Devoradores de Maçãs

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Parte final da série “A ciência da inspiração” ver parte 1 | ver parte 2

Metáfora: Figura de linguagem em que há a substituição de um termo ou conceito por outro, criando-se uma dualidade de significado.

Um dos mitos mais conhecidos da humanidade trata de jardim do Éden, onde os primeiros humanos criados por Deus, a sua imagem e semelhança, viviam imortais, ociosos e aparentemente felizes. Isso foi até que eles resolveram comer os frutos (o mito fala em maçãs) da árvore do conhecimento do bem e do mal, da qual Deus havia alertado que eles não deveriam comer, ou conheceriam a morte. E o resto todos já sabem: Deus ficou furioso e os expulsou do Éden apenas com alguns trapos feitos de couro de animais, pois que agora um se envergonhava da nudez do outro. E Adão e Eva povoaram o mundo, muito embora o pecado de Eva tenha nos amaldiçoado por muitos e muito anos, até que Jesus veio pagá-lo para nós.

Joseph Campbell, grande estudioso do assunto, dizia que “o mito é algo que nunca existiu, mas que existe sempre”. Ele provavelmente queria dizer que os mitos tratam de verdades que existem fora do tempo, ou seja, que existem sempre. Todo grande mito da humanidade fundamenta-se em uma ou mais dessas verdades, dessa partícula de essência que emana da eternidade. Foi exatamente por isso que os sábios antigos tiveram o cuidado de popular suas histórias com vários desses mitos. Eles sabiam, certamente, que muitos aldeãos e camponeses ignorantes de sua época iriam interpretar tais histórias ao pé de letra, de forma literal – mas sem dúvida também tinham a esperança de tocar a alma dos outros sábios que viriam a Terra em épocas posteriores.

O mito do Éden é repleto de metáforas. Talvez a mais interessante delas seja exatamente o paradoxo do pecado pelo qual Eva foi condenada. Ora, antes de devorar a maçã, ela era sem dúvida ignorante do conhecimento (seja do bem, seja do mal). Se nunca houvesse comido o fruto proibido, estaria ociosa e imortal, por toda eternidade, em um jardim onde poucas coisas interessantes acontecem – mas seria feliz, acredita-se. Animais ignorantes também são “felizes” vivendo no meio selvagem; Entretanto, as pressões do meio-ambiente nunca os deixaram relaxar: na guerra do sofrimento e da fome, mesmo em meio a sua “felicidade”, presas e predadores lutaram pela sobrevivência por longos e longos anos. Não fosse por essa pressão da natureza, talvez a Terra estivesse até hoje populada por hominídios, ou nem mesmo isso, por roedores e outros pequenos mamíferos…

Pois foi exatamente quando adquiriu à consciência e o conhecimento do bem e do mal que o ser humano se tornou quem é. Por um lado, portanto, a metáfora do fruto proibido é apenas uma história fantasiosa, por outro, é uma explicação surpreendentemente avançada para a época em que foi escrita. Será que os rabinos judeus tinham ideia de que estavam a antecipar um dos grandes mistérios da evolução das espécies? Será que tinham pleno conhecimento daquilo que escreviam talvez guiados pela pura intuição? Acredito que a resposta não esteja nem tanto lá, nem tanto cá. Certamente os sábios antigos tinham noção de que lidavam com assuntos sagrados, e que os estavam passando adiante “cifrados” em metáforas dentro de mitos. Mas da mesma forma eles certamente tinham consciência de que não tinham como saber tudo, e é exatamente por isso que passavam tais símbolos para as gerações futuras – como uma mensagem numa garrafa arremessada no oceano, a espera de alguma praia onde existam seres mais sábios para decifrar seus enigmas.

Nós já ficamos com nós na cabeça ao abordarmos o conceito de programação genética. E, da mesma forma, já consideramos com carinho a possibilidade da mente humana ser o resultado da interseção de módulos mentais (naturalista, técnico e social). Além disso, também falamos sobre como a neurologia compreende a criatividade: o foco mental em novos estímulos e ideias, em fluxo e trocas constantes com as ideias que já dominamos em nossas respectivas artes ou disciplinas… Ora, em posse dessas informações, talvez o processo misterioso dos algoritmos genéticos não seja mais tão insondável.

Vamos falar, por exemplo, de poesia: da mesma forma que gerações de algoritmos se digladiam no meio-ambiente do problema a ser resolvido, todos os estímulos que os poetas enviam para suas mentes – através de seus olhares sempre atentos aos menores detalhes da natureza à volta – nada mais são do que algoritmos em busca da solução de sua próxima poesia. A grande diferença é que, ao contrário dos programadores, os poetas geralmente sequer tem ideia de qual é o problema a ser resolvido – de certa forma, para eles, as soluções chegam junto com os problemas, embora nenhuma solução seja realmente a derradeira, e todos os problemas sejam quase sempre infinitos. Nessa batalha mental travada por estímulos ambíguos e aparentemente sem relação uns com os outros, ninguém sai derrotado, pois o fruto é sempre uma nova legião de metáforas. E estas maçãs são divinas, jamais proibidas… Os poetas são verdadeiros devoradores de maçãs!

Vejamos uma dessas “soluções”, pelo grande poeta místico, Gibran Khalil Gibran:

Na floresta só existe lembrança dos amorosos
Os que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram,
seus nomes são como letras dos nomes dos criminosos
Conquistador entre nós é aquele que sabe amar
Dá-me a flauta e canta!
E esquece a injustiça do opressor
Pois o lírio é uma taça para o orvalho e não para o sangue

Neste belo trecho do poema “A floresta”, é impossível chegar a uma compreensão efetiva do que o poeta quis dizer sem usar ao menos parte de nossa emoção e nossa intuição juntamente com nossa razão… Mesmo assim, ficará sempre aquela dúvida se realmente compreendemos todo o bem e todo o mal deste belo fruto da inspiração de Gibran. O lírio é uma taça para o orvalho, e não para o sangue – quantas e quantas interpretações e conceitos contidos em apenas uma frase.

Há ainda outros poetas que conseguem inserir metáforas dentro de metáforas dentro de ainda outras metáforas… Quando Fernando Pessoa diz que “o poeta é um fingidor, finge ser dor a dor que deveras sente”, ele está nos trazendo para uma análise existencial da qual a solução jamais será algo racional, objetivo, tal qual 2+2=4. Nesse sentido, é possível que os algoritmos genéticos sejam extensões de nossa racionalidade, aplicadas a problemas descobertos por nossos cientistas e matemáticos, e que tudo o que fazem é poupar seus cérebros de rodar trilhões de cálculos, antecipando uma solução que em séculos passados seria inviável. Entretanto, na poesia pode ser mais depressa ainda: a solução chega junto com o problema. A diferença é que na poesia a solução jamais será final, e após termos devorado todas as maçãs do Éden, teremos de sair nós mesmos em busca de mais conhecimento – ainda que o velho barbudo tenha se esquecido de nos expulsar…

Muito do debate acerca da existência de Deus se resume ao ancião das metáforas do antigo testamento bíblico – sim, pois o Deus de Jesus é sempre um coadjuvante, que intervém apenas por emanação de pensamentos, e não de forma “direta”. Esses debates se parecem mais com debates entre crianças que brincam em uma praia – uma delas constrói um castelo de areia e diz que “esta é a cidade de deus”… Enquanto outras crianças com senso crítico mais desenvolvido esperam as ondas da maré chegar e destruir os castelos, e então bradam convictas: “Viram! Não lhes disse que este deus tinha pés de barro?”.

Ora, mas e se o reino de Deus estiver em sua volta? E se ele abarcar não só os castelos de areia, como cada grão de areia da praia, e cada gota de água do mar, e cada nuvem e cada pássaro a planar pelo céu, e cada sol a flutuar pelo Cosmos, e cada partícula a bailar por nosso cérebro e nossa alma?

Einstein dizia que “a ciência sem a religião é manca; a religião sem a ciência é cega”. Ora, um dos grandes cientistas de nosso tempo, em sua maturidade, defendia uma “religiosidade cósmica”, baseada na presença de um poder racional superior, revelado no universo ainda oculto ao conhecimento da ciência. Muitos outros cientistas e filósofos foram teístas, deístas, panteístas, agnósticos, etc. Para quem possuí muita ciência, fica muito difícil apostar que tudo o que há surgiu do nada como numa “passe de mágica cósmico”. No mínimo, é preciso admitir que tal questão não pode ser compreendida hoje, e talvez jamais possa… De qualquer forma, pela lógica, também se faz necessário concordar com Espinosa (como Einstein, aliás, concordou) quando este afirma em sua “Ética” que “uma substância não pode criar a si mesma”…

E se Deus for um grande programador cósmico? E se nós formos parte dos algoritmos divinos que ele inseriu em sua criação? E se no núcleo de cada átomo, nos filamentos de cada DNA, em cada um de nosso neurônios, nas partículas etéreas de nossa alma, não estiverem inscritos códigos sagrados que ditam que este Cosmos nada mais é do que um problema em solução? E se formos nós mesmos os personagens e co-criadores desta poesia infinita? Navegando dentre raios cósmicos e poeira de estrelas, é impossível participar deste problema sem estarmos encharcados de Deus por todos os lados e a todos os momentos…

O reino de Deus sempre esteve a nossa volta. Nós jamais fomos expulsos do Éden. Tudo o que falta é compreendermos isso – que o Éden jaz, antes de mais nada, em nossa consciência… E que Deus ou o Cosmos jamais foram uma solução, jamais uma muleta na qual pudéssemos nos acomodar, mas sim um grandioso problema que vem sendo solucionado passo a passo, inspiração por inspiração. Nós devoramos uma maçã de cada vez…

Na floresta não existe nem rebanho, nem pastor

Quando o inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primavera

Os homens nasceram escravos daquele que repudia a submissão

Se ele um dia se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharão
Dá-me a flauta e canta!

O canto é o pasto das mentes,

e o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastor

Gibran Khalil Gibran, trecho de “A floresta”.

***

Crédito das fotos: [topo] Guto Lacaz (exposição “Einstein no Brasil”); [ao longo] Marcos Homem

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

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#Religião #Mitologia #Ciência #Criatividade #poesia

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/devoradores-de-ma%C3%A7%C3%A3s

4 Deuses Lovecraftianos mais poderosos que Cthulhu

Lovecraft é um autor que não precisa mais apresentações. Hoje poucos não conhecem esse fantástico universo criado por sua mente poderosa e alimentado por seu talento literário e mais tarde explorado por muitos outros autores que também contribuiram grandiosamente com histórias macabras das entidade mais horrendas que já habitaram a imaginação humana.

Porém, poucas pessoas compreendem a profundidade deste universo e em especial, a vasta profundidade do panteão e personagens cósmicos no qual, Cthulhu ocupa o primeiro lugar em popularidade, mas não em poder. Sua fama lhe deu o status de ser mais poderoso nos canários lovecraftanos, mas um conhecimento mais aprofundado deste universo revelará seres ainda mais terrivelmente poderosos.

Porque então seria Cthulhu o mais famoso destes seres tão maiores que a humanidade? Simples porque ele vive na Terra. Está dormindo no fundo do nosso oceano. Além disso está destinado a ser o carrasco de tudo aquilo que é, tudo aquilo que foi e tudo aquilo que poderá ser em nossa esfera. Contudo disso resulta que essa entidade de 10 quilometros de altura não é nem maior, nem mais poderosa e nem mais relevante e nem tão pouco o que ocupa o lugar mais alto na pirâmide de deuses do universo lovecraftiano.

De fato, espalhado por todo universo Cthulhu tem incontáveis colegas, inimigos e hermanos e seres em geral que estão em seu mesmo nível de grandiosidade. E vários níveis acima estão os deuses como os Grande Antigos que são sem exagero, milhões de vezes mais poderosos e importantes do que ele. Comparar estes deuses com Cthulhu é como comparar uma formiga com um Mamute. Uma brisa com um furação.

Vamos pinçar aqui pelo menos quatro deuses lovecraftianos mais poderosos que Cthulhu:

Shub-Niggurath

Como toda entidade poderosa que existe desde os tempos imemoriais e que sobrepassam em tudo a criação deste mundo, Shub-Niggurath foi conhecida por muitos nomes, em muitas eras e em muitos mundos diferentes, adorada em alguns e temida em outros. Um deste nomes é a ‘Cabra Negra do Bosque com Dez Mil Crias’.

Criada pelo mestre em 1928 para o conto ” A Útima Prova” essa horrível deusa nunca foi descrita com muitos detalhes. Artistas e mentes criativas ao redor do mundo tomaram para si o desafio e a liberdade de representá-la adequadamente com a pouca informação que há sobre ela. Mais tarde,  descrições foram feitas por outros autores como Robert Bloch e Ramsey Campbel e então aceitas como consenso pelos leitores e fãs, tornando-se consagradas no universo lovecraftiano.

“Uma enorme massa nebulosa da qual sobressaem tentáculos negros, bocas escorrendo saliva e apêndices curtos e retorcidos.” Sem dúvida, seu título que sobressai de seus nomes e que fala sobre nada menos do que 10 mil crias não é gratuito nem tão pouco despropositado. Shub-Niggurath é uma deusa da fertilidade e constantemente da a luz a criaturas grotescas de indisiveis realidades..

Um de seus muito cultos que floresceram no planeta Terra ergueu a ela um templo colossal em sua honra, e conta-se que quando lhes invocava aparecia como uma divindade que atravessava um portal dimensional e com uma de suas muitas boca engolia seu sacerdote favorito para vomitâ-lo como formas desfiguradas como a de um sátiro, mas tendo como recompensa a vida eterna.

Como muitos monstros de Lovecraft, Shub-Niggurath transcendeu seu criador e até hoje, várias décadas depois de sua criação é mencionada em histórias de terror de muitos autores diferentes, incluindo Stephen King em seu conto “Pesadelos e Alucinações”. Sendo parte dos Grandes Antigos Shub-Niggurath foi redescoberta na era moderna graças ao Necronomicon, livro fictício criado por Lovecraft que faz menção a ela em uma frase impronunciável “Ia! Shub Niggurath!”

Sendo objeto de culto universal em incontáveis planetas, e recebendo a adoração de infinitas civilizações e raças inferiores, incluindo muitas das encarnações humanas de civilizações já esquecidas, Shub-Niggurath, e uma onda tsunamica de bocas, pústulas e vaginas parindo sem parar é assim vai para o quarto lugar de nossa lista.

Nyarlathotep

Para todos os entendidos em mitologia lovecraftiana Nyarlathotep é sem dúvida um dos mais malígnos, mais perigosos e mais terríveis deuses com quem qualquer pessoa racional pode ter a infinita e hórrida desgraça de encontrar. E a razão é simples: Seres como Cthulhu, Shub-Niggurath e mesmo os outros que ainda serão listados neste artigo, são descritos como criaturas extraterrestres de idades imortavelmente incompressíveis  para o intelecto humano. Com milhões de anos e tecnologia tão avançada que é confundida com magia, e cujo poder é tal que são temidos como deuses. Aos seus olhos a existência humana é microscópica e a forma como a mente humana funciona, seus anseios e moralidade são por definição incompatível com a forma como pensam. Como a vida de um ácaro é para nós. Por esta razão, Nyarlathotep é muito especial entre os deuses, pois é um dos poucos, senão o único, que tem certo grau de compreensão da mente humana e assim pode fazer coisas que os outros deuses não podem,  como por exemplo conversar com pessoas ou adquirir a forma humana.

Se você acredita que o que foi dito antes é algo bom, lamento desapontar. Não é bom.  Nyarlathotep entende realmente a moralidade humana, mas escolheu mal. Terrivelmente mal. Ele é cruel, ruim e extremamente poderoso. Ele pode conduzir qualquer um a loucura não apenas com seu poder psiquico, mas com sua mera aparência. Com ele a escola lovecraftiana ganhou seu ímpeto mais sinistro que impera até os dias de hoje nas mentes criativas. Um exemplo é Zalgo, um mito nascido na internet mas indubitavelmente influênciado pela figura de Nyarlathotep.

Criado em 1920 por Lovecraft, Nyarlathotep apareceu pela primeira vez em um poema que leva seu nome. Ele não é um dos Grandes Antigos mas pertence a categoria dos Outros Deuses mais baixos. Contudo,  seu poder está muito acima do de Cthulhu. Diz-se que Nyarlathotep têm mil formas distintas, o que é simplesmente uma forma de dizer que pode adotar a aparência que quiser. Seus avatares variam muito, dependendo se ele quer destruir por completo, torturar, fascinar ou simplesmente conversar para induzir você a um destino que provavelmente, será muito obscuro.

Já foi relatado como um imperador egípcio, um homem elegante com o poder de controlar animais, uma monstruosidade de vários quilometros de altura com uma língua gigante no lugar da cabeça, como um furacão de ventos negros, uma mulher chinesa obesa, ou simplesmente, como um deus sem rosto.

Por sua presença entre humanos é talvez o mais adorado deus cósmico da terra. Existem muitas seitas que o adoram sob vários nomes espalhadas pelo mundo, especialmente na África, e muitas delas já foram destruídas por ele depois que perderam suas utilidades. Para algumas pessoas a presença deste ser nefasto em nosso planeta foi de fato a origem de todos os mitos de deuses malignos, desde Ahrimam e Seth até o inexplicavelmente mal Diabo cristão. Sem dúvida,  Nyarlathotep é o deus mais perverso, malicioso e maldoso de todo panteão lovecraftiano.

Azathoth

Azathoth é conhecido na mitologia lovecraftiana por ser o mais poderoso dentre todos os deuses. Azathoth é tão reconhecidamente poderoso, que os mais versados nas narrativas lovecraftianas estranharão ele não estar no topo de nossa lista. Peço que tenham um pouco de paciência. Conheçamos esta terrível entidade cósmica.

Este deus é descrito como o Caos Nuclear, não porque tenha qualquer coisa relacionada com energia atômica, mas porque na palavra nuclear está implícita a palavra núcleo, ou seja, principal, essencial. Diz-se que ele criou acidentalmente o universo e quando despertar o destruirá com a mesma facilidade com que lhe originou.

Criado em 1919, Azathoth apareceu pela primeira vez em uma simples nota de papel de lovecraft, onde escreveu Azathoth – o nome horrível. Era óbvio que lovecraft havia tido uma ideia para uma história que alguns anos depois viraria seu livro “A busca onírica por Kadath”.

A posição de Azathoth está sem sombra de dúvida acima de todas as outras, inclusive de todos os outros Grandes Antigos, sendo descrito como “O motor principal do caos, a antítese da criação, o Sultão retardado de todos os demônios. Aquele que morde, geme e baba no centro do vazio final e absoluto.”

É descrito como um Deus idiota pela simples razão de que carece de qualquer raciocínio. Assim, as vezes, é difícil descrevê-lo como uma deidade, pois se trata de uma força suprema do cosmos e assim é chamado de o Caos Criativo e Infinito do Universo. O Deus Supremo dos mitos de Cthulhu não faz a mínima ideia do que está fazendo. É perturbador como isso explica melhor o cosmos indiferente e insano que vemos daqui de baixo.

Dizem que ao seu redor dançam o resto dos deuses mais antigos, seguindo as suas dementes melodias, entre eles ninguém menos que Shub-Niggurath e Nyarlathotep. A presença de Azathoth vem acompanhada do som de uma flauta, que sem dúvida tocará a melodia que causará o fim, não apenas da desprezível raça humana, mas de toda a criação.

Yog-Shothoth

Sendo que o universo é uma sopa intragável criada por acidente por um ente cósmico chamado Azathoth, o que pode sobrar de mais poderoso para um deus lovecraftiano? Bom, esta é uma questão de opinião, mas não se confundam, o deus que está em primeiro lugar é extremamemente poderoso. Após conversar com pessoas versadas na mitologia lovecraftiana, comparar dados, pesquisar e ponderar muito não tenho dúvida que o primeiro lugar deve ir a Yog-Shothoth.

Criado em 1927 pelo mestre Lovecraft, nascendo na obra “O Caso de Charles Dexter Ward”, Yog-Shothoth é descrito com as seguintes palavras, que não deixam nenhum espaço para dúvidas sobre sua posição de destaque: “Ele é a Chave e a Porta.”, “Além do mais além.” “O morador do Umbral” e o “Um em tudo e o tudo em um.”

Descrito como um conglomerado de esferas de esplendor maligno que podem ser tanto do tamanho da abobada celeste, ou de tamanhos infinitos, é uma entidade que representa o Espaço e o Tempo, o Infinito, e que assim pode existir para além deste mesmo Universo

Yog-Shothoth tudo vê e tudo sabe. Ele enxerga com clareza não apenas todos os universos, mas também todos os pontos de vista de cada um destes universos. Desta era, das eras passadas, das eras antes dos tempos e de todas as que estão por vir. Não se sabe se os cultistas que tentam agradá-lo, realmente o agradam mediante rituais ou se levam a cabo experimentos praeter-naturais e tem vislumbres de coisas muito além da capacidade de entendimento humano
Yog-Shothoth é transcedente a tudo que existe, inclusive possui alguns deuses que são como apêndices de Yog-Shothoth ou avatares menores,  como é o caso de Zathog, que tem o poder de viajar livremente pelo espaço e pelo tempo. Em  O horror de Dunwich,  Lovecraft como um narrador onisciente, descreve este ente supremo como “A porta, o guardião da porta e a chave dela mesma”, “O passado, o presente e o futuro convergem a ele.. Ele sabe como e quando tudo acontece, sabendo inclusive como foi o princípio de tudo. Isso não é pouco, mas não é tudo. Ele sabe também como e quando será o final e quantos ciclos de tudo e nada houveram antes e haverão depois.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=mKtlvdQnn_E

DrossRotzank

Postagem original feita no https://mortesubita.net/lovecraft/4-deuses-lovecraftianos-mais-poderosos-que-cthulhu/

A Cabalá e as Reencarnações

“Não é possível entender a Cabalá sem acreditar na eternidade da alma e suas reencarnações”
(Rabi Arieh Kaplan)

Com o nome de Transmigração de Almas (em hebraico Guilgul Neshamot), todos os praticantes do judaísmo, especialmente as correntes ortodoxas – como o hassidismo (aqueles caras que andam de casacos e chapéus pretos) – e cabalistas acreditam que, após a morte, a Alma reencarna numa nova forma física. O conceito da reencarnação consta nos livros Sefer-Há-Bahir (Livro da Iluminação) e no Zôhar (Livro do Esplendor). Ambos atribuem grande importância à doutrina da Reencarnação, usada para explicar que os justos sofrem porque pecaram em uma vida anterior. Nele, o renascimento é comparado a uma vinha que deve ser replantada para que possa produzir boas uvas.

A “Transmigração” emprestou um significado novo a muitos aspectos da vida do povo judeu, pois o marido morto voltava literalmente à vida no filho nascido de sua mulher e seu irmão, num casamento por Levirato. A morte de crianças pequenas era menos trágica, pois elas estariam sendo punidas por pecados anteriores e renasceriam para uma vida nova. Pessoas malvadas eram felizes neste mundo por terem praticado o bem em alguma existência prévia. Prosélitos do judaísmo eram almas judaicas que se haviam encarnado em corpos gentios ou pagãos. Ela também permitia o aperfeiçoamento gradual do indivíduo através de vidas diferentes.

O Zôhar afirma ainda que a redenção do mundo acontecerá quando cada indivíduo, através de “Transmigração das Almas” (Reencarnações), completar sua missão de unificação. Ele nos diz que o termo bíblico “gerações” pode muito bem ser substituído por “encarnações”.

Baseado nestes conceitos, os cabalistas desenvolveram a sua própria interpretação sobre a aliança que Deus fez com Abraão e sua semente. Deus disse: “Estabelecerei o meu concerto entre mim e ti, e a tua semente depois de ti, nas suas gerações, por concerto perpétuo. Acreditavam que Deus havia feito esta aliança com a semente de Abraão não apenas por uma vida, mas por milhares de encarnações”.

Para os que não acreditam na visão da Cabala, o Antigo Testamento apresenta várias referências sobre a Reencarnação, como por exemplo no Gênesis (Bereshit) , numa tradução fiel ao hebraico:

Quanto a ti, em paz irás para os teus pais, serás sepultado numa velhice feliz. É na quarta geração que eles voltarão para cá, porque até lá a falta (ou erro, ou delito) dos amorreus não terá sido pago (Gênesis 15:15-16)

Isso é o cumprimento da Lei do Karma e da reencarnação, como já havia falado Deus no livro de Êxodo:

Não te prostrarás diante deles e não o servirás porque Eu, Iahvéh teu Deus, sou um Deus zeloso, que visito a culpa dos pais sobre os filhos, na terceira e quarta geração dos que me odeiam, mas que também ajo, com benevolência ou misericórdia por milhares de (infinitas) gerações (encarnações) , sobre os que me amam e guardam os meus mandamentos (Êxodo 20:5-6)

Esta é uma tradução fiel ao hebraico, infelizmente não encontrada em algumas Bíblias, que traduzem erroneamente él kaná (Deus zeloso) por Deus ciumento e tornam o Velho Testamento objeto de incompreensão e chacota. Mas isso não é o pior. Vejam a tradução da mesma passagem feita pela Bíblia João Ferreira de Almeida:

Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.

Todas as bíblias trocaram NA terceira geração… por ATÉ a terceira geração…, o que dá a falsa idéia de que Deus pune o mal dos pais nos filhos e netos, quando na verdade são os pais que reencarnam como netos, para pagar o que devem até o último ceitil. Óbvio que isso dos bisnetos não é uma regra (Até porque os pais geralmente estão vivos para serem avós). É antes de tudo um modo de dizer que o espírito vai ser recebido na mesma família, o que acontece com muita freqüência (dependendo, claro, da missão de vida de cada um). Famílias são núcleos problemáticos justamente porque é nelas que você vai pagar seus débitos com o passado, com pessoas que você prejudicou, enganou, matou. Pois se estes viessem como amigos, seria fácil evitá-los, e você nunca se harmonizaria com eles. É por isso que inimigos costumam vir na mesma família, e por isso Jesus deu tanta atenção ao irmão neste versículo:

Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo. e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno. Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar (forma de agradecimento a Deus) , e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.
(Mateus 5:22-24)

Os atuais Rabinos também sabem muito sobre os tempos atuais e a situação dessa nossa geração. O Rabi Shamai Ende escreveu, na revista Chabad News de Dez 98: “O conceito de Guilgul (reencarnação) é originado no judaísmo, sendo que uma alma deve voltar várias vezes até cumprir todas as leis da Torah. Na verdade, cada alma tem dois tipos de missões nesse mundo. A primeira é a missão geral de cumprir todas as mitsvot da Torah. Além disso, cada alma tem uma missão específica. Caso não tenha cumprido a sua, a Alma deve retornar a este mundo para preencher tal lacuna. Somente pessoas especiais sabem exatamente qual é sua missão de vida.

Existem também encarnações punitivas para reparar alguma falha cometida numa vida anterior. Neste caso, a alma pode reencarnar até mesmo no corpo de um não-judeu, de animal ou planta.

Atualmente é um pouco diferente, por estarmos vivendo na última geração do exílio e na primeira da gueulá (redenção), conforme já anunciado pelo Rebe. Maimônides escreve Leis de Techuvá (Retorno ao Judaísmo) onde a Torah prometeu, no final do exílio, que o povo fará Techuvá e imediatamente será redimido. Assim, as almas dessa geração, que vivenciarão a futura redenção, não mais passarão por reencarnações, devendo retificar o quanto antes tudo o que deve ser feito para aproximar a vinda de Mashiach (Messias).”

O Rabino Yossef Benzecry da Sinagoga Beit Chabad, do Recife, confirma a crença na vida após a morte:

O Judaísmo não crê que a vida acabe com a morte. Pelo contrário, a morte, dentro da concepção judaica, é uma continuação desta Vida, se bem que num plano diferente: o plano da alma. Conseqüentemente, a morte conduz, necessariamente, à vida da alma. Segundo a doutrina judaica, é muito difícil fazer-se uma idéia de como é a Vida no Além-túmulo, por ser algo que ultrapassa todas as concepções do cérebro humano. Vivendo esta Vida, presos no solo do mundo, não temos qualquer oportunidade de imaginar o que se passa na outra, tornando-se muito difícil conceber algo que nunca provamos.

Exemplificando, seria a mesma coisa que tentar explicar a alguém o gosto de uma fruta desconhecida. Para tanto, ter-se-ia de usar artifícios de linguagem, como comparações com algo que se aproxime rio sabor da fruta, o que se tornaria complexo e difícil.

Passagens da Bíblia que as outras religiões deturpam para esconder a Reencarnação:

Salmo 19:8, em Hebraico transliterado: “Torát Iavéh temimáh mshibat nefésh. ‘edut Iavéh neemanoáh machkimat péti”.

Tradução: “O ensinamento de Deus é perfeito, faz o espírito voltar. O testemunho de Deus é verdadeiro, transforma o simples em sábio.”

No entanto, a tradução feita pelas seguintes bíblias alteram o sentido original da reencarnação:
– Bíblia Protestante da SBB (Sociedade Bíblica do Brasil): “A Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma.”
– Bíblia Mensagem de Deus (Edições Loyola): “A lei do Senhor é sem defeito, ela conforta a alma.”
– Bíblia de Jerusalém (Edições Paulinas): “A lei de Iahvéh é perfeita, faz a vida voltar.”

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Salmo 23, em tradução do hebraico: “Adonai é meu pastor, nada me faltará. Em verdes pastagens me fará descansar. Para a tranqüilidade das águas me conduzirá. Fará meu espírito retornar, e me guiará por caminhos justos, por causa do seu nome. Ainda que eu caminhe pelo vale da morte, não temerei nenhum mal, pois tu estarás comigo. Teu bastão e teu cajado me confortarão. Diante de mim prepararás uma mesa, na presença dos meus provocadores. Tu ungirás minha cabeça com óleo; minha taça transbordará. Certamente, bondade e benevolência me seguirão, todos os dias da minha vida. E voltarei na casa de Adonai por longos anos.”

Na tradução feita pela Bíblia católica do Centro Bíblico Católico (Editora Ave Maria) a idéia de retorno é suprimida:

“O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Em verdes prados ele me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes, restaura as forças de minha alma. Pelos caminhos retos ele me leva, por amor do seu nome. Ainda que eu atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estás comigo. Vosso bordão e vosso báculo são o meu amparo. Preparais para mim a mesa a vista dos meus inimigos. Derramais o perfume sobre minha cabeça, transborda a minha taça. A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias da minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias.”

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Ezequiel 37:11-14: “E disse a mim: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos estão secos e está perdida a nossa esperança. Por isso, profetiza e dize-lhes: Assim diz Adonai, o Senhor Deus: Eis que eu abro vossas sepulturas e vos farei sair delas, ó povo meu e vos reconduzirei à terra de Israel. Saberão que eu sou Iahvéh quando eu abrir os vossos túmulos e vos elevar de vossas sepulturas, ó povo meu. E dei sobre vós o meu espírito e revivereis e reporei a vós sobre a vossa terra. E eles saberão que eu sou Iahvéh, disse isto e fiz o oráculo de Iahvéh.”

OBS: Observe que Iahvéh (Deus) fecha o sentido de renascimento, mostrando que os ossos simbolizam o povo de Israel e que ele fará reencarnar a todos, retirando-os dos seus túmulos e fazendo-os voltar reencarnados à sua terra. Ele (Deus) não fala que os retiraria na ressureição do último dia, mas que os retiraria da sepultura, fazendo-os renascer e para voltar à terra de Israel, e não aos céus. Aqui não existe dúvida sobre a Reencarnação e esclarece sobre a inexistência de um último dia para a ressureição, pois Deus fala: “Reporei a vós sobre a vossa TERRA”, portanto, voltar à terra não é ressuscitar e sim reencarnar.

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Jó 8:8-9: “Pergunta às gerações passadas ou primeiras e medita a experiências dos antepassados. Porque somos de ontem, não sabemos nada. Nossos dias são uma sombra sobre a terra.”

Aqui está uma recomendação de que devemos buscar, no passado, em outras vidas, as causas do nosso sofrimento. Se não lembra de ter na presente vida corporal cometido faltas que justifiquem o seu sofrimento, pergunte às gerações passadas e lá estará com certeza a resposta ao seu questionamento, uma vez que a vida na matéria, impede-nos, como uma espessa sombra, a lembrança de vidas anteriores. Deus, em sua infinita misericórdia, apaga as nossas lembranças para afastar de nós o remorso pelo delito praticado no passado, para podermos evoluir e conviver em paz com nossos semelhantes.

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Eclesiastes 1:4: “Geração vai e geração vem e a terra sempre permanece”.

Explica o Rabino Akiba este versículo no livro “BAHIR” da seguinte maneira:

Um rei tinha escravos e ele os vestiu com roupagens de seda e cetim, de acordo com sua capacidade. O relacionamento se rompeu e ele os expulsou, os repeliu e tirou deles suas roupagens. Eles, então, seguiram seus próprios caminhos. O rei tomou as roupagens, as lavou bem, até não haver nelas uma única mancha. Colocou-as com seus comerciantes, comprou outros escravos e os vestiu com as mesmas roupagens.

Não sabia se os escravos eram bons ou não, mas eram (pelo menos) dignos das roupagens que ele já possuía, as quais já haviam sido usadas anteriormente. É o mesmo que Eclesiastes 12:6: “O pó retorna a terra como era, mas o espírito retorna a Deus, que o deu”.

Este exemplo do Rabino Akiba explica tudo: as roupas de seda e cetim com que o rei vestiu os escravos são os corpos sadios que Deus dá a cada um de nós dos quais muitos abusam. Então Deus os toma e deixa que cada um siga o seu próprio destino, escolhido pelo seu livre-arbítrio. Deus então escolhe outros corpos e neles coloca estes mesmos espíritos, através da Reencarnação, segundo a necessidade de evolução de cada um.

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O livro da Sabedoria é atribuído a Salomão, embora saibamos que se trata de uma ficção literária (foi escrito 900 anos depois da morte dele). O desconhecido autor deve ter escrito para os judeus que falavam grego e viviam fora da Palestina, provavelmente no Egito. Foi escrito entre os séculos IV e I antes de Cristo e só é aceito pelos católicos, como já vimos em capítulo anterior, no entanto, apresenta conceitos referentes ao Carma e à Reencarnação.

No capítulo 8:19 vemos: “Eu era um jovem de boas qualidades, coubera-me, por sorte, uma boa alma; ou antes, sendo bom, entrara num corpo sem mancha”.

Aqui está claro que o autor acreditava que a alma existe antes do corpo. Por ser boa, a alma entrou num corpo imaculado ou sem mancha como vemos no texto. E perguntamos: Se a alma nunca tivesse encarnado antes num corpo terreno, como e onde teria se tornado boa? O autor dá a entender que as atitudes de uma existência anterior acompanharam o espírito e se acumularam nas diversas existências pregressas.

Estes conceitos estão de acordo com a crença e os princípios judaicos que. falando de família, dizem : “Eu vim para uma família grande” (ani bá lamishpahá gadol) e não “eu sou de uma família grande”, como os ocidentais costumam dizer. A idéia é que eles escolheram a família ainda no mundo espiritual, como fala Deus em Jeremias 1:5: “Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; e antes que saísses do útero materno, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações pagãs.”

Se alguém tiver desconfiança quanto às traduções do original hebraico, sugiro consultar nas melhores livrarias a Torah (Velho Testamento) que contém o original e ao lado a tradução correta pro português.

Publicado originalmente no blog “Saindo da Matrix”, do Acid0

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-cabal%C3%A1-e-as-reencarna%C3%A7%C3%B5es

‘Manifesto Jesus Freak

1 – Nós propomos que, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, não nos deixemos limitar pela religião. Os primeiros inimigos de Cristo foram os altos sacerdotes do Templo. O primeiro amigo de Cristo foi um louco que gritava no deserto.

2 – Nós propomos que as Escrituras são a mais alta autoridade cristã. Portanto devemos nos esforçar para compreendê-las muito mais do que nos esforçamos para aceitar a forma que nossos ancestrais a compreenderam. O mundo dos homens muda a cada instante. O mundo de Deus permanece o mesmo para sempre.

3 – Nós propomos que cada cristão tenha o mesmo credo essencial de Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Martinho Lutero, William J. Seymour, Martin Luther King e ainda assim sejam livres para expressar sua fé de sua própria maneira especial, assim como o fez cada um destes cinco homens.

4 – Nós propomos que ninguém tem o direito de dizer que uma pessoa não será salva em Cristo, uma vez que a hora cabe ao Pai e a salvação cabe ao Filho. Assim, ainda que o próximo viva em escândalo você não deve se escandalizar.

5 – Nós propomos que os livros de orações sejam deixados de lado por um tempo. Talvez seja difícil usufruir de nossa liberdade de expressão em um primeiro momento, mas seremos recompensados com uma relação mais intima e próxima com Deus. Por muito tempo temos usado de maneira pobre o nosso missal. É hora de orarmos mais e irmos menos à missa.

6 – Nós propomos que devemos nos preservar um pouco dos hinários e livros de salmos. Eles são lindíssimos, mas nossa mente precisa respirar e perceber que está vivendo em uma época nova e radiante. Devemos compor novas músicas com novas letras, que sejam atuais e de acordo com nossa época. Não existe nenhum problema em cantar as glórias antigas, mas há uma infinidade de glórias novas aguardando e clamando para serem cantadas.

7 – Nós propomos nos libertarmos da arquitetura do passado criando novos espaços para nossos cultos. Derrubemos as igrejas e templos para não haver mais a separação entre irmãs e irmãos, entre crentes e ateus, entre humanos e resto da criação. Chamemos de volta a todo aquele que expulsamos de nossas igrejas: os infieis e os piores pecadores! A Casa de Deus não é uma casa de desespero. Chamemos todos de volta, ainda que continuem pecando para sempre.

8 – Nós propomos que descubramos como os avanços tecnológicos de nossa época podem ser usados para a glória de Deus. “Frutificai e multiplicai-vos” nunca foi um desejo ligado única e exclusivamente ao sexo. “Eis que saiu o semeador a semear” nunca foi restrito as praças públicas. Deus nos presenteou com tecnologias que nossos antepassados sequer sonharam poder existir. Está na hora de aceitarmos essa graça e fazer bom uso dela. Vamos organizar oficinas e mostrar como a arte e a ciência podem fazer parte de nossas festas e nossos exercicios de contemplação.

9 – Nós propomos o uso do intercâmbio cultural para enriquecer nossa literatura litúrgica com materiais até então ignorados por nossos cultos tradicionais. Há uma abundância de sabedoria e beleza nos textos considerados apócrifos pela igreja medieval, nas escrituras sagradas de outras crenças e mesmo na poesia secular que podem e devem ser usados em nossa liturgia para atingirmos um propósito estético superior ao atual.

10 – Nós propomos que em um mundo dominado pela mídia onde o uso da imagem supera o do texto, os cristãos devam fazer uso das figuras mais fortes, corajosas e chocantes possíveis. O cinema, a televisão e mesmo intervenções urbanas devem ser usados. Não há lógica em mostrar o caminho, a verdade e a vida usando imagens piegas, meia luz e baixa resolução.


Sentindo-se freak? Conheça Jesus Freak: o Guia de Campo para o Pecador Pós-Moderno


 

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/jesus-freaks/manifesto-jesus-freak/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/jesus-freaks/manifesto-jesus-freak/

O Vedanta

O Vedanta é a parte final dos Vedas, escritura sagrada hindu de mais de 5000 anos. O Veda é dividido em quatro partes: Rig-Veda, Yajur-Veda (fórmulas ritualísticas), Samaveda (versão reorganizada de alguns hinos do Rig-Veda) e o Vedanta. A mais antiga sistematização de que se tem notícia foi feita pelo sábio Vyasa, há mais ou menos 3300 anos.

Poderíamos resumir alguns tópicos de interesse do Vedanta:

1) O Universo sempre existiu e sempre existirá, num eterno vir-a-ser cíclico, passando por periodos de expansão e de dissolução (Pralaya).

2) O Universo não teria sido “criado” por Deus, assim como o entendemos na tradição judaico-cristã, entendimento que gera uma relação dual sujeito-objeto, criatura-criador. Nas palavras de Vivekananda, “O nosso termo sânscrito para criação, traduzida apropriadamente, deveria ser projeção, e não criação.” O Universo, pelo pensamento Vedanta, foi projetado por Deus, uma “idéia divina” que progressivamente se densifica até se materializar. Segundo essa idéia, estamos dentro do “pensamento de Deus”. Maya, na filosofia vedantina, é especificamente “a ilusão sobreposta à realidade como efeito da ignorância”.

3) Quanto a Deus, existiriam duas conotações diferentes: o do Princípio Único (Brahman) e o do causador da manifestação dos mundos (o Deus pessoal, gerente dos mundos de Maya, que chama-se Iswara, em sânscrito). Vivekananda explica:
“Existem duas idéias de Deus nas nossas escrituras (hindus) – uma, pessoal, e a outra, impessoal. A idéia de um Deus Pessoal é que Ele é o criador onipresente (Iswara), preservador e destruidor de todas as coisas, o Pai e Mãe do universo, mas Alguém que está separado eternamente da gente e de todas as almas; e a libertação consiste em se aproximar Dele e viver Nele. Mas existe outra idéia do (Deus) Impessoal, onde todos os adjetivos são supérfluos […] O que é Brahman? Ele é eterno, eternamente puro, eterno desperto, todo-podereoso, onisciente, piedoso, onipresente, sem forma (…) Nos Vedas não utilizamos a palavra “Ele”, mas “Isto”, pois “Ele” irá fazer uma distinção individual, como se Deus fosse um homem (…) Este sistema é chamado de Advaita. E qual é a nossa relação com este Ser Impessoal? É que nós somos Ele. Nós e Ele somos Um. Cada um é apenas uma manifestação deste Impessoal, o fundamento de todos os seres, e a miséria consiste em pensar na gente como diferente deste Infinito Ser Impessoal; e a libertação consiste em saber da nossa unidade com esta maravilhosa Impessoalidade. Estas são, em resumo, as duas idéias de Deus que encontramos nas nossas escrituras (hindus). Alguns destaques devem ser feitos aqui. É somente através da idéia de um Deus Impessoal que podemos ter qualquer tipo de ética. Em todas as nações a verdade tem sido dita desde os tempos mais remotos – ame seus semelhantes como a você mesmo – quero dizer, ame os seres humanos como a você mesmo. Na Índia, isto tem sido dito assim, ‘ame todos os seres como a você mesmo’; nós não fazemos distinção entre homens e animais (…) vocês compreendem isso quando aprendem que o mundo inteiro é único – a unicidade do universo – a solidariedade de todo o ser vivo – que, ao ferir alguém, eu estarei ferindo a mim mesmo, ao amar alguém, eu estou amando a mim mesmo. Então nós entendemos o porquê de não devermos ferir aos outros.”

Referência: A cosmologia dos Vedas (universo, criação, etc) em inglês

#Hinduismo

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‘O Livro dos Espíritos

Allan Kardec, em 1860

Anunciamos, na primeira edição desta obra, a publicação futura de uma parte suplementar. Seria composta de todas as questões que não encontraram lugar naquela edição, ou que circunstâncias ulteriores e novos estudos tivessem originado. Como, porém, são todas relativas a uma ou outra das partes nela já tratadas, das quais são o desenvolvimento, sua publicação isolada não teria feito nenhuma sequência. Preferimos, assim, esperar a reimpressão do livro, para fundir tudo num mesmo conjunto. É o que agora fazemos. Aproveitamos para conferir à distribuição das matérias uma ordem bem mais metódica, ao mesmo tempo em que suprimimos tudo o que estava repetido. Esta reimpressão pode, pois, ser considerada uma obra nova, embora os princípios não tenham sofrido nenhuma alteração, com um pequeno número de exceções, que são antes complementos e esclarecimentos do que verdadeiras modificações. A coerência dos princípios expostos, não obstante a diversidade das fontes em que os buscamos, representa fato importante para o estabelecimento da ciência espírita. Nossa correspondência mostra que comunicações idênticas em todos os pontos, ao menos quanto ao fundo, foram obtidas em diferentes localidades, e isso mesmo antes da publicação de nosso livro. Ele veio confirmá-las e dar-lhes corpo regular. A história, por sua vez, prova que a maioria desses princípios foram proferidos pelos mais eminentes homens dos tempos antigos e modernos, trazendo-lhes, assim, a sua sanção.

O ensino relativo às manifestações dos Espíritos, propriamente ditas, bem como aos médiuns, forma uma parte distinta da filosofia espírita, podendo constituir objeto de um estudo especial. Havendo recebido desenvolvimentos bastante expressivos em consequência da experiência adquirida, acreditamos ser nosso dever fazer dele um volume separado, contendo as respostas dadas a todas as questões concernentes às manifestações e aos médiuns, além de numerosos comentários sobre o Espiritismo prático. Essa obra será a continuação ou complemento do Livro dos Espíritos.

PARTE I – DAS CAUSAS PRIMÁRIAS

PARTE II – DO MUNDO DOS ESPÍRITOS

PARTE III – DAS LEIS MORAIS

PARTE IV – DAS ESPERANÇAS E CONSOLAÇÕES

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O Festival Opet, no Egito

Festival Opet, no Egito, celebrando o casamento sagrado de Ísis e Osíris. Ísis foi a mais completa deusa conhecida na história da humanidade, venerada durante milênios. Foi durante o reinado de Ísis e Osíris no Egito que as bases e a estrutura da verdadeira civilização foram criadas. Seu culto se difundiu em outros países, dentre eles, principalmente, o Império Romano. O festival Opet marca o ciclo anual das enchentes do Rio Nilo; por Ísis ser uma deusa da vida e da fertilidade, suas benções eram invocadas com celebrações grandiosas e cerimônias sagradas.

Dia consagrado à estrela Sirius ou Sothis, da constelação de Canis Major, chamada também de Canopis ou Olho do Cão. Acreditava-se que Sirius aparecia no leste, na época das inundações do Rio Nilo, para anunciar o renascimento de Osíris. Anúbis, o deus com cara de chacal, guardava a alma de Osíris na estrela Sothis até seu renascimento anual.

Em Roma, celebrava-se a união de Vênus, a deusa da beleza feminina e do amor, a Apollo, o belo deus da luz solar e da poesia.

Comemore sua união criando um ritual pessoal, reverenciando o Deus e a Deusa Interior, reforçando e selando, assim, os laços de amor, compreensão, apoio e colaboração recíproca. Se você estiver passando por uma fase de frieza em sua relação, peça à estrela Sirius que ajude seu amor a renascer e renovar-se.

#Egito #Festividade #Mitologia

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‘Dicionário Infernal – Infaernalea Dictionariis

Morte Súbita Inc. pretende oferecer o melhor e mais completo guia de demonologia em português da internet. Esta é uma compilação crescente de entidades demoníacas, organizados por ordem alfabética com referências extras para cada ser catalogado, com fornecimento de material adicional sempre que possível.

É importante notar que os textos descritivos vieram de muitos lugares diferentes mas em sua grande maioria provém de autores católicos, protestantes e outros monoteístas de crença semelhante. Por esse motivo, você vai notar que entre demônios é possível encontrar deuses de outras crenças como a egípcia, madeísta, asteca entre muitas outros. Também vale notar que por este mesmo motivo, existem várias comparações esdrúxulas como dizer que, Beherit é nome sirio para Satan, ou seja, qualquer entidade que não tivesse lugar no universo cristão era comparada ao diabo. Os deuses de hoje são os demônios de amanhã.

Núcleo de demonologia: Infelizmente temos pouca ou nenhuma informação sobre alguns espécimes mais obscuros. Com o tempo esses detalhes irão ser corrigidos conforme tivermos mais informações. Toda colaboração é, portanto, bem vinda. Caso você estude demonologia a mais de seis anos, por favor, entre em contato informando, seu nome, experiência e especialidade.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/demonologia/dicionario-infernal-infaernalea-dictionariis/

A Nuvem sobre o Santuário – Carta 2

Por Karl von Eckartshausen.

É necessário, meus caríssimos irmão no Senhor, dar-vos uma idéia pura da Igreja interior, desta “Comunidade Luminosa de Deus”, que está dispersada através do mundo; mas que é governada pela verdade e unida pelo espírito.

Esta comunidade da luz existe desde o primeiro dia da criação do mundo, e sua existência permanecerá até o último dia dos tempos.

Ela é a sociedade dos eleitos que distinguem a luz nas trevas, separando-a em sua essência.

Esta comunidade da luz possui uma escola na qual o próprio Espírito de Sabedoria instrui àqueles que têm sede de luz; e todos os mistérios de Deus e da natureza são conservados nesta escola pelos filhos da luz. O conhecimento perfeito de Deus, da natureza e da humanidade, são os objetos do ensinamento desta escola. É dela que todas as verdades vêm ao mundo; ela foi a escola dos profetas e de todos aqueles que procuram a sabedoria; e é somente nesta comunidade que se encontra a verdade e a explicação de todos os mistérios. Ela é a comunidade mais íntima e possui membros de todo o universo, eis as idéias que se podem ter dela. Em todos os tempos, o exterior tinha por base um interior do qual não era mais do que a expressão e o plano.

Assim é que, em todas as eras, existiu uma assembléia íntima, a sociedade dos eleitos, a sociedade daqueles mais capazes para a luz e que a procuravam; esta sociedade íntima era chamada o Santuário interior ou a Igreja interior.

Todos os símbolos, cerimônias e ritos que possui a Igreja exterior, correspondem à letra da qual o espírito e a verdade se acham na Igreja interior.

Portanto, a Igreja interior é uma sociedade cujos membros estão espalhados por todo o mundo, mas ligados intimamente pelo espírito do amor e da verdade, ocupada sempre na construção do grande templo para a regeneração da humanidade, pela qual o reino de Deus há de se manifestar. Esta sociedade reside na comunhão daqueles que estão mais aptos para receber a luz, ou dos eleitos.

Estes eleitos estão unidos pelo espírito e a verdade e o seu chefe é a própria Luz do Mundo, Jesus Cristo, o eleito da luz, o mediador único da espécie humana, o Caminho, a Verdade e a Vida; a luz primitiva, a sabedoria, o único “meio” pelo qual os homens podem retornar a Deus.

A Igreja interior nasceu logo após a queda do homem e recebeu de Deus, imediatamente, a revelação dos meios pelos quais a espécie humana caída seria reintegrada na sua dignidade, e libertada de sua miséria. Ela recebeu o depósito primitivo de todas as revelações e mistérios; ela recebeu a chave da verdadeira ciência, tanto divina como natural.

Mas quando os homens se multiplicaram, a fragilidade e fraqueza inerentes a espécie impuseram um culto exterior para ocultar a sociedade interior e encobrir pela letra o espírito e a verdade. Porque a coletividade, a multidão, o povo, não eram capazes de compreender os grandes mistérios interiores e constituiria um perigo demasiado grande confiar o mais santo aos incapazes, encobriram as verdades interiores nas cerimônias exteriores e sensíveis, para que o homem, pelo sensível e o exterior que é o símbolo do interior, se tornasse gradativamente capaz de aproximar-se mais das verdades internas do espírito.

Mas a essência sempre foi confiada àquele que, no seu tempo, tinha mais aptidões para receber a luz; e somente esse era o possuidor do depósito primitivo como Sumo sacerdote do Santuário.

Quando se tornou necessário que as verdades interiores fossem simbolizadas nas cerimônias exteriores, por causa da fraqueza dos homens que não eram capazes de suportar a vista da luz, o culto, exterior nasceu, mas ele foi sempre o tipo e o símbolo do interior, quer dizer, o símbolo da verdadeira homenagem feita a Deus “em espírito e verdade”.

A diferença entre o homem espiritual e o homem animal, ou entre o homem racional e o homem dos sentidos, obrigou as formas exterior e interior.

As verdades internas ou espirituais manifestaram-se envoltas em símbolos e cerimônias, para que o, homem animal ou dos sentidos pudesse despertar e ser conduzido pouco a pouco, às verdades interiores.

Portanto, o culto exterior é uma representação simbólica das verdades interiores, das verdadeiras relações do homem com Deus antes e após a queda, no estado de sua dignidade, de sua reconciliação e de sua mais perfeita união. Todos os símbolos do culto exterior estão construídos sobre estas três relações fundamentais.

O cuidado do exterior era a ocupação dos sacerdotes, e cada pai de família estava, nos tempos primitivos, encarregado deste ofício. As primícias dos frutos e as primeiras crias dos animais eram oferecidas a Deus; os primeiros simbolizando que tudo o que nos alimenta e nos conserva vem Dele; e os segundos simbolizando que o homem animal deve morrer para dar lugar ao homem espiritual e racional.

A adoração exterior de Deus não deveria jamais separar-se da adoração interior; mas como a fraqueza do homem leva-o facilmente a esquecer o espírito para agarrar-se à letra, o Espírito de Deus despertou sempre, entre todas as nações, naqueles que tinham as aptidões necessárias para a luz, e serviu-se deles, como seus agentes, para espalhar por todo o mundo a verdade e a luz, segundo a capacidade dos homens a fim de vivificar a letra morta pelo espírito e a verdade.

Por estes instrumentos divinos, as verdades interiores do santuário eram levadas às nações mais longínquas, e modificadas simbolicamente, segundo os hábitos, capacidade de cultura, clima e receptividade.

De maneira que os tipos exteriores de todas as religiões, seus cultos, suas cerimônias e seus livros santos, em geral, têm quase claramente por objeto as verdades interiores do santuário, pelas quais a humanidade será conduzida somente no devido tempo, à universalidade do conhecimento da verdade única.

Quanto mais o culto exterior de um povo permaneceu unido ao espírito das verdades interiores, mais a sua religião foi pura; quanto mais a letra simbólica se separou do espírito interior, mais a religião se tornou imperfeita, até a ponto de degenerar entre alguns, em politeísmo, quando a letra exterior perdeu completamente seu espírito interior e não restou mais de que o cerimonial exterior sem alma e sem vida.

Quando os germens das verdades mais importantes puderam ser levados aos povos pelos agentes de Deus, Ele escolheu um povo determinado para erigir um símbolo vivo, destinado a mostrar como Ele queria governar toda a espécie humana em seu estado atual, e conduzi-la à sua mais alta purificação e perfeição.

Deus próprio deu a seu povo a sua legislação exterior religiosa; e, como signo de sua verdade, entregou-lhe todos os símbolos e todas as cerimônias que continham a essência das verdades interiores e grandiosas do santuário.

Deus consagrou essa igreja exterior em Abraão, deu-lhe os mandamentos por Moisés, e assegurou-lhe sua mais alta perfeição pela dupla missão de Jesus Cristo, no princípio, vivendo pessoalmente na pobreza e no sofrimento, e depois pela comunhão de seu espírito na glória do ressuscitado.

Mas, como o próprio Deus deu os fundamentos da Igreja exterior, a totalidade dos símbolos do culto exterior formou a ciência do templo, ou dos sacerdotes daqueles tempos, e, todos os mistérios das verdades mais santas e interiores tornaram-se exteriores pela revelação.

O conhecimento científico deste simbolismo santo, era a ciência de religar Deus ao homem caído, e daí a religião recebeu seu nome como sendo a doutrina que liga o homem, separado e afastado de Deus, a Deus que é sua origem.

Vê-se facilmente por esta idéia pura do nome religião em geral, que a unidade da religião está no santuário íntimo, e que a multiplicidade das religiões exteriores não pode jamais alterar nem enfraquecer esta unidade que é a base de todo exterior.

A sabedoria do templo da antiga aliança era governada pelos sacerdotes e pelos profetas.

O exterior, a letra do símbolo, o hieróglifo; eram confiados aos sacerdotes.

Os profetas tinham a seu cuidado o interior, o espírito e a verdade, e sua função era a de conduzir sempre os sacerdotes da letra ao espírito, quando lhes acontecia esquecer o espírito e agarrar-se à letra.

A ciência dos sacerdotes era a do conhecimento dos símbolos exteriores.

A ciência dos profetas era a posse prática do espírito e da verdade destes símbolos. No exterior a letra; no interior o espírito vivificante.

Existia também, na antiga aliança, uma escola de sacerdotes e uma escola de profetas.

A dos sacerdotes ocupava-se dos emblemas e a dos profetas das verdades que estavam encerradas sob os emblemas. Os sacerdotes estavam de posse exterior da Arca, dos pães da proposição, do candelabro, do maná, da vara de Aarão, e os profetas estavam de posse das verdades interiores e espirituais que eram representadas exteriormente pelos símbolos dos quais vimos falar.

A Igreja exterior da antiga aliança era visível; a Igreja interior era sempre invisível, devia ser invisível, e entretanto governar tudo, porque somente a ela estavam confiados o poder e a força.

Quando o culto exterior abandonava o interior, caia, e Deus provava por uma continuidade das mais notáveis ocorrências, que a letra não pode subsistir sem o espírito; que ela somente é dada para conduzir ao espírito, tornando-se inútil e mesmo rejeitada de Deus, se abandona sua finalidade.

Assim como o espírito da natureza se espalha nas profundezas mais estéreis para vivificar, para conservar e para dar desenvolvimento a tudo que lhe é susceptível, assim também o espírito da luz se espalha no interior de todas as nações, para animar completamente a letra morta pelo espírito vivo.

É assim que encontramos um Jó entre os idólatras, um Melquisedeck entre as nações estrangeiras, um José entre os sacerdotes egípcios, e Moisés no país de Madian, como prova palpável de que a comunidade interior daqueles que são capazes de receber a luz, estava unida pelo espírito e pela verdade em todos os tempos e entre todas as nações.

A todos esses agentes de luz da comunidade interior e única, uniu-se o mais importante de todos os agentes, o próprio Jesus Cristo, no meio do tempo como um rei-sacerdote; segundo a ordem de Melquisedeck,

Os agentes divinos da antiga aliança não representaram senão as perfeições particulares de Deus; no decorrer dos tempos uma ação poderosa devia produzir-se que mostrasse de uma só vez o todo em Um. Um tipo universal apareceu acentuando a completa unidade, abrindo uma nova porta e destruindo a numerosa servidão humana. A lei do amor começou quando a imagem emanada da própria Sabedoria mostrou ao homem toda grandeza de seu ser, revigorou-o de todas as forças, assegurou-lhe sua imortalidade e elevou seu ser intelectual para tornar-se o verdadeiro templo do Espírito.

Este agente maior de todos, este Salvador do mundo, este regenerador universal fixou toda a sua atenção sobre esta verdade primitiva, pela qual o homem pôde conservar sua existência e recobrar a dignidade que possuía.

Em suas humilhações implantou a base da redenção dos homens e prometeu cumpri-la completamente por seu espírito. Ele mostrou também num perfeito esboço aos seus apóstolos tudo o que devia se passar um dia com seus eleitos.

Ele continuou a cadeia da comunidade interior da luz, entre seus eleitos, aos quais enviou o Espírito da Verdade, e confiou-lhes o depósito primitivo mais elevado de todas, as verdades divinas e naturais, em sinal de que eles não abandonariam jamais sua comunidade interior.

Quando a letra e o culto simbólico da Igreja exterior da antiga aliança, passaram em verdade pela encarnação do Salvador, e foram atestados em sua pessoa, novos símbolos se tornaram necessários para o exterior, que mostrassem segundo a letra, a realização futura ou integral da redenção.

Os símbolos e os ritos da igreja exterior Cristã foram dispostos segundo estas verdades invariáveis e fundamentais, e anunciaram coisas de uma força e importância que não se podem descrever, nem foram reveladas àqueles que conheciam o santuário intimo.

Este santuário interior permaneceu sempre invariável, ainda que o exterior da religião, ou seja, a letra recebesse no decorrer do tempo e circunstâncias, diferentes modificações, e se afastasse das verdades interiores, que são as que podem conservar o exterior ou a letra.

O pensamento profano de querer atualizar tudo o que é cristão, e de querer cristianizar tudo o que é político, modificou o edifício exterior, e cobriu com as trevas e a morte o que estava no interior, a luz e a vida. Daí nasceram as divisões e as heresias: o espírito sofístico queria explicar a letra embora já tivesse perdido o espírito da verdade.

A incredulidade levou a corrupção ao mais elevado grau; até se procurou atacar o edifício do cristianismo em suas primitivas bases, confundindo o interior santo, com o exterior que estava sujeito às fraquezas e à ignorância dos homens frágeis.

Assim nasceu o deísmo, que engendrou o materialismo e viu como uma fantasia toda união do homem com as forças superiores; e por fim nasceu, parte pelo entendimento e parte pelo coração, o ateísmo, último grau de decadência do homem.

No meio de tudo isto, a verdade permaneceu sempre inquebrantável no interior do santuário.

Fiéis ao Espírito da verdade que prometeu jamais abandonar a sua comunidade; os membros da Igreja interior viveram em silêncio e em atividade real e uniram a ciência do templo da primitiva aliança ao espírito do Grande Salvador dos homens, a espírito da aliança interior, esperando humildemente o grande momento no qual o Senhor os chamará, e reunirá sua comunidade para dar a toda letra morta a força exterior e a vida.

Esta comunidade interior da luz é o conjunto de todos aqueles que estão capacitados para receber a luz dos eleitos, e é conhecida sob o nome de “Comunhão dos santos”. O depósito primitivo de todas as forças e de todas as verdades foi confiado em todos os tempos a esta comunidade da luz; que só ela, como disse São Paulo, estava de posse da ciência dos Santos. Por ela os agentes de Deus foram formados em cada época, passaram cio interior, ao exterior, e comunicaram o espírito e a vida à letra morta, como já dissemos anteriormente.

Esta comunidade da luz foi em todos os tempos a verdadeira escola do Espírito de Deus; e, considerada como escola, tem sua Cátedra, seu Doutor; possui um livro no qual seus discípulos estudam as formas e os objetos dos ensinamentos, e finalmente um método de estudo.

Ela tem, também, seus graus pelos quais o espírito pode desenvolver-se sucessivamente e elevar-se sempre cada vez mais.

O primeiro grau, o menor, consiste no bem moral pelo qual a vontade simples, subordinada a Deus, é conduzida ao bem pelo móbil puro da vontade, quer dizer, Jesus Cristo, que ela recebeu pela fé. Os meios dos quais o espírito desta escola se serve são chamados inspirações.

O segundo grau consiste no assentimento intelectual, pelo qual a compreensão do homem de bem que está unido a Deus, é coroada com a sabedoria e a luz do conhecimento; e os meios pelos quais o espírito se serve para este grau são chamados iluminações interiores.

O terceiro grau enfim, e o mais elevado, é o completo despertar do nosso sensorium interno, pelo qual o homem interior alcança a visão objetiva das verdades metafísicas e reais. Este é o grau mais elevado onde a fé se transforma em visões claras e os meios pelos quais o espírito se serve para isso são as visões reais.

Eis os três graus da verdadeira escola de sabedoria interior, da comunidade interior da luz. O mesmo espírito que aperfeiçoa os homens para esta comunidade, distribui também os graus, pela coação do próprio candidato, devidamente preparado.

Esta escola da sabedoria foi em todos os tempos, a mais secreta e a mais oculta do mundo, porque ela estava invisível e submissa unicamente à direção divina.

Ela não esteve jamais exposta aos acidentes do tempo nem às fraquezas dos homens. Porque nela não houve em todos os tempos senão os mais capazes que foram escolhidos pelas suas qualidades, e o Espírito que os escolheu não podia errar.

Nessa escola se desenvolveram os germens de todas as ciências sublimes que foram primeiramente recebidas pelas escolas exteriores, e, aí revestiram-se de outras formas verdadeiras algumas vezes tornadas disformes.

Esta sociedade interior de sábios comunicou, segundo o tempo e as circunstâncias, às sociedades exteriores, seus hieróglifos simbólicos para tornar o homem exterior atento às grandes verdades do interior.

Porém todas as sociedades exteriores só subsistem enquanto esta sociedade interior lhes comunica seu espírito. No momento em que as sociedades exteriores queriam emancipar-se da sociedade interior e transformar o templo de sabedoria em um edifício político, a sociedade interior retirava-se e nelas ficava somente a letra sem o espírito.

Assim é que todas as escolas exteriores secretas da sabedoria foram somente véus hieroglíficos, a verdade mesma permaneceu sempre no santuário para que não pudesse ser jamais profanada.

Nesta sociedade interior o homem encontra a sabedoria, e com ela tudo; não a sabedoria do mundo que não é senão um conhecimento científico rodeando o invólucro exterior, sem jamais tocar o centro onde residem todas as forças; mas a verdadeira sabedoria, assim como os homens que a ela obedecem.

Todas as disputas, todas as controvérsias, todos os objetos da falsa prudência do mundo, todos os idiomas estrangeiros, as vãs dissertações, os germens inúteis das opiniões que propagam a semente da desunião, todos os erros, os cismas e os sistemas, dela estão banidos. Não se encontra ali nem calúnias nem maledicências; todo homem é honrado. A sátira, o espírito que gosta de se divertir a custa do próximo, são ali desconhecidos, e somente se conhece o amor.

A calúnia, este monstro não levanta jamais entre os amigos da sabedoria, sua cabeça de serpente, o respeito mútuo é ali observado rigorosamente; ali não se nota as faltas do próximo nem se lhe fazem criticas sobre defeitos. Caridosamente, conduz-se o viajante ao caminho da verdade, procura-se persuadir, tocar o coração que está em erro, deixando a punição do pecado a clarividência do Mestre da Luz. Alivia-se a necessidade, protege-se a fraqueza, rejubila-se da elevação e da dignidade que o homem adquire.

A felicidade que é o dom do destino não eleva ninguém sobre o próximo; somente se considera feliz aquele ao qual se apresenta a ocasião de fazer o bem a seu próximo, e todos estes homens, que um espírito de verdade une, formam a Igreja invisível, a sociedade do Reino interior sob um chefe único que é Deus.

Não se deve imaginar que esta comunidade representa qualquer sociedade secreta que se reúne em certos tempos, escolhendo seus chefes e membros e propondo-se a determinados fins. Todas as sociedades, quaisquer que sejam não vêm senão depois desta comunidade interior da sabedoria; ela não conhece quaisquer formalidades que são a obra dos homens. No reino das forças todas as formas exteriores desaparecem.

O Próprio Deus é o chefe sempre presente. O homem mais perfeito de seu tempo, o primeiro chefe, não conhece por si mesmo todos os membros; mas no instante em que para a finalidade de Deus se torna necessário esse conhecimento, ele os encontra certamente no mundo para agir em direção a essa finalidade.

Esta comunidade não tem absolutamente véus exteriores. Aquele que é escolhido para agir perante Deus é o primeiro, apresenta-se aos outros sem presunção, e é recebido por eles sem inveja.

Se é necessário que verdadeiros membros se unam, eles se encontram e se reconhecem sem dúvida alguma. Não pode existir nenhum disfarce, e nenhum gérmen de hipocrisia ou dissimulação sobre os traços característicos desta comunidade, porque são fora do comum. São arrancadas a máscara e a ilusão, e tudo aparece em sua verdadeira forma.

Nenhum membro pode escolher um outro; o consentimento de todos é requerido. Todos os homens são chamados; os chamados podem ser escolhidos, se eles se tornarem aptos para a entrada.

Cada qual pode procurar a entrada, e todo homem que está no interior pode ensinar ao outro a procurar a entrada. Mas enquanto não se estiver preparado não se alcança o interior.

Homens não preparados ocasionariam desordens na comunidade, e a desordem não é compatível com o interior. Este interior expulsa tudo aquilo que não é homogêneo.

A Prudência do mundo espreita em vão este Santuário interior; em vão a malícia procura penetrar os grandes mistérios que aí estão ocultos; tudo é hieróglifo indecifrável para aquele que não está prepara do; nada pode ver nem ler no interior.

Aquele que já está preparado junta-se à corrente, muitas vezes lá onde menos pensava e a um elo do qual nem supunha a existência.

Procurar alcançar a maturidade deve ser o esforço daquele que ama a sabedoria.

Nesta comunidade santa está o depósito original das ciências mais antigas do gênero humano com os mistérios primordiais de todas as ciências e técnicas conduzindo à maturidade.

Ela é a única e verdadeira comunidade da Luz em possessão da chave de todos os mistérios e conhecendo o íntimo da natureza e da criação. Ela une as suas forças às forças superiores e compõem-se de membros de mais de um mundo. Estes formam uma república que será um dia a mãe regente do universo inteiro.

#Martinismo #Ocultismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-nuvem-sobre-o-santu%C3%A1rio-carta-2

A Evolução Enoquiana

Morbitvs Vividvs

Muitas pessoas encaram de maneira equivocada as artes ocultas. Elas querem descobrir receitas de bolo, coisas prontas para o uso e imaginam que os grimórios são como livros sagrados que contém tudo o que elas precisam saber. Nada contra querer usar aquilo que comprovadamente funciona, mas muitas vezes com esta postura se perde o experimentalismo original que foi o que permitiu a magia florescer em primeiro lugar. O sistema enoquiano é um caso típico. Trata-se de um sistema tão coeso e forte que muitas magistas esquecem que um dia, há alguns séculos, ele foi apenas dois caras que não sabiam oque esperar olhando para dentro de uma bola negra de cristal. O objetivo deste artigo é mostrar como o enoquiano cresceu e se desenvolveu baseado na exploração e como ele pode vir a morrer se permanecer estagnado.

Os Experimentos de John Dee

O sistema enoquiano foi usado pela primeira vez por John Dee, astrólogo oficial da corte da rainha Elizabeth I. Dee nasceu em 1527 na Inglaterra e foi educado na universidade e Cambridge tornando-se uma autoridade nos campos da matemática, astronomia e filosofia natual. Ele era amigo pessoal da rainha e trabalho diversas vezes para ela como espião do  Império. Sua biografia pode ser encontrado na seção própria para isso do portal da iniciativa Morte Súbita inc. O importante é saber que numa certa altura de sua vida John Dee tornou-se interessado em cristalomancia, que é a visão sobrenatural por meio de cristais. Dois dentre os muitos cristais que ele utilizou podem ser vistos hoje no museu britânico. De fato é creditado a Dee o primeiro uso registrado de um cristal polido para este fim, as famosas bolas de cristal.

Entretanto ele não se considerava um bom observador de cristais contratava outras pessoas para realizar as operações enquanto acompanhava. Este fato pode parecer trivial, mas é talvez a maior idéia que Dee teve em sua vida. O que acontece é que o processo psiquico da leitura dos cristais, também chamado de skrying envolve um certo transe muito semelhante por exemplo ao que Nostradamus usava para escrever suas centúrias. Neste estado o vidente não está com todas as suas ferramentas lógicas e abstratas ligadas de forma que muito se perde. Esta limitação se explica pois transceder a mente racional é essencial para a boa vidência, mas quanto menos racional se for por outro lado menos se aproveita aquilo que se atingiu. Dee resolveu este problema dividindo o trabalho entre duas pessoas. Uma delas (Kelly) pode se entregar totalmente ao processo psiquico transcedental e descreve tudo em voz alta enquanto que outra mantêm a lucidez normal e consegue fazer anotações, comparar resultados e documentar tudo de maneita organizada.

Com este processo Dee registrou uma série de tábuas divididas em grades formando quadrados. Cada um destes quadrados possuia uma letra em seu interior. Estas letras formavam o alfabeto de uma linguagem nunca antes vista. Essa linguagem era a chave para se entrar em contato com seres de regiões mais sutis da existência. Estas regiões estavam também representadas pelas tábuas, que continham ainda nas suas letras os nomes das entidades que as dominavam e habitavam. Em outras palavras estas tábuas seriam mapas dos mundos invisiveis que rodeiam o mundo cotidiano, com elas Kelly explorava um mundo completamente novo.  A linguagem e o sistema receberam o nome Enoquiano pois segundo as entidades contatadas tratavasse do mesmo conhecimento que o Enoch bíblico (também identificado com Hermes) recebeu em sua época antes de ser elevado aos céus em vida.

A expansão da Golden Dawn

O sistema enoquiano foi desde então usado por diversos ocultistas, com destaque para os adeptos da Hermetic Order of the Golden Dawn , a Ordem Hermética da Aurora Dourada, que floresceu no século XIX também na Inglaterra. A estes ocultistas devemos uma grande expansão do sistema enoquiano, pois náo apenas invocavam as entidades cujos nomes estão escritos nas tábuas como também viajaram no que chavam de Corpo de Luz pelas regiões mapeadas pelos quadrados e registraram suas experiências de uma maneira bastante precisa. Numa certa altura da existência da ordem estas viagens tornaram-se um problema entre os membros que literalmente se viciaram nelas como quem se vicia a alguma espécie de droga.

Sob a direção de MacGregor Mathers a Golden Dawn refinou o sistema descoberto por John Dee explorando campos que seu descobridor original não tinha imaginado. Provavelmente a maior conquista de MacGregor e cia foi encontrar uma organização  por trás dos quadrados. Ele ensinava um sistema no qual elementos eram designados aos quadrados (Terra, Água, Ar, Fogo e Espírito) e isso permitiu conectar o sistema enoquiano com correspondências cabalisticas e astrológicas. Cada letra enoquiana possui por exemplo uma letra hebraica equivalente, e portanto uma carta do Tarot:

Fonema   Zodiaco/Elemento               Tarot

A             Touro                                   Herofante
B             Aries                                     Estrela
C,K          Fogo                                     Julgamento
D             Espírito                                 Imperatriz
E             Virgem                                  Hermitão
F             Cauda Draconis                    Mago
G             Cancer                                 Carro
H             Ar                                         Louco
I,J,Y         Sagitário                              Temperança
L              Cancer                                 Carro
M            Aquário                                 Imperador
N            Escorpião                              Morte
O            Libra                                     Justiça
P             Leão                                     Força
Q             Água                                     Enforcado
R             Peixes                                   Lua
S             Gêmeos                                Amantes

Uma vez enxergados um padrão emana das tábuas revelando que uma ordem maior prevalece na estrutura de todos os planos de existência.

A exploração Crowleyana

Posteriormente outro avanço no sistema enoquiano ocorreu com Aleister Crowley, ex-membro da Golden Dawn e líder da Ordo Templi Orientis. Durante suas viagens pelo México e Argélia Crowley se dedicou a uma séria intensa de invocações e registrou suas viagens pelos 30 Aethrys e cuidadosamente documentou suas experiências em seu livro “The Vision and the Voice.” Este livro de caráter profético explica diversos pontos da magia ritual e da formação do mago.

A descrição feita por Crowley é impressionante pela beleza com que descreve estes planos paralelos. Apesar de sua leitura difícil nele encontramos não apenas um guia de viagens pelos mundos enoquianos, mas também detalhes da iniciação mágica, incluindo uma versão diferente do famoso ritual de Abramelim e uma explanação da estrutura aeonica thelemita.

Enoquiano Pós-Moderno

Diversos autores tem explorado o sistema enoquiano desde Crowley. Anton LaVey causou polêmica nos anos 1960 ao publicar uma versão satanicamente inspirada das chaves enoquianas e assumindo de vez que as entidades invocadas deviam ser vistas sob um ponto de vista sinistro. Nas décadas seguintes houve uma certa popularização do sistema no meio ocultista e o tema foi abordado por diversos autores. Dentre estes podemos recomendar a leitura das obras de Lon Milo DuQuette e Donald Tyson, ambos interessados em tornar o uso do sistema mais acessível aos praticantes de primeira viagem.

No campo da inovação o destaque deste período fica sem dúvida para o casal Gerald Schueler e Betty Schueler que dominaram as ferramentas tradicionais e exploraram campos novos como um tarot genuinamente enoquiano e uma série de posturas corporais enoquianas semelhantes a yoga.  Mais recentemente já no século XXI tivemos o Projeto EnoquiONA, trabalho ousado de Alektryon Christophoros relacionando as letras do alfabeto enoquiano com os deuses sombrios e os arcanos sinistros da organização satanista tradicional Order of Nine Angles.

Esta nova geração busca o desapego do sistema iniciado pela Golden Dawn que chegou ao seu apice com crowley e defendem o desenvolvimento da técnica enoquiana pura sem a “poeira qabalistica/astrologica”. Dentre estes outro pesquisador que merece destaque pelo seu trabalho é Benjamin Rowe, que produziu uma série de experimentos avançados com magia enochiana. Rowe estabeleceu alguns experimentos importantes, como o Comselha e a construção de templos enochianos baseada na visão espiritual.

Aqui no Brasil, o destaque fica para o Círculo Iniciático de Hermes e o Enoquiano.com.br como únicos grupos que colocam oficialmente o enoquiano como prática principal  incluindo uma série de rituais próprios, técnicas de scrying, iniciações, armas e rituais de proteção além dos tradicional ritual do pentagrama. Não apenas isso mas o

Conclusão

 As contribuições de todos estes ocultistas são importantes de se destacar. Num primeiro relance o estudante pode achar que o sistema enoquiano é algo pronto simplesmente para se usado. Mas a verdade é que o sistema está tão pronto quanto estão prontas a música e a medicina. Ele pode e deve ser expandido e suas fronteiras alargadas. As técnicas usadas por todos os ocultistas citados neste artigo para conseguir seus materiais inéditos foram muitas, mas em geral envolvem o uso do cristalomancia, da projeção do corpo de luz e da invocação das entidades para recebimento de conhecimento oculto. Todos estas são ótimas ferramentas de exploração para quem quiser ir além e ver com os próprios olhos até onde voam os anjos.  O sistema enoquiano é uma forma de exploração das realidade sutis e é portanto um universo em expansão com muito para ser explorado. Muitos caminhos realmente já foram descobertos pelos que vieram antes, mas muitos ainda aguardam seus descobridores. Quem sabe o próximo não pode ser você?


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Gostei do conteúdo do texto, mas tive a sensação de que não houve revisão do autor ou de quem ia fazer a postagem. Alguns erros pequenos na digitação, única parte que faltou. O conteúdo é muito bom.

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/a-evolucao-enoquiana/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/enoquiano/a-evolucao-enoquiana/