A Magia das Sobras Apodrecidas (e Outros Tesouros na Minha Cozinha)

Por Jason Mankey

Fiquei com medo de abrir o recipiente porque o reconheci. “Essa é a coisa que eu coloquei na geladeira seis meses atrás: eu murmurei para mim mesmo. Limpar a geladeira nunca é divertido, mas é sempre um pouco pior quando você percebe que sua negligência resultou em um experimento científico. respirei fundo e tirei a tampa do recipiente, sim, as sobras de taco daquele jantar em setembro estavam agora embaçadas e com uma variedade de cores diferentes.

“Podre, nojento e repugnante!” Eu pensei, e é difícil imaginar alguém discordando de mim. Comecei a levar o recipiente mofado até a composteira da cozinha, quando um pensamento de repente me ocorreu. “Podre, nojento, nojento… assim como aquele cara nas redes sociais que eu gostaria que me deixasse em paz.” Coloquei a tampa de volta no recipiente e corri para pegar uma caneta e um pedaço de papel.

Com um olhar de alegria no rosto, escrevi o nome do meu atormentador online no pedaço de papel, junto com as frases “vá embora” e “deixe-me em paz”. A energia pulsava e irradiava através de mim enquanto eu escrevia as palavras; minha caneta de repente parecia mais uma varinha do que um instrumento de escrita. Satisfeito com a brevidade de minhas palavras e sua intenção, tirei a tampa do meu recipiente mais uma vez e enfiei meu pedaço de papel na bagunça mofada na minha frente. Enquanto eu empurrava meu pedaço de papel no molde, eu disse: “Que sua negatividade e indelicadeza sejam engolidas e comidas! Eu confio suas palavras e ações a este lugar mofado onde elas não machucarão ninguém e desaparecerão! Assim seja! ”

O fedor de feijões fritos podres agora era demais para ser descoberto, coloquei a tampa de volta no recipiente e lavei bem as mãos. Esfregado e a salvo dos germes desconhecidos que acabara de encontrar, coloquei meu recipiente de sobras podres de volta em seu local original na geladeira. Enquanto eu colocava meu recipiente mofado atrás de um pote de molho de maçã, adicionei um pouco de força extra ao meu feitiço: “Eu te mando para este lugar escuro e frio onde você será esquecido, incapaz de me machucar ou de qualquer outra pessoa.” Então fechei prontamente a porta da geladeira e nos dias seguintes esqueci meu feitiço de sobras podres – mas meu feitiço não se esqueceu de mim.

Nas semanas seguintes, notei algo diferente online: estava quieto, muito quieto. A pessoa que tinha a intenção de me caluniar parou de comentar sobre minha vida completamente. Não tenho certeza se liguei os pontos que levam do meu feitiço de volta ao meu conhecido menos que gentil imediatamente, mas descobri na próxima vez que limpei a geladeira. Houve o gemido inicial ao avistar os restos apodrecidos de conserto de taco, e então um sorriso feliz quando encontrei meu pedaço de papel de feitiço apodrecendo e quase irreconhecível. Minha magia pode ter sido um pouco não convencional, mas funcionou! E desta vez joguei fora minhas sobras de oito meses como um adulto responsável.

Quando as Bruxas imaginam magia, muitas vezes imaginam feitiços lançados à luz de velas, talvez cercados por jarros bem organizados cheios de ervas secas. Mas para a maioria de nós, a magia é muito mais confusa do que isso. Um dos truques raramente articulados nos livros de bruxas é que a magia está em toda parte, especialmente na cozinha! Agora, você não precisa usar sobras podres para o seu trabalho mágico se isso te enoja (embora eu jure por sua eficácia), existem muitas outras coisas tão úteis (e geralmente muito menos nojentas).

Um dos lugares mais mágicos na casa da minha esposa e da minha é a nossa prateleira de temperos. É um lugar que vou com frequência enquanto cozinho, mas também é um lugar que vou quando há um pouco de magia que precisa ser feita. Existem dezenas (possivelmente centenas?) de livros de feitiços que lhe dirão o que manjericão e orégano podem fazer por você magicamente, mas o que eu mais amo na magia da prateleira de especiarias é que eu conheço as especiarias por dentro e por fora. Não há necessidade de consultar um livro ou procurar algo online; Eu simplesmente uso os temperos magicamente como faria ao cozinhar.

Quer adicionar um pouco de calor à sua vida amorosa? Adicione um pouco de pimenta caiena ao sachê em que você está trabalhando. Associo o cheiro de alecrim com segurança, e é por isso que o espalho nas janelas e portas da minha casa. Por causa da frase “Abra-te Sésamo (em inglês: Open sesame. Sesame é o nome em inglês para gergelim)”, eu uso sementes de gergelim ao realizar feitiços para novos começos. As ervas que usamos na prateleira de temperos nem sempre precisam ser nossas favoritas. Quer se conectar com um ente querido perdido? Polvilhe um pouco de seu tempero favorito em seu altar no Samhain e peça para fazer uma visita.

A prateleira de especiarias é o local mais óbvio para as bruxas, possivelmente porque uma coleção de especiarias em uma prateleira se assemelha a uma coleção de ervas de bruxa, mas tudo em sua cozinha é um jogo justo para a magia. O local mais sagrado (ou pelo menos mais importante pela manhã) em nossa casa é a cafeteira, com sua coleção de chás e café integral por perto. Precisa que sua magia funcione rapidamente? Adicione alguns grãos de café (ou café coado) ao que você estiver trabalhando; a cafeína funciona em um nível mundano e mágico!

Os chás nos permitem ingerir fácil e rapidamente os poderes mágicos de uma variedade de ervas. Eu não cozinho com lavanda, mas valorizo ​​a lavanda por suas propriedades de limpeza. Quando preciso me livrar de alguma negatividade interna, preparo um bule de chá com infusão de lavanda e deixo agir. Você nem precisa beber chá para usá-lo em sua magia. Quando eu precisar desacelerar as coisas, anoto as coisas que preciso de mais tempo para terminar, coloco essa nota em um cálice favorito e, em seguida, despejo um pouco de chá de camomila sobre ele. A camomila me deixa sonolento e, depois de beber, sinto que tudo está se movendo em câmera lenta.

Precisa entregar um pouco de retorno a alguém que o prejudicou? Imprima uma foto do ofensor e pique sua foto junto com algumas cebolas. As cebolas devem fazer o foco do seu feitiço parecer choroso e com remorso por suas más ações. Quando terminar de cortar as fotos e as cebolas, deposite o que sobrou delas na lata de lixo ou na pilha de compostagem – fora da vista e da mente! As latas de lixo são ótimas não apenas para tirar o lixo mundano, mas também o lixo mágico!

O céu é o limite quando se trata de magia na sua cozinha. E a melhor parte dos alimentos e ervas em sua cozinha é que você já está familiarizado com eles. Qualquer coisa que você comer ou cozinhar pode ser usada para lançar um feitiço ou dois, até mesmo a bagunça podre que você deixou em sua cozinha todos aqueles meses atrás.

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Fonte:

The Magick of Rotting Leftovers (And Other Treasures in My Kitchen), by Jason Mankey.

https://www.llewellyn.com/journal/article/3003

COPYRIGHT (2022) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-magia-das-sobras-apodrecidas-e-outros-tesouros-na-minha-cozinha/

Características Vampíricas

Na Europa , a bruxaria e o vampirismo têm uma história entrelaçada desde os tempos remotos. Muitos vampiros apareceram primeiramente entre os seres demoníacos das religiões pagãs politeístas. Estavam incluídas aqui entidades como o lamiai grego e os sete espíritos malignos da mitologia assírio-babilônica. Com o crescimento do cristianismo, houve uma tendência de afastar as religiões pagãs e denunciar quaisquer alegações feitas pelos crentes pagãos. De um modo geral, o cristianismo pressupôs que as divindades pagãs eram irreais, que não existiam. Típico da posição da Igreja nesse sentido foi o relato do encontro do apóstolo Paulo com os filósofos gregos no Areópago, relatado em Atos dos Apóstolos 17: 16-34, no qual Paulo comparou o único Deus com os deuses representados pelas estátuas.

Os seguidores das religiões pagãs tinham uma série de nomes e termos que na língua portuguesa significam bruxa ou feiticeira. À medida que as religiões pagãs foram afastadas, assim também o foram, até certo ponto, as bruxas e as feiticeiras. A Igreja as via como adoradoras de divindades imaginárias.

A magia foi crucial para a crescente atitude concernente às religiões pagãs. A magia, ou a habilidade de causar mudanças pela invocação de seres sobrenaturais através de poderes sobrenaturais, era quase que aceita universalmente como real. As pessoas, incluindo os líderes religiosos, acreditavam que feitos maravilhosos eram possíveis ou pelo poder do Espírito Santo ou recorrendo-se a forças sobrenaturais ilegítimas. As bruxas, as praticantes pagãs, tinham a habilidade de realizar mágicas fora do alcance das pessoas normais. Entre essas havia muita coisa que até no paganismo eram consideradas malignas. Precisa ser lembrado que muitas das entidades pagãs existiam como uma explicação da maldade e da injustiça na vida da pessoa. Com a marginalização das bruxas e a destruição dos sistemas pagãos, as funções malignas das velhas entidades tenderam a ser transferidas para as bruxas. Assim, surgiu a strega na Roma antiga. A strega, ou bruxa, era inicialmente conhecida como strix, um demônio voador noturno que atacava recém-nascidos e matava-os sugando-lhe o sangue. Durante um certo tempo o strix era identificado como um indivíduo que tinha o poder de transformação para a forma de diversos animais, incluindo corujas e corvos, e nesse disfarce atacavam recém-nascidos. O strix se tornou, então, a strega da Itália medieval e os strigoi da Romênia.

No decorrer do primeiro milênio da era cristã a Igreja reteve seu conceito de que a bruxaria era imaginária. Ilustrando essa crença havia um documento, chamado Canon Episcopi. O Canon atribuía a crença pagã ao diabo, enfatizando que a finalidade deste era apresentar ao mundo imaginário do paganismo os seguidores da deusa Diana. A bruxaria era uma ilusão, portanto aqueles que:

“…acreditavam que qualquer coisa pode ser feita, ou que qualquer criatura pode, para melhor ou para pior, ser transformada em outra espécie ou similitude, exceto o próprio Criador que fez todas as coisas e através de quem todas são feitas, está além de qualquer infiel.” (citado em Russell)

A Igreja tinha uma atitude similar com os vampiros. Tinha descoberto a crença nos vampiros através de culturas anteriores e também tinha pressuposto que não era verdade. Essa perspectiva foi ilustrada em dois documentos legais, um do leste e outro do Ocidente. A primeira era um mandato autoritário que entrou em vigor no leste durante a Idade Média. Dizia o seguinte:

“É impossível que um homem se torne um vrykolakas (vampiro) a menos que seja pelo poder do Diabo que desejando escarnecer e enganar aqueles que incorreram na ira do Céu cause essas maravilhas escuras e tão freqüentemente à noite atira seu feitiço pelo que os homens imaginaram que os mortos, que conheciam anteriormente, aparecem e mantêm conversa com eles e que em seus sonhos também têm estranhas visões. Outras vezes poderão vê-lo na estrada, sim, na auto-estrada andando para lá e para cá ou permanecendo imóveis e mais ainda, que dizem ter estrangulado homens ou que os mataram. Imediatamente há problemas tristes e toda a vila está em pé de guerra e em distúrbio, de modo que correm para os túmulos desenterram o corpo de um homem (…) e o morto – aquele que está morto e enterrado a tanto tempo – aparece para eles como tendo carnes e sangue (…) para que possam juntar uma imensa pilha de gravetos e atear fogo a este corpo colocando-o sobre as chamas para que possam queimá-lo e destruí-lo por inteiro.” (citado por Summers)
Da mesma forma, em meados do século VIII, uma lei saxônia decretou a crença no strix (bruxas vampiras).

Posteriormente nesse século o decreto foi reforçado por uma lei estabelecendo a pena de morte para qualquer um que manifestasse crença no strix e qualquer um que, em virtude dessa crença, atacasse um indivíduo que se acreditasse ser um strix e que machucasse (atacasse, queimasse e/ou canibalizasse) esse indivíduo. Um debate legal surgiu no século XI na Hungria quando o Rei Stephen (997-1038) passou uma lei contra os strigae que andassem à noite e que fornicassem. Um de seus sucessores, o Rei Colomem (1077-1095) eliminou as leis dos livros baseados na noção de que coisas como os strigae existiam.

Fonte: O Livro dos Vampiros

Por Ernesto Nogueira, colaboraçao: cosmic girl

Postagem original feita no https://mortesubita.net/vampirismo-e-licantropia/caracteristicas-vampiricas/

A Magia Astrológica de Ozark

Por Brandon Weston.

As tradições de magia popular e cura na região da Montanha Ozark são muitas vezes enganosamente simples. Pessoas de fora muitas vezes comentaram sobre a natureza “simplista” ou “primitiva” dos habitantes das colinas de Ozark, levando a muitos estereótipos injustificados nos últimos dois séculos. Nada poderia estar mais longe da verdade, no entanto. Externamente, sim, muitas de nossas tradições estão escondidas por trás de rituais simples, alguns dos quais não envolvem nenhum componente vocal ou somático. E depois há, é claro, o amor dos montanheses de reaproveitar objetos domésticos para magia e cura. Essa tradição já foi derivada de um senso de necessidade, mas eu pessoalmente a relaciono com a astúcia inata dos curandeiros e praticantes mágicos de Ozark, que muitas vezes diziam “saber coisas”, o que significa que eles estavam cientes da informação de que as pessoas comuns da comunidade não eram. Uma dessas áreas é a auspiciosidade, ou como um de meus professores descreveu, o fluxo de magia mais básico, natural e inato que está em todas as coisas visíveis e invisíveis.

Indo com o Fluxo:

Muito da magia popular de Ozark e das práticas de cura podem ser derivadas de uma crença fundamental comum no fluxo inato da magia através de todas as coisas na natureza. Este fluxo foi descrito para mim por um dos meus professores como um rio. A maneira mais fácil de descer um rio é flutuar e deixar a corrente levá-lo para onde ela quer que você vá. Esse fluxo está se conectando à magia inata dentro de si mesmo, bem como à magia inata no mundo ao nosso redor. Estamos todos flutuando no mesmo rio e não estamos separados da natureza como muitos querem que acreditemos. Seguir o fluxo significa trabalhar dentro dos ciclos e cursos da natureza, e não contra eles. A expressão mais simples disso é utilizar o tempo auspicioso ao formular remédios e rituais.

Os Ozarkers costumam ser obsessivos quando se trata de tempo mágico ou auspicioso. Isso é especialmente verdadeiro nos casos em que o tempo pode significar sobrevivência, como nas práticas agrícolas e nos rituais de cura. Ainda hoje, muitos agricultores da região “plantam com os signos”, o que significa que escolhem dias específicos com base nas fases da lua e nos ciclos lunares do zodíaco que são considerados os melhores para plantar, fertilizar e colher diferentes culturas. Plantar com o fluxo da magia inata da natureza garante o melhor resultado possível, ou a melhor chance que você tem de sucesso.

O tempo auspicioso chegou até mesmo a ambientes fechados, onde os montanheses calculavam os “melhores dias” para muitas atividades domésticas diferentes, incluindo quando cortar as unhas, cortar o cabelo, pintar o cabelo, fazer bebês, planejar ter um bebê, casar e pegar certos peixes, só para citar alguns. Muitas famílias calcularam esses dias por conta própria, enquanto outras usaram um método mais simples e consultaram o Farmer’s Almanac (Almanaque dos Fazendeiros), que ainda hoje imprime uma longa lista desses “melhores dias”.

Formulando Remédios com o Tempo Auspicioso:

Como tradição, o cálculo desses “melhores dias” também encontrou seu caminho nas práticas mágicas e de cura de Ozark, especificamente no diagnóstico de doenças físicas e mágicas. Na maioria dos casos, mas especialmente com abordagens mais “tradicionais” para a cura de Ozark, localizar uma doença ou azaração / feitiço dentro do corpo era uma parte crucial do processo geral de cura. Essa busca foi predominantemente baseada na observância de sintomas físicos combinados com práticas de adivinhação. Uma vez localizada a posição da doença ou do hexágono (ou onde está “sentado”, como costumam dizer os curandeiros de Ozark), é atribuído um signo do zodíaco baseado no Homem dos Signos ou Homem do Zodíaco, também encontrado no almanaque. Esta é uma prática que pode ser rastreada desde a Europa Medieval e talvez até antes. É a ideia de que cada parte do corpo humano, da cabeça aos pés, está associada a um signo específico do zodíaco. Acredita-se que onde uma doença se instala no corpo é onde ela é mais forte e mais “enraizada”, para usar outro termo popular de Ozark. Por exemplo, uma febre geralmente está localizada na cabeça, regida por Áries, mas feitiços e “doenças errantes” são muitas vezes mais difíceis de encontrar. É aqui que os métodos de adivinhação para diagnóstico geralmente entram na mistura.

A teoria de cura de Ozark procura sempre “contrariar” doenças e feitiços, ou seja, invocar o signo do zodíaco que é oposto ao que é atribuído à doença com base em onde está sentado e/ou enraizado. Então, voltando ao nosso exemplo anterior, uma febre está associada à cabeça, Áries, e o momento auspicioso para a cura mais eficaz seria em um dia com a lua do zodíaco em Libra. Em linhas semelhantes, os opostos elementares também seriam invocados. Assim, Áries está associado ao elemento Fogo, portanto, um remédio simples pode incluir compostos de ervas “resfriantes” e métodos rituais podem incorporar o elemento Água (por exemplo, lavar em água em movimento), bem como o elemento Ar, correspondente ao zodíaco oposto a Libra. (por exemplo, um banho de fumaça.)

Além dos signos lunares do zodíaco, que são mais comumente encontrados usando um almanaque, curandeiros de montanha e praticantes de magia também incorporaram fases da lua e correspondências planetárias para os dias da semana em suas formulações. Levando tudo isso em consideração, um procedimento ou ritual de remédio pode parecer exteriormente muito simples, como lavar uma pessoa em água em movimento ou até mesmo recitar silenciosamente um feitiço ou oração verbal sobre ela. Mas você pode ver como, por baixo disso, o curador geralmente faz muitos cálculos complicados para encontrar o momento mais auspicioso, bem como o método para curar ou fazer alguma mágica individualmente. Infelizmente, essas práticas internas são as mais suscetíveis a serem perdidas, pois nem sempre são ensinadas ou transmitidas imediatamente, mas exigem que um aluno pratique formulações com seu professor. Tenho certeza de que há muitas nuances nesses métodos, desenvolvidos ao longo de séculos de prática, que agora desapareceram para sempre.

Fases da Lua:

De um modo geral, os Ozarkers são “pessoas da lua”, como um fazendeiro me disse, o que significa que tradicionalmente os Ozarkers geralmente orientam tanto suas práticas cotidianas quanto as tradições de cura e mágica com os ciclos da lua. Trabalhar dentro das fases da lua costuma ser a maneira mais fácil de “seguir o fluxo” da natureza, porque esses ciclos podem ser observados mais ou menos a olho nu. Normalmente, porém, como em todas as áreas de magia celestial em Ozarks, os montanheses preferem usar seu almanaque confiável para precisão.

No nível mais básico, acredita-se que o crescimento e o encolhimento da luz da lua estejam ligados às “marés” dentro do fluxo da magia através da natureza. Este rio mágico incha além de seus limites quando a lua está cheia e encolhe com a lua nova. Isso não quer dizer que atos mágicos não possam ser realizados durante a lua nova – longe disso. Existem muitos rituais que utilizam especificamente o poder da lua neste momento para alcançar seu objetivo. A lua nova é um momento de banimento, especificamente entidades espirituais, incluindo fantasmas e espíritos da terra, as Pessoas Pequenas (fadas de Ozark) e toda uma série de outros seres. Este também é um momento para trabalhar contra os inimigos ou quebrar o poder que alguém pode ter sobre outra pessoa. Parte da razão por trás dessa associação é que essas entidades e fontes de poder energeticamente carregadas podem ser enfraquecidas ao conectá-las à lua nova, como no simples feitiço verbal: “A lua está escura e morta / E meu inimigo está deitado na cama ; / Na cama e esquecendo de mim, / Então deixe-os ficar, / Então deixe-os estar.”

O objetivo da lua cheia é então aproveitar a abundância de poder que agora está correndo por tudo na natureza. Por esse motivo, rituais associados a fortes curas, boa sorte, prosperidade e até visões e sonhos são realizados durante a lua cheia. Acredita-se que as entidades de outro mundo sejam fortes durante a lua cheia, portanto, tome cuidado ao trabalhar contra essas forças durante esse período. Melhor se proteger invocando o poder desta luz e esperar até que a lua escureça novamente.

Os ciclos intermediários também são aproveitados em rituais e remédios, particularmente aqueles que precisam de mais tempo para crescer ou se dissolver. Amuletos e outros objetos mágicos são tradicionalmente “nascidos” na lua nova e depois deixados para “crescer” ou carregar durante a lua crescente. Qualquer coisa que precise ser aprimorada ou cultivada pode ser feita durante esse período. Em frente está a lua minguante, que está associada a diminuir, dissolver e até apodrecer. Doenças e feitiços geralmente são curados durante a lua minguante, de modo que, à medida que a luz da lua desaparece, o alvo de seus feitiços também desaparece.

Signos Lunares do Zodíaco:

Esses sinais são mais difíceis de calcular e geralmente são retirados de um guia como o almanaque. É importante ser capaz de “pegar” esses pequenos incrementos de tempo antes que eles passem, e eu conheci muitos curandeiros Ozark e praticantes de magia que destacam dias específicos em seus almanaques que estão associados a tipos específicos de trabalho para que eles não não sinto falta deles. Por exemplo, Câncer está associado a ritos de limpeza e cura, especificamente aqueles que usam água. Os dias de lua de câncer são vistos como perfeitos para todos os tipos de cura e limpeza, especialmente se esses dias forem durante a lua minguante. Portanto, é extremamente importante que os curandeiros tradicionais sejam capazes de capturar esses dias e utilizar o poder inato que está presente antes que ele desapareça.

Outros sinais que são comumente marcados no calendário incluem:

  • Áries: Novos projetos; empreendimentos; comprando; coragem; força; retribuição
  • Touro: Lar e lar; estabilidade; segurança; relacionamentos de cura; trabalho familiar; prosperidade; conforto; limpeza e cura; aterramento
  • Libra: Trabalho de casamento; contratos; parcerias; assuntos legais; relacionamentos
  • Escorpião: Autodefesa; proteção; banimento; exorcismo; necromancia; retribuição
  • Capricórnio: Banimento; empreendimentos de carreira; autoridade; disciplina; limites; separação
  • Peixes: Sonhos; transe; visões; adivinhação; desenvolvimento pessoal; ilusões (criando e dissipando)

Em muitos casos, um curador não terá tempo para esperar até que a auspiciosidade seja perfeita para seu trabalho. Em situações em que a doença ou o feitiço não podem esperar para serem removidos, um praticante pode trabalhar com o que tem e esperar o melhor. Outros podem “despertar” as estrelas e a lua, um processo que busca essencialmente trazer auspiciosidade que pode não estar naturalmente presente. Em um caso que observei, um curandeiro usou um conjunto de feitiços verbais muito específicos para despertar o poder de uma certa constelação do zodíaco, Touro neste caso, porque isso era o que era necessário para o ritual em questão, mas a lua não era vai estar em Touro por mais uma semana. Ao despertar as estrelas invocando-as como entidades ou espíritos guias, essa curandeira foi capaz de utilizar seu poder sempre que precisasse, sem ter que esperar os dias específicos para rolar.

Isso obviamente vai contra a abordagem “vá com o fluxo” da magia. Também me ensinaram que você pode ir contra a corrente se precisar, mas que precisa construir um barco. Construir um barco significa trabalhar com ferramentas, orações, feitiços verbais e até mesmo com parcerias sobrenaturais, que podem adicionar seu próprio poder ou combustível aos seus feitiços.

Signos Planetários e Dias da Semana:

As correspondências planetárias são usadas de duas maneiras. O primeiro método é utilizar o planeta associado ao signo do zodíaco específico que é encontrado como parte do processo de diagnóstico. Por exemplo, uma febre está associada a Áries, cujo planeta é Marte. Podemos então utilizar o oposto planetário, Vênus (Libra), como parte de nossa formulação de remédio.

O segundo método utiliza correspondências planetárias associadas aos dias da semana. Isso produz um nível adicional de tempo mágico que pode ser adicionado a remédios específicos. Por exemplo, ao se opor à influência de Áries sobre a febre, invocamos Libra (Vênus), o que significa que nosso dia mais auspicioso para combater essa doença pode ser quando a lua está minguando (poder diminuindo), em uma sexta-feira (Vênus) quando o signo lunar do zodíaco está em Libra (opõe-se a Áries.)

Utilizar os dias da semana, juntamente com as fases da lua, são provavelmente os tempos mágicos mais fáceis de formular. É provável que um curandeiro ou praticante de magia seja capaz de realizar um procedimento ritual em uma sexta-feira, quando a lua está minguando. Adicionar os signos da lua do zodíaco adiciona outra camada de energias mágicas ao processo, mas sua necessidade depende do próprio praticante. Há muitos que ficam felizes em fazer seus clientes esperarem semanas, até meses, para que o momento perfeito chegue, sabendo que, esperando, o ritual tem mais chance de sucesso.

Exemplos de Formulações:

 

Febres ou Hexes (Azarações, Feitiços) Localizados na Cabeça

Fase da Lua: Minguante

Dia da Semana: Sexta-feira

Correspondência Planetária: Vênus

Signo lunar do zodíaco: Libra

Elemento: Ar/Água

Exemplo de Ritual: Banhos de limpeza em um rio (água) ou banhos de fumaça (ar)

Proteção Pessoal:

Fase da Lua: Crescente/Cheia

Dia da Semana: Terça-feira (Áries e Escorpião); Domingo (Leão)

Correspondência Planetária: Marte (Áries e Escorpião); Sol (Leão)

Signo Lunar do Zodíaco: Áries, Leão, Escorpião

Elemento: Fogo/Água

Exemplo de Ritual: Ritual de três anéis de fogo (fogo); lavando em água benta todos os dias como um escudo (água)

Proteção da Família e/ou do Lar:

Fase da Lua: Crescente/Cheia

Dia da Semana: Sexta-feira (Touro); Segunda-feira (Câncer)

Correspondência Planetária: Lua (Câncer); Vênus (Touro)

Signo Lunar do Zodíaco: Touro, Câncer

Elemento: Terra/Água

Exemplo de Ritual: Talismãs usando material vegetal como greenbriar (espinheiro) ou espinhos (terra); estacas mágicas fincadas no chão ao redor da casa para criar uma “cerca” (terra); aspersão da casa com água benta (água)

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Operando Maravilhas com uma Corda Comum

Por Brandon Weston.

Pode parecer estranho a princípio, mas os curadores e praticantes de magia de Ozark têm feito milagres com cordas domésticas comuns há séculos e, de fato, esses métodos, ritos e feitiços têm uma linhagem ainda mais antiga. Uma área fascinante para se observar dentro dessa tradição complexa é o reaproveitamento de objetos domésticos para magia e cura. Essa prática deriva de um senso de necessidade, onde os montanheses tinham que usar o que podiam colher ou cultivar na terra ou o que podiam reaproveitar em suas próprias cabanas. Além disso, era preciso prescindir, pois o armazém geral ou a farmácia local costumavam estar a uma distância de vários dias de viagem em mulas (se você tivesse sorte) das comunidades montanhosas.

Entre os muitos itens que foram tradicionalmente reaproveitados para rituais mágicos e de cura, barbantes, barbantes e fios comuns renderam talvez o conjunto mais diversificado de práticas. É isso que vamos ver aqui nesta pequena amostra dos feitiços tradicionais de Ozark.

Aproximar Seu Verdadeiro Amor:

Ingredientes: Corda, branca ou vermelha, 2-3 pés (aproximadamente 0,6 a 1 metro).

Feitiço: Neste ritual simples, leve seu pedaço de barbante cortado, antes do amanhecer, para um campo onde há caules de flores de verbasco (Verbascum thapsus) crescendo. Encontre dois que estejam próximos, mas no máximo 30 centímetros de distância. De frente para o sol nascente no leste, repita este encanto enquanto segura seu comprimento de corda em direção ao sol: “No nascer do sol, então deixe o verdadeiro amor do meu coração subir ao meu encontro. Traga (ele/ela/eles) para perto de mim! Traga (ele/ela/eles) tão perto quanto estes talos que eu amarro.”

Em seguida, enrole o barbante ao redor dos dois talos de verbasco, puxe-os o mais próximo possível e amarre com três nós. Dizem que seu verdadeiro amor se tornará conhecido na próxima lua cheia, ou então você sonhará com a identidade deles nesse período.

Receber Bênçãos em Nós:

Ingredientes: Corda, branca, 2 pés (aproximadamente 0,6 metro).

Feitiço: Os nós são tradicionalmente soprados para cura e feitiços nos Ozarks. Neste feitiço, pegue o seu comprimento de barbante e comece pela extremidade esquerda, comece a formar um único nó, mas não o feche completamente. Muitos curandeiros repetem um feitiço verbal através do nó, mas em um ritual simples, tudo o que você precisa fazer é visualizar as bênçãos que deseja transmitir a si mesmo ou a alguém para quem está trabalhando e depois soprar o anel aberto feito pelo nó. Enquanto sopra, puxe o nó fechado, pegando assim a bênção. Continue esses nós por três, sete ou doze vezes, em seguida, enrole-o em volta do seu pulso direito (ou de outra pessoa). Use sua corda até que ela caia naturalmente e depois queime.

Amarrar Doenças a uma Árvore:

Ingredientes: barbante, branco, 3 vezes a altura da pessoa.

Feitiço: Comece medindo sua corda. Tradicionalmente, isso é feito segurando uma ponta de uma corda (ainda no carretel) na altura da cabeça (sua ou da pessoa para quem você está trabalhando). Em seguida, abaixe a corda até o chão para obter a altura total. Repita isso mais duas vezes para obter um comprimento de corda três vezes sua altura total. Corte do carretel. Agora, esse ritual é mais fácil com um parceiro, mas pode ser feito sozinho. Vá para a floresta e encontre uma árvore forte e viva. Isso é importante porque você não quer usar uma árvore morta. O carvalho é uma boa árvore para todos os fins, mas tradicionalmente o mamão (Asimina triloba), o sassafrás (Sassafras albidum) e até o sicômoro (Platanus occidentalis) têm sido usados. Fique de costas para a árvore. Peça ao seu parceiro que enrole o barbante em volta do seu peito e do tronco da árvore três vezes. Então, repita este feitiço três vezes, ou se você estiver fazendo isso para outra pessoa, peça que repitam: “O que eu nomeio aqui, eu deixo aqui. *** vá embora seu demônio imundo e seja afundado no chão tão fundo quanto essas raízes crescem!” (Onde você vê o *** nomeie sua doença ou simplesmente diga “doença” ou “hex (azaração, feitiço)” ou o que quer que você esteja querendo se livrar.) o tronco da árvore. Em seguida, puxe o laço da corda contra a árvore e sele com três nós. Deixe esta corda para trás e volte para casa.

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Sobre o autor:

Brandon Weston (Fayetteville, AR) é um curador, escritor e folclorista que possui e opera o Ozark Healing Traditions, um coletivo online de artigos, palestras e workshops com foco na região da Montanha Ozark. Como um curandeiro praticante, seu trabalho com clientes inclui tudo, desde limpezas espirituais até bênçãos da casa. Ele vem de uma longa linhagem de habitantes das colinas de Ozark e também é um herbalista popular, médico de ervas (yarb doctor) e médico de poder (power doctor). Ele é autor dos livros Ozark Folk Magic (A Magia Popular de Ozark) e o novo Ozark Mountain Spell Book (Livro de Feitiços da Montanha Ozark).

http://www.OzarkHealing.com

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Fontes:

Ozark Astrological Magic, by Brandon Weston.

COPYRIGHT (2022) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

Wonderworking with Ordinary String, by Brandon Weston.

COPYRIGHT (2022) Llewellyn Worldwide, Ltd. All rights reserved.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-magia-astrologica-de-ozark/

Dawn of the Black Hearts, Mayhem

Mayhem é provavelmente a banda de Black Metal mais controversa da década de 90 e Euronymous o tornou uma espécie de porta-voz da cena extrema, uma fama que acabou lhe custando a própria vida. Foi nesta década a Escandinavia viu nascer um grupo fechado de fãs de black metal que recebeu diversos nomes conforme mudava de cara, entre eles Inner Circle, Black Metal Circle, Satanic Terrorists e Black Metal Mafia, sempre influenciados pela filosofia extrema de Euronymous. Como já foi esclarecido por vários membros não se tratava de uma ordem ou de um templo satânico nos moldes tradicionais, mas apenas um grupo de pessoas do mesmo círculo social e gosto musical. Mesmo o conceito de `membros` é falho, não haviam procedimentos de iniciação ou coisas assim, eram apenas pessoas que se conheciam e valorisavam as mesmas coisas. O termo gangue talvez seja uma aproximação mais exata.

Verdade seja dita, enquanto sua inovação estética era grandiosa a profundidade filosofica do grupo era quase nula. Sua ideologia niilista era uma mistura superficial de nazismo, anti-cristianismo, satanismo tradicional e paganismo nórdico. O grupo era motivado apenas por vagos conhecimentos bíblicos de uma guerra entre os céus e o inferno, com seus membros escolhendo lutar ao lado do Diabo. Em suas breves, mas impactantes declarações Euronymous não deixa dúvidas quanto a natureza do grupo: “Nós somos inspirados por nosso ódio pela Humanidade, vida, bondade e felicidade…Toda minha vida é dedicada a GUERRA e tudo correlacionado com isto,do qual inclui meu selo e banda.” e “Eu não quero que as pessoas me respeitem pelo que sou. Quero que elas me odeiem e me temam.” Os shows de Mayhem eram recados com atos de auto-mutilação e pedaços de animais mortos sendo jogados sobre o público. Tudo o que era considerado mal, perverso e odioso era estimulado.

Aqui o antigo adágio do feitiço que se volta contra o feiticeiro se confirma, pois uma série de atos violêntos e sanguinários seguiu a existência do Inner Circle. O vocalista do Mayhem cortou seus próprios pulsos e subseqüentemente deu um tiro em sua cabeça, dentro do apartamento de Euronymous quando este estava ausente. deixando apenas um ironico bilhete: Desculpe pelo sangue”. Quanto a isso Euronymous disse em entrevista: “Quando DEAD explodiu seus miolos, este foi o maior ato de promoção que ele fez para nós. É sempre fenomenal quando alguém morre, não importa quem. Se você acha que isso muda alguma coisa e que nós somos idiotas emocionais com sentimentos humanos, você está ERRADO!!!”. De fato essa friesa foi estampada na capa do “Dawn of the Black Hearts”, que nada mais é do que uma foto do corpo de Death exatamente da forma como foi encontrado.

As coisas não pararam por ai. O resultado da inversão de valores promovida por Euronymous fez com que ele acabasse assassinado a facadas por outro membro do “Inner Circle” de codinome Varg Vikernes, codinome Burzum. Segundo conta Betopataca em sua Gênesi Satânica:  “Os motivos que levaram a isto são incertos,mas os mais plausíveis são que estes nutriam um ódio mútuo e em algum momento um dos dois levaria seu “desafeto” à morte. Ou,ainda, que Varg tenha matado Euronymous numa invejosa tentativa de assumir seu lugar na liderença do “Circle”.Varg,hoje,encontra-se preso numa penitenciária de máxima segurança e “converteu-se” integralmente ao Nazismo de tons pseudo-Pagãos. Estando,também,jurado de morte pelos poucos remanescentes vivos e impávidos do “Inner Circle” que buscam vingança pelo assassinato de seu “tutor”. O assassinato de Euronymous foi o estopim para o término do grupo,que já vinha sofrendo pesada investigação policial pelo facto de serem considerados prováveis acusados pela queima de diversas igrejas católicas na Noruega (suspeitas depois confirmadas pelas autoridades)”

Com relação a música Dawn of the Black Hearts é um instantâneo cristalizado de todo aquele daquele momento violento e conturbado do Black Metal. É impossível ouvir Mayhem sem deixar escapar ao menos um pouco o monstro homicida que existe dentro de cada um de nós. É uma sonoridade crua e rasgada que não permite que quem escute se mantenha indiferente e reflete sem sombra de dúvida a reputação criada ao redor da banda por causa das ações dos seus variadíssimos membros. Foi reeditado várias vezes por diversas gravadoras, e apesar de ser uma gravação não oficial da banda, consta hoje como um de seus álbuns mais importantes.

Necrolust

 

Your stinking corpse I desire
nothing can take me higher
Fucking you till your bones break
Another one has to die

Come dripping from my dick
Fucking you to the core
Can’t take this anymore
My brain is driving me insane

Necrolust

Eating the flesh of a thousand corpses
Bloodsucking cuntless nuns
her guts were boiling out of her butt
Eating her slimey cunt as I hold her tits

Come posercorpse and die again!

Tradução
desejo seu corpo fedido
nada me leva mais alto
Foder você até seus ossos quebrarem
Outro que morreu
Pingando do meu pinto
fodendo você até o talo
Não aguento mais
meu cerebro está me deixando louco
necrolust
Comendo a carne de mil corpos
Sugando sangue de incontáveis freiras
Suas tripas estão saindo de suas bundas
Comendo seu gozo pegajoso enquanto seguro suas tetas
Venha posar de cadáver e morrer de novo!

 

 

Nº 19 – Os 100 álbuns satânicos mais importantes da história

Postagem original feita no https://mortesubita.net/musica-e-ocultismo/dawn-of-the-black-hearts-mayhem/

A Lenda da Descida da Deusa do Mundo do Subterrâneo

A nossa Senhora a Deusa nunca amou, mas Ela resolvia todos os Mistérios, até o Mistério da Morte; então fez uma viagem ao Submundo.

Os Guardiães dos Portais desafiaram-na: “Despe os teus trajes, tira as tuas jóias; porque não os podes trazer para esta nossa Terra.”

Então Ela despiu os seus trajes e tirou as suas jóias, e foi amarrada, como todos os que entram no Reino da Morte, a Poderosa.

E era tal a sua beleza, que a própria Morte se ajoelhou e beijou os seus pés, dizendo: “Abençoados sejam os teus pés, que te trouxeram para estes caminhos. Fica comigo; mas deixa-me pôr a minha mão fria no teu coração.”

Ela respondeu: “Eu não te amo. Porque é que acabas com todas as coisas que amo e tens prazer em que esmoreçam e morram?”

“Senhora”, respondeu a Morte, “esta idade e destino, contra as quais nada posso fazer. A idade faz com que todas as coisas murchem; mas quando os homens morrem no fim do tempo, eu dou-lhes descanso e paz, força para que eles possam retornar. Mas Tu! Tu és maravilhosa. Não voltes; fica comigo!”

Mas ela respondeu: “Não te amo”.

Então disse a Morte: “Como não recebeste nem a minha mão ou o teu coração, terás de receber o chicote da Morte”.

“É o destino assim seja,” disse Ela. E Ela ajoelhou-se, e a Morte chicoteou-a carinhosamente. E ela chorou, “Sinto as pancadas do amor”.

E a Morte disse, “Abençoada Sejas!” e deu-lhe o Beijo Quíntuplo, dizendo: “Que assim te possas manter na alegria e conhecimento.” E Ele ensinou-Lhe todos os Mistérios, e Eles amaram e foram um, e Ele ensinou-Lhe todas as Magias.

Porque existem três grandes acontecimentos na vida de um homem: Amor, Morte e Ressurreição no novo corpo; e a Magia controla-os todos. Pois para realizar o Amor deves voltar ao mesmo sítio e lugar e na mesma altura que a pessoa que amas, e deves lembrar-te e amá-la novamente. Mas para renascer tens de morrer e estar pronto para um corpo novo; e para morrer tens de ter nascido; e sem amor não podes nascer; e isto é tudo a Magia.

por Benedito Duncan

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-lenda-da-descida-da-deusa-do-mundo-do-subterraneo/

Evolucionismo, o Conto de Fadas de Darwin

Todos nós fomos presos em uma fábula sem saber. Todos vivemos um conto de fadas sem nos atentarmos a isso, acreditamos que ele seja real. Sempre que…

Ok, você já leu o título do artigo, na verdade clicou nele para chegar aqui, vamos deixar o melodrama introdutório de lado. Na verdade, ao contrário do que possa parecer, este texto não tem como objetivo mostrar como Darwin está errado, como seus seguidores levaram o naturalismo ao patamar de uma religião e como os evolucionistas querem dominar o mundo. Este texto está sendo escrito apenas para mostrar como Darwin e o Darwinismo não estão certos.

OOOOOOOOOOOOOOOOOOOOHHHHHHHH!

Breque sua mente agora. Antes que qualquer idéia de Deus não existe, Monstro do Espaguete Voador, Eles Vs Nós continue a se desenvolver. A genética é uma ciência séria e bem desenvolvida. Milhões e mais milhões de dinheiros são gastos a todo o instante com ela para provar. Existem centenas e milhares de terabytes de códigos genéticos armazenados em arquivos de computadores e graças a ela você pode dizer hoje que o seu segundo dedo do pé ser maior do que o seu dedão é uma lembrença de seus antepassados egípcios. Mas o que muitos se esquecem é que a genética é uma ferramenta, apenas isso, não uma verdade final e nem algo que nos ajude a descobrir algo sobre o surgimento da vida, que parece ser o uso que estão dando para ela nos dias de hoje, a genética e a biologia sendo usadas como forma de confirmar o evolucionismo, e isso é engraçado, já que não existem provas de que a evolução exista.

Agora acredito que podemos começar com o texto de fato, e assim sendo vamos começar estabelecendo uma base comum para podermos dialogar; vamos, por assim dizer, nos familiarizar com alguns termos e conceitos para tentar eliminar o máximo possível de futuros desentendimentos. Se você é um “cético-ateu-materialista” já devo ter ganhado seu ódio a essa altura do texto. Mas como você ainda está lendo, há esperança. Comporte-se e no final ganhará uma banana.

 

Religião Vs Ciência, o vencedor é…

 

Acredito que uma das maiores frustrações dos ateus brasileiros é não haver por aqui o fundamentalismo religioso que existe em outras partes do mundo (Especialmente nos países mais primitivos como Estados Unidos e Afeganistão). Nestes lugares a religião ou tem o posto de política ou faz parte do cerne político. Aqui no Brasil não. Claro que terá gente gritando “COMO NÃO? VOCÊ NÃO ASSISTE TELEVISÃO? NÃO LÊ JORNAL?”. Respondo que não, prefiro estragar meu cérebro com algo mais saudável, como fumar meio quilo de metanfetamina por dia, do que com nossa mídia privada[1], e então novamente respondo que mesmo tendo evangélicos se elegendo deputados, tendo a igreja pressionando leis anti-aborto, religiosos pedófilos e romarias a Nossa-Senhora Aparecida todo ano no aniversário de Aleister Crowley, nossa religião é como nosso carnaval, um bando de bundões pra cima e pra baixo. Eymael, o democrata cristão tenta se eleger ha décadas, ele até mudou o jingle de sua campanha agora. Mas o máximo que temos são religiosos que de vez em quando falam que homossexualismo é doença, que roubam sem parar aqueles que querem ser roubados e que fazem passeatas pela paulista. Por Deus, pare para pensar que neste país, a pessoa que se diz a encarnação de Jesus Cristo é um senhor que aparece na televisão jogando boliche e sinuca, ele não está construindo o maior Templo religioso do mundo, nem pedindo para enviarem dinheiro para ele. Se parar para ver ele inclusive fala mal do que hoje os ateus consideram ser o cristianismo.

Assim a igreja aqui é mulata, tem seus altos e baixos, mas como toda empresa que não quer perder sua fatia do mercado. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem regiões conhecidas como Cinturões da Bíblia – Bible Belts – onde o protestantismo é levado a ferro e fogo. O filme Footloose aqui pode ser uma prova de que Kevin Bacon talvez dance melhor do que atue, lá isso é realidade. Aqui quando dizem que vão obrigar escolas a ter uma bíblia não se compara com o que acontece lá quando falam que vão tirar biologia do currículo escolar. Como no caso de Galileu, e mais para frente vamos voltar a isso, aqueles que de fato foram contra a sua idéia não foram os religiosos, foram os outros cientistas de sua época. Nos EUA, quando descem uma lei religiosa não é a igreja se impondo, são os cidadãos pedindo. Aqui uma playboy de uma bela mulher nua carregando um crucifixo pode deixar pessoas bravas, no Irã um livro sem imagens pode causar uma ordem política de morte do escritor. Nos EUA, em contra partida, as pessoas acham divertido queimar livros sagrados para mostrar como a religião está ultrapassada no melhor estilo nazista, Deus pode não existir para ficar bravo com eles, mas Hitler, se estivesse vivo, com certeza ficaria orgulhoso.

Desta forma, ser ateu no brasil é meio sem graça, da mesma forma que foi ser um hippie aqui nos anos 1960 e 1970, a tropicália podia ser boa, mas nunca foi um Woodstock. Hoje alguém dizer, por aqui, que é discriminado por ser ateu é um berro por atenção. E não digo isso da boca para fora. Já fui contratado em empresas grandes e tradicionais mesmo afirmando que era Satanista na entrevista de emprego. Se ateus sofrem discriminação, imaginem satanistas. Mas não aconteceu nada. É por isso que campanhas atéias em ônibus neste país nunca passarão de mera curiosidade. Assim, a primeira coisa que os ateus devem fazer é ter em mente que seu ateísmo deveria afetar apenas a si mesmos. Ser agressivos em relação à religião apenas torna uma crença que deveria ser arreligiosa em uma crença religiosa – “Minha fé é que Deus não existe”.

Por outro lado, religião não é catolicismo, cristianismo e islamismo. Os judeus se deram bem nessa porque uma pessoa que fale do judaísmo da mesma forma que se costumam falar de suas duas religiões irmãs é tachada de anti-semita e isso é muito feio hoje em dia. No Brasil de fato é pior ser anti-semita assumido do que ateu assumido, nessa os nazistas levaram a melhor, eles tem uma discriminação real em cima deles. A religião é simplesmente o meio que um indivíduo tem de se re ligar ao que considera sagrado. A própria palavra religião de deriva de religare.

Mas esse sagrado é Deus?

No caso dos Judeus, Cristãos, Mulçumanos, Rastafaris, Bahais, etc. sim. No caso do paganismo esse sagrado é uma mulher. No caso dos Satanistas esse sagrado é seu próprio ego satânico. No caso do Budismo é a iluminação interior. Para os Xintoistas são os antepassados, a natureza e várias deidades. No caso dos pitagóricos eram números, no caso de alguns é a música, de outros é a matemática. No caso do Morbitvs é aquela coisa que ele esconde naquela caixinha preta. Nem toda religião precisa de um Deus, e nem todo Deus é um senhor de barbas que fica bravo cada vez que você se masturba. Einsten disse certa vez que “todo aquele que está seriamente envolvido na busca da ciência se torna convencido de que um espírito está manifesto nas leis do universo, um espírito muito superior ao do homem, um espírito diante do qual nós, com nossos modestos poderes, devemos nos sentir humildes”.

Da mesma maneira que é fácil confundir religião com “Deus”, é fácil se confundir ciência com método científico. Enquanto o método científico é uma série de procedimentos pelo qual uma experiência é repetida na busca de um resultado – se depois de vários experimentos o resultado se repete então a experiência comprova ou desprova algo. O método científico necessita rigor, um rigor tão fundamental e sério que muitos cientistas acabam forjando resultados para conseguir comprovar idéias, conseguir fundos, ou mais fundos para suas pesquisas e fama. Neste aspecto cientistas não são diferentes de pastores evangélicos, independente de alguma coisa que queiram vender para os outros, também podem fazer de tudo para encher suas cuecas de dinheiro.

Já a ciência representa o conhecimento. Assim como religião se deriva de uma palavra latina, neste caso scientia. A ciência é o meio que um indivíduo tem de se ligar a uma fonte de conhecimento. E assim como os protestantes afirmam que os católicos são o diabo, que os mulçumanos juraram acabar com os infiéis cristãos e que todo mundo já tentou dar um fim ao judaísmo, as diferentes áreas da ciência adoram se atacar umas às outras. A alopatia desdenha a homeopatia, os físicos tiravam sarro de quem defendia que o universo era formado por cordas, os astrônomos gritam que ufologia é a maior fraude de todas e nenhum cientista sério leva os estudos parapsicológicos a sério. Para cada Aiatolá mulçumano que condena escritores à morte em nome da religião temos um doutor Menguele injetando tinta nos olhos de pessoas despertas em nome da ciência. Isso nos mostra que nem todo mundo sabe de fato o que é religião nem ciência, assustadoramente que nem aqueles que hoje representam a religião e a ciência parecem saber o que significa aquilo que representam.

Assim da mesma forma que é mister que se compreenda que a religião não está dentro de uma igreja e sim a igreja está dentro da religião, a ciência não está dentro de um laboratório, o laboratório está dentro da ciência. E já que Einstein foi citado uma vez, citê-mo-lo mais uma:

“Ciência sem religião é manca. Religião sem ciência é cega.”

Hoje um encontro dos mais estimados porta-vozes de ambos os lados não passa de um confronto de gente que não anda direito com gente que não sabe pra que lado deve xingar. Mas as coisas estão começando a mudar.

 

Evolucionismo Vs Criacionismo, o vencedor é…

Existe uma expressão muito interessante que, embora usada raramente em português, é bem popular nos países de língua inglesa: Cuidado para não jogar fora o bebê junto com a água do banho. O termo em inglês “Throw out the baby with the bath water” chegou a ser usado por Martin Luther em seus discursos, mas ele é ainda mais popular entre os alemães como Johannes Kepler, Johann Wolfgang von Goethe, Otto von Bismarck, Thomas Mann and Günter Grass já mostraram. A expressão deriva-se de um provérbio alemão “das Kind mit dem Bade ausschütten” e tem sua versão impressa mais antiga no livro Narrenbeschwörung de Thomas Murner, publicado em 1512. O livro de Murner traz uma ilustração de uma mãe jogando fora uma criança junto com a água suja do banho[2].

Essa expressão sugere que devemos nos livrar de erros onde algo bom é eliminado com algo supérfluo, ou pior: onde algo essencial é descartado enquanto o supérfluo é mantido. Ambas as sugestões se encaixam como uma luva aqui. A discussão de Evolucionismo Vs Criacionismo deixou o objetivo de tentar se chegar ao conhecimento sobre a vida (sua origem e seu desenvolvimento) e se tornou um braço de ferro para se provar se Deus existe ou não!

Novamente o Brasil ficou parcialmente de fora dessa discussão, que teve seu campo de batalha em solo estadunidense e se espalhou para as terras de sua antiga senhora, a Inglaterra tomando as dores da antiga colônia. Toda vez que esse assunto surge no Brasil ele é mostrado como um ignorante discutindo com um alucinado, esse assunto dificilmente encontra solo cultural para se desenvolver aqui, mas os religiosos-mirins e os pseudo-céticos adoram discuti-lo como se fosse a bolacha mais saborosa do pacote.

Na prática o que acontece é que nos EUA os religiosos e os cientistas entraram em guerra e se perderam nos detalhes, deixando o assunto principal para trás. O nome de Darwin é usado como exemplo de um herói, mesmo seu Darwinismo tendo sido revisado e corrigido até se tornar algo diverso do que ele havia proposto da mesma forma que Deus é evocado na esperança de lavar a terra dos pagãos com um novo dilúvio – ignorando que no capítulo da Bíblia que descreve como Ele criou a vida, Ele era retratado como uma presença física que fazia barulho quando caminhava e tinha uma presença real como a das árvores.

Tecnicamente o que ambas as teorias defendem são coisas diferentes. Uma defende que a vida não surgiu no planeta como resultado de acasos químicos e elétricos, a outra defende que a vida uma vez presente se adapta ao meio ambiente. Na verdade as duas poderiam se complementar, mas como todo mundo tem um lado racista esperando um motivo para brotar, os defensores de ambas as filosofias se atacam e consideram a existência do oponente um crime contra a própria fé.

Agora vejamos o centro da discussão:

“Hoje eu existo, e acesso a internet. Existem outros como eu que também acessam. Meu cão não acessa a internet nem tem diploma. Um macaco pode acessar a internet e jogar pac-man, mas ele fede mais do que eu e é mais peludo. Me convenço que existem criaturas inferiores a mim e como sou eu que estou pensando não admito nenhuma superior. De onde veio isso tudo?”

No início, milhares e milhares de anos atrás, as pessoas não possuíam a nossa tecnologia mas possuíam nossa curiosidade. Tentando explicar a vida diferentes povos chegavam a diferentes conclusões.

Os Antigos Egípcios diziam que no início havia apenas trevas e a água primordial Num, uma espécie de oceano, que continha todos os germes da vida. Surgiu então a forma suprema Khepera, que se criou a sim mesmo pronuncinado o próprio nome, Atum. Dele vieram o Ar Seco e o Ar Úmido, que deram origem ao céu e às águas, surgiram então a Terra Seca e o Céu. O mundo e a vida teriam surgido da união do céu com a terra.

Os Gregos diziam que no início havia o Caos, dele surgiu Ébero, a parte mais profunda do submundo, e Nyx a noite. Deles vieram o Ar e o Dia. Veio Gaia, a terra, que seria a base em que todas as coisas vivas tem sua origem. Urano, o céu, se casou com Gaia, a terra e deram origem a todas as criaturas.

O mito Abrahâmico diz que no princípio Deus criou o céu e a terra. A terra era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo. O espírito de Deus se movia sobre as águas. Deus diz Faça-se a Luz e houve a luz. Então houve a separação das águas, criando o firmamento e os oceanos. Dos oceanos veio a terra seca. Da terra seca veio a vida.

Essas e incontáveis outras idéias pré século XVII acabam, em sua maioria, apontando para um princípio antes do princípio onde reinava o Caos, as Trevas, a Escuridão. De lá um princípio criador se fez, alguns o identificam com um princípio masculino, outros feminino, alguns como um casal e ainda aqueles que dizem que esse princípio era impessoal. Dai houve uma separação, as águas do céu e as águas da terra, e das águas da terra surgiram as porções de terreno seco. E da união do céu e da terra veio a vida.

Em alguns casos, antes do surgimento da matéria propriamente dita há uma explosão, um fogo insuportável, uma luz. E então tudo surge. Lembre-se que essas idéias tem sua origem há mais de 2000 anos atrás, quando espectrômetros, radares, medidores de microondas ainda não existiam – se vamos acreditar nos antropólogos e arqueólogos de plantão.

E então no século XX surge uma nova idéia que curiosamente se originou dos trabalhos de um padre católico. Em 1927 Georges Lemaitre, trabalhando com as equações de campo de Einstein chegou a algumas equações interessantes que mostravam que os desvios espectrais observados em nebulosas se deviam a uma expansão do universo. Se o universo estava se expandido algo devia ter acontecido, como uma grande explosão. Mas o que teria explodido? Um átomo primordial foi a resposta. Dois anos depois Edwin Hubble forneceu bases observacionais para a teoria de Lamaitre.

De acordo com a crença do Big-Bang, não há como se descrever o que havia antes, acredita-se que nem espaço nem tempo. Então algo explodiu, talvez uma uma concentração de matéria e energia extremamente densa e quente, e então essa explosão cria nuvens de matéria que se tornam densas. Se separam da matéria mais esparsa do universo formando estrelas e planetas. Os planetas se solidificam, e no caso da terra, assim que a massa gasosa se torna uma esfera sólida, ela se cobre de água e nuvens de vapor, com o tempo surge a terra seca desse oceano primevo e a vida surge no planeta. Hoje o Big-Bang evoluiu para novas teorias como a teoria que o nosso universo é criado quando duas membranas se chocam e energia vira energia + matéria e a história segue dai.

Todas essas histórias são ótimas para explicar o surgimento do universo, dos planetas e daquilo que nos cerca. Mas todas falham ao chegar no cerne da questão: o surgimento da vida!

O criacionismo, em sua pluralidade, afirma que a vida não brota do nada, ela precisa de um princípio criador para surgir.

O evolucionismo, proposto por Darwin, aponta que a vida evolui, mas não tem nada a ver com a origem da vida, a não ser em um aspecto distante e filosófico: se seres complexos evoluem de seres mais simples, qual teria sido o primeiro ser?

Assim os estudos científicos da origem da vida acabam envolvendo mais de uma área da ciência: química, biologia, física, astronomia e geologia. Grande parte dos evolucionistas acabam sendo os biólogos. Por algum motivo a ciência tropeçou na religião que tropeçou na ciência que tropeçou na religião e criou-se um debate que perdura hoje, principalmente nos EUA, praticamente por birra. Em teoria, enquanto o evolucionismo afirma que no momento em que a vida surge ela evolui, o criacionismo defende que um princípio criador é necessário para que se haja vida. Na prática o que acontece é que protestantes radicais ficam trocando insultos com ateus radicais e ninguém nunca chegará a lugar nenhum. Mancos tentando alcançar cegos que não sabem para que lado correr.

 

 

Surge a vida – e uma vaga idéia sobre mudança

 

Ninguém sabe como a vida surgiu. Para sermos sinceros ninguém sabe o que é a vida e como classificar um ser vivo. A vida em si é um conceito que admite mais de uma definição. Podemos dizer que vida é o período entre o nascimento e a morte de um organismo ou então aquilo que torna um ser vivo algo vivo. Mesmo na biologia há confusão, se considerando algo como “ser vivo” se esse algo demonstra pelo menos uma vez durante sua existência os seguintes fenômenos:

– Crescimento, produção de novas células;
– Metabolismo, consumo, transformação e armazenamento de energia e massa; crescimento por absorção e reorganização de massa; excreção de desperdício;
– Movimento, quer movimento próprio ou movimento interno;
– Reprodução, a capacidade de gerar entidades semelhantes a si própria;
– Resposta a estímulos, a capacidade de avaliar as propriedades do ambiente que a rodeia e de agir em resposta a determinadas condições.

O problema com essas definições é que existem exemplos que as tornam insatisfatórias:

– Um fungo é um ser vivo

Se adicionarmos o requisito de limitação espacial, através da presença de alguma estrutura que delimite a extensão espacial do ser vivo, como por exemplo a membrana celular. O problema com isso é que surgem novos problemas na definição de indivíduo em organismos como a maioria dos fungos e certas plantas herbáceas.

– As estrelas são seres vivos

Por motivos semelhantes aos do fungo.

– O fogo é um ser vivo.

Por motivos semelhantes a estrelas. O fogo nasce, cresce, se reproduz assexuadamente, possui um metabolismo (oxida), tem movimento e responde a estímulos externos. Como um rato ou um rapper ele até mesmo morre se você tira seu ar. Na verdade em alguns momentos da história (como na Pérsia Antiga) as pessoas tinham até fogo de estimação.

– Vírus e afins não são seres vivos porque não crescem e não se conseguem reproduzir fora da célula hospedeira

Mas muitos parasitas externos, que são considerados seres vivos, levantam problemas semelhantes.

Assim não há como saber exatamente o que podemos considerar algo vivo e, assim sendo, não há como apontarmos se a vida pode se originar de matéria sem vida ou não. Mas do momento em que a vida surge ela passa a se comportar de uma maneira previsível, ou não.

O evolucionismo sugere apenas uma resposta para algumas perguntas interessantes: De onde viemos? Por que existe tanta variedade de coisas no mundo? Por que uma pessoa é tão diferente de um coelho, embora tenham tanto em comum?Tecnicamente tudo o que o evolucionismo afirma é que as espécies podem sofrer transformações ao longo do tempo. Ele é um conto de fadas como todos os outros que temos e até que tenhamos alguma evidência da origem da vida continuará assim. Para entender isso vamos mergulhar na história da evolução.

A teoria da evolução das espécies teve seu primeiro defensor em um senhor que ficou conhecido por suas longas barbas, sua cabeça calva e suas roupas exóticas. Ele viveu do outro lado do oceano no século VI antes de Cristo e se chamava Anaximandro. Em sua época ele defendeu que os organismos vivos se transformam gradualmente a partir da água graças à ação do calor até que se formam as formas mais complexas e que o Homem tem a sua origem em animais de outro tipo. Demócrito, outro grego clássico, defendeu no século V antes de Cristo que as formas de vida mais simples tinham origem no “lodo primordial”.

Essa idéia voltou a surgir mais de dois mil anos depois nos trabalhos de George-Louis Leclerc no século XVIII, que permitiram o surgimento da ideia de “Transformismo”, onde se admite que as diferentes espécies derivam uma das outras por degeneração num processo lento e progressivo, existindo espécies intermediárias até surgirem as formas atuais. Leclerc afirmava que as condições ambientais a que as espécies estavam sujeitas eram fundamentais ao processo de degeneração, criando a necessidade da noção de tempo geológico em suas idéias. Outro europeu do século XVIII que trabalhou com a idéia do transformismo foi Pierre Louis Maupertuis, que acreditava que as espécies resultavam de uma seleção provocada pelo meio ambiente resultando na infinidade de seres vivos existentes.

Ainda no século XVIII outra área da ciência surge para influenciar a visão da evolução da vida. Em 1778, James Hutton publica o livro Theory of the Earth, Teoria da Terra, um tratado sobre os fenômenos geológicos onde estabelece uma idade para a Terra, bastante superior àquela admitida até então, e defende que as forças naturais de hoje são as mesmas desde sempre, isto é, os fenômenos geológicos repetem-se ao longo da história da Terra. No século XIX Charles Lyell, um geólogo britânico, desenvolve o trabalho de Hutton concluindo que:

  • as leis naturais são constantes no espaço e no tempo;
  • a maioria das alterações geológicas dá-se de forma lenta e gradual.

O que Lyell fez foi lançar a idéia de que a natureza avançava, mudava, de forma gradual e assim, mesmo contra a sua vontade, sua teoria acabou servindo de mais combustível para a discussão sobre a evolução biológica.

E assim se abrem as portas para Lamark, Wallace e Darwin.

 

Surge Darwin

 

Charles Darwin nasceu em Shrewsbury, Inglaterra, em 12 de fevereiro de 1809, pertencente à proeminente e abastada família Darwin-Wedgwood e à elite intelectual da época. Desde jovem mostrou interesse por história natural, antes de se tornar um naturalista famoso atendeu a um curso de medicina, que abandonou por causa da brutalidade médica da época – e a um de teologia. Terminado o curso de Teologia Darwin não desejou ser ordenado imediatamente, desejando conhecer o mundo antes. Foi então que embarcou em sua famosa viagem de 5 anos a bordo do Beagle, as anotações e estudos que fez à época lhe trouxeram reconhecimento como geólogo e fama como escritor. As observações da natureza que coletou durante a vida, até então, ao estudo da diversificação das espécie.

Darwin tinha plena consciência de que outros antes dele haviam publicado idéias que sugeriam que a vida evoluia e se adaptava, e todos haviam sido punidos de forma severa por defender aquele tipo de idéia, por isso ele apenas compartilhou suas hipóteses com amigos próximos e continuou a desenvolver suas pesquisas tentando antecipar possíveis ataques de críticos a suas idéias. Em 1859 publica A Origem das Espécies, onde introduz a idéia de evolução a partir de um ancestral comum graças ao mecanismo da seleção natural. E então o mundo enlouqueceu.

Hoje muito se discute sobre a posição religiosa de Darwin, como ele pulou de um brilhante estudante de teologia para um ateu que não via mais sentido na bíblia ou em Deus. Supostamente seus estudos eram tão contundentes de que a vida não precisava de um Deus que isso acabou com a tolice que era sua religião. Outros dizem que com a morte de sua filha ele ficou recentido com um Criador capaz de algo tão mesquinho quanto a morte de uma criança inocente.

Tudo isso, é claro, é totalmente irrelevante para sua teoria da evolução. Se algo é verdade, não importa o mensageiro que distribui a mensagem, a mensagem é que se torna relevante. O que é de fato relevante é que Darwin tinha em mãos as ferramentas de sua época para realizar suas pesquisas, o que ele fazia como um cientista “bona fide”. Vejamos então no que consiste o trabalho que ele desenvolveu.

Darwin não criou uma teoria, ele trabalhou com várias. Suas teorias consistiam de sete hipóteses principais, sendo apenas duas e meia originais:

– Transmutação das Espécies

– Luta pela Sobrevivência

– Descendência Comum

– Especiação Biogeográfica

– Seleção Natural

– Seleção Sexual

– Hereditariedade – Uso e Desuso e Pangênesis

  • 1. Transmutacionismo (também chamado de Descendente Modificado por Darwin)Na Grécia antiga, se formulou a idéia de que espécies eram entidades fixas, imutáveis. Platão, observando as variações dentro das espécies, concluiu que estas eram imperfeições, e o imutável seria a essência do organismo, idêntica para todos membros de uma mesma espécie. Erasmus Darwin (o avô) escreveu alguns ensaios sobre suas teorias transformistas, que foram lidas por Charles Darwin na adolescência, sendo relembrados assim que teve sua primeira idéia de que as espécies pudessem se transformar em outras.

 

  • 2. Luta Pela ExistênciaEste aspecto abordado frequentemente na teoria de Darwin dizia respeito à competição inter e intra espécies. As primeiras idéias sobre o tema veio da leitura do ensaio de Malthus (1838), Principle of Population, onde se falava que em breve o mundo teria mais pessoas do que a quantidade de comida produzida. Se nascessem mais pessoas do que pudessem sobreviver, isto geraria uma alta competição na espécie humana.
  • 3. Descendência comum (ancestralidade)Lamarck apresentou sua teoria em 1809, na qual apareciam as primeiras idéias de origem das espécies, mas estas eram restritas a determinados grupos de animais e plantas, que no princípio eram derivados de diferentes eventos de geração espontânea. Richard Owen utilizou anatomia comparada e introduziu os princípios de Homologia e Analogia. Asas de patos e colibris seriam homólogas, mas no entanto as asas de morcegos e borboletas seriam análogas a estas primeiras. Von Baer publicou sua “Teoria da Recapitulação” em 1832 onde o desenvolvimento do embrião recapitulava os estágios anteriores das histórias das espécies. Então os arcos branquiais dos embriões de mamíferos seriam resquícios de sua vida aquática. Ernest Haeckel (após a publicação de Darwin) renovou a “Teoria da Recapitulação” dizendo estar esta totalmente de acordo com os princípios de Darwin, publicando a chamada Lei Biogenética – Ontogenia recapitula a Filogenia.Durante as viagens a bordo do Beagle, Darwin leu atentamente as obras do grande geologista e criacionista Charles Lyell. Incorporando a teoria do “uniformitarismo”, o qual a Terra estava em constante mudança, Darwin sincronizou a mudança geológica com a biológica, e passou a observar os fósseis como possíveis ancestrais dos organismos modernos.

 

  • 4. Especiação BiogeográficaAlguns precursores, tais como Bufon e Gmelin, hipotetizaram múltiplos centros de criação das espécies no mundo e estas eram produto das condições da região onde se originavam. Uma série de zoologistas da época de Darwin acreditava que as espécies se distribuíam a partir de um ponto de origem. Esta distribuição, quando interrompida por uma barreira geográfica, levou Darwin a propor um modo de especiação alopátrica. No entanto Darwin parecia dar mais peso aos modos de especiação simpátrica, sem necessidade de isolamento geográfico.Darwin, assim como Alfred Russel Wallace, utilizara-se de extensa informação advinda de suas coletas de material biológico de diferentes regiões: América do Sul e Galápagos durante a viagem do Beagle por Charles Darwin e na Amazônia e Arquipélago Malaio por A.R. Wallace. Os dois independentemente descobriram os princípios de especiação geográfica e seleção natural.
  • 5. Seleção naturalLamarck apontava duas causas para a mudança evolutiva: direcionamento à perfeição (progresso) e capacidade de adaptação do organismo (uso e desuso). A primeira parte foi inteiramente discordante da teoria de Darwin, mas a possibilidade de influência do ambiente na herança foi também evidenciada na obra de Darwin. Na verdade, os mecanismos de herança não eram conhecidos, e se imaginava que as chamadas gêmulas pudessem captar sinais do ambiente e transferi-los às próximas gerações.No entanto, Darwin atribuiu como causa principal de mudança evolutiva, a seleção natural, que se baseava na ação do ambiente sobre variações previamente existentes, geradas aleatoriamente. A seleção natural, parecida com a que Darwin publicara, foi abordada brevemente em alguns ensaios por Patrick Mathew, em 1831, e Charles Wells, em 1813, este último trabalhando sobre “raças” humanas. Darwin deu um sentido global, abrangente a todos os organismos, para o papel da Seleção Natural. Além disto, Darwin didaticamente, fez analogias entre os métodos de seleção artificial de animais domésticos e o princípio da seleção natural.
  • 6. Seleção sexualAparentemente não houve precursores a abordarem este tema, mas Darwin e Wallace exploraram bastante o tópico para explicar a plumagem diferencial de machos e fêmeas em alguns pássaros. No entanto, Wallace não concordava com Darwin a respeito da escolha da fêmea se relacionar com a plumagem mais colorida dos machos, e somente considerava que estas eram selecionadas assim para proporcionar camuflagem.
  • 7. HereditariedadeO princípio das gêmulas de Hipócrates foi reformulado por Darwin com a Pangênese para explicar o mecanismo de herança por mistura de caracteres que poderia envolver algum direcionamento ambiental, tal como Lamarck sugeria. No entanto a maior parte da variabilidade de acordo com Darwin teria uma origem alheia ao ambiente, sendo este apenas o fator direcionador de características relacionadas à adaptabilidade do indivíduo que foram geradas ao acaso.

A Herança por Mistura, uma crença comum na época, dizia que em geral os filhos herdavam caracteres que seriam a média daqueles dos pais. Deste modo a variabilidade ia se perdendo a cada geração como muitos argumentavam, e em contrapartida Darwin sugeria que talvez o ambiente fizesse com que novas variações aparecessem em alguns casos, aumentando a variação que era perdida pela mistura. No entanto esta variação seria ainda gerada ao acaso e não sendo para um determinado propósito como Lamarck sugeria.

Após a sétima edição do “Origem das espécies” a Pangênese recebeu maior ênfase, o que hoje é visto como resultado da perplexidade de Darwin em não conseguir explicar a hereditariedade e seu papel na Evolução, que apesar de ter sido explicada por Gregor Mendel em 1865, não foi reconhecida e divulgada até o ano de 1900. Para muitos, Darwin se tornou um pouco “Lamarckiano” com o passar dos anos. No entanto, apesar do desconhecimento de Darwin acerca da hereditariedade, os princípios evolutivos e o mecanismo de seleção natural se mostraram compatíveis com a moderna visão da genética, o que levou a uma fusão das duas que teve início em 1930, com estudos de genética das populações na chamada Síntese Evolutiva.

Dessas a Transmutação das Espécies já havia sido estudada por Lamarck e por Erasmus Darwin – o avô de Darwin – e já havia sido explorada nos escritos anti lamarck de Lyell. A Luta pela Sobrevivência já vinha sendo debatida desde a época de Heráclito, e já havia sido estudada e publicada em obras e inúmeros cientistas, como Malthus, contemporâneo e conhecido de Darwin. Já a  Descendência Comum, apesar de ter sido tratada por outros cientistas como von Baer, Owen e Maupertuis, foi usada pela primeira vez para sugerir a existência de um único ancestral por Darwin. Especiação Biogeográfica também já era um assunto conhecido, Wallace, Gmelin, von Buch eram alguns de seus estudiosos. A Seleção Natural foi um dos insights de Darwin, ela chegou a ser proposta de maneira independente por Wallace, e Wells já a havia discutido, mas nunca como um dos mecanismo que torna a evolução possível. A Seleção Sexual também já era discutida desde a antiguidade, mas foi com Lamark que se desenvolveu na época de Darwin. A Hereditariedade foi outra das inovações originais de Darwin.

Desde que começou a trabalhar em sua obra, nos momentos livres, Darwin temia publicar sua teoria. Não pelo fato de suas idéias serem bombásticas, mas temendo a crítica que poderiam receber. Em sua época ele não era o primeiro a se embrenhar com a origem do homem e das espécies mas todos aqueles que se arriscavam a publicar suas idéias eram duramente criticados, especialmente o trabalho de Jean-Baptiste Lamarck, que não penas haviam sido consistentemente rejeitadas pela comunidade científica britânica como também foram associadas à noção de radicalismo político. Outra publicação sobre o assunto, a “Vestígios da História Natural da Criação” – Vestiges of the Natural History of Creation- editada de forma anônima em 1844, foi novamente alvo de críticas, inclusive de muitos amigos e conhecidos de Darwin, e novamente associada a idéias de radicalismo político.

Antes de prosseguirmos é interessante notar que Darwin sempre foi uma pessoa extremamente fragilizada, alguns estudiosos, cínicos e não, chegaram a sugerir que fosse homossexual, como se homossexualismo fosse sinônimo de fragilidade. Independente de suas preferências eróticas, Darwin durante sua vida sofreu inúmeras crises de saúde, que o obrigavam a buscar tratamentos que às vezes duravam meses. Essa natureza também fazia com que ele buscasse evitar conflitos e atritos com as autoridades, eclesiásticas ou não. O tratamento que os “evolucionistas” de sua época vinham recebendo lhe dava a entender que nenhum cientista de reputação iria querer estar associado com tais ideias.

Em um de seus retiros para tratar a saúde em 1849 Darwin conheceu um jovem naturalista e livre pensador chamado Tomas Huxley. Huxely nos próximos anos teria um papel funcamental para a aceitação da Teoria da Evolução, não como pesquisador ou como biólogo, mas como defensor de Darwin.

Assim que Darwin começou a anunciar suas idéias, as mencionando em algumas resenhas que escrevia, ela atraiu pouca atenção. Muitos apenas a encaravam como mais uma dentre as várias teorias evolutivas independentes que existiam na época. Mas então a saúde da Darwin piora novamente e ele precisa de um novo retiro de 13 meses. Incentivado por amigos, Darwin escreveu um resumo de seu trabalho, que foi publicado por Lyell e Murray. Este primeiro livro, resumido, tinha o título de “Sobre a origem das espécies por meio de seleção natural” – On the Origin of Species by Means of Natural Selection – e assim que foi colocado à venda teve sua tiragem de 1250 cópias esgotada. Na época muitas pessoas associavam palavras como “evolução” com uma criação sem a participação de Deus, por isso Darwin tentou evitá-la sempre que possível. Outro cuidado que Darwin tomou foi o de escrever de forma um tanto sutil sobre a idéia de que os seres humanos, a não apenas os animais, deveriam evoluir.

Na mesma época, começavam a surgir outros trabalhos que também lidavam com a evolução da vida, como o escrito por Walace. Lyell então começou a pressionar Darwin para que publicasse logo sua teoria na íntegra. Em 1857 o próprio Wallace, ciente das teorias de Darwin e do projeto da publicação de suas idéias, perguntou ao naturalista se ele pretendia se aprofundar na questão das origens do homem, Darwin respondeu: “Eu acho que irei evitar completamente este assunto, uma vez que ele é rodeado de preconceitos, embora eu admita que este é o maior e mais interessante problema para um naturalista […] não há observações boas e originais sem especulação”.

Sua teoria, assim que publicada, deu início a uma controvérsia que foi acompanhada avidamente por Darwin. Apesar de ter sido extremamente cauteloso em teorizar qualquer coisa sobre a origem do homem, os críticos de sua obra foram rápidos em apontar as implicações que Darwin tentara deixar de fora: os seres humanos também evoluíam, e o homem deveria então ter o macaco como antepassado! Homens evoluíam dos macacos!

Houve críticas e resenhas favoráveis a Darwin e foi ai que suas amizades lhe prestaram o que talvez tenha sido seu maior e mais importante auxílio. Huxley, dentre todos, se tornou um defensor incansável de Darwin, servindo não apenas de entusiasta de sua teoria, mas também de escudo para os contra-ataques. O próprio Darwin não defendia suas ideias em público, se restringindo a fazer comentários através de cartas e correspondência, o “trabalho sujo” ficou a cargo de seu círculo central de amigos cientistas – Huxley, Hooker, Charles Lyell e Asa Gray – que colocavam seu trabalho em discussão nos palcos científico e públicos, defendendo-o de seus muitos críticos e ajudando-o a ganhar respeito.

Foi nesta época que começaram a surgir boatos de um debate acalorado entre Wilberforce, o bispo de Oxford, e huxley onde tendo sido questionado por Wilberforce se ele descendia de macacos por parte de pai ou de mãe, Huxley murmurou: “O Senhor o deixou em minhas mãos” e respondeu que “preferia ser descendente de um macaco que de um homem educado que usava sua cultura e eloquência a serviço do preconceito e da mentira”. Huxley dizia que preferia ser um macaco a um bispo.

A teoria de Darwin, que lhe valeu a medalha Copley da Royal Society em 1864, acabou com o tempo, eliminando a distinção que entre homem e animais. Contrário à sua vontade, sua teoria também foi usada como base para vários movimentos da época ajudando a criar e fortalecer inúmeros movimentos políticos, um dos maiores exemplos sendo o trabalho de Francis Galton, o primo de Darwin, que aplicou as idéias evolucionistas à sociedade, de forma a promover o conceito de “melhorias hereditárias”. Darwin concordava com Galton que “talento” e “genialidade” em humanos eram provavelmente herdados. Em 1883, depois da morte de Darwin, Galton começou a chamar a sua filosofia social de Eugenia, uma idéia que ganhou muitos admiradores na alemanha Nazista que não pouparam esforços para de alcançar a “pureza” racial.

 

Onde o Darwinismo Peca

 

Se o objetivo de Darwin era de fato criar uma ferramenta anti-religiosa ou não, não há como afirmar, talvez nem ele mesmo soubesse responder isso.

Como vimos há forte evidência de que a história da perda gradual de fé do velho britânico seja um pouco exagerada, que talvez desde o princípio a única preocupação de Darwin fosse apenas a resposta do meio científico e nunca tenha tido nada a ver com a igreja. Mas o fato é que hoje se os ateus fossem criar uma bandeira para o seu movimento – que eles juram não ser uma nova religião – provavelmente seria um triângulo com a foto de darwin no meio e um LIBERTAS QUAE SERA TAMÉN ao redor e um padre chorando fora do triângulo. O evolucionismo se tornou um dos argumentos contra a religião, a fé religiosa e, em última instância, contra a existência de Deus, e isso o transformou, ironicamente, em uma nova vaca sagrada, ou bezerro dourado, ou dogma se prefirir, tente não concordar com ele e automaticamente você receberá um rótulo e o que disser não será mais levado a sério, não importa o que seja.

Dizer que Darwin errou é apenas uma afirmação do óbvio. Darwin estava errado, independente da religião ou não religião de quem debate esta questão. Praticamente tudo o que ele escreveu foi reescrito nessas últimas décadas. Da mesma forma que Newton estava errado – a relatividade e a física quântica estão ai para provar isso. O argumento de Darwin apenas faz sentido no mesmo âmbito que o de Newton, para explicar superficialmente uma idéia a uma pessoa que não perderá tempo se aprofundando nela.

As idéias de Darwin sofreram mutações, em alguns casos foram substituídas por outras completamente diferentes e viraram o evolucionismo contemporâneo. Esse novo evolucionismo, como qualquer outra idéia tida por pessoas, é falho e cheio de lacunas, mas como ele calhou de se tornar uma arma anti-religiosa, essas falhas e lacunas são completamente ignoradas. Vamos nos atentar a algumas delas:

 

1- Evolucionismo não pode ser provado cientificamente

 

O evolucionismo como é defendido nos dias de hoje combina duas idéias diferentes: Variação e Mudanças em novas espécies. Uma dessas idéias é real e pode ser observada, a outra não.

Variação, que podemos chamar de micro evolução, é o que muda o formato e tamanho de bicos de pássaros, cores de penas, formato de asas, etc.

A variação acontece da seguinte forma: em seu material genético você tem a informação de como seu corpo irá se formar – dois braços, duas pernas, etc. Essa informação traz características principais e características que estão presentes mas que não serão impressas em você, são recessívas. Por exemplo a cor dos seus olhos. Uma pessoa de olhos azuis pode ter um filho de olhos castanhos, e essa criança pode, mesmo fazendo sexo com outra pessoa de olhos castanhos, ter uma criança de olhos claros. Existe uma variação possível na cor dos olhos.

Agora algo que o público em geral não tem muita idéia é que existem limites para essa variação. Biólogos sempre tentam aperfeiçoar animais, criar vacas que ocupam menos espaço e dão mais leite, abelhas que produzam um mel mais doce, aranhas com teias mais resistentes, etc. Uma coisa que todos esses biólogos sabem, graças à suas experiências, é que essa variação tem um limite. Se você tenta ir além desse limite começa a criar um bando de animais estéreis. Todo criador de animais e plantas sabe disso. Chega um momento que a manipulação cria um beco sem saída, onde os seres não poderão mais procriar e levar essas características adiante.

Um exemplo conhecidíssimo disso são as mariposas da Inglaterra. Séculos atrás as mariposas eram de uma coloração clara, mas com o advento da Revolução Industrial todo o meio ambiente foi bombardeado com grande emissão de poluentes e os troncos das árvores ficaram mais escuros. As mariposas podiam ser vistas mais facilmente, se tornando alvo fácil para predadores. Por causa disso, essa mudança no meio ambiente, as mariposas tiveram que evoluir para sobreviver e se tornaram mais escuras.

Esse é um dos estudos de caso dos evolucionistas para mostrar como a seleção natural acontece e como a evolução pode ser acompanhada e estudada. Mas essa conclusão é um erro, e um erro conhecido hoje em dia.

Com o desenvolvimento da genética, hoje podemos afirmar que qualquer mudança de característica em uma espécie só pode ocorrer se seu material genético o permitir, e essa mudança, essa variação, apenas ocorre nos limites permitidos pela carga genética do indivíduo. As mariposas não mudaram de cor, apenas começaram a nascer mariposas mais escuras dentre aquelas que tinham em seu DNA uma variação genética para a cor escura. Assim como continuaram a nascer mariposas claras, dentre aquelas cujo DNA ditava a cor clara. Mas eram todas mariposas, e da mesma espécie. Não houve o surgimento de uma nova espécie.

Suponha que Hitler houvesse vencido a II Guerra Mundial e que criasse programas de eugenia para todo o mundo. Depois de 100 anos a população de pessoas que não se enquadrassem em seu ideal ariano teriam sido exterminadas. O mundo seria como uma versão maior da Suécia, todos de pele clara e cabelos claros. Isso significa que o ser humano teria evoluído? Ou apenas que a nova leva de pessoas teria sido selecionada? Provavelmente de quando em quando nasceriam crianças de olhos escuros. Isso mostra uma seleção, mas não uma evolução.

E esse é um dos problemas. Nós temos como observar as micro evoluções – uma mudança dentro da própria espécie – mas não há como observar as macro evoluções.

O evolucionismo depende da idéia de que as espécies de hoje, todas elas em sua enorme variedade, se derivam de uma única origem. O homem e o macaco evoluíram de um mesmo ancestral, os pássaros evoluíram dos dinossauros (répteis), os répteis dos peixes, os peixes das algas e as algas das bactérias.

Só que isso não apenas não é observável como também não pode ser testado, e todas as experiências feitas para se procurar a macro evolução, o surgimento de uma nova espécie, deram resultados negativos.

Evolucionistas afirmam que nós não podemos observar a evolução acontecendo porque ela é muito lenta. Uma geração humana leva, em média, 20 anos para nascer e poder ter filhos. A crença evolucionista é que foram necessárias dezenas de milhares de gerações para que os humanos se tornassem uma raça diferente da dos outros símios. E mesmo então a população de novos seres era composta por algumas centenas ou milhares de indivíduos.

A idéia é simples: um ancestral X, através da evolução e da seleção natural teve descendentes que viraram macacos e descendentes que viraram nós. Duas espécies diferentes vindo de um mesmo indivíduo, depois de dezenas de milhares de gerações. De fato não temos como acompanhar esse tipo de evolução, mas podemos acompanhar outro tipo: o de bactérias.

Diferente de seres humanos um geração de bactérias leva de 12 minutos a 24 horas para crescer – dependendo da bactéria e do ambiente onde é criada. Hoje existem mais bactérias no mundo do que grãos de areia nas praias – a grande maioria desses grãos, inclusive, está coberto de bactérias.

Bactérias existem em praticamente qualquer ambiente, frio quente, seco, úmido, alta pressão, baixa pressão, pequenos grupos, colônias imensas, isoladas, onde há abundância de alimento, onde não há alimento, onde há oxigênio, não há oxigênio, em gases tóxicos, em químicos tóxicos, etc.

Existe hoje uma enorme variedade de bactérias catalogada. Existe também um número enorme de mutações – acreditasse hoje que quanto menor for o organismo maior a taxa de mutação. Mas nunca se ouviu falar de uma bactéria se transformando em algo diferente. Em um ano é possível se criar mais de 26.000 gerações de um grupo de bactérias e mesmo assim elas permanecem bactérias.

Moscas de fruta. Muito mais complexas do que bactérias, uma geração leva 9 dias para se desenvolver. Elas são testadas sob todas as condições imaginadas. Existem muitas variações de moscas de fruta. Existem muitas mutações. Mas elas nunca viram uma nova espécie. Elas permanecessem moscas de fruta.

Décadas de estudos em incontáveis gerações de moscas de frutas, bactérias e tudo mais o que você possa imaginar e a evolução nunca foi observada. Temos mudanças, mas não a evolução em novas espécies.

 

2- A Seleção Natural é um mecanismo anti-evolução

 

De acordo com os evolucionistas a evolução ocorre através de um mecanismo que foi batizado: seleção natural. A seleção natural explica que as características favoráveis que são hereditárias tornam-se mais comuns em gerações sucessivas de uma população de organismos que se reproduzem, e que características desfavoráveis que são hereditárias tornam-se menos comuns.

O primeiro problema ao lidarmos com seleção natural é que ela também não pode ser observada, apenas seus resultados. Como no caso das mariposas visto acima. A mudança no meio foi “artificial” – o aumento de poluentes sujando os troncos de árvore – e a seleção “favoreceu” os indivíduos escuros. Isso é o mesmo que depois de um terremoto dizermos que a evolução natural “favoreceu” os sobreviventes, ou que um meteoro que caiu na terra há milhões de anos matando quase toda a vida “favoreceu” o surgimento da raça humana.

Logo que Darwin concluiu seu texto sobre a evolução das espécies ele usou o termo a sobrevivência do mais apto – the survival of the fitest – para explicar como uma espécie nova evolui. O problema com isso é que não há como dizer quem é o mais apto. Seriam os indivíduos mais fortes, mais rápidos, mais ociosos, mais inteligentes, mais burros? Apenas podemos observar quem sobreviveu e dizer que eles foram os mais aptos, seja qual for o motivo. É como dizer que a seleção natural favorece o sobrevivente. A máxima de Darwin poderia ser alterada para A Sobrevivência do Sobrevivente.

Curiosamente a seleção natural, se a tomamos como algo ativo e não apenas uma constatação, vai contra a evolução. Ela seria a responsável pela sobrevivência dos seres em uma ambiente que muda – troncos ficam escuros as mariposas ficam escuras.

Agora, à medida que a seleção natural possibilita a predominância das características consideradas mais vantajosas ou superiores em um determinado meio, isso torna os indivíduos que variaram mais parecidos entre si e não mais diferentes. Um estudo recente inclusive diz que no futuro todas as pessoas do mundo serão brasileiras.

Assim podemos ver que em um meio onde a seleção natural opera ela funciona como uma força conservadora, evitando a diferenciação, já que qualquer diferença que não reflita a característica mais vantajosa, é prejudicial ao ser. A seleção natural preveniria o surgimento de novas espécies, isso porque seu mecanismo se mostra antagônico ao mecanismo proposto pela evolução.

Suponha que um réptil desenvolva asas. As asas só lhe seriam úteis, ou seja, ele apenas se beneficiaria das asas quando elas fossem práticas. Agora, asas não brotam prontas em uma espécie, elas teriam que evoluir ao longo do tempo. Só que nesse tempo entre começo de desenvolvimento e as asas serem minimamente utilizáveis, elas seriam prejudiciais. Por que a seleção natural iria favorecer um animal com um órgão em formação? Essa característica nova, essa asa em formação não apenas deixou de cumprir as funções da estrutura original como ainda não desempenha sua própria função, já que ainda está “evoluindo”.

Assim como poderíamos explicar a evolução de peixes em anfíbios, anfíbios em répteis e répteis em mamíferos e aves? Imagine um peixe que começa a desenvolver-se. A converter suas nadadeiras em patas. Nas primeiras gerações ele não conseguiria nadar tão bem quanto os outros peixes – que teriam suas nadadeiras evoluídas de forma mais vantajosa – nem conseguiriam se locomover, por suas patas estariam ainda rumo à forma mais vantajosa. A seleção acabaria eliminando esse peixe capenga.

 

3- Seres Imunes à Evolução

 

Os foraminíferos e radiolários são seres unicelulares, que tiveram sua presença confirmada em rochas sedimentárias datadas do período Pré-Cambriano e existem até os dias de hoje. Curiosamente, mesmo depois de tantos milênios eles permanecem animais unicelulares, não evoluíram para seres pluricelulares. Por que?

Esses animais não são o único mistério evolutivo, o elo perdido que liga os seres humanos aos macacos é fichinha se comparado ao elo perdido que liga bactérias unicelulares a seres pluricelulares. Não se sabe como seres pluricelulares simples começaram a desenvolver órgãos novos, como um núcleo protegido por membrana e todas as organelas celulares. O evolucionismo prega que houveram mutações que criaram esses novos seres, mas isso é complicado. Esses órgãos foram criados, não simples variações do que havia antes. Muitos estudiosos hoje afirmam que os novos seres não foram resultado de evolução e sim de simbiose. Um exemplo claro disso é a nossa mitocôndria, uma das organelas mais importantes de nossas células. Basicamente é ela que produz a energia da célula. E ninguém sabe de onde veio ou como surgiu, apenas que parece ser alienígena a nosso organismo e que no passado criou uma relação simbiótica e está ai até hoje. Todos temos hoje mitocôndrias, mas não a evoluímos.

Como vimos anteriormente, o estudo com milhares de bactérias não causou em nenhum momento o surgimento de uma nova forma de vida, apenas de bactérias diferentes. Como explicar a evolução de um ser unicelular em nós?

Além disso existem seres mais complexos que também não mostram sinais de evolução, como o celacanto.

O celacanto é um peixe que aparece em estratos geológicos com mais de 300 milhões de anos. Os registros fósseis mais recentes desse animal datam de 60 milhões de anos atrás. Pensava-se que era uma espécie extinta até que em 1938 vários espécimes vivos e saudáveis foram encontrados no Oceano Índico.

Temos então hoje um exemplo de um animal que possui mais de 300 milhões de anos de existência que, apesar das variações, não evoluiu. Durante esse tempo os evolucionistas afirmam que peixes se tornaram anfíbios, esses se tornaram répteis, que se tornaram mamíferos, mas o celacanto não se tornou nada, permaneceu um peixe. É como se a evolução ignorasse certas criaturas.

4- O Silêncio Paleontológico

A Paleontologia é o ramo da ciência que estuda a vida do passado da Terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico, bem como os processos de integração da informação biológica no registro geológico, os fósseis.

O objeto imediato de estudo da Paleontologia são os fósseis, pois são eles que, na atualidade, encerram a informação sobre o passado geológico do planeta Terra, mas oo contrário do que se pode imaginar as grandes durações da história geológica e seu registro, ao invés de favorecer as especulações evolucionístas, fornecem objeções a elas.

Quando paramos para estudar a documentação fóssil existente hoje fica evidente uma sucessão hierárquica das formas de vida ao longo do tempo – quanto mais antigos os estratos fósseis, menos complexas são as espécies da escala biológica.

O evolucionismo olha para essa sucessão e deduz que então as formas mais complexas surgem das formas menos complexas.

Antes de prosseguirmos é interessante entender o porque disso. Toda a discussão que envolve a vida neste planeta tem como fundo a busca em responder a questão: de onde ela surgiu?

A terra é, supostamente, um sistema fechado. Não temos naves alienígenas, ou portais dimensionais se abrindo e jogando aqui novos tipos de seres de tempos em tempos. Pelo menos não de forma que possamos observar. Nós temos a vida que existe ao nosso redor e que podemos observar diretamente e registros, tanto fósseis quanto artificiais[3]. Agora o problema surge quando os registros mostram que em determinada época não havia determinada espécie de vida no planeta e logo depois ela surgiu. A lógica do evolucionismo é simples e direta: se antes não havia mastodontes e depois eles surgiram e não chegaram aqui em um disco voador vindo de vênus, eles devem ter sido criados aqui. Agora como eles foram criados? Não havia laboratórios de manipulação genética, não havia cientistas ou criadores que manipulassem as espécies, logo esse novo tipo de animal deve ter acontecido naturalmente. E como ele aconteceu? Se a teoria diz que a vida evolui de forma simples para mais complexas ele deve ter vindo de uma forma de vida mais simples!

Essa é uma idéia simples e bonita, mas nem tudo o que acontece vem de algo simples e bonito. Só estamos aqui porque os dinossauros foram varridos para fora do planeta por um evento, não porque somos o próximo passo evolutivo natural.

Mas então como uma nova espécie como o mastodonte surge? A tentação da evolução como causa é grande. Tão grande quanto a tentação da explicação de um Deus que resolveu criar um mastodonte para ver como ele seria.

O evolucionismo vê os registros de seres menos complexos para os mais complexos, e, depois de os enfileirar, enxerga um padrão evolutivo, como se eles indicassem um filão genealógico da primeira bactéria em uma ponta e a Michelle Pfifer na outra.

O problema com essa visão é: se uma ameba evoluiu ao longo da história genealógia, até se tornar um ser mais complexo, criando no processo uma vastidão de criaturas diferentes, haveria o registro das milhares de formas intermediárias do primeiro ser até os seres atuais, mas o que existem são milhares de lacunas, todas batizadas de “o elo perdido” entre espécies. Como vimos, não existe um experimento que mostre um ser eucarionte se tornando um ser procarionte, ou um ser unicelular se tornando um ser pluricelular. Cientificamente essa evolução não passa de uma hipótese não confirmada, não pode nem ser chamada de teoria, pelos padrões do próprio processo científico.

E o próprio Darwin sabia dessas lacunas, ele chegou a afirmar que essa descontinuidade no registro fóssil ““talvez fosse a objeção mais óbvia e mais séria” à sua teoria. Assim a confirmação da hipótese evolucionista ficou dependendo de se encontrarem esses elos perdidos. Dois séculos após o apelo de Darwin e nenhum foi encontrado.

Mas isso não significa que o registro de novas espécies não exista, ou que sua existência seja especulativa. Os fósseis dessas novidades existem, e em abundância, mas de uma forma curiosa.

No livro “Dopo Darwin. Critica all’ evoluzionismo”, o doutor G. Sermont, especialista em genética dos microorganismos, diretor da Escola Internacional de Genética Geral e professor da Universidade de Peruggia e R. Fondi, professor de paleontologia da Universidade de Siena, afirmam que:

“é se constrangido a reconhecer que os fósseis não dão mostras de fenômeno evolutivo nenhum… Cada vez que se estuda uma categoria qualquer de organismos e se acompanha sua história paleontológica… acaba-se sempre, mais cedo ou mais tarde, por encontrar uma repentina interrupção exatamente no ponto onde ‘segundo a hipótese evolucionista’ deveríamos ter a conexão genealógica com uma cepa progenitora mais primitiva. A partir do momento em que isso acontece, sempre e sistematicamente, este fato não pode ser interpretado como algo secundário, antes deve ser considerado como um fenômeno primordial da natureza.”

Isso porque sempre que vemos o aparecimento de novidades evolutivas, ou seja, o aparecimento de novos grupos de plantas e animais, isso ocorre como um estrondo, de forma abrupta. Não há evidências de que haja ligações entre esses novos grupos e seus antecessores. Até porque, em alguns casos, esses animais estão separados por grandes intervalos de até mais de 100 milhões de anos.

O exemplo mais gritante de descontinuidade no registro fóssil é o que encontramos na passagem do Pré-Cambriano (primeira era geológica), para o Cambriano. No primeiro encontramos uma certa variedade de microorganismos: bactérias, algas azuis etc. Já no Cambriano, repentinamente, o que surge é uma infinidade de invertebrados, muito complexos: ouriços-do-mar, crustáceos, medusas, moluscos… Esse fenômeno é tão extraordinário que ficou conhecido como “explosão cambriana”.

Susume Ohno, em seu livro “The Notion of the Cambrian Pananimalia Genome, afirma:

“Segue daí que 6 a 10 milhões de anos na escala de tempo evolutiva não é mais do que um piscar de olhos. A explosão cambriana, demonstrando o quase simultâneo aparecimento de virtualmente todos os animais no espaço de 6 a 10 milhões de anos não pode ser explicada por divergências de mutações em funções genéticas individuais.”

O próprio Richard Dawkins, ao tratar da “explosão cambriana” em seu livro “O Relojoeiro Cego” afirma que a fauna deste período:

“já está em estado avançado ou evoluído, no mesmo momento em que surge. É como se eles tivessem sido simplesmente plantados lá, sem qualquer histórico evolutivo”.

Pois bem, se a evolução fosse uma realidade, o surgimento dessa enorme variedade de espécies mais complexas do período Cambriano deveria imprescindivelmente estar precedida de uma série de formas de transição entre os seres unicelulares do Pré-Cambriano e os invertebrados do Cambriano. Nunca foi encontrado nada no registro fóssil. Esse é, aliás, um ponto que nenhum evolucionista ignora.

Isso nos levanta a primeira dúvida: onde estão os registros dos elos perdidos? Das seres intermediários? Por que não existem registros fósseis deles?

Outra questão interessante é: os organismos registrados de uma era, permanecem sempre os mesmos, desde quando surgem até se extinguirem. De fato apresentam variações, como já vimos, mas não mudanças que caracterizariam o início de uma mudança que acarretaria em uma nova espécie. Assim, mesmo que o fóssil de um animal mostre que ele possui características que pertençam a dois grupos diferentes de seres, ele não pode ser tratado como um elo perdido enquanto não surgirem os registros dos outros estágios intermediários de sua “evolução”.

Outro ponto que serve como peso contra a idéia da evolução é que sempre que surge um suposto elo perdido, ligando duas espécies, não se passa muito tempo antes que provem que esse elo era uma falsificação. Um dos mais recentes foi o caso do archeoraptor, a criatura que supostamente seria o elo perdido entre os dinossauros e as aves e que descobriram não passar de uma construção mal-feita de diferentes fósseis criado com o único intuito de dar “uma mãozinha a uma idéia que acreditam ser real”. O mesmo acontece sempre que surge um elo perdido entre primatas e humanos. Passa-se um tempo e se descobrem ser apenas uma montagem feita por alguém que queria por um motivo ou outro criar provas da evolução.

Essa inclusive é uma das questões mais perturbadoras levantadas pelo evolucionismo: de onde vem os humanos?

Existem inúmeras hipóteses, como a hipótese de que nos desenvolvemos na África e então nos debandamos de lá nos espalhando ao redor do mundo, tomando o lugar de outras espécies humanóides que porventura vivessem no lugar. Mas essa não é a única hipótese existente, existem outras que afirmam que na verdade os humanos modernos evoluíram de diferentes tipos arcaicos de humanóides ao redor do globo, que habitavam diferentes regiões.

Independente de nossa origem evolutiva, o evolucionismo não consegue explicar questões mais práticas, como por exemplo:

  • Por que nosso cérebro cresceu tanto?Evolutivamente isso seria um desperdício de energia – um órgão que possui apenas 2% da massa do corpo e consome mais de 20% de nossa energia. Isso seria um acidente de apenas uma espécie? Não existem outros com um cérebro como o nosso, se existe mesmo uma vantagem evolutiva em ter cérebros como os nossos, por que somos os únicos a te-los?
  • Por que andamos sobre duas pernas?Nossos ancestrais, de acordo com a teoria evolutiva, desenvolveram a postura erguida muito antes de desenvolver o cérebro diferenciado dos humanos, ou seja, começamos a andar como andamos hoje quando ainda não éramos diferentes de outros símios. Por que então nos tornar bípedes se todas as outras espécies se viravam e continuam se virando usando os quatro membros para se locomover?
  • O que aconteceu com os pêlos de nosso corpo?

Por que outros humanóides não votam para presidente hoje? Por que outras espécies de homo se extinguiram? Hoje temos diferentes espécies de cães, de pássaros, de peixes, de cetáceos, mas apenas uma espécie de humanos que sofrem variações regionais e culturais.

 

5- O problema das mutações

Tudo isso acaba levando o evolucionismo a buscar apoio em sua última grande cartada. As mutações!

Em muitos casos, afirmam, essas mudanças são o resultado de mutações genéticas. É curioso ver o papel que a mutação teve na cultura popular e pseudo científica através dos meios de cultura em massa a partir das décadas de 1940 e 1950. Os filmes, livros e quadrinhos de ficção científica da época mostravam criaturas e pessoas ganhando poderes extraordinários. Animais radioativos davam super-poderes àqueles que picavam ou mordiam, a radiação era usada para se criar híbridos horripilantes. Raios cósmicos transformavam pessoas comuns em seres com habilidades jamais vistas. Com o tempo, é claro, esses mitos foram negados pelos cientistas, mas servem para nos mostrar como a visão de mutação acaba nos dando a idéia errada dos rumos que a vida pode tomar.

Ao contrário do que muitos fãs de X-Men acreditam, mutações não costumam ser tão positivas. O problema é que o evolucionismo, apesar de saber disso, parece fingir que não sabe.

Vejamos como a crença nas mutações se comporta: 

Em raras ocasiões surge uma mutação no DNA de uma criatura – a mutação ocorre em indivíduos em uma primeiro momento e não em uma espécie. Essa mutação aumenta a habilidade dessa criatura de sobreviver, sendo assim é muito provável que ela seja passada adiante quando essa criatura se reproduzir. Essa seria então uma das ferramentas mais importantes – se não a única como vimos até agora – da evolução para se criar novas espécies.

E essa mutação poderia ser benéfica se ela ocorresse em apenas um gene e ele fosse o único e exclusivo responsável pela habilidade aumentada. O problema começa quando começamos a estudar genética. O corpo de qualquer criatura, por mais simples que seja, é construído de uma forma bem mais complexa do que essa. Não existe apenas um botão que controle apenas uma função do corpo, na verdade o corpo é muito mais intrincado do que isso, é necessário que todos os seus componentes estejam funcionando para que o todo esteja em ordem.

Além disso uma mutação não ocorre como forma de adaptação, ela é um processo completamente aleatório. Uma mutação é um erro de leitura de um DNA quando ele está sendo copiado. A mutação só acontece se a alteração no DNA modificar o organismo. Em geral esses erros não provocam nenhum resultado porque o código genético está engendrado de modo tão formidável, que torna neutras as mutações nocivas. Mas quando geram efeitos, eles são quase que sempre negativos, quando não o são acabam se revelando neutros.

Em seres humanos, por exemplo, existem mais de 6 mil doenças genéticas catalogadas como o melanoma maligno, a hemofilia, o alzheimer e anemia falciforme, para citar apenas quatro delas. Essas doenças – e grande parte das catalogadas – foram localizadas nos genes correspondentes. Desta forma as mutações acabam tento um peso negativo na “evolução” da vida.

Para que um novo ser surgisse seria necessário que ele fosse acometido de inúmeras mutações específicas de forma que nenhuma causasse algum traço degenerativo e que todas elas ocorressem pelo mero acaso. Isso é como o famoso exercício de colocar centenas de chimpanzés datilografando centenas de páginas aleatoriamente para depois de algum tempo ver que um deles havia criado uma peça de Sheakespeare.

Com efeito, não há registro de mutações benéficas e a possibilidade delas existirem é tão reduzida que pode ser descartada, ainda mais se pensarmos que milhares ou milhões delas deveriam acontecer cada vez que surge uma explosão com novas formas de vida. As experiências de T. Morgan com a mosca da fruta atestam isso. Ele nos mostrou que as mutações, em geral, mostram deterioração, desgaste ou desaparecimento geral de certos órgãos, nunca o surgimento de um órgão novo ou uma função/habilidade nova. A maioria das mutações provoca alterações em caracteres secundários tais como cor dos olhos e pelos, sendo que, quando provocavam maiores modificações, eram sempre letais. Os mutantes criados que poderiam ser comparados à mosca normal, no que diz respeito ao vigor são uma minoria e, mutantes que tenham sofrido um desenvolvimento realmente valioso na organização normal, em ambientes normais, são desconhecidos. Ou seja, houve mutações, várias delas, mas nenhuma foi passada adiante e a experiência acabou se chocando com os limites da variação permitida pelos genes.

 

E Por Que a Insistência?

 

Inúmeras respostas poderiam ser dadas tentando se explicar porque uma idéia acaba sendo adotada por um grupo como verdade a ponto de cegar o próprio grupo, mas na verdade a única que faz sentido é: porque as pessoas são humanas, e os humanos preferem estar juntos a estar certos.

Richard Dawkins escreveu no prefácio da edição de bolso de seu livro Deus um Delírio que:

“O verdadeiro cientista, por mais apaixonadamente que ‘acredite’ na evolução, sabe exatamente o que é necessário para fazê-lo mudar de opinião: evidências. Como disse J. B. S. Haldane, quando questionado sobre que tipo de evidência poderia contradizer a evolução: ‘Fósseis de coelho no Pré-cambriano’. Cunho aqui minha própria versão contrária ao manifesto de Kurt Wise: ‘Se todas as evidências do universo se voltarem a favor do criacionismo, serei o primeiro a admiti-las, e mudarei de opinião imediatamente. Na atual situação, porém, todas as evidências disponíveis (e há uma quantidade enorme delas) sustentam a evolução. É por esse motivo, e apenas por esse motivo, que defendo a evolução com uma paixão comparável à paixão daqueles que a atacam. Minha paixão baseia-se nas evidências. A deles, que ignora as evidências, é verdadeiramente fundamentalista.”

Uma opinião muito sensata, mas curiosamente em uma sessão do livro cujo o objetivo não é analisar algo e sim atacar algo.

Desde o momento em que passou a ser usado como arma anti-religiosa, o evolucionismo acabou criando novos monstros, como as novas teorias de design inteligente e outras ainda mais esdrúxulas, e passou a atacar todas como se elas tivessem se originado na religião como forma de atacar a ciência. O Dr. Frankestein passou a ser perseguido pelo monstro que ele mesmo criou.

Nenhuma das duas hipóteses – criacionista e evolucionista – são verdades absolutas, deveriam parar de se comportar como candidatas a uma única vaga. É claro que uma filosofia não sai andando por conta própria na rua, ela precisa de hospedeiros humanos para poder crescer, se desenvolver e se multiplicar. É curioso notar como muito do material escrito hoje não busca desenvolver nenhuma das idéias que defende e sim tenta atacar a idéia alheia geralmente atacando as pessoas que a defende e não pontos fortes e fracos da própria hipótese. Dawkins afirmou que “Se todas as evidências do universo se voltarem a favor do criacionismo, serei o primeiro a admiti-las, e mudarei de opinião imediatamente. Na atual situação, porém, todas as evidências disponíveis (e há uma quantidade enorme delas) sustentam a evolução. É por esse motivo, e apenas por esse motivo, que defendo a evolução com uma paixão comparável à paixão daqueles que a atacam. Minha paixão baseia-se nas evidências”, o problema começa justamente quando essas evidências começam a se manifestar, juntamente com a falta das evidências que deveriam haver.

Acredita-se hoje que a vida surgiu há 3,5 bilhões de anos, na forma de bactérias e pouco depois algas. Mariscos e Moluscos surgiram posteriormente, por volta de 500 milhões de anos. Mais alguns anos de evolução e surgiram peixes e logo depois anfíbios. Os répteis só apareceram no planeta a 360 milhões de anos, quando os dinossauros se espalharam pelo Planeta Terra. Seu domínio extende-se até aproximadamente 65 milhões de anos atrás, quando eles desapareceram repentina e misteriosamente. Os mamíferos, por sua vez, teriam surgido somente por volta de 3 milhões de anos atrás. A humanidade, como civilização, teria apenas 45 mil anos, segundo a Ciência da Arqueologia.

Mas… em 1882, prisioneiros da cadeia da cidade de Carson descobriram acidentalmente pegadas fossilizadas, com aproximadamente 55,88 centímetros cada uma. Logo surgiram outras descobertas no mesmo local. Todas as marcas identificadas eram de pés calçados, e datavam de 5 milhões de anos.

Em 26 de maio de 1910, foram descobertos alguns fósseis em um granito na região de Gravelbourg, Saskatchwan, no Canadá. Investigações de especialistas indicaram que o fóssil, um conjunto de pegadas humanas, teria vários milhões de anos de idade.

Em 1919, o cientista Wilhelm Freudenberg descobriu “possíveis pegadas humanas” impressas no começo do período Plioceno, entre 4 e 7 milhões de anos atrás. A descoberta ocorreu nas proximidades de Meuleken, na Antuérpia, Bélgica.

Em 1938, o geologista Wilbor G. Burroughs, anunciou ter descoberto dez pegadas humanas perfeitas, com cinco dedos semelhantes aos pés humanos atuais. Elas mediam 23,73×10,25 cm e foram encontradas ao norte de Mount Vernon, nos Estados Unidos. A descoberta dataria do período Carbonífero, cerca de 250 milhões de anos atrás. Pegadas semelhantes foram descobertas em Jackson County, e também nos Estados da Pensilvânia e Missouri, todos no Estados Unidos. Arqueologistas e geologistas estão divididos quanto à  origem destas pegadas. Em Mount Victória, também nos Estados Unidos, foram descobertas pegadas humanas gigantes medindo 59 x 18 cm, indicando um peso de 250 kg. As pegadas são reais. Não são fraudes ou marcas de erosão.

Em 1959, o cientista chinês, Dr. Tschu Myn Tschen e sua equipe (Tschau Ming Tschen/Chow Mingchen) descobriram uma pegada com idade estimada em 15 milhões de anos. Trata-se de uma marca produzida por um calçado com sola.

Em 3 de junho de 1968, William Meister e Francis Shape descobriram pegadas calçadas em Antelope Springs, próximo a Delta, no estado de Utah, (EUA). Elas mediam 32,5 x 11,25 cm. O interessante destas pegadas é que elas esmagaram um trilobite, no momento em que foram impressas, sendo que o trilobite está extinto a 240 milhões de anos!

Na primavera de 1983, uma expedição do Instituto de Geologia do Turcomenistão descobriu mais de 1500 pegadas de dinossauros na região sudeste da república. O chefe da expedição, Dr. Kurban Amanniyazov, declarou ao jornal Moscow News que “nós temos descoberto pegadas semelhantes à  pegadas humanas, mas até o momento falhamos em determinar, com metodologia cientifica, à  quem elas pertencem. É claro, se nós pudermos provar que elas pertencem à  um hominídio, isto causaria uma revolução na ciência humana. A humanidade vai ficar 150 milhões de anos mais velha”.

Em 1987, o paleontologista Jerry MacDonald descobriu várias pegadas fossilizadas de diferentes espécies de animais, incluindo seres humanos, em uma camada de rocha originada no período Siluriano, uma época entre 290 e 248 milhões de anos atrás.

Além dessas na localidade de Navalsaz, em Soria, na Espanha, mais de 500 pegadas de Tiranossaurus rex foram descobertas. Junto destas pegadas haviam pegadas humanas produzidas na mesma época em que o resto do conjunto de pegadas foram produzidas, a aproximadamente 70 milhões de anos atrás.

O paleontologista Dr. C.N. Dougherty descobriu possíveis pegadas humanas de aproximadamente 140 milhões de anos. Segundo a ciência nessa época, os dinossauros dominavam a Terra e o ser humano ainda não existia. A descoberta de Paluxy, se comprovada, poderia causar uma revolução na ciência pois ela seria a prova de que a humanidade seria muito mais antiga do que se supõe e teria coexistido com os dinossauros. Neste local encontram-se pegadas de aproximadamente 54 cm no seu eixo maior. Em 1986, o pesquisador Glen J. Kuban descobriu que as marcas de dedos presentes na pegada apresentam coloração diferente do resto das marcas. Isso sugere, segundo os cientistas, uma possível manipulação nas marcas. Na verdade esta é uma explicação simplista utilizada pelos cientistas para explicar aquilo que eles não podem explicar. Se houvesse manipulação nas marcas, a estranha coloração seria encontrada em todas as marcas impressas pelo pé humano, e não apenas na região dos dedos. Além disso, a pegada humana é mais profunda e estreita que a do dinossauro. Esta estranha coloração pode ser explicada pela presença de um rio nas proximidades que poderia lixiviar os sedimentos próximos à superfície da rocha.


Pegada Delk: foi descoberta em um afluente do Rio Paluxy, cerca de
meia milha rio acima dos limites do parque.  

Homens caminhando junto com dinossauros é algo ainda mais estranho, paleontologicamente se falando, do que coelhos no Cambriano, mas o evolucionismo se tornou tão arraigado e mecânico, que esse tipo de evidência quando surge é automaticamente descartada como fraude ou como ilusão. O que nos faz lembrar Nietzsche que nos avisava para nos acautelarmos quando lutássemos contra monstros, para que nãos nos tornássemos monstros também.

“Minha paixão baseia-se nas evidências. A deles, que ignora as evidências, é verdadeiramente fundamentalista.”

Notas:

[1] Lembre-se, ingênuo leitor ou leitora, vivemos em uma sociedade onde existe a privatização de imprensa e não a liberdade de imprensa. Só porque não há mais linhas pretas cobrindo textos nos jornais, como na época da ditadura, não quer dizer que sua informação não está sendo censurada ou adulterada. Vivemos em um mundo de ignorantes e esses ignorantes não são apenas aqueles que lêem jornais, mas a maioria dos que os escreve também.

[2] Tenha em mente que nossos costumes de higiene de hoje em dia não são os mesmos de séculos atrás, especialmente os europeus. Há uns 400 anos, por exemplo, o banho diário não era costume, e não haviam chuveiros e duchas. Semanalmente juntava-se uma quantidade de água numa grande bacia e toda a família tomava banho naquela água. Primeiro entrava o chefe da família seguido pelos homens, por idade, então era a vez das mulheres ordenadas também por idade e por último, caso houvesse, os bebês. Imagine então a situação da água no fim da semana, era costume se pegar a bacia e a virar para fora para mandar aquele líquido escuro rua a fora para tornar a enchê-la para a próxima semana.

[3] Existem muitas espécies hoje extintas que foram registradas por pessoas na época que existiam, o pássaro Dodô é um exemplo.

Lon Plo

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/evolucionismo-o-conto-de-fadas-de-darwin/

A Lei das Bruxas

A Lei foi escrita e decretada pelos antigos. 2A Lei foi feita para os Wicca, para aconselhá-los e ajudá-los em seus problemas. 3Os Wicca devem prestar justa adoração aos Deuses e obedecer sua vontade, que é por eles decretada, pois isso é feito para o bem de Wicca assim como a adoração dos Wicca é boa para os Deuses. Pois os Deuses amam os Irmãos de Wicca.

Apropriadamente preparados

4Assim como o homem ama a mulher dominando-a, 5os Wicca devem amar os Deuses sendo dominados por eles. 6E é necessário que o Círculo, que é o templo dos Deuses, seja verdadeiramente invocado e purificado. E que assim seja um local apropriado para os Deuses entrarem. 7E os Wicca devem estar apropriadamente preparados e purificados para estar na presença dos Deuses. 8Com amor e adoração em seus corações, eles devem criar retirar poder de seus corpos para dar poder aos Deuses. 9Assim foi ensinado pelos antigos.

Atribuições da Alta Sacerdotisa   10Pois apenas desta maneira os homens podem ter comunhão com os Deuses, pois os Deuses não podem auxiliar os homens sem o auxílio do homem. 11E a Alta Sacerdotisa deve comandar seu Coven como representante da Deusa. 12E o Alto Sacerdote deve auxiliá-la como representante do Deus. 13E a Alta Sacerdotisa devem escolher quem ela desejar, sendo ele de grau suficiente, para ser seu Alto Sacerdote. 14Pois, como o próprio Deus beijou seus pés na saudação quíntupla, depositando todo seu poder nos pés da Deusa por causa de sua juventude e beleza, sua doçura e gentileza, sua sabedoria e justiça, sua humildade e generosidade.15Assim ele submeteu todo seu poder a ela.16Mas a Alta Sacerdotisa deve sempre ter em mente que todo o poder vem dele. 17Ele é apenas emprestado, para ser usado sábia e justamente. 18E a maior virtude de uma Alta Sacerdotisa é a de reconhecer que a juventude é necessária à representante da Deusa. 19Assim ela irá graciosamente se retirar em favor de uma mulher mais jovem se o Coven assim decidir em conselho. 20Pois uma verdadeira Alta Sacerdotisa reconhece que ceder graciosamente seu honroso posto é uma das maiores virtudes. 21E desta maneira era retornará a seu honroso posto em outra vida, com maior poder e beleza.

Discrição
22Nos dias antigos, quando os bruxos eram numerosos, éramos livres e adorávamos em todos os grandes templos. 23Mas, nestes dias infelizes,nós devemoa celebrar nossos sagrados mistérios em segredo. 24Assim seja decretado, que ninguém além dos Wicca possa ver nossos mistérios, pois nossos inimigos são muitos e a tortura afrouxa a língua do homem. 25Assim seja decretado que nenhum Coven deve saber onde o outro se reúne. 26Ou quem são seus membros, salvo apenas o Sacerdote e Sacerdotisa e mensageiro. 27E não deve haver comunicação entre eles, salvo através do mensageiro dos deuses, ou o invocador. 28E apenas se for seguro os Covens podem reunir-se em algum lugar seguro para os grandes festivais. 29E enquanto lá estiverem, ninguém deve saber de onde o outro veio ou quais são seus nomes reais. 30Pois assim, qualquer um que seja torturado não dirá nada em sua agonia, pois nada sabe. 31Assim seja decretado que ninguém deve dizer a ninguém que não é da Arte que se é de Wicca, nem dar quaisquer nomes ou onde se reúnem, ou de maneira alguma dizer algo que possa denunciar um de nós a nossos inimigos. 32Nem ninguém deve dizer onde se localiza o Covendom. 33Ou o Covenstead. 34Ou onde as reuniões sejam. 35E se alguém quebrar essas leis, mesmo sob tortura, QUE A MALDIÇÃO DA DEUSA ESTEJA SOBRE ELE, e que assim ele nunca renasça na Terra e que permaneça onde é seu lugar, no inferno dos cristãos.

Discussões no Coven

36Que cada Alta Sacerdotisa governe seu Coven com justiça e amor, com a ajuda e o conselho do Alto Sacerdote e dos Sábios, sempre seguindo o conselho do mensageiro dos Deuses, se ele vier. 37Ela irá considerar todas as queixas de todos os Irmãos e se esforçará para eliminar todas as diferenças entre eles. 38Mas deve ser reconhecido que sempre haverão pessoas que se empenharão em obrigar os outros a fazer o que eles quiserem. 39Eles não são necessariamente maus. 40E eles muitas vezes têm boas idéias e tais idéias devem ser tratadas em conselho. 41Mas se eles não concordarem com seus Irmãos, ou se eles disserem: 42‘eu não vou trabalhar sob o comando desta Alta Sacerdotisa’, 43existiu sempre a Antiga Lei para ser conveniente à Irmandade e evitar disputas.

Formação de Novos Covens
44Qualquer um de terceiro pode requisitar a fundação de um novo Coven porque eles vivem mais de uma légua do Covendom, ou porque ele o quer fazer. 45Qualquer um vivendo nos limites do Covendom e desejando formar um novo Coven deverá dizer aos Sábios a sua intenção, e no mesmo instante mudar-se de residência e dirigir-se ao novo Covendom. 46Membros do antigo Coven podem juntar-se ao novo quando este estiver formado. Mas, se o fizerem, devem evitar definitivamente o antigo Coven. 47Os Sábios do novo e do antigo Coven devem encontrar-se em paz e amor fraternal para decidirem as novas fronteiras. 48Aqueles da Arte que residem foram de ambos Covendoms podem juntar-se a qualquer um deles, mas não a ambos, 49embora todos possam, se os Sábios concordarem, encontrar-se para os grandes festivais se for realmente em paz e amor fraternal, 50mas romper um Coven significa discórdia, e para tal essas Leis foram feitas pelos Antigos, e que A MALDIÇÃO DA DEUSA ESTEJA EM QUEM DESCONSIDERÁ-LAS. Que assim seja decretado.

O Livro das Sombras

51Se fores manter um livro, que seja com sua própria caligrafia. Deixe que irmãos e irmãs copiem o que desejarem, mas nunca deixe o livro sair de suas mãos, e nunca guarde os escritos de outro.52Pois se estes forem encontrados com sua caligrafia, eles poderão ser presos e processados. 53Que cada um guarde seus escritos e destrua-os quando qualquer perigo ameaçá-los. 54Aprenda o máximo que puder de cabeça e, quando o perigo passar, reescreva seu livro, se for seguro. 55Por essa razão, se alguém morrer, destrua seu livro se ele não o pôde fazer. 56Pois, se for encontrado, será uma prova clara contra ele. 57E nossos opressores sabem bem que ‘Não poderás ser um bruxo sozinho’. 58E então todos nossos amigos e Irmãos estarão em perigo de tortura, 59então destrua tudo que não for necessário. 60Se o seu livro for encontrado em suas mãos, será prova clara contra sua pessoa, e poderás ser processado.
Tortura e Interrogatórios

61Mantenha todos os pensamentos da Arte fora de sua mente. 62Se a tortura for muito forte para suportar, diga, ‘Eu confesso. Não posso suportar esta tortura. O que querem que eu diga ?’ 63Se eles tentarem fazê-lo falar da Irmandade, não o faça. 64Mas se eles tentarem fazê-lo falar de coisas impossíveis como voar pelos ares, relacionar-se com um demônio cristão ou sacrificar crianças, ou comer carne humana, 65para obter alívio da tortura diga, ‘Eu tive um sonho mau, eu estava fora de mim, estava enlouquecido’. 66Nem todos os juízes são maus, e, se tiverem uma desculpa, eles podem demonstrar misericórdia. 67Se confessaste antes, negue depois, diga que estavas alucinando sob tortura, diga que não sabias o que falava.

A Morte

68Se fores condenado, nada tema. 69A Irmandade é poderosa e o ajudará a escapar se tiveres mantido-te impassível, mas se tiveres cometido traição não haverá esperança para ti nesta vida ou na que virá. 70Esteja certo, se fores resoluto para a pira, drogas lhe serão oferecidas, e nada sentirás. Irás para a morte e para o que vem depois, o êxtase da Deusa.

Os Instrumentos Mágicos

71Para evitar descobertas, faça com que os instrumentos de trabalho sejam comuns, coisas que qualquer um teria em casa. 72Que os pentáculos sejam de cera para que sejam imediatamente quebrados ou derretidos. 73Não tenha uma espada a menos que sua posição o permita. 74E ela não terá nem nomes nem símbolos em nada. 75Escreva os nomes e símbolos nela com tinta antes de consagrá-la, e lave-a imediatamente após. 76 Que a cor do punho identifique qual é qual. 77Não grave nada nela, pois pode facilitar a descoberta.

Dissimulação

78Sempre lembre-se que somos as crianças escondidas da Deusa, portanto nunca faça algo que possa desonrar-nos ou a Ela. 79Nunca conte vantagens, nunca ameace, nunca diga que queres o mal de ninguém. 80Se alguma pessoa que não é do Círculo falar da Arte, diga, ‘Não fale-me disto, pois me assusta e traz má sorte’. 81Por estas razões, os cristãos têm seus espiões em todos os lugares. Eles falam como se fossem atraídos por nós, e como sentem por não irem em nossas reuniões, dizendo ‘Minha mãe adorava os Antigos. Como eu gostaria de fazê-lo também’. 82Para os que são assim, sempre negue qualquer conhecimento. 83Mas aos outros, sempre diga, ‘Estes homens tolos falam de bruxos voando pelos céus. Para fazer isso eles deveriam ser leves como cardo. E os homens dizem que as bruxas são todas velhas caolhas, então que prazer existiria num encontro de bruxos como os que o povo conta ?’ 84E diga, ‘Muitos homens sábios agora dizem que não há tais criaturas’. 85Sempre faça disso uma piada, e talvez em algum tempo futuro a perseguição morra e possamos adorar nossos Deuses em segurança novamente. 86Que todos nós rezemos por este dia feliz.

87Que as bênçãos da Deusa e do Deus esteja em todo aquele que mantenha estas leis assim como foram decretadas.

As Funções dentro do Coven
88Se o Coven possuir algum equipamento, que todos ajudem a guardá-lo e a mantê-lo limpo e bom para a Arte. 89E que todos justamente guardem todas as riquezas do Coven. 90E se algum Irmão verdadeiramente tiver os escrito, tem direto a seu pagamento, e que seja justo. Isso não é receber dinheiro pela Arte, mas por bom e honesto trabalho. 91Mesmo os cristãos dizem, ‘O trabalhador merece seu pagamento’, mas se algum Irmão quiser de vontade própria trabalhar para a Arte sem receber pagamento, que assim seja para sua grande honra. Que assim seja decretado.

Disputas e Desentendimentos

92Se houver alguma disputa ou desentendimento entre a Irmandade, a Alta Sacerdotisa deve imediatamente convocar os Sábios e inquiri-los no assunto, e eles devem ouvir ambos os lados, primeiro sozinhos e então juntos. 93E então eles decidirão justamente, sem favorecer um lado ou outro. 94Mesmo reconhecendo que há pessoas que nunca aceitarão trabalhar sob o comando de outros. 95Mas, da mesma maneira, há algumas pessoas que não conseguem comandar com justiça. 96Para aqueles que querem sempre comandar, há só uma resposta. 97Saia do Coven ou procure outro, levando com você aqueles que quiserem ir. 98Para aqueles que não o podem, a resposta deve ser simplesmente, ‘Aqueles que não podem aceitar seu comando sairão com você’. 99Pois ninguém deve vir a encontros com aqueles com quem estão em desacordo. 100Assim, todos irão concordar, daqui para frente, pois a Arte deve sempre sobreviver , e que assim seja decretado.

A Loucura dos Cristãos
101Nos dias antigos, quando tínhamos poder, nós podíamos usar a Arte contra qualquer um que intentasse mal contra a Irmandade. Mas nestes dias malditos nós não o podemos fazer. Pois nossos inimigos criaram uma fossa ardente de fogo eterno onde afirmam que seu deus lança todos que o adoram, exceto os poucos que são libertados por seus padres, orações e missas. E isso é feito principalmente dando-se riquezas e presentes valiosos para receber seu favor, pois seu grande deus está sempre precisando de dinheiro. 102Mas como nossos Deuses precisam de nossa ajuda para que o homem e a colheita sejam férteis, assim o deus dos cristãos está sempre precisando da ajuda dos homens para ajudá-lo a nos encontrar e nos destruir. Seus padres sempre lhes dizem que qualquer um que receber nossa ajuda está amaldiçoado a este inferno para todo o sempre, e os homens enlouquecem com o terror disto. 103Mas eles fazem os homens acreditarem que para escapar deste inferno eles precisar dar vítimas aos torturadores. Por esse motivo, todos estão sempre espionando, pensando, ‘Se eu capturar apenas um destes Wicca, eu escaparei da fossa ardente’. 104Por essa razão nós possuímos nossos esconderijos, para que os homens procurem muito e nada encontrem, e digam, ‘Não existe nenhum desses Wicca, e, se existir, estão nalguma terra distante’. 105Mas quando um de nossos opressores morre, ou até apenas adoece, sempre há o grito, ‘Isto é trabalho de bruxos’, e a caçada recomeça. E embora eles chacinem dez de seu povo para cada um de nós, mesmo assim eles não se importam. Eles são incontáveis milhares. 106Enquanto nós somos poucos. Que assim seja decretado.

 

Mais Considerações sobre os Cristãos
107Que ninguém faça uso da Arte de maneira a causar mal a alguém. 108Não importa quanto eles nos ferirem, não prejudique ninguém. E hoje em dia, muitos crêem que nós não existimos. 109Enquanto esta Lei estiver nos ajudando em nossas dificuldades, ninguém, não importa quão grande injúria ou injustiça houver recebido, deve usar a Arte para prejudicar ou causar mal a alguém. Mas pode-se, depois de um grande Conselho entre todos Wicca, usar a Arte para impedir cristãos de ferir nossos Irmãos, mas apenas para impedí-los, nunca para puní-los. 110Pois assim os homens dirão, ‘Aquele se diz um poderoso caçador, um perseguidor de mulheres velhas que ele diz serem bruxas, mas ninguém lhe fez mal, e isto é uma prova de que elas não têm poder ou que na verdade não há mais nenhuma’. 111Pois todos sabem muito bem que muitas pessoas morreram porque alguém os invejava, ou foram perseguidas porque tinham dinheiro ou bens para serem divididos, ou porque nada possuíam para subornar os caçadores. E muitas morreram por serem velhas rabugentas. Tantas destas morreram que os homens hoje dizem que apenas velhas são bruxas. 112E que isto seja nossa vantagem e que afaste as suspeitas de nós.

Manter a Lei

113Na Inglaterra e na Escócia já faz mais de um ano desde que um bruxo morreu a morte. Mas qualquer uso errôneo do poder pode reiniciar a perseguição. 114Por isso, nunca quebre essa Lei, por mais tentado que te sintas, e nunca permita que ela seja quebrada. 115Se souberes que ela está sendo quebrada, deves trabalhar fortemente contra isto. 116E qualquer Alta Sacerdotisa ou Alto Sacerdote que consentir com sua ruptura deve ser imediatamente deposto, pois é o sangue da Irmandade que eles estão arriscando.

117Faça tudo de maneira segura, e apenas se for realmente seguro. 118E mantenha estritamente a Antiga Lei.

Dinheiro

119Nunca aceite dinheiro pelo uso da Arte, pois o dinheiro sempre mancha aquele que o recebe. Há magos e sacerdotes e os padres dos cristãos que aceitam dinheiro pelo uso de suas artes. E vendem indultos para que os homens livrem-se de seus pecados. 120Não seja como estes. Se você não aceitar dinheiro, estará livre da tentação de usar a Arte para propósitos malignos.

O Uso da Arte

121Todos podem usar a Arte em vantagem própria ou para vantagem dos Irmãos apenas se houver a certeza de que não irá prejudicar ninguém. 122Mas permita sempre que o Coven debata este assunto o quanto desejar. Apenas se todos concordarem que ninguém vai ser prejudicado, a Arte poderá ser usada. 123Se não for possível atingir seu objetivo de uma maneira, provavelmente a meta pode ser atingida de outro modo sem ainda prejudicar ninguém. QUE A MALDIÇÃO DA DEUSA ESTEJA SOBRE QUALQUER UM QUE QUEBRAR ESTA LEI. Que assim seja decretado.

Ética
124 Foi julgado lícito se alguém da Arte precisar de uma casa ou terra e ninguém desejar vender, orientar a mente do proprietário de maneira que ele queira vender, contanto que ele não seja de maneira alguma prejudicado e que o preço seja pago sem barganhas. 125Nunca barganhe ou tente baixar o preço de algo se você o estiver comprando para a Arte. Que assim seja decretado.

A Antiga Lei

126Esta é a Antiga Lei e a mais importante de todas as leis: que ninguém faça qualquer coisa que ponha em risco qualquer membro da Arte, ou que coloque-o em contato com as leis da região ou quaisquer perseguidores. 127Se houver qualquer disputa entre a Irmandade, ninguém deve invocar nenhuma lei além destas da Arte. 129Ou nenhum tribunal além daquele formado por Sacerdotisa, Sacerdote e Sábios.

Mais Regras de Dissimulação e Discrição

129Não é proibido dizer como dizem os cristãos, ‘Há bruxaria neste lugar’, pois há muito nossos opressores classificaram como heresia não crer em bruxaria, e um crime tal como negá-la pode colocá-lo sob suspeita. 130Mas sempre diga, ‘Eu nunca ouvi falar disso por aqui, talvez eles devam existir mas muito longe, não sei onde’. 131Mas sempre fale de nós como velhas ranzinzas, concubinando-se com o demônio e voando pelos ares. 132E sempre diga, ‘Mas como elas podem voar pelos ares se não são leves como cardo’. 133Mas que a maldição da Deusa esteja em qualquer um que lançar suspeitas sobre alguém da Irmandade. 134Ou falar sobre algum verdadeiro local de encontro onde nós nos reunimos.

Livro das Sombras e Liber Umbrarum
 

135Que a Arte mantenha livros com os nomes de todas as ervas que são boas, e todas os remédios, para que assim todos possam aprender. 136Mas mantenha outro livro com todas as Leis e Rituais e que apenas os Sábios e outras pessoas de confiança possuam este conhecimento. Que assim seja decretado. 138E que as bênçãos dos Deuses estejam em todos que mantêm essas Leis, e que tanto a maldição do Deus quanto a da Deusa esteja em quem as desrespeitá-las.
 

A Sabedoria da Humildade

138Lembre-se que a Arte é o segredo dos Deuses e que deve ser usado apenas de maneira respeitosa e fervorosa, e nunca para exibir-se ou vangloriar-se. 139Magos e cristãos podem escarnecer de nós dizendo,’Vocês não têm poder, mostre-nos seu poder. Faça magia diante de nossos olhos, e apenas assim acreditaremos’, tentando nos obrigar a trair a Arte perante eles. 140Não lhes dê ouvidos, pois a Arte é sagrada e deve apenas ser usada quando for necessária, e que a maldição dos Deuses esteja em quem quebrar esta Lei.
Alta Sacerdotisa: renúncia, abandono e sucessão
 

141Sempre foi assim com as mulheres, e com os homens também, que eles sempre buscam novos amores. 142Não devemos reprová-los por isso. 143Mas isto pode ser um desvantagem para a Arte. 144Mais de uma vez aconteceu de um Alto Sacerdote ou uma Alta Sacerdotisa, impelida por amor, ir embora com seu amado. Isto é, eles deixaram o Coven. 145Agora, se a Alta Sacerdotisa quer renunciar, ela deve fazê-lo em uma reunião com o Coven completo. 146 E esta renúncia é válida. 147Mas se ela fugir sem renunciar, quem garante que não voltará em poucos meses ? 148Assim, a Lei é, se uma Alta Sacerdotisa deixar seu Coven, ela deve ser trazida de volta para que tudo seja como era antes. 149Enquanto isso, se ela tem uma auxiliar, esta auxiliar agirá como Alta Sacerdotisa enquanto a Alta Sacerdotisa não estive presente. 150Se ela não retornar em um ano e um dia, então o Coven deve eleger uma nova Alta Sacerdotisa. 151A menos que haja uma boa razão para que isso não ocorra. 152A pessoa que fez o trabalho deve receber o benefício de sua recompensa, donzela e auxiliar da Alta Sacerdotisa.

O Vínculo
153Foi visto que a prática da Arte causa uma forte ligação entre aspirante e tutor, e isto é o motivo de melhores resultados se assim o for. 154E se por alguma razão isto não for desejado, pode facilmente ser evitado por ambas as pessoas colocando firmemente em suas mentes que são como irmão e irmã, ou pai e filho. 155E por esta razão um homem pode apenas ser ensinado por uma mulher e uma mulher por um homem, e mulher e mulher não devem tentar estas práticas juntas. Que assim seja decretado.

Julgamento de Transgressões

156Ordem e disciplina devem ser mantidas. 157Uma Alta Sacerdotisa ou um Alto Sacerdote pode, e deve, punir todas as transgressões. 158 Assim, todos da Arte devem receber sua correção de boa vontade. 159Todos apropriadamente preparados, o culpado deve ajoelhar-se, sua transgressão relatada e sua sentença pronunciada. 160A punição deve ser seguida por algo agradável. 161O culpado deve reconhecer a justiça de sua punição beijando a mão ao receber a sentença e novamente quando a punição for cumprida. Que assim seja decretado.

Por: ALEX SANDERS. Tradução k-Ouranos 333

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-lei-das-bruxas/

A Iniciação ao Segundo Grau da Bruxaria

A Iniciação de Segundo Grau dentro do Paganismo promove um bruxo ou bruxa de Primeiro Grau a Sumo-Sacerdote ou Sumo-Sacerdotisa; não necessariamente a líder do seu Coventículo, claro. Se os nossos leitores não se importarem que estabeleçamos um paralelo com os militares, a distinção é a mesma da existente entre “um” Coronel ou “o” Coronel; o primeiro significa que estamos a falar do detentor de um determinado posto, o segundo que estamos a falar do comandante de uma unidade em particular.

 

Um bruxo(a) de Segundo Grau pode iniciar outros apenas, claro, do sexo oposto, e para o 1.º ou 2.º Graus. Estamos aqui a falar acerca da Tradição normal Alexandrina ou Gardneriana. A auto-iniciação, e a fundação de Coventículos quando não existe ajuda exterior disponível, é outro assunto, e iremos aprofundá-lo na Secção XXIII; mas mesmo aí sugerimos que, quando um Coventículo “auto-criado” está devidamente estabelecido e a funcionar, deve ser bem entendido que se deve manter nas regras Alexandrinas/Gardnerianas (ou na tradição equivalente em que se baseou).

 

Queremos pôr muito ênfase na opinião que iniciar alguém acarreta responsabilidade para o Iniciador, tanto em decidir se o Postulante é adequado (ou, se potencialmente adequado, se está preparado) para esta fase, como em garantir que o seu treino irá continuar. A Iniciação pode ter repercussões psíquicas e kármicas muito fortes, e se for dada de uma forma irresponsável, os resultados podem tornar-se parte do karma do próprio Iniciador. Os líderes dos Coventículos devem lembrar-se disto quando decidem se alguém está pronto para o segundo grau, e perguntar-se a si próprios em particular se o candidato é maduro o suficiente para lhe ser confiado o direito de iniciar outros; se não, os seus erros podem muito bem recair no seu karma!

 

Se um bruxo(a) de segundo grau acabado de iniciar tiver sido bem escolhido e devidamente ensinado, é óbvio que não estará ansioso de apressadamente iniciar pessoas só porque as regras o permitem. A prática no nosso Coventículo (e, estamos certos, em muitos outros) tem sido sempre que bruxos(as) de segundo e terceiro grau que não sejam o Sumo-Sacerdote ou a Sumo-Sacerdotisa não conduzem normalmente iniciações excepto a pedido, ou com a aprovação, da Sumo-Sacerdotisa. Muitas vezes isto acontecerá se o Postulante é um amigo apresentado pelo membro em causa, ou se estes desejam ser companheiros de trabalho. Ou pode ser feito para dar ao membro prática e auto-confiança no Ritual.

 

Outra implicação de ser um(a) bruxo(a) de Segundo Grau é que se pode, com a aprovação da Sumo-Sacerdotisa, deixar o Coventículo e fundar o seu próprio Coventículo com o companheiro de trabalho. Nesse caso, fica-se ainda sob as orientações do Coventículo de origem até os seus líderes decidirem que se está pronto para a independência total; eles darão então a Iniciação de Terceiro Grau, depois da qual ficam completamente autónomos. (Nós próprios seguimos este padrão; o Alex e a Maxim Sanders deram-nos o Segundo Grau no dia 17 de Outubro de 1970; mantivemo-nos no Coventículo deles mais alguns meses e então, com a sua aprovação, trouxemos três dos seus estudantes que ainda não tinham sido iniciados e fundámos o nosso próprio Coventículo em 22 de Dezembro de 1970, iniciando nós próprios estes estudantes. No dia 24 de Abril de 1971 Sanders deu-nos o Terceiro Grau, e o nosso Coventículo tornou-se então independente. Temos razões para acreditar que o Alex, pelo menos mais tarde, desejou que o cordão umbilical não tivesse sido cortado tão cedo. Mas aconteceu, e sem malícia estamos preparados para aguardar o resultado.)

 

A tradição, pelo menos na Arte Gardneriana, é que a nova base do Coventículo deve estar a pelo menos 5 quilómetros do antigo e que os seus membros devem evitar qualquer contacto com os membros do antigo Coventículo. Qualquer contacto necessário deve existir apenas entre o Sumo-Sacerdote e a Sumo-Sacerdotisa dos dois Coventículos. Esta prática é chamada de “fora do Coventículo” e obviamente tem as suas raízes nos séculos de perseguição.

 

Seria muito difícil observá-lo na prática nos nossos dias, particularmente em condições urbanas; esta regra, por exemplo, seria quase impraticável em locais como Londres, Nova Iorque, Sydney ou Amesterdão. Mas ainda há muito a dizer acerca de “voiding the Coventículo” no sentido da prevenção deliberada e da sobreposição de trabalho entre o Coventículo antigo e o novo. Se isto não for feito, as fronteiras esbater-se-ão, e o novo grupo terá muitas dificuldades em estabelecer a sua própria identidade e em construir o seu próprio espírito de grupo. Pode mesmo existir uma tendência, entre os membros mais fracos do novo Coventículo, de “fugir para a Mamã” com críticas aos seus líderes que a “Mamã”, se for sábia, desencorajará firmemente.

 

A Maxime impôs a regra do “fora do Coventículo” rigorosamente no seu recém-formado grupo; e, em retrospectiva, estamos satisfeitos que o tenha feito.

 

Dois ou mais Coventículos (incluindo os Coventículos com estas relações e seus “frutos”) podem sempre juntar-se, por convite ou por acordo mútuo, para um dos Festivais do Ano, e estes Festivais combinados podem ser muito agradáveis; mas são ocasiões de celebração e não de trabalho. Trabalhos combinados, por outro lado, não são geralmente muito boa ideia, excepto com objectivos específicos e em circunstâncias especiais (o exemplo clássico é talvez o famoso esforço em tempo de guerra dos Bruxos do Sul de Inglaterra de frustrar os planos de invasão de Hitler no entanto o “objectivo específico”, a motivação não tem de ser tão forte como esta.)

 

Os bruxos de Segundo e Terceiro Grau formam os “anciães” do Coventículo. Como, e quantas vezes, são estes chamados nesta qualidade, é da responsabilidade da Sumo-Sacerdotisa. Mas, por exemplo, num assunto disciplinar em que a Sumo-Sacerdotisa sinta que não deve apenas agir com a sua autoridade pessoal, os “anciães” fornecem um “júri” natural. A Sumo-Sacerdotisa deve ser a líder inquestionável do Coventículo e dentro do círculo, absolutamente; se alguém tem dúvidas honestas acerca das suas decisões, a questão pode ser calmamente levantada depois do Círculo ter sido banido. Mas ela não deve ser uma tirana prepotente. Se ela e o seu Sumo-Sacerdote tiverem respeito e depositarem confiança suficientes em membros específicos do seu Coventículo para os fazerem anciães, devem dar o devido valor aos seus conselhos quanto às decisões do Coventículo e ao trabalho a ser feito.

 

Todas estas questões parecem desviar o assunto da Iniciação de Segundo Grau para tópicos mais gerais; mas é extremamente relevante para esta questão decidir quem está e quem não está pronto para o Segundo Grau.

 

É como diz o próprio ritual de Iniciação: os Textos B e C do Livro das Sombras de Gardner são idênticos. A primeira parte do ritual de segundo grau segue um padrão similar ao do primeiro (apesar das diferenças próprias): o acto de atar o Iniciado, a apresentação aos pontos cardeais, as chicotadas rituais, a consagração com óleo, vinho e lábios, o desatar, a apresentação dos instrumentos de trabalho (mas desta vez para serem utilizados ritualmente pelo Iniciado de imediato) e a segunda apresentação aos pontos cardeais.

 

Existem três elementos que pertencem ao ritual de Segundo Grau que não são parte do ritual de Primeiro Grau.

 

Primeiro, é atribuído ao Iniciado um nome de Bruxo (nome mágico), que ela ou ele escolheu previamente. A escolha é inteiramente pessoal. Pode ser um nome de um Deus ou de uma Deusa que expresse uma qualidade a que o Iniciado aspire, como Vulcano, Thétis, Thoth, Poséidon ou Ma’at. (Os nomes mais elevados de cada panteão particular, como Zeus ou Ísis, devem, sugerimos, ser evitados; eles podem ser interpretados como arrogância implícita do Iniciado). Ou pode ser um nome de uma figura histórica ou lendária, de novo implicando um aspecto particular, como Amerfin o Bardo, Morgana, a Feiticeira, Orpheus, o Músico, ou Pythia, o Oráculo. Pode mesmo ser um nome sintético construído com as letras iniciais de aspectos que criem um equilíbrio desejável no Iniciado (um processo desenhado a partir de um certo tipo de magia ritual). Mas, qualquer que seja a escolha, não deve ser casual ou apressada; uma consideração e meditação aprofundadas antes da escolha é em si um acto mágico.

 

Segundo, depois do Juramento o Iniciador ritualmente envia todo o seu poder para o Iniciado. Também isto não é uma cerimónia, mas um acto de concentração mágica deliberada, em que o Iniciador aposta tudo o possível em manter e lidar com a continuidade do poder psíquico na Arte (Craft no original).

 

E em terceiro lugar, o uso ritual das cordas e do chicote é a ocasião para dramatizar uma lição acerca do que é muita vezes chamado de “efeito boomerang”; nomeadamente, que qualquer esforço mágico, quer para fazer o bem ou fazer o mal, retorna a triplicar para a pessoa que o faz. O Iniciado usa as cordas para amarrar o Iniciador da mesma forma que o Iniciado(a) foi amarrado anteriormente, e então dá ao Iniciador três vezes as chicotadas rituais que o Iniciador lhe deu. Isto é ao mesmo tempo uma lição e um teste para verificar se o Iniciado amadureceu o suficiente para reagir às acções de outras pessoas com a necessária contenção. Um aspecto mais subtil da lição é que, apesar de o Iniciador estar no comando, este não é fixo nem eterno, mas é antes uma confiança o tipo de confiança que agora está depositada também no Iniciado; porque ambos (Iniciador e Iniciado) têm por último posição igual no plano cósmico, e ambos são canais para o poder ser invocado, não a sua fonte.

 

A segunda parte do ritual é a leitura, ou aprovação, da Lenda da “Descida da Deusa do Mundo do Subterrâneo”. Temos esta em completo detalhe, acompanhado com os movimentos a executar, na Secção XIV dos Oito Sabbats para Bruxas; assim tudo o que aqui fazemos é transmitir o texto em si, como surge nos Textos B e C do Livro das Sombras. A Doreen Valiente comenta que o nosso texto no Oito Sabates para Bruxas “é um pouco mais cheio que este (e incidentalmente aponta que a palavra “Controlador” na p.171, linha 7, da primeira edição devia ser “Consolador” (trad.à letra!).) Gardner dá uma versão ligeiramente diferente no Capítulo III da Witchcraft Today(1); mas aqui mantivemo-nos no conteúdo do Texto C (com duas pequenas excepções ver p. 303, notas 10 e 11.)

 

A Doreen diz-nos que no Coventículo de Gardner, “esta Lenda era lida depois da Iniciação de Segundo Grau, quando todos estavam calmamente sentados no Círculo. Se existissem suficientes pessoas presentes, poderia ser também dramatizada, com os intervenientes fazendo os gestos enquanto uma pessoa lê alto a Lenda.”

 

No nosso representamos sempre a Lenda enquanto um narrador a lê e é possível que tenhamos os actores a ler as suas próprias falas. Pensamos que a Lenda dramatizada, com o Iniciado no papel de Senhor do Submundo se for um homem, ou de Deusa se for uma mulher, é muito mais eficaz que uma mera leitura da Lenda. É uma questão de opção; mas aqueles que partilham a nossa preferência por uma representação são referidos no “Oito Sabates para Bruxas”.

 

No ritual que se descreve abaixo, uma vez que o Iniciado já é bruxo(a), referimo-nos sempre como “Iniciado”; e voltamos a referir-nos ao Iniciador como “ela”, o Iniciado como “ele”, e o Companheiro como “ele”, por uma questão de simplicidade apesar de, como antes, poder ser ao contrário.

 

Queríamos referir que os bruxos Americanos usam agora universalmente o pentagrama direito isto é, apenas com uma ponta para cima como sigla do Segundo Grau, porque o pentagrama invertido é associado com o pensamento americano sobre o satanismo. Os bruxos europeus, no entanto, ainda usam o tradicional pentagrama invertido, com as duas pontas para cima, mas sem implicações sinistras. O simbolismo europeu significa que, não obstante os quatro elementos de Terra, Ar, Fogo e Água estarem agora em equilíbrio, ainda dominam o quinto, o Espírito. O pentagrama direito do Terceiro Grau simboliza que agora o Espírito domina, rege os outros. Dada a diferença entre o uso Europeu e o Americano, damos duas alternativas no procedimento da unção no ritual que se segue.

 

A Preparação

Tudo é preparado como para um Círculo normal, com os seguintes itens adicionais também preparados:

  • Uma venda;
  • Três comprimentos de corda vermelha: uma com 2,75m e duas com 1,45m;
  • Óleo de unção;
  • Uma vela branca nova não acesa;
  • Um pequeno sino de mão;
  • Algumas jóias;
  • Um colar no Altar;
  • Um véu;
  • Uma coroa;

As jóias são para a mulher fazer o papel de Deusa; assim, se o ritual for de “Véu do Céu” estas devem obviamente ser coisas como pulseiras, anéis e brincos, e não alfinetes de peito! A coroa é para o homem que representa o papel de Deus do Submundo e pode ser tão simples como um círculo de arame se nada melhor estiver disponível.

A venda deve ser de algum material opaco, como para o primeiro grau; mas o véu deve ser leve, fino e bonito, e preferentemente numa das cores da Deusa azul, verde ou prateado.

O Ritual

O ritual de abertura é o usual até ao fim da invocação do “Grande Deus Cernunnos”, com o Iniciado a tomar o seu lugar normal no Coventículo. No fim da invocação de Cernunnos, o Iniciado vai para o centro do Círculo e é atado e vendado pelos bruxos do sexo oposto, exactamente como na Iniciação de primeiro grau.

O Iniciador conduz o Iniciado aos pontos cardeais em volta e diz:

“Ouçam ó Poderosos do Este [Sul, Oeste, Norte], ___________(nome vulgar), um Sacerdote e Bruxo consagrado, está agora devidamente preparado para ser Sumo Sacerdote e Mago [Sumo Sacerdotisa e Rainha Feiticeira](2)

O Iniciador conduz o Iniciado de volta para o centro do Círculo e vira-o para o altar. Ele e o Coventículo dão as mãos e rodeiam-no três vezes.(3)

Os bruxos que ataram o Iniciado completam agora a tarefa desapertando as pontas soltas das cordas do joelho e tornozelo e apertando os joelhos e tornozelos juntos. Podem então ajudá-lo a ajoelhar-se em frente ao altar.

O Iniciador diz:

“Para atingir este sublime grau, é necessário sofrer e ser purificado. Estás disposto a sofrer para aprender?”

O Iniciado diz:

“Estou.”

O Iniciador diz:

“Purifico-te para que tomes acertadamente este grande Juramento.”

O Iniciador vai buscar o chicote ao altar, enquanto o Companheiro toca o sino três vezes e diz: “Três.”

O Iniciador dá três chicotadas leves ao Iniciado.

O Companheiro diz: “Sete.” (Não volta a tocar o sino)

O Iniciador dá sete chicotadas leves ao Iniciado.

O Companheiro diz: “Nove.”

O Iniciador dá nove chicotadas leves ao Iniciado.

O Companheiro diz: “Vinte e Um.”

O Iniciador dá vinte e uma chicotadas leves ao Iniciado. Então dá o chicote ao Companheiro (que o recoloca junto com o sino no altar) e diz:

“Dou-te agora um novo nome,_________[o seu nome mágico escolhido]. Qual é o teu nome?” Ele dá-lhe uma pequena pancada enquanto pergunta(4).

O Iniciado responde:

“O meu nome é __________(repetindo o seu novo nome mágico.)

Cada membro do Coventículo em volta dá então ao Iniciado uma pequena pancada ou empurrão, perguntando “Qual é o teu nome?” e o Iniciado responde sempre “O meu nome é________.” Quando o Iniciador decide que é suficiente, dá um sinal ao Coventículo para parar, tomando os seus membros os respectivos lugares

O Iniciador então diz (frase a frase):

“Repete o teu nome depois de mim, dizendo: “Eu,_________, juro sobre o ventre da minha mão, e pela minha honra entre os homens e entre os meus Irmãos e Irmãs da Arte, que nunca revelarei, a qualquer pessoa, algum dos Segredos da Arte, excepto se for uma pessoa merecedora, devidamente preparada, no centro de um Círculo Mágico como este onde agora estou. Isto eu juro pelas minhas esperanças na salvação, pelas minhas vidas passadas, e pelas minhas esperanças nas vidas futuras ainda para vir; e destino-me e à minha medida à destruição se eu quebrar este meu Juramento solene.” O Iniciador ajoelha-se ao lado do Iniciado e põe a sua mão esquerda sob o seu joelho e a sua mão direita na sua cabeça, para formar a Ligação Mágica.

Então diz:

“Deposito em ti todo o meu poder.”

Mantendo as mãos na posição da Ligação Mágica ele concentra-se pelo tempo que julgar necessário para depositar todo o seu poder no Iniciado.(5)

Depois disto, levanta-se.

Os bruxos que amarraram o Iniciado avançam, libertam os joelhos e tornozelos do Iniciado e ajudam-no a levantar-se. O Companheiro traz o cálice de vinho e o óleo de unção.

O Iniciador molha a ponta do dedo no óleo e diz:

“Consagro-te com óleo.”

Então toca no Iniciado com o óleo mesmo acima do pêlo púbico, no seu peito direito, na sua anca esquerda, na sua anca direita, no seu peito direito e novamente acima do pêlo púbico, completando o pentagrama invertido do Segundo Grau.6

(No uso Americano: garganta, anca direita, peito esquerdo, peito direito, anca esquerda, e garganta novamente.)

Molha então o dedo no vinho, diz “Consagro-te com vinho”, e toca-lhe nos mesmos locais com o vinho.

Então diz “Consagro-te com os meus lábios”, beija-o nos mesmos locais e continua: “Sumo Sacerdote e Mago (Sumo Sacerdotisa e Rainha Feiticeira).”

As bruxa que amarraram o Iniciado avançam e removem a venda para o cumprimentar e lhe dar os parabéns, beijando-o ou apertando a mão conforme apropriado. Uma vez isto feito, o ritual continua com a apresentação e uso dos instrumentos de trabalho. À medida que cada instrumento é nomeado, o Iniciador trá-lo do altar e dá-o ao Iniciado com um beijo. Outro bruxo do mesmo sexo que o Iniciador espera, e à medida que cada ferramenta acaba de ser apresentada, recebe-a do Iniciado com um beijo e recoloca-a no altar.

Para começar, o Iniciador diz:

“Agora irás usar os Instrumentos de Trabalho. Primeiro, a Espada Mágica.”

O Iniciado pega na espada e reabre o Círculo, mas sem falar.

O Iniciador diz: “Em segundo lugar, o Athame.”

O Iniciado pega no Athame e novamente reabre o Círculo sem falar.

O Iniciador diz: “Em terceiro lugar, a Faca de Cabo Branco.”

O Iniciado pega na faca de cabo branco e vai buscar a vela branca por acender ao altar. Então usa a faca para inscrever um pentagrama na vela, que recoloca depois no altar.(7)

O Iniciador diz: “Em quarto lugar, a Varinha.”

O Iniciado pega na varinha e agita-a aos quatros pontos cardeais em volta.(8)

O Iniciador diz: “Em quinto lugar, o Cálice.”

Então o Iniciado e o Iniciador consagram juntos o vinho no cálice.(9)

O Iniciador diz: “Em sexto lugar, o Pentáculo.”

O Iniciador pega no Pentáculo e mostra-o aos quatro pontos cardeais em volta.

O Iniciador diz: “Em sétimo lugar, o Incensário.”

O Iniciado pega no Incensário e transporta-o à volta do perímetro do Círculo.

O Iniciador diz: “Em oitavo lugar, as Cordas.”

O Iniciado pega nas cordas e, com a ajuda do Companheiro, amarra o Iniciador da mesma maneira que ele próprio foi amarrado. Iniciado e Companheiro ajudam então o Iniciador a ajoelhar-se em frente ao altar.

O Iniciador diz:

“Em nono lugar, o Chicote. Para que aprendas, na Arte (Witchcraft) deves sempre dar como receber, mas sempre a triplicar. Por isso onde te dei três, devolve nove; onde dei sete, devolve vinte e um; onde dei nove, devolve vinte e sete; onde dei vinte e um, devolve sessenta e três.”

O bruxo que espera entrega o chicote ao Iniciado com um beijo.

O Companheiro diz: “Nove.”

O Iniciado dá nove chicotadas leves ao Iniciador.

O Companheiro diz: “Vinte e Um.”

O Iniciado dá vinte e uma chicotadas leves ao Iniciador.

O Companheiro diz: “Vinte e Sete.”

O Iniciado dá vinte e sete chicotadas leves ao Iniciador.

O Companheiro diz: “Sessenta e Três.”

O Iniciado dá sessenta e três chicotadas leves ao Iniciador.

O Iniciador diz:

“Obedeceste à Lei. Mas lembra-te bem, quando receberes o bem, também estás incumbido de devolver o bem triplamente.”

O Iniciado, com a ajuda do Companheiro, ajuda o Iniciador a levantar-se e desamarra-o.

O Iniciador leva agora o Iniciado a cada um dos pontos cardeais em volta, dizendo: “Ouçam, ó Poderosos do Este [Sul, Oeste, Norte]: __________ [nome mágico]foi devidamente consagrado Sumo Sacerdote e Mago [Sumo Sacerdotisa e Rainha Feiticeira].”

O Coventículo prepara-se agora para a Lenda da “Descida da Deusa do Mundo do Subterrâneo”. O Iniciador nomeia um Narrador para ler a Lenda, se não for ele próprio a ler. Se a Lenda também for dramatizada, então nomeará actores para a Deusa, o Senhor do Submundo, e o Guardião dos Portais. É usual que o Iniciado represente o papel ou de Deusa ou de Senhor do Submundo, de acordo com o sexo, e que o seu companheiro de trabalho (se existir um) represente o outro. Na tradição mitológica restrita, o Guardião deve ser um homem, mas não é essencial.(Nos textos de Gardner, “Guardiães” é plural, mas este facto parece colidir com a mitologia.)

A Lenda da Descida da Deusa do Mundo do Subterrâneo (10)

A nossa Senhora a Deusa nunca amou, mas Ela resolvia todos os Mistérios, até o Mistério da Morte; então fez uma viagem ao Submundo.(11)

Os Guardiães dos Portais desafiaram-na: “Despe os teus trajes, tira as tuas jóias; porque não os podes trazer para esta nossa Terra.”

Então Ela despiu os seus trajes e tirou as suas jóias, e foi amarrada, como todos os que entram no Reino da Morte, a Poderosa.(12)

E era tal a sua beleza, que a própria Morte se ajoelhou e beijou os seus pés, dizendo: “Abençoados sejam os teus pés, que te trouxeram para estes caminhos. Fica comigo; mas deixa-me pôr a minha mão fria no teu coração.”

Ela respondeu: “Eu não te amo. Porque é que acabas com todas as coisas que amo e tens prazer em que esmoreçam e morram?”

“Senhora”, respondeu a Morte, “esta idade e destino, contra as quais nada posso fazer. A idade faz com que todas as coisas murchem; mas quando os homens morrem no fim do tempo, eu dou-lhes descanso e paz, força para que eles possam retornar. Mas Tu! Tu és maravilhosa. Não voltes; fica comigo!”

Mas ela respondeu: “Não te amo”.

Então disse a Morte: “Como não recebeste nem a minha mão ou o teu coração, terás de receber o chicote da Morte”.

“É o destino assim seja,” disse Ela. E Ela ajoelhou-se, e a Morte chicoteou-a carinhosamente. E ela chorou, “Sinto as pancadas do amor”.

E a Morte disse, “Abençoada Sejas!” e deu-lhe o Beijo Quíntuplo, dizendo: “Que assim te possas manter na alegria e conhecimento.” E Ele ensinou-Lhe todos os Mistérios, e Eles amaram e foram um, e Ele ensinou-Lhe todas as Magias.

Porque existem três grandes acontecimentos na vida de um homem: Amor, Morte e Ressurreição no novo corpo; e a Magia controla-os todos. Pois para realizar o Amor deves voltar ao mesmo sítio e lugar e na mesma altura que a pessoa que amas, e deves lembrar-te e amá-la novamente. Mas para renascer tens de morrer e estar pronto para um corpo novo; e para morrer tens de ter nascido; e sem amor não podes nascer; e isto é tudo a Magia.

Notas

(1) . Gardner diz que é possível que as histórias de Ishtar e de Siva podem ter influenciado o mito, ‘mas sob o ponto de vista da história é diferente…. eu penso que a sua origem é provavelmente Céltica’. (Witchcraft Today, pp. 41-2.)

(2) . Este é o teor tradicional de apresentação às Atalaias; mas uma Sumo-Sacerdotisa não é por uma lado chamada ‘a Rainha Bruxa’ até ter um coventículo dela pelo menos dois outros enxamearam fora disto. (Ver Oito Sabates para Bruxas, Capítulo 15).

(3) . O Texto C somente diz: ‘Circular três vezes. Em segurança’. Mas se a Sumo-Sacerdotisa preferir, não há razão nenhuma para que a Letra Runa das Bruxas não deveria ser cantada durante o circular, o qual naquele caso continua até a Runa ter acabado.

(4) . Este interrogatório e “espancamento”, pelo Iniciador e pelo coventículo, é uma adição Alexandriana. Nós incluímos isto aqui porque a usamos. Nós encontramos estimulante esta mudança entre as duas solenidades de ritual do açoite e o Juramento e também assegura que todo o coventículo se lembrarão do novo nome. Mas é uma questão de escolha. Texto C corre sem interrupção ‘eu dou para Vós um nome secreto,________ . Repete o teu novo nome depois de mim, dizendo…’ assim Valiente faz um comentário sobre nosso costume: ‘Isto é um antigo costume dos Amarrados, quando as crianças eram determinadas a assoprar a vela ou para mostrar onde eram os limites da paróquia; um costume do antigo povo que acredito, ainda é mantido nalguns lugares’.

(5) . Às vezes é a nossa prática para a Janet chamar Stewart (ou vice-versa) e também o outro lado do Iniciado formar um Vínculo Mágico, assim dará poder a ele ou a ela juntos. Em outras ocasiões, está qualquer um de nós o Companheiro que reforçará há pouco o esforço do Iniciador, com um desses casos nos quais uma sociedade de funcionamento boa vai o que é na ocasião certo, mentalmente.

(6) . Gardner não descreveu em esboço estes cinco pontos em palavras no ritual dele.

(7) . No Texto C diz somente ‘Usa. S.’ (‘S é no Livro das Sombras o beijo). A inscrição na vela é o nosso modo de usar isto. O Iniciado arranja um lugar seguro para a vela, e quando ele funda o próprio coventículo, ele acende a vela no Altar, isto no primeiro Círculo do novo coventículo, e deixa-a queimar completamente. Mesmo que ela não funde o próprio coventículo, mantém a vela como sendo um direito dele.

(8) . A prática Alexandriana é levar a varinha três vez à volta do Círculo dirige-se para os pontos cardeais, somando no total, doze vezes. O resto dos instrumentos são levados para o círculo uma única vez. Desconhecemos a razão disso.

(9) . Nós adicionamos o Cálice na lista de apresentações do Livro das Sombras no Rito do primeiro-grau, pelas razões que nós damos na pág. 258.

(10) . O Texto C é encabeçado ‘The Magical Legend of A.’ e começa: ‘Agora A. Nuca amou, mas ela… ‘. Na Witchcraft Today a versão é encabeçada pelo ‘Mito da Deusa’ e diz: ‘Agora G. nunca tinha amado, mas ela…’. ‘A.’ é o nome da Deusa usado por Gardner, e ‘ G. ‘ deve ser a Deusa, somente há muitos mitos da Deusa, e ‘A Lenda do Descida da Deusa’ melhora como um título identificativo. Os Coventículos podem usar claro o nome de Deusas em vez de ‘nossa Senhora a Deusa’ se preferriem.

(11) . Os textos de Gardner dizem ‘para as Terras Inferiores – um dos raros disparates de Gardner porque soava sempre, comicamente, como ‘para o Países Baixos’ i.e. para a Holanda. Sugerimos realmente que ‘para o Mundo dos Mortos’ é melhor, por essa razão.

(12) . Gardner criou a sua própria nota de rodapé no Livro de Sombras: ‘Costume Céltico de bater nos corpos. A corda que tinha ligado um corpo foi útil para aprender a segunda visão’. Ele repetiu e ampliou esta afirmação em Witchcraft Today em pág. 159, Nota 2.

Janet & Stewart Farrar, A Bíblia das Bruxas

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-iniciacao-ao-segundo-grau-da-bruxaria/

A Iniciação ao Primeiro Grau da Bruxaria

Formalmente a iniciação de primeiro grau torna-a uma bruxa(o) comum. Mas é claro que é um pouco mais complicado que isso.

Como todos os bruxos experientes, existem algumas pessoas que são bruxas (ou bruxos) de nascimento muitas vezes podem tê-lo sido desde uma encarnação passada. Uma boa Sumo-Sacerdotisa ou Sumo-Sacerdote costuma detectá-las. Iniciar um destes bruxos não é “fazer uma bruxa”; é muito mais um gesto bi-direccional de identificação e reconhecimento e claro, um Ritual de boas-vindas de uma mais-valia de peso ao Coventículo.

No outro extremo, existem os que são mais lentos ou menos aptos muitas vezes boas pessoas, sinceras e trabalhadoras que o iniciador sabe que têm um longo longo caminho a percorrer, e provavelmente muitos obstáculos e condições adversas a ultrapassar, antes de se poderem chamar verdadeiros bruxos. Mas mesmo para estes, a Iniciação não é um mero formalismo, se o iniciador conhecer a sua Arte. Pode dar-lhes uma sensação de integração, um sentimento que um importante marco foi ultrapassado; e apenas por lhes atribuir a qualidade de candidato, (apesar de não parecer terem qualquer dom), o direito de se auto-denominarem bruxos, encoraja-os a trabalhar arduamente para merecerem esta qualidade. E alguns menos aptos podem tomá-lo de surpresa com uma aceleração súbita no seu desenvolvimento após a iniciação; então saberão que a iniciação resultou.

No meio, encontra-se a maioria; os candidatos de potencial médio e forte capacidade de evolução que, se apercebem de uma forma mais ou menos clara que a Wicca é o caminho que têm procurado e porquê, mas que ainda estão no início da exploração das suas capacidades. Para estes, uma Iniciação bem conduzida pode ser uma experiência poderosa e incentivante, um genuíno salto dialéctico no seu desenvolvimento psíquico e emocional. Um bom iniciador tudo fará para que isso aconteça.

Na verdade, o iniciador não está sozinho na sua tarefa (e não nos estamos apenas a referir ao apoio de algum companheiro ou dos outros membros do Coventículo). Uma Iniciação é um Ritual Mágico, que evoca poderes e deve ser conduzido com a confiança plena que esses poderes invocados se irão manifestar.

Toda a iniciação, em qualquer religião genuína, é uma morte e renascimento simbólicos, suportados de forma consciente. No Ritual Wicca este processo é simbolizado pela venda e amarração, o desafio, a provação aceite, a remoção final da venda e das amarras é a consagração de uma nova vida. O iniciador deve manter este objectivo claro na sua mente e concentrar-se nele, e o Ritual em si deve provocar a mesma sensação na mente do candidato.

Em séculos mais remotos a imagem de morte e ressurreição era sem dúvida ainda mais notória e explícita e provavelmente desenrolava-se ainda com muito menos palavras. A famosa bruxa de Sheffield, Patricia Crowther, refere até que ponto ela teve esta experiência durante a sua Iniciação por Gerald Gardner. O Ritual era Gardneriano normal, basicamente da mesma forma que o descrevemos nesta secção, mas antes do Juramento, Gardner ajoelhou-se ao seu lado e meditou durante um bocado. Patricia enquanto esperava entrou subitamente em transe (que veio a descobrir mais tarde ter durado 40 minutos) ao que parece recordou uma reencarnação passada. Ela viu-se a ser transportada por um grupo de mulheres nuas numa procissão de archotes que se dirigia para uma caverna. Elas saíram, deixando-a aterrorizada no meio da escuridão absoluta. Gradualmente conquistou o seu medo, acalmou e no devido tempo as mulheres voltaram. Ficaram em linha com as pernas abertas e ordenaram-lhe que passasse, amarrada como estava, através de um túnel de pernas que se assemelhavam a uma vagina, enquanto que as mulheres uivavam e gritavam como se tivessem a ter um filho. Enquanto ela passava, foi puxada pelos pés e as amarras foram cortadas. A líder encarando-a “ofereceu-me os seus seios, simbolizando que me iria proteger como ela o faria aos seus próprios filhos. O corte das amarras simbolizava o corte do cordão umbilical”. Ela teve que beijar os seios que lhe foram oferecidos, tendo sido depois salpicada com água ao mesmo tempo que lhe diziam que tinha renascido no sacerdócio dos Mistérios da Lua.

Gardner comentou, quando ela voltou à consciência: “durante muito tempo eu tive a ideia que se costumava fazer algo como aquilo que tinhas descrito e agora sei que não estava longe da verdade. Deve ter acontecido há séculos atrás, muito antes dos rituais verbais terem sido adoptados pela Arte.”

A morte e o renascimento com todos os seus terrores e promessas, dificilmente poderia ser muito dramatizado; e temos a sensação que a recordação de Patricia era genuína. Ela obviamente é uma bruxa nata de há muito tempo atrás.

Mas vamos retornar ao Ritual Gardneriano. Para este efeito não tínhamos apenas três textos mas quatro; somados aos textos A, B e C (ver pág. 3?) existe a obra de Gardner denominada High Magic’s Aid. Esta obra foi publicada em 1941, antes da cessação da lei Witchcraft Acts na Inglaterra e, antes dos seus livros Witchcraft Today (1954) e The Meaning of Witchcraft (1959). Neste, Gardner revelou pela primeira vez em ficção algum do material que tinha aprendido com o seu Coventículo. No Capítulo XVII a bruxa Morven faz o herói Jan atravessar a sua iniciação do 1º Grau e o Ritual é descrito em detalhe. Pensamos que essa descrição foi muito útil para a clarificação de um ou dois pontos obscuros, por exemplo, a ordem de “os pés nem estarem amarrados nem livres”, que conhecíamos da nossa própria Iniciação Alexandrina, mas suspeitávamos estar deslocada. (5).

O Ritual de 1º Grau, provavelmente foi alterado pelo menos à data em que o Livro das Sombras, atingiu a fase do texto C. Isto acontece porque de entre o material incompleto na posse do Coventículo de New Forest teria sido naturalmente a parte que sobreviveu mais completa na sua forma original. Gerald Gardner não teria necessidade de preencher as falhas com material Crowleiano ou outro material não wiccano e desta forma Doreen Valiente não teve que sugerir o tipo de transcrição que era necessário “por exemplo para o da energia exortação”.

Na prática wiccana, um homem é sempre iniciado por uma mulher e uma mulher por um homem. E apenas uma bruxa de 2º ou 3º Grau pode conduzir uma Iniciação. Existe uma excepção especial a cada destas regras.

A primeira excepção, uma mulher pode iniciar a sua filha ou um homem o seu filho, “porque são parte deles”. Alex Sanders ensinou-nos que isto poderia ser feito numa emergência, mas o Livro das Sombras de Gardner não apresenta esta restrição.

A outra excepção, refere-se a única situação em que uma bruxa(o) de 1º Grau (e uma totalmente nova), pode iniciar outra. A Wicca põe grande ênfase na parceria de trabalho homem/mulher e muitos Coventículos ficam deliciados quando um casal avança para a Iniciação juntos. Um método muito agradável de levar a cabo uma dupla Iniciação como esta, é exemplificado pelo caso de Patricia e Arnold Crowther (que na altura ainda eram casados) por Gerald Gardner.

Gardner, começou por Iniciar Patricia enquanto Arnold esperava fora do quarto, então ele pôs o Livro das Sombras nas mãos dela incitando-a enquanto ela própria iniciava Arnold. “Esta é a forma que sempre foi feita”, disse-lhe Gardner mas temos que admitir que esta forma era desconhecida para nós até lermos o livro de Patricia.

Gostamos desta fórmula; cria uma ligação especial, no sentido wiccano da palavra, entre os dois Iniciados desde o princípio no trabalho do Coventículo. Doreen Valiente confirmou-nos que esta era a prática frequente de Gardner, e acrescenta: “De outra forma, no entanto, mantinhamos a regra que apenas um bruxo de 2º ou 3º Grau poderia fazer uma Iniciação”.

Gostavamos de mencionar aqui duas diferenças “para além dos pequenos pontos que se notam no texto”, entre o Ritual de Iniciação Alexandrino e o Gardneriano, este último temos tomado como modelo. Não mencionámos estas diferenças com algum espírito sectário todos os Coventículos vão e devem fazer o que sentem melhor para eles mas apenas para registar qual é qual e expressar as nossas próprias preferências, aquelas que nos servem de modelo.

Primeiro, o método de trazer o Postulante para o Círculo. Na tradição Gardneriana ele é empurrado para o Círculo, por trás; depois da declaração do Iniciador, “Eu dou-te uma terceira para passares através desta Porta do Mistério”, ele apenas acrescenta de forma misteriosa “dá-lhe”.

O livro High Magic’s Aid é mais específico: “Abraçando-o por trás com o seu braço esquerdo à volta da cintura e põe o braço direito dele à volta do seu pescoço e vira-se para ela e diz: “Eu dou-te a terceira senha; “Um beijo”. Ao dizer isso, ela empurra-o com o seu corpo através da porta para dentro do Círculo. Uma vez lá dentro ela liberta-o, segredando: “Esta é a forma que todos são trazidos pela primeira vez para o Círculo” (High Magic’s Aid, pág. 292).

É claro que, o acto de pôr o braço direito do Iniciador à volta do pescoço não é possível se os pulsos destes estiverem amarrados; e rodar a sua cabeça com a sua mão para o beijar sobre o ombro, é quase impossível se ele for muito mais alto que ela. Esta é a razão por que sugerimos que ela o beije antes de passar por detrás dele. É o acto de empurrar por trás que é a tradição essencial; por certo que o Coventículo de Gardner sempre o fez.

“Penso que a intenção original era ser uma espécie de teste”, diz-nos Patricia, “porque alguém podia perguntar, como no High Magic’s Aid, quem te trouxe para um Círculo?” a resposta era “Eles trouxeram-me por trás”.

A prática Alexandrina era segurar os ombros do iniciado à sua frente, beijá-lo e então puxá-lo para dentro do Círculo, rodando-o em sentido deosil. Esta foi a forma como fomos os dois Iniciados e não nos sentimos pior por isso.

Mas não vemos nenhuma razão, agora, para partir da tradição original especialmente porque ela tem um interesse histórico inerente; por isso, viramo-nos para o método Gardneriano.

Quando Stewart visitou o Museu das Bruxas na Ilha de Man em 1972 (à data aos cuidados de Monique Wilson, a quem Gardner deixou a sua colecção insubstituível que ela mais tarde de forma imperdoável vendeu à América), Monique disse-lhe que como não tinha sido empurrado por trás para dentro do Círculo na sua Iniciação, “nenhuma verdadeira bruxa se associaria a ele”. Então ela ofereceu-se para o iniciar “da forma devida”. O Stewart agradeceu-lhe educadamente mas declinou o convite. As precauções e os formalismos poderiam ter um fundamento válido nos tempos das perseguições; insistir no assunto agora é mero sectarismo.

O segundo maior afastamento Alexandrino da Tradição reside no acto de tirar as medidas. Os Coventículos Gardnerianos retém a medida; os Alexandrinos da Tradição devolvem-nas ao Postulante.

No Ritual Alexandrino, a medida é tirada com um fio vermelho de linho, não composto, apenas da coroa aos calcanhares, omitindo as medidas da cabeça, peito e ancas. O Iniciador diz: “Agora vamos tirar-te as medidas e medimos-te da coroa da tua cabeça até às solas dos teus pés. Nos tempos antigos, quando ao tirarem a tua medida também retiravam amostras do cabelo e unhas do teu corpo. O Coventículo guardaria então a medida e as amostras e se tentasses sair do Coventículo trabalhariam com eles para te trazer de volta e nunca mais de lá sairias. Mas como vieste para o nosso Círculo com duas expressões perfeitas, Amor Perfeito e Confiança Perfeita, devolvemos-te a medida, e ordenamos-te que a uses no teu braço esquerdo”.

A medida é atada à volta do braço esquerdo do Postulante até ao fim do Ritual, depois do qual, poderá fazer aquilo que entender com ela. A maior parte dos Iniciados destroem-nos, outros guardam-nos como recordação, outros põe-nos em medalhões e dão-nos de presentes aos seus companheiros de trabalho.

O simbolismo do “Amor e Confiança” no costume Alexandrino é claro, e alguns Coventículos podem preferi-lo. Mas sentimos que há ainda mais a dizer acerca do Coventículo guardar a medida, não como chantagem, mas como uma lembrança simbólica da nova responsabilidade do Iniciado perante o Coventículo. De outra forma não parece fazer sentido algum tirá-la.

Doreen diz-nos: “A ideia de devolver a medida é, na minha opinião, uma inovação de Sanders. Na tradição de Gerald, era sempre retida pelo Iniciador. Nunca, no entanto, existia alguma intenção que a medida fosse utilizada na forma chantagista descrita no Ritual Alexandrino. Ao invés, se alguém quisesse sair do Coventículo, eram livres de o fazer, desde que respeitassem da confiança dos outros membros e mantivessem os Segredos. Afinal de contas, qual é a lógica de manter alguém no Coventículo contra a sua vontade? As suas más vibrações só estragariam tudo. Mas nos tempos antigos a medida era usada contra qualquer pessoa que deliberada e maliciosamente traísse os Segredos. Gerald disse-me que “a medida era então enterrada num local lamacento, com a maldição de que apodrecesse, assim como o traidor”. Lembrem-se, traição naqueles tempos era uma questão de vida ou de morte literalmente!”

Sublinhamos de novo perspectivas das diferenças em detalhe, podem ser fortemente mantidas, mas no final é a decisão do Coventículo que interessa quanto a uma forma particular, ou até em encontrar uma forma própria. A validade de uma Iniciação não depende nunca dos pormenores. Depende apenas, da sinceridade e efectividade psíquica, espiritual do Coventículo, e da sinceridade e potencial psíquico do Iniciado. É como diz a Deusa na Exortação: “E aquele que pensa em procurar-me, saiba que procurar apenas e ter compaixão não o ajudará, a menos que conheça o Segredo: que aquilo que não procure e não encontre dentro dele, então nunca o encontrará sem ele. Para verem, eu tenho estado contigo desde o Início; E Eu sou aquilo que se alcança no fim do desejo”.

Dar importância demasiado aos pormenores tem sido, infelizmente, a doença de muitas doutrinas cristãs, incluindo aquelas que tinham as suas origens na beleza; os bruxos não devem cair na mesma armadilha. Somos tentados a dizer que as doutrinas deviam ser escritas por poetas e não por teólogos.

Uma palavra para os nomes Cernunnos e Aradia, os nomes de Deuses usados no Livro das Sombras de Gardner. Aradia, foi adoptada dos bruxos da Toscânia (ver o livro de Charles G. Leland, Aradia, O Evangelho do Bruxos); sobre as suas possíveis ligações celtas, ver o nosso livro Oito Sabbats para Bruxas, p. 84. Cernunnos (ou como lhe chama Jean Markale no seu Mulheres Celtas, Cerunnos) é o nome dado pelos arqueólogos ao Deus Cornudo celta, porque não obstante terem sido encontradas muitas representações deste, em todo o lado desde o Caldeirão Gundestrop até ao monte Tara (ver fotografia 10), apenas uma destas tem um nome inscrito um baixo relevo encontrado em 1710 na Igreja de Notre Dame em Paris, que se encontra agora no Museu de Cluny na mesma cidade. O sufixo “-os”sugere ter sido uma helenização de um nome celta; os druidas são conhecidos por serem familiares com o grego e terem usado este alfabeto para as suas transacções em assuntos vulgares, apesar neste caso as letras actuais serem romanas. Note-se também que o grego para “corno” é (Keras). Doreen Valiente sugere (e concordamos com ela) era na verdade Herne (como em Herne o Caçador, do Windsor Great Park). “Alguma vez ouviram o choro de um Veado (Fallow deer) no cio?” pergunta ela. “Ouvirão sempre durante o cio outonal do Veado na New Forest, e soa exactamente como “HERR-NN… Herr-rr-nn…” repetido vezes sem conta. É um som emocionante e nunca o esqueceremos. Agora, das pinturas rupestres em grutas e estátuas que encontramos dele, Cernunnos era eminentemente um Deus-Veado. Então como é que os mortais o denominaram melhor? Certamente pelo som que da forma mais intensa lembra um dos grandes Veados da Floresta”.

Para cada um deles podemos acrescentar que o intercâmbio dos sons “h” e “k” é sugerido pelos nomes de lugares como Abbas em Donset, local do famoso Gigante de Hillside. Existe um número razoável de lugares denominados Herne Hill em Inglaterra, bem como duas Herne Villages, uma Herne Bay, uma Herne Drove, uma Hernebridge, uma Herne Armour, uma Herne Pound, e por aí fora. Herne Hill é algumas vezes explicado como significando “Monte da Garça” mas, como Doreen explica, as garças procriam junto aos rios e lagos e não em montes; “parece mais provável para mim que Herne Hill era sagrado para o Velho Deus”.

No Livro Alexandrino das Sombras, o nome é “Karnayna” mas esta forma não surge em mais nenhum local, que quer eu quer a Doreen tenhamos visto. Ela pensa que “é provavelmente não concerteza uma confusão auditiva com Cernunnos. O nome actual pode ter sido omitido no livro de onde Alex copiou, e ele teve que se apoiar numa recordação verbal de alguém”. (conhecendo o Alex, diriamos “quase de certeza”!)

No texto que se segue, o Iniciador pode ser a Sumo-Sacerdotisa ou o Sumo-Sacerdote, dependendo se o Iniciado for homem ou mulher; assim, referimo-nos ao Iniciador como “ela” por uma questão de simplicidade, e ao “Postulante” (mais tarde “Iniciado”) como “ele” apesar de poder ser ao contrário, obviamente. O companheiro de trabalho do Iniciador, quer seja Sumo-Sacerdotisa ou o Sumo-Sacerdote, tem certamente também deveres a desempenhar, e é referido como o “Companheiro”.

A Preparação

Tudo é preparado como para um Círculo normal, com os itens adicionais seguintes também preparados:

  • Uma venda;
  • Uma distância de fio ou corda fina (pelo menos 2,50m);
  • Óleo de unção;
  • Um pequeno sino de mão;
  • Três comprimentos de corda vermelha: uma com 2,75m e duas com 1,45m.

Também é usual, mas não essencial, que o Postulante traga o seu próprio novo Athame, e corda vermelha, branca e azul para serem consagradas imediatamente após a sua Iniciação(1). Devem dizer-lhe, logo que saiba que vai ser Iniciado, que tem de adquirir qualquer faca de cabo preto com que se identifique. A maior parte das pessoas compra um punhal com bainha vulgar (a bainha é útil, para transportá-lo de e para o local de encontro) e pintam o cabo de preto (se já não for, claro). Pode não haver tempo para ele gravar os Símbolos tradicionais no cabo (ver Secção XXIV) antes de ser consagrado; isto pode ser feito mais tarde nos tempos livres. Alguns bruxos nunca chegam a inscrever quaisquer Símbolos, preferindo a Tradição alternativa, que diz que os instrumentos de trabalho não devem ser identificáveis como tal para algum estranho(2); ou porque o padrão do cabo do punhal escolhido não permite gravações. (O Athame do Stewart, agora com 12 anos, tem os Símbolos inscritos; o de Janet, com a mesma idade mas com um cabo com padrão, não tem; e temos outro Athame feito à mão por um artesão amigo que tem um cabo de pé de Veado que obviamente não dá para gravar). Sugerimos que as lâminas dos Athames sejam cegas, uma vez que nunca são usadas para cortar seja o que for mas são usadas para gestos rituais no que pode ser um Círculo apertado e populoso:

As três cordas que o iniciado tem que trazer devem ter 2,75m de comprimento cada. Gostamos de evitar que as pontes das cordas se desfaçam usando fita ou atando-as com fio da mesma cor. No entanto, Doreen diz: “Atamos nós às pontas para evitar que se soltem e a medida essencial calcula-se de nó em nó.”

Também se lhe deve dizer para levar a sua própria garrafa de vinho tinto até para lhe dar a entender logo de princípio que as despesas de comida e bebida para o Coventículo, quer seja vinho para o Círculo ou alguma comida para antes ou depois do Círculo, não devem cair inteiramente para a Sumo-Sacerdotisa ou o Sumo-Sacerdote!

Quanto aos itens adicionais listados em cima qualquer lenço servirá para utilizar como venda, mas deve ser opaco. E a escolha do óleo de unção cabe à Sumo-Sacerdotisa; o Coventículo de Gardner usava sempre Azeite virgem. O costume Alexandrino diz que o óleo deveria incluir um toque do suor da Sumo-Sacerdotisa e do Sumo-Sacerdote.

O Ritual

Antes do Círculo ser fechado, o Postulante é posto fora do Círculo a Nordeste, vendado e amarrado, por bruxos do sexo oposto. O acto de atar é feito com as três cordas vermelhas(3) – uma com 2,75m e as outras duas com 1,45m. A corda maior é dobrada ao meio para os pulsos serem amarrados juntos atrás das costas e as duas pontas são trazidas para a frente por cima dos ombros e atadas em frente ao pescoço, com as pontas caídas a formar uma pega por onde o Postulante pode ser dirigido(4). Uma corda pequena é atada no tornozelo direito e a outra por cima do joelho esquerdo cada uma com as pontas bem escondidas para que o não magoem. Enquanto se estiver a corda no tornozelo, o Iniciador diz:

“Pés nem presos nem livres.”(5)

O Círculo está agora aberto, e o Ritual de Abertura procede como normalmente, exceptuando o “Portão” a Nordeste que não está ainda fechado e o exortação não ter sido dita. Depois do Atrair a Lua(6), o Iniciador dá a Cruz Cabalística(7), como se segue: “Ateh” (tocando na testa), “Malkuth” (tocando no peito), “ve-Geburah” (tocando no ombro direito), “ve-Gedulah” (tocando o ombro esquerdo), “le-olam” (apertando as mãos à altura do peito).

Depois das Runas das Feiticeiras, o Iniciador vai buscar a Espada (ou Athame) ao Altar. Ela e o Companheiro encaram o Postulante.

Então eles declamam o exortação (ver apêndice B, pp. 297-8).

O Iniciador então diz:

“Ó tu que estás na fronteira entre o agradável mundo dos homens e os Domínios Misteriosos do Senhor dos Espaços, tens tu a coragem de fazer o teste?”

O Iniciador coloca a ponta da Espada (ou Athame) contra o coração do Postulante e continua:

“Porque digo verdadeiramente, é melhor que avances na minha lâmina e pereças, que tentes com medo no teu coração.”

O Postulante responde:

“Tenho duas Senhas. Perfeito Amor e Perfeita Confiança”(8).

O Iniciador diz:

“Todos os que assim estão são duplamente bem-vindos. Eu dou-te uma terceira para passares através desta misteriosa Porta”.

O Iniciador entrega a Espada (ou Athame) ao seu Companheiro, beija o Postulante e passa para trás dele. Abraçando-o por detrás, empurra-o para a frente, com o seu próprio corpo, para dentro do Círculo. O seu Companheiro fecha ritualmente a “porta” com a Espada (ou Athame), que depois recoloca no Altar.

O Iniciador leva o Postulante aos pontos cardeais em volta e diz:

“Tomai nota, ó Senhores do Este[Sul/Oeste/Norte] que_________está devidamente preparado(a) para ser iniciado(a) Sacerdote (Sacerdotisa) e Bruxo(a)”(9).

Então o Iniciador guia o Postulante para o centro do Círculo. Ele e o Coventículo circulam à sua volta em sentido deosil, cantando:

“Eko, Eko, Azarak,
Eko, Eko, Zomelak,
Eko, Eko, Cernunnos(10),
Eko, Eko, Aradia(10)”

Repetido sempre, enquanto empurram o Postulante para a frente e para trás entre eles, virando-o às vezes um pouco para o desorientar, até o Iniciador o mandar parar com um “Alto!”. O Companheiro toca o sino três vezes, enquanto o Iniciador vira o Postulante (que ainda está no centro) para o Altar.

O Iniciador então diz:

“Noutras religiões o Postulante ajoelha-se enquanto o Sacerdote o olha de cima. Mas na Arte Mágica somos ensinados a ser humildes, e ajoelhamo-nos para dar as boas-vindas e dizemos…”

O Iniciador ajoelha-se e dá o “Beijo Quíntuplo” ao Postulante, como se segue:

“Abençoados sejam os teus pés, que te trouxeram para estes caminhos” (beijando o pé direito e depois o esquerdo).

“Abençoados sejam os teus joelhos, que devem ajoelhar perante o Altar Sagrado” (beijando o joelho direito e depois o esquerdo).

“Abençoados sejam o teu falo (ventre) sem o qual não existiríamos” (beijando acima do pêlo púbico).

“Abençoado seja o teu peito, formado na força [seios, formados na beleza]” (11) (beijando o seio direito e depois o esquerdo).

“Abençoados sejam os teus lábios, que irão proferir os Nomes Sagrados” (abraçando-o e beijando-o nos lábios).

O Companheiro passa o comprimento de fio ao Iniciador, que diz:

“Agora vamos tirar a tua medida.”

O Iniciador, com ajuda de outro bruxo do mesmo sexo, estica o fio do chão aos pés do Postulante até ao alto da sua cabeça, e corta esta medida com a faca de cabo branco (que o seu Companheiro lhe traz). O Iniciador então mede-o uma vez à volta da cabeça e ata um nó para marcar a medida; outra (da mesma ponta) à volta do peito e ata outro nó a marcar; outra à volta das ancas atravessando os genitais e dá um nó.

Então retira a medida e pousa-a no altar.

O Iniciador pergunta ao Postulante:

“Antes de jurares a Arte, estás preparado para passar a provação e ser purificado?”

O Postulante responde:

“Estou.”

O Iniciador e outro bruxo do mesmo sexo ajudam o Postulante a ajoelhar-se, e curvar a sua cabeça e ombros para a frente. Eles soltam as pontas das cordas que atam os tornozelos e os joelhos juntos(12). O Iniciador vai então buscar o chicote ao Altar.

O Companheiro toca o sino três vezes e diz: “Três.”

O Iniciador dá três chicotadas leves ao Postulante.

O Companheiro diz: “Sete.” (Não volta a tocar o sino).

O Iniciador dá sete chicotadas leves ao Postulante.

O Companheiro diz: “Nove.”

O Iniciador dá nove chicotadas leves ao Postulante.

O Companheiro diz: “Vinte e Um.”

O Iniciador dá vinte e uma chicotadas leves ao Postulante (a vigésima primeira chicotada pode ser mais vigorosa, como lembrança que o Iniciador tem sido contido propositadamente.)

O Iniciador diz:

“Passaste o teste com valentia. Estás pronto a jurar que serás sempre verdadeiro com a Arte?”

O Postulante responde: “Estou.”

O Iniciador diz (frase a frase):

“Então repete comigo: “Eu,__________, na presença dos Todo Poderosos, de minha livre vontade e da forma mais solene juro manter sempre secreto e nunca revelar os segredos da Arte, excepto se for a uma pessoa adequada, devidamente preparada num Círculo como aquele em que eu estou agora; e nunca negarei os segredos a uma pessoa como esta se ele ou ela provarem ser um Irmão ou Irmã da Arte. Tudo isto eu juro pelas minhas esperanças numa vida futura, ciente que a minha medida foi tirada; e que as minhas armas se virem contra mim se eu quebrar este juramento solene.”

O Postulante repete cada frase depois do Iniciador.

O Iniciador e outro bruxo do mesmo sexo ajudam agora o Postulante a pôr-se de pé.

O Companheiro traz o óleo de unção e o cálice de vinho.

O Iniciador molha a ponta do dedo no óleo e diz:

“Eu por este meio te marco com o Sinal Triplo. Consagro-te com óleo.”

O Iniciador toca o Postulante com óleo logo acima do pêlo púbico, no seu seio direito, no seu seio esquerdo e outra vez acima do pêlo púbico, completando o triângulo invertido do 1.º Grau.

Depois molha a ponta do dedo no vinho, diz “Consagro-te com vinho” e toca-lhe nos mesmos locais com o vinho.

A seguir diz “Consagro-te com os meus lábios”, beija o Postulante nos mesmos locais e continua “Sacerdote (sacerdotisa) e Bruxo(a).”

O Iniciador e outro bruxo do mesmo sexo tiram-lhe a venda e desatam as cordas.

O Postulante é agora um bruxo iniciado, e o ritual é interrompido para cada membro do Coventículo lhe dar as boas-vindas e os parabéns. Quando acabarem, o ritual prossegue com a apresentação dos instrumentos de trabalho. À medida que cada instrumento é apresentado, o Iniciador trá-lo do Altar e dá-o ao Iniciado com um beijo. Outro bruxo do mesmo sexo do Iniciador aguarda, e à medida que se acaba a apresentação de cada instrumento este leva-o de volta ao Altar.

O Iniciador explica as ferramentas como se segue:

“Agora apresento-te os Instrumentos de Trabalho. Primeiro, a Espada Mágica. Com isto, como com o Athame, dás forma aos Círculos Mágicos, dominas, subjugas e punes todos os espíritos rebeldes e demónios, e podes até persuadir anjos e espíritos bons. Com isto na tua mão, lideras o Círculo.”

“A seguir apresento-te o Athame. Esta é a verdadeira arma do bruxo, e tem todos os poderes da Espada Mágica.”

“A seguir apresento-te a Faca de Cabo Branco. É usada para formar todos os instrumentos usados na Arte. Só pode ser usada num Círculo Mágico.”

“A seguir apresento-te a Varinha. A sua utilidade é chamar e controlar certos anjos e génios quando não seja apropriado o uso da Espada Mágica.”

“A seguir apresento-te o Cálice. Este é o receptáculo da Deusa, o Caldeirão de Cerridwen, o Santo Graal da Imortalidade. Neste bebemos em camaradagem, e em honra à Deusa.”(13)

“A seguir apresento-te o Pentáculo. Este tem o objectivo de chamar os espíritos apropriados.”

“A seguir apresento-te o Incensário. É usado para encorajar e dar as boas vindas aos espíritos bons e banir espíritos maus.”

“A seguir apresento-te o Chicote. É o símbolo do poder e do domínio. Também é purificador e iluminador. Por isso está escrito, “Para aprender deves sofrer e ser purificado”. Estás disposto a sofrer para aprender?”

O Iniciado responde: “Estou.”

O Iniciador continua: “A seguir e por fim apresento-te as Cordas. Elas são usadas para prender os Sigilos da Arte; também a base do material; e também são necessárias para o Juramento.”

O Iniciador diz: “Agora saúdo-te em nome de Aradia, novo Sacerdote(Sacerdotisa) e Bruxo(a)”, e beija o Iniciado.

Finalmente, conduz o Iniciado a cada um dos pontos cardeais em volta e diz: “Ouçam ó Todos Poderosos do Este [Sul/Oeste/Norte]; ___________foi consagrado Sacerdote (Sacerdotisa), Bruxo(a) e criança escondida da Deusa.”(14)

Se o Iniciado trouxe o seu novo Athame e/ou as Cordas, ele pode agora, como seu primeiro trabalho mágico, consagrá-los (ver Secção IV) com o Iniciador ou com a pessoa que irá ser o seu Companheiro de Trabalho, se já for conhecido, ou se (como no caso de Patricia e Arnold Crowther) eles foram iniciados na mesma ocasião.

Notas 

(1) Estas cordas são para trabalhar a ‘magia da corda’ e cada bruxa deve ter o seu próprio conjunto pessoal. (Não se deve confundir com a corda longa e duas curtas, mencionados na lista acima, que são usadas para atar o Postulante; sugerimos que coventículo deva manter um jogo destas cordas separadas das outras, para ser usado somente em iniciações). Um modo tradicional de usar uma corda de 2,74 m pode ser, de a atar em laço, pô-la sobre o athame espetado no solo, esticando o laço totalmente (1,36 m) e usa-lo como um compasso para desenhar o círculo mágico. Doreen diz: Este método era realizado antigamente em que os soalhos das casas era, constituídos de terra batida. penso que poderiam ter usado a faca branca ou giz para desenhar o círculo real, dependendo da superfície em que trabalhavam’.

(2) Uma das nossas bruxas, doméstica, que tivesse que realizar as suas práticas de uma forma secreta, tinha como athames, duas facas brancas entre o seu conjunto de cozinha, identificável somente por ela; o seu pentáculo era um determinado prato de prata no seu armário; e assim, por diante. Tal secretismo era necessário, nos dias de perseguição, e naturalmente a vassoura tradicional de bruxa num passe de mágica disfarçada num espanador.

(3) Na prática Alexandrina, utilizam-se somente duas cordas. Uma vermelha para a garganta e os pulsos e uma branca para um dos tornozelos. Ainda segundo Doreen: ‘As nossas cordas eram geralmente vermelhas, a cor da vida, tendo sido também usadas outras cores,como o verde, azul ou preto. Nenhum significado particular foi unido a esta cor, excepto ser uma cor da nossa preferência vermelho apesar de não ser fácil encontrar corda de seda de qualidade apropriada para o efeito.

(4) Isto assemelha-se a uma característica da iniciação Maçónica, apontando ao peito do Postulante.

(5) Dos textos de Gardner, isto aparece somente no Hight Magic’s Aid. O ritual Alexandrino usa-o, mas como uma regra.

(6) Drawing Down The Moon (Atrair a Lua) Se o Iniciador é o Sumo-Sacerdote, pode sentir ser uma altura apropriada para acrescentar o Drawing Down The Sun (ver Secção VI) ao Ritual tradicional.

(7) A Cruz Cabalística é pura prática da Aurora Dourada (ver Israel Regardie, The Golden Dawn, 3ª edição, vol. I, p. 106). Surge nos textos de Gardner, “mas na prática não me lembro de alguma vez termos feito isto” diz-nos Doreen. Incluímo-lo aqui para ficar mais completo, mas também não o usamos nas Iniciações; como muitos bruxos, usamos muitas vezes Magia Cabalística, mas sentimos que está fora do contexto em algo como tradicionalmente wiccano num Ritual de Iniciação. Malkuth, Geburah e Gedulah (de outra forma Chased) são obviamente Sephorith da Árvore da Vida, e a declaração Hebraica significa claramente “porque Teu é o Reino, e o Poder, e a Glória, para sempre” uma pista interessante de que Jesus conhecia a sua Cabala. Alguns cabalistas acreditam que foi este conhecimento, mesmo quando era rapaz, que espantou os doutores do Templo (Lucas II, 46-7).

(8) O High Magic’s Aid dá esta forma; o Texto B descreve “Perfeito Amor para a Deusa, Perfeita Confiança na Deusa”.Preferimos a forma mais curta, porque também significa Amor e Confiança para com o Coventículo, e pode ser citado e guradado como um modelo a manter.

(9) O High Magic’s Aid dá esta forma; o Texto B descreve “Ó Senhores Misteriosos e gentis Deusas”. Uma vez que os Guardiães das Torres de Vigia são os reconhecidos Guardiães dos Pontos Cardeais e foram invocados no ritual de fecho do Círculo, preferimos a forma do High Magic’s Aid. Aqui é utilizado o nome vulgar do Postulante, uma vez que só se toma um nome mágico a partir do Segundo Grau.

(10) Ou qualquer nome de Deus ou Deusa que o Coventículo use (ver os nossos comentárioa aos nomes Cernunnos e Aradia na p.14).

(11) Os textos de Gradner utilizam a mesma expressão para ambos os sexos: “peitos formados na beleza e força.” Doreen explica-nos: “Esta expressão era uma alusão ao corpo humano como uma forma de Árvore da Vida, com Gedulah de uma lado e Geburah do outro.” Preferimos “peitos, formados na beleza” para uma mulher e “peito, formado na força” para um homem; este identifica-se mais com o Beijo Quíntuplo como uma saudação à polaridade homem/mulher, e com o tom essencialmente Wiccano (em vez do Cabalístico) das outras quatro declarações.

(12) Noutro ponto (ver p.54) o Livro das Sombras diz que enquanto se ajoelha a ponta do fio deve estar presa ao Altar.

(13) Esta é a nossa própria contribuição para a lista de apresentações do Livro das Sombras: fazê-mo-lo pelas razões que damos na página 258.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-iniciacao-ao-primeiro-grau-da-bruxaria/

A história da Bruxaria

Ao contrário do que se pensa, o cristianismo não foi imediatamente adotado pelo povo europeu ao ser declarado religião oficial do Império Romano. Esta conversão dos Romanos ao catolicismo teve motivos políticos, e não teve grande penetração fora dos centros urbanos. A grande massa da população permaneceu fiel a seus deuses antigos. Os cultos antigos, então, receberam a denominação pejorativa de “pagãos” (“pagani“, plural de paganu, ‘ morador do campo’), por ter como foco de resistência à nova religião o povo dos campos, longe das cidades e das zonas de comércio e ensino.  

Os missionários cristãos, com o tempo, passaram a ter mais aceitação nas cidades, mas continuavam sendo repelidos no campo, nas montanhas e nas regiões distantes, verdadeiros enclaves da Antiga Religião. Houve ainda uma tentativa de reativar o paganismo e o culto aos Deuses antigos como religião oficial do Império Romano. Esta última esperança deveu-se ao Imperador Juliano (conhecido como “O Apóstata”), que reinou no século IV EC. Mas, como sabemos, essa tentativa não foi frutífera, derrubada pela própria conjuntura da época, onde já se pressentia o poder de manipulação, domínio e intriga do cristianismo, evidenciado nos séculos seguintes. Um dos ardis utilizados pelos cristãos era o de apropriar-se de festividades pagãs como comemorações religiosas de sua própria religião. Assim, por exemplo, o festival do solstício de inverno, onde se comemorava o nascimento do Deus-Sol, transformou-se no Natal cristão. Também o festival de Samhain, comemorado em intenção dos mortos, recebeu o nome de Dia de Todos os Santos, logo seguido pelo dia de Finados. A despeito destas tentativas, as tradições pagãs continuaram mantendo sua força.  

A partir de um decreto do papa Gregório, os cristãos também se apossaram dos locais sagrados da Antiga Religião e, derrubando os templos ali existentes, erigiram suas igrejas. Os Deuses de cada santuário foram transformados em santos e santas (um exemplo é Santa Brígida, da Irlanda, na verdade a Deusa Bhríd, protetora do fogo e dos partos). Quando os cristãos deram-se conta da importância da Deusa-Mãe para as pessoas, aumentaram a proeminência da Virgem Maria no culto cristão. Mitos e práticas pagãs foram, sistematicamente, absorvidas, distorcidas e transformadas em ritos cristãos. Esculturas de temas pagãos foram incluídos em igrejas e capelas . O maior exemplo de sincretismo entre costumes pagãos e cristãos é o cristianismo irlandês, que ainda hoje conserva hábitos célticos mesclados a liturgias cristãs.  

Os padres tinham a seu favor o tempo, o poder e a força. Os pagãos tinham que lutar sozinhos contra a profanação de seus templos, crenças e costumes. Desta maneira, o povo simples dos campos foi acostumando-se à nova religião, e, gradualmente, foi sendo convertido. Mas os sacerdotes restantes da Antiga Religião não se renderam à nova ordem. Juntamente com pessoas ainda fiéis às antigas crenças, mantiveram o culto ao Deus de Chifres e à Deusa Mãe. As crenças pagãs, enfatizando a adoração aos Deuses e a realização dos festivais de fertilidade, foram amalgamando-se à magia popular, criando a Bruxaria Européia. A magia popular consistia em um conjunto de feitiços feitos com o uso de ervas, bonecos e diversos outros meios. Estes feitiços tinham como objetivo a cura, a boa sorte, atrair amores, e fins menos nobres,como a morte de algum inimigo. São práticas desenvolvidas a partir do que restara da magia simpática pré-histórica, unidas ao conhecimento xamânico dos povos bárbaros.  

Os teólogos cristãos passaram então a sustentar que a Bruxaria não existia. Assim, pretendiam terminar com a credibilidade dos bruxos e anular sua influência. Foi um período de relativa paz para a Arte. Mas logo os cristãos perceberam que seus esforços para exterminar completamente o paganismo não haviam dado resultado. Fizeram então mais uma tentativa: transformaram o Deus de Chifres na personificação do Mal, do Antideus, do Inimigo. A natureza dos Deuses pagãos é completamente diferente da do todo-poderoso “senhor de bondade” dos cristãos. Nossos Deuses são quase “humanos”, pois têm características tanto ‘boas’ quanto ‘más’. A teologia cristã já pressupunha a existência de um antagonista a seu Jeová (o ‘Satan‘ hebraico do Antigo Testamento e o ‘diabolos‘ do Novo): um Inimigo. Ele ainda não possuía forma definida e, quando era representado, o era em forma de serpente, como a que persuadiu Adão a comer a fruta da Árvore da Sabedoria. Dando a seu Satã a forma do Deus de Chifres (notadamente de deuses agropastoris como e Sileno, dotados de cascos de bode e pequenos cornos), os cristãos conseguiram iniciar um clima de terror e medo em relação aos praticantes da Antiga Religião, o que os forçou a praticarem seus ritos em segredo.  

Mas a era mais triste da Arte ainda estava por vir. A Era das Fogueiras A situação da Igreja até o século XIII era caótica. Facções adversárias lutavam entre si, cada uma degladiando-se em favor de um dogma. Nos numerosos concílios realizados, ora uma das facções impunham sua visão, ora outra. Isso favorecia um desmoralizante ‘entra-e-sai’ de dogmas, o que desacreditava a Igreja. Algumas destas facções também criticavam a corrupção e o jogo de poder dentro da classe sacerdotal, e levantavam dúvidas sobre o poder espiritual do papado. Foi então criado um instrumento de repressão: o Tribunal de Santa Inquisição. Consistia em um corpo investigatório ignorante, brutal e preconceituoso, dirigido pela ordem dos Dominicanos. Sua função primordial era a de acabar com as facções que se opunham à Igreja (denominadas ‘heréticas’), através do extermínio sistemático de seus membros. Exemplos destas facções ‘heréticas’ eram os cátaros, os gnósticos e os templários. Com o tempo, os cristãos perceberam outro uso para seu Tribunal. Ainda persistiam cultos aos Deuses Antigos, e, graças à transformação do Deus de Chifres no Demônio Cristãos, eram acusados de delitos absurdos, como o canibalismo, a destruição de lavouras (acusar de tal crime uma Religião dedicada à manutenção da fertilidade das colheitas é, no mínimo, ridículo) e muitos outros. Foi então proclamada, em 1484, a Bula contra os Bruxos, pelo Papa Inocêncio VIII. Neste documento, ele relacionava os crimes atribuídos aos bruxos e dava plenos poderes à Inquisição para prender, torturar e punir todos aqueles que fossem suspeitos do ‘crime de feitiçaria’. Em 1486 foi publicado o Malleus Malleficarum (‘Martelo dos Feiticeiros’), escrito pelos dominicanos Kramer e Sprenger. O livro, absurdo e misógino, era um manual de reconhecimento e caça aos bruxos, e, principalmente, às bruxas (o livro trazia afirmações surpreendentes, como : “quando uma mulher pensa sozinha, pensa em malefícios”). A partir daí, a Igreja abandonou completamente a postura de ignorar a Bruxaria: pelo contrário, não acreditar na sua existência era considerada a maior das heresias. Iniciou-se então um período de duzentos anos de terror, conhecido entre os bruxos como “Era das Fogueiras”. Mas os bruxos (e também os hereges e inocentes: doentes mentais, homossexuais, pessoas invejadas por poderosos, mulheres velhas e/ou solitárias) não pereciam em fogueiras: eram também enforcados e esmagados sob pedras. Isso quando não pereciam nas torturas, as quais são tão cruéis e sádicas que não merecem nem ser mencionadas. A Inquisição tornou-se uma válvula de escape para as neuroses da época: em época de forte repressão sexual, condenavam-se mulheres jovens, que eram despidas em frente a um grupo de ‘investigadores’, tinham todo seu corpo revistado diversas vezes, à procura de uma suposta ‘marca do diabo’, e, por fim, eram açoitadas, marcadas a ferro e violentadas. Terminavam condenadas e executadas como bruxas. Seu crime: serem mulheres jovens, belas e invejadas. Anciãs que moravam sozinhas, geralmente em companhia de alguns animais, como gatos (daí a lenda da ligação dos gatos com as bruxas), eram alvo de desconfiança e logo declaradas ‘feiticeiras’, e, assim, assassinadas.  

A maioria das vítimas dos tribunais de Inquisição não eram verdadeiros praticantes da Arte, mas muitos bruxos pereceram na mão dos cristãos. Aproximadamente nove milhões de crimes como este foram cometidos durante a Inquisição, ironicamente em nome de uma religião que se dizia ‘de amor’. Nunca uma religião demonstrou tanta necessidade de exterminar seus antagonistas como o cristianismo. A perseguição aos bruxos não resumiu-se apenas ao países católicos: espalhou-se pela Europa protestante. Os protestantes não se guiavam pelo Malleus Malleficarum, mas davam razão à sua paranóia através do uso de uma citação do Antigo Testamento: “não deixarás que nenhum bruxo viva”. Na Era das Fogueiras, os praticantes da Antiga Religião adotaram o único comportamento que lhes possibilitaria a sobrevivência: “foram para o subterrâneo”, ou seja, mantiveram o máximo de discrição e segredo possível. A sabedoria pagã só era passada por tradição oral, e somente entre membros da mesma família ou vizinhos da mesma aldeia. Como técnica de proteção, os próprios bruxos ajudaram a desacreditar sua imagem, sustentando que a Bruxaria não passava de lenda, ou disseminando idéias de bruxos como figuras cômicas e caricatas, dignas de pena e riso. Por volta do final do século XVII, a perseguição aos bruxos foi diminuindo gradativamente, estando virtualmente extinta no século XVIII. A Bruxaria parecia, finalmente, ter morrido. Mas os grupos de bruxos (“covens“) resistiam, escondidos nas sombras. Algo que surgiu nos primórdios da humanidade não morreria assim tão facilmente.  

Daniel Pellizzari

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-historia-da-bruxaria-2/