Diferenças Mediúnicas entre Umbanda e Kardecismo

No livro “Lições de Umbanda e Quimbanda na Palavra de Um Preto-Velho” – W. W. da Matta e Silva, há um relato de Pai Ernesto de Moçambique sobre a diferença entre a mediunidade da “mesa kardecista” e a mediunidade de Umbanda :

“Pergunta : Existe alguma diferença entre a mediunidade da mesa kardecista e a mediunidade de Umbanda?

Resposta : “Sim! A mediunidade no chamado espiritismo de mesa é acentuadamente mental, as comunicações são quase telepáticas, predominantemente inspirativas, isto e’, os espíritos atuam mais sobre a mente dos médiuns, pois a atividade do espiritismo se processa mais no plano mental. Espiritismo de mesa não tem a missão de atuar no baixo astral contra os elementos de magia negra, como acontece com a Umbanda. Ele é quase exclusivamente doutrinário, mostrando aos homens o caminho a ser seguido a fim de se elevarem verticalmente a Deus. Sua doutrina fundamenta-se principalmente na reencarnação e na Lei da Causa e do Efeito. Abre a porta, mostra o caminho iluminado e aconselha o homem a percorre-lo a fim de alcançar a sua libertação dos renascimentos dolorosos em mundos de sofrimentos, como é o nosso atualmente, candidatando-se à vivência em mundos melhores. Em virtude disso, a defesa do médium kardecista reside quase exclusivamente na sua conduta moral e elevação dos sentimentos, portanto os espíritos da mesa kardecista, após cumprirem suas tarefas benfeitoras, devem atender outras obrigações inadiáveis.

É da tradição espirita kardecista que os espíritos manifestem-se pelo pensamento, cabendo aos médiuns transmitirem as idéia com o seu próprio vocabulário e não as configurações dos espíritos comunicantes.

Em face do habitual cerceamento mediúnico junto às mesas kardecistas, os espíritos tem de se limitar ao intercâmbio mais mental e menos fenomênico, isto é, mais idéias e menos personalidade. Qualquer coação ou advertência contraria no exercício da mediunidade reduz-lhe a passividade mediúnica e desperta a condição anímica. Por esta razão há muito animismo na corrente kardecista.

A faculdade mediúnica do médium ou cavalo de Umbanda é muito diferente da do médium kardecista, considerando-se que um dos principais trabalhos da Umbanda é atuar no baixo astral, submundo das energias degradantes e fonte primaria da vida.

Os médiuns de Umbanda lidam com toda a sorte de tropeços, ciladas, mistificações, magias e demandas contra espíritos sumamente poderosos e cruéis, que manipulam as forcas ocultas negativas com sabedoria. Em conseqüência o seu desenvolvimento obedece a uma técnica especifica diferente da dos médiuns kardecistas. Para se resguardar das vibrações e ataques das chamadas falanges negras, ele tem de valer-se dos elementos da natureza, como seja: banhos de ervas, perfumes, defumações, oferendas nos diversos reinos da natureza, fonte original dos Orixás ,Guias e Protetores, como meios de defesa e limpeza da aura física e psíquica, para poder estar em condições de desempenhar a sua tarefa, sem embargo da indispensável proteção dos seus Guias e Protetores espirituais, em virtude de participarem de trabalhos mediúnicos que ferem profundamente a ação dos espíritos das falanges negras, isto e’, do mal que os perseguem, sempre procurando tirar uma desforra.

Por isso a proteção dos filhos de Terreiro é constituída por verdadeiras tropas de choque comandadas pelos experimentados Orixás, conhecedores das manhas e astucias dos magos negros. Sua atuação é permanente na crosta da Terra e vigiam atentamente os médiuns contra investidas adversas, certos de que ainda é muito precária a defesa guarnecida pela evocação de pensamentos ou de conduta moral superior, ainda bastante rara entre as melhores criaturas. Os Chefes de Legião, Falanges, Sub-falanges, Grupamentos e Protetores, também assumem pesados deveres e responsabilidade de segurança e proteção de seus médiuns. É um compromisso de serviço de fidelidade mutua, porem, de maior responsabilidades dos Chefes de Terreiro.

Dai as descargas fluídicas que se processam nos Terreiros, após certos trabalhos, com a colaboração das falanges do mar e da cachoeira, defumação dos médiuns e do ambiente e dando de beber a todos água fluidificada. Espirito que encarna com o compromisso de mediunidade de Umbanda, recebe no espaço, na preparação de sua reencarnação, nos seus plexos nervosos ou chacras, um acréscimo de energia vital eletromagnética necessária para que ele possa suportar a pesada tarefa que irá desempenhar.

Na corrente kardecista, isto não é necessário, em virtude de não ter de enfrentar trabalhos de magia negra, como acontece na Umbanda, e mesmo permitir aos guias atuarem-lhe mais fortemente nas regiões dos plexos, assumindo o domínio do corpo físico e plastificando suas principais características. Enato vemos caboclos e pretos-velhos revelarem-se nos Terreiros com linguagem deturpada para melhor compreensão da massa humilde, assim como as crianças, encarnando suas maneiras infantis para melhor aceitação das mesmas. “

#kardecismo #Umbanda

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/diferen%C3%A7as-medi%C3%BAnicas-entre-umbanda-e-kardecismo

Evolução

Evolução

Por: Colorado Teus

O que é a Vida? O que viemos fazer em vida? Para onde iremos após a Vida? Independente de quais sejam suas repostas para essas perguntas, sua vida é completamente influenciada por elas. Cada ato, pensamento e desejo, antes de chegar até nossa consciência, é filtrado pelo que acreditamos no íntimo que sejam as respostas para essas perguntas.

(obs.: minha intenção era postar apenas a lista que está no final deste texto, porém, ficaria meio ‘sem pé nem cabeça’ falar que não concordo com algo sem fundamentar falando sobre o que concordo, pois a simples discórdia tirando a minha opinião da reta poderia ser interpretada como mero ataque a quem vestisse a carapuça, porém, essa não é minha intenção. Então, esse texto, por falar da minha opinião, é de certa forma pessoal, mas acho que pode ajudar algumas pessoas a começarem a pensar sobre alguns assuntos que considero importantes.)

Para ilustrar, pensemos em uma situação: uma pessoa escolhendo sua profissão. No caso das pessoas que acreditam que após a morte não há qualquer tipo de continuação, elas certamente buscarão uma profissão que as sustentarão de forma a aproveitarem ao máximo o curto tempo de vida que lhes resta, como uma profissão intensa e bastante rentável. No caso de pessoas que acreditam em um juízo final (céu x inferno), haverá sempre um pé atrás na escolha, para que não seja algo que a comprometerá pelo resto da existência. No caso das pessoas que acreditam em reencarnação, essa escolha não pesa tanto quanto para as últimas, mas com certeza buscará algo que a ajude a sair do momento atual em que está presa. Podem existir outros casos de crença do que seja a resposta para essa pergunta, mas essas três citados resumem a grande maioria de nossa população.

Com esse exemplo podemos notar que os padrões de comportamento variam bastante, que cada crença traz vantagens e desvantagens para o que a vida no mundo físico pede de nós. O conjunto de crenças que grupos de pessoas acreditam que sejam as respostas para essas perguntas é chamado de Dogma do grupo; como não é tudo no Universo que podemos provar que existe ou que não existe, sempre haverá uma pilar de Dogma no pensamento das pessoas de qualquer grupo.

Bom, nesse momento o leitor pode estar fazendo a pergunta pertencente ao F.A.Q. espiritual: “Como escolher o sistema de Dogmas – o caminho – que é o melhor para eu seguir?”. E essa é de fato uma boa pergunta que só pode ser respondida através da crença. Aliás, note que sua primeira resposta que vem em mente é totalmente tendenciosa para o grupo que você mais acredita. Uns dirão que é o destino da pessoa, outros dirão que a pessoa precisa seguir seu coração, outros que o Dogma existente é apenas uma muleta para quem não tem força para caminhar com as próprias pernas, e por aí vão as possíveis respostas.

Com isso, começamos a perceber um dos maiores problemas em debater sobre fé: nossas respostas sempre serão tendenciosas em tentar convencer o outro de que nossa fé é o melhor caminho a ser seguido. Aliás, isso é uma tendência natural do Orgulho, se descobríssemos que nosso caminho não é o melhor, significaria que muito do que fizemos não era o que acreditávamos que fosse, e isso seria um tapa tão forte na cara do Ego (projeção de si mesmo) que ele jamais deixaria isso acontecer com facilidade, ou seja, sempre criará inúmeros conflitos para tentar provar o contrário da descoberta e se manter no atual estado, se conservar.

Conservar mudando ou mudar conservando? Essa é uma pergunta frequente de quem está disposto a enfrentar o Ego dentro de si para não deixar que o conflito se exteriorize e atinja outras pessoas. Em outras palavras, essa pergunta traduz um ato que é sempre lembrado na maioria dos sistemas de Dogmas, que é o da ‘evolução’. Evoluir é justamente mudar, e a mudança é um golpe duro para o ego.

Reza a lenda que existe um grupo de pessoas cuja Tradição é lutar para que a evolução continue acontecendo neste mundo, é a ideia do ‘conservar mudando’ há pouco citada. Eis a resposta para muitos que já me perguntaram sobre minha fé, eu acredito na luta pela evolução como uma boa possibilidade para o fim dos conflitos em nosso mundo e uma vida melhor para todos.

Apesar desse texto abordar questões de algumas áreas distintas, o objetivo máximo dele é justamente apontar algumas coisas que algumas pessoas dessa tradição acreditam e trazer uma lista que nos ajuda a perceber quando estamos perto de algumas pessoas que vão contra essa tradição; notem que não falo em nome da Tradição, esse texto é o meu ponto de vista em relação ao que aprendi sobre ela.

O Dogma máximo é que tudo o que podemos perceber (universo) foi criado por uma potência única, chamada de ‘Criador’. Por sua misericórdia, nosso universo foi criado respeitando certos padrões para que as criaturas possam, dentro de suas limitações, entender como o sistema funciona e, assim, poderem nele viver e a ele influenciar.

Como um sistema de defesa, o universo parece tentar conservar sua energia, para isso gera uma reação de igual intensidade, mas sentido oposto, para toda ação que acontece dentro dele. Mas, para continuar mudando, a reação não acontece instantaneamente após a ação, e é daí que surge um dos conceitos mais importantes da tradição, o ‘Karma’, que é o potencial de reação que está para acontecer, uma parte do sistema de ajuste do que acontece no universo.

Assim, o entendimento básico do universo é um processo interativo de ação e ajuste, ação e ajuste, ação e ajuste, ação e ajuste, que é comumente chamando de ‘Yang/Yin’. O ser humano, como uma parte integral do universo, contribui com suas ações e participa dos reajustes. Do processo interativo resulta as mudanças do homem tentando entrar em sintonia com o universo, o qual tenta chegar a um equilíbrio para uma finalidade que está muito longe de qualquer ser humano saber.

De toda essa abstração, é válido apontar que em momento algum foi falado de bem e mal. Normalmente os Egos atribuem o nome ‘mal’ às forças de reajuste do universo, mas isso é assunto para outro texto. É importante entender que o ser humano, em sua busca pela posição perfeita no universo, acaba indo por caminhos errados, então, uma hora, os seres que regem esse equilíbrio do universo liberam o karma e a pessoa é reajustada. Criar karma nunca foi ou será o problema em si, na verdade o Karma é nosso grande professor. O problema é estagnar em nós kármicos (que seria ficar sofrendo sempre o mesmo reajuste por tentar entrar repetidamente em um caminho errado) e não conseguir evoluir.

E o que seriam então pessoas boas e más? Na verdade não existem pessoas boas e más num sentido literal, o que existem são ações boas (que ajudam o equilíbrio do sistema em que vivem) e ações ruins (que atrapalham o equilíbrio do sistema em que vivem). A origem das ações ruins são o medo da mudança ou a ignorância (os ignorantes geralmente são usados pelas pessoas que têm medo da mudança como instrumentos), a origem das ações boas são a Vontade da mudança e o esclarecimento.

Então, baseado em todos esses Dogmas, sigo minha vida tentando trazer coragem/fé para quem tem medo de mudar, esclarecimento para os ignorantes, apoio para quem tem Vontade de mudança e caridade para quem é esclarecido.

Não faço mal julgamento de pessoas que ainda são ignorantes em relação ao equilíbrio do nosso universo, até porque todos passam por esse período. Porém, uma coisa que me deixa indignado e que combato ao máximo são os medrosos que usam os ignorantes como objeto. Dentro da minha experiência, fiz uma lista de ações que são comuns (não determinantes) nesse tipo de pessoas, vamos a ela para concluir esse texto:

– Sua fala é impositiva, sempre falam de forma forte como se o que dissessem é uma verdade incontestável, e sempre fica a impressão de que se as outras pessoas não acreditam naquilo, são muito burras.

– Não usam argumentos lógicos para fundamentar o que falam, suas falácias são baseadas no que uma “autoridade no assunto” ou uma “tradição” disse, se eles disseram é assim que tem que ser e ponto final.

– Usam de “fontes científicas” que não existem, citam pessoas que não existem ou jamais passaram pelas universidades citadas. É necessário sempre olhar a fonte, pesquisar nos sites ou arquivos das universidades/revistas que foram citadas, ou perguntar para alguém que sabe do assunto se os argumentos utilizados são válidos.

– Vendem alimentos, remédios, cds, máquinas, cursos, livros miraculosos que vão transformar a vida da pessoa sem qualquer tipo de esforço pessoal.

– Usam argumentos válidos para ganhar a confiança da pessoa, e então começam a vender suas besteiras que não têm nada a ver com o argumento utilizado.

– Falam que todas as defesas da pessoa não funcionam, que Exu não é guardião, que a vela para o Anjo da Guarda não funciona, que os assentamentos foram feitos da maneira errada, que os pontos riscados das entidades são sigilos de entidades malignas, que as orações que a pessoa utiliza não têm fundamentos, que o RMP ou outro banimento/invocação é um ritual fraco, para então ter as brechas necessárias para agir.

– Acusam os outros professores de picaretas sem apresentar qualquer argumento, desmerecendo tudo que eles disseram e falando de maneira geral que é burrice quem acredita naquilo que tais professores disseram.

– Abusam do orgulho e da vaidade das pessoas, elogiam elas o tempo todo e dizem que são especiais, que não são como os burros do grupo que elas pertencem.

– Usam métodos que tornam as pessoas dependentes da técnica por ele passada, mas que ele não ensina ninguém a fazer, é preciso comprar dele para ter.

– Basicamente, não ensinam as pessoas a buscarem, sempre desincentivam as pessoas a conhecerem novos grupos ou lerem livros do assunto, pois eles precisam de que a pessoa continue ignorante para continuar comprando tudo dele.

Claro que existem muitos outros padrões, mas essa lista já ajudará bastantes pessoas a evitarem as pessoas de má fé que abusam da boa fé dos outros. Espero ter somado com alguma coisa para a vida de cada um que leu esse texto, apesar do texto ser uma exposição de um ponto de vista bem pessoal.

Vai dar certo!

#MagiaPrática

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/evolu%C3%A7%C3%A3o

Astrologia e Ciência

Em 1994, o cineasta, fotógrafo e multimilionário Gunther Sashs decidiu proceder em uma investigação estatística e matemática das propostas astrológicas, uma aproximação empírica tal qual imaginávamos que os antigos haviam feito. Ele não era astrólogo, nem nenhum de seus colaboradores. Quando os estudos começaram, motivados por pura curiosidade, nenhum deles sabia muito sobre Astrologia Hermética. Mas levantaram uma série de dados que acompanharemos a seguir:

Em primeiro lugar, seguem os termos de referência:
1. Examinar por meio de um estudo científico largamente estruturado os possíveis efeitos dos signos no comportamento humano
2. Não tentar provar nem desprovar a astrologia acima ou ao lado de mitologias, mas investigar se ela existe e exerce efeito real em grandes massas populacionais.
3. Publicar seus estudos, mesmo se falhassem em provar a existência de uma astrologia não-mitológica.
4. Basear suas pesquisas exclusivamente em dados empíricos, sem consultar qualquer astrólogo.
5. Examinar e explicar cientificamente quaisquer fatores que pudessem distorcer seus resultados estatísticos.
6. Indicar como significativo qualquer desvio aparente dos resultados esperados que não pudesse ser explicado como simples acaso.
7. Ter seus cálculos e resultados conferidos por uma aceitável autoridade neutra, tal como uma universidade.

Eles trabalharam com um instituto de Pesquisas Europeu de grande prestígio, que atuou como seu árbitro independente: o Institute fur Demoskopie, em allensbach, e utilizaram os serviços da dra. Rita Kunstler, uma profissional do Instituto de Estatística de Ludwig-Maximilian University, em Munique, como consultora de metodologia estatística.

Eles conseguiram seus dados brutos de autoridades públicas, companhias de seguro e pesquisadores de mercado. Coletaram um enorme arquivo a respeito de criminosos, traficantes, casamentos e divórcios, doentes, suicidas e muito mais. As regras de proteção dos arquivos impediam que os indivíduos fossem identificados, mas poderiam obter a data e local de nascimento.

Quando conseguiram os dados brutos e passaram a analisá-los, os resultados foram todos documentados e são fascinantes.

O estudo de Sashs usava amostras muito grandes, e quando ele procedeu a testes significativos, o Instituto de Estatística da Universidade Ludwig-Maximilian verificou seu método. Uma coisa estava bem clara: ele fez seus testes de maneira imparcial e teve todo o trabalho de eliminar amostras preconceituosas sistemáticas.

Gunther começou analisando as vendas de livros de Astrologia, de signos estelares, e comparou as vendas em proporção aos indivíduos nascidos sob aqueles signos em particular em áreas de vendas. Ele encontrou significativas diferenças estatísticas em 10 dos 12 signos, um resultado que poderia ocorrer por acaso apenas uma vez em dez milhões (um nível de significância muito além da “1 chance em 99” aceita na imensa maioria dos testes estatísticos usuais na ciência ortodoxa).

Ele baseou seus dados na amostra de 313.368 vendas de livros de signos durante o período de 1991 a 1994. Se algum leitor quiser saber quais signos estão mais interessados em Astrologia e quais estão menos, recomendo a leitura do livro de Saschs, “The Astrology File”, da editora Orion, 1997. Neste texto, estou interessado nos resultados estatísticos.

A Seguir, Sashs analisou dez diferentes áreas da vida onde ele poderia obter dados. apresento abaixo um sumário de algumas das descobertas que ele fez:

1 – Quem casa com quem?
Ele partiu de uma amostra de 717.526 pessoas casadas e observou se seus mapas eram compatíveis, para concluir se as expectativas astrológicas eram cumpridas. Sua hipótese nula (o resultado esperado) assumia que as combinações estariam aleatoriamente distribuídas entre todos os signos. NÂO ESTAVAM.
Das 144 possíveis combinações entre signos dentro dos planetas, ele encontrou 25 pares que se desviavam significantemente das expectativas aleatórias. Quando conferidas as probabilidades de tais eventos ocorrerem por coincidência, a possibilidade é de 1 para 50.000 contra. Isso significa que estas escolhas eram 49.999 vezes mais prováveis de serem causadas por algum fator que não o acaso!

2 – Quem se divorciou de quem?
O tamanho de sua amostra para este teste foi de 109.030 casais. O método usado foi o mesmo do casamento. Mais uma vez, das 144 possíveis combinações de signos dentro dos planetas, ele encontrou 25 desvios significativos (mas desta vez com um nível de significância menor, de 1 a cada 260 testes). Embora bem menor que o anterior, este resultado não é desprezível estatisticamente.

3 – Quem é solteiro?
Este teste foi baseado no censo de 1989-1990, cobrindo toda a população da Suíça, de 4.045.170 habitantes. isto deu uma amostra de 2.731.766 pessoas na idade aceitável (18 a 26 anos). Ele descobriu que certos signos e combinações estão mais preparados para comprometimento e casamentos que outros. Sete desvios significativos no comportamento aleatório eram estatisticamente significativos em 1 para 10.000, ou seja, há um padrão de comportamento definido nesta amostra.

4 – Quem estuda o que?
Os dados vieram de universidades e cobriam 231.026 candidatos em dez cursos específicos. A hipótese nula é que os signos estariam distribuídos aleatoriamente entre as disciplinas. Haviam 120 combinações de signos/disciplinas possíveis e ele encontrou 27 desvios significativos. a chance de obter este resultado por coincidência são de 1 em 10 milhões. Este resultado é monumental (pessoas são condenadas à morte com base em evidências de DNA com significância estatística milhares de vezes menor que essa).

5 – Quem faz qual trabalho?
A amostra foi tirada do censo de 1989-1990 que chegou a 4.045.170 habitantes na Suíça e estudou 47 tipos de ocupação. isso resultou em 564 possíveis combinações entre trabalhos e mapas/signos. saschs encontrou 77 variações significativas com probabilidade de 1 em 10 milhões de ser mera coincidência. Novamente, apenas um tolo poderia negar uma correlação destas.

6 – Quem morre de que?
Este teste foi conduzido com todas as mortes registradas na Suíça entre 1969 e 1994, com uma amostra de 1.195.174 eventos. Para tornar este teste significativo, apenas mortes por causas naturais foram consideradas. Isto reduziu a amostra para 657.492 indivíduos. as 240 possíveis combinações (das quais a hipótese nula era, como nas demais, uma distribuição aleatoria entre signos e causa mortis) revelaram, porém, cinco desvios com probabilidade de 1 para 270. Apesar de modesto em comparação com os outros resultados, ainda tem valor estatístico.

7 – quem comete suicídio?
Do registro de mortes acima, Sachs pôde extrair uma amostra de 30.358 pessoas que cometeram suicídio. ele encontrou cinco desvios significativos com a possibilidade de coincidência apenas de 1 em 1000.

8 – quem dirige de que jeito?
Esta amostra foi colhida junto a seguradoras e cobria 25 mil acidentes durante 1996. mais uma vez, Sachs encontrou desvios para quatro signos com nível de significância de um para dez milhões (curiosamente, foram os mesmos 4 signos que eu, Marcelo Del Debbio, encontrei desvios em pilotos de fórmula 1 que venciam corridas em um estudo que fiz e devo publicar em breve aqui no blog).
Ele também tirou uma amostra de 85.598 acidentes na Suíça e novamente encontrou os mesmos quatro signos envolvidos, mostrando significantes desvios estatísticos com probabilidade de 1 para 5.000 de ser coincidência.

9 – Quem comete quais crimes?
a amostra tomou 325.866 prisões para 25 diferentes tipos de crimes. os dados foram coletados no Ofício de Registros Criminais da Suíça. A combinação testada era de 300 possíveis crimes/signos. Assim como nos outros testes, a hipótese nula era que estivessem distribuídos aleatoriamente entre as combinações, mas 6 destas combinações mostraram desvios da expectativa, com significância de 1 para dez milhões contra a coincidência.

10 – quem joga futebol?
De uma amostra de 4.162 futebolistas na alemanha, Sachs encontrou nove signos desviando significativamente das chances esperadas. As chances de serem coincidência eram de 1 para 1 milhão. quando analisou os atletas profissionais, esta probabilidade subia para 1 em 10 milhões.

Após estas análises, Sashs fez uma conferência cética do resultado: A equipe de consultoria misturou todos os dados e as datas foram arrumadas de maneiras aleatórias, criando 12 signos “artificiais” (usaram um gerador de números aleatórios para agrupar os 365 dias do ano em 12 blocos totalmente arbitrários) e refizeram os testes.

Aqui está o resultado, em suas próprias palavras:

Os estatísticos podiam misturar os dados ao acaso e criar signos na mesma ordem com o ano, mas este foi provido com datas de nascimento artificiais (falsas). Desda forma, um ano artificial apareceria começando em 6 de abril, seguido por 11 de novembro, 7 de março, 19 de agosto e assim por diante, até os 365 dias.
Se a afirmativa dos astrólogos a respeito do efeito dos signos fossem inválidas, aqui também seriam encontradas significâncias estatísticas, no entanto, não houve correlações significativas entre os signos artificiais.

Sashs resumiu seu trabalho comos segue:
O principal propósito deste estudo não era produzir resultados individuais interessantes – esses seriam, de fato, não mais que entretenimento encontrado como subproduto de nosso projeto. Ao invés disso, o objetivo da pesquisa era estabelecer se havia uma correlação entre signos/planetas e o comportamento e predisposição humanos.

Provamos isto. Há uma correlação!

Todos os dados de suas pesquisas foram publicados no livro “The Astrology File, publicado pela editora Orion em 1997. Após esta data, Gunther passou a estudar Astrologia Hermética e a testar e refinar seus resultados em seu instituto. Apesar de um excelente trabalho, ele ainda não pode satisfazer o critério de aceitação que Stephen Hawkins colocou:

“A razão pela qual a maioria dos cientistas não acredita em Astrologia não é a evidência ou falta dela, mas porquê ela não é consistente com outras teorias que foram testadas por experimentação”.

Talvez isso aconteça porque o estudo é amplamente ignorado pelos acadêmicos e, quando é realizado, é feito com metodologias totalmente furadas, envolvendo apenas signos solares ou horóscopos de jornal. De um lado, a comunidade científica está entrincheirada contra ela porque a vê conflitando com outras teorias e do outro lado, malucos e charlatões apresentando uma bizarrice maior do que a outra em programas de TV. E, no meio disso, os “Astrólogos Sérios”, dentro de Ordens iniciáticas que possuem o conhecimento do método e das técnicas, mas não os recursos para demonstrá-las. Sorte nossa que Gunther Sashs é milionário.

E apenas um último adendo: Stephen Hawkings está errado; a Astrologia Hermética É consistente com as teorias espiritualistas e teosóficas; que envolvem reencarnação, Verdadeira Vontade e outros aspectos que ainda não podem ser provados pelo método científico aceito pela ciência ortodoxa. O astrólogo e teósofo Dane Rudhyar publicou diversos livros a respeito destas correlações.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/astrologia-e-ci%C3%AAncia

Carta a Hermann Metzger

29 de março de 1963.

Ao chefe dos “Thelemitas” suíços – como vocês se autodenominam.

Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.

Esta carta é minha Saudação Equinocial a você.

Embora eu tenha pedido que pare de enviar-me sua literatura, você continua e me bombardear com a evidencia de sua tolice – menos tolice, por favor! Eu não sei se isto é um desafio de sua parte. Se for, você foi além de seus desenfreados sonhos, pois em seu últimos sintomas de insanidade – suas traduções das cartas de 666 a uma irmã com um “DU” no sagrado verso – você provou ter caído precisamente ao nível que lhe tenho advertido contra. E portanto, o Cabeça Externa da Ordem fará um último esforço, uma última tentativa, para lhe mostrar o quanto aquilo que você julga ser uma mudança nada mais é do que demonstração de cegueira – cegueira espiritual.

Em resumo, eu pretendo falar com senso comum, senso de cavalo assim – chamado; e esperar assim despertar o que resta do senso de humor – que é o senso de equilíbrio, que é senso “comum” – em você. Você pode – ou não – saber que Karl Germer faleceu no ano passado, uma morte na qual a última gota de sangue deixou o corpo dele. Você pode, ou não, saber o que isto significa, e a que grau aquele Homem atingiu. Eu não sei se você sabia – e não sei mesmo se ele sequer lhe disse – que era o sucessor de A.C., e BAPHOMET para todo mundo. Ele tampouco disse-me; tive de descobrir por mim mesmo. Este era o homem que você desobedeceu, cuja tradução iniciática dos Livros Sagrados de Thelema para a língua alemã você alterou, mas a quem você desejou substituir – eu falo a você, senhor! – neste momento, alguém na América do Sul segura um honesto espelho ante sua tola face.

Você reclamou junto a ele de ter sido acusado de estar de conluio com Oskar Schlag, o que diz ser uma inverdade. Mas o que você não sabe é que a influência de Schlag que tem inflamado seu ego ao ponto de você se tornar, sem o saber, um traidor a toda PALAVRA que pensa manter. Schlag é um “Adepto Maligno” – isto simplesmente significa que ele é um homem que, quando executou o trabalho de 5º = 6º, uniu-se à sua Persona Maligna, ao invés de unir-se à seu Sagrado Anjo Guardião, e é agora um escravo de Choronzon – Dispersão – na forma de um demônio de Abramelim. Ele é, sendo um Adepto, magicamente poderoso – muito mais poderoso do que você pode imaginar – e tem o auxílio, alem do mais, dos Quatro Príncipes, os quais, ao passar do velho Aeon, assumiram liderança e personificaram os fundadores espirituais das principais religiões do Aeon passado: Cristianismo Osiriano, Brahmanismo, Buddhismo e Islamismo.

Pense, por um momento, senhor, o quanto poderosas são estas Entidades que você, indubitavelmente, tem de maneira tola pensado controlar – pequeno servidor deles! É possível – é escassamente possível – ser você realmente a “criança”, e por esta razão eu escrevo esta carta. Pois se você é um filho de BABALON e da BESTA, isto é, se é agora um Bebê do Abismo, é necessário dar-lhe alguns significados pelos quais você possa marcar seu curso, e saia do abismo do Porque para o Portal da Cidade das Pirâmides.

Saiba então, minha pobre criança, que todo simples thelemita que cruza o Abismo, e um grande número daqueles que nunca o realizou, pensa ser aquele “filho” de AL. E com perfeito direito de assim pensar. Nós somos, todos nós, filhos de Therion – o Cristo – nascido da Virgina Mundi, que é o vero nome da Grande Puta, a Mulher Vestida Com O Sol, Nossa Senhora BABALON da Cidade das Pirâmides. Agora, se você é o particular filho que irá decifrar AL II, 76, que somente será provado quando e se o decifrar. Pode ficar certo que o mistério uma vez decifrado, será evidente e simples a todos, do mesmo modo que foi a chave 31, descoberto pelo pobre O.I.V.V.I.O., sobre cujo deplorável caso eu o alertei para ponderar cuidadosamente ante de continuar em seu atual caminho.

Você é – se realmente é um Bebê do Abismo – maior que todos os reis da terra, porque o Magister Templi é realmente – mesmo se o homem no qual ele se manifesta seja um varredor de rua, ou, como Um que conheci, um velho negro sem pernas rolando em um pequeno carrinho de madeira ao longo das ruas, aparentando a todos um mendigo – embora um mendigo responsável pelo trabalho e a visão – visão espiritual – de todos aqueles ligados a ele. Eu lhe refiro LXV: “… e Eu carrego a Taça de Seu regozijo aos fatigados da velha terra cinzenta. “Não se esqueça a seqüência ! Se você é um dos “escolhidos” não é responsabilidade sua, pois Ele não é para ser comprado pelo resgate de todo Universo. Lembre-se de Sir Palamedes o Sarraceno – ele fez prodígios, ele atingiu os mais altos trances, executou as festas máximas – mas somente quando confessou sua falha em “comprá-lo” pelo resgate de todo o Universo a Besta veio acomodar-se a seu lado…. Agora, por favor, meu pobre amigo, deixa-me apontar o sintoma da esquizofrenia – o começo da Dispersão, a qual haja Restrição no Nome de BABALON! – o sintoma de esquizofrenia em seu comportamento: Você não pode fazer o bolo e comê-lo ao mesmo tempo.

Você clama ser a “criança” profetizada em AL. Então isto significa que você aceita AL como um Livro Sagrado, a única Lei e regulador da vida, divinamente inspirado, o trabalho não de um homem mas de um Deus – estou usando esta palavra em seu senso técnico de Iniciação à Divindade, ou o que possa ela significar. Mas, se você realmente aceita AL como tal, como pode você, homem, possivelmente, sempre desobedecer a mais solene injunção do Livro, sempre repetida em cada um dos Capítulos, sob o comando de Nuit, Hadit e Ra-Hoo-Khuit de não mudar mesmo o simples estilo de uma letra. Você só pode ter uma dessas alternativas. Você não pode ter as duas. Isto é simples premissa, meu amigo. AL é um livro razoável.

Qualquer razoável livro não pode ser o trabalho do insano (= ‘ povo da terra’, no senso desses cuja Razão – Daath – ao invés de ser o servidor das altas faculdades – tenta usurpar o lugar do Mais Alto, por isto verdadeiramente tornando-se o “bastardo da Swastika”). Lembre-se que os antigos Reis Teutônicos usavam um colar ao redor do pescoço, o símbolo da escravidão – para significar que Daath – cujo lugar é o pescoço — está encadeado, amarrado e restringido pelas altas faculdades simbolizadas por sua coroas. “Que você faça o mesmo”. Aquele colar é a Linha Verde que circula o Universo – o Cinturão de Astarte a Estrelada. O acima é básico. Eu te peço considerá-lo cuidadosamente, perceber a natureza irracional de seu comportamento, e se você pensa – como certamente o faz – “mas acima do Abismo nada é verdade exceto em termos da contradição implicada”- eu lhe peço lembrar-se que, embora, isto é assim acima do Abismo, é abaixo do Abismo que você tem estado durante longo tempo desfigurado AL ( pense nisto ), a despeito do fato de ter sido avisado pelo O.H.O., Frater Saturnus, que acontece também ser um Magister Templi da A.·.A.·. e Cabeça da Ordem de Thelema. Se ulteriormente, você pensa: “ele está dogmatizando, enquanto estou apenas preocupado com o espírito”, eu aviso muito seriamente a ler os parágrafos 28 e 29, principalmente este último, de Liber CLX Astarté vel Berylli, que cai perfeitamente sobre seu caso.

Passarei agora a outras considerações do porque seu “DU” é uma imprópria tradução da passagem em questão ( devo ainda lembrar-lhe mais uma vez que, acima de tudo, a qualquer verdadeiro Thelemita, é uma blasfêmia). Eu suponho que sua razão, em escreve-lo assim, foi para implicar: “Veja, quando eu digo, faze o que tu queres, eu não quero significar que você deve fazer o que seus sujos, impuros, e malcheirosos eus inferiores desejam fazer: eu quero significar que você deve fazer o que seu Eu Superior quer que você faça”.

Em um senso, fazendo isto, você está se desculpando pela Lei – você está envergonhado dele. Embora deveria lembrar-se que está escrito que, a Mulher Escarlate deve ser desavergonhada ante todos homens – se você é verdadeiramente um Magister Templi, você entenderá o que isto significa, mas eu lhe darei uma pista, lembre-se que a primeira ordália é de prata, lembre-se que a Fundação é chamada uma Pedra, lembre-se que Aspirantes da A.·.A.·. são homens, mas os irmãos da A.·.A.·. são mulheres; relembre que a Nephesh purificado é a Virgem do Mundo, este é um dos símbolos desenhados no livro dos Símbolos Secretos dos Rosacruzes: veja o diagrama 33, “O Jardim do Eden”.

Seguramente você possui isto. Mas, existe outro, e mais importante senso, no qual “DU” é enganador. Como pode possivelmente presumir e determinar como qualquer homem interpretará esta linha? Está você tornando sua interpretação a interpretação para todo povo de língua alemã? Você não percebe que está restringindo seu semelhante? Reprimindo a órbita de outras estrelas? Que está, de fato, projetando a gigantesca sombra de seu inflamado ego sobre o Universo, ao invés de mante-lo no que ele deve ser – o instrumento através o qual você se relaciona com o Universo. Não percebe que isto é uma Síndrome composta de vaidade e medo – o mais claro sintoma de identificação com o – que está por detrás desta sua iniciativa? Pois veja, uma estrela pode escolher interpretar Faze o que tu queres como fazer o que seu pequenino eu deseja fazer. Outra estrela pode interpretar como fazer o que alguém mais deseja que ela faça. Você diz que isto está errado? Não é de sua conta! Todo número é infinito; não existe diferença! “Que não haja diferença feita entre você entre qualquer outra coisa & e qualquer outra coisa…” “… não argumente; não converta; não fales demais”. Pense nos tempos que virão, quando sua errada tradução possa ser a única acessível à outras pessoas, que a traduzirão do alemão para sua próprias línguas, e assim multiplicando o erro. Você pensa os estar libertando! Você os está acorrentando as rodas de seu carro.

Este é o trabalho de um magista negro, não o trabalho de um Cavaleiro da Hoste do Sol. Pensa, além disso, no karma que você está criando. Pense na praga e maldição do Cristianismo quando a Igreja Romana assumiu liderar sobre todas as outras existentes, escolhendo o caminho do crescimento material, e espalhou a infecção de Choronzon e escravidão espiritual em todas as partes do mundo. Pense a respeito de O.I.V.V.I.O. Pense a respeito de Franker, e o que ele fez à ordo templi orientis acreditando estar seguindo instruções de seu Anjo Guardião! Pense a respeito de Krumm-Heller (o pai), e o dano que causou à ordo templi orientis e a qualquer coisa em contato com a Verdadeira Rosacruz, acreditando, ele também, que estava obedecendo seu Anjo Guardião, que ele pensava ser o Conde de Saint Germain – o qual foi uma de minhas passadas encarnações, e que somente é verdadeiramente descrito na excelente biografia feita por M. Paul Charconac, a qual, várias vezes, eu lhe avisei para ler.

Faze o que tu queres é a Lei da Liberdade, embora você tenha que me servir! – você diria alto. Mas, meu amigo, nós não somos livres no senso de ser irresponsáveis. Estamos amarrados por Nosso Juramento de servir. Nós somos servidores da Estrela & da Serpente. Nós somos servidores de Heru-Ra-Ha. Nós somos servidores de V.V.V.V.V. Nós precisamos construir, nós mesmos, pedras que somos, como a grande muralha que protege a humanidade – nossa pequena irmandade – contra o furioso ataque do abismo. Verdade, nós não somos “livres”!

Nós servimos; precisamos humilhar a nós mesmos; necessitamos dar tudo que somos e tudo que temos; necessitamos nos tornar nada; precisamos trabalhar na escuridão e cuidar de nossos jardins; precisamos reprimir nosso egos com a tripla corrente em torno do pescoço, e precisamos esperar a Consumação – a qual virá quando Ele desejar Quem é Destinado a este Fim, e não quando nós pensamos dever ser. Realmente, devemos morrer; mas morrendo, semente que somos, devemos dar muitos frutos. Nós somos Isis Regozijante; nós carregamos o filho, nós o alimentamos com nossa substância; e nosso trabalho é alimentar o filho; nós não somos o filho!

Ele é o filho em nós, ou melhor, de nós. O ego deve morrer. Este é o mistério de Osiris, e porque Osiris é um deus negro. Você deve tornar-se Osiris antes de poder adorar Hoor Você precisa ser crucificado, morto e erguido antes de poder clamar seu júbilo ante o novo Sol nascente. Em resumo, irmão, se você é um Bebê do Abismo, cedo se tornará um Zelator da A.·.A.·., uma Pedra das Torres Universais, um Guardião dos Mistérios. Esta Iniciação transcende Assiah, pela primeira vez, em Yetzirah, o Mundo Angélico. A Iniciação de Adeptus Minor que você julga ter atingido antes de Tiphareth de Malkuth, e em Assiah. O Trabalho de conseguir o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião estende-se ante você — não atrás. Você necessita consegui-lo em total no pode e luz descrita no Livro da Sagrada Magia e em “João São João” no Equinócio I,1. A verdadeira Orgia da Theurgia, a Grande Obra, estende-se em Tiphareth de Tiphareth – e não se esqueça que o Magus do Aeon, o CHRISTO, o Senhor THERION, é crucificado em Tiphareth de Chokmah, e o Adeptus bebe Seu sangue e come Sua carne para sustento. E a Grande Obra – o Cruzamento do Abismo entre Kether de Chesed e Malkuth de Binah – ainda se encontra muito longe de você. Ou de mim.

Você entende, criança? Você conseguiu muito; mas será muito pouco se você não perceber o quanto mais falta atingir. Por favor aja a partir da perspectiva de seu novo adquirido ponto de vista. Obedeça seu superior, que agora sou eu. O que ele pede? Pede ele algo repugnante ao seu orgulho como homem?, ou seu direito como irmão? Ele pede que você obedeça, não a ele, mas ao Livro da Lei; ele pede a você que, na próxima vez que editar a Missa Canonica da ordo templi orientis , o encaderne em vermelho e ouro, que são as heraldicas cores da Rosa Cruz (a ordo templi orientis é uma Ordem Rosacruciana, uma das poucas – não sabia?) ao invés do negro dos Romanos e seus bastardos filhos os protestantes. E ele nada mais pede a ti.

Se você não se importa com minha autoridade, eu não tenho a intenção de impo-la com ameaças ou coerções. Mas eu lhe aviso, mais uma vez, que você está errando contra você mesmo e seus seguidores por esquecer AL, e agora também o Mestre THERION. Se continuar assim, certamente será destruido; e desde que vangloriou-se uma vez, em circunstâncias similares ao nosso então Superior, Saturnus, que “suas publicações vão agora em quarenta diferentes países”, ou similar número, eu lhe relembro que acumular bens em Malkuth não é a mesma coisa como tornar-se uma Pedra em Yesod – que a fórmula de manipulação da matéria sobre somente um plano é a fórmula de ALIM, não de ELHIM – e que a Igreja Romana, também cresceu tornando-se o mais forte poder temporal no mundo — e veja o que ela fez à humanidade como resultado disto! ” Que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro se ele perder sua eterna alma? “Você somente pode atuar eficientemente sobre um plano se trabalhar de um plano acima dele. É somente então que você introduz um novo, verdadeiramente criativo fator na equação.

De outra maneira, apenas estará permutando os termos já existentes. Você está preso à Roda de Samsara – saia dela. O karma do homem lunar (veja o Upanishad para este homem “lunar”) é sempre um círculo vicioso. Mas a força serpentina é uma Espiral! A Fraternidade Negra, as Demonícas Legiões e Chorozon somente podem atacar através do ego… Eu repito isto para que você possa entender porque sua desobediência não é sintoma de independência, mas de desordem da personalidade.

Você também está orgulhoso do crescimento material de sua organização; mas nenhuma corrente é mais forte de que seu mais fraco elo. E veja o que você, o líder de seu movimento, está fazendo quando blasfema AL, cita incorretamente o Mestre Therion, e ignora as Cores Heraldicas das Hostes do Sol! Por favor, tente perceber que isto é o efeito das constantes ondas da corrente demoníaca diariamente atacando seu ego; você não percebe que existem padres jesuitas determinados a se aproximarem de ti, tentando submete-lo? Você não sabe que as Missas de “Jesus” – isto é, o Grande Príncipe do Mal deste Mundo que Abramelin chama de Satã – são diáriamente, talvez toda hora, sendo rezada “para sua alma”? Estas forças das águas da morte continuamente assaltam sua personalidade e invadem sua alma? Elas somente são úteis a você no senso em que provocam sintomas indicando que pontos do Ego ainda é necessário destruir, que porção da matéria ainda está unido ao Corpo Solar que por sua aspiração e trabalho você está começando a formar dentro de sua crisalida humana. Mas necessitas passar pelas Águas além da Morte e além da Vida. Não é coincidência que Schlag está vivendo na Suiça. Eu sei que você tem mandado material para ele. Outro exemplo de sua cegueira.Não percebe que isto significa que você voluntariamente formou um elo com ele?

Não percebe que está lhe dando satisfação do que você faz? Ele mandou material dele para você? Ele está fazendo muito mais alarde sobre Thelema do que pode aqui no Brasil; e quando eu comecei meu próprio trabalho aqui, eu desejei colocar pessoas interessadas na ordo templi orientis em contato com você – mas como poderia? Eu fui forçado a avisá-los contra você, por motivo de sua blasfêmia e sua tolice, e porque está fazendo exatamente o que o mundo demoníaco deseja que faça. Eu seu que seu pai foi Chefe da Polícia Secreta Suíça, e que assim você é capaz de manter um fichario sobre as atividades de Schlag. Peço-lhe o favor de me enviar uma cópia deste fichario: eu pretendo publica-lo em um pequeno livro sobre os meios de trabalho da Loja Negra. Schlag anda por aí brandindo uma cópia de AL, feita a mão por A.C., escrita quando A.C. não sabia muito e a deu como presente a um discípulo, dizendo ser o original de AL (Schlag comprou o manuscrito por uma grande quantia – você diz que sabia disto). Por que? Eu lhe indico AL III, 39 e 47.. Como pode ver que Schlag evidencia maior fé em AL – de sua maneira – do que você. Ele deseja corromper o Livro – e você o está ajudando.

Ele deseja destruir Thelema, pois pensa ser ele mesmo a reencarnação de St. Germain – o “Mestre R.” dos Theosofistas – Claro, foi sua “Mala-Persona” que apareceu, em seu corpo astral, para Tranker e Arnold Krumm-Heller, e fingiu ser seu Anjo Guardião. Sobre este assunto, leia o Livro da Magia Sagrada no assunto do “homem de aparência magestosa” que surge no início da Operação e “promete muitas coisas maravilhosas”. Eu repito a você que eu sou a “reencarnação de St. Germain”, e a maioria das “estórias” a respeito de minha vida são na maioria mentiras. O livro de Charconac é o mais honesto sobre o assunto.

Não pense que Schlag, em si mesmo é importante. Ele é somente o ingênuo e a marionete de seu Anjo Maligno – um demônio Abrameliano, como eu ja disse. Em “A Visão e a Voz”, Equinócio I, v, Suplemento, pagina 143, parágrafos 1 e 2, está escrito:

“E Satan é adorado pelos homens sob o nome de Jesus”; e Lúcifer é adorado pelos homens sob o nome de Brahma; e Leviathan é adorado pelos homens sob o nome de de Allah; e Belial é adorado pelos homens sob o nome de Buddha. ” (Este é o significado da passagem em Liber Legis, Cap. III.)

“Medite então, meu amigo, sobre o poder destas quatro Entidades chamadas os Quatro Príncipes do Mal deste Mundo por Abramelin o Mago. Imagine a Tarefa do Adeptus Minor, para sobrepor e sujeitar estas forças através da intercessão de seu Sagrado Anjo Guardião. Pense como estas forças dispostas contra nós incluem praticamente toda a humanidade e os líderes “espirituais” da humanidade; as mais poderosas egrégoras formadas através de gerações e gerações de adorantes; os demônios das Qliphoth; e nossos próprios egos além disso. Como pode alguém suportar o ataque a não ser pela presença e com a bênção de Ra-Hoor-Khuit?

E assim mesmo você blasfema contra Ele e contra o Livro da Lei. Como espera fazer algum bom trabalho para THELEMA nestas circunstâncias? E se isto não fosse o bastante, você tem citado THERION incorretamente. Você é um membro da Ordem Cristã – e você insulta Christo. Você está confundindo os planos em seu presente trabalho – com mortais resultados para a humanidade, a qual – se tu és um Irmão da A.·.A.·. você está jurado a ajudar.

Esta é minha última carta a ti. Não mais escreverei a não ser que receba algum tipo de evidência que você retornou a Si Mesmo – a seu Verdadeiro Eu – finalmente. Lembre-se de que o verdadeiro sintoma da primeira ordália – de prata – é o que está acontecendo com você; e lembre-se que triunfo na ordália é mostrado por desejar servir. Você pode ser de grande valor para Thelema, para Ti Mesmo, e portanto para mim mesmo, se cumprir a sua vontade. Mas esteja certo de não mais citar erradamente Therion, e que insultar o Sangue e Ouro do Sol não pode ser sua vontade, ou a Vontade de seu Anjo Guardião, ou a vontade de qualquer simples coisa vivente no Universo.

Amor é a lei, amor sob vontade.

Fraternalmente (por enquanto),

Marcelo Motta

 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/thelema/carta-a-hermann-metzger/

A Encruzilhada

Trecho extraído do livro: “A Magia das Oferendas na Umbanda”

– autoria: Pai Juruá

Oferenda: Objeto ou coisa qualquer que se oferece: presente; dádiva – Diz-se na Umbanda, que oferenda é um presente para captar apenas vibrações, ou melhor, para harmonizar vibrações.

Despacho: Ato ou efeito de despachar (dispensar os serviços de; mandar embora; despedir).

Muitos acreditam ser a encruzilhada de Guardiões estas de rua ou de cemitério. Mas a verdadeira “Encruza” está no campo astral e não no campo físico (pedimos aos leitores estudarem o assunto: Linhas de Ley; aí, encontrarão muitas respostas para a questão “encruzilhada”).

@MDD – Meditem sobre o fato de praticamente todos os Templos Antigos estarem localizados sobre os cruzamentos das Linhas de Ley, e sobre a posição do Guardião Energético do Templo, que dá a permissão para se iniciar os trabalhos (na Maçonaria: Primeiro Vigilante, por exemplo).

Os Guardiões somente realizam “despachos” em encruzilhadas de rua e de cemitério, desde que sejam para fins específicos, quando à necessidade de manipular energias humanas que se entrecruzam. Fora disso, as encruzilhadas de rua e de cemitério não são os pontos de força dos Guardiões.

Aquilo que rege o Macrocosmo também rege o Microcosmo, pois existe apenas uma Lei que comanda os mundos, adaptada conforme a forma de vida que esteja debaixo de sua ação e reação. As leis que ordenam e coordenam os astros, a natureza e os elementos são as mesmas leis que coordenam a biologia e a física do ser humano, exatamente por ser este influenciado pelo meio e pelas regras matemáticas dos astros e das potestades.

E a Lei que dá formação e ajuste à matéria e que faculta, inclusive, o próprio modo de ser da movimentação Cármica, a Lei Mater aplicada a movimentação dos elementos, é sintetizada na Encruzilhada dos Guardiões, ou na Roda Cabalística da Encruzilhada.

Sabemos que muitos irmãos realizam seus trabalhos ritualísticos nas chamadas encruzilhadas de rua ou cemitério. Achamos por bem alertar que encruzilhadas de rua e de cemitério são locais onde existem determinadas portas dimensionais que se ligam diretamente às covas mais profundas do Baixo Astral. São as chamadas “Portas Cruzadas” e os trabalhos feitos nestes locais, tem aceite somente por entidades que nada tem a ver com os verdadeiros Guardiões, ou são efetuados por ordens dos Guardiões de Lei, quando da manipulação energética necessária.

Nas encruzilhadas de rua e de cemitério habitam os seres mais estranhos e terríveis, verdadeiros monstros, que alteraram a forma de seu corpo astral (Zoantropia), devido a sua própria conduta mental e emocional. Adulteraram completamente seus sentidos e seus objetivos na caminhada evolutiva, sendo seres viciados, dementados e na sua maioria perversos, coléricos e vingativos. Estes são os famigerados quiumbas, seres que habitam a contraparte astral de locais como prostíbulos, matadouros, casas de jogos, cemitérios, bares e mesmo churrascarias, pois são loucos por sangue, morte, bebida e vícios, os mais variados.

E são eles que recebem nas encruzilhadas de rua e de cemitério as oferendas feitas com sangue, animais mortos, ossos e todos os tipos de materiais de baixa vibratória.

Estes seres se agregam na aura dos infelizes que realizam tais práticas, como se realmente os vampirizassem, fomentando-os a realizarem sempre tais oferendas sangrentas no intuito de alimentá-los vibratoriamente. Muitos destes são acompanhados por outros seres que são chamados de “larvas astrais”. Estas são formas pensamentos viciadas, que possuem a forma de baratas ou de algo semelhante a lagostas, polvos, lombrigas, etc. Tais coisas se agregam à vítima e funcionam como um sensor que a liga ao quiumba, mesmo à distância.

Estas larvas trazem realmente muitas doenças, tanto mentais como físicas fazendo com que a vítima se sinta, na maior parte das vezes desanimada e sem força de vontade, só se recuperando quando estão em qualquer prática viciosa.

Esses quiumbas são combatidos pelos Guardiões de Lei da Umbanda, que exercem verdadeiro policiamento nas zonas onde existem o tóxico, o álcool, a prostituição e coisas piores. Os Guardiões os policiam para não utilizarem a contraparte etérica de elementos como o sangue, ossos, etc., por exemplo, para fins de contundência.

Na verdade, estes quiumbas são igualmente nossos irmãos, estando apenas caídos na rota evolutiva, desviados que foram por outros seres sumamente poderosos, embora intencionalmente voltados para o mal; os magos negros.

Quando os Guardiões aprisionam estes quiumbas, os levam a determinados postos corretivos no astral, onde ficarão recebendo um tratamento que lhes facultará a retomada de sua linha evolutiva afim e o possível reencarne. Dissemos possível pelo fato de muitos deles não terem condições vibratórias de reencarnarem, pois que seus corpos astrais se encontram em terrível desajuste e mesmo suas mentes estão em tal estado de revolta e ódio que seria prejudicial a si e as outras pessoas o passe reencarnatório.

Mas perguntará o leitor: já não encarnam tantos assassinos, facínoras e corruptos? Como estes conseguem o tal passe? E responderemos que estes se encontram nesta condição por já estarem extremamente melhorados e que as coisas no submundo astral são bem piores.

Determinados assassinos que reencarnam (ou mais exatamente são como que “jogados” na roda da encarnação para reajustar-se com seus afins. Só o mal corrige o mal) já foram e vieram muitas e muitas vezes, sendo que o seu livre arbítrio se torna cada vez menor enquanto não corrigirem as suas ações.

Para muitos o passe da reencarnação é vedado e são estes – os mais perigosos – aprisionados em sua consciência como se fossem certas formas ovóides, em estágio estacionário. Mas este é um aspecto dos mais terríveis e perturbadores e que deixaremos de citá-lo de forma mais aprofundada para não causar traumas ao inconsciente de muitos…

É bom frisarmos que a Umbanda não doutrina o maniqueísmo, ou a dicotomia BEM/MAL como se Deus fosse um déspota que se deleitasse em ver seus filhos sofrendo num inferno eterno. A única coisa eterna é o bem, o Amor Cósmico; sendo o mal uma distorção destas realidades e um artifício utilizado pelo Criador, a fim de sabermos diferenciar o bem do mal. O inferno está na consciência de cada um, sendo esta direcionada e escalonada de acordo com as atitudes que se realizem durante as encarnações. Pois a verdade é uma só: podemos enganar aos outros, mas jamais enganaremos a nós mesmos, que somos testemunhas de nossos próprios atos, ninguém escapa do passado e os erros são contados e pesados não somente pelos Tribunais Cármicos, mas muito principalmente pela nossa própria consciência, pois quem já sentiu dentro de si uma fagulha que seja da Verdade e do Amor das Almas, sabe o quanto pesa as atitudes passadas e os atos infelizes realizados contra a natureza e os semelhantes.

E o que acontece com aqueles que não se questionam sobre seus atos?

Estes, quando seu Karma se torna impraticável, repleto de ações negativas são direcionados a seus afins, para determinados planetas menos evoluídos ou mais primitivos que o nosso. Como? Se em nosso mundo que é uma casa abençoada necessitamos ainda pagarmos para nos alimentar, (o que já é resultado de excessivas ganâncias do passado…) embora não paguemos pela luz, ou pelo ar, existem mundos onde estas coisas são pagas, pois que estes seres formaram tal condição negativa sobre si que seus próprios atos os forçaram a construir uma sociedade afim a suas experiências passadas.

Achamos importante, para esclarecer os irmãos umbandistas, repetir que fazer entregas em encruzilhadas de rua ou de cemitério é atividade perigosíssima, principalmente quando estas entregas levam elementos animais ou mesmo materiais densamente negativos. Repetimos que a Umbanda não usa matar animais em hipótese alguma, seja para louvar Orixás ou para resolver qualquer desmando com o baixo astral. A Umbanda também não usa colocar sangue na cabeça de seus iniciados.

Acreditamos – pois temos certeza – de que o sangue atrai esta classe de espíritos do quais falamos. Os irmãos dos Cultos de Nação muitas vezes questionam a nós Umbandistas sobre o uso do sangue, alegando que este é Axé e que a sua utilização revitaliza todo o sistema magístico de um ritual; mas isto não faz parte da ritualística/doutrina da Umbanda Sagrada. Cada coisa no seu lugar, e cada liturgia na sua religião.

Nós também cremos que o sangue é Axé, mas este só realiza sua função de Princípio e Poder de Realização quando no animal vivo. Matar um animal ou vários e entregá-los no seio da Natureza é uma violação e uma afronta a esta mesma natureza, pois as vibrações expressas em oferendas deste tipo agridem aos espíritos elementares que atuam nas matas e nas cachoeiras, espíritos estes que estão aprendendo e se adaptando às realidades que os aguardam e são agredidos com estas vibrações negativas.

#LinhasdeLey #Umbanda

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-encruzilhada

Caronte – Auto da Barca do Inferno

Publicado no S&H dia 17/jul/2008

There Chairon stands,
who rules the dreary coast –
A sordid god: down from his hairy chin
A length of beard descends,
uncombed, unclean;
His eyes, like hollow furnaces on fire;
A girdle, foul with grease,
binds his obscene attire

Dando continuidade ao quinto e último Psycopompo (Deus condutor das almas nos textos da Grécia Antiga), falarei brevemente sobre Caronte, o condutor das almas. Para quem pegou o barco andando, os outros quatro deuses que possuem livre trânsito no Reino Subterrâneo de Hades e representam interações do Plano Material com o Astral são: Thanatos, Hecate, Hermes e Morpheus.

Começarei esta matéria com um texto de um colega chamado Fernando Kitzinger, sobre a figura mitológica de Caronte.

Os gregos e romanos da antiguidade acreditavam que essa era uma barca pequena na qual as almas faziam a travessia do Aqueronte, um rio de águas turbilhonantes que delimitava a região infernal. O nome desse rio veio de um dos filhos do Sol e da Terra, que por ter fornecido água aos titãs, inimigos de Zeus (Júpiter), foi por ele transformado em rio infernal. As suas águas negras e salobras corriam sob a terra em grande parte do seu percurso, donde o nome de rio do inferno, que também lhe davam.

Caronte era um barqueiro velho e esquálido, mas forte e vigoroso, que tinha como função atravessar as almas dos mortos para o outro lado do rio. Porém, só transportava as dos que tinham tido seus corpos devidamente sepultados e cobrava pela travessia, daí o costume de se colocar uma moeda na boca dos defuntos. Segundo o mitólogo Thomas Bulfinch, ele “recebia em seu barco pessoas de todas as espécies, heróis magnânimos, jovens e virgens, tão numerosos quanto as folhas do outono ou os bandos de ave que voam para o sul quando se aproxima o inverno. Todos se aglomeravam querendo passar, ansiosos por chegarem à margem oposta, mas o severo barqueiro somente levava aqueles que escolhia, empurrando o restante para trás”.

Segundo a lenda, o barqueiro concordava apenas com o embarque das almas para as quais os vivos haviam celebrado as devidas cerimônias fúnebres, enquanto as demais, cujos corpos não haviam sido convenientemente sepultados, não podiam atravessar o rio, pois estavam condenadas a vagar pela margem do Aqueronte durante cem anos, para cima e para baixo, até que depois de decorrido esse tempo elas finalmente pudessem ser levadas.

A região onde o poeta latino Virgílio (70 -19 a.C.) situa a entrada da caverna que leva às regiões infernais, é um trecho vulcânico perto do vulcão Vesúvio, na Itália, todo cortado de fendas por onde escapam chamas impregnadas de enxofre, enquanto do solo se desprendem vapores e se levantam ruídos misteriosos vindos das entranhas da terra. Por outro lado, o rio Aqueronte, que desaguava no mar Jônio, tinha suas nascentes localizadas no pântano de Aquerusa, charco próximo a uma das aberturas que os antigos acreditavam conduzir aos infernos.

Também chamado Barqueiro dos Mortos ou Barqueiro dos Infernos, Caronte não é mencionado nem por Hesíodo nem por Homero, mas as referências que os mitólogos fazem a seu respeito geralmente o apresentam como um deus idoso, mas imortal, de olhos vivos, o rosto majestoso e severo; sua barba é branca, longa e espessa, e suas vestes são de uma cor sombria, porque manchadas do negro limo dos rios infernais. A representação mais comum que os pintores antigos dele fizeram, é de pé sobre a sua barca, segurando o remo com as duas mãos. Um mortal nela não podia entrar, a não ser que tivesse como salvo-conduto um ramo de acácia de uma árvore fatídica consagrada a Proserpina, divindade que raptada por Plutão, tornou-se rainha das regiões das sombras. A Sibila (profetisa) de Cumas deu um desses ramos a Enéias, herói lendário, quando este quis descer aos infernos para rever seu pai. Pretende-se que Caronte foi punido e exilado durante um ano nas profundezas do Tártaro, por ter dado passagem a Hércules na sua barca, sem que esse herói tivesse o magnífico e precioso ramo em seu poder.

O estudo das sepulturas gregas do século IV a.C. revela a existência de uma crença na vida além túmulo. As pinturas nos vasos mortuários mostram os vivos voltando ao túmulo para enfeitar a lápide com fitas, untá-la de óleo ou então para depositar oferendas como frutas, vasinhos de argila, coroas de louros. Algumas vezes os vivos estão conversando com o morto, enquanto este toca algum instrumento distraidamente. Estes vasos pintados mostram ainda a famosa barca de Caronte, divindade encarregada de transportar para o mundo subterrâneo as almas daqueles que já haviam morrido.

Caronte representa as Viagens Astrais ou Projeção da Consciência, a quinta maneira de interação entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
Projeção da Consciência é a capacidade que todo ser humano tem de projetar a sua consciência para fora do corpo físico. Essa experiência tem recebido diversas nomenclaturas, dependendo da doutrina ou corrente de pensamento que a mencione: Viagem Astral (Esoterismo), Projeção Astral (Teosofia), Experiência Fora do Corpo (Parapsicologia), Desdobramento, Desprendimento Espiritual ou Emancipação da Alma (Espiritismo), Viagem da Alma (Eckancar), Projeção do Corpo Psíquico ou Emocional (Rosacruz), Projeção da Consciência (Projeciologia), etc.
É sabido, desde a mais remota antigüidade, que a “Experiência Fora do corpo ” é um fato, envolvendo técnicas nítidas de cunho científico. Porém, devido ao desconhecimento sobre o assunto, grupos desinformados geraram fantasias sobre os “perigos” que envolveriam o processo, aliás inexistentes.

Desse desconhecimento advieram reservas e idéias errôneas, ficando o assunto restrito à uma minoria com pseudo controle e domínio de suas técnicas e conseqüências. Hoje, a “Projeciologia” insere-se na Parapsicologia como ciência adstrita, digna do maior crédito, contando com pesquisadores de vulto como Wagner Borges, Waldo Vieira, Sylvan Muldoon, Hereward Carington, Robert A. Monroe, entre tantos outros nacionais e internacionais, em vasta bibliografia.

A viagem astral (projeção astral ou projeção da consciência) consiste na exteriorização da consciência para fora do corpo físico ou definindo de outra forma, sair do corpo físico utilizando com veículo da consciência, o perispírito ou Duplo-Etérico.
Durante a noite, todos nós passamos, conscientemente ou não, por esta experiência. Dormir é necessário não somente para restaurar a vitalidade física como também para restaurar a vitalidade do corpo astral. O sono representa a desunião dos corpos astral e físico com a finalidade de “liberar” o duplo ou corpo astral, de modo que ele possa coletar energia e vitalidade de fontes astrais. Todos nós, quando dormimos, deixamos os nossos casulos físicos, e saímos em nossos corpos astrais . Os sinais e sensações desta saída do corpo você talvez já conheça. Uma sensação de entorpecimento, sensação de vibrações pelo corpo, ruídos estranhos que você escuta na hora de dormir, sensação de flutuar ou de aumento corporal. Lembra daquela sensação de queda que te acordou de repente, como se estivesse escorregando na cama? Quem ainda não teve o sonho vívido de voar? Quem de nós alguma vez já não sonhou que via um amigo distante, e logo depois recebia notícias suas, um telefonema ou uma carta do mesmo, que “coincidentemente” se lembrara de nós naquela mesma ocasião?
Será que você mesmo não se lembra daquela experiência aterradora em que se sentiu paralisado e pensou que havia morrido?

Estes são apenas uns poucos exemplos de fenômenos que estão ligados à Viagem Astral. Trata-se de um fenômeno absolutamente natural, que faz parte das capacidades inerentes a todo ser humano. Se você quiser também pode aprender a fazer viagens astrais conscientes.

Viagem Astral e Mitologia
A viagem astral é conhecida desde o início da nossa história. Ela faz parte da mitologia de muitas sociedades primitivas e relatos da mesma podem ser encontrados em todas as formações sociais. Provavelmente devido à perseguição religiosa, manteve-se oculta durante a Idade Média, sendo estudada e pesquisada em sociedades secretas, quadro que se manteve até o século XIX. Foi só em 1905 que, com a divulgação das projeções conscientes de Vincent Newton Turvey, na Inglaterra, pôde a viagem astral vir à público e se tornar matéria de estudos por pesquisadores do mundo inteiro. Mesmo assim ainda permanece muita ilusão à respeito do tema. Há quem pense que a capacidade de sair conscientemente do corpo seja uma capacidade restrita a seres altamente espiritualizados. Felizmente, nos dias atuais, o estudo da projeção astral não mais se restringe à nenhuma religião ou crença. Em qualquer livraria encontramos centenas de títulos dedicados ao tema (infelizmente a maioria lixo), mas a sua discussão pública tem permitido que um número cada vez maior de pessoas desenvolvam suas capacidades anímicas para realizá-la.

Psicossoma ou Duplo-Etérico
O Duplo-Etérico pode ser definido como contraparte extrafísica do corpo físico, ao qual se assemelha e com o qual coincide minuciosamente, parte por parte. É uma réplica exata do corpo físico em toda a sua estrutura. O Duplo-Etérico é constituído de matéria astral, que vibra numa freqüência mais sutil e é infinitamente mais refinada do que a matéria física que constitui o corpo físico. É normalmente invisível e intangível ao olhar e toque físicos. O Duplo-Etérico coincide com o corpo físico durante as horas em que a consciência está totalmente desperta. Mas, no sono, os laços que mantêm os veículos de manifestação unidos se afrouxam e o Duplo-Etérico se destaca do corpo físico. Essa separação é que constitui o fenômeno da projeção astral.
Normalmente, o Duplo-Etérico, quando projetado além do físico, mantém a forma daquele corpo, de modo que o projetor é facilmente reconhecido por aqueles que o conhecem fisicamente. Ele também é denominado de corpo astral, perispírito, duplo astral, corpo fluídico, etc.
O Duplo-Etérico é ligado ao corpo físico por um apêndice energético conhecido como cordão de prata.

Cordão de Prata
O Duplo-Etérico é ligado ao corpo físico por um apêndice energético conhecido como cordão de prata, através do qual é transmitida a energia vital para o corpo físico, abandonado durante a projeção. Em contrapartida, o cordão de prata também conduz energia do corpo físico para o Duplo-Etérico, criando um circuito energético de ida-e-volta. Esse interfluxo energético mantém os dois veículos de manifestação em relação direta, independentemente da distância em que o Duplo-Etérico estiver projetado. Enquanto os dois corpos estão próximos, o cordão é como um cabo grosso. À medida que o Duplo-Etérico se afasta das imediações do corpo físico, o cordão torna-se cada vez mais fino e sutil.
O cordão de prata também tem recebido diversas denominações: cordão astral, cordão fluídico, fio de prata, teia de prata, cordão luminoso, cordão vital, cordão energético, etc.
Um dos medos básicos do iniciante é o de que o cordão energético venha a se partir durante a projeção, acarretando, assim, a morte do corpo físico. Tal medo é infundado, pois isso não acontece. Por mais longe que o projetor estiver, o cordão de prata sempre o trará de volta para dentro do corpo físico. Também é impossível o projetor se perder fora do corpo ou não querer voltar ao físico. Para voltar, basta pensar firmemente no seu corpo físico e o retorno se dará automaticamente. É nesse instante que muitos projetores têm a sensação de queda e acordam assustados no corpo físico. É o famoso “sonhar que está caindo” que todos vocês já devem ter experimentado alguma vez.

O cordão de prata é um feixe de energias, um emaranhado de filamentos energéticos interligados. Quando ocorre a projeção, esses filamentos energéticos, que estavam embutidos em toda a extensão do corpo físico, projetam-se simultaneamente de todas as partes dele e se reúnem, formando o cordão de prata. Os principais filamentos energéticos são aqueles que partem da área da cabeça.

Como acontece
A Projeção pode ser involuntária ou voluntária.
Na projeção involuntária, a pessoa sai do corpo sem querer e não entende como isso aconteceu. Geralmente, a pessoa se deita e adormece normalmente. Quando desperta, descobre que está flutuando fora do corpo físico na proximidade deste ou à distância, em locais conhecidos ou desconhecidos. Em alguns casos, a projeção ocorre antes mesmo da pessoa adormecer. Na maioria das projeções involuntárias, a pessoa projetada observa seu corpo físico deitado na cama e fica assustada, imaginando que está desencarnada. Alguns projetores ficam tão desesperados que mergulham no corpo físico violentamente na ânsia de escapar daquela situação estranha. Outros pensam que estão vivendo um pesadelo e procuram, desesperadamente, acordar seu corpo físico. Entretanto, outras pessoas que se projetam involuntariamente se sentem tão bem nessa situação que nem se questionam sobre que fato é aquele, como ocorreu e porquê. A sensação de liberdade e flutuação é tão boa que nada mais importa para elas. Ao despertar no corpo físico, algumas imaginam que aquela vivência era um sonho bom. Muitos sonhos de vôo e de queda estão relacionados diretamente com a movimentação do Duplo-Etérico durante a projeção.
Existem as projeções voluntárias, nas quais a pessoa tenta sair do corpo pela vontade e consegue. Nesse caso, o projetor comanda o desenvolvimento da experiência e está totalmente consciente fora do corpo; pode observar seu corpo físico com tranqüilidade; viajar à vontade para lugares diferentes no plano físico ou extrafísico; encontrar com outros projetores ou com entidades desencarnadas. Pode voar e atravessar objetos físicos, entrando no corpo físico à hora que desejar.
Na projeção voluntária, a pessoa tem pleno conhecimento do que ocorre e procura desenvolver o processo à sua vontade. Na projeção involuntária, a pessoa não tem conhecimento do que ocorre e, por isso, tem medo da experiência. Esse medo está na razão direta da falta de conhecimento das pessoas sobre o fato em questão.

Sintomas
Ocasionalmente, o projetor pode sentir uma paralisia dos seus veículos de manifestação, principalmente dentro da faixa de atividade do cordão de prata. Essa paralisia é chamada de catalepsia projetiva ou astral. Não deve ser confundida com a catalepsia patológica, que é uma doença rara. Catalepsia projetiva pode ocorrer tanto antes quanto após a projeção.
Geralmente, ela acontece da seguinte maneira: a pessoa desperta durante a noite e descobre que não pode se mover. Parece que uma força invisível lhe tolhe os movimentos. Desesperada, ela tenta gritar, mas não consegue. Tenta abrir os olhos, mas também não obtém resultado.
Alguns criam fantasias subconscientes imaginando que um espírito lhe dominou e tolheu seus movimentos. Essa catalepsia é benigna e pode produzir a projeção se a pessoa ficar calma e pensar em flutuar acima do corpo físico. Ela não apresenta nenhum risco, pelo contrário, é totalmente inofensiva. Portanto, se você se encontrar nessa situação em uma noite qualquer, não tente se mover. Fique calmo e pense firmemente em sair do corpo e flutuar acima dele.
Não tenha medo nem ansiedade e a projeção se realizará. Caso não pretenda se arriscar e deseje recuperar o controle de seu corpo físico, basta tentar com muita calma mover um dedo da mão ou uma pálpebra, que imediatamente, readquirirá o movimento. Além da catalepsia projetiva, podem ocorrer pequenas repercussões físicas no início da projeção, principalmente nos membros. Muitas pessoas, quando estão começando a adormecer, têm a sensação de estar “escorregando ” ou caindo por um buraco e despertam sobressaltadas. Isso ” acontece devido a uma pequena movimentação do Duplo-Etérico no interior do corpo físico.

Estado vibracional
São vibrações intensas que percorrem o Duplo-Etérico e o corpo físico antes da projeção. Algumas vezes, essas vibrações se intensificam e formam anéis energéticos que envolvem os dois corpos. Ocasionalmente, o estado vibracional pode produzir uma espécie de zumbido ou ruído estridente que incomoda o projetor. Na verdade, essas vibrações são causadas pela aceleração das partículas energéticas do Duplo-Etérico, criando assim um circuito fechado de energias. Essas energias são totalmente inofensivas e têm como finalidade a separação dos dois corpos.

Tipos de Projeção
PROJEÇÃO CONSCIENTE – É aquela na qual o projetor sai do corpo e mantém a sua consciência lúcida durante todo o transcurso da experiência extra-corpórea.
PROJEÇÃO SEMICONSCIENTE – É aquela na qual a lucidez da consciência é irregular e o projetor fica sonhando fora do corpo, totalmente iludido pelas idéias oníricas.
PROJEÇÃO INCONSCIENTE – É aquela na qual o projetor sai do corpo totalmente inconsciente. É um sonâmbulo extrafísico. Infelizmente, a maioria dos encarnados está nessa situação. Em toda a projeção, os amparadores estão presentes assistindo e orientando o projetor, mesmo que ele não os perceba. Na maioria das vezes, eles ficam invisíveis e intangíveis ao projetor. A projeção em que o amparador ajuda o projetor a sair do corpo é denominada de Projeção Assistida.
PROJEÇÃO E SONHO – Muitas pessoas confundem projeção com sonho. Outras confundem sonho com projeção. As diferenças entre sonho e projeção são bem óbvias:
* No sonho, a consciência não tem domínio sobre aquilo que está vivenciando. É totalmente dominada pelo onirismo.
* Na projeção, a consciência tem pleno domínio sobre si mesma.
* No sonho, não há coerência.
* Na projeção, a consciência mantém o seu padrão normal de coerência, ou até mais ampliado.
* No sonho, a capacidade mental é reduzida.
* Na projeção, a capacidade mental é ampliada.

Benefícios da Projeção
* O projetor, fora do corpo, observa eventos físicos e extrafísicos, independentemente do concurso dos seus sentidos físicos.
* Nas horas em que o seu corpo físico está adormecido, o projetor observa, trabalha, participa e aprende fora do corpo.
* O projetor constata, através da experiência pessoal, a realidade do mundo espiritual.
* Pode encontrar com espíritos desencarnados, comprovando assim, para si mesmo, “in loco”, a sobrevivência da consciência além da morte.
* Pode substituir a crença pelo conhecimento direto, através da experiência pessoal.
* Pode ter a retrocognição extrafísica, isto é, lembrando de suas vidas anteriores e comprovando, realmente, por si mesmo, a existência da reencarnação.
* Pode prestar assistência extrafísica através de exteriorização de energias fora do corpo, para doentes desencarnados e encarnados.
* Pode fazer a desobsessão extrafísica.
* Pode encontrar com pessoas amadas fora do corpo.
* Pode adquirir conhecimentos, diretamente, com amparadores fora do corpo.

#ICAR

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/caronte-auto-da-barca-do-inferno

Sanatório para Espíritos

Pra comemorar os 160 anos de “O Livro dos Espíritos”, posto um trecho do livro “Na próxima dimensão”, de Carlos A. Baccelli, que conta a história de Inácio Fereira, médico que, encarnado, cuidava de um sanatório em Uberaba e era ferrenho defensor da doutrina espírita. Ao desencarnar, continuou cuidando de um sanatório (do lado de lá), mas passou a ver as coisas com outros olhos:

– Mas – redargüiu o valoroso companheiro -, os espíritas haverão de se decepcionar; eu não sei a causa de, ao nos tornarmos espíritas, passarmos a achar que somos privilegiados… A Doutrina nos torna conscientes de nossas enfermidades, porém a tarefa da cura nos pertence, pois a simples condição de adepto do Espiritismo não isenta ninguém de suas provas…
– É, principalmente, do esforço de renovação… O espírita sincero é aquele que não recua diante das lutas que trava para ser melhor. Deus não cultiva preferencias… As orações dos fiéis de todas as crenças têm para Ele o mesmo valor; às vezes, quem ora aos pés de um santo de barro ora com maior fervor do que aquele que já libertou a fé de tantas formalidades…
– Como você mudou, Inácio! – brincou Odilon comigo. – Eu diria tratar-se de um espírito… Se eu não fizer esta ressalva, os nossos irmãos do mundo não acreditarão que eu esteja conversando com você, o ferrenho adversário da Igreja Católica…
– Ora, não exagere! Você sabe que eu apenas me defendia, ou melhor, procurava defender a Doutrina… Agora, no entanto, estou aqui, às voltas com a própria realidade…
– E com muito trabalho neste hospital, não é?
– Neste hospital onde, por incrível que pareça, a maioria dos pacientes é espírita… Eu preferiria lidar com um louco espírito do que com um espírita louco… Como somos, Odilon, vaidosos do nosso pequeno saber!
– Muitos médiuns internados aqui?
– O problema maior não são os médiuns que, na maioria das vezes, faliram por falta de discernimento; o problema maior são os dirigentes espíritas, aqueles que quiseram ter as rédeas do Movimento nas mãos e impunham os seus pontos de vista. Já os médiuns se assemelham aos pecadores do Evangelho, mas os dirigentes são os doutores da lei…
– Algum católico ou evangélico por aqui?
– Poucos. E são os que me dão menos trabalho… Conforme lhe disse, os espíritas é que estão mal arrumados: conversam comigo de igual para igual e, não raro, acabam invertendo de papel comigo, ou seja: tratam-me como se o doente fosse eu… Citam trechos de “O Livro dos Espíritos”, referem-se ao Espiritismo científico, fazem questão de demonstrar conhecimentos, no entanto já pude fazer entre eles curiosa constatação: quase todos foram espíritas teóricos; nunca arregaçaram as mangas numa atividade assistencial que, ao contrário, criticavam veladamente…
Conheci alguns deles, quando ainda no mundo – aparteou o devotado amigo. – Um aos quais eu me refiro chegou a combater com veemência o nosso trabalho de Sopa Fraterna na “Casa do Cinza”, em Uberaba; disse-me que o Espiritismo tinha que parar com aquilo, que nós estávamos desvirtuando tudo – o povo precisava de luz, não de pão…
– Por acaso – indaguei -, teria sido o R.?
– Ele mesmo, Inácio – respondeu. Sempre que me via no Mercado Municipal pedindo verduras e legumes para a nossa Sopa, eu tinha que ouvir um sermão… Coitado!… Nem sei se já desencarnou.
– Ele é um dos meus pacientes aqui, Odilon, e, por sinal, é um dos que mais reivindicam…
– O R., internado neste hospital?…
– E deveria dar graças a Deus, pois, a rigor, o seu lugar seria mais embaixo… Não sei como foi que conseguiu chegar até aqui.
Ele cuidava da mãe, que morava sozinha, e não deixava que nada lhe faltasse…
De fato, eu não sei o que seria dos filhos, se não fossem as mães – comentei, emocionado. – Não fosse por elas, as regiões trevosas estariam regurgitando…
– Mas, Odilon – falei, com a intenção de mudar de assunto. E o seu trabalho com os médiuns junto à Crosta, como é que tem se desenrolado?
– Estamos indo, Inácio. Como você não desconhece, os progressos são lentos – tão lentos, que, por vezes, nos parecem inexistentes, mas vamos caminhando. A turma não quer estudar e assumir a tarefa com disciplina. Muitos começam e quase todos desistem…
– Querem colher antes de semear, não é?
– E semear antes de preparar o terreno…
– Não é mesmo fácil perseverar, ainda mais no mundo de hoje, que mete medo em qualquer candidato à reencarnação…
– Porém não existe alternativa; se você deseja escalar a montanha, não adianta ficar rodeando-a, concorda?…
E nem esperar, indefinidamente, melhor tempo para fazê-lo… Creio, Odilon, que talvez este tenha sido o nosso mérito, se é que algum mérito tivemos: embora conscientes de nossas imperfeições e mazelas, ousávamos fazer o que era preciso.
– Os médiuns, Inácio, acham que mediunidade corre por conta dos espíritos; quase nenhum quer ser parceiro ou sócio e entrar com a parte que lhe compete… Fazem uma série de alegações, quase todas sofismas, para justificar a sua falta de empenho e melhor adequação da instrumentalidade.
– O velho “fantasma” da dúvida…
– Dúvida que, conforme sabemos, persistirá em cada um, até que seja definitivamente afastada pela sua lucidez espiritual; é a dúvida que desafia o homem a caminhar… A certeza é o ponto final de jornada empreendida.
– Se o Espiritismo pudesse contar com médiuns mais conscientes… – lamentei.
– Seria uma maravilha, mas estamos confiantes para o futuro… Tudo está certo. Será, por outro lado, que se tivéssemos sobre a Terra um número maior de medianeiros convictos e responsáveis, o excesso de luz, ao invés de lhes facilitar a visão da Verdade, não induziria os homens à cegueira? Sempre me intrigou o fato de Jesus ensinar por parábolas; por que o Mestre não falava claramente?… Quero crer que não era por falta de capacidade pedagógica ou por pobreza de vocabulário… Ele tencionava nos induzir à procura, exercitando a nossa capacidade interpretativa. A Humanidade não se redimirá coletivamente; a porta é estreita exatamente para conceder passagem a um de cada vez…
– Você, como sempre, tem razão, Odilon – concordei com a linha de raciocínio do companheiro. – É possível que Moisés, se tornasse a viver hoje sobre a Terra, viesse a reeditar a sua proibição dos homens se contactarem com os mortos; queremos mais, no entanto não estamos tão preparados assim…

#Espiritismo #espiritualismo

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Exilados de Capella

– “Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres compulsam em seus estudos, observa-se, desenhada, uma grande estrela na Constelação do Cocheiro que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela (Capella)”.

“Magnífico Sol entre os astros que nos são mais vizinhos, ela, na sua trajetória pelo Infinito, faz-se acompanhar, igualmente, da sua família de mundos, cantando as glórias divinas do Ilimitado.” (A Caminho da Luz, Emmanuel, cap. III) A Constelação do Cocheiro é formada por um grupo de estrelas de várias grandezas, entre as quais se inclui a Capela, de primeira grandeza, que, por isso mesmo, é a alfa da constelação. Capela é uma estrela inúmeras vezes maior que o nosso Sol e, se este fosse colocado em seu lugar, mal seria percebido por nós, à vista desarmada. Dista da Terra cerca de 45 anos-luz, distância esta que, em quilômetros, se representa pelo número de 4.257 seguido de 11 zeros.

Na abóbada celeste Capela está situada no hemisfério boreal, limitada pelas constelações da Girafa, Perseu e Lince: e, quanto ao Zodíaco, sua posição é entre Gêmeos e Touro.

Conhecida desde a mais remota antigüidade, Capela é uma estrela gasosa, segundo afirma o célebre astrônomo e físico inglês Arthur Stanley Eddington (1882-1944), e de matéria tão fluídica que sua densidade pode ser confundida com a do ar que respiramos.

Sua cor é amarela, o que demonstra ser um Sol em plena juventude, e, como um Sol, deve ser habitada por uma humanidade bastante evoluída.

* ver O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, perg.188.

CAPELINOS

Periodicamente acontecem as chamadas “rondas planetárias”, que são migrações de consciências para outros planetas, onde poderão dar continuidade ao seu aprendizado e desenvolvimento. Falarei agora da ronda que trouxe para a Terra os espíritos que transformaram de vez a face do nosso planeta:

Os clássicos povos antigos (egípcios, hindus, etc) que fizeram florescer a civilização como a conhecemos foram compostos de espíritos provenientes do sistema de Capela. Ali havia um planeta com alto grau de conhecimento e espiritualidade, mas, como em toda escola, havia a “turma do fundão” que não quer saber de nada, que usam o conhecimento para fins egoístas e não muito louváveis. Como a maioria da população do planeta, através da evolução, atingiu um nível espiritual incompatível com as atitudes e freqüência dessa minoria, esses espíritos recalcitrantes no mal foram então transferidos (banidos seria um termo mais correto) para o planeta Terra, para que pudessem ser a mola propulsora na evolução do povo daqui (espíritos terrícolas).

Há alguns milhares de anos, quando os espíritos dos degredados começaram a encarnar aqui, tudo o que encontraram em nosso planeta eram tribos, sociedades rudimentares baseadas na força bruta. Claro que esses espíritos degredados não gostaram nadinha de sair de seu luxo, conforto e tecnologia para um planeta atrasado como o nosso, e muito menos encarnar nesses corpos diferentes.

Mesmo com o véu do esquecimento causado pela reencarnação, esses espíritos traziam em seus olhos – além de toda a sua evolução espiritual (essa que não se perde) – uma saudade indefinível, um sentimento de perda de algo e desejo de voltar não se sabe ao certo para onde. Então, com o passar dos anos, inconscientemente esses espíritos adiantados foram se juntando – por afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação de Cocheiro – em quatro grandes grupos: os arianos, egípcios, hindus e o povo de Israel. Assim, pela sua inteligência superior, essas raças facilmente sobrepujaram as outras, e assim nascem as grandes civilizações como as conhecemos.

Numa simples descrição encontramos referência a vôo orbital, descida de seres do espaço, mísseis dirigidos, explosões nucleares e contaminação radioativa. Nada de novo sobre a Terra… isso mostrava aos seres do espaço que a turminha de “gente ruim” não havia aprendido nada com o banimento e que aqui iria virar um Carandiru mesmo. Então, percebendo que sua ajuda comprometeria gravemente a evolução do planeta, os extraterrestres foram embora da nossa vista, estabelecendo uma quarentena para o nosso planeta (para nosso próprio bem).

Nada como um romance com personagens cativantes e boa história para passar uma mensagem. Então foi isso que Albert Paul Dahoui fez com o livro A saga dos Capelinos, onde misturou ficção com o que se sabe sobre a nossa origem espiritual, através de relatos espíritas e teosóficos. A introdução é tão didática que a publicarei aqui para que entendam melhor como se deu o expurgo dos Capelinos para a Terra:

“Há cerca de 3.700 a.C., num dos planetas que gravitam em torno da estrela dupla Capela, existia uma humanidade muito parecida com a terrestre, à qual pertencemos atualmente, apresentando notável padrão de evolução tecnológica. Naquela época, Ahtilantê, nome desse planeta, o quinto, a partir de Capela, estava numa posição social e econômica global muito parecida com a da Terra do século XX d.C. A humanidade que lá existia apresentava graus de evolução espiritual extremamente heterogêneos, similares aos terrestres do final do século XX, com pessoas desejando o aperfeiçoamento do planeta, enquanto outras apenas desejavam seu próprio bem-estar.

Os governadores espirituais do planeta, espíritos que tinham alcançado um grau extraordinário de evolução, constataram que Ahtilantê teria que passar por um extenso expurgo espiritual. Deveriam ser retiradas do planeta, espiritualmente, as almas que não tivessem alcançado um determinado grau de evolução. Elas seriam levadas para outro orbe, deslocando-se através do mundo astral, onde continuariam sua evolução espiritual, através do processo natural dos renascimentos. No decorrer desse longo processo, que iria durar cerca de oitenta e quatro anos, seriam dadas oportunidades de evolução aos espíritos, tanto aos que já estavam na carne, como aos que estavam no astral – dimensão espiritual mais próxima da material – através das magníficas ocasiões do renascimento. Aqueles que demonstrassem endurecimento em suas atitudes negativas perante a humanidade ahtilante seriam retirados, gradativamente, à medida que fossem falecendo fisicamente, para um outro planeta que lhes seria mais propício, possibilitando que continuassem sua evolução num plano mais adequado aos seus pendores ainda primitivos e egoísticos. Portanto, a última existência em Ahtilantê era vital, pois demonstraria, pelas atitudes e pelos pendores do espírito, se ele havia logrado alcançar um padrão vibratório satisfatório dos requisitos de permanência num mundo mais evoluído e pronto para novos vôos ou se teria que passar pela dura provação de um recomeço em planeta ainda atrasado.

Os governadores espirituais do planeta escolheram para coordenar esse vasto processo um espírito do astral superior chamado Varuna Mandrekhan, que formou uma equipe atuante em muitos setores para apoiá-lo em suas atividades. Um planejamento detalhado foi encetado de tal forma que pudesse abranger de maneira correia todos os aspectos envolvidos nesse grave cometimento. Diversas visitas ao planeta que abrigaria parte da humanidade de Ahtilantê foram feitas, e, em conjunto com os administradores espirituais desse mundo, o expurgo foi adequadamente preparado.

Ahtilantê era um planeta com mais de seis bilhões de habitantes e, além dos que estavam ali renascidos, existiam mais alguns bilhões de almas em estado de erraticidade. O grande expurgo abrangeria todos, tanto os renascidos como os que se demoravam no astral inferior, especialmente os mergulhados nas mais densas trevas. Faziam também parte dos passíveis de degredo os espíritos profundamente desajustados, além dos assassinos enlouquecidos, dos suicidas, dos corruptos, dos depravados e de uma corja imensa de elementos perniciosos.

Varuna, espírito nobilíssimo, destacara-se por méritos próprios em todas as suas atividades profissionais e pessoais, sendo correto, justo e íntegro. Adquirira tamanho peso moral na vida política do planeta que era respeitado por todos, inclusive por seus inimigos políticos e adversários em geral. Os capelinos foram trazidos em levas que variavam de vinte mil a pouco mais de duzentas mil almas. Sob a direção segura e amorosa dos administradores espirituais, vinham em grandes transportadores astrais, que venciam facilmente as grandes distâncias siderais e que eram comandados por espíritos especializados em sua condução.

A Terra, naquele tempo, era ocupada por uma plêiade de espíritos primitivos, os quais serão sempre denominados terrestres nestes escritos, para diferenciá-los dos capelinos que vieram degredados para cá, a fim de evoluir e fazer com que outros evoluíssem. Uma das funções dos capelinos, aqui na Terra, era ser aceleradores evolutivos, especialmente no terreno social e técnico. Embora fossem a escória de Ahtilantê, eram mais adiantados do que os terrestres relativamente a níveis de inteligência, aptidão social e, naturalmente, sagacidade. Os terrestres, ainda muito embrutecidos, ingênuos e apegados a rituais tradicionais, pouco ou nada criavam de novo. Cada geração se apegava ao que a anterior lhe ensinara, atitude muito similar à em que vemos demorarem-se os nossos índios, que estagiam comodamente no mesmo modo de vida há milhares de anos.

Havia entre os exilados um grupo de espíritos que, em Ahtilantê, se intitulavam de alambaques, ou seja, dragões. Esses espíritos, muitos deles brilhantes e de sagaz inteligência, eram vítimas de sua própria atitude negativa perante a existência, preferindo serem ‘críticos a atores da vida’. Muitos deles se julgavam injustiçados quando em vida e, por causa desses fatos, aferravam-se em atitudes demoníacas perante os maiores. Era mais fácil para eles comandar a grande massa de espíritos inferiores que os guardiões do astral inferior, que eram em pouco número. Por isso, Varuna foi até as mais densas trevas, para convidar os poderosos alambaques a se unirem a eles e ajudarem as forças da evolução e luz a triunfarem sobre eventuais espíritos recalcitrantes. Varuna, através de sua atitude de desprendimento, de amor ao próximo e de integridade e justiça, foi acolhido, após algum tempo, pela maioria dos alambaques, como o grande mago, o Mykael, nome que passaria a adotar como forma de renovação que ele mesmo se impôs ao vir para a Terra. A grande missão de Mykael era não apenas de trazer as quase quarenta milhões de almas capelinas para o exílio, porém, principalmente, fundamentalmente, levá-las de volta ao caminho do Senhor, totalmente redimidas.”

Referência: A caminho da luz, de Emmanuel / Chico Xavier;

Vinha de luz, de Emmanuel / Chico Xavier;

Exilados de Capela, de Edgar Armond

Site: Saindo do Matrix, mas eu achei no site do Beraldo.

#Espiritismo #kardecismo

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Necronomicon: da origem até nossos dias

O Necronomicon (literalmente: “Livro de Nomes Mortos”) foi escrito em Damasco, por volta de 730 d.C., sendo sua autoria atribuída a Abdul Alhazred. Ao contrário do que se pensa vulgarmente, não se trata de um grimoire (ou grimório), livro mágico de encantos, mas de um livro de histórias. Escrito em sete volumes no original, chegou à cerca de 900 páginas na edição latina, e seu conteúdo dizia respeito à coisas antigas, supostas civilizações anteriores à raça humana, numa narrativa obscura e quase ilegível.

Abdul Alhazred nasceu em Sanaa, no Iêmen, tendo feito várias viagens em busca de conhecimento, dominando vários idiomas, vagou da Alexandria ao Pundjab, na Índia, e passou muitos anos no deserto despovoado ao sul da Arábia. Embora conhecido como árabe louco, nada há que comprove sua insanidade, muito embora sua prosa não fosse de modo algum coerente. Alhazred era um excelente tradutor, dedicando-se a explorar os segredos do passado, mas também era um poeta, o que lhe permitia certas extravagâncias na hora de escrever, além do caráter dispersivo. Talvez isso explique a alinearidade do Necronomicon.

Alhazred era familiarizado com os trabalhos do filósofo grego Proclos (410-485 d.C.), sendo considerado, como ele, um neo-platônico. Seu conhecimento, como o de seu mestre, inclui matemática, filosofia, astronomia, além de ciências metafísicas baseadas na cultura pré-cristã de egípcios e caldeus. Durante seus estudos, costumava acender um incenso feito da mistura de diversas ervas, entre elas o ópio e o haxixe. As emanações desse incenso, segundo diziam, ajudavam a “clarear” o passado. É interessante notar que a palavra árabe para loucura (majnum) tem um significado mais antigo de “djinn possuído”. Djilms eram os demônios ou gênios árabes, e Al Azif, outra denominação para o livro de Alhazred, queria dizer justamente “uivo dos demônios noturnos”.

Como Determinar o Limite Entre a Loucura e a Sabedoria?

Semelhanças entre o Ragnarok, mito escandinavo do Apocalipse, e passagens do Al Azif sugerem um vínculo entre ambos. Assim como os djinns árabes e os anjos hebraicos, os deuses escandinavos seriam versões dos deuses antigos. Ambas as mitologias falam de mundos sendo criados e destruídos, os gigantes de fogo de Muspelhein equivalem aos anjos e arcanjos bíblicos, ou aos gênios árabes, e o próprio Surtur, demônio de fogo do Ragnarok, poderia ser uma corruptela para Surturiel, ou Uriel, o anjo vingador que, como Surtur, empunha uma espada de fogo no Juízo Final. Da mesma forma, Surtur destrói o mundo no Ragnrok, quando os deuses retornam para a batalha final. Embora vistas por alguns com reservas, essas ligações tornam-se mais fortes após recentes pesquisas que apontam o caminho pelo qual o Necronomicon teria chegado à Escandinávia. A cidade de Harran, no norte da Mesopotâmia, foi conquistada pelos árabes entre 633 d.c. e 643 d.c. apesar de convertidos ao islã, os harranitas mantiveram suas práticas pagãs, adorando a Lua e os sete planetas então conhecidos. Tidoa como neo-platônicos, escolheram, por imposição, da religião dominante, a figura de Hermes Trimegisto para representa-los como profeta. Um grupo de harranitas mudou-se para Bágdá, onde mantiveram uma comunidade distinta denominada sabinos. Alhazred menciona os sabinos. Era uma comunidade instruída, que dominava o grego e tinha grande conhecimento de literatura, filosofia, lógica, astronomia, matemática, medicina, além de ciências secretas relativas às culturas árabe e grega. Os sabinos mantiveram sua semi-independência até o século XI, quando provavelmente foram aniquilados pelas forças ortodoxas islâmicas, pois não se ouve mais falar deles à partir do ano 1000. No entanto, por volta de 1041, o historiador Miguel Psellus conseguiu salvar uma grande quantidade de documentos pertencentes aos sabinos, recebendo-os em Bizâncio, onde vivia. Quem levou esses documentos de Bagdá para Bizâncio permanece um mistério, mas é certo que o fez tentando preservar uma parte da cultura dos sabinos da intolerância religiosa da época. Psellus, que além de historiador era um estudioso de filosofia e ocultismo, juntou o material recebido num volume denominado “Corpore Hermeticum”. Mas haviam outros documentos, inclusive uma cópia do Al Azif, que ele prontamente traduziu para o grego.

Por essa época, era costume os imperadores bizantinos empregarem guarda-costas vikings, chamados “varanger”. A imagem que se tem dos vikings como bárbaros semi-selvagens não corresponde à realidade, eram grandes navegadores que, já no ano mil, tinham dado inicio a uma rota comercial que atravessaria milhares de quilômetros, passando pela Inglaterra, Groenlândia, América do Norte e a costa atlântica inteira da Europa, seguindo pela Rússia até Bizâncio. Falavam grego fluentemente e sua infantaria estava entre as melhores do mundo.

Entre 1030 a 1040, servia em Bizâncio como varanger um viking chamado Harald. Segundo o costume, sempre que o imperador morria, o varanger tinha permissão para saquear o palácio. Harald servia à imperatriz. Zoe, que cultivava o hábito de estrangular os maridos na banheira. Graças a ela, Harald chegou a tomar Varie em três saques, acumulando grande riqueza. Harald servia em Bizâncio ao lado de dois companheiros, Haldor Snorrason e Ulf Ospaksson. Haldor, filho de Snorri, o Padre, era reservado e taciturno. Ulf, seu oposto, era astuto e desembaraçado, tendo casado com a cunhada de Harald e tornado-se um grande 1íder norueguês. Gostava de discutir poesia grega e participava das intrigas palacianas. Entre suas companhias intelectuais preferidas estava Miguel Psellus, de quem Ulf acompanhou o trabalho de tradução do Al Azif, chegando a discutir o seu conteúdo como historiador bizantino. Segundo consta, foi durante a confusão de uma pilhagem que Ulf apoderou-se de vários manuscritos de Psellus, traduzidos para o grego. Ulf e Haldor retornaram à Noruega com Harald e, mais tarde, Haldor seguiu sozinho para a Islândia, levando consigo a narrativa do Al Azif. Seu descendente, Snorri Sturluaaon (1179-1241), a figura mais famosa da literatura islandesa, preservou essa narrativa em sua “Edda Prosista”, a fonte original para o conhecimento da mitologia escandinava. Sabe-se que Sturlusson possuía muito material disponível para suas pesquisas 1ítero-históricas e entre esse materia1certamente estava o Al Azif, que se misturou ao mito tradicional do Ragnarok.

Felizmente, Psellus ainda pôde salvar uma versão do Al Azif original, caso contrário, o Necronomicon teria sido perdido para sempre. Ao que se sabe, não existe mais nem um manuscrito em árabe do Necronomicon, o xá da antiga Pérsia (atual Irã) levou à cabo uma busca na Índia, no Egito e na biblioteca da cidade santa de Mecca, mas nada encontrou. No entanto, uma tradução latina foi feita em 1487 por um padre dominicano chamado Olaus Wormius, alemão de nascença, que era secretário do inquisidor-mor da Espanha, Miguel Tomás de Torquemada, e é provável que tenha obtido o manuscrito durante a perseguição aos mouros. O Necronomicon deve ter exercido grande fascínio sobre Wormius, para levá-1o a arriscar-se em traduzí-lo numa época e lugar tão perigosos. E1e enviou uma cópia do livro a João Tritêmius, abade de Spanhein, acompanhada de uma carta onde se lia uma versão blasfema de certas passagens do Livro de Gênese. Sua ousadia custou-lhe caro. Wormius foi acusado de heresia e queimado numa fogueira, juntamente com todas as cópias de sua tradução. Mas, segundo especulações, ao menos uma cópia teria sido conservada, estando guardada na biblioteca do Vaticano.

Seja como for, traduções de Wormius devem ter escapado da Inquisição, pois quase cem anos depois, em 1586, o livro de Alhazred reapareceria na Europa. O Dr. John Dee, famoso mago inglês, e seu assistente Edward Kelley, estavam em Praga, na corte do imperador Rodolfo II, traçando projetos para a produção de ouro alquímico, e Kelley comprou uma cópia da tradução latina de um alquimista e cabalista chamado Jacó Eliezer, também conhecido como, “rabino negro”, que tinha fugido da Itália após ser acusado de práticas de necromancia. Naquela época, Praga havia se tornado um ímã para mágicos, alquimistas e charlatões de todo tipo, não havia lugar melhor para uma cópia do Necronomicon reaparecer.

John Dee (1527-1608), erudito e mago elisabetano, pensava estar em contato com anjos e “outras criaturas espirituais”, por mediação de Edward Kelley. Em 1555, já fora acusado, na Inglaterra, de assassinar meninos ou de deixá-los cegos por meio de mágica. É certo que Kelley tinha grande influência sobre as práticas tenebrosas de Dee, os anjos com os quais dizia comunicar-se, e que talvez só existissem em sua cabeça, ensinaram a Dee um idioma até então desconhecido, o enoquiano, além de outras artes mágicas. Se tais contatos, no entanto, foram feitos através do Necronomicon, é coisa que se desconhece. O fato é que a doutrina dos anjos de Dee abalou a moral da época, pois pregava entre outras coisas, o hedonismo desenfreado. Em 1583, uma multidão enfurecida saqueou a casa de Dee e incendiou sua biblioteca. Após tentar invocar um poderoso espírito que, segundo o vidente, lhes traria grande sabedoria, Dee e Kelley se separaram, talvez pelo fracasso da tentativa. Em 1586, Dee anuncia sua intenção de traduzir o Necronomicon para o inglês, à partir da tradução de Wormius. Essa versão, no entanto nunca foi impressa, passando para a coleção de Elias Ashmole (1617-1692), estudioso que transcreveu os diários espirituais de Dee, e finalmente para a biblioteca de Bodleian, em Oxford.

Por cerca de duzentos e cinquenta anos, os ensinamentos e escritos de Dee permaneceram esquecidos. Nesse meio tempo, partes do Necronomicon foram traduzidas para o hebreu, provavelmente em 1664, circulando em forma de manuscritos e acompanhados de um extenso comentário feito por Nathan de Gaza. Nathan, que na época contava apenas 21 anos, era um precoce e brilhante estudante da Torah e Talumud. Influenciado pelas doutrinas messiânicas judaicas vigentes na época, ele proclamou como o messias esperado a Sabbatai Tzavi, um maníaco depressivo que oscilava entre estados de transcendência quando se dizia que seu rosto parecia reluzir, e profunda frustração, com acessos de fúria e crueldade. Tais estados de ânimo eram tidos como o meio pelo qual Sabbatai se comunicava com outros planos de existência, como um Cristo descendo aos infernos, ou Orfeu, numa tradição mais antiga. A versão hebraica do Al Azif era intitulada Sepher há’sha’are ha-Da’ath, ou o “Livro do Portal do Conhecimento”. Tratava-se de um comentário em dois capítulos do livro de Alhazred. A palavra para conhecimento, Da’ath, foi traduzida para o grego na Bíblia como gnosis, e na Cabala tem o significado peculiar de “não-existência”, sendo representada às vezes como um buraco ou portão para o abismo da consciência. Seu aspecto dual parece indicar uma ligação entre o mundo material, com sua ilusão de matéria física e ego, e o mundo invisível, obscuro, do conhecimento, mas que seria a fonte da verdadeira sabedoria, para aqueles que pudessem suportá-la. Isso parece levar ao Astaroth alquímico e à máxima da magia, que afirma que o que está em cima (no céu) é como o que está em baixo (na terra). A ligação entre os dois mundos exigiria conhecimento do Abismo, abolição do ego e negação da identidade. De dentro do Abismo, uma infinidade de portões se abre. É o caos informe, contendo as sementes da identidade.

O propósito de Nathan de Gaza parece ter sido ligar o Necronomicon à tradição judaica da Cabala, que fala de mundos antigos primordiais e do resgate da essência sublime de cada ser humano, separada desses mundos ou submergida no caos. Ao lado disso, criou seu movimento messiânico, apoiado em Sabbatai Tzevi, o qual criou cisões e conflitos na comunidade judaica, conflitos que persistiram por pelo menos um século. Há quem afirme que uma cópia do Sha’are ha-Da’ath ainda existe, em uma biblioteca privada, mas sobre isso não há qualquer evidência concreta.

O ressurgimento do Necronomicon é constantemente atribuído ao escritor Howard Phillip Lovecraft, que fez do livro a base de sua obra literária. Mas não se explica como Lovecraft teve acesso ao livro de Alhazred. O caminho mais lógico para esse ressurgimento parece indicar o mago britânico Aleister Crowley (1875-1947). Crowley tinha fama de charlatão, proxeneta, toxicômano, promíscuo insaciável e bissexual, além de traidor da pátria e satanista. Tendo se iniciado na Ordem do Amanhecer Dourado em 1898, Crowley aprendeu práticas ocultas no Ceilão, na Índia e na China. Mais tarde, ele criaria sua própria ordem, um sistema mágico e uma nova religião, da qual ele seria o próprio messias. Ao que tudo indica, essa religião denominada “Lei de Thelema” se baseava nos conhecimentos do “Livro da Lei”, poema em prosa dividido em três capítulos aparentemente ilógico, que segundo ele, lhe havia sido ditado em 1904 por um espírito chamado Aiwass.

Sabe-se que Crowley pesquisou os documentos do Dr. John Dee em Bodleian. Ele próprio se dizia uma reencarnação de Edward Kelley, o que explica em parte, seu interesse. Apesar de não mencionar a fonte de seus trabalhos, é evidente que muitas passagens do Livro da Lei foram plagiadas da tradução de Dee do Necronomicon. Crowley já era conhecido por plagiar seu mestre, Allan Bennett (1872-1923), que o iniciou no Amanhecer Dourado, mas há quem sustente que tais semelhanças foram assimiladas inconscientemente seja como for, em 1918 Crowley viria a conhecer uma modista chamada Sônia Greene. Aos 35 anos, judia, divorciada, com uma filha e envolvida numa obscura ordem mística, Sônia parecia ter a qualidade mais importante para Crowley naquele momento: dinheiro. Eles passaram a se ver durante alguns meses, de maneira irregular.

Em 1921, Sônia Greene conheceu H.P. Lovecraft. No mesmo ano, Lovecraft publicou o seu primeiro romance “A Cidade Sem Nome”, onde menciona Abdul Alhazred. Em 1922, no conto “O Cão de Caça”, ele faz a primeira menção ao Necronomicon. Em 1924, ele e Sônia Greene se casam. Nós só podemos especular sobre o que Crowley contou para Sônia Greene, e não sabemos o que ela contou a Lovecraft, mas é fácil imaginar uma situação onde ambos estão conversando sobre uma nova história que ele pretende escrever e Sônia comenta algumas idéias baseadas no que Crowley havia lhe contado, sem nem mesmo mencionar a fonte. Seria o bastante para fazer reluzir a imaginação de Lovecraft. Basta comparar um trecho de “O Chamado de Cthulhu” (1926) com partes do Livro da Lei, para notar a semelhança.

«Aquele culto nunca morreria… Cthulhu se ergueria de sua tumba e retomaria seu tempo sobre a Terra, e seria fácil reconhecer esse tempo, pois os homens seriam livres e selvagens, como os “antigos”, e além do bem e do mal, sem lei ou moralidade, com todos gritando e matando e rejubilando-se em alegria. Então os “antigos” lhes ensinariam novos modos de gritar e matar e rejubilar-se, e toda a Terra arderia num holocausto de êxtase e liberdade» (O Chamado de Cthulhu).

«Faz o que tu queres, há de ser tudo da lei… Todo homem e toda mulher é uma estrela… Todo homem tem direito de viver como quiser, segundo a sua própria lei… Todo homem tem o direito de matar quem se opuser aos seus direitos… A lei do forte, essa é a nossa lei e alegria do mundo … Os escravos servirão»(Lei Thelemita).

Não há nem uma evidência que Lovecraft tenha visto o Necronomicon, ou até mesmo soube que o livro existiu. Embora o Necronomicon que ele desenvolveu em sua obra esteja bem próximo do original, seus detalhes são pura invenção. Não há nem um Yog-Sothoth ou Azathoth ou Nyarlathotep no original, por exemplo. Mas há um Aiwass…

O Que é o Necronomicon:

O Necronomicon de Alhazred trata de especulações antediluvianas, sendo sua fonte provável o Gênese bíblico e o Livro de Enoch, além de mitologia antiga. Segundo Alhazred, muitas espécies além do gênero humano tinham habitado a Terra, vindas de outras esferas e do além. Alhazred compartilhou da visão de neoplatoniatas que acreditavam serem as estrelas semelhantes ao nosso Sol, cada qual com seus próprios planetas e formas de vida, mas elaborou essa visão introduzindo elementos metafísicos e uma hierarquia cósmica de evolução espiritual. Aos seres das estrelas, ele denominou “antigos”. Eram sobre-humanos e podiam ser invocados, desencadeando poderes terríveis sobre a Terra.

Alhazred não inventou a história do Necronomicon. Ele elaborou antigas tradições, inclusive o Apocalipse de São João, apenas invertendo o final (a Besta triunfa, e seu número é 666). A idéia de que os “antigos” acasalaram com os humanos, buscando passar seus conhecimentos para o nosso plano de existência e gerando uma raça de aberrações, casa com a tradição judaica dos nephilins (os gigantes de Gênese 6.2-6.5). A palavra árabe para “antigo” deriva do verbo hebreu para “cair” (os anjos caídos). Mas o Gênese é só um fragmento de uma tradição maior, que se completa, em parte, no Livro de Enoch. De acordo com esta fonte, um grupo de anjos guardiões enviados para observar a Terra viu as filhas dos homens e as desejou. Duzentos desses guardiões formaram um pacto, saltando dos ares e tomando as mulheres humanas como suas esposas, gerando uma raça de gigantes que logo se pôs a pecar contra a natureza, caçando aves, répteis e peixes e todas as bestas da Terra, comendo a carne e bebendo o sangue uns dos outros. Os anjos caídos lhes ensinaram como fazer jóias, armas de guerra, cosméticos, encantos, astrologia e outros segredos. O dilúvio seria a consequência das relações entre os anjos e os humanos.

«E não vi nem um céu por cima, nem a terra firme por baixo, mas um lugar caótico e horrível. E vi sete estrelas caírem dos céus, como grandes montanhas de fogo. Então eu disse: “Que pecado cometeram, e em que conta foram lançados?” Então disse Uriel, um dos anjos santos que estavam comigo, e o principal dentre eles: “Estes são os números de estrelas do céu que transgrediram a ordem do Senhor, e ficarão acorrentados aqui por dez mil anos, até que seus pecados sejam consumados”».(Livro de Enoch).

Na tradição árabe, os jinns ou djinns seriam uma raça de seres sobre-humanos que existiram antes da criação do homem. Foram criados do fogo. Algumas tradições os fazem sub-humanos, mas invariavelmente lhes são atribuídos poderes mágicos ilimitados. Os djinns sobrevivem até os nossos dias como os gênios das mil e uma noites, e no Corão eles surgem como duendes e fadas, sem as qualidades sinistras dos primeiros tempos. Ao tempo de Alhazred, os djinns seriam auxiliares na busca de conhecimento proibido, poder e riquezas.

No mito escandinavo, hoje bastante associado à história do Necronomicon, os deuses da Terra (aesires) e o gênero humano (vanas) existiam contra um fundo de poderes mais velhos e hostis, representados por gigantes de gelo e fogo que moravam ao norte e ao sul do Grande Girnnunga (o Abismo) e também por Loki (fogo) e sua descendência monstruosa. No Ragnarok, o crepúsculo dos deuses, esses seres se ergueriam mais uma vez num combate mortal. Por último, Siurtur e ou gigantes de fogo de Muspelheim completariam a destruição do mundo.

Essa é essencialmente a profecia de Alhazred sobre o retorno dos “antigos”. É também a profecia de Aleister Crowley sobre o Àeón de Hórus. Os gigantes de fogo de Muspelheim não diferem dos djinns, que por sua vez se ligam aos anjos hebraicos. Como Surtur, Uriel carrega uma espada de fogo, e sua sombra tanto pode levar à destruição quanto a um renascimento. Assim, tanto os anjos e seus nephilins hebraicos quanto os “antigos” de Alhazred poderiam ser as duas faces de uma mesma moeda.

Como os Antigos São Invocados

É inegável que o sistema enochiano de Dee e Kelley estava diretamente inspirado em partes do Necronomicon, onde há técnicas de Alhazred para a invocação dos “antigos”. Embora o Necronomicon fosse basicamente um livro de histórias, haviam algums detalhes práticos e fórmulas que funcionavam quase como um guia passo a passo para o iniciado entrar em contato com os seres sobre-humanos. Dee e Kelley tiveram que preencher muitas lacunas, sendo a 1inguagem enochiana um híbrido que reúne, basicamente, um alfabeto de 21 letras, dezenove “chaves” (invocações) em linguagem enochiana, mais de l00 quadros mágicos compostos de até 240l caracteres além de grande quantidade de conhecimento oculto. É improvável que esse material lhes tivesse sido realmente passado pelo arcanjo Uriel. Bulwer Lytton, que estudou a tradução de Dee para o Necronomicon, afirma que ela foi transcrita diretamente do livro original, e se eram ensinamentos de Uriel, o mais provável é que ele os tenha passado a Alhazred.

A ligação entre a linguagem enochiana e o Livro de Enoch parece óbvia. Como o livro de Enoch só foi redescoberto no século XVII, Dee só teria acesso à fragmentos do mesmo citados em outros manuscritos, como o Necronomicon de Alhazred, o que mais uma vez reafirma sua provável fonte de origem. Não há nenhuma dúvida que Alhazred teve acesso ao livro de Enoch, que só desapareceria no século IX d.C., sendo até então relativamente conhecido. Outra pista para essa ligação pode ser a chave dos trinta Aethyrs, a décima nona das invocações enochianas. Crowley chamava-a de “a maldição original da criação”. É como se o próprio Deus a enunciasse, pondo fim à raça humana, à todas as criaturas e ao mundo que ele próprio criara. Isso é idêntico ao Gênese 6.6, onde se lê: “E arrependeu-se o Senhor de ter posto o homem sobre a Terra, e o lamentou do fundo de seu coração”. Esse trecho segue-se à descrição dos pecados dos nephilins, que resulta na destruição do mundo pelo dilúvio. Crowley, um profundo conhecedor da Bíblia, reconheceu nisso a chave dos trinta Aethyrs, estabelecendo uma ligação. Em resumo, a chave (ou portão) para explorar os trinta Aethyrs é uma invocação no idioma enochiano, que segundo Dee seria o idioma dos anjos, e esta invocação seria a maldição que lançou os nephilins (ou “antigos”) no Abismo. Isto se liga à práticas antigas de magia negra e satanismo: qualquer meio usado pelo mago no passado para subordinar uma entidade pode ser usado também como um método de controle. Tal fórmula existe em todo grimoire medieval, em alguns casos de forma bastante explícita. A entrada no trigésimo Aethyr começa com uma maldição divina porque esse é um dos meios de afirmar controle sobre as entidades que se invoca: o nephilin, o anjo caído, o grande “antigo”. Isso demonstra, além de qualquer dúvida, que o sistema enochiano de Dee e Kelley era idêntico, na prática e em cadência, ao sistema que Alhazred descreveu no Necronomicon.

Crowley sabia disso. Uma das partes mais importantes de seu trabalho mágico (registrou-o em “A Visão e a Voz”) era sua tentativa de penetrar nos trinta Aethyrs enochianos. Para isso, ele percorreu o deserto ao norte da África, em companhia do poeta Winner Neuberg. Ele já havia tentado fazê-lo no México, mas teve dificuldade ao chegar ao 28º Aethyr, e decidiu reproduzir a experiência de Alhazred o mais proximamente possível. Afinal, Alhazred levou a cabo seus estudos mais significativos enquanto vagava pela região de Khali, uma área deserta e hostil ao sul da Arábia. O isolamento o ajudou a entrar em contato com os Aethyrs. Para um plagiador como Crowley, a imitação é o primeiro passo para a admiração, não é surpresa essa tentativa, além do que ele também pretendia repetir os feitos de Robert Burton, explorador, aventureiro, escritor, lingüista e adepto de práticas obscuras de magia sexual. Se obteve sucesso ou não, é desconhecido pois jamais admitiu suas intenções quanto à viagem, atribuindo tudo ao acaso.

Onde o Necronomicon Pode Ser Encontrado:

Em nenhum lugar, com certeza, seria a resposta mais simples, e novamente somos forçados a suspeitar que a mão de Crowley pode estar metida nisto. Em 1912 ele conheceu Theodor Réuss, o 1íder da Ordo Templi Orientis alemã (O.T.O.) e trabalhou dentro daquela ordem por dez anos, até ser nomeado sucessor do próprio Réuss. Assim temos Crowley como líder de uma loja maçônica alemã. Entre 1933-1938, desapareceram algumas cópias conhecidas do Necronomicon. Não é segredo que Adolf Hitler e pessoas do alto escalão de eu governo tinham interesse em ocultismo, e provavelmente apoderaram-se dessas cópias. A tradução de Dee desapareceu de Bodleiam, roubada em 1934. O Museu Britânico também sofreu vários saques, sendo a edição de Wormius retirada de catálogo e levada para um depósito subterrâneo, em Gales, junto com as jóias da Coroa, onde permaneceu de 1939 a 1945. Outras bibliotecas simplesmente perderam cópias desse manuscrito e hoje não há nenhuma que apresente em catálogo uma cópia, seja em latim, grego ou inglês, do Necronomicon. O paradeiro atual do Al Azif original, ou de suas primeiras cópias, é desconhecido. Há muitas fraudes modernas, mas são facilmente desmascaradas por uma total falta de imaginação e inteligência, qualidades que Alhazred possuía em abundância. Mas há boatos de um esconderijo dos tempos da 2º Guerra, que estaria localizado em Osterhorn, uma área montanhosa próxima à Salzburgo, onde haveria uma cópia do manuscrito original, escrita pelos nazistas e feita com a pele e o sangue de prisioneiros de campos de concentração.

Qual o motivo para o fascínio em torno do Neconomicon? Afinal, é apenas um livro, talvez esperemos muito dele e ele não possa mais do que despejar um grão de mistério no abismo de nossos anseios pelo desconhecido. Mas é um mistério ao qual as pessoas aspiram, o mistério da criação, o mistério do bem e do mal, o mistério da vida e da morte, o mistério das coisas que se foram. Nós sabemos que o Universo é imenso, além de qualquer limite da nossa imaginação, mas o que há lá fora? E o que há dentro de cada um de nós? Seria o Universo um espelho para nós mesmos? Seriam os “antigos” apenas uma parte mais profunda de nosso subconsciente, o ego definitivo, o mais autêntico “eu sou”, que no entanto participa da natureza divina?

Sábios e loucos de outrora já se fizeram essas perguntas, e não temeram tecer suas próprias respostas, seus mitos, imaginar enfim. A maioria das pessoas, porém, prefere criar respostas seguras, onde todos falam a mesma língua, cultivam os mesmos hábitos, respeitam a diversidade,cada qual em sua classe. O Necronomicon, porém, desafia nossas certezas, pois não nos transmite qualquer segurança acerca do Universo e da existência. Nele, somos o que somos, menos que grãos de pó frente à imensidão do Cosmo e muitas coisas estranhas, selvagens e ameaçadoras estão lá fora, esperando pelo nosso chamado. Basta olhar em qualquer tratado de Astronomia ou Astrofísica, basta ler os jornais. Isso é para poucos, mas você sabe que é verdade.

Método Utilizado Por Nostradamus Para Ver o Futuro:

Recolha-se à noite em um quarto fechado, em meditação, sozinho, sentando-se diante de uma bacia posta sobre um tripé e cheia de água. Acenda uma vela sob a bacia, entre as pernas do tripé, e segure um bastão mágico com a mão direita, agitando-o sobre a chama do modo como se sabe, enquanto toca a água com a mão esquerda e borrifa os pés e a orla de seu manto. Logo ouvir-se-á uma voz poderosa, que causa medo e tremor. Então, esplendor divino; o Deus senta ao seu lado.

Incenso de Alhazred:

– Olibanum, storax, dictamnus, ópio e haxixe.

À partir de que momento uma pessoa deixa de ser o que ela própria e todos os demais acreditam que seja? Digamos que eu tenha que amputar um braço. Posso dizer: eu mesmo e meu braço. Se fossem as duas pernas, ainda poderia falar da mesma maneira: eu mesmo e minhas duas pernas. Ou os dois braços. Se me tirarem o estômago, o fígado, os rins, admitindo-se que tal coisa seja possível, ainda poderia dizer: eu mesmo e meus órgãos. Mas se cortassem a minha cabeça, ainda poderia falar da mesma maneira? O que diria então? Eu mesmo e meu corpo ou eu mesmo e minha cabeça? Com que direito a cabeça, que nem mesmo é um membro, como um braço ou uma perna, pode reivindicar o título de “eu mesmo”? Porque contém o cérebro? Mas existem larvas, vermes e muitas outras coisas que não possuem cérebro. O que se pode dizer a respeito de tais criaturas? Será que existem cérebros em algum outro lugar, para dizerem “eu mesmo e meus vermes”?

Por Daniel Low

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/necronomicon-da-origem-ate-nossos-dias/

Anjos de acima, demônios de abaixo

» Parte 4 da série “Para ser um médium” ver a introdução | ver parte 1 | ver parte 2 | ver parte 3

Estudos místicos trazem consigo, assim como a música ou poesia – embora em grau muito mais elevado –, uma estranha euforia, como se nos levassem para mais perto de uma poderosa fonte de Ser, como se estivéssemos finalmente na iminência de desvendar o segredo que todos buscamos. (William James em Variedades da experiência religiosa)

O termo misticismo é uma das palavras mais mal empregadas na linguagem popular. O filósofo americano William James, um dos fundadores da psicologia, observou que ele se tornou abusivo, geralmente sendo aplicado a “qualquer opinião que tomemos como vaga, exagerada e sentimental, e sem base nos fatos ou na lógica”. Em Mysticism, a escritora britânica Evelyn Underhill nos trouxe uma explicação mais profunda acerca do termo [1]:

“O misticismo […] não é uma opinião: não é uma filosofia. Nada tem em comum com a busca de conhecimento oculto. Por um lado, tampouco é apenas o poder de contemplar a Eternidade: por outro, não se deve identificá-lo com qualquer tipo de esquisitice religiosa. É o nome desse processo orgânico que envolve a perfeita consumação do Amor a Deus: a realização aqui e agora da herança imortal do homem. Ou, se preferirem – pois significa a mesmíssima coisa –, a arte de estabelecer nossa relação consciente com o Absoluto.”

Podemos, talvez, dizer que os transes mediúnicos, em seus diferentes graus, fazem parte do misticismo conforme delineado por Underhill. Pode parecer estranho que o contato com outros seres seja algo análogo ao contato com Deus – mas, no fundo, um dia talvez você também compreenda: o Reino de Deus já preenche a tudo desde sempre, e ao nos dedicarmos ao contato, a amizade, a compaixão, ao amor, com outros seres, vivos ou “mortos”, estamos aos poucos nos aproximando cada vez mais de Deus, mesmo que não o compreendamos muito bem.

Ainda assim, é preciso analisar cuidadosamente os pensamentos e sentimentos que nos assaltam a mente durante tais experiências, ou mesmo fora delas. Pois é preciso nos assegurar que estamos nos dedicando a mediunidade por uma boa razão, e não por uma razão egoísta – que ao contrário de nos aproximar do Absoluto, nos afasta. O maior perigo para um médium é algo que costumeiramente nos passa de forma desapercebida, de modo que mesmo os médiuns com décadas de atividade podem estar ainda afundados nesse problema sem que o percebam. Na falta de um nome melhor, eu o chamo de “complexo de santo”…

Você pode achar que isso só ocorre com os médiuns “ignorantes”, mas mesmo Divaldo Pereira Franco, um dos grandes expoentes do espiritismo no Brasil, admitiu que no início de sua mediunidade queria “se sacrificar pela causa”, até mesmo com a própria vida… Esse tipo de pensamento é muito próprio do meio religioso, particularmente no cristianismo e islamismo – parece haver um “céu assegurado” para os mártires, os profetas, os santos, e para ser um santo todo sacrifício seria válido!

Mas a questão é que, infelizmente, muitos recaem no “complexo de santo” não por um sentimento genuíno de entrega aos desígnios da espiritualidade, mas simplesmente por um motivo bem mais mundano e egoísta: ora, da mesma forma que um aspirante a ator quer ser um grande astro de Hollywood, um aspirante a espiritualista quer ser um grande santo. Desnecessário dizer: é o talento e a ardorosa dedicação que constrói um grande artista e, da mesma forma, é a disciplina e a lenta e constante afloração do amor que constrói um santo. De modo que um santo jamais se considera um santo – são os outros que o chamam assim. Pense nisso: quanto antes perceber que os espíritos de cima querem amor, e não sacrifício, tanto melhor…

Além deste conselho primordial aos que se iniciam na mediunidade, acredito que alguns outros sejam também importantes, embora secundários:

Não se vira médium ativo da noite para o dia

Apesar de já ter tocado neste assunto ao longo da série de artigos, é algo importante de ser lembrado: se você é um médium iniciante, principalmente se for ainda ignorante da parte teórica de sua doutrina espiritualista (seja espiritismo, umbanda sagrada ou outras) e/ou se sua mediunidade lhe causa desequilíbrio e desconforto emocional (nos mais variados graus) [2], jamais aceite convites de dirigentes ou coordenadores de casas espiritualistas para “começar a trabalhar na semana seguinte” (ou em qualquer período de tempo muito curto).

Rejeite respeitosamente a oferta, e não se sinta desafiado se lhe disserem que “precisa começar a trabalhar logo, pois seu mentor espiritual assim o quer”, ou ainda que “precisa começar a trabalhar, do contrário coisas ruins se sucederão na sua vida”, etc. Na verdade, se insistirem muito, seria melhor você procurar alguma outra casa espiritualista… O ideal é que procure primeiro as aulas teóricas, caso existam, ou pelo menos informações acerca de alguns livros que poderia ir lendo em casa enquanto frequenta a casa espiritualista (notadamente, os de Kardec, que em todo caso você já pode ler por conta própria desde hoje).

Mas, independente da parte teórica, que nem sempre é a essencial, é preciso que desenvolva sua mediunidade de forma gradual. Ou seja: em reuniões frequentadas apenas por médiuns experientes e “discípulos”, de modo que algum “mestre” possa lhe auxiliar no afloramento gradual de sua mediunidade. Assim, quem sabe após uns 6 a 12 meses, você já possa efetivamente começar a atender o público como um médium da casa. E, quem sabe, após uns 10 a 15 anos, você descubra coisas dentro de você mesmo, e no Cosmos ao redor, que jamais teria imaginado conhecer um dia…

Não se vira um médium comprando manuais de conhecimento oculto

Apesar de acreditar que a maioria das casas espiritualistas seja idônea, não podemos ignorar que existem “espertalhões” por aí, principalmente no meio religioso. Fuja de qualquer casa que procure lhe vender “manuais de conhecimento oculto” (do tipo que não se encontra em livrarias comuns) e/ou cobre quantias fora do normal por suas aulas teóricas… Na verdade, a imensa maioria das casas espiritualistas sequer cobrará alguma coisa. Algumas podem lhe pedir uma contribuição mensal de, quem sabe, até uns 20 reais, para cobrir despesas com manutenção e contas de água e luz. Outras podem lhe pedir que compareça a almoços beneficentes ou a palestras pagas de tempos em tempos – mas desconfie de quaisquer valores exorbitantes, dízimos (valores percentuais baseados em sua renda mensal) ou pedidos extraordinários de doações materiais (como doar uma TV LED, ou qualquer coisa relativamente cara).

Dito isso, se você por acaso goza de boa situação financeira e sente a vontade genuína de ajudar materialmente a casa espiritualista que frequenta, sinta-se a vontade (doações de ar condicionado, por exemplo, seriam muito bem-vindas na maioria das casas).

Faça caridade

Alguns médiuns podem, pelas mais variadas razões, se abster de desenvolver sua mediunidade, e não há nenhum problema específico nisso (nem nenhuma futura “punição” de Deus ou de algum mentor espiritual). No entanto, a caridade é algo que todos, sem exceção, podem e deveriam pensar seriamente em fazer.

A grande maioria das casas espiritualistas tem atividades semanais, quinzenais ou mensais de caridade. Seja visitar um hospital, um asilo, uma creche, uma instituição de doentes mentais, etc. Embora não necessariamente a caridade seja “a única salvação” – embora muitos espíritas a entendam dessa forma –, ela é sem dúvida muito, muito importante para o afloramento da empatia e, por consequência, de nossas potencialidades no amor. E são essas potencialidades, mais do que quaisquer outras, o grande objetivo, o grande sentido de estarmos retornando a Terra por tantas vezes, aprendendo a amar: uma vida de cada vez.

A visita a instituições de doentes mentais pode ser particularmente reveladora para os que ainda têm dúvidas do alcance efetivo da própria mediunidade. Afinidades quase que instantâneas poderão surgir, e talvez um dia compreendam toda a beleza que há nisso tudo.

Esteja preparado para a descida…

No atendimento aos “mortos”, mesmo durante as sessões de desenvolvimento mediúnico, e particularmente nas que envolvem médiuns de incorporação total [3], desde o início ficará muito claro que a intensidade da dor e da angústia trazidos pelos espíritos em desequilíbrio é alguns graus de magnitude superior a toda a dor e angústia que você algum dia pensou existir na Terra. As dores da alma não se comparam as dores do corpo físico, sobretudo quando o espírito passa para o outro lado do véu ignorante, sem fazer ideia do sistema de reencarnação e, muitas vezes, crendo piamente que suas dores serão eternas…

Não acho necessário entrar em detalhes, até porque palavras são apenas cascas de sentimento, e seriam incapazes de lhe transmitir o tipo de dor de que estou falando. Mas, esteja preparado para a descida ao pântano negro e pegajoso de desejos desenfreados e escuridão da alma – ou, em outras palavras, esteja preparado para descer ao inferno.

Dependendo da casa espiritualista e do tipo de trabalho espiritual realizado nela, pode ser que esse tipo de coisa jamais ocorra, ou ocorra raramente – por outro lado, principalmente nas casas mais engajadas na real caridade espiritual, esse tipo de coisa é até mesmo trivial, de modo que, infelizmente, somos obrigados com o tempo a aceitar que os seres fazem suas escolhas, e arcam com as consequências… Simples assim.

Para os seres aturdidos com seus pensamentos obsessivos, complexos de culpa e lembranças contínuas de seus atos pregressos de ignorância do bem, toda e qualquer luz que chega do alto é, quase sempre, muito bem vinda – ainda que eles muitas vezes não aceitem tal luz de início, se não os julgarmos, se tivermos a devida compaixão que efetivamente merecem (a compaixão que Deus têm nos ensinado), com o tempo aceitarão beber de nossa água, e quem sabe, poderão mesmo ter uma nova chance ainda antes do previsto.
Para os demônios de baixo, nós seremos os anjos de cima. E, ainda que isso seja obviamente um absurdo – pois sabemos que de anjos não temos nada (ou deveríamos saber) –, de certa forma, nos pântanos lodosos das dores antigas, nós de alguma forma somos mesmo anjos. Nessas ocasiões divinas, é importante lembrar que um dia, nalguma vida, estivemos em situação muito semelhante, ou até pior, a situação daqueles seres que naquele momento nos imploram ajuda… Então talvez percebamos que é o inferno, e não o céu, o local de trabalho de todos os anjos do Cosmos.

» A seguir, concluindo a série: a reforma íntima…

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[1] Este livro será o próximo lançamento digital da Editora Alta Cultura, uma tradução de meu amigo Alfredo Carvalho. O título traduzido, como era de se esperar, será Misticismo.
[2] A mediunidade é uma potencialidade sagrada, e não deve jamais ser compreendida como um “fardo”. Existe a mediunidade e o desequilíbrio mental, e embora eles possam andar juntos, particularmente nos médiuns iniciantes, não devem ser compreendidos como “a mesma coisa”, nem mesmo como “coisas que não existem em separado”.
[3] A incorporação total é uma forma de mediunidade ativa que, ironicamente, pode envolver a passividade total do próprio médium. Muitos sequer se lembram do que ocorreu enquanto estavam “desligados de si”, ou seja, enquanto outros espíritos ocupavam suas mentes e boa parte das funções motoras de seus corpos. Mas o ideal seria tentar manter a consciência, ou semiconsciência, de tudo o que ocorre durante a incorporação.

Há muitas casas espiritualistas mais “ortodoxas” (principalmente as casas espíritas) que não irão aceitar incorporações de seus médiuns – apesar de às vezes elas ocorrerem de maneira “forçada”, ou sem que os próprios coordenadores percebam (em médiuns particularmente hábeis)… Se você tem algum receio de participar de sessões onde há incorporação (ainda que você mesmo não seja, de forma alguma, “obrigado” a incorporar), a melhor coisa é procurar uma casa espiritualista onde não exista esta prática. Ou seja, usualmente o trabalho envolverá apenas orações, música, passes magnéticos e, por vezes, psicografia ou psicopictografia.

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Crédito da imagem: Jari Schroderus

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/anjos-de-acima-dem%C3%B4nios-de-abaixo