Por Enfys J. Book.
Minha jornada de identidade como pessoa não binária e bissexual está entrelaçada com minha jornada espiritual com a Cabala Hermética. Em meu livro, Queer Qabala: Nonbinary, Genderfluid, Omnisexual Mysticism & Magick (A Cabala Queer: Magia e Misticismo Omnisexual, Gênero Fluido e Não-Binário), mostro várias maneiras pelas quais a Cabala é inerentemente queer e como usar a Árvore da Vida como uma autêntica lente queer e ferramenta espiritual para experiências e ritos de passagem queer.
Aqui estão cinco maneiras pelas quais a Cabala me ajudou pessoalmente, afirmando minha identidade bissexual não-binária.
1. A Cabala mostra que você não pode assumir a identidade de gênero ou expressão de gênero de alguém apenas pelo nome.
Cada esfera (ou Sephiroth) na Árvore da Vida tem um nome hebraico masculino ou feminino. Mas o gênero do nome de cada esfera nem sempre combina com o lugar se está no pilar masculino ou feminino, qual imagem mágica está associada a ela ou quais correspondências mitológicas ou astrológicas ela possui. Por exemplo, Netzach é um nome masculino e está no pilar masculino, mas está associado a Vênus e sua imagem mágica é a de uma bela mulher nua. Enquanto lutava com nomes e rótulos, era reconfortante perceber que a Árvore da Vida às vezes também é inconsistente com identidade e expressão.
2. O Pilar do Meio mostra o poder do não-binário.
A Cabala tem um pilar masculino e um pilar feminino (também conhecidos como pilares de força e forma, ou misericórdia e severidade), mas há um terceiro pilar entre eles, o pilar do equilíbrio. Em vez de identificar o pilar do meio como uma espécie de “terceiro gênero” com uma expressão definida, o pilar do equilíbrio harmoniza e cria coisas novas a partir das energias dos outros dois pilares. Como não experimento meu gênero não-binário como estando no meio de um continuum masculino-feminino, mas como algo em um eixo totalmente separado, adoro como o pilar do equilíbrio é retratado na Árvore da Vida.
3. Na Árvore da Vida, cada esfera é fluida de gênero.
Assumindo que a chamada energia “masculina” é projetiva e a energia “feminina” é receptiva, cada esfera age como masculina e feminina quando observamos como a energia flui pela Árvore da Vida. Por exemplo, Kether projeta energia para ser recebida por Chokmah, que por sua vez projeta essa energia para ser recebida por Binah, e assim por diante. Minha identidade de gênero pode ser fluida às vezes, então isso é muito afirmativo para mim.
4. Cada esfera também é bissexual.
Continuando o fio do ponto anterior sobre os fluxos de energia na Árvore da Vida, cada esfera interage com uma esfera vizinha se comportando de maneira masculina/projetiva, e com a outra esfera vizinha se comportando de maneira feminina/receptiva. Em outras palavras, está sempre se conectando energeticamente com uma esfera de atuação masculina e feminina. Mais uma vez, sinto-me muito afirmado por isso!
5. Na Cabala, o ser (ou a natureza) queer (queerness) é divino.
A totalidade da Árvore da Vida nasce da centelha divina originada em Kether, a esfera da unidade absoluta com a fonte de tudo, o projeto do potencial. Nada existe em Malkuth que não tenha iniciado sua jornada na fonte divina e, portanto, tudo é divino, incluindo todas as pessoas queer.
Você já teve alguma experiência conectando identidades e experiências queer com a Qabala? Eu adoraria ouvi-los nos comentários.
Se você gosta deste texto, confira meu blog em MajorArqueerna.com.
BÔNUS: Quer aprender mais sobre queer magick (a magia queer)? Recomendo muito o livro da minha amiga Misha Magdalene, Outside the Charmed Circle: Exploring Gender and Sexuality in Magical Practice (Fora do Círculo Encantado: Explorando Gênero e Sexualidade na Prática Mágica). Foi fundamental na escrita do livro Queer Qabala (A Cabala Queer)!
Sobre o autor(a):
Enfys J. Book é um membro do clero não-binário e bissexual na Assembly of the Sacred Wheel (Assembleia da Roda Sagrada), e o Sumo Sacerdote da Fellowship of the Ancient White Stag (Irmandade do Antigo Coven do Cervo Branco) perto de Washington, DC. Enfys estuda Cabala desde 2012 e ministra aulas de prática mágica desde 2015, inclusive apresentando na Sacred Space Conference (Conferência do Espaço Sagrado).
Sobre o livro:
Queer Qabala, Nonbinary, Genderfluid, Omnisexual Mysticism & Magick ( A Cabala Queer: Magia e Misticismo Omnisexual, Gênero Fluido e Não-Binário), Enfys J. Book, prefácio de Christopher Penczack:
Ramifique-se das interpretações antiquadas da Árvore da Vida
A Cabala Hermética é uma estrutura rica para entender a nós mesmos, nossos trabalhos mágicos e o universo, mas descrições desatualizadas muitas vezes obscurecem sua natureza intrinsecamente queer e não binária. Com metáforas e escolhas de palavras atualizadas e afirmativas, este guia torna mais fácil para qualquer praticante entender e trabalhar com a Árvore da Vida.
Enfys J. Book convida as pessoas queer a se verem nesta prática esotérica e oferece uma variedade de caminhos, exercícios e feitiços para aprofundar sua compreensão de cada uma das dez esferas (sephiroth). Este livro também mostra às comunidades mágicas como co-criar espaços e estruturas mais amigáveis e acessíveis a todos. Com uma compreensão moderna e inclusiva da Cabala, você pode aprimorar sua magia, expressar plenamente sua identidade e vencer os desafios da vida.
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Fonte:5 Ways Qabala Affirms My Nonbinary, Bisexual Identity, by Enfys J. Book.
Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.
Postagem original feita no https://mortesubita.net/cabala/5-maneiras-pelas-quais-a-cabala-afirma-minha-identidade-bissexual-e-nao-binaria/