Velho novo ano

Novos ciclos parecem novos casamentos ou novas vidas e cabe de fato tais associações.

No entanto o que cabe do novo ano que vem do velho que foi? O que se levantou?

Do tarot retiro a torre. Caindo em pedaços que nunca chegam ao chão. Dela vejo que do passado ainda ficam os escombros. E é tentando ver o que se aproveita deles que partimos em busca do novo. Aceitar que velhas somas já não resultam nos mesmos significantes é parar e aceitar que foi de fato você a dar o nó no pé. Mas o universo é justo e só implica em novas marés cósmicas quando das antigas só se tem agora o espaço que faziam delas algo mais que um vento no rosto. E qual será a próxima carta? Não retiro, mas imagino um carro entristecido por ver o tempo que se depositou em coisas que já não são, mas pode ser  fácil a justiça enclausurada em seu modus operandi.

O que virá ainda está implícito no vácuo novo, mas quantas vezes somos de fato capazes de realmente pegar o carro e partir. Ainda vejo a tristeza ligando os passos aos escombros e os corpos virando sal. De que será feito este sal? Não importa, já não se faz contas quando somos estátuas.

E iludindo-nos caminhamos vendo não só carros, vendo um mundo renovado do qual só fazemos imaginar. As mãos enfraquecidas pela falta de uso tremem só de pensar. É cansativo demais perceber que ainda nem levantou, precisa tirar alguns pedaços de parede de cima do corpo doído. Vai ver é assim que se vê uma página de um diário antigo, rasgada em meio à poeira. Relacionando claramente a sexta sephira ao sol. Quando?

Todos nós somos uma estrela, e lá nós somos perfeitos. Mas essa perfeição é enfadonha e cansativa tendo em vista que quando paramos de chorar tudo tem gosto de vida. Conhecer distoa do acreditar, em pontos, estes, que passam despercebidos e vemos o quanto de coisas depositamos tempo e energia para agora não serem praticamente nada. Vamos destronar os velhos  feitiços, para que novos possam ser idealizados. Mas feitiço por feitiço dá em que? Ainda continuamos como a justiça, só que com a venda a amarrar as mãos. E a espada aonde estará? Não conseguimos ver… os olhos não aguentam sentir a luz a incidir neles. Estamos no escuro do medo que ainda segura os pés nos deixando de ponta-cabeça.

É de fato angustiante ver o caminho que se tem a frente sem ao menos poder pensar no que se precisa sacrificar ainda. Mas a casa não caiu? O que de fato ainda falta? Aceitar que do velho temos o novo é aceitar que este velho já não nos acompanha. É soltar a sacola cheia de defuntos presos às canelas e alçar voou, agora, mais leve. Ver que num dia como n’outro o novo que se inicia é mais que simbólico, é sonho entremanhado na carne que dói. Deste que pode ser realidade.

É quando deste mesmo tarot retiro o mago seguido do louco dinamizado pela ciência maior a construir reinos internos quando acordamos no julgamento. Já não somos os mesmos. E olhar no espelho é algo bom. Mesmo tendo tido tantos erros nesse tempo. E nossa alma enfim encara a morte a dividir os bens. Sabe-se lá pra quem.  Assim reencontramos a força de abrir leões. E percebemos que a floresta da noite nunca acaba num muro ou portões, estes estão quebrados e longe, na velha torre desmanchada de tempos idos.  Assim abrimos acampamento ali mesmo rodeados pelos nossos monstros que não mais nos assustam esperando o sol mostrar que mesmo eles sabem sorrir.

Mas ainda se sente frio na barriga, é claro… somos humanos ainda. É quando cai das mãos o resto das cartas que ainda estavam sendo levadas, pois já não importa a cara, importa a mão a reagrupa-las e relança-las para a brincadeira eterna que é ser vivente.

Sonha criança, escuto eu agora, palavras vindas daquela estrela. Sonha correndo no mundo real atrás de alcançar teus sonhos, pois eles já são reais. Pois você é real. É quando pego da mesa aquele instrumento magnetizado. Realço seu poder envolvendo meu sentimento nele. Rasgo na poeira do altar os traços necessários. Retirei a mão doente, respirando aliviado. Posso agora de fato conduzir o carro, desde que se solte a tempo o instrumento magnetizado. Pois cada passo a seu tempo no compasso.

E neste novo ciclo que já se apresentou à todos fica o espaço das coisas que foram soltas do passado. E dos objetos que temos percebemos que o que de fato importa mesmo é o espaço a não ter fim.

Que seja feita a verdadeira vontade. Assim no interno como no externo. Desde que esta mesma vontade seja esse “ser” do qual inflamos tanto o peito a dizer ouriçados: somos nós! Somos nossos.

“Eu sou aquele que é.”

Djaysel Pessôa

S.O.Q.C.

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#Tarot

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/velho-novo-ano

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