Discurso de Neil Gaiman

Esse é o vídeo do discurso que Neil Gaiman fez para os formandos da University of the Arts, na Filadelfia, Estados Unidos em 2012.

Além de inspirador nós podemos ver o modo de pensar dele e um exemplo sobre o que é seguir sua verdadeira vontade sem medo de errar.

Abaixo o vídeo legendado e a versão traduzida em texto logo após o vídeo.

 17 de Maio de 2012

Eu nunca real­mente espe­rei me encon­trar dando con­se­lhos para pes­soas se gra­du­ando em um esta­be­le­ci­mento de ensino supe­rior. Eu nunca me gra­duei em um des­ses esta­be­le­ci­men­tos. E nunca nem come­cei um. Eu esca­pei da escola assim que pude, quando a pers­pec­tiva de mais qua­tro anos de apren­di­za­dos for­ça­dos antes que eu pudesse me tor­nar o escri­tor que dese­java ser era sufocante.

Eu saí para o mundo, eu escrevi, eu me tor­nei um escri­tor melhor na medida em que escre­via mais, e eu escrevi um pouco mais, e nin­guém nunca pare­cia se impor­tar que eu estava inven­tando na medida em que eu pros­se­guia, eles sim­ples­mente liam o que eu escre­via e paga­vam por isso, ou não, e fre­quen­te­mente eles me enco­men­da­vam alguma outra coisa pra eles.

O que me dei­xou com um sau­dá­vel res­peito e admi­ra­ção pela edu­ca­ção supe­rior do quais meus ami­gos e fami­li­a­res, que fre­quen­ta­ram uni­ver­si­da­des, se cura­ram há muito tempo atrás.

Olhando para trás, eu tri­lhei uma cami­nhada memo­rá­vel. Não tenho cer­teza de que posso chamá-la de uma car­reira, por­que uma car­reira implica que eu tivesse algum tipo de plano de car­reira, e eu nunca tive. A coisa mais pró­xima que tive foi uma lista que fiz quando tinha 15 anos com tudo que eu que­ria fazer: escre­ver um romance para adul­tos, um livro infan­til, uma revista em qua­dri­nhos, um filme, gra­var um audi­o­book, escre­ver um epi­só­dio de Dr. Who… e assim por diante. Eu não tive uma car­reira. Eu sim­ples­mente fui fazendo a pró­xima coisa da lista.

Então pen­sei em con­tar para vocês tudo que eu gos­ta­ria de saber de saída, e algu­mas coi­sas que, olhando para trás pra isso, supo­nho que eu sabia. E tam­bém em dar o melhor con­se­lho que já recebi, o qual falhei com­ple­ta­mente em seguir.
O pri­meiro de todos: Quando você começa em uma car­reira nas artes você não tem ideia do que está fazendo.

Isso é ótimo. As pes­soas que sabem o que estão fazendo conhe­cem as regras, e sabem o que é pos­sí­vel e o que é impos­sí­vel. Vocês não. E vocês não devem. As regras sobre o que é pos­sí­vel e impos­sí­vel nas  artes foram fei­tas por pes­soas que não tinham tes­tado os limi­tes do pos­sí­vel indo além deles. E vocês podem.

Se vocês não sabem que é impos­sí­vel é mais fácil fazer. E por­que nin­guém fez antes, não inven­ta­ram regras para evi­tar que alguém faça de novo, ainda.
Em segundo, se você tem uma ideia do que você quer fazer, sobre o que você foi colo­cado aqui para fazer, então sim­ples­mente vá e faça aquilo.

E isso é muito mais difí­cil do que parece e, algu­mas vezes, no fim, muito mais fácil do que você pode­ria imaginar.

Porque nor­mal­mente, há coi­sas que você pre­cisa fazer antes de que você possa che­gar aonde quer estar. Eu que­ria escre­ver qua­dri­nhos e roman­ces e his­tó­rias e fil­mes, então me tor­nei um jor­na­lista, por­que jor­na­lis­tas têm per­mis­são para fazer per­gun­tas, e para sim­ples­mente ir adi­ante e des­co­brir como o mundo fun­ci­ona, e, além disso, para fazer essas coi­sas eu pre­ci­sa­ria escre­ver e escre­ver bem, e eu estava sendo pago para apren­der como escre­ver eco­no­mi­ca­mente, cla­ra­mente, às vezes em con­di­ções adver­sas, e em tempo.

Algumas vezes o cami­nho para fazer o que você espera fazer estará cla­ra­mente deli­ne­ado; e às vezes será quase impos­sí­vel deci­dir se você estará ou não fazendo a coisa certa, por­que você terá de balan­cear suas metas e espe­ran­ças, e alimentar-se, pagar as con­tas, encon­trar tra­ba­lho, e se ade­quar ao que pode encontrar.

Uma coisa que fun­ci­o­nou para mim foi ima­gi­nar que onde eu gos­ta­ria de estar – um autor, prin­ci­pal­mente de fic­ção, fazendo bons livros, fazendo bons qua­dri­nhos e me man­tendo atra­vés de minhas pala­vras – era uma mon­ta­nha. Uma mon­ta­nha dis­tante. Minha meta.

E eu sabia que enquanto eu me man­ti­vesse andando em dire­ção à mon­ta­nha eu esta­ria bem. E quando eu ver­da­dei­ra­mente não estava certo acerca do que fazer, eu podia parar, e pen­sar se aquilo estava me levando em dire­ção à mon­ta­nha ou me afas­tando dela. Eu disse não para tra­ba­lhos edi­to­ri­ais em revis­tas, tra­ba­lhos ade­qua­dos que teriam pago um dinheiro res­pei­tá­vel por­que eu sabia que, por mais  atra­ti­vos que fos­sem, para mim eles esta­riam me dei­xando mais dis­tante da mon­ta­nha. E se essas ofer­tas tives­sem apa­re­cido mais cedo tal­vez as tivesse aceito, por­que elas ainda me dei­xa­riam mais perto da mon­ta­nha do que eu estava à época.

Eu aprendi a escre­ver escre­vendo. Eu ten­dia a fazer qual­quer coisa con­quanto que pare­cesse uma aven­tura, e a parar de fazê-la quando pare­cia tra­ba­lho, o que sig­ni­fi­cou que a vida não se pare­cia com trabalho.

Ter­ceiro, quando você começa, você pre­cisa lidar com os pro­ble­mas do fra­casso. Vocês pre­ci­sam ser osso duro de roer, pre­ci­sam apren­der que nem todo pro­jeto sobre­vi­verá. Uma vida como fre­e­lan­cer, uma vida nas artes, é mui­tas vezes como colo­car men­sa­gens em gar­ra­fas, em uma ilha deserta, e espe­rar que alguém encon­tre uma de suas gar­ra­fas, e a abra, leia, e colo­que algo em outra gar­rafa que fará seu cami­nho de volta até você: apreço, ou uma enco­menda, dinheiro, ou amor. E vocês têm de acei­tar que vocês pode­rão lan­çar uma cen­tena de coi­sas para cada gar­rafa que apa­re­cerá retornando.

Os pro­ble­mas do fra­casso são pro­ble­mas de desen­co­ra­ja­mento, de deses­pero, de ansi­e­dade. Você deseja que tudo acon­teça e você quer que as coi­sas acon­te­çam agora, e as coi­sas dão errado. Meu pri­meiro livro – uma peça de jor­na­lismo que tinha feito pelo dinheiro, e que já tinha me com­prado uma máquina de escre­ver ele­trô­nica do adi­an­ta­mento – deve­ria ter sido um best­sel­ler. Deveria ter me pagado muito dinheiro. Se a edi­tora não tivesse invo­lun­ta­ri­a­mente ido à ban­car­rota entre a pri­meira impres­são se esgo­tar e a segunda sair, e antes que quais­quer direi­tos pudes­sem ser pagos, ele teria me dado muito dinheiro.

E eu dei de ombros, eu ainda tinha minha máquina de escre­ver ele­trô­nica e dinheiro o bas­tante para pagar o alu­guel por um par de meses, e decidi que eu faria o meu melhor para no futuro não escre­ver  livros ape­nas pelo dinheiro. Se você não ganha o dinheiro, então você não tem nada. Se eu fizesse um tra­ba­lho do qual me orgu­lhasse, e não ganhasse a grana, ao menos eu teria o trabalho.

De vez em quando, eu esqueço essa regra, e sem­pre que o faço, o uni­verso me bate com força e me relem­bra dela.

Eu não sei se isso é um pro­blema para mais alguém além de mim, mas é ver­dade que nada que eu fiz na qual a única razão para fazê-lo fosse o dinheiro jamais valeu a pena, exceto como amarga expe­ri­ên­cia. Normalmente nunca dei o tra­ba­lho por encer­rado ao rece­ber o dinheiro, por outro lado. As coi­sas que fiz por­que estava empol­gado, e que­ria vê-las exis­ti­rem na rea­li­dade, nunca me decep­ci­o­na­ram, e eu nunca me arre­pendi do tempo gasto com nenhuma delas.

Os pro­ble­mas do fra­casso são difíceis.

Os pro­ble­mas do sucesso podem ser ainda mais difí­ceis, por­que nin­guém lhes avisa sobre eles.

O pri­meiro pro­blema de qual­quer tipo de sucesso limi­tado é a con­vic­ção ina­ba­lá­vel de que você está fugindo com algo, e de que a qual­quer momento irão descobri-lo. É a Síndrome do Impostor, algo que  minha esposa Amanda bati­zou de Polícia da Fraude.

Em meu caso, eu estava con­ven­cido de que have­ria uma batida na porta, e um homem com uma pran­cheta (não sei por que ele car­re­gava uma pran­cheta, em minha cabeça, mas ele car­re­gava) esta­ria lá, para me dizer que estava tudo aca­bado, e eles me pega­riam e agora eu teria de ir e con­se­guir um tra­ba­lho de ver­dade, algum que não con­sis­tisse de inven­tar coi­sas e escrevê-las, e ler livros que eu qui­sesse ler. E então eu par­ti­ria silen­ci­o­sa­mente e pega­ria o tipo de tra­ba­lho no qual você não tem de inven­tar mais coisas.

Os pro­ble­mas do sucesso. Eles são reais, e com sorte vocês irão experienciá-los. O ponto em que você para de dizer sim pra tudo, por­que agora as gar­ra­fas que você lança ao oce­ano estão todas vol­tando, e você pre­cisa apren­der a dizer não.

Eu obser­vei meus colegas e ami­gos, e aque­les que eram mais velhos que eu e obser­vei quão infe­li­zes alguns deles se sen­tiam: eu os ouvi con­tar pra mim que eles não podiam enca­rar um mundo no qual eles não podiam mais fazer o que sem­pre qui­se­ram fazer, por­que agora eles tinham de ganhar uma certa quan­ti­dade de grana todo mês ape­nas para se man­ter onde esta­vam. Eles não podiam ir e fazer as coi­sas que impor­ta­vam, e que real­mente que­riam fazer; e isso me pare­ceu uma tra­gé­dia tão grande quanto qual­quer pro­blema de fracasso.

E depois disso, o maior pro­blema do sucesso é que o mundo cons­pira para que você pare de fazer o que você faz, por­que você é famoso. Houve um dia em que olhei e me dei conta de que eu tinha me tor­nado alguém que pro­fis­si­o­nal­mente res­pon­dia a e-mails, e escre­via como um hobby. Eu come­cei a res­pon­der menos e-mails, e fiquei ali­vi­ado por per­ce­ber que estava escre­vendo muito mais.
Em quarto, eu espero que vocês come­tam erros. Se vocês estão come­tendo erros, sig­ni­fica que vocês estão por aí fazendo algo. E os erros em si podem ser úteis. Uma vez escrevi Caroline errado, em uma  carta, tro­cando o A e o O, e eu pen­sei, “Coraline parece um nome real…”

E lembrem-se que não importa a área em que este­jam, se você é um músico ou um fotó­grafo, um artista fino ou um car­tu­nista, um escri­tor, um dan­ça­rino, um desig­ner, o que quer que você faça, vocês têm algo que é único. Vocês têm a habi­li­dade de fazer arte.

E para mim, e para mui­tas das pes­soas que conheci, isso tem sido um salva-vidas. O salva-vidas defi­ni­tivo. Ele lhe leva atra­vés dos bons momen­tos e pelos outros.

A vida as vezes é dura. As coi­sas dão errado, na vida e no amor e nos negó­cios e nas ami­za­des e na saúde e em todos os outros modos que a vida pode dar errado. E quando as coi­sas ficam difí­ceis, isso é o que vocês devem fazer.

Façam boa arte.

Eu estou falando sério. O marido fugiu com uma política(o)? Faça boa arte. Perna esma­gada e depois devo­rada por uma jibóia mutante? Faça boa arte. Imposto de renda te ras­tre­ando? Faça boa arte. Gato explo­diu? Faça boa arte. Alguém na inter­net pensa que o que você faz é estú­pido ou mau ou já foi feito antes? Faça boa arte. Provavelmente as coi­sas se resol­ve­rão de algum modo, e even­tu­al­mente o tempo levará a dor mais aguda, mas isso não importa. Faça ape­nas o que você faz de melhor.  Faça boa arte.

Faça-a nos dias bons também.

E, em quinto: Enquanto esti­ve­rem nisso, façam a sua arte. Façam as coi­sas que só vocês podem fazer.

O impulso inicial é copiar. E isso não é uma coisa ruim. A mai­o­ria de nós só des­co­bre nos­sas pró­prias vozes depois de ter­mos soado como um monte de outras pes­soas. Mas uma coisa que você tem que nin­guém mais tem é você. Sua voz, sua mente, sua estó­ria, sua visão. Então escreva e dese­nhe e cons­trua e toque e dance e viva como só você pode viver.

No momento em que você sen­tir que, pos­si­bi­li­dade, você está andando na rua nu, expondo muito de seu cora­ção e de sua mente e do que existe em seu inte­rior, mos­trando demais de si mesmo. Esse é o momento em que você pode estar come­çando a acertar.

As coi­sas que fiz que mais fun­ci­o­na­ram foram as coi­sas das quais menos estava certo, as estó­rias as quais eu tinha cer­teza de que ou fun­ci­o­na­riam, ou, mais pro­va­vel­mente, seriam o tipo de fra­casso emba­ra­çoso que as pes­soas se jun­tam para falar a res­peito até o fim dos tem­pos. Elas sem­pre tive­ram isso em comum: olhando para em retros­pec­tiva para elas, as pes­soas expli­cam por­que foram suces­sos ine­vi­tá­veis. Enquanto as estava fazendo, eu não tinha ideia.

E ainda não tenho. E onde esta­ria a graça de fazer alguma coisa que você sou­besse que iria funcionar?

E às vezes as coi­sas que fiz real­mente não fun­ci­o­na­ram. Há estó­rias minhas que nunca foram reim­pres­sas. Algumas delas nunca sequer saí­ram da casa. Mas eu aprendi com elas tanto quando aprendi com as coi­sas que funcionaram.

Sexto. Eu pas­sa­rei algum conhe­ci­mento secreto de fre­e­lan­cer. Conhecimento secreto é sem­pre bom. E é útil para qual­quer um que alguma vez já pla­ne­jou criar arte para outras pes­soas, em entrar em um mundo de fre­e­lance de qual­quer tipo. Eu aprendi isso com os qua­dri­nhos, mas se aplica a outros cam­pos tam­bém. E é isto:

As pes­soas são con­tra­ta­das por­que, de algum modo, elas são con­tra­ta­das. Em meu caso eu fiz algo que atu­al­mente seria fácil de che­car, e me colo­ca­ria em pro­ble­mas, e quando eu come­cei, naque­les dias pré-internet, pare­cia uma estra­té­gia de car­reira sen­sata: quando edi­to­res me per­gun­ta­vam para quem eu já tinha tra­ba­lhado, eu men­tia. Eu lis­tei uma série de revis­tas que soa­vam razoá­veis, e soei con­fi­ante, e con­se­gui os empre­gos. Então trans­for­mei em uma ques­tão de honra con­se­guir escre­ver algo para cada uma das revis­tas que eu lis­tei para con­se­guir aquele pri­meiro emprego, de modo que eu não menti de fato, só fui cro­no­lo­gi­ca­mente desa­fi­ado… Você começa a tra­ba­lhar por qual­quer maneira que comece a trabalhar.

As pes­soas se mantêm tra­ba­lhando, em um mundo de fre­e­lan­ces, e mais e mais do mundo de hoje é fre­e­lance, por­que seu tra­ba­lho é bom, e por­que são fáceis de con­vi­ver, e por­que elas entre­gam o tra­ba­lho em tempo. E você nem pre­cisa de todos os três. Dois em três está bem. As pes­soas irão tole­rar quão desa­gra­dá­vel você é se seu tra­ba­lho for bom e você o entre­gar no prazo. Elas per­do­a­rão o atraso do tra­ba­lho se ele for bom, e elas gos­ta­rem de você. E você não pre­cisa ser tão bom quanto os outros se você é pon­tual e é sem­pre um pra­zer ouvi-lo(a).

Quando con­cor­dei em fazer este dis­curso, eu come­cei ten­tando pen­sar em qual tinha sido o melhor con­se­lho que já tinha rece­bido ao longo dos anos.

E ele veio do Stephen King, há vinte anos atrás, no auge do sucesso de Sandman. Eu estava escre­vendo um qua­dri­nho que as pes­soas ama­vam e esta­vam levando a sério. King gos­tara de Sandman e de meu romance com Terry Pratchett, Belas Maldições (Good Omens), e ele viu a lou­cura, as lon­gas filas de autó­gra­fos, tudo aquilo, e seu con­se­lho foi esse:
“Isso é real­mente ótimo. Você deve­ria apre­ciar isso.”
E eu não apro­vei­tei. O melhor con­se­lho que já recebi que igno­rei. Ao invés disso, eu me pre­o­cu­pei com aquilo. Eu me pre­o­cu­pei com o pró­ximo prazo, a pró­xima ideia, a pró­xima estó­ria. Não houve um momento nos pró­xi­mos qua­torze ou quinze anos em que não esti­vesse escre­vendo algo em minha cabeça, ou ima­gi­nando a res­peito. E eu não parei e olhei em redor e pen­sei, isso é real­mente diver­tido. Eu que­ria ter apro­vei­tado mais. Tem sido uma cami­nhada incrí­vel. Mas houve par­tes da tri­lha que eu perdi, por­que estava muito pre­o­cu­pado em as coi­sas darem errado, sobre o que viria depois, para apre­ciar a parte em que estava.

Essa foi a lição mais difí­cil pra mim, eu acho: rela­xar e cur­tir a cami­nhada, por­que a jor­nada o leva a alguns luga­res memo­rá­veis e inesperados.

E aqui, nesta pla­ta­forma, hoje, é um des­tes luga­res. (E eu estou cur­tindo isso imensamente.)

Para todos os gra­du­an­dos de hoje: eu desejo a vocês sorte. Sorte é útil. Frequentemente vocês des­co­bri­rão que quanto mais duro vocês tra­ba­lha­rem, e mais sabi­a­mente, mais sor­tu­dos vocês serão. Mas existe sorte, e ela ajuda.

Nós esta­mos em um mundo em tran­si­ção neste momento, se vocês estão em qual­quer campo artís­tico, por­que a natu­reza da dis­tri­bui­ção está mudando, os mode­los pelos quais os cri­a­do­res entre­ga­vam seu  tra­ba­lho ao mundo, e con­se­guiam man­ter um teto sobre suas cabe­ças e com­prar alguns san­duí­ches enquanto faziam isso, estão todos mudando. Eu falei com pes­soas do topo da cadeia ali­men­tar em publi­ca­ções, ven­das de livros, em todas essas áreas, e nin­guém sabe com o que a pai­sa­gem se pare­cerá daqui a dois anos, que dirá daqui a uma década. Os canais de dis­tri­bui­ção que as pes­soas cons­truí­ram ao longo do último século ou mais estão con­tí­nua mudança, para os impres­sos, para artis­tas visu­ais, para músi­cos, para pes­soas cri­a­ti­vas de todos os tipos.

O que é, por um lado, inti­mi­dante e, por outro, imen­sa­mente liber­ta­dor. As regras, as supo­si­ções, os agora nós deve­mos fazer de como você con­se­gue expor seu tra­ba­lho, e o que você faz a seguir, estão ruindo. Os por­tei­ros estão dei­xando seus por­tões. Vocês podem ser tão cri­a­ti­vos quanto pre­ci­sa­rem para con­se­guir visi­bi­li­dade para seus tra­ba­lhos. YouTube e a web (e o que quer que venha depois do YouTube e da web) podem dar a vocês mais pes­soas de audi­ên­cia do que a tele­vi­são jamais deu. As velhas regras estão des­mo­ro­nando e nin­guém sabe quais são as novas regras.

Então inven­tem suas pró­prias regras.

Alguém recen­te­mente me per­gun­tou como fazer alguma coisa que ela achava que seria difí­cil, em seu caso, gra­var um audi­o­book, e eu sugeri que ela fin­gisse que ela era alguém que pode­ria fazê-lo. Não fin­gir fazê-lo, mas fin­gir que era alguém que podia fazer. Ela colo­cou uma nota para este efeito na parede do estú­dio, e disse que isso ajudou.

Então sejam sábios, por­que o mundo neces­sita de mais sabe­do­ria, e se vocês não pude­rem ser sábios, fin­jam ser alguém que é sábio, e então ape­nas se com­por­tem como eles se comportariam.

E agora vão, e come­tam erros inte­res­san­tes, come­tam erros mara­vi­lho­sos, façam erros glo­ri­o­sos e fan­tás­ti­cos. Quebrem regras. Façam do mundo um lugar mais inte­res­sante por vocês esta­rem aqui.

Façam boa arte.

#HQ #NeilGaiman #VerdadeiraVontade

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/discurso-de-neil-gaiman

Mapa Astral de David Copperfield

Um dia atrasado, mas não ia deixar passar esta homenagem. David Copperfield, nome artístico de David Seth Kotkin (Metuchen, 16 de Setembro de 1956), é um renomado mágico e ilusionista dos EUA.

Conhecido principalmente por sua combinação de ilusões espetaculares com a habilidade de contar histórias. Seus feitos mais famosos são: fazer desaparecer a Estátua da Liberdade (num programa de televisão – os assistentes ao vivo participavam na ilusão e sabiam como era feita), levitar sobre o Grand Canyon, sair de uma camisa de força e passar através da Muralha da China.

Começou a atuar profissionalmente aos doze anos, e se tornou o mais novo membro admitido na Sociedade dos Mágicos Americanos. Aos dezesseis anos ensinava mágica na Universidade de Nova Iorque.

O Mapa de David Copperfield possui Sol e Jupiter em Virgem, Ascendente em Virgem-Libra (Rainha de Espadas); Lua em Aquário; Mercúrio em Libra; Vênus em Leão; Marte em peixes; Saturno e Caput Draconis em Escorpião-Sagitário (Rei de Bastões).

Uma pessoa extremamente metódica, com facilidade e fluência em tempos, métodos e sistemas. A união das energias de seus principais planetas, o Sol (Virgem) e a Lua (Aquário) resulta em uma pessoa capaz de pegar uma idéia original e transformar uma invenção em algo real e prático. Talvez como os inventores do Polishop. Seu Vênus em Leão indica uma tendência para palcos ou para atuação, muito encontrada em atores e artistas performáticos. Sua energia marciana canaliza esta vontade de exposição na forma de contos de fadas, pelos quais ficou conhecido em agregar seus truques de mágica a histórias e cenários oníricos.

Seu Marte em Peixes também foi responsável pelo “Project Magic”, um projeto de caridade para elevar a auto-estima de crianças e pacientes em mais de 1000 hospitais em todo o mundo.

Saturno (e Caput Draconis) em escorpião o ajudaram a impulsionar estas qualidades para o extremo limite. “Coincidentemente”, o Rei de Bastões, no tarot, muitas vezes é chamado de “Professor de Magia”.

Não é à toa que ele é o maior colecionador e organizador de magicas do mundo, fundador do “Museu de Magia” em Las vegas.

Não resta dúvidas que seu trabalho para a humanidade segue a sua verdadeira Vontade.

#Astrologia #Biografias

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/mapa-astral-de-david-copperfield

IV Simpósio Brasileiro de Hermetismo – Programação

Simposio-hermetismo

A Filosofia Hermética é base de tradições milenares, perpetuadas através dos diversos métodos adotados nos diferentes Círculos Iniciáticos, que permitem aos praticantes a expansão da consciência através do autoconhecimento, seu desenvolvimento enquanto indivíduo (e consequentemente do mundo que o cerca) e a superação das fronteiras da ordinariedade.

As Ciências Ocultas unem o conhecimento místico à ciência e procuram desvendar de forma clara e compreensível aquilo que é “extra ordinário” ou, em outros termos, aquilo que vai além do “conhecimento ortodoxo”, a ciência convencional.

Esta sabedoria antiga durante muito tempo permaneceu restrita às diversas Ordens ou Escolas de Mistérios, guardadas do acesso do público em geral, não apenas por seu caráter “secreto”, mas porque sua linguagem simbólica encontra-se além da visão objetiva ou dos interesses da maioria das pessoas, permanecendo “oculta” para estes.

“Quando os ouvidos do discípulo estão preparados para ouvir, então vêm os lábios para os encher de sabedoria” (O Caibalion).

O Simpósio Brasileiro de Hermetismo e Ciências Ocultas é realizado pela Associação Educacional Sirius-Gaia (AESG) e, neste ano, será realizada sua quarta edição, com objetivo de promover e sustentar o debate a respeito de diversas práticas ocultistas e filosóficas, reunindo no mesmo evento diferentes correntes e Escolas Ocultistas para compartilhar sua visão e sua prática.

Em 2015 o evento ocorrerá na cidade de São Paulo, nos dias 20, 21 e 22 de novembro, no Espaço Federal, na avenida Paulista, 1776, primeiro andar (próximo ao metrô Trianon-Masp).

Inscreva-se Já!

Estarei no Simpósio, fazendo uma palestra onde explicarei detalhadamente o que são, como funcionam e como podem ser usados no Autoconhecimento os Signos Intermediários na Astrologia. Pesquisados e compilados originalmente por Aleister Crowley, os fascinantes 12 Signos Intermediários possuem as características mistas dos dois signos que intercalam e possuem correspondência com os Arcanos de Corte no Tarot.

Confira toda a Programação abaixo:

Sexta-feira – 20 de novembro

A participação nos workshops é livre para o público em geral. Inscritos no simpósio contam com desconto nas taxas, que deverão ser pagas no dia em dinheiro ou cheque.

Sala 1

09:00 – 12:00 – O Xirê dos Orixás na Árvore da Vida: uma vivência interior – Fernando Maiorino (restando 4 vagas)

13:00 – 15:00 – Incensos Artesanais – Ricardo Skubs (restando 4 vagas)

15:00 – 17:00 – Magia Corporal – Harmonizando a Intenção Mágica com o Corpo Dinâmico – Paola Blanton (restando 7 vagas)

Sala 2

09:00 – 12:00 – A Árvore da Vida e os filmes: uma sessão de cinema pelo Caminho da Serpente – Léo Lousada (restando 41 vagas)

13:00 – 15:00 – Entendendo as Leis da Polaridade e do Gênero. Como harmonizar um relacionamento íntimo conhecendo os aspectos da Realeza – Maria Christina Christovão Ramos (restando 11 vagas)

Sábado – 21 de novembro

08:30 – 09:00 – Abertura Oficial

09:00 – 11:00 – Signos Intermediários na Astrologia – Marcelo Del Debbio

11:00 – 12:30 – Alquimia e Hermetismo – Giordano Cimadon

12:30 – 14:00 – Almoço

14:00 – 15:30 – A Projeção Astral no Dia a Dia do Projetor – Saulo Calderon

15:30 – 17:00 – Vivendo Astrologicamente: uma interação entre corpo, mente e espírito – Paulo Spada

17:00 – 17:30 – Coffee Break

17:30 – 19:00 – Mitos e Lendas Celtas: Decifrando Nossa Rica Herança Espiritual – Cláudio Crow

Domingo – 22 de novembro

09:00 – 11:00 – HermetiCaos: Magia não é “bug”, é “cheat code” – Felipe Cazelli

11:00 – 12:30 – Nos Sagrados Caminhos da Yu’rema – Rita Andreia de Cássia

12:30 – 14:00 – Almoço

14:00 – 15:30 – A Magia na Umbanda – Alexandre Cumino

15:30 – 16:00 – Coffee Break

16:00 – 18:00 – Umbanda Natural Hermética – Fernando Maiorino

#hermetismo #Simpósio

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/iv-simp%C3%B3sio-brasileiro-de-hermetismo-programa%C3%A7%C3%A3o

Verdadeira Vontade, Espiritualidade e Vocação – Maria Luiza Christovão Ramos

Bate-Papo Mayhem #070 – gravado dia 05/09/2020 (Sabado) Marcelo Del Debbio bate papo com Maria Luiza Christovão Ramos – Verdadeira Vontade, Espiritualidade e Vocação

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Faça parte do Projeto Mayhem aqui:

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#Batepapo #VerdadeiraVontade

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/verdadeira-vontade-espiritualidade-e-voca%C3%A7%C3%A3o-maria-luiza-christov%C3%A3o-ramos

Velho novo ano

Novos ciclos parecem novos casamentos ou novas vidas e cabe de fato tais associações.

No entanto o que cabe do novo ano que vem do velho que foi? O que se levantou?

Do tarot retiro a torre. Caindo em pedaços que nunca chegam ao chão. Dela vejo que do passado ainda ficam os escombros. E é tentando ver o que se aproveita deles que partimos em busca do novo. Aceitar que velhas somas já não resultam nos mesmos significantes é parar e aceitar que foi de fato você a dar o nó no pé. Mas o universo é justo e só implica em novas marés cósmicas quando das antigas só se tem agora o espaço que faziam delas algo mais que um vento no rosto. E qual será a próxima carta? Não retiro, mas imagino um carro entristecido por ver o tempo que se depositou em coisas que já não são, mas pode ser  fácil a justiça enclausurada em seu modus operandi.

O que virá ainda está implícito no vácuo novo, mas quantas vezes somos de fato capazes de realmente pegar o carro e partir. Ainda vejo a tristeza ligando os passos aos escombros e os corpos virando sal. De que será feito este sal? Não importa, já não se faz contas quando somos estátuas.

E iludindo-nos caminhamos vendo não só carros, vendo um mundo renovado do qual só fazemos imaginar. As mãos enfraquecidas pela falta de uso tremem só de pensar. É cansativo demais perceber que ainda nem levantou, precisa tirar alguns pedaços de parede de cima do corpo doído. Vai ver é assim que se vê uma página de um diário antigo, rasgada em meio à poeira. Relacionando claramente a sexta sephira ao sol. Quando?

Todos nós somos uma estrela, e lá nós somos perfeitos. Mas essa perfeição é enfadonha e cansativa tendo em vista que quando paramos de chorar tudo tem gosto de vida. Conhecer distoa do acreditar, em pontos, estes, que passam despercebidos e vemos o quanto de coisas depositamos tempo e energia para agora não serem praticamente nada. Vamos destronar os velhos  feitiços, para que novos possam ser idealizados. Mas feitiço por feitiço dá em que? Ainda continuamos como a justiça, só que com a venda a amarrar as mãos. E a espada aonde estará? Não conseguimos ver… os olhos não aguentam sentir a luz a incidir neles. Estamos no escuro do medo que ainda segura os pés nos deixando de ponta-cabeça.

É de fato angustiante ver o caminho que se tem a frente sem ao menos poder pensar no que se precisa sacrificar ainda. Mas a casa não caiu? O que de fato ainda falta? Aceitar que do velho temos o novo é aceitar que este velho já não nos acompanha. É soltar a sacola cheia de defuntos presos às canelas e alçar voou, agora, mais leve. Ver que num dia como n’outro o novo que se inicia é mais que simbólico, é sonho entremanhado na carne que dói. Deste que pode ser realidade.

É quando deste mesmo tarot retiro o mago seguido do louco dinamizado pela ciência maior a construir reinos internos quando acordamos no julgamento. Já não somos os mesmos. E olhar no espelho é algo bom. Mesmo tendo tido tantos erros nesse tempo. E nossa alma enfim encara a morte a dividir os bens. Sabe-se lá pra quem.  Assim reencontramos a força de abrir leões. E percebemos que a floresta da noite nunca acaba num muro ou portões, estes estão quebrados e longe, na velha torre desmanchada de tempos idos.  Assim abrimos acampamento ali mesmo rodeados pelos nossos monstros que não mais nos assustam esperando o sol mostrar que mesmo eles sabem sorrir.

Mas ainda se sente frio na barriga, é claro… somos humanos ainda. É quando cai das mãos o resto das cartas que ainda estavam sendo levadas, pois já não importa a cara, importa a mão a reagrupa-las e relança-las para a brincadeira eterna que é ser vivente.

Sonha criança, escuto eu agora, palavras vindas daquela estrela. Sonha correndo no mundo real atrás de alcançar teus sonhos, pois eles já são reais. Pois você é real. É quando pego da mesa aquele instrumento magnetizado. Realço seu poder envolvendo meu sentimento nele. Rasgo na poeira do altar os traços necessários. Retirei a mão doente, respirando aliviado. Posso agora de fato conduzir o carro, desde que se solte a tempo o instrumento magnetizado. Pois cada passo a seu tempo no compasso.

E neste novo ciclo que já se apresentou à todos fica o espaço das coisas que foram soltas do passado. E dos objetos que temos percebemos que o que de fato importa mesmo é o espaço a não ter fim.

Que seja feita a verdadeira vontade. Assim no interno como no externo. Desde que esta mesma vontade seja esse “ser” do qual inflamos tanto o peito a dizer ouriçados: somos nós! Somos nossos.

“Eu sou aquele que é.”

Djaysel Pessôa

S.O.Q.C.

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#Tarot

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Para que servem os Exercícios Básicos do Hermetismo?

“MDD, me explica algo:

Me impressiona muito todos esses exercícios colocados no site, e os colocados no Arcanum Arcanorum. Parece algo impressionante que nos motiva a explorar o invisível.
Mas, falta algo fundamental: PRA QUE SERVE TUDO ISTO? VOCÊ DÁ O EXERCÍCIO MAS NÃO DIZ PARA QUE SERVE!

Praticar os exercícios de visualização, da vela, diário do sonho, projeção astral, tudo isto: Vai nos fazer Feliz? Nos fará nos conhecermos melhor? Fará nos sentirmos mais vivos? Encontraremos nosso “Anjo Guardião”? E que diabos é isso afinal? Como uma pessoa pode se motivar a atingir um objetivo se ele não foi descrito com precisão?
Enfim…se puder responder….”

Salve, pequeno gafanhoto!

Pela sua pergunta, sinto que está tão perdido que não sabe nem por onde começar pois os exercícios não possuem relação com as perguntas que você fez… você pergunta se alguma coisa “vai te fazer feliz?” quando você nem sabe o que te deixaria feliz ou o que você quer. Antes de eu perguntar se “saltar de paraquedas vai me fazer feliz?” eu deveria perguntar “Eu gostaria de saltar de paraquedas?” pois as respostas para estas perguntas são diferentes para cada pessoa… O hermetismo não ensina um “Caminho único para a felicidade”, quem promete isso (e nunca entrega) são as religiões dogmáticas, que fazem você se tornar um cachorro amestrado. O Hermetismo providencia FERRAMENTAS para que você mesmo faça a transformação dentro de você e descubra o que você precisa para Realizar sua verdadeira Vontade. O “Encontro com o Anjo Guardião” não é algo que se aprenda em um cursinho de final de semana, mas o resultado final de meses; as vezes ANOS de aperfeiçoamento das suas próprias potencialidades, e MESMO estes exercícios não são garantias de que vai funcionar para você especificamente, porque o Caminho para CADA pessoa é diferente e único. Os exercícios ajudam na DESCOBERTA de cada caminho.

Todos os exercícios básicos de hermetismo existem como bases para o desenvolvimento dos sentidos que na maioria das pessoas estão adormecidos ou sequer foram explorados. São os primeiros passos para afinar seus sentidos de modo que possam aproveitar melhor e conversar melhor com os Grandes Símbolos Arquetípicos.

Exercícios de Visualização são exercícios para treinar a sua mente a projetar objetos no campo mental/astral. Quando se pede para alguém imaginar um pequeno ratinho dançarino bailando diante do teclado ou sobre um móvel próximo de onde você está por, digamos, dois minutos sem parar, a imensa maioria das pessoas comuns não é capaz disso. Por que? porque não possuem mais imaginação; não conseguem construir formas abstratas mentais e muito menos animá-las e muito menos ainda manter o pensamento por um período curto de tempo. Estes exercícios servem para fortalecer a visualização/concentração, que é o primeiro passo dentro do hermetismo e da Capacidade de CRIAÇÃO. Os grandes artistas são capazes de “enxergar” suas obras em suas mentes muito antes de dar a primeira pincelada no papel. Um arquiteto consegue enxergar um edifício no espaço conforme vai traçando suas portas e janelas; um atleta consegue realizar suas acrobacias em sua mente inúmeras vezes antes de executá-la. Um executivo consegue visualizar em sua mente todas as metas traçadas no papel e como cada recurso será administrado em cada etapa do desenvolvimento de um projeto; um médico bem sucedido consegue visualizar em sua mente cada etapa de uma cirurgia e todos os pontos que podem dar errado, bem como o que faria para corrigi-los.

Uma pessoa sem imaginação é um zumbi sem capacidade para criar seu próprio futuro, pois não é capaz de VISUALIZAR suas próprias ações e construções. Um líder é, antes de tudo, um visionário e, por visionário, digo “aquele que visiona”, ou quem é capaz de enxergar através da janela de HEH até a Sabedoria de Hochma. A Visualização é o Exercício básico de HOD, pois ele nos dará o domínio cada vez maior sobre nossas formas.

O Exercício da Vela lida com “limpar a mente” e com “manter a Vontade” em um objetivo. Nestes dias de Twitter e Facebook, a atenção das pessoas está pior que a de um peixe dourado e sua capacidade de focar em um objetivo ou se concentrar está cada vez mais rara. Até mesmo textos grandes como os que eu coloco aqui no teoria da Conspiração ficaram fora de moda… o fácil agora é ficar passivo escutando algum “youtuber” falar e falar… Quando o estudante acalma a mente em sua meditação e limpa os pensamentos, ele começa a identificar o que é um pensamento real e o que é ruído do dia-a-dia. Conforme mantém a concentração por mais tempo, mais facilmente consegue limpar o que não é essencial de seus objetivos.

Alinhamento dos Chakras é um exercício composto de respiração, meditação e visualização criativa que faz com que consigamos nos centrar no AQUI e AGORA do nosso corpo. É um exercício que possui muitas variações e que serve para acalmar a mente de todos os distúrbios do dia-a-dia e pensamentos corrosivos que atrapalham a pessoa de FOCAR naquilo que deseja estudar ou trabalhar. Serve para manter a concentração e limpar pensamentos poluídos.

O Templo Astral é um exercício mental que trabalha ao mesmo tempo a memória, visualização criativa e subconsciente. Ao colocarmos na forma de SÍMBOLOS nossos medos, desejos, problemas e soluções, o Templo Astral nos ajudará a interpretar estes símbolos e a nos conhecer melhor. Nosso “local seguro” onde podemos meditar, estudar e nos acalmar, além de construir formas-pensamento que trabalharão junto conosco em nossos trabalhos práticos. Por exemplo, se você escolhe representar um relacionamento seu com uma árvore plantada no jardim de seu templo, seu inconsciente conecta este símbolo com aquilo que você vivencia no dia a dia. Se o seu relacionamento está ruim, a mente inconsciente automaticamente transforma aquela forma e aquela árvore apresentará problemas, podendo murchar, envenenar-se ou escurecer; por outro lado, se seu relacionamento está fruitivo, a árvore também estará próspera e vistosa. Todos estes símbolos, uma vez colocados em seu templo Astral, operam independente da sua vontade consciente, trazendo do seu interior mais verdadeiros símbolos que seu consciente pode interpretar, por isso é um exercício tão importante manter e trabalhar um Templo Astral.

O Diário Mágico é um nome bacana para o “Journal” que todo cientista deve fazer. Ele traz anotações sobre seu dia-a-dia, como um diário onde você anotará todo o seu progresso no seus estudos, emprego, vida emocional e espiritual. Com ele pode-se acompanhar o próprio caminho e traçar as diferenças entre quem você é hoje e quem você era um ano atrás. Sem o Diário mágico, nossa mente e memórias nos pregarão muitas peças e distorções que acabam atrapalhando o real conhecimento de quem somos.

A Cruz Cabalística e o Ritual Menor do Pentagrama utilizam-se de todos os exercícios acima para traçar um “Local Seguro” astralmente, limpando a área onde você o realiza contra quaisquer interferências astrais, mentais ou emocionais. É o Exercício mais importante dentro do hermetismo pois cria um espaço ideal para meditação e trabalhos dentro de qualquer Egrégora.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/para-que-servem-os-exerc%C3%ADcios-b%C3%A1sicos-do-hermetismo

impertinências?

“Eu não vejo necessidade disso!” Diz um senhor barbudo no meio do pátio. “Pra quê dia de consciência de alguém? Isso muda alguma coisa? As pessoas preconceituosas vão continuar sendo. Não há garantia pra ninguém de que isso realmente mude a posição de alguém.“

O jovem ao lado, negro e cansado do papo, olha o senhor branco e velho e não responde. Sai dali pensativo, sem interesse em dialogar com mais ninguém. Seus antepassados não concordariam com aquilo, nunca! As lutas travadas já poderiam ter sido esquecidas e tudo ter voltado como antes se não fosse a manutenção destas datas simbólicas. Ele sabe disso, poderia até passar horas num discurso frenético com o senhor, mas de que adiantaria mesmo? Nesse ponto ele concorda. Preconceito algum muda por causa disso, mas ocorre algo que o senhor não parecia perceber. Ao determinar que tais datas tenham tanto valor e repercussão os homens tolos, estes cheios de preconceito ao que for, temerão represálias cada vez maiores. E já que eles não conseguem corrigir suas tolices sozinhos, com alguns poucos pensamentos acerca, a leia o oprimirá.

Esse pensamento o deixou cabisbaixo. Nos últimos anos, diante da balburdia da homofobia, ao se deparar com o “dia do homem hétero” ele até sentiu a vontade de rir, mas teve uma impressão ruim. Viu que estes dotados de pouca capacidade ao se tornarem minoria poderiam explodir num frenesi louco para não perderem o “jeito”. Iriam gritar por liberdade de expressão, coisa que ele concorda plenamente, mas até que ponto agredir alguém é liberdade saudável?

Continuou cabisbaixo. Foi andando e sentiu vontade de ir mais a fundo no pensamento. Lembrou-se dos seus estudos esotéricos que o levou ao ocultismo. Lembrou-se de tantos místicos de araque que ele conhecera cheios de rancor e preconceitos. Era muito curioso todo aquele papo de energia positiva e não perdiam a chance de alfinetar um cristão que fosse. Tudo muito contraditório. Quando por fim conheceu e estudou com afinco o ocultismo, sentindo que ali não mais se depararia com esse tipo de atitude viu que estava enganado. “O ser humano é preconceituoso por natureza!” Ele sentiu-se mal com tal afirmação. O que deveria dizer ao seu próprio eu? Tentou imaginar que esteve errado esse tempo ao pensar assim. “Os ocultistas são seres elevados!” E desta vez não segurou o riso. Continuou caminhando debaixo do sol. Assim pensou em tudo o que ele aprendeu nesse tempo todo. Sendo negro, interessado por magia e homossexual. Tudo o que sabia era que ele sentia-se mal todo santo dia. E não era por erro dele. Era uma culpa que não lhe pertencia. O ocultismo sanou parte disso, mas ao ver irmãos agirem de forma tão mesquinha e medíocre ele assustou-se.  Não há topo de pirâmide alguma. Estas já não são os moldes do etéreo. O mundo na verdade nunca foi feito sobre trilhos em linha reta. Por que haveria de haver um deus no trono?

Esse pensamento fora mais devastador ainda. No entanto lembrou-se de um amigo, pelo qual tinha grande sentimento, sentimento este que ele teve que provar que não se referia ao seu lado homoafetivo, de modo algum, para não perder o amigo. Acabou rindo novamente. As pessoas são medrosas demais para se desfazerem de suas certezas. Acham que tudo está determinado, que seres humanos com pensamentos distintos são perigosos. Que o toque do olhar ou da mão vai fazer alguém tornar-se de sal ou de ouro. Essas imagens não são por mero acaso. Cada um dinamiza seu mundo de acordo com suas mais profundas aspirações. Se temem, irão ressecar diante do que estão para perder e endurecerão como estátuas. Se o valor é o mais importante, até o amor terá preço e código de barras numa prateleira qualquer.  Continuou até sua casa. Morava só e não chegou a fazer parte das cotas do governo, coisa que ele não sabia se era bom de fato, mas diante das evidências era necessário um empurrão. Ele lembra o quanto sofreu pra conseguir aprender o que não lhe ensinaram no colégio. Como a falta de acesso à internet o prejudicou por só ter livros velhos e rabiscados de algum estudante branco qualquer.  Como o transporte público era defasado, curioso como público não significa livre de taxas, no hospital eu não pago nada. Ele riu novamente.  Será?!

“A vida está ressentida.” Ele pensa alto. “Ela está sem vigor para mudar.” São tantos termos e moldes para se enquadrar que não existe mais o ir e vir. Ele mesmo já declarou-se não homossexual, várias vezes. Acha o termo esdrúxulo demais. Na verdade ele já apaixonou-se por uma mulher e teve até um filho com ela. “Falta uma árvore e um livro!” pensa ele, mas rapidamente se retraiu no pensamento, sentindo a crítica literária em balbúrdia diante de uma citação tão impertinente. E rindo fechou a porta atrás de si, pensando nos paulos coelhos e nos zumbis dos palmares. Desta vez não fez nenhum banimento como de costume, sentia-se aliviado em ver que verdadeira vontade não tem bula.

Djaysel Pessôa

S.O.Q.C.

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leia também:

Textos para reflexão: carta a um evangélico

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“O homem que é escravo de suas paixões ou dos preconceitos deste mundo não poderá ser um Iniciado; ele nunca se elevará enquanto não se reformar; não poderá, pois, ser um Adepto, por que a palavra ‘Adepto’ significa aquele que se elevou por sua vontade e por suas obras.”

Eliphas Levi

#medo #Preconceito

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/impertin%C3%AAncias

O Problema não é o Problema

O problema não é o problema, mas a incapacidade de prosseguir diante da adversidade. É a perda da possibilidade de transformação, uma decisão puramente interna, que depende apenas de si próprio. Você terá dois interlocutores durante esse processo: o ego que o fará sentir injustiçado, pois tem a certeza que não era merecedor dos difíceis acontecimentos e lhe aplicará a mais insalubre prisão, a vitimização. Do outro lado temos a alma, o espírito eterno que somos, que anseia por evolução e sabe que a covardia não muda a realidade.

A dificuldade é grave? Morte, doenças com sequelas irreversíveis, amores que se vão, falências dolorosas… E daí?… Impossível reverter externamente? Pode ser a Vida sinalizando que as mudanças devem ser dentro de nós.

Não, não é fácil e ninguém falou ao contrário.

Você fala assim porque não foi contigo, gritarão muitos. Não foi, não desta vez. Todos, sem exceção, enfrentam suas batalhas.

Cada um tem os problemas na exata razão da necessidade da sua evolução. O ego do sofredor tem uma dificuldade enorme de entender isto. Afinal somos todos do bem e quase perfeitos, não é assim? Sim e não. Todos caminhamos para a plenitude, porém a estrada é longa e se torna esburacada na medida que o andarilho teima em pisar torto. A falta de entendimento da maneira correta de andar torna a viagem mais difícil e demorada. Quer mudar o Caminho? Basta mudar o seu jeito de caminhar. Entenda que você pode se arrastar ou voar durante a travessia e esta escolha é toda sua. Patas ou asas? Basta que entenda, evolua e transforme a si próprio. As tradições xamânicas, que buscam a sabedoria na natureza, ensinam que essa é a lição da borboleta. O poder é seu.

Simples assim? Sim e não.

Durante algum tempo vivenciei a rotina de um hospital especializado no combate ao câncer. Encontrei pessoas sinceramente felizes, como nunca tinham se sentido antes, por terem contraído a doença. Estranho? Não. A proximidade da morte trouxe um novo sentido à vida, lhes deu clareza no olhar e, então, o motivo para viver. Mudaram os valores, o olhar e a importância de todas as coisas.

Uma amiga querida viu o grande amor de sua vida partir. Após momentos de muita tristeza e revolta, percebeu que a verdadeira felicidade está somente dentro de cada um e rigorosamente em nenhum outro lugar ou pessoa, pois ninguém tem a força e a obrigação de fazer o outro feliz. Só quando nos bastamos, entendemos e amamos a nossa própria companhia, sem qualquer traço de dependência emocional, estaremos prontos para compartilhar a pureza e, mais importante, a verdadeira liberdade do amor com alguém. Sim, só quando entendemos que embora seja maravilhoso estar ao lado de quem amamos, isto não pode ser indispensável para a nossa felicidade. Indispensável para ser feliz é o encontro de você com você mesmo. Essa amiga decidiu aceitar o desafio de desenvolver um outro olhar sobre todas as coisas e sobre si própria, e, só então, viveu a sua verdadeira e grande história de amor. Consigo e com o outro.

Uma família conhecida muito rica foi levada a falência em pouco tempo por diversas decisões erradas e conjunturas macroeconômicas. Alguns membros afundaram em depressão e houve até mesmo caso de suicídio. Outros integrantes descobriram a força de se reinventar e a alegria de descobrir que as melhores histórias são as de superação. Cada um fez a sua escolha. Diante da mesma matéria prima cada artista escreveu a sua obra. O que para uns foi um drama de final triste, para outros foi a mais incrível aventura de suas vidas.

Sim, tudo se resume as escolhas e, preste atenção, fazemos muitas delas no decorrer de um único dia. Por mais absurdo que possa parecer, diante de qualquer dificuldade, procure serenar a mente e o coração. Desespero, medo e raiva são os piores conselheiros. Com calma, coragem e ousadia você em pouco tempo perceberá que tem à disposição todas as ferramentas para enfrentar o problema.

Procure manter o espírito forte aguçando e elevando sempre o seu nível de consciência para enfrentar as dificuldades quando elas surgirem. É bom lembrar que várias situações que já lhe tiraram o sono em passado recente, hoje são irrelevantes em sua memória.

O verdadeiro guerreiro é forte no mental e no espírito. Pois ele é o seu próprio e maior aliado nos grandes embates, assim como é também o seu adversário capital. As principais batalhas são travadas dentro de nós.

O importante é entender que as dificuldades fazem parte da vida, as melhores soluções são as que operamos dentro de nós, pois sinalizam evidentes transformações. Viver é evoluir. Problemas ensinam valiosas lições. São mestres disfarçados.

Publicado originalmente em http://yoskhaz.com/pt/2015/05/18/o-problema-nao-e-o-problema/

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-problema-n%C3%A3o-%C3%A9-o-problema

Abolição da Noção de Pecado

Psicologia do Liber Al: pt3 -Abolição da noção de pecado

A fórmula desta lei é: Faça o que quiser. Seu aspecto moral é bastante simples em teoria. Faça o que você que não significa dizer faça o que desejar, embora implique esse grau de emancipação, que já não é possível dizer a priori que uma determinada ação é “errada”. Cada homem tem o direito – e um direito absoluto – para cumprir sua Verdadeira Vontade “.

-Aleister Crowley, “The Method of Thelema”

Em Thelema, alguém está prescrito para “Fazer o que queres”, e vimos que essa vontade, para ser considerada como “pura” e “perfeita”, deve ser realizada com energia incansável, sem levar em conta o propósito, e sem luxúria por resultado. Um outro desvio ou véu da “vontade pura” é a moral convencional e, em especial, a noção de “pecado”.

Nos termos judaico-cristão-islâmico, o mundo é geralmente visto em termos de bem e de mal, com ações “boas” sendo as que aderem às leis específicas estabelecidas em qualquer livro que seja sagrado e “malvado” sendo o afastamento de tais leis. Thelema é uma filosofia ou um ponto de vista que Nietzsche teria chamado de “além do bem e do mal”. A única restrição em Thelema é restringir ou ser desviado da própria vontade. De fato, a linha logo após o aforismo “Faça o que quiser será a totalidade da Lei” é esta:

“A palavra de Pecado é Restrição”¹

Crowley explica isso sucintamente, dizendo que esta “é uma declaração geral ou definição de pecado ou erro. Qualquer coisa que liga a vontade, a impede ou a desvie, é pecado. “² Aqui está uma visão completamente nova da ética em que o único” mal “é desviar de si mesmo ou, com mais precisão, de sua vontade.

Psicologicamente, quando se desvia dos seus verdadeiros impulsos internos, surge um conflito que geralmente é conhecido como “neurose”. Carl Jung define os distúrbios nervosos como “consistindo principalmente em uma alienação de seus instintos, uma separação da consciência de algum princípios básicos fatos da psiquê “.³ Geralmente, quando ocorre uma ação, pensamento ou tendência surge dentro de alguém e esta é contrária à visão atual que sua sociedade (ou religião) entende o que é” certo “(o “superego” de Freud), a psiquê tende a suprimir e evitar que esses aspectos desagradáveis apareçam na mente consciente. Embora esses pensamentos (por exemplo, para um cristão, o pensamento de realizar um ato homossexual) podem não parecer conscientemente para a pessoa, a mesma tendência exata ainda está dentro do subconsciente e ainda exerce sua influência. Esta supressão de uma tendência natural que tenta adequá-la às expectativas societárias de conduta é a base da “repressão” psicológica.

Em Thelema, essas repressões são entendidas pelo que elas são: repressões das inclinações naturais de um indivíduo. Portanto, se a única lei é fazer o que tu queres,a repressão artificial de si mesmo levaria a uma desastrosa divisão da psiquê e, portanto, à própria vontade. Se o Indivíduo está se desviando da própria vontade quando está criando uma divisão basilar em si mesmo então estará criando “vontades múltiplas” que divergem e conflitam – o que é fundamentalmente uma separação do consciente (com suas muitas noções arbitrárias de “certo e errado”) do inconsciente e instintivo. Thelema reconhece que todos os desvios dessa vontade única, incluindo todas as repressões do instinto natural para se conformar com noções artificiais de conduta moral, levará à repressão, o que conduz inevitavelmente à neurose. Crowley escreveu: “Os thelemitas são ‘nascidos três vezes “; 4 aceitamos tudo pelo que é, sem “a “luxúria por resultados”, sem insistir em coisas que se adaptem aos ideais a priori ou lamentando quando falham em serem assim. Podemos, portanto, “gozar” todas as coisas de sentido e num manter o êxtase de acordo com sua verdadeira natureza”. 5

Uma das aplicações mais evidentes deste dito que “a palavra do pecado é restrição” é em relação à moralidade sexual. Toda religião, sem dúvida, teve inúmeras restrições sobre a vida sexual, especialmente para as mulheres. Liber AL vel Legis proclama que, não só “todo homem e toda mulher … uma estrela”, 6 mostrando sua igualdade essencial, mas, além disso, está escrito para “Também, tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes! “7 Esta linha é estranhamente profética da Revolução Sexual que ocorreu no final da década de 1960, mais de meio século após a redação do Liber AL vel Legis, e também a pesquisa inovadora sobre o sexo por Alfred Kinsey na década de 1940 . Não há restrições,nem mesmo quanto às relações de amor que podem ser consideradas como expressões de homossexualidade, masoquismo ou sodomia, pois, a partir do ponto de vista do Thelemita, uma coisa é “errada” apenas na medida isso desvia da Verdadeira vontade. Como Crowley diz: “Não temos o direito de interferir com qualquer tipo de manifestação do impulso sexual por motivos a priori” 8.

Crowley escreve: “O amor sob vontade” é a lei. Nós nos recusamos a considerar o amor como algo vergonhoso e degradante, como um perigo para o corpo e a alma. Recusamo-nos a aceitá-lo como a rendição do divino ao animal; para nós, é o meio pelo qual o animal pode ser feito a Esfinge Alada que deve levar o homem para a Casa dos Deuses “.9 O instinto sexual foi reprimido sem piedade nas religiões do passado e muitas vezes foi criticado como animalesco ou pecaminoso. Thelema transforma essa idéia de cabeça para baixo ao dizer que não só o sexo não é vergonhoso ou degradante, é a função natural de um ser humano e, se for de acordo com sua verdadeira vontade, eles deve expressá-la (e não de acordo com algum conjunto de regras pré estipuladas).

Crowley resume todos esses sentimentos quando ele proclama: “Deveria ficar bem claro com as observações precedentes de que cada indivíduo tem um direito absoluto e exequível de usar seu veículo sexual de acordo com seu próprio caráter e que só ele é responsável por si. “10 Psicologicamente, esta é uma rota saudável a tomar, pois “a repressão sexual leva à neurose e é a causa da inquietação social “11. Alfred Kinsey encontrou em sua pesquisa sobre a sexualidade que “o desejo sexual é um desejo básico e biológico, impulso ou instinto que exige satisfação … se a unidade sexual (do sexo masculino) tiver negado nos canais legítimos, encontrará satisfação em ilegítimos” (ou seja, estupro, abuso sexual de crianças, etc.)”, a repressão do desejo sexual pode levar a problemas físicos ou doença mental e “neurose” especialmente nas mulheres … [e] a necessidade de sexo é tão básica quanto a necessidade de alimentos “.12 Neste prisma, parece que Thelema nos deu uma estrutura adequada para agir sem medo de “doenças físicas ou mentais ” derivadas de nossas inclinações sexuais.

Essencialmente, proclamando “a palavra do pecado é restrição”, Liber AL vel Legis diz que toda restrição ou repressão da vontade é o único “mal” ou “pecado”. 13 Sabemos que “a repressão da satisfação natural pode resultar em além de vícios secretos e perigosos que destroem sua vítima porque são aberrações artificiais e não naturais “.14 A idéia de restrição se estende, obviamente, além da moral sexual, mas tem repercussões claras e óbvias nesse assunto e, portanto, era necessário entrar nesse aspecto específico em detalhes.

Sinceramente, os adágios de “Fazer o que você quer” e “a palavra do pecado é a restrição” se aplicam a toda a moralidade. A citação que começa este capítulo explica sucintamente isso, em termos simples, que “já não é possível dizer a priori que uma determinada ação é” errada “. Cada homem tem direito – e um direito absoluto – de cumprir sua Verdadeira Vontade”. Crowley escreve ainda que “não há” padrões de direito “. Ética é disparate. Cada Estrela deve seguir sua própria órbita. Para o inferno com “princípio moral”; não há tal coisa “.15 Nesse sentido, Thelema mostrou que não existe um padrão absoluto de certo e errado; Existe apenas um padrão relativo de certo e errado em relação à natureza e circunstância que sãp únicas de cada pessoa – sua vontade única.

“Na realidade, o bem e o mal não são diferentes uns dos outros. “Bom” e “ruim” são apenas termos convencionais. Dependendo de como é usado, o mesmo pode ser “bom” ou “ruim”. Tome, por exemplo, essa luz da lâmpada. Por causa da sua queima, somos capazes de ver e fazer várias benesses; Este é um modo de usar a luz. Agora, se você colocar os dedos nele, eles serão queimados; Esse é outro modo de usar a mesma luz. Portanto, é claro que uma coisa se torna boa ou ruim de acordo com a maneira como a usamos. O mesmo acontece com a virtude e o vício. Em termos gerais, o uso adequado de qualquer das faculdades de nossa mente e corpo é virtude, e seu uso indevido é o vício “.

-Swami Vivekananda

Crowley, Aleister. Liber AL vel Legis, I:41.

2 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:41.

3 Jung, Carl. “The Soul and Death” from Collected Works of C.G. Jung, volume 8: The Struture and Dynamics of the Psyche, par. 808.

4 Uma refencia thelemica para as categorias ‘nascido’ and ‘renascido’ como elucidade por William James em seu livro The Varieties of Religious Experience.

5 Crowley, Aleister. The Law is For All, II:22.

6 Crowley, Aleister. Liber AL vel Legis, I:3.

7 Crowley, Aleister. Liber AL vel Legis, I:51.

8 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

9 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

10 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

11 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:52.

12 Cablan, Pat & Caplan, Patricia. The Cultural Construction of Sexuality, p.72.

13 Mas, há de se notar que em Thelema, a noção de “pecado” nunca chega na definição que os Cristão ou Muçulmanos pois não há o Pecado Original nem o Julgamento das suas ações no outro mundo.

14 Crowley, Aleister. The Law is For All, I:51.

15 Crowley, Aleister. The Law is For All, II:28.

16 Vivekananda, Swami. Conversation: Saturday, January 23, 1898. Recorded in Bengali by Surendra Nath Sen in his private diary. Complete Works, vol.5: 337.

Link texto original: https://iao131.com/2013/02/26/psychology-of-liber-al-pt-3-the-notion-of-sin-abolished/

Tradução:Mago implacavel

Revisão: (não) Maga patalógica

#Thelema

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/aboli%C3%A7%C3%A3o-da-no%C3%A7%C3%A3o-de-pecado

Iniciação no Novo Aeon: Abrace o Mundo

3) Adote do Mundo

Nota: originalmente escrito em 14 de abril de 2009

“Aprecie todas as coisas do sentido e do êxtase …” – Liber AL vel Legis II: 22

Descobrimos que o Eu Verdadeiro com o qual nos identificamos na Iniciação está além da dualidade de Vida e Morte (parte 1), bem como da dualidade do Bem e do Mal (parte 2). Agora unimos ainda outra divisão, com um abraçar do mundo físico, “mundano”. Outra dicotomia comum (pelo menos no Ocidente) que dividiu a psique do homem é Espírito versus Matéria, ou Sagrado versus Profano.

No mundo antigo e medieval, a concepção predominante do universo era a de uma terra abaixo e os céus acima. As pessoas concebiam a lei dos Céus como perfeita e a [da] Terra como degradada. Isaac Newton foi uma das principais figuras que ajudou a preencher a lacuna entre o Céu e a Terra. Ele afirmou que a força que faz com que os objetos caiam na Terra é a mesma força que faz com que os objetos celestes se movam em suas órbitas: a gravidade. Simbólica e literalmente, Newton disse que os céus e a terra não têm leis separadas, mas, sim, que obedecem a uma lei. Além disso, agora sabemos que os céus não estão acima de nós, mas que nos cercam por todos os lados. Não há separação entre a Terra “mundana” e os “Céus espirituais”: a Terra está literalmente imersa nos Céus.

No Novo Aeon, afirmamos que “[t]odo homem e toda mulher é uma estrela” (Liber AL I: 3). No nível físico, todos nós somos literalmente feitos de algo de estrelas (ou “pó estelar[nt:stardust]”), como Carl Sagan gostava de notar, mas há um significado mais importante aqui. Nuit – que diz de si mesma “Eu sou o Céu” (Liber AL I: 21) – é um símbolo do Espaço Infinito no qual estamos todos imersos. Cada estrela – cada indivíduo – é o centro de autoconsciência e de expressão do Céu na Terra. Crowley escreve: “Saiba firmemente, ó meu filho, que a verdadeira Vontade não pode errar, porque este é o vosso curso designado no Céu, em cuja ordem está a Perfeição” (Liber Aleph, “De Somniis [delta]”). Em um sentido importante, isso afirma que nós também estamos em um curso perfeito através do Céu, assim como as estrelas celestiais estão. No Novo Aeon há um “desvelamento da companhia do céu” (Liber AL I: 2): cada homem e cada mulher. Cada um de nós é Deus, Estrela percorrendo seus Caminhos únicos no Céu. Crowley comenta: “[O] Panteísmo de AL: [o] Livro da Lei mostra todas as coisas como Deus” (“Comentário de Djeridensis”) e “[a] ‘companhia do céu’ é a Humanidade, e sua ‘desvelação’ é a afirmação da Divindade independente de cada homem e cada mulher!” (A Lei é Para Todos).

A partir de todas estas considerações é fácil ver que no Novo Aeon, não só o Verdadeiro Ser transcende a dualidade Céu e Terra/Espiritual e Mundano, como não há, essencialmente, nenhuma distinção entre eles. A Terra não é uma prisão, mas um Templo onde o sacramento da Vida pode ser decretado; o corpo não é corrupto, mas um vaso pulsante e próspero para a expressão da Energia; o sexo não é pecaminoso, mas um condutor misterioso de prazer e poder, bem como uma Imagem da natureza extática de toda a Experiência.

Na verdade, o adotar o mundo, e até mesmo um abraçar extático, naturalmente vem da perspectiva cosmológica do Novo Aeon. “A existência é pura alegria” (Liber AL II: 9) no Novo Aeon (e não pura tristeza como alguns senhores hipocondríacos e muitos pessimistas têm sugerido). Também nos é dito, “a Verdade do universo é deleite” (A Visão e a Voz, 17 Aethyr). Isto é porque a Imagem Cosmológica do Novo Aeon é que todas as Experiências são atos de Amor entre Formas Infinitas (“Nuit”) e Forças Infinitas (“Hadit”).

“Hadit, que é o complemento de Nuit [‘o infinito no qual todos nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser’] (…) é energia eterna, o Movimento Infinito das Coisas, o centro absoluto de todo ser. O Universo manifesto surge do casamento de Nuit e Hadit; sem isso, nada poderia existir. Esse eterno, essa festa de casamento é, então, a natureza das próprias coisas; e, portanto, tudo o que é, é uma cristalização do êxtase divino. (“Liber DCCCXXXVII: The Law of Liberty”)

Assim, no Novo Aeon vemos cada experiência como a união alegre entre Forma e Força, Espaço Infinito e Movimento Infinito. O próprio mundo é uma expressão da Divindade e, portanto, não há razão para se retirar dele na Iniciação do Novo Aeon. Assim como devemos transcender as dualidades de Vida e Morte e Bem e Mal, devemos transcender a dualidade do Céu e Terra, Sagrado e Profana. Fomos informados no 19º Aethyr da Visão e da Voz: “Adorai todas as coisas; pois todas as coisas são igualmente necessárias ao Ser do Todo”. Esta idéia de adorar todas as coisas, e não fazer uma distinção entre” espiritual “e” mundano”, leva à Fórmula da Mulher Escarlate.

“A Fórmula da Mulher Escarlate” refere-se a uma certa atitude para com o mundo. A Mulher Escarlate é tradicionalmente associada à imagem de uma prostituta, que simbolicamente representa “aquela que permite qualquer coisa e tudo em si mesma”. A imagem oposta é a de uma mulher casta que se fecha e não permite qualquer contato íntimo com qualquer coisa ao redor de si. Crowley escreve: “O Inimigo é este Fechamento de coisas. Fechar a Porta é impedir a Operação de Mudança, isto é, o Amor (…). É este ‘fechamento’ que é horrível, a imagem da morte. É o oposto de Devir, que é Deus” (A Lei é Para Todos). A prostituta é uma imagem de Mudança e um abraçar de todas as coisas sem distinção; a mulher casta é uma imagem de Estagnação e a separação de todas as coisas. A mulher casta também é, portanto, uma imagem do ego que se recusa a desistir de sua pretensão de ser “Rei da Montanha” (o Verdadeiro Eu é o “Rei” por direito e o ego seu ministro, mas o ego insiste em reivindicar este [primeiro] título). Assim como uma mulher casta não se permite ter relações íntimas com os outros, o ego não se permitirá dissolver-se no não-ego, no resto do mundo, para que o indivíduo se torne Um (além de dualidades). Como mencionado na parte 1, (…) “o trabalho de cada pessoa é a liberação da identificação com o ego e a consequente identificação com Hórus, Aquele que transcende a vida e a morte (e todas as dualidades)”. Somos, então, uma “mulher casta” se recusamos a liberar a identificação com o ego e se insistimos em um mundo de divisão (isto é, um mundo de ego versus mundo ou não-ego). Este é outro exemplo do simbolismo “avesso” ou “sinistro”, que é frequentemente usado no Novo Aeon: o símbolo da estagnação é uma mulher casta (sendo a castidade uma “virtude” nos Velhos Aeons) e o símbolo de crescimento e mudança é uma prostituta (promiscuidade/sensualidade sendo um “vício”/”pecado” nos Aeons Antigos). Em resumo: a Fórmula da Mulher Escarlate se aplica a todo indivíduo (não apenas às mulheres) e refere-se à atitude de aceitar todas as coisas em si mesmo, recusando nada e crescendo por meio de sua assimilação. Crowley escreve: “Este é um conselho para aceitar todas as impressões; é a fórmula da mulher Escarlate; mas nenhuma impressão deve ter permissão para dominá-lo, apenas para frutificá-lo; assim como o artista, vendo um objeto, não o adora, mas cria uma obra-prima a partir dele” (The Book of Lies, capítulo 4). Portanto, aceitamos todas as coisas, mas nem por isso nos tornamos um recipiente passivo e sem vida que é golpeado por forças externas; ao contrário, devemos permitir que todas as coisas “nos frutifiquem”. Todos nós aceitamos todas as coisas, mas também transformamos essas coisas para a realização de nossas Vontades. Aqui está uma ilustração deste ponto: um compositor musical não negligencia um dó sustenido em trítono(famoso diabolus in musica) como “profano” ou “não digno”, mas aceita todas as notas como dignas e bonitas em si mesmas, mas isso não significa que sua música consistirá em bater todas as teclas em uma vez. Pelo contrário, ele seleciona [algumas] entre as possíveis notas, organiza-as de acordo com sua visão e produz uma composição particular. A mesma idéia é verdadeira para a Mulher Escarlate, pois a Fórmula da Mulher Escarlate é a aceitação de todas as coisas, não importa se elas são “impuras” ou “mundanas”. Crowley enfatiza: “Eu exorto-o a ter cuidado com o orgulho do espírito, do pensamento de qualquer coisa como mau ou imundo. Faça com que todas as coisas te sirvam na tua Magia [causando Mudança em conformidade com a Vontade] como armas” (“Comentário de Djeridensis”).

Em suma, no Novo Aeon, não evitamos as coisas do mundo ou o próprio mundo com medo de ser “não-espiritual”, “profano” ou “mundano”. Pelo contrário, cada indivíduo está imerso no Céu, como uma Estrela entre Estrelas. No Novo Aeon, cada indivíduo proclama: “Todas as coisas são sagradas para mim” (“Liber A’ash, linha 29), e decreta “a Fórmula da Mulher Escarlate”, recusando nada e aceitando tudo. Assim, cada indivíduo vem a encarnar a união (e [seus] frutos) entre Céu e Terra.

“Vede! Estes que são graves mistérios; pois também existem [os dos] meus amigos que são eremitas. Agora não penseis em encontrá-los na floresta ou na montanha; mas em camas de púrpura, acariciados por magníficas mulheres selvagens com grandes membros, e fogo e luz em seus olhos, e massas de cabelo flamejante ao seu redor; lá vós os encontrareis. Vós os vereis no comando, em exércitos vitoriosos, em todo o prazer; ehaverá neles um prazer um milhão de vezes maior que este. ”

– Liber AL vel Legis, II:24

Amor é a Lei amor sob vontade

Link original: https://iao131.com/2010/08/16/new-aeon-initiation-embrace-of-the-world/

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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/inicia%C3%A7%C3%A3o-no-novo-aeon-abrace-o-mundo