assim, o prazer é também reconhecido como inerente ao carnal. Negue sua mãe, negue sua corporeidade e você não deveria estar aqui para contar história, para sentir dor ou prazer, para amar ou sentir saudades. É tudo uma questão de “exercício”, e não de “exorcismo”.

Como aquela que traz do imanifesto ao manifesto, por séculos e séculos pisada, acusada e lançada nos recônditos sociais e morais, agora é o momento de seu ressurgimento e reconhecimento. A Mãe última não pede sua dor, mas por equilíbrio entre os mundos. Honre-a e o sagrado portal aos reinos celestes estará sempre aberto ao justo peregrino!

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-%C3%BAtero-dos-anjos

Arquivo de Fontes Morte Súbita Inc.

Para fazer o download clique aqui (.zip)

Símbolos sempre fizeram parte do ocultismo, desde os primeiros alquimistas aos viciados em criptologia medieval. Línguas antigas ou estrangeiras, línguas criadas ou recebidas por ocultistas vitorianos, línguas mortas, línguas fictícias; aparentemente a cada geração alguém criava uma forma de complicar tudo.

Por anos esses símbolos e letras características eram exclusividade de livros, para ter acesso a elas era preciso gastar algum tempo estudando-as e aprendendo a desenhá-las, isso quando se tinha acesso a elas, já que livros eram objetos caros e as livrarias não possuíam uma diversidade deles. Com a internet isso mudou, o acesso a cópias deste material ficou mais fácil, mas a reprodução dele não, os símbolos ainda estavam na forma de páginas escaneadas muitas vezes com uma resolução baixa que deixava muito a desejar; até que algumas pessoas começaram a reproduzir tudo isto na forma de fontes, uma forma muito mais fácil de usar esses símbolos, inclusive para publicar materiais, criar amuletos, lamens e armas mágicas. Não era mais necessário gastar horas desenhando letras enoquianas ou gregas em um sigilo, tentando manter a fidelidade, agora bastava digitar, mesmo assim ainda era, e é, difícil, encontrar fontes específicas em um único lugar, e não é raro mais da metade dos sites onde elas estavam hospedadas estarem já fora do ar, a internet acaba se tornando um mar de links quebrados.

É por isso que a Morte Súbita Inc. reuniu em um arquivo mais de 25 tipos diferentes de fontes, e cada uma com algumas variantes. Agora basta fazer o download do arquivo e instalar as fontes que queira na máquina para conseguir incrementar textos e tratados, criar sigilos ou o que precisar. Além disso elas são muito úteis para pessoas que simplesmente gostem de fontes e simbolos diferentes assim como para jogadores de RPG que desejem criar um material com aparência mais real, antiga e maldita para suas sessões.

Mas nós não simplesmente juntamos fontes e largamos aqui para que você pegue e intale em sua máquina, vamos deixar um breve histórico sobre cada uma delas para servir como guia ou base de estudos também.

O Alfabeto Magi

Foi criado por Theophrastus Bombastus von Hohenheim – também conhecido como Paracelso – no século XVI. Ele usava estes caracteres para gravar o nome dos anjos em talismãs que eram usados para tratar doenças e trazer proteção para aquele que o usasse.

Ele provavelmente foi influenciado em sua criação pelos vários outros alfabetos mágicos que existiam na época e eram utilizados por outros pesquisadores e praticantes do ocultismo. Uma influência óbvia também é o alfabeto hebraico, já que muitos textos mágicos e grimórios, influenciados pelos cabalistas, traziam estudos e sigilos desenvolvidos com o alfabeto dos hebreus.

Símbolos Alquímicos

Há muito pouca coisa que se possa dizer sobre a alquimia que já não se tenha sido dito em algum lugar. Sua origem já foi associada com o Egito, com a China, com Atlântida e mesmo com extra-terrestres, mas como todo estudioso sabe a sua origem é apenas um fato alegórico, já que ela é uma arte prática e não simplesmente especulativa. Desde tratados como O Segredo da Flor de Ouro a compêndios medievais atribuídos a magos que haviam alcançado a imortalidade vemos a busca de homens não por riquezas ou poder, mas evolução pessoal – tanto mental quanto espiritual. A busca pela sabedoria que a natureza escondia em cada elemento que a constitui e dos processos de descobrir essas segredos ocultos, como transmutar elementos, como criar novos e mais importante como tudo se relaciona. É por isso que diferente de outras práticas mágicas a alquimia recebe o título de “proto ciência” já que não parava apenas no aspecto especulativo da vida e não se focava apenas na mente das pessoas mas combinava elementos da química, física, astrologia, arte, filosofia, metalurgia, medicina, ocultismo e religião.

Com o tempo aqueles atraídos por esta prática chegaram a uma espécie de consenso em como registrar seus trabalhos não apenas criando símbolos que agilizassem sua leitura – imagine escrever enxofre a cada vez que usasse este elemento, depois distinguindo os três, quatro tipos que surgissem e compare isso a simplesmente desenhar o símbolo deste elemento ou de uma de suas derivações – como também a esconde-se dos olhos profanos – lembre-se que eles não apenas buscavam um modo de tranformar metais inferiores em ouro, mas lidavam com ácidos, explosivos, materiais tóxicos… era uma forma de evitar que alguém resolvesse brincar com pólvora porque leu por acaso que isso era parte do processo de ficar imortal ou podre de rico.

A simbologia Alquímica se tornou tão rica que seria praticamente impossível se reproduzir cada símbolo já usado, mas aqui apresentamos uma compilação de alguns dos mais populares e usados e não apenas símbolos de elementos, mas processos alquímicos, aparatos e elementos.

Escrita Angelical

Foi criada por Heinrich Cornelius Agrippa, também durante o século XVI, também conhecido como alfabeto Celestial este foi dos dos vários alfabetos criados por este que foi um dos ocultistas mais conhecidos em sua época e até hoje influencia muitos dos praticantes da Arte.

Os alfabetos que Agrippa criou possuiam similaridades entre si em termos de formas e estilo, todos traziam serifas pouco comuns na forma de círculos e eram muito semelhantes aos caracteres gregos e hebraicos, mas apesar das semelhanças temos que nos contentar apenas com uma análise superficial entre os alfabetos de Agrippa e os já existentes já que não existe um material que descreva o processo usado para se criá-los.

Este alfabeto era usado para se comunicar com anjos.

Aramaico

Aramaico é a designação que recebem os diferentes dialetos de um idioma com alfabeto próprio e com uma história de mais de três mil anos, utilizado por povos que habitavam o Oriente Médio. Foi a língua administrativa e religiosa de diversos impérios da Antiguidade, além de ser o idioma original de muitas partes dos livros bíblicos de Daniel e Esdras, assim como do Talmude.

Pertencendo à família de línguas afro-asiáticas, é classificada no subgrupo das línguas semíticas, à qual também pertencem o árabe e o hebraico.

Muitos acreditam que o Aramaico foi a língua falada por Jesus e até os dias de hoje é falada por algumas comunidades no Oriente Médio principalmente no interior da Síria. Sua longevidade se deve ao fato de ser escrito e falado pelos aldeões que durante milênios habitavam as cidades ao norte de Damasco, capital da Síria, entre elas reconhecidamente os vilarejos de Maalula e Yabrud,  além dessas outras aldeias da Mesopotâmia como Tur’Abdin ao sul da Turquia.

No início do século passado, devido a perseguições políticas e religiosas, milhares de pessoas que tinham o Aramaico como língua nativa fugiram para o ocidente onde ainda hoje restam poucas centenas, vivendo nos Estados Unidos da América, na Europa e na América do Sul e que curiosamente falam e escrevem fluentemente o idioma.

A história do aramaico pode ser dividida em três períodos:

– Arcaico 1100 a.C.–200 D.C.), incluindo:
O aramaico bíblico, do hebraico.
O aramaico de Jesus.
O aramaico dos Targum.

– Aramaico Médio (200–1200), incluindo:
Língua siríaca literária.
O aramaico do Talmude e dos Midrashim.

– Aramaico moderno (1200–presente)

Símbolos Astrológicos

Hoje a astrologia é vista por muitos simplesmente como uma superstição ou a crença de que planetas podem reger a personalidade das pessoas ou prever o futuro mas isso está muito longe da verdade. A astrologia foi a primeira ciência a estudar os corpos celestes.

Os documentos mais antigos encontrados hoje sugerem que o estudo dos astros já acontecia três milênios antes da nossa era e já naquela época, mesmo sem a tecnologia que temos hoje, haviam mapas celestes surpreendentes, que registravam posições de planetas, mapeamento de estrelas e constelações, relações de fenômenos físicos como a ligação entre a maré e os ânimos das pessoas com os astros e o registro de cometas, o surgimento de super novas, etc.

A parte deste estudo que se popularizou foi o uso dele para tentar prever o futuro, o que não chega a ser algo absurdo, se levarmos em conta que cada planeta e estrela possuiu sua órbita, seus atributos como gravidade, luminosidade e todos estão relacionados, como uma grande engrenagem cósmica, tornando possível relacionar a posição da lua e de estrelas como Sírius como grandes secas ou cheias de rios, o avanço das marés, as estações do ano e as coisas relacionadas a elas como migração de animais, resultado de colheitas e não apenas da terra mas de outros astros como as estações do sol – relacionadas com as quandidades de manchas solares, a ligação com tempestades e muitas outras coisas. Relegar a astrologia à simples superstição é o mesmo que associar as ollimpíadas a uma simples entrega de medalhas para que os países celebrem quem tem o melhor saltador de vara. Para se ter uma idéia da influência desses estudos, fora do brasil muitos paises de lingua saxônica e espanhola ainda tem os dias da semana nomeados graças ao astro que estava relacionado a eles:

Segunda-Feira

em inglês: Monday
em espanhol: Lunes
em catalão: Dilluns
em norueguês: Mandag
em francês: Lundi
em Italiano: Lunedi
em japonês: 月曜日 (Getsuyôbi)
em alemão: Montag

todos esses querem dizer: dia da Lua, assim ocorrem com os outros dias, associados a planetas, estrelas ou deuses que tinham sua contraparte celeste.

Os símbolos astrológicos, assim como os alquímicos, serviam para que se pudesse ter acesso rápido a informações, ao invés de tabelas e mais tabelas com nomes encontramos símbolos que representam os planetas e o sol, as estações, os elementos, já que o Sol por exemplo não era apenas uma estrela, mas estava relacionado com estações do ano, com Deuses, com obrigações, com a hora do dia, etc. o símbolo trazia não apenas uma forma rápida de se registrar a informação, mas também uma forma de se condensá-la.

Temos aqui não apenas os símbolos astrológicos, mas também os símbolos associados ao zodíaco.

Cuneiforme Persa

Escrita cuneiforme foi desenvolvida pelos sumérios e é a designação geral dada a certos tipos de escrita feitas com auxílio de objetos em formato de cunha. É, juntamente com os hieróglifos egípcios, o mais antigo tipo conhecido de escrita, tendo sido criado pelos sumérios por volta de 3500 a.C. Inicialmente a escrita representava formas do mundo (pictogramas), mas por praticidade as formas foram se tornando mais simples e abstratas.

Os primeiros pictogramas eram gravados em tabuletas de argila, em sequências verticais de escrita, e com um estilete feito de cana que gravava traços verticais, horizontais e oblíquos. Então duas novidades tornaram o processo mais rápido e mais fácil: as pessoas começaram a escrever em sequências horizontais (rotacionando os pictogramas no processo), e um novo estilete em cunha inclinada passou a ser usado para empurrar o barro, enquanto produzia sinais em forma de cunha. Ajustando a posição relativa da tabuleta ao estilete, o escritor poderia usar uma única ferramenta para fazer uma grande variedade de signos.

A escrita cuneiforme foi adotada subsequentemente pelos acadianos, babilônicos, elamitas, hititas e assírios e adaptada para escrever em seus próprios idiomas; foi extensamente usada na Mesopotâmia durante aproximadamente 3 mil anos.

Nós escolhemos liberar a versão persa do alfabeto cuneiforme porque o primeiro registro escrito sobre os persas se encontra numa inscrição assíria de 834 a.C., que menciona tanto Parsua (“persas”) quanto Muddai (“medos”), este termo utilizado pelos assírios, Parsua, era uma designação especial utilizada para se referir às tribos iranianas do sudoeste (que referiam-se a si próprios como ‘arianos’), e vinha do persa antigo Pârsâ. Os gregos (que até então utilizavam nomes relacionados a Média e aos medos) começou, a partir do século V a.C., a utilizar adjetivos como Perses, Persica ou Persis para se referir ao império de Ciro, o Grande.

Enoquiano

O enoquiano foi uma línguagem divulgada pelo astrólogo e mago da corte victoriana Dr. John Dee, que junto com seu assistente Edward Kelley, a recebeu dos anjos no século XVI.

O Alfabeto é usado na prática da Magia Enoquiana e comunicação com os anjos.

Para se aprofundar na magia Enoquiana você pode visitar a nossa sessão dedicada ao assunto, clicando aqui. Este link contem uma sessão de downloads onde é possível conseguir o programa visual enochian, para PC’s, que permite trabalhar com as tabelas e chamadas enoquianas com caracteres enoquianos e latinos.

As versões do alfabeto enoquiano aqui trazem os mesmo caracteres com apenas algumas mudanças no estilo. Temos também duas versões deles que trazem os caracteres simples e a versão acentada dele que apaerecem no Loagaeth.

Etrusco

Os Etruscos eram um aglomerado de povos que viveram na península Itálica na região a sul do rio Arno e a norte do Tibre, então denominada Etrúria e mais ou menos equivalente à atual Toscana, com partes no Lácio e a Úmbria. Eram chamados Τυρσηνοί, tyrsenoi, ou Τυρρηνοί, tyrrhenoi, pelos gregos e tusci, ou depois etrusci, pelos romanos; eles auto-denominavam-se rasena ou rašna.

Até hoje a história dos Etruscos permanece uma colcha de especulações, não se sabe ao certo quando eles se instalaram na região, mas foi provavelmente entre os anos 1200 e 700 a.C.. Nos tempos antigos, o historiador Heródoto acreditava que os Etruscos eram originários da Ásia Menor, mas outros escritores posteriores consideram-nos italianos.

A Etrúria era composta por cerca de uma dúzia de cidades-estados (Volterra, Fiesole, Arezzo, Cortona, Perugia, Chiusi, Todi, Orvieto, Veio, Tarquinia, Fescênia, etc.), cidades muito civilizadas que tiveram grande influência sobre os Romanos. A Fescênia, próxima a Roma, ficou conhecida como um local de devassidão. Versos populares licenciosos, na época muito cultivados entre os romanos, ficaram conhecidos como versos fesceninos (obscenos). Os últimos três reis de Roma, antes da criação da república em 509 a.C., eram etruscos.

A sua língua, que utilizava um alfabeto semelhante ao grego, era diferente de todas as outras e ainda não foi decifrada, aparentemente não era aparentada com as línguas indo-européias. Sua fonética é completamente diferente da do grego ou do latim. O etrusco utilizava a variante calcídica do alfabeto grego, pelo qual pode ser lido sem dificuldade, embora não compreendido. Deste alfabeto grego básico, algumas das letras não eram utilizadas em etrusco e ademais acrescentavam um grafema para /f/ e a digamma grega utilizava-se para o fonema /v/ inexistente em grego.

As principais evidências da língua etrusca são epigráficas, que vão desde o século VII a.C. (diz-se que os etruscos começaram a escrever no século VII a.C., mas a sua gramática e seu vocabulário diferem de qualquer outro conhecido do mundo antigo) até princípios da era cristã. São conhecidas cerca de 10.000 destas inscrições, que são sobretudo breves e repetitivos epitáfios ou fórmulas votivas ou que assinalam o nome do proprietário de certos objetos. Além deste material, existem alguns outros testemunhos mais valiosos:

1. O Liber Linteus ou texto de Agram é o texto etrusco mais extenso com 281 linhas e mais de 1.300 palavras. Escrito num rolo de linho, posteriormente foi cortado a tiras e utilizado no Egito para envolver o cadáver mumificado de uma mulher nova; conserva-se atualmente no museu de Zagrebe (provavelmente quando isto sucedeu considerava-se que tinha mais valor o rolo de linho que o próprio texto, que paradoxalmente hoje é nosso melhor testemunho da língua; talvez se não tivesse sido conservado como envoltura nem sequer teria chegado até nós).

2. Alguns textos sobre materiais não perecíveis como uma tabela de argila encontrada perto de Cápua de cerca de 250 palavras, o cipo de Perugia (ver foto) escrito por duas caras e com 46 linhas e cerca de 125 palavras, um modelo de bronze de um fígado encontrado em Piacenza (cerca de 45 palavras).

3. Além destes testemunhos temos duas mais inscrições interessantíssimas: a primeira delas é a inscrição de Pyrgi, encontrada em 1964, sobre lâminas de ouro que apresenta a peculiaridade de ser um texto bilíngüe em etrusco e púnico-fenício e que ampliou consideravelmente nosso conhecimento da língua. A segunda das inscrições resulta algo intrigante, já que foi encontrada na ilha de Lenos (N. do mar Egeu, Grécia). Composta de 34 palavras, parece escrita num dialeto diferente dos encontrados na Itália, quer seja sintomático da presença de colônias etruscas em outros pontos do mediterrâneo, quer de uma língua irmã do etrusco, o lénio, embora se acredite que a presença de uma só inscrição não aclara grande coisa.

Seguramente a inscrição de Pyrgi é a única inscrição etrusca razoavelmente longa que podemos traduzir ou interpretar convenientemente graças a que o texto púnico, que parece ser uma tradução quase exata do texto etrusco, é perfeitamente traduzível. Quanto ao acesso às inscrições: a maioria de inscrições etruscas conhecidas e publicadas encontram-se recolhidas no corpus inscriptionum etruscarum (CIE).

Fenício

A Língua fenícia era falada originalmente na região do litoral do Mediterrâneo oriental conhecida como Fenícia pelos gregos e latinos, como Pūt pelos Egípcios antigos, como Canaan no próprio Fenício, em hebreu e em aramaico; é uma das Línguas semíticas Ocidentais, Centrais, do Noroeste, do subgrupo das Canaanitas; o Hebreu é, dentra as línguas vivas, a mais próxima ao fenício. A região onde se falava o fenício é aquela onde ficam hoje o Líbano, o litoral da Síria, o norte de Israel, Malta.

A Língua Fenícia foi sendo conhecida por inscrições encontradas no sarcófago de Ahiram (rei de Biblos), nos túmulos de Kilamuwa e de Yehawmilk em Biblos, também em notas ocasionais em obras escritas em outras línguas. Autores romanos como Salústio citam certos livros escritos em Púnico, mas nenhum dessas obras sobreviveu, exceto algumas poucas traduções (Ex, um tratado de Mago) ou em pequenos trechos (Ex. nas peças de Plauto). Na Estela Funerária dita de Melqart descoberta em 1694 havia inscrições em grego antigo e em Cartaginês (Púnica) e isso permitiu ao estudioso francês decifrar e reconstruir o alfabeto Cartaginês e as mais antigas inscrições conhecidas em Fenício vieram de Biblos e datam cerca de 1000 AC. Inscrições Púnicas e Fenícias foram encontradas no Líbano, Síria, Israel, Chipre, Sardenha, Tunísia, Marrocos, Argélia e até na Península Ibérica, até os primeiros séculos da Era Cristã.

Uma curiosidade para os Brasileiros que se relaciona com os fenícios é a Pedra da Gavea, no Rio de Janeiro. Entre os bairros da Barra da Tijuca e São Conrado, no Rio de Janeiro, e a 842 metros acima do nível do mar existe uma montanha com a face de um gigante desconhecido. Seu nome Gávea, remonta à época do descobrimento, quando os portugueses que aqui chegaram notaram que ela era um observatório perfeito das caravelas que chegavam. A face que vemos quando olhamos para ela parece uma figura esculpida e existem inscrições antigas em um de seus lados.

No século XIX algumas “marcas” na rocha chamaram a atenção do Imperador D. Pedro I, apesar de seu pai, D. João VI, rei de Portugal, já ter recebido um relatório de um padre falando sobre as marcas estranhas, as quais foram datadas de antes de 1500. Até 1839, pesquisas oficiais foram conduzidas e no dia 23 de março, em sua oitava seção extraordinária, o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil decidiu que a Pedra da Gávea deveria ser extensamente analisada, ordenando então o estudo do local e suas inscrições. Uma pequena comissão foi formada para estudar a rocha. 130 anos mais tarde o jornal O Globo questionou tal comissão, querendo saber se eles realmente escalaram a rocha, ou se simplesmente estudaram-na usando binóculos. O relatório fornecido pelo grupo de pesquisa diz que eles “viram as inscrições e também algumas depressões feitas pela natureza.” No entanto, qualquer um que veja estas marcas de perto irá concordar que nenhum fenômeno natural poderia ser responsável por elas.

Após o primeiro relatório, ninguém voltou a falar oficialmente sobre a Pedra até 1931, quando um grupo de excursionistas formou uma expedição para achar a tumba de um rei fenício que subiu ao trono em 856 a.C. Algumas escavações amadoras foram feitas sem sucesso. Dois anos depois, em 1933, um grupo de escaladas do Rio de Janeiro organizou uma expedição gigantesca com 85 membros, o qual teve a participação do professor Alfredo dos Anjos, um historiador que deu uma palestra “in loco” sobre a “Cabeça do Imperador” e suas origens.

Em 20 de janeiro de 1937, este mesmo clube organizou outra expedição, desta vez com um número ainda maior de participantes, com o objetivo de explorar a face e os olhos da cabeça até o topo, usando cordas. Esta foi a primeira vez que alguém explorava aquela parte da rocha depois dos fenícios, se a lenda está correta.

Segundo um artigo escrito em 1956, em 1946 o Centro de Excursionismo Brasileiro conquistou a orelha direita da cabeça, a qual está localizada a uma inclinação de 80 graus do chão e em lugar muito difícil de chegar. Qualquer erro e seria uma queda fatal de 20 metros de altura para todos os exploradores. Esta primeira escalada no lado oeste, apesar de quase vertical, foi feita virtualmente a “unha”. Ali, na orelha, há a entrada para uma gruta que leva a uma longa e estreita caverna interna que vai até ao outro lado da pedra.

Em 1972, escaladores da Equipe Neblina escalaram o “Paredão do Escaravelho” – a parede do lado leste da cabeça – e cruzaram com as inscrições que estão a 30 metros abaixo do topo, em lugar de acesso muito difícil. Apesar do Rio ter uma taxa anual de chuvas muito alta, as inscrições ainda conservavam-se quase intactas.

Em 1963 um arqueólogo e professor de habilidade científica chamado Bernardo A. Silva Ramos traduziu-as como:

LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT

Que lidas ao contrário:

TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL

Ou:

TIRO, FENÍCIA, BADEZIR PRIMOGÊNITO DE JETHBAAL

Além disso existem alguns outros fatos interessantes relacionados com a pedra:

– A grande cabeça com dois olhos (não muito profundos e sem ligação entre eles) e as orelhas;

– As enormes pedras no topo da cabeça a qual lembra um tipo de coroa ou adorno;

– Uma enorme cavidade na forma de um portal na parte nordeste da cabeça que tem 15 metros de altura e 7 metros de largura e 2 metros de profundidade;

– Um observatório na parte sudeste como um dolmen, contendo algumas marcas;

– Um ponto culminante como uma pequena pirâmide feita de um único bloco de pedra no topo da cabeça;

– As famosas e controversas inscrições no lado da rocha;

– Algumas outras inscrições lembrando cobras, raios-solares, etc, espalhados pelo topo da montanha;

– O local de um suposto nariz, que teria caído há muito tempo atrás

Roldão Pires Brandão, o presidente da Associação Brasileira de Espeleologia e Pesquisas Arqueológicas no Rio afirmou: “É uma esfinge gravada em granito pelos fenícios, a qual tem a face de um homem e o corpo de um animal deitado. A cauda deve ter caído por causa da ação do tempo. A rocha, vista de longe, tem a grandeza dos monumentos faraônicos e reproduz, em um de seus lados, a face severa de um patriarca”. (O GLOBO)

Hoje já se sabe que em 856 a.C., Badezir tomou o lugar de seu pai no trono real de Tiro, isso fez com que muitos acreditassem que a Pedra da Gávea poderia ser o túmulo deste rei.

Segundo consta, outros túmulos fenícios que foram encontrados em Niterói, Campos e Tijuca sugerem que esse povo realmente esteve aqui. Em uma ilha na costa do Estado da Paraíba, pedras ciclope e ruínas de um castelo antigo com quartos enormes e diversos corredores e passagens foi encontrado. De acordo com alguns especialistas, o castelo seria uma relíquia deixada pelos fenícios, apesar de haver pessoas que contextem essa teoria.

Alfabeto dos Gênios

Também conhecido como Alfabeto da Linguagem Celestial, Alfabeto dos Anjos ou Escrita Celestial.

Cada símbolo deste alfabeto está relacionado com um gênio específico. Os valores fonéticos de cada um deles é derivado do nome do gênio específico. Além disso cada um dos símbolos possui associação com os sinais utilizados na geomancia como vemos no gráfico abaixo:

os nomes dos símbolos são:

Agiel – Belah – Chemor – Din – Elim – Fabas – Graphiel – Hecadoth – Iah – Kne – Labed – Mehod – Nebak – Odonel – Paimel – Quedbaschemod – Relah – Schethalim – Tiriel – Vabam – Wasboga – Xoblah – Yshiel – Zelah

Gênio é a tradução usual em português para o termo árabe jinn, mas não é a forma aportuguesada da palavra árabe, como geralmente se pensa. A palavra em português vem do Latim genius, que significa uma espécie de espírito guardião ou tutelar do qual se pensava serem designados para cada pessoa quando do seu nascimento. A palavra latina tomou o lugar da palavra árabe, com a qual não está relacionada. O termo parece ter entrado em uso no português através das traduções francesas d’As Mil e Uma Noites, que usavam a palavra génie como tradução de jinni, visto que era similar ao termo árabe em som e significado, uso que acabou se estendendo também para o português.

Entre os arqueólogos lidando com antigas culturas do Oriente Médio, qualquer espírito mitológico inferior a um deus é freqüentemente referenciado como um “gênio”, especialmente quando descrevem relevos em pedra e outras formas de arte. Esta prática se inspira no sentido original do termo “gênio” como sendo simplesmente um espírito de algum tipo.

Fonte Grega

O alfabeto utilizado para escrever a língua grega teve o seu desenvolvimento por volta do século IX a.C. e é usado até os nossos dias. Anteriormente, o alfabeto grego foi escrito mediante um silabário, utilizado em Creta e zonas da Grécia continental como Micenas ou Pilos entre os séculos XVI a.C. e XII a.C. O Grego que reproduz parece uma versão primitiva dos dialectos Arcado-cipriota e Jónico-ático e é conhecido habitualmente como Micénico.

Crê-se que o alfabeto grego deriva duma variante do semítico, introduzido na Grécia por mercadores fenícios. Dado que o alfabeto semítico não necessita de notar as vogais, ao contrário da língua grega e outras da família indo-europeia, como o latim e em consequência o português, os gregos adaptaram alguns símbolos fenícios sem valor fonético em grego para representar as vogais. Este facto pode considerar-se fundamental e tornou possível a transcrição fonética satisfatória das línguas Europeias.

Por ter sido considerado durante séculos como uma língua culta muitos estudos filosóficos e mágicos foram feitos e registrados nesta língua, inclusive em séculos recentes como podemos ver em livros de Eliphas Levi, Francis Barret e outros.

Dentro da pasta de fontes gregas estamos disponibilizando também a fonte Apollonian, uma fonte baseada no grego que surgiu no período da baixa Idade Média e era tida pelos ocultistas como um alfabeto secreto criado por Apolônio de Tiana.

Fonte Hebraica

Enquanto o termo “hebreu”, refere-se a uma nacionalidade, ou seja especificamente aos antigos israelitas, a língua hebraica clássica, uma das mais antigas do mundo, pode ser considerada como abrangendo também os idiomas falados por povos vizinhos, como os fenícios e os cananeus. De facto, o hebraico e o moabita são considerados por muitos, dialectos da mesma língua.

O hebraico assemelha-se fortemente ao aramaico e, embora menos, ao árabe e seus diversos dialetos, partilhando muitas características linguísticas com eles.

O hebraico também mudou. A diferença entre o hebraico de hoje e o de três mil anos atrás é que o antigo era um abjad ou seja, não possuía vogais para formar sílabas. As vogais foram os sinais diacríticos inventados pelos rabinos para facilitar na pronúncia de textos muito antigos e posteriormente desativados, nos meios de comunicação atuais.

Não existe um estudioso ou praticante sério de magia que nunca tenha cruzado com o hebraico. Durante a idade média o estudo da cabala e o desenvolvimento mágico da cultura dos judeus influenciou praticamente todos os grandes magos dos quais já ouvimos falar. De livros que exaltam a grandiosidade de Deus a tratados que ensina a chamar demônios de forma que se manifestem e obedeçam ao operador o hebraico se tornou a base para a confecção de sêlos e sigilos mágicos, círculos de evocação, amuletos de proteção e muito mais.

É uma língua que se torna indispensável para o estudioso da magia medieval, da cabala e da demonologia. E com esta fonte se torna muito mais fácil se criar novos amuletos e sigilos sem a necessidade de um domínio completo da grafia original das letras.


Hieróglifos Egípcios

Hieróglifo ou Hieroglifo é cada um dos sinais da escrita de antigas civilizações, tais como os egípcios, os hititas, e os maias. Também se aplica, depreciativamente, a qualquer escrita de difícil interpretação, ou que seja enigmática. Originário duas palavras gregas: ἱερός (hierós) “sagrado”, e γλύφειν (glýphein) “escrita”. Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais “sagrados”.

A escrita hieroglífica constitui provavelmente o mais antigo sistema organizado de escrita no mundo e era vocacionada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos. Com o tempo evoluiu para formas mais simplificadas, como o hierático, uma variante mais cursiva que se podia pintar em papiros ou placas de barro e, ainda mais tarde, com a influência grega crescente no Oriente Próximo a escrita evoluiu para o demótico, fase em que os hieróglifos iniciais ficaram bastante estilizados havendo mesmo a inclusão de alguns sinais gregos na escrita.

Os hieróglifos foram usados durante um período de 3500 anos para escrever a antiga língua do povo egípcio. Existem inscrições desde antes de 3000 a.C. até 24 de Agosto de 394, data aparente da última inscrição hieroglífica, numa parede no templo de Ilha de Filae. Constituíam uma escrita monumental e religiosa, já que eram usados nas paredes dos templos, túmulos, etc. havendo poucas evidências de outras utilizações. Durante os mais de três milênios em que foram usados, os egípcios inventaram cerca de 6900 sinais. Um texto escrito nas épocas dinásticas não continha mais do que 700 sinais, mas no final desta civilização já eram usados milhares de hieróglifos, o que complicava muito a leitura, sendo isso mais um dos fatores que tornavam impraticável o seu uso e levaram ao seu desaparecimento.

O arquivo que estamos disponibilizando traz os hieróglifos do chamado “alfabeto” egípcio. São estes os sinais hieroglíficos que mantiveram o seu valor fonético praticamente inalterado durante mais de 3000 anos, desde os tempos pré-dinásticos até ao século 5 d.C.

Alfabeto Kemético

Kemet era o nome do antigo egito, (kṃt), ou “terra negra” (de kem, “negro”). Como vimos, as formas mais antigas de hieróglifos era pictogramas mas com o tempo eles evoluiram para um sistema escrito muito similar ao chines, onde cada caracter representava tanto sílabas quanto palavras.

E assim se desenvolveu um alfabeto que apesar de se manter sofisticado como os pictogramas anteriores – por exemplo a letra que significava boca podia ser seguida por um determinativo (um tipo especial de caracter que servia para indicar o sentido de letras individuais) que determinasse se a boca estava relacionada com o ato de comer ou de conversar.

Com o passar do tempo este alfabeto evoluiu ainda mais, onde cada simbolo se
torna uma letra que indicava o primeiro som da palavra e se cria um sistema que indicava se o símbolo deveria ser interpretado como uma palavra completa ou apenas como uma letra.

As fontes apresentadas aqui não são simples transcrições do alfabeto latino, algumas letras não possuiam relações com as nossas modernas algumas faltavam, outras eram adições, e o sistema numérico está mais próximo do romano do que do árabe. Aqui temos duas versões desta fonta a cursiva e uma com ângulos que era a forma como ela era gravada em pedra, metais ou madeira.

Malachim

Outra das escritas criadas por Agrippa. Ela foi derivada também dos alfabetos grego e hebraico e até hoje é usada, em certo grau, por maçons modernos. Esta versão foi feita em cima da que aparece no Biblioteca Magna Rabbinica de Bartolozzi editado em 1675.

Travessia do Rio

Mais uma fonte de Agripa, também conhecida como Passage de Fleuve. Este alfabeto foi derivado do alfabeto hebraico. Este alfabeto era usado para se escrever de forma que aquilo registrado não pudesse ser compreendido e também em sigios e selos mágicos.

Runas

As runas são um conjunto de alfabetos relacionados que usam letras características (também chamadas de runas) e eram usadas para escrever as línguas germânicas, principalmente na Escandinávia e nas ilhas Britânicas.

Em todas as suas variedades, as runas podem ser consideradas como uma antiga forma de escrita da Europa do Norte.

As inscrições rúnicas mais antigas datam de cerca do ano 150, e o alfabeto foi substituído pelo alfabeto latino com a cristianização, por volta do século VI na Europa central e no século XI na Escandinávia.

Elas também eram usadas como oráculos, ou Runemal como era chamada a esta arte pelos iniciados.

Contam as lendas vikings que os deuses moravam em Asgard, um lugar localizado no topo de Yggdrasil, a Árvore que sustenta os nove mundos. Nesta árvore, o deus Odin conheceu a sua maior provação e descobriu o mistério da sabedoria: as Runas. Alguns versos do Edda Maior, um livro de poemas compostos entre os séculos IX e XIII, cantam esta aventura de Odin em algumas de suas estrofes:

“Sei que fiquei pendurado naquela árvore fustigada pelo vento,
Lá balancei por nove longas noites,
Ferido por minha própria lâmina, sacrificado a Odin,
Eu em oferenda a mim mesmo:
Amarrado à árvore
De raízes desconhecidas.

Ninguém me deu pão,
Ninguém me deu de beber.

Meus olhos se voltaram para as mais entranháveis profundezas,
Até que vi as Runas.

Com um grito ensurdecedor peguei-as,
E, então, tão fraco estava que caí.

Ganhei bem-estar
E sabedoria também.

Uma palavra, e depois a seguinte,
conduziram-me à terceira,
De um feito para outro feito.”

Esta é a criação mítica das Runas, na qual o sacrifício de Odin (que logo depois foi ressucitado por magia) trouxe para a humanidade essa escrita alfabética antiga, cujas letras possuiam nomes significativos e sons também significativos, e que eram utilizadas na poesia, nas inscrições e nas adivinhações, mas que nunca chegaram a ser uma língua falada.

Graças a estas crenças as runas sempre tiveram um significado que ia além da simples função de uma letra ou um simples alfabeto. E aqui disponibilizamos alguns tipos diferentes de runas:

Runas Futhark

A forma rúnica mais antiga usada pelas tribos germânicas, ela aparece em inscrições em artefatos como jóias, amuletos, ferramentas, armas e pedras. Mais tarde foi simplificada na Escandinávia e depois alterada pelos anglo-saxões e Frisões, mas diferente dessas novas versões que permanece em uso até os dias de hoje, a sabedoria do Futhark antigo foi perdida e apenas em 1865 pode ser novamente decifrada pelo estudioso noruegues Sophus Bugge.

Runas Germânicas

Uma outra versão das Runas Futhark

Runas Inglesas

Conhecidas como Futhorc, a versão desenvolvida pelos anglo saxões das 24 runas Futhark originais, que continha entre 26 e 33 caracteres. Teve seu uso iniciado no século V.

Runas de Cthulhu

Contém três tipos diferentes de caracteres, os hieroglifosde Cthulhu, pictogramas que trazem símbolos que fazem parte do universo lovecraftiano. As Runas de Cthulhu, caracteres desenvolvidos com o mesmo princípio das runas. O afabeto de Nug-Soth, como mostrado no necronomicon.

Apesar de apenas o alfabeto de Nug-Soth ter um valor “histórico” por aparecer em uma das primeiras versões do Necronomicon, os outros dois alfabetos se tornaram populares entre alguns praticantes de magia negra e magia do caos e são muito utilizados em trabalhos que envolvam o Mito Lovecraftiano ou belíssimas reproduções de novas versões (ou versões antigas, como preferir) do tomo escrito por Abdul Al-Hazred.

Sânscrito

A língua sânscrita, ou simplesmente sânscrito, (संस्कृत; em devanāgarī, pronuncia-se saṃskṛta) é uma língua da Índia, com uso litúrgico no Hinduísmo, Budismo, Jainismo. O sânscrito faz parte do conjunto das 23 línguas oficiais da Índia.

Com relação à sua origem, a língua sânscrita é uma das línguas indo-européias, pertencendo, portanto, ao mesmo tronco lingüístico de grande parte dos idiomas falados na Europa. Um dos sistemas de escrita tradicionais do sânscrito é o devanāgarī, uma escrita silábica cujo nome é um composto nominal formado pelas palavras deva (“deus”, “sacerdote”) e nāgarī (“urbano(a)”), que significa “[escrita] urbana dos deuses”. O sânscrito foi registrado ao longo de sua história sob diversas escritas, visto que cada região da Índia possui uma escrita e uma tradição cultural particularmente diferenciada. A escrita devanágari (seu nome, em português, é acentuado como proparoxítona) acabou-se tornando a mais conhecida devido a ser a mais utilizada em edições impressas de textos originais.

É uma das línguas mais antigas da família Indo-Européia. Sua posição nas culturas do sul e sudeste asiático é comparável ao latim e o grego na Europa e foi uma proto-língua, pois influenciou diversas outras línguas modernas. Ela aparece em forma pré-clássica como o sânscrito védico, sendo o idioma do Rigveda o seu estado mais antigo preservado, desenvolvido em torno de 1500 a.C.[1]; de fato, o sânscrito rigvédico é uma das mais antigas línguas indo-iranianas registradas, e um dos membros mais antigos registrados da família de línguas indo-européias[2]. O sânscrito é também o ancestral das linguagens praticadas da Índia, como o Pali e a Ardhamgadhi. Pesquisadores descobriram e preservam mais documentos em sânscrito do que documentos em latim e grego. Os textos védicos foram escritos em uma forma de sânscrito.

Alfabeto Tebano

As origens do alfabeto Tebano se perderam há muito tempo, ele é conhecido como as Runas de Honório – já que muitos atribuem sua criação a Honório de Thebas, mas durante a idade média ficou conhecido também como o alfabeto das bruxas.

Este alfabeto é notável por não possuir nenhuma correspondência com o alfabeto latino, à excessão das letras j e u (ou I e V). Ele surgiu a primeira vez na publicação Polygraphia de Johannes Trithemius, de 1518. Enquanto Trithemius o atribuia a Honório, seu estudante mais conhecido, Agrippa, o atribuiu a Pietro d’Abano.

Hoje em dia este alfabeto é muito usado por praticantes de Wicca e outras formas mais antigas de paganismo. Alguns o chamam também de Escrita Angélica(l) e é usada também como forma de comunicação com anjos já que muitos crêem que caso se queira pedir algo para um anjo a chance de ser agraciado com um resultado positivo é muito maior caso se use esta escrita.

Alfabeto das Adagas

Este alfabeto é uma cifra baseada no alfabeto latino e é usado para propósitos mágicos, como desenvolver imagens, selos ou mesmo textos inteiros. Existem inclusive cartas como as de taro e peças como as de dominó que usam esses símbolos como formas divinatórias, ele aparece a primeira vez no livro A Visão e A Voz de Aleister Crowley.


BÔNUS

Além das fontes de símbolos, nós coletamos algumas fontes desenvolvidas pela Howard Philips Lovecraft Historical Society para fins mais lúdicos. Inspirada pelos contos do autor essas fontes reproduzem os meios de comunicação de época de forma extremamente fiel. Estas fontes podem ser usadas por pessoas que desejem dar uma aparência antiga e real para documentos, tratados e mesmo panfletos e livros.

HPLHS-OldStyle1, PLHS-OldStyle Italic, HPLHS-OldStyle Small Caps,  são fontes digitalizadas diretamente do catálogo Linotype da década de 1930.

HPLHS-Blackletter é uma fonte texturizada e irregular que simula uma letra escrita à mão inspirada no engravador frances Charles Demengeot. É o tipo de letra usada para se escrever tomos de ocultismo que parecem ter sido escritos por monges loucos.

HPLHS-WW2Blackletter foi baseada em documentos alemães reais da década de 1930. Existe em duas versões: uma com ornamentos e outra sem.

HPLHS-Telegram é uma réplica detalhada das fontes usadas em telegramas reais da Western Union nas décadas de 1920 e 1930.

HPLHS-Headline One é uma réplica das letras usadas em cabeçalhos de jornais da época.

HPLHS-Headline Two é uma adaptação mais rústica da fonte Erbar, usada nas máquinas de linotipo usadas para o corpo das notícias em jornais das décadas de 1920 e 1930.

HPLHS-SlabSerif é um alfabeto condensado baseado nas letras esculpidas em madeira, era muito usado em subtítulos em notícias de jornais, posteres de procurados e outras coisas do tipo.

NOTA

É importante notar que todas as fontes aqui apresentadas tem como o objetivo complementar trabalhos mágicos. Muitas delas faziam partes de sistemas que possuem uma gramática própria enquanto outras eram apenas transliterações. Caso você não tenha conhecimento dos sistemas em que elas são utilizadas elas ainda servem como curiosidade. Mas as fontes e caracteres por sí próprios não possuem muito valor, é necessario um estudo para saber como utilizá-los da maneira correta.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/alta-magia/arquivo-de-fontes-morte-subita-inc/

As Runas

A origem das Runas data de tempos imemoriais, oriundas do norte da Europa, muito antes do aparecimento do cristianismo. Os mestres rúnicos da antigüidade riscavam os seus símbolos sagrados em seixos ou em gravetos de uma árvore frutífera, utilizando até o próprio sangue para dar-lhes a força mágica espiritual que almejavam. As Runas não representam um simples alfabeto de uma escrita antiga, mas sim, cada letra é um símbolo sagrado e autônomo. Cada Runa representa um arcano ligado a entidades representativas de Deuses da mitologia nórdica. Os símbolos por sua vez, tem uma energia individual e uma vibração característica que se expressa na força específica de cada Runa.

O campo vibratório se altera na medida em que vários símbolos são conjugados para um trabalho em grupo. É essa força que estimula a intuição do “runamal” (cujo significado é a Runa falada ou os intérpretes que faziam as Runas falarem, o que recebiam esse cognome). Na antigüidade, o profundo conhecimento acumulado era transmitido de geração a geração a um círculo de homens sábios e mulheres de conhecimento que haviam sido iniciados para isso, mas mesmo assim, ele jamais foi monopolizado e concentrado na mão de um grupo restrito como freqüentemente acontece quando o poder é manipulado. Muitos mestres adicionavam novas revelações recebidas durante a convivência intensiva com o oráculo mantendo assim a chama das Runas acesa durante milênios. Mesmo no mundo material da atualidade, os símbolos rúnicos continuam vivos e alcançáveis por quem quer que se interesse por eles. O convívio estreito com o oráculo faz com que o “runamal” ou mesmo o próprio consulente, ganhe uma intuição quase infalível. Embora as Runas representem o oráculo europeu mais antigo não quer dizer que elas não se adaptem a jogos da modernidade. Elas funcionam em forma de baralho, ou em jogos eletrônicos, com a mesma presteza. A resposta do oráculo será tão precisa como seria se pintássemos os seus símbolos em seixos com o próprio sangue. Todavia, seja qual for o meio de adivinhação rúnica aplicada, sempre deverá ser precedido por um momento de introspeção e concentração para que a sintonia do interlocutor em relação ao campo rúnico possa se estabelecer e que a energia flua corretamente entre os dois pólos estabelecidos. A simbologia rúnica é o portal que se abre para nos conceder acesso ao subconsciente. A pergunta formulada pelo consulente deverá ser clara e objetiva, como : A QUESTÃO É O MEU CASAMENTO. – ou A QUESTÃO É A SAÚDE. etc. A resposta do oráculo sempre será uma revelação direta, porém envolta em sutilezas que farão com que o interlocutor se auto-analise e mergulhe no fundo de seu ser. A própria raiz da palavra Runa, o “ru”, em língua germânica arcaica, é sempre ligado a segredos e mistérios ou a algo muito confidencial. Runwita era um sábio ou conselheiro do rei, conhecedor de todos os “segredos”. Runa em alemão arcaico tem o mesmo significado que “raunen” em linguagem atual e quer dizer sussurrar ou confidenciar. O “roun” dos escoceses antigos e o “rún” da Islândia tem a mesma conotação, sempre associado a mistérios e segredos.

Na ocasião em que a atual Grã-Bretanha foi colonizada pelo anglo-saxãos, existiram alfabetos rúnicos com o número de símbolos diferenciados (28 letras e posteriormente 29.) Na região norte da Inglaterra, acima do rio Humber, um pouco mais tarde haviam 33 símbolos. – O verdadeiro alfabeto, que além de ser a base para as escritas nórdicas e teve seu uso em magias, rituais e oráculo é o F U TH A R K , composto de 24 símbolos, agrupados em 3 “aetts”, ou seja, conjuntos de 8 letras cada, lidas da direita para a esquerda.

O primeiro “aett” corresponde às Runas Fehu, Uruz, Thurisaz, Ansuz, Raido, Kano, Gebo e Wunjo e a sua regência é de Freyr e Freyja, divindades da fertilidade e da criatividade.

O 2º grupo de “aetts” é composto de Hagalaz, Nauthiz, Isa, Jera, Eihwaz, Perth, Algiz e Sowelu. regidas por Hemdal e Mordgud , respectivamente o Deus da proteção pessoal e a Deusa, guardiã das entradas para os mundos subterrâneos.

O 3º “aett”, tem a proteção do Deus Tyr e de sua companheira Zisa. São entidades guerreiras que em especial, resguardam a autodefesa do individuo. As Runas são: Teiwaz, Berkana, Ehwaz, Mannaz, Laguz, Inguz, Othila e Dagaz.

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Gigantes

Entre os pergaminhos de Qumran foram encontrados fragmentos de uma obra conhecida como “Livro dos Gigantes”, que seria uma espécie de comentário ou complemento ao Livro de Henoc. O Livro dos Gigantes conta que Semihazah, o líder dos Vigilantes, teve dois filhos de sua esposa humana chamados ‘Ohyah e Hahyah. Também Baraq’el, o nono vigilante chefe de dezena, foi pai de Mahawai. – Além destes, entre os nomes de gigantes citados entre os fragmentos do mar morto constam os “amigos” «Hobabes e ADK»
A Segunda versão Etíope narra que Asbeel «deu um conselho aos filhos dos Anjos, fazendo com que corrompessem os seus corpos com as filhas dos homens.» (I Enoch LXIX). Assim, seguindo o exemplo dos pais, também “se contaminaram, os Gigantes e os Nefilim”, tomando esposas para “engendraram filhos” mas logo não havia alimento suficiente para todos, o que causou um grande problema entre seus súditos: «Os gigantes (diziam) que não lhes bastava a eles e a seus filhos (o alimento oferecido) […] e pediam muito para comer»

«Hobabes e ADK (perguntavam…): Que me dará para matar?»

Por fim, desesperados de fome, e não podendo ser satisfeitos com o trabalho humano, os Gigantes começaram a destruir praticamente tudo que encontraram pela frente: «A impiedade foi grande, e eles erravam em todos os seus caminhos.» Um curioso fragmento, menciona esta passagem do ponto de vista do próprio ‘Ohyah: «E com o vigor de meu braço e com a força de meu poder […] (abati) toda carne, e fiz guerra com eles. Porem não […] encontrei apoio para fortalecer-me, pois meus acusadores […] habitam nos céus e vivem com os santos, e não (posso vencê-los) […] pois eles são mais poderosos que eu.». – Mais tarde, ‘Ohyah e Hahyah tiveram pesadelos, “e o sonho fugiu de seus olhos”: «Chegou o frêmito das feras selvagens, e gritaram um bramido selvagem […] Assim lhe falou ‘Ohyah: “Meu sonho me abateu. […] fugiu o sonho de meus olhos ao ver a visão”». Os irmãos levantaram-se e foram a Shemihaza, seu pai, e lhe contaram seus sonhos. Hahyah relatou:

«Vi em meu sonho desta noite […] jardineiros; estavam regando (uma árvore…) numerosas raízes saíam de seu tronco […] olhei até que se fecharam as fontes (… e esgotaram-se) todas as águas e o fogo ardeu em todo (o tronco…) Aqui se acaba o sonho.»; «Então ‘Ohyah, seu irmão, reconheceu e disse ante os gigantes: Também eu vi em meu sonho esta noite algo extraordinário: O Poder dos céus descia à terra […] aqui acaba o sonho. Então se assustaram todos os Gigantes, e os Nefilim e chamaram Mahawai e ele veio a eles.»

Os gigantes buscavam quem lhes explicasse o sonho. Por isso suplicaram a Mahawai e lhe enviaram até Henoc, o escriba distinto, e lhe disseram: “Escuta sua voz e diz-lhe que te explique e interprete o sonho” Entretanto, a explicação de Henoc anunciava-lhes punição e morte pela “violência feita aos homens”: «Então castigou e não a nós, (os justos), mas a Azazel», e também aprisionou e capturou «aos filhos dos Vigilantes, os Gigantes; e não serão perdoados nenhum de seus queridos.» Então eles «se prostraram e choraram ante Henoc» – Procurando manter a calma, ‘Ohyah disse a Mahawai: «E não trema. Quem te mostrou tudo?»; Disse Mahawai: «Baraq’el, meu pai, estava comigo.»; «Apenas havia acabado Mahawai de contar o que (… Henoc) lhe disse: “Eu ouvi maravilhas. Se uma estéril pode dar à luz (ainda havia uma chance deles serem perdoados)…”» Mahawai deixou «a terra e cruzou a Desolação, o grande deserto», Então viu Henoc, chamou-o e lhe disse: «”Pela Segunda vez eu te peço um oráculo […] a tuas palavras, junto com todos os Nefilim da terra”»; «”Que saibamos de ti sua explicação”.» – Henoc, o escriba distinto, fez cópias em duas pequenas tábuas das epístulas escrevendo «em uma o testemunho dos gigantes (a Semihaza e a todos os seus companheiros) e na outra [o testemunho dos santos]». Então levou as tábuas «com todas as suas petições, por suas almas, por todas e cada uma de suas obras e por todos o que pediam: que houvesse para eles perdão e longevidade.» Mas o perdão lhes foi negado. Disse Henoc:

«Sabei que não (serão perdoadas …) vossas obras e as de vossas mulheres»; «(Serão castigadas) elas e seus filhos e as mulheres de seus filhos (…) por vossa prostituição na terra.»; «E vos acusa a vós, pelas obras de vossos filhos (…) a corrupção com a qual tendes corrompido (…) até a vinda de Rafael. Eis que haverá destruição (…) Agora, pois, desligai vossas correntes (…) e rezai.» || «Que não haja paz para voz.»

Depois de repreender os Vigilantes e seus filhos, Henoc falou aos justos: «Palavras de bênção com as quais abençoou Henoc, varão justo a quem foi revelada uma visão do Santo e do céu, pronunciou seus oráculos dizendo: A visão do Santo do céu me foi revelada e ouvi todas as palavras dos Vigilantes e dos Santos e, porque o escutei deles, eu soube e compreendi tudo. Não falarei para esta geração mas para uma geração futura. Agora falo acerca dos eleitos, sobre eles pronuncio meu oráculo dizendo: Sairá o grande Santo de sua morada, e o Deus eterno descerá sobre a terra e irá ao monte Sinai e aparecerá com seu grande exército, e surgirá na força de seu poder do alto dos céus. Todos os Vigilantes tremerão e serão castigados em lugares secretos em todas as extremidades da terra; todas as extremidades da terra se fenderão e eles serão possuídos de tremor e medo até os confins da terra. Fender-se-ão e cairão e se dissolverão os altos e as altas montanhas serão rebaixadas…»

Por Shirley Massapust

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Postagem original feita no https://mortesubita.net/criptozoologia/gigantes/

Runas e Thelema – Germânia Gonçalves

Bate-Papo Mayhem 241 – gravado dia 09/10/2021 (Sabado) Marcelo Del Debbio bate papo com Germânia Gonçalves – Runas e Thelema

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

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Yesod – Bem-vindo ao Deserto do Real

Publicado no S&H dia 4/jun/2008,

Continuando nossa série sobre desmistificação de demônios, diabos, encostos e afins, precisamos neste momento ao mesmo tempo fazer uma parada e estabelecer uma conexão com a kabbalah. Sem explicar o que é o chamado “Plano Astral”, será muito difícil entrar em detalhes sobre como exatamente funciona a mecânica por trás dos Anjos, Demônios, Devas, Asuras, Elementais, Exus, Anjos Enochianos, Fantasmas e Gênios.
Da mesma maneira, estava devendo para vocês uma explicação gnóstica sobre o filme Matrix, então este período do tempo-espaço em relação à coluna me parece o ponto exato para comentar três coisas aparentemente distintas, mas ao mesmo tempo intrinsecamente conectadas: Yesod, o Plano Astral e Matrix.

Tome a pílula vermelha e siga o tio Marcelo para descobrir o quão funda é a Caverna de Platão.

Yesod
Para os que fizeram os exercícios do Sefira ha Omer já deve estar bastante clara qual é a função de Yesod dentro das emanações divinas. Yesod se situa abaixo de Tiferet e entre Netzach e Hod. É chamada de “Fundamento” ou “Fundação” e funciona como um reservatório onde todas as inteligências emanam seus atributos, que são misturados, equilibrados e preparados para a revelação material. É compilação das oito emanações e forma o Plano dos Pensamentos, Plano Astral, ou a Base da Realidade.
Malkuth é o plano físico puro, chamado de Plano Material, que nossos sentidos objetivos podem ver, ouvir, cheirar, tocar e provar, mas incapaz de perceber qualquer tipo de consciência além disto. Malkuth é o mundo criado das ilusões para nos manter em torpor ou, fazendo nossa comparação, Malkuth é a Matrix.

Em Malkuth vivem os adormecidos. Pessoas que acordam, tomam café, vão para suas baias em seus trabalhos, trabalham, almoçam, trabalham, vão para casa, jantam, assistem novela, assistem futebol, dormem e no dia seguinte acordam de novo… fazem isso durante a vida toda, aposentam-se e morrem, sem nunca terem realmente vivido. Suas almas estão presas em casulos sem imaginação, sugadas pelo sistema que mantém a ilusão funcionando, tal qual é retratado simbolicamente no filme.

Yesod representa os bastidores da realidade. O mundo real na qual são programados os acontecimentos que surgirão no mundo ilusório. Para fazer uma analogia, imaginemos que Malkuth seja um prédio comercial. Yesod será, então, toda a fundação: canos, fios, dutos de ar, fosso do elevador, esgotos, toda a parte elétrica e hidráulica que faz o prédio funcionar. Quando se aperta um interruptor na parede, a luz da sala acende. Os ignorantes chamam isso de “coincidência”, mas qualquer pessoa que tenha um conhecimento maior de ciência sabe que, por trás daquele interruptor correm fios elétricos escondidos na Fundação e que, quando se aperta um botão neste interruptor, uma série de conexões simples são acionadas, fazendo com que a eletricidade chegue até a lâmpada, acendendo-a.
Magia é compreender como os condutores de energia da realidade material funcionam e apertar os botões certos para que as lâmpadas certas se iluminem.

Yesod representa a Intuição; o sexto sentido; o despertar. Infelizmente, assim como Morpheus diz a Neo no começo do filme, ninguém vai conseguir explicar para você o que é o Plano Astral. Você precisa ter esta experiência sozinho para compreender. E a maioria das pessoas passa sua vida toda como gado, inconscientes da realidade ao seu redor, como baterias inertes de um sistema controlado por egrégoras que mantém as pessoas ocupadas demais rezando para deuses externos, com medo de falsos diabos e trabalhando como escravas para mantê-las no poder. As famosas “otoridades”. No filme, são representadas pelos Agentes da Matrix.

Uma das melhores cenas do filme ocorre logo no começo, quando Thomas (Tomé, escritor do principal livro apócrifo) Anderson (Andras [homem]+Son [filho], ou seja, “Filho do Homem”, em uma analogia a Jesus/Yeshua) está dormindo diante da tela e aparece o texto “Acorde, Neo”. Esta cena resume a fagulha que vai despertar dentro de cada um de nós em direção ao Cristo; a Princesa dos contos de fada; a espada presa dentro da pedra, a Branca de Neve adormecida em um caixão de vidro.
Minutos após despertar, um hacker diz a ele “você é meu salvador… meu Jesus Cristo”. Simbolicamente, isto representa que mesmo esta pequena fagulha de controle sobre a realidade é suficiente para despertar seguidores, de tão perdidas que as pessoas estão.
As referências ao caminho do Sábio na Kabbalah continuam: quando Neo chega a nave (que tem o Nome de Nabucodonosor, o rei da Babilônia que no Livro de Daniel teve um enigmático sonho que precisa ser interpretado) cujo número de série é “MARK III NR. 11” (Marcos, Capítulo 3, versículo 11: “E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus”). Neo passa pela morte e ressurreição e finalmente, no final do filme, chega a Tiferet, “o escolhido”.

Para os gnósticos, o Deus Supremo (Keter) é totalmente perfeito, e, por isso, estranho e misterioso, “inefável”, “inalcançável”, “imensurável luz, pura, santa e imaculada”(Apócrifo de João). Para este Deus existem outros seres menos divinos no Pleroma (similar ao Paraíso, uma divisão desse universo que não é a Terra), que é dotado de um sexo metafórico masculino (Hochma) ou feminino (Binah).
Pares desses seres são capazes de produzir descendência, que são, eles mesmos, emanações divinas perfeitas em si mesmas (a analogia no filme é a criação de múltiplas matrix pelos computadores). O problema surge quando um EON ou Ser chamado SOPHIA (Sabedoria em grego, representado no filme pela Oráculo), uma mulher, decide “levar adiante sua semelhança sem o consentimento do Espírito” – que gera uma descendência sem sua consorte (Apócrifo de João).

A antiga visão era a de que as mulheres oferecem a matéria na reprodução, e os homens, a forma. Por isso, o ato de Sophia produz uma descendência que é imperfeita ou até mesmo mal formada, e ela a afasta dos outros seres divinos do Pleroma, levando-a para outra região isolada do cosmos. Essas deformadas e ignorantes deidades, as vezes denominadas DEMIURGOS (o Arquiteto, no filme), que equivocadamente acreditam ser o único Deus.

Os gnósticos identificam o Demiurgo como o Deus Criador psicopata do Antigo Testamento, o qual decide criar os Arcontes (Anjos), o mundo material (Malkuth/Terra) e os seres humanos. Embora as tradições variem, o Demiurgo normalmente é enganado dentro do alento divino ou espírito de sua mãe Sophia que antigamente vivia nele, dentro do ser humano (especialmente Apócrifo de João, ecos do Gênese 2-3).
Para os gnósticos, somos pérolas no lodo, espíritos divinos (bom) aprisionados num corpo material (mau) e num mundo material (mau). O Paraíso é nosso verdadeiro lar, mas estamos exilados do Pleroma.
Felizmente, para o Gnóstico a salvação está disponível na forma de Gnose ou Conhecimento, dado pelo Redentor Gnóstico, que é o Cristo, a figura enviado pelo Altíssimo para libertar a espécie humana do Demiurgo, tal qual Neo é o “escolhido” para libertar as pessoas do jugo do Arquiteto.

Quando Neo é desconectado e desperta pela primeira vez em Nabucodonosor, em meio a um brilhante espaço branco iluminado (linguagem cinematográfica para indicar o despertar), seus olhos ardem, conforme explica Morpheus, porque ele nunca os havia usado antes. Tudo que Neo havia visto até aquele ponto o foi através do olho da mente, como num sonho, criado através de um software de simulação. Tal como um antigo Gnóstico, Morpheus explica que a respiração (prana, chi-kung, tai-chi, reiki) conduz Neo pelo programa de treinamento de artes marciais e que não há nada a fazer com seu corpo, a velocidade ou sua força, os quais são todos ilusórios. Mais ainda, eles dependem unicamente de sua mente, que é real.

Ainda outro paralelo com o Gnosticismo, ocorre na figura dos Agentes, como o Agente Smith e seu opositor, o equivalente gnóstico de Neo e todos os demais que tentam sair de MATRIX. A IA criou esses programas artificiais para funcionarem como “porteiros” – os Guardas das portas – que possuem todas as chaves. “Esses Agentes são parentes dos ciumentos Arcontes criados pelo Demiurgo para bloquearem a ascensão do Gnóstico quando tentam deixar o mundo material. Eles defendem as portas em sucessivos níveis ao paraíso (e.g. Apocalipse de Paulo, Divina Comédia de Dante, textos Babilônicos narrando os sete infernos, a estrela setenária dos alquimistas e assim por diante).

Sobre a questão do Samsara, até mesmo o título do filme evoca a visão budista de mundo. MATRIX é descrita por Morpheus como “uma prisão para a mente”. É uma “construção” dependente feita de projeções digitais interconectadas de bilhões de seres humanos (egrégoras) que desconhecem a natureza ilusória da realidade na qual vivem, e são completamente dependentes do “hardware” implantado em seus corpos reais e dos programas (softwares/mapas astrais) elaborados (para fazer a máquina funcionar), criados pelo Demiurgo. Essa “construção” é parecida com a idéia budista do SAMSARA, a qual ensina que o mundo, no qual vivemos nossas vidas diárias, é feito unicamente de percepções sensoriais formuladas por nossos próprios desejos.
O problema, então, pode ser examinado em termos budistas. Os humanos são aprisionados no ciclo da ilusão (Maya), e sua ignorância acerca do ciclo os mantém atados a ele, totalmente dependentes de suas próprias interações com o programa e com as ilusões da experiência sensorial que ele provê, bem como das projeções sensoriais dos demais. Essas projeções são consolidadas pelos enormes desejos humanos de acreditarem que o que eles percebem como real é real de fato (para eles). É o mundo dos materialistas, ateus e céticos.
Este desejo é tão forte que derruba Cypher, que não pode mais tolerar o “deserto do real”, e procura uma maneira de ser reinserido na Matrix. Tal como combina com o Agente Smith num restaurante fino, fumando um charuto com um copo grande de brandy, Cypher diz: “Eu sei que este bife não existe; eu sei que quando eu o levo a minha boca Matrix está dizendo ao meu cérebro que ele é suculento e delicioso. Depois de 9 anos você sabe o que está mais claro para mim? Que a ignorância é a felicidade!” (Ignorance is Bliss).
A contrapartida é a vida monástica dentro da nave: comem uma gororoba vegetariana, vestem-se com trapos, não possuem bens materiais e treinam um kung fu que beira o sobrenatural. Possuem a humildade de quem já se despojou dos bens materiais, tal qual os monges do monastério de Shaolin.
Em determinada parte do filme, Morpheus diz a Neo, “há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho”. E como Buda ensinou aos seus seguidores, “vocês, por vocês mesmos, devem fazer o esforço; só os Despertos são Mestres”.
Para quem já está no Caminho da Iluminação, Morpheus é somente um Guia. Em última instância, Neo precisará reconhecer a Verdade por ele mesmo.

Reinos Subterrâneos
Na Antiguidade, o estado de consciência de Yesod era representado por Hades, o Reino Subterrâneo. Como tal, podia ser acessado apenas pelos seres chamados Psychopompos (“Condutores das Almas”), que eram apenas cinco: Hermes, Hecate, Caronte, Morpheus e Thanatos. Cada um deles descreve exatamente os estados de consciência que habitam o Plano Astral.

Comecemos por Morpheus, o senhor dos sonhos e o nome do Personagem de Lawrence Fishburn como condutor de Neo (que representa nossa consciência crística que deve ser trabalhada até nos tornarmos “o Escolhido”). Morpheus é o senhor dos sonhos, indicando que uma das maneiras de acessarmos o Plano Astral é durante o sono, quando conseguimos atingir os estados de ondas teta e alfa, necessários para atingirmos a chamada superconsciência (ou meditação profunda, ou transe, dependendo para quem você pergunta). Anote ai no seu caderno: Sonhos.

A segunda Psychopompos é chamada de Hecate, deusa dos Templos Lunares. Ela representa os aspectos da consciência atingidos através do Ajna Chakra (o sexto chakra). Hecate representa as danças sagradas, o sexo mágico, o tantra, o despertar da kundalini, os oráculos (tarot, runas…) e todos os Templos que lidam com a energia lunar/feminina dentro da magia. Hecate também é conhecida como a “Deusa Tríplice” (Trinity).
Anote ai no seu caderno: Oráculos e Magia Sexual.

O terceiro deus condutor de almas é Caronte. Caronte é o barqueiro que conduz os viajantes até os Reinos de Hades. A lenda de Caronte deriva das histórias do Barco de Ísis e das antigas iniciações egípcias onde os sacerdotes e iniciados eram colocados em transe nas pirâmides e tinham sua alma liberta do corpo para que vissem a si mesmos deitados aos pés dos outros sacerdotes e tomassem consciência de que eram espíritos habitando temporariamente um corpo físico. Quando fazemos Viagens Astrais induzidas, a sensação de se desligar do corpo no momento em que saímos do Plano Material é muito semelhante ao deslizar que sentimos quando estamos dentro de um barco. Desta maneira, Caronte representa as Viagens Astrais Conscientes. Tanto a lenda de Orfeu quanto a de Hércules (e também Dionísio, Psique e Enéias) representam iniciados em cultos Dionísicos e o despertar da consciência. Os Barcos Espirituais (tanto de Caronte quanto de Ísis) estão representados na forma dos Hovercrafts. Anote no caderno: Viagens Astrais Conscientes.

Hermes representa o Templo Solar, a magia atuando sobre a Luz Astral. Hermes representa o mensageiro dos Deuses, aquele que domina o caduceu (kundalini) e trabalha com a imaginação de maneira racional. Ele representa os grandes magos e conjuradores, os grimórios que lidam com a conjuração de espíritos, o contato consciente entre os que estão no Plano Material e os que estão no Plano Astral. Assim como Salomão, Eliphas Levi e Crowley, Hermes representa todos os iniciados e médiuns capazes de estabelecer contatos entre o Plano Material e o Plano Espiritual.
Como veremos na próxima coluna, o Caduceu e os Chakras representam a porta de entrada e o controle sobre as energias que atuam sobre Yesod e o Plano Astral. Hermes aparece no filme Matrix na forma de “Mercúrio”, como o espelho que engloba Neo e o guia através da jornada que fará o despertar final.
Anote no seu caderno: Mediunidade, Imaginação e Vontade atuando sobre a Luz Astral.

Por fim, temos Thanatos, deus da morte. Irmão de Hypnos (o sono), Thanatos representava a morte e os espíritos dos mortos, que eram transportados por ele até o Reino Subterrâneo. O Reino dos Mortos. Thanatos está representado na máquina que descarta Neo nos esgotos assim que ele desperta e Thanatos o reconhece como não pertencente àquele local. Anote ai como o quinto item: Espíritos dos Mortos.

A partir destas alegorias, podemos compreender que o Plano Astral é habitado por diversas criaturas, objetos, egrégoras, seres e entidades que possuem uma complexa e intrincada estrutura de organização, a partir das quais explicaremos todas as lendas, contos e bases de muitas religiões e filosofias espiritualistas.

Homens e Espíritos
Começaremos nossa jornada da comunicação entre homens e espíritos pelo Xamanismo. Há mais de 40.000 anos as tribos mais antigas conseguiam entrar em contato com o Mundo Astral de diversas maneiras. Seus sacerdotes comunicavam-se com os espíritos dos antepassados em busca de conselhos e indicações enquanto dormiam ou durante rituais envolvendo ervas capazes de alterar o estado de consciência dos participantes no ritual. Os xamãs também eram capazes de entrar em contato com o Reino Espiritual através de oráculos e rituais de conjuração de seres que eles chamam de Elementais.
Nas religiões Aborígenes (Austrália) e Tribais (Africanas), os nativos possuem o mesmo nome para designar o “Reino dos Sonhos” e o “Reino dos Mortos”. Nestas religiões, os deuses e os espíritos iluminados conseguem se comunicar com os sacerdotes através da mediunidade deles (fazendo conexões entre seu corpo astral e os chakras dos médiuns, os espíritos conseguem agir através do corpo de um médium). Além dos espíritos, outras entidades astrais (chamadas de Devas pelos hindus, Orixás pelos africanos e Elementais pelos celtas) também são capazes de incorporar um médium capaz de recebê-los.
Na Babilônia, os cultos a Astarte envolviam danças sagradas, sexo sagrado e contato com os mortos através dos oráculos.
Entre os hindus, o tantra fazia a ponte entre o despertar da kundalini e a iluminação do ser humano através do sexo sagrado. Com a abertura e desenvolvimento dos chakras, os praticantes tornavam-se canais poderosos de conexão com o cósmico, despertando habilidades consideradas sobrehumanas.
Os Egípcios conheciam como ninguém os desdobramentos astrais, potencialidades dos chakras, telepatia e diversas outras habilidades que são preservadas até os dias de hoje dentro das Ordens Iniciáticas como a Rosacruz, Templários e Maçonaria.
Entre os gregos, as sacerdotisas de Hecate também eram conhecidas pelo nome de Ptionísia ou Oráculo (mais uma conexão com o filme Matrix) e conseguiam estabelecer um contato entre os vivos e os mortos para obter conselhos e previsões.
Do ponto de vista ocultista, praticamente não há diferença entre um oráculo grego da antiguidade e um centro espírita Kardecista, salvo pela ritualística. Os princípios e os mecanismos envolvidos são rigorosamente os mesmos.
O rei Salomão utiliza seu conhecimento sobre o astral para deixar um dos maiores legados ocultistas, o Ars Goetia, ou os 72 espíritos (falarei sobre eles mais adiante, quando retornarmos aos trilhos dos posts sobre demônios). Chamavam estes conhecimentos de Arte Real. Paralelamente, temos os judeus e seu vasto estudo sobre a kabbalah e os 72 nomes de Deus (chamados vulgarmente de “anjos cabalísticos”). Salomão compartilha estes conhecimentos com a rainha de Sheba, que os leva para os Reinos africanos e mistura este conhecimento com as religiões tribais, dando origem aos cultos africanos que muitos séculos mais tarde dariam origem indireta ao Candomblé, Umbanda, Santeria, Vodu e Quimbanda. (explicarei em detalhes cada um deles em posts futuros).

Da Grécia, os oráculos chegavam até praticamente todos os pontos do mundo conhecido. Rituais de magia que lidavam com o astral são descritos em diversos poemas e praticados por comandantes, soldados e sacerdotes iniciados.
Dos romanos e dos celtas, este conhecimento também chegou até a Europa, onde as bruxas utilizavam-se deste contato para conversar com os antepassados, conjurar elementais e adquirir conhecimento e iluminação. As belíssimas obras de arte deixadas por todos estes povos são um retrato claro da interação entre vivos e mortos, espíritos e sonhadores, deuses e mortais.
Os nórdicos possuíam lendas a respeito das Valkírias, dos Einherjar, das runas e de toda a estrutura de contato entre os vivos e os mortos. Suas lendas refletem um profundo conhecimento dos iniciados a respeito da Árvore da Vida. Um dos cursos que mais gosto de ministrar é justamente o de runas, pois cada uma das 24 pedras do Oráculo encerra uma lenda rica e profunda; desde a famosa “Ponte do arco Íris”, guardada por Heimdall, que representa o caminho de Tav na Árvore da Vida, até a própria estrutura da origem das runas, provenientes do sacrifício de Odin durante nove dias (nove esferas fora do mundo material na Kabbalah).

Semana que vem: Vampiros, Encostos, Espíritos do Mal e Poltergeists.

#Kabbalah

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