O Livro Que Leva À Loucura: Excalibur

No momento em que escrevemos, um iate luxuosíssimo percorre os oceanos do globo. Traz bandeira que não é de nenhum país conhecido ou desconhecido. Tem a bordo um certo número de guardas armados, pois muitas vezes tentou-se forçar o cofre-forte do capitão; esse cofre-forte contém um livro muito perigoso cuja leitura torna louco o que lê e se chama Excalibur.

Para que essa história seja compreensível, é preciso referir-se à vida do proprietário do iate, um americano chamado Lafayette Ron Hubbard, e à suas duas descobertas, a dianética e a cientologia. A história de Hubbard foi, geralmente, contada de forma humorística por Martin Gardner no livro “Os mágicos desmascarados” e por mim mesmo em “Rir com os Sábios”. Mas um certo número de fatos novos, aparecidos no curso dos dois últimos anos, tendem a fazer admitir que tal história não é apenas extravagante. Tentarei contá-la de maneira a mais neutra possível.

Lafayette Ron Hubbard é, indiscutivelmente, um explorador e um oficial da marinha americana, extremamente corajoso. Foi também – não escreveu muito no gênero – um dos melhores autores americanos de ficção científica e do fantástico. Entre seus romances traduzidos em francês, citamos Le bras droit de la mort (Hachette).

A melhor parte de sua obra, no que concerne à ficção científica e ao fantástico, foi escrita antes da guerra de 1940. durante essa guerra, em virtude de um ferimento que recebeu num combate com os japoneses, Hubbard sofreu a experiência da morte clínica. Foi reanimando, mas parece ter-se conscientizado que não o fora por vias normais, e ter tido percepções e sensações que nunca pôde suficientemente explicar.

Assim é que, depois da guerra, ele passou a meditar, sistematicamente, sobre o sistema nervoso humano. Acabou concebendo uma nova teoria que batizou de dianética, que comunicou a John Campbell, célebre editor de ficção-científica.

A dianética era uma espécie de psicanálise própria para seduzir os americanos. Estes são, com efeito, ávidos pelo “Faça você mesmo”, e a dianética permitia exercer seus talentos sobre qualquer um, sem necessidade de qualquer prévio estudo.

A teoria geral da dianética admite, como Freud, um inconsciente, mas enquanto o inconsciente freudiano é extremamente astucioso – era copiado do diabo – o inconsciente de Hubbard é sobretudo estúpido. Ele nos obrigava a fazer as piores asneiras, pois era totalmente literal e incapaz de transcender o significante, e composto de registros ou engramas (Hubbard usa esse termo científico num sentido que não lhe é dado normalmente).

O inconsciente de Hubbard forma muito cedo, notadamente durante a vida do feto. E basta, sempre segundo Hubbard, que se diga à uma mulher gestante “você se obstina em andar à esquerda” para que a criança, tornada adulta, cai, sem resistência, para um esquerdismo extremado!

Se chegássemos a desembaraçar um cérebro de todos esses significantes, anuncia triunfalmente Hubbard, produziríamos um sujeito perfeitamente “claro”. Esse sujeito “claro”, desprovido de qualquer complexo, inteiramente são espiritualmente, constituiria o embrião de uma espécie humana nova, próxima ao sobre-humano. Isto poderia ser conseguido através de simples conversa com o sujeito, utilizando técnicas que Hubbard descrevia em seus artigos de “Astounding Science-Fiction” ou em seu livro “Dianetices”, que, imediatamente aparecido, se tornou um best-seller.

Hubbard começou por tratar sua mulher. Logo que se tornou “clara”, ela pediu o divórcio, o que obteve. Tratou, em seguida, de um amigo, que logo que ficou “claro”, matou sua mulher e se suicidou. Então, a popularidade da dianética tornou-se imensa. Por volta de 1955, os americanos que se tratavam pela dianética eram milhares. Os resultados não foram tão sensacionais como no começo, mas esse pequeno jogo de salão fez logo concorrência à psicanálise.

A psicanálise tem, evidentemente, a vantagem de aplicar-se aos animais. Há nos Estados Unidos psicanalistas para cães, e não se conhecem técnicos da dianética para cães. A dianética, ao contrário, tem a vantagem de ser rápida, pouco custosa, e de apresentar a “psique” humana, não em termos complicados, mas segundo diagramas bastante iguais àqueles que permitem a qualquer um instalar em casa uma campainha elétrica. E antes de tudo, é mais reconfortante.

Certos psicanalistas foram também tratados, e sem tornar-se absolutamente “claros”, reconheceram que a tal dianética lhes fazia bem. Quando se lê Hubbard, não se tem a impressão de que ele é mais louco que Reich ou Ferenczi. Talvez menos. E no que concerne às lembranças formadas durante a vida do feto, Hubbard parece ter razão. O fenômeno parece ter sido clinicamente verificado, e põe um problema que não foi resolvido: como o feto, que não tem ainda um sistema auditivo, pode entender o que se diz ao seu redor? No entanto, ele o faz, isto é certo.

O que quer que seja, não se pode dizer que a dianética seja mais ou menos louca que a psicanálise. Todas as duas “caminham” menos bem que os métodos do sacerdote budista primitivo, mas caminham. Há em todo psíquico um tal esforço para o equilíbrio, que não importa qual a técnica usada para amenizar provisoriamente um psiquismo defeituoso. Tal amenização, evidentemente, não é durável, só os métodos químicos realmente podem curar.

A dianética parecia destinada a ser apenas um desses métodos curiosos como existem tantos, e foi assim que todos a consideraram. Somente que a história só estava começando. Tendo refletido sobre os defeitos da dianética, Hubbard chegou à conclusão de que esta não tratava senão das cicatrizes psíquicas devidas aos acontecimentos dessa vida terrestre, e em nenhum caso as feridas adquiridas em vidas anteriores. Criou uma nova disciplina: a cientologia.

A dianética foi um fogo de palha, mas a cientologia, com um desenvolvimento lento e progressivo, conheceu um crescimento constante que fez com que, em 1971, o movimento cientologista constituísse uma força mundial que inquietou muita gente. Tal movimento tem muito dinheiro, não se sabe de que fonte. As partes de Hubbard no trabalho original lhe trouxeram uma riqueza enorme, fala-se em dezenas de milhões de dólares.

Hubbard escreveu outros livros além de “Scientology”. Notou pela informação de amigos próximos, algumas lembranças de suas vidas anteriores. Tais lembranças, segundo ele, provinham de uma grande civilização galáctica da qual somos uma colônia perdida.

Reuniu essas lembranças num livro chamado Excalibur, que deu a ler a alguns voluntários. Estes ficaram loucos e estão, segundo o que sei, internados.

Nem a dianética, nem a psicanálise, nem a cientologia, nem mesmo os medicamentos que se conhece puderam fazer algo por eles. Hubbard continuou a navegar nos oceanos e a tomar notas, enquanto desconhecidos tentavam forçar seu cofre e ler o Excalibur. Durante esse temo, a cientologia desenvolveu-se a um ponto tal que chegou a inquietar. Foi assim que Charles Manson, assassino de Sharon Tate, declarou que era o representante local da cientologia. Os cientólogos negaram e Hubbard mesmo afirmou que denunciara Manson ao FBI como sendo um perigoso diabolista. Os cientólogos são acusados de dominar pessoas, de controlá-las, de teleguiá-las e de visar, com isso, à possessão do mundo.

Respondem com calma, que se dizia a mesma coisa dos primeiros cristãos.

São extremamente numerosos, sem que se possam citar cifras. Mas em 1969, uma associação inglesa que lutava por uma medicina mais racionalista e por uma condenação mais severa às medicinas paralelas, denunciou-os logo todos os cientólogos ingleses se inscreveram na associação e ficaram sendo a maioria rapidamente. O que prova serem eles bastante numerosos.

Certos países falam em proibir a cientologia, mas, pelo que sei, isto nunca foi feito em parte alguma. Os meios materiais enormes de que dispõem os cientólogos lhes permitem inundar literalmente o mundo de jornais, revistas, documentos. A inscrição em um curso de cientologia não é onerosa e não é isto que dá recursos ao movimento. O conselho administrativo da sociedade que, em diversos países, é registrado conforme as leis locais, reconhece que é um bom negócio. Mas sem precisar exatamente como funciona esse bom negócio.

Um dos dirigentes da cientologia inglesa declarou à imprensa: “Se alguém procura atacar-nos, investigamos sobre ele, e encontraremos algo de desfavorável que traremos ao conhecimento público”. Isto efetivamente se produz, o que significa que a cientologia ou possui excelentes recursos de espionagem, ou meios para utilizar as melhores agências de detetives privados.

A cientologia não parece ser política, se bem que se denuncie, periodicamente, tal organismo como um novo nazismo ou, pelo menos, como uma variedade do rearmamento moral. Isto não parece estar provado. O que parece certo é que a cientologia drena para si clientes não somente de cultos marginais e pequenas seitas ocultas, mas de religiões tão bem estabelecidas, como o cristianismo, ou do marxismo. Ela está em progresso no plano do número e no plano do poder. Os que zombaram de Hubbard, e eu me coloco entre esses, estão, talvez, rindo muito cedo. O fenômeno da cientologia é muito curioso, e não foi ainda suficientemente estudado.

A cientologia atraiu muitos escritores de ficção-científica, mormente Van Vogt (autor do famoso best-seller “Le Monde des Ô) que, durante certo tempo, abandonara a ficção-científica para se ocupar, exclusivamente, da cientologia. Esta não renega a dianética, mas acrescenta um conteúdo suplementar que não se pode qualificar senão como visionário. E evidentemente Hubbard, sob seu aspecto exterior de aventureiro positivo e de engenheiro instruído, é um visionário. Parece que teve uma visão quando esteve sob morte clínica, e que teve outras depois. Infelizmente, não disse grande coisa sobre os dirigentes da cientologia, que parecem acolher no movimento homens de negócios, mas também outros personagens.

Ao nível do contato com o público, ao nível, igualmente, do ensinamento elementar da cientologia, encontram-se pessoas extremamente convencidas e, ao que parece, sinceras. Não saberia dizer exatamente o que se passa em nível superior. Em conseqüência da filosofia de Max Weber, chama-se geralmente “efeito carismático” a influência de um ser humano sobre outro. A cientologia agrupa pessoas que possuem efeito carismático muito elevado.

O que quer que seja, a reunião de membros de um grupo de cientologia ao redor de seu chefe, e por causa de cientologia geral, é de uma natureza fanática. A tal ponto que muitas queixas apareceram contra os grupos.

Contrariamente à Golden Dawn, a cientologia tornou-se uma central de energia que exerce um poder real passavelmente inquietante. O que não aconteceu com a dianética. Qualquer coisa foi injetada na estrutura de um movimento que estava declinando e que parecia uma seita dissidente e simplificadora da psicanálise; e esse movimento foi transformado em instrumento utilizado para fins que não sabemos ainda. O período da diversão acabou e podemos perguntar o que foi introduzido na dianética para criar um movimento assim tão dinâmico como é a cientologia.

Como no início de todas as religiões há um Livro, a esta cabe o livro Excalibur que, ao invés de ser difundido, é cuidadosamente guardado como o talismã secreto da nova religião. O fenômeno é curioso, pois em casos análogos como os Mórmons ou os Babistas, o livro-base – livro de Joseph Smith para os Mórmons, Profecias de Bab para os Babistas – foi largamente difundido. No que concerne à cientologia, assiste-se, ao mesmo tempo a um esforço extremamente moderno de propaganda e a uma organização que esconde um livro secreto que se poderia dizer maldito. Não se sabe o que aconteceu às pessoas que o leram: tornaram-se loucos simplesmente lendo-o, ou tentaram certas experiências?

(Respondo aqui à uma questão que me é feita com freqüência: por que não tentei transformar o movimento nascido do “Despertar dos Mágicos” e de “Planète” numa espécie de pára-religião? Responderia simplesmente que num estado de ignorância total da dinâmica dos grupos humanos, pareceu-me extremamente perigoso lançar novos movimentos pára-religiosos. Numa admirável novela de Catherine Mac Lean, “O efeito bola de neve”, que traduzi para o francês para o “Nouveau Planète nº 2”, vê-se um grupo de senhoras que se ocupam, numa pequena vila americana, de coletar vestimentas, arrumá-las e dá-las aos pobres. Sociólogos imprudentes lançaram a esse grupo uma estrutura dinâmica que acabou virando uma bola de neve que foi pegando outros grupos. E esse microcorpúsculo acabou conquistando o mundo… Esse tipo de coisa é, ao meu ver, inteiramente possível, e por isso cuidadosamente cortei qualquer tentativa de formação de uma pára-religião a partir do movimento Planète.)

Ao nível do público, o ensinamento cientológico parece-me bastante com a dianética primitiva, sob uma forma mais razoável. Pretende-se aumentar a intensidade da consciência em pessoas tratadas, e talvez o consiga. Isto não acontece sempre. Por exemplo, o autor de ficção-científica americano Barry Malzberg conta no início de 1971 como tendo visto no metrô de New York, cartazes de propaganda de cientologia, decidiu tomar lições. Isto não o levou adiante, mas talvez não tivesse boas vibrações iniciais…

O que é ensinado em nível superior, ignoro-o. A literatura de promoção diz respeito a informações provenientes de épocas em que a Terra não era ainda uma colônia perdida, mas fazia parte da humanidade galáctica. Isto parece ficção-científica, mas a bomba de hidrogênio e a viagem à Lua pareciam também. Seria preciso ver a coisa mais de perto.

É interessante notar igualmente que a cientologia se declara perseguida por pessoas bastante análogas no fundo, àquelas que chamo Homens de Preto, cuja existência postulo neste livro.

Deixando de lado Hubbard, que parece fora de circuito, voluntariamente ou não, não se sabe muito bem o que está atrás da cientologia. Cai-se num paradoxo bastante curioso: por que os homens e mulheres da Golden Dawn, tão brilhantes e por vezes geniais, não chegaram a criar um centro de energia? E por que os indivíduos anônimos da cientologia conseguiram isto?

Pode-se tirar razões da dinâmica dos grupos. Não se pode, talvez, formar um grupo juntando gente de personalidade poderosa. É preciso, quem sabe, uma hierarquia que parece existir na cientologia e que não parece ter existido de maneira marcante na Golden Dawn.

Pode-se dizer ainda, com certa ironia, que a Golden Dawn dirigia-se a uma elite muito limitada de pessoas excepcionais, enquanto que a cientologia se dirige a pessoas medianas.

Os membros dos grupos cientologistas me sugerem uma terceira resposta: para eles, a cientologia se mantém porque é científica, enquanto a Golden Dawn era um amontoado de superstições e práticas mágicas.

É-me difícil considerar esta resposta válida, pois a leitura de documentação que a própria cientologia difunde, mostra que não se trata de uma ciência, ao menos no sentido habitual do termo. É uma mística análoga ao freudismo. Como o freudismo, é preciso aceitar sem discutir afirmações das quais não se tem nenhuma prova. Ademais, enquanto a Golden Dawn parece ter resolvido o grande mistério do despertar, não se vê nada análogo na cientologia. E, contudo, esta prospera e prospera, segundo uma estrutura que parece aquela pra a qual tendia a Golden Dawn.

Como na Golden Dawn, trata-se de um apelo às forças profundas e desconhecidas que existem nos domínios que a psicologia corrente, mesmo aperfeiçoada por Jung, não pode alcançar e dos quais nega a existência. Para a Golden Dawn, eram os “planos superiores” existentes acima do despertar. Para a cientologia, trata-se de um super-hiper-inconsciente estendendo-se ao passado até épocas que nenhum código genético razoável pode dar conta. Certos documentos cientológicos falam de setenta e dois milhões de anos. Parece muito.

Evidentemente, é fácil taxar esse tipo de idéia de aberração, o que estou tentado a fazer. Entretanto, a existência do fenômeno não é duvidosa, e pode-se perguntar até onde se desenvolverá.

A dinâmica marxista da História não tem mais base científica como o Prêmio Nobel Jacques Monod acaba de mostrar pela nona vez no “O Acaso e A Necessidade”. O que não impede que um homem, em cada dois, viva em regimes marxistas.

Numa mesa-redonda sobre as viagens à Lua, ouvi um erudito do Islão dizer que a Lua era habitada. A viagem lunar não o provou, mas isto não abalou o Islão.

Uma vez que um grupo humano tenha começado a fazer bola de neve sob o efeito de forças dinâmicas das quais tudo ignoramos, é extremamente difícil, e talvez impossível, pará-la. Não está, em todo caso, excluído que a cientologia dá a uma certa juventude o que o esquerdismo e o LSD não puderam dar, e não se vê expandir-se eventualmente sustentada pelas armas.

Por isso, essa questão de saber o que existe exatamente do Excalibur, de saber até que ponto a doutrina secreta da cientologia, se há uma, deriva de um livro maldito, merece ser examinada. E não penso que se possa elucidar esse gênero de problema dizendo simplesmente que Deus está morto, e que é preciso qualquer coisa ou alguém que o substitua. Penso que houve químicos, antes que se descobrisse o átomo e a teoria exata da química baseada sobre a mecânica ondulatória.

Da mesma maneira, estou persuadido de que há praticantes da dinâmica de grupo, incapazes de explicar o que fazem, no entanto obtém resultados, enquanto que um sociólogo médio seria incapaz de eleger-se numa vila de cinqüenta habitantes.

Penso que Hitler ou Hubbard fazem parte desses sociólogos amadores que obtém de maneira empírica resultados espantosos.

No meu entender, entretanto, esses praticantes só podem funcionar se atrás deles houver um grupo de organizadores ou de planificadores. Sabemos muito bem qual o grupo que se encontrava atrás de Hitler, ignoramos tudo sobre o grupo que se encontra atrás de Hubbard, e notadamente sobre o financiamento das operações, e seus objetivos definitivos. Se há, realmente, atrás de Hubbard um livro maldito, seria desejável que ele tivesse feito dele muitas fotocópias e que as tivesse colocado em lugar seguro, espalhando-as pelo mundo. Se não, eu não ficaria surpreso se um dia o seu iate sofresse um acidente.

A teoria de Hubbard é falsa certamente, mas dá, talvez, resultados justos. Não é a primeira vez que esse tipo de coisa acontece.

Não se fez, ainda, estudo sociológico sobre as pessoas atraídas pela cientologia. A dianética, como a psicanálise, atraiu principalmente loucos. Freud mesmo, numa primeira fase de sua carreira, ao que indica, parece ter ficado louco furioso: praticava a numerologia, e acreditava nas piores superstições. Diz-se que ele ficou são em sua segunda fase, depois que fez sua auto-análise, mas tenho dúvidas.

Como diz, justamente, G. K. Chesterton: “O louco não é aquele que perdeu a razão; o louco é aquele que perdeu tudo, menos a razão”. A cientologia começou a entrar numa fase em que atrai em massa pessoas que poderíamos chamar de normais? Em que proporção? Isto seria interessante saber.

Gostaria muito, correndo os devidos riscos e perigos, de dar uma olhada no Excalibur.

por Jacques Bergier

Postagem original feita no https://mortesubita.net/realismo-fantastico/o-livro-que-leva-a-loucura-excalibur/

Avatar e a Kabbalah

Um dos melhores desenhos de todos os Tempos, “Avatar: The Last Airbender”, é carregado de referências Hermetistas. Como não poderia deixar de ser, como todo grande projeto de contar uma história, Avatar se utiliza da Jornada do Herói, ancorada pesadamente na Kabbalah Hermética. Os Principais Personagens seguem os grandes Arquétipos das Sephiroth e os personagens menores oscilam entre os Caminhos e as correspondências entre as Esferas, formando uma história fabulosa em 61 episódios e 3 Temporadas. Tentarei ser o mais sucinto possível para não dar nenhum grande Spoiler, mas recomendo que vocês assistam à série antes de ler o post a seguir.

AVISO: Contém Spoilers. Não abra se não assistiu à série ainda.

Malkuth: Toph tem 12 anos e é uma excelente dobradora de terra. Apesar de ser cega, Toph está longe de ser uma menina inútil e frágil, pois é a pessoa mais forte (no sentido de força física) do grupo. Seus pais não acreditam que ela é forte, o que faz ela duvidar se eles realmente a amam. Aprendeu a dobrar terra com as toupeiras dobradoras, consideradas as primeiras dobradoras de terra do planeta. Como ela mesma diz, apesar de ter nascido cega nunca teve problemas para ver, pois com a dobra de terra, seus “pés podem enxergar” qualquer vibração à sua volta através das ondas transmitidas pelo solo. Desde que fugiu de casa para se juntar ao grupo, Toph ensina a Dobra de Terra a Aang. A garota é uma típica baderneira e tem um gênio muito forte, entrando em conflito com Katara várias vezes. Seu senso de humor é parecido com o de Sokka e parece ter uma queda pelo mesmo. Ela também inventou a dominação de metal, quando descobriu que há partículas de terra no metal.

Yesod: Katara é a última Dobradora da Tribo da Água do Sul. No começo de suas aventuras com Aang ela era apenas uma amadora na Dobra de Água, mas, após sair do Polo Norte, Katara atingiu o nível de mestra na Dobra de Água. Ela quem ensina Aang a dobra d’água. O temperamento de Katara é um pouco maternal, porém instável, irritando-se com facilidade. Ela é muito caridosa, prestativa e responsável, uma vez que teve que assumir o comando de sua família após a morte de sua mãe (apesar de estarem com a avó). Ao final da trama, corresponde ao amor de Aang, que foi se apaixonando por ela ao longo da história.

Hod: Sokka é o irmão mais velho de Katara. Ele era o único guerreiro que havia sobrado na Tribo da Água do Sul depois que seu pai e as suas tropas saíram da tribo. Sokka não pode dobrar nada, mas é muito inteligente e também é um bom guerreiro. Ele é muito engraçado, mas a maior parte da graça do garoto advém do fato dele ser extremamente sarcástico. Utiliza um bumerangue como arma, além de sua espada negra, feita de um meteoro. Se apaixonou pela Princesa Yue, que foi sua primeira namorada; e também por Suki, na qual fica com ele no final. É o estrategista de todo o grupo e planeja a Invasão ao Reino do Fogo.

Netzach: Suki é uma jovem e bonita garota que mora na Ilha de Kyoshi, que conheceu Aang e seus amigos, e desde lá, nutre fortes sentimentos por Sokka. Ela saiu da Ilha de Kyoshi com suas guerreiras e foi lutar na guerra contra a Nação do Fogo. É capturada, e levada a prisão da mais alta segurança da Nação do Fogo por ser a líder das Guerreiras de Kyoshi. Nos últimos episódios do terceiro livro é libertada por Sokka, que acreditava que seu pai estivesse em tal prisão, mas encontra Suki acidentalmente. Apesar de esperar encontrar seu pai, Sokka, ficou tremendamente feliz por ter finalmente re-encontrado sua amada (a libertação da Princesa da Masmorra). No final, os dois ficam juntos.

Tiferet: Aang é um típico garoto de 12 anos de idade (tempo em que conviveu com o mundo. Na realidade são 112, já que passou 100 anos congelado em um iceberg), exceto pelo fato de ele ser o Avatar. Ele é o último remanescente dos dobradores de ar, e foi descoberto depois de passar cem anos aprisionado em um iceberg. Aang nunca quis ser o Avatar, mas sim uma criança normal. Não obstante, ele é muito importante para restaurar a paz do mundo e seu destino é derrotar o senhor do fogo Ozai, ele entende isso e sempre segue o que lhe foi ensinado no Templo do Ar onde cresceu, que inclui o princípio de que “toda vida é sagrada”. Contudo, apesar dele ser o Avatar, ele tenta sempre que possível realizar brincadeiras para afastá-lo de sua enorme responsabilidade. É apaixonado por Katara.

Geburah: Príncipe Zuko. “Eu vou capturar o Avatar, e restaurar minha honra!” Essa era a fixação do Príncipe Zuko, que frequentemente tentava capturar o Avatar para que ele pudesse ser de novo aceito como príncipe da Nação do Fogo. Sob o manto de sua fúria, Zuko é um jovem que foi privado do amor de seu pai, que marcou seu rosto com uma enorme cicatriz, o que o levava a fazer qualquer coisa para agradá-lo, tornando suas decisões confusas e impensadas, mas seu pai nunca deu nenhum sinal da afeição. Mesmo depois que seu tio e ele foram banidos da Nação do Fogo, ele ainda tentou realcançar sua “honra” para ser aceito de volta pelo pai, ajudando sua irmã a dominar o Reino da Terra. Não obstante, após voltar para sua casa e ser aceito por seu pai, Zuko percebeu o quão errado ele havia sido em sua vida e decidiu se juntar a Aang e seus amigos para ensinar ao Avatar a Dobra de Fogo. Apesar de ser um tanto quanto sarcástico e impulsivo, Zuko é uma pessoa bondosa e justa.

Chesed: Iroh. Conhecido “O Dragão do Oeste”, Iroh é um general aposentado. Ele é o irmão mais velho do Senhor do Fogo Ozai, e acompanha Zuko em todos os lugares em que ele vai. Seu filho, Lu Ten, morreu quando ele realizava um cerco na cidade de Ba Sing Se. Desde então, considera Zuko como seu próprio filho. Tem com uma de suas principais características sua apreensão por chás, sendo o “Chá de Jasmin” o seu favorito. Iroh é uma pessoa calma e muito sábia, e é também o maior Dobrador de Fogo existente, e era até mesmo considerado um dos orgulhos da Nação do Fogo em tempos antigos. Ele adora jogar Pai Sho, uma espécie de jogo de tabuleiro, a qual se refere “não sendo apenas um jogo”. Iroh tem uma elevada posição na secreta Ordem da Lótus Branca, ordem essa qual os participantes se identificam por meio do Pai Sho. Iroh seria o Senhor do Fogo atual, mas com a morte do filho acabou ficando sem herdeiros, e o seu irmão Ozai assumiu o seu lugar.

Daath: Senhor do Fogo Ozai. É um líder tirano e com imensa sede de poder que faz de tudo para poder ganhar a guerra e controlar todas as nações.

Binah, Hochma e Kether: Os Avatares passados. Aang possui a habilidade de se conectar a todas as suas vidas anteriores, representadas principalmente por Avatar Kyoshi (Binah/Terra) e Avatar Roku (Hochma/Fogo). Ao longo de seu treinamento, conforme Aang avança no domínio dos chakras, mais próximo fica de atingir a Forma-Deus (Kether) onde possui o poder reunido de todos os Avatares que vieram antes dele.

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#Arte #Kabbalah

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/avatar-e-a-kabbalah

Zhuangzi – O Irreverente

Por Gilberto Antônio Silva

O Taoísmo é uma das filosofias que mais marcou o pensamento chinês em todos os tempos. Mas quando se fala sobre essa filosofia, normalmente pensamos em Laozi (Lao-Tzu) e sua obra, o Tao Te Ching, ou então no I Ching, a obra clássica do taoísmo. Poucos se lembram desta figura irreverente e extrovertida, que com seu humor levou a filosofia do Tao a imperadores e intelectuais: Zhuangzi (Chuang-Tsé).

O Homem e a Obra

Pouco se sabe sobre a vida deste grande sábio. As únicas referências históricas são as notas do grande historiador chinês Sima Qian (145-85 a.C.) em sua obra Shiji (Registros do Historiador). Segundo nos chega do distante passado chinês, Zhuangzi nasceu com o nome de Zhuang Zhou, em Meng, e viveu por volta do século IV a.C. tendo sido funcionário público por algum tempo.

Os escritos atribuídos a ele somam 33 capítulos, dos quais apenas os 7 primeiros podem ser endossados com relativa segurança, segundo consenso geral entre os estudiosos. Os demais parecem ter sido acrescentados ao corpo da obra principal séculos depois, embora possuam em muitas passagens os mesmos traços característicos do grande sábio.

Sua escrita se revela em traços cômicos e críticas irônicas, às vezes cruéis, de seus opositores, particularmente os confucionistas. Apegados aos rituais e às regras de moral de Confúcio, eles batiam de frente com a liberdade e a não-ação (Wuwei) pregadas pelo taoísmo defendido por Chuang-Tsé. Suas histórias, às vezes verdadeiras piadas, são partes muito queridas e apreciadas da literatura chinesa, principalmente por intelectuais, visto que muitas vezes sua obra se reveste de uma sutileza ímpar.

Mas vamos dar a palavra ao sábio chinês e deixar que você mesmo julgue.

A Cauda da Tartaruga

Zhuangzi estava pescando certa tarde em um lago. Eis que chegam dois altos dignatários do Imperador e se dirigem a ele, cheios de formalidade:

– Grandíssimo senhor, sois Mestre Zhuangzi?

Zhuangzi olhou desconfiado para eles e respondeu simplesmente:

– Sou Zhuang.

– Ah, finalmente o encontramos. O Imperador solicita ao senhor que aceite ser seu Ministro de Estado, com todas as honras e privilégios do cargo, devido à sua grande sabedoria.

Zhuangzi pensou um momento e respondeu:

– Num santuário imperial existe a carapaça de uma tartaruga sagrada que viveu mil anos. Ela está no altar principal e é reverenciada e admirada por todos. Mas diga-me: essa tartaruga preferia ter sua carapaça morta honrada e admirada ou preferia arrastar sua cauda na lama?

– Ora, ela com certeza iria preferir arrastar sua cauda na lama!

– Muito bem, ide então. Vou continuar arrastando minha cauda na lama – disse ele, voltando à sua pescaria.

O Sonho

Zhuangzi estava muito preocupado, sentado em uma pedra. Um amigo seu perguntou qual o problema.

– Esta noite sonhei que era uma borboleta. Batia minhas asas e voava de flor em flor, feliz e contente. Era uma sensação muito vívida e a liberdade, maravilhosa. Repentinamente acordei de meu sonho e voltei a ser Zhuang.

– Ora, e o que tem isso de extraordinário? Todos, às vezes, sonhamos dessa forma.

– Sim, mas quem sou eu? Serei Zhuang que sonhou ser uma borboleta ou serei uma borboleta que está sonhando ser Zhuang neste momento?

A Resposta de Laozi

Um homem chamado Nanjung Chu procurou Laozi na esperança de encontrar respostas às suas preocupações. Ao se aproximar, Laozi falou:

– Por que me procurou com toda essa multidão de gente?

Ele se virou para trás para ver que multidão havia, mas nada viu.
[Essa história é muito interessante por ser a ancestral do conto Zen da xícara vazia, que todo mundo conhece. A multidão a que se refere Laozi é o conjunto de conceitos, velhas idéias, certo e errado, vida e morte, preconceitos e outros que carregamos aonde vamos. Ao buscar novas idéias, devemos nos afastar desta “multidão” que nos segue aonde quer que vamos.]

O Vinho e o Tao

Laozi estava sentado em uma taberna, saboreando seu vinho quando passou Confúcio e o viu pela janela. Entrando cautelosamente, procurou o sábio e o repreendeu:

– Você prega a sabedoria do Tao e está aqui tomando o vinho da embriaguez? Não tem vergonha? O que dirão as pessoas ao verem você aqui?

Laozi olhou para ele e encheu o copo.

– Onde mora o Tao?

Confúcio nem piscou.

– Ora, o Tao está em todo lugar.

– Então o Tao está nesta mesa, neste banco, neste copo e neste vinho, não? Então não existe problema nenhum: estou me embriagando de Tao.

Confúcio não respondeu e saiu. Chegando junto a seus discípulos, estes lhe perguntaram por que estava tão transtornado e ele lhes respondeu:

– Hoje vi um dragão.
[Quer dizer, uma pessoa de grande sabedoria. Esta história ilustra a maneira como Zhuangzi falava dos confucionistas e como a liberdade taoísta se chocava com as regras morais do confucionismo]

Gilberto Antônio Silva é Parapsicólogo e Jornalista. Como Taoísta, atua amplamente na pesquisa e divulgação desta fantástica filosofia-religião chinesa. Site: www.taoismo.org

#Tao

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/zhuangzi-o-irreverente

Trago seu amor em três dias úteis!

Mironga é como chamamos o feitiço de preto-velho; a mandinga de negro em favor aos filhos que o procuram. Aqui vão algumas mirongas que Pai Marcelo de Egun tem a ensinar para resolver as dificuldades do coração de mizifio. Leia tudo com muita atenção e, principalmente, aplique isso no seu dia-dia. Grande é a força dessas pequenas macumbas…

1 – Aprenda a viver sozinho. Caso você não tenha capacidade nem para viver consigo mesmo, como poderá levar felicidade e alegria para outra pessoa? Primeiro relacione-se com seu eu interior. Depois busque alguém.

2 – Assuma a responsabilidade pelo seu relacionamento. Não é magia, inveja, ciúmes de terceiros, etc, que irá separar aquilo que o amor uniu.

3 – É claro que também nenhuma simpatia, reza ou trabalho irá unir ou “amarrar” aquilo que a falta de carinho e dedicação desuniu.

4 – Simplificando: quem procura as coisas ocultas para resolver problemas sentimentais é imaturo, ruim do juízo e doente do coração. Se pagar pra alguém fazer “amarração”, é um idiota e merece ficar sem seu dinheiro também.

5 – Desapegue-se! Ser humano é um bicho apegado. O único problema: amor é um sentimento livre. Um eterno querer bem. Um carinho incondicional. Quase um sentimento de devoção. Se você “gosta” tanto de alguém que prefere ele “morto” do que feliz com outra pessoa, escute: Isso não é amor! Você é um doente psicopata. Simples ilusão disfarçada…

6 – Aprenda que ninguém irá te completar. Você já deveria ser completo! Mas quando um relacionamento é calcado no mais puro amor, muito do amado vive no amante e muito do amante pra sempre viverá no amado. Quer milagre maior que esse?

7 – Melhor sozinho do que mal acompanhado! Sabedoria popular, mas o que têm de doutor e doutora que não consegue entender isso.

8 – Ponha o pé no chão e esqueça essa história de alma gêmea. Pare de enfeitar suas próprias desilusões com devaneios esquisotéricos. Encare a realidade de frente.

9 – A vida vai passando, com ele/a, ou sem ele/a. E a morte se aproximando…

10 – Por isso, vão viver a vida, mizifios! Quem sabe ela não está guardando um presente para vocês? Não existe mironga maior que essa…

Adaptado de um texto bem mais educado da Vó Dita.

#Humor

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/trago-seu-amor-em-tr%C3%AAs-dias-%C3%BAteis

O ritual nosso de cada dia

— Pode um homem deixar de ser máquina ?

— Ah ! aí está toda a questão, disse G.. Se tivesse feito mais freqüentemente semelhantes perguntas, talvez nossas conversas tivessem podido levar-nos a alguma parte. Sim, é possível deixar de ser máquina, mas, para isto, é necessário, antes de tudo, conhecer a máquina. Uma máquina, uma máquina real, não se conhece a si mesma e não pode conhecer-se. Quando uma máquina se conhece, desde esse instante deixou de ser máquina; pelo menos não é mais a mesma máquina que antes. Já começa a ser responsável por suas ações.

– Fragmentos de um ensinamento desconhecido, P.D. Ouspensky.

O que diferencia um homem de uma máquina ? O homem tem Vontade, consciência, a máquina no entanto trabalha de acordo com as pressões externas. Em maior ou menor grau somos máquinas. Variando de uma coisa para a outra de acordo com a quantidade de ações desenvolvidas pela consciência ou por pura pressão externa.

Para exemplificar; em nossa úlitma coluna estudamos a manifestação de emoções negativas, uma característica eminentemente mecânica e discutimos algumas formas de evitá-las, uma atitude eminentemente humana.

Caso tenha praticado o exercício proposto você deve ter notado o quanto muitas vezes só nos damos conta da manifestação no meio dela, ou depois de terminada a expressão. Isso ocorre porque é muito dificil no começo do trabalho sobre si mesmo, agir. Na maior parte do tempo estamos reagindo, funcionando como máquinas, de acordo com as pressões externas.

Se você viu o “gráfico da verdadeira vontade” e teve um leve mal estar por estar longe do extase(ou de todas as esferas), não se desespere, é possível transformar muita coisa com gestos simples. Você poderá inclusive se valer da sua mecanicidade para de alguma forma auxiliá-lo. A chave para essa transformação são os rituais, ou melhor; a ritualização do seu dia a dia.

Como máquinas é dificil esperar de nós uma enorme transformação repentina, de fato, esse tipo de transformação pode ser até perigosa. O importante não é a velocidade mas sim a direção da mudança, portanto essa prática pode lhe ajudar a executar pequenas mudanças no seu cotidiano, que com a persistência desencadearão grandes transformações.

Nossa vida é cheia de rituais criados ou impostos pela sociedade como um todo e nem nos damos conta deles, alguns benéficos outros nem tanto. Escovar os dentes após as refeições, cumprimentar com um aperto de mãos ou um beijo. Já contou quantas vezes duas pessoas se cumprimentam com perguntas ? Olá Tudo bem ? e o outro responde: como vai ? Nossa forma de trabalhar também envolve uma série de rituais conscientes e incoscientes, checar e-mails logo pela manhã, ficar de mau humor ao ser avisado de uma reunião. Os exemplos são infinitos, e servem para ilustrar a quantidade infinita de padrões de comportamento repetidos que não nos damos conta e que guiam nossa existência.

Ao ritualizar sua ações diárias você estabelece uma disciplina que independe de certa forma da vontade, ou do seu humor. Você não deixa de ser máquina da noite para o dia, mas passa a estabelecer rituais que foram criados por você, indiretamente suas ações são direcionadas pela consciência. É uma forma de colocar sua própria mecanicidade a serviço da expansão de consciência.

É claro que TODO ato de vontade é superior a um ato mecânico, seja fruto das pressões externas ou um ritual feito por você, mas existe ai uma hierarquia entre os atos e com certeza um ritual feito por você SEMPRE será melhor que um ritual fruto de pressões externas.

O progresso natural dessa prática é que os rituais comecem como algo mecânico e se passem a se desenvolver e evoluir até serem sempre feitos com consciência. Começam com um por dia e depois vão se acumulando, não como fardo, e sim como uma experiência prazerosa de crescimento. Dessa forma seu dia terá vários “focos de luz” da consciência que vão ficando cada vez mais fortes até que tudo se torne simbólico e ritualistico. Não há nada mais sagrado do que isso, viver a vida em toda a sua glória e esplendor, sem negar nada, vivendo uma vida espiritual encarnados, se valendo em cada ato de todos os corpos e de todo nosso potencial.

A repetição vai dando poder para esse ato, o que é muito importante lembrar quando pensamos que existem rituais virtuosos e viciosos, a medida em que persiste-se na prática cada ritual ganha vida por si só e vai se tornando uma fonte de poder pessoal.

A úlitma e talvez mais importante característica de ritualizar um comportamento é que todo ato consciente coloca você em conexão com o mesmo nível de consicência, desde o nível mais insignificante até a fusão total. Pra entender melhor, fumar coloca você em contato com a egrégora do cigarro se você fuma só um pouco, vai sentir muito pouco esse contato, se fuma muito ele será constante, mesmo quando não estiver fumando, rezar (de coração, claro) coloca você em contato com a egrégora da religião, rezar muito (muito(muito(muito))) te coloca em contato com o divino, até quando não estiver rezando.

Os atos de consciêcia vão despertar em você o que Gurdjeff chama de centros de gravidade. Imagine que assim como os corpos celestes, nós tambem somos atraídos e atraímos, só que no nosso caso atráimos conforme nossa faixa de vibração. Estudar magia, praticar rituais e observar a si mesmo vai fazer com que você se conecte com um centro de gravidade espiritual e voltado para a evolução, atos inconscientes vão fazer você ser tragado para os centros de inconsciência. Daí dizer que quando o discípulo está pronto o mestre aparece, quando a influência lhe chama você pode responder ou não. O homem sofre a influência de infindáveis centros de gravidade, analogamente poderiam ser egrégoras, e deve escolher com qual tipo de egrégora quer se conectar, e tendo feito sua escolha AGIR para que isso aconteça.

Ritualizar o dia a dia é uma chave poderosa de aplicar mudanças reais no seu estado de consciência. De forma básica e rápida o que você vai fazer é o seguinte: estabelecer uma prática que deve ser executada em determinado horário ou em determinada circunstância. Parece simples e amplo demais certo ? É para ser, porque as aplicações são infinitas, eu darei alguns exemplos que nem de longe demonstrarão a extensão de aplicação dessa prática. Veja que eles variam de coisas simples e rotineiras até complexas e raras, use e abuse de sua imaginação.

Sei que a maioria de vocês executa alguma forma de ritual e isso é otimo, encorajo vocês a experimentar ritualizar outras partes de seu dia.

– Ao passar por uma porta, imaginar que ela é uma porta para uma dimensão superior, um estágio maior de consciência.

– Ao subir uma escada imaginar que se está subindo a escada de Jacó, o caminho dos anjos e acessando realidades divinas. Quando descê-las imagine que está penetrando em seu próprio inconsciente, de forma segura (firme no corrimão), aprendendo mais sobre si mesmo.

-Rezar antes de dormir, ao acordar.

-Energizar a comida, visualizando ela carregada de energia, ou uma energia específica. Vale para água também. Quando você for um mestre: para cada respiração.

– Banhar-se com agua e lavar “todos” os corpos, imaginando que aquele momento é de purificação absoluta, imaginar a “sujeira” deixando seu corpo fisico, emocional, mental e espiritual.

– 30 minutos de trabalho, 1 minuto de meditação.

– Ao perceber que uma discussão é inevitável, esvazie-se, imagine que você está murchando por dentro, é o ego desinflando e sendo desarmado, dessa forma você entra na discussão menos propenso a “ganhar” e mais propenso a resolver. Passa a agir ao invés de reagir.

– Projetar símbolos planetários, alquímicos, astrológicos o tempo todo e em todo mundo, buscando sempre uma resolução harmoniosa para qualquer situação.

– Visualizar seu SAG (pra quem não conhece ele, uma luz branca está ótimo) te acompanhando antes de começar qualquer tarefa)

– Incorporar sua personalidade mágica antes de escrever na internet, no e-mail ou em qualquer lugar.

– Dedicar ao menos 3 minutos por dia para não fazer nada, a idéia desse ritual é desconectar-se completamente ainda que por pouquissimo tempo das egrégoras do mundo cão, em especial a egrégora que diz que você tem que produzir, consumir e trabalhar ou não é ninguém. 3 minutos inteiramente dedicados a ser quem você é independente do que o mundo é.

– Por último e esse é dedicado a todos os irmãos que sentiram uma leve depressão ao ver o gráfico da verdadeira vontade e se ver tão longe do extase. Tudo o que você faz está direcionado a verdadeira vontade, em maior ou menor grau, você pode não enxergar agora mas quando chegar la vai olhar pra tras e perceber que esse período ou fase foi essencial para chegar onde você está. Por isso mesmo no seu trabalho chato ou aturando malices universais o ritual que você deve fazer é dizer para si mesmo, isso faz parte do meu caminho, portanto vou fazer da melhor forma possível e tirar todo o aprendizado, traga isso para sua consciência. Lendo o blog, praticando aprendendo, se desenvolvendo e se conhecendo, é claro que você está no caminho. Você está dentro de um carro dirigindo a noite e só consegue enxergar onde os faróis iluminam, mas não se preocupe, a estrada está lá.

O irmão Leonardo Lacerda, nos trouxe com muita propriedade uma definição para o ritual:

um ritual existe para por um símbolo em ação. O ritual traz os princípios do mundo das ideias para nosso íntimo. Por isso que os rituais devem ser seguido a risca e sempre repetido da mesma maneira. O praticamente deve sentir o que faz, e não somente repetir e repetir. Um ritual quando devidamente praticado causa mudanças psicológicas no participante, vale a pena ler na coluna Virtude Cardeal.

Chay !

#hermetismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-ritual-nosso-de-cada-dia

A Linguagem e o Pensamento

Infelizmente, não tive tempo para traduzir este artigo, então vou postar em inglês mesmo. Ele começa a trabalhar a importância da linguagem simbólica na maneira com que ela molda o universo de cada pessoa. Extremamente importante no ocultismo, na astrologia e na psicologia.

HOW DOES OUR LANGUAGE SHAPE THE WAY WE THINK?

By Lera Boroditsky

Humans communicate with one another using a dazzling array of languages, each differing from the next in innumerable ways. Do the languages we speak shape the way we see the world, the way we think, and the way we live our lives? Do people who speak different languages think differently simply because they speak different languages? Does learning new languages change the way you think? Do polyglots think differently when speaking different languages?

These questions touch on nearly all of the major controversies in the study of mind. They have engaged scores of philosophers, anthropologists, linguists, and psychologists, and they have important implications for politics, law, and religion. Yet despite nearly constant attention and debate, very little empirical work was done on these questions until recently. For a long time, the idea that language might shape thought was considered at best untestable and more often simply wrong. Research in my labs at Stanford University and at MIT has helped reopen this question. We have collected data around the world: from China, Greece, Chile, Indonesia, Russia, and Aboriginal Australia. What we have learned is that people who speak different languages do indeed think differently and that even flukes of grammar can profoundly affect how we see the world. Language is a uniquely human gift, central to our experience of being human. Appreciating its role in constructing our mental lives brings us one step closer to understanding the very nature of humanity.

I often start my undergraduate lectures by asking students the following question: which cognitive faculty would you most hate to lose? Most of them pick the sense of sight; a few pick hearing. Once in a while, a wisecracking student might pick her sense of humor or her fashion sense. Almost never do any of them spontaneously say that the faculty they’d most hate to lose is language. Yet if you lose (or are born without) your sight or hearing, you can still have a wonderfully rich social existence. You can have friends, you can get an education, you can hold a job, you can start a family. But what would your life be like if you had never learned a language? Could you still have friends, get an education, hold a job, start a family? Language is so fundamental to our experience, so deeply a part of being human, that it’s hard to imagine life without it. But are languages merely tools for expressing our thoughts, or do they actually shape our thoughts?

Most questions of whether and how language shapes thought start with the simple observation that languages differ from one another. And a lot! Let’s take a (very) hypothetical example. Suppose you want to say, “Bush read Chomsky’s latest book.” Let’s focus on just the verb, “read.” To say this sentence in English, we have to mark the verb for tense; in this case, we have to pronounce it like “red” and not like “reed.” In Indonesian you need not (in fact, you can’t) alter the verb to mark tense. In Russian you would have to alter the verb to indicate tense and gender. So if it was Laura Bush who did the reading, you’d use a different form of the verb than if it was George. In Russian you’d also have to include in the verb information about completion. If George read only part of the book, you’d use a different form of the verb than if he’d diligently plowed through the whole thing. In Turkish you’d have to include in the verb how you acquired this information: if you had witnessed this unlikely event with your own two eyes, you’d use one verb form, but if you had simply read or heard about it, or inferred it from something Bush said, you’d use a different verb form.

Clearly, languages require different things of their speakers. Does this mean that the speakers think differently about the world? Do English, Indonesian, Russian, and Turkish speakers end up attending to, partitioning, and remembering their experiences differently just because they speak different languages? For some scholars, the answer to these questions has been an obvious yes. Just look at the way people talk, they might say. Certainly, speakers of different languages must attend to and encode strikingly different aspects of the world just so they can use their language properly.

Scholars on the other side of the debate don’t find the differences in how people talk convincing. All our linguistic utterances are sparse, encoding only a small part of the information we have available. Just because English speakers don’t include the same information in their verbs that Russian and Turkish speakers do doesn’t mean that English speakers aren’t paying attention to the same things; all it means is that they’re not talking about them. It’s possible that everyone thinks the same way, notices the same things, but just talks differently.

Believers in cross-linguistic differences counter that everyone does not pay attention to the same things: if everyone did, one might think it would be easy to learn to speak other languages. Unfortunately, learning a new language (especially one not closely related to those you know) is never easy; it seems to require paying attention to a new set of distinctions. Whether it’s distinguishing modes of being in Spanish, evidentiality in Turkish, or aspect in Russian, learning to speak these languages requires something more than just learning vocabulary: it requires paying attention to the right things in the world so that you have the correct information to include in what you say.

Such a priori arguments about whether or not language shapes thought have gone in circles for centuries, with some arguing that it’s impossible for language to shape thought and others arguing that it’s impossible for language not to shape thought. Recently my group and others have figured out ways to empirically test some of the key questions in this ancient debate, with fascinating results. So instead of arguing about what must be true or what can’t be true, let’s find out what is true.

Follow me to Pormpuraaw, a small Aboriginal community on the western edge of Cape York, in northern Australia. I came here because of the way the locals, the Kuuk Thaayorre, talk about space. Instead of words like “right,” “left,” “forward,” and “back,” which, as commonly used in English, define space relative to an observer, the Kuuk Thaayorre, like many other Aboriginal groups, use cardinal-direction terms — north, south, east, and west — to define space.1 This is done at all scales, which means you have to say things like “There’s an ant on your southeast leg” or “Move the cup to the north northwest a little bit.” One obvious consequence of speaking such a language is that you have to stay oriented at all times, or else you cannot speak properly. The normal greeting in Kuuk Thaayorre is “Where are you going?” and the answer should be something like ” Southsoutheast, in the middle distance.” If you don’t know which way you’re facing, you can’t even get past “Hello.”

The result is a profound difference in navigational ability and spatial knowledge between speakers of languages that rely primarily on absolute reference frames (like Kuuk Thaayorre) and languages that rely on relative reference frames (like English).2 Simply put, speakers of languages like Kuuk Thaayorre are much better than English speakers at staying oriented and keeping track of where they are, even in unfamiliar landscapes or inside unfamiliar buildings. What enables them — in fact, forces them — to do this is their language. Having their attention trained in this way equips them to perform navigational feats once thought beyond human capabilities. Because space is such a fundamental domain of thought, differences in how people think about space don’t end there. People rely on their spatial knowledge to build other, more complex, more abstract representations. Representations of such things as time, number, musical pitch, kinship relations, morality, and emotions have been shown to depend on how we think about space. So if the Kuuk Thaayorre think differently about space, do they also think differently about other things, like time? This is what my collaborator Alice Gaby and I came to Pormpuraaw to find out.

To test this idea, we gave people sets of pictures that showed some kind of temporal progression (e.g., pictures of a man aging, or a crocodile growing, or a banana being eaten). Their job was to arrange the shuffled photos on the ground to show the correct temporal order. We tested each person in two separate sittings, each time facing in a different cardinal direction. If you ask English speakers to do this, they’ll arrange the cards so that time proceeds from left to right. Hebrew speakers will tend to lay out the cards from right to left, showing that writing direction in a language plays a role.3 So what about folks like the Kuuk Thaayorre, who don’t use words like “left” and “right”? What will they do?

The Kuuk Thaayorre did not arrange the cards more often from left to right than from right to left, nor more toward or away from the body. But their arrangements were not random: there was a pattern, just a different one from that of English speakers. Instead of arranging time from left to right, they arranged it from east to west. That is, when they were seated facing south, the cards went left to right. When they faced north, the cards went from right to left. When they faced east, the cards came toward the body and so on. This was true even though we never told any of our subjects which direction they faced. The Kuuk Thaayorre not only knew that already (usually much better than I did), but they also spontaneously used this spatial orientation to construct their representations of time.

People’s ideas of time differ across languages in other ways. For example, English speakers tend to talk about time using horizontal spatial metaphors (e.g., “The best is ahead of us,” “The worst is behind us”), whereas Mandarin speakers have a vertical metaphor for time (e.g., the next month is the “down month” and the last month is the “up month”). Mandarin speakers talk about time vertically more often than English speakers do, so do Mandarin speakers think about time vertically more often than English speakers do? Imagine this simple experiment. I stand next to you, point to a spot in space directly in front of you, and tell you, “This spot, here, is today. Where would you put yesterday? And where would you put tomorrow?” When English speakers are asked to do this, they nearly always point horizontally. But Mandarin speakers often point vertically, about seven or eight times more often than do English speakers.4

Even basic aspects of time perception can be affected by language. For example, English speakers prefer to talk about duration in terms of length (e.g., “That was a short talk,” “The meeting didn’t take long”), while Spanish and Greek speakers prefer to talk about time in terms of amount, relying more on words like “much” “big”, and “little” rather than “short” and “long” Our research into such basic cognitive abilities as estimating duration shows that speakers of different languages differ in ways predicted by the patterns of metaphors in their language. (For example, when asked to estimate duration, English speakers are more likely to be confused by distance information, estimating that a line of greater length remains on the test screen for a longer period of time, whereas Greek speakers are more likely to be confused by amount, estimating that a container that is fuller remains longer on the screen.)5

An important question at this point is: Are these differences caused by language per se or by some other aspect of culture? Of course, the lives of English, Mandarin, Greek, Spanish, and Kuuk Thaayorre speakers differ in a myriad of ways. How do we know that it is language itself that creates these differences in thought and not some other aspect of their respective cultures?

One way to answer this question is to teach people new ways of talking and see if that changes the way they think. In our lab, we’ve taught English speakers different ways of talking about time. In one such study, English speakers were taught to use size metaphors (as in Greek) to describe duration (e.g., a movie is larger than a sneeze), or vertical metaphors (as in Mandarin) to describe event order. Once the English speakers had learned to talk about time in these new ways, their cognitive performance began to resemble that of Greek or Mandarin speakers. This suggests that patterns in a language can indeed play a causal role in constructing how we think.6 In practical terms, it means that when you’re learning a new language, you’re not simply learning a new way of talking, you are also inadvertently learning a new way of thinking. Beyond abstract or complex domains of thought like space and time, languages also meddle in basic aspects of visual perception — our ability to distinguish colors, for example. Different languages divide up the color continuum differently: some make many more distinctions between colors than others, and the boundaries often don’t line up across languages.

To test whether differences in color language lead to differences in color perception, we compared Russian and English speakers’ ability to discriminate shades of blue. In Russian there is no single word that covers all the colors that English speakers call “blue.” Russian makes an obligatory distinction between light blue (goluboy) and dark blue (siniy). Does this distinction mean that siniy blues look more different from goluboy blues to Russian speakers? Indeed, the data say yes. Russian speakers are quicker to distinguish two shades of blue that are called by the different names in Russian (i.e., one being siniy and the other being goluboy) than if the two fall into the same category.

For English speakers, all these shades are still designated by the same word, “blue,” and there are no comparable differences in reaction time.

Further, the Russian advantage disappears when subjects are asked to perform a verbal interference task (reciting a string of digits) while making color judgments but not when they’re asked to perform an equally difficult spatial interference task (keeping a novel visual pattern in memory). The disappearance of the advantage when performing a verbal task shows that language is normally involved in even surprisingly basic perceptual judgments — and that it is language per se that creates this difference in perception between Russian and English speakers.

When Russian speakers are blocked from their normal access to language by a verbal interference task, the differences between Russian and English speakers disappear.

Even what might be deemed frivolous aspects of language can have far-reaching subconscious effects on how we see the world. Take grammatical gender. In Spanish and other Romance languages, nouns are either masculine or feminine. In many other languages, nouns are divided into many more genders (“gender” in this context meaning class or kind). For example, some Australian Aboriginal languages have up to sixteen genders, including classes of hunting weapons, canines, things that are shiny, or, in the phrase made famous by cognitive linguist George Lakoff, “women, fire, and dangerous things.”

What it means for a language to have grammatical gender is that words belonging to different genders get treated differently grammatically and words belonging to the same grammatical gender get treated the same grammatically. Languages can require speakers to change pronouns, adjective and verb endings, possessives, numerals, and so on, depending on the noun’s gender. For example, to say something like “my chair was old” in Russian (moy stul bil’ stariy), you’d need to make every word in the sentence agree in gender with “chair” (stul), which is masculine in Russian. So you’d use the masculine form of “my,” “was,” and “old.” These are the same forms you’d use in speaking of a biological male, as in “my grandfather was old.” If, instead of speaking of a chair, you were speaking of a bed (krovat’), which is feminine in Russian, or about your grandmother, you would use the feminine form of “my,” “was,” and “old.”

Does treating chairs as masculine and beds as feminine in the grammar make Russian speakers think of chairs as being more like men and beds as more like women in some way? It turns out that it does. In one study, we asked German and Spanish speakers to describe objects having opposite gender assignment in those two languages. The descriptions they gave differed in a way predicted by grammatical gender. For example, when asked to describe a “key” — a word that is masculine in German and feminine in Spanish — the German speakers were more likely to use words like “hard,” “heavy,” “jagged,” “metal,” “serrated,” and “useful,” whereas Spanish speakers were more likely to say “golden,” “intricate,” “little,” “lovely,” “shiny,” and “tiny.” To describe a “bridge,” which is feminine in German and masculine in Spanish, the German speakers said “beautiful,” “elegant,” “fragile,” “peaceful,” “pretty,” and “slender,” and the Spanish speakers said “big,” “dangerous,” “long,” “strong,” “sturdy,” and “towering.” This was true even though all testing was done in English, a language without grammatical gender. The same pattern of results also emerged in entirely nonlinguistic tasks (e.g., rating similarity between pictures). And we can also show that it is aspects of language per se that shape how people think: teaching English speakers new grammatical gender systems influences mental representations of objects in the same way it does with German and Spanish speakers. Apparently even small flukes of grammar, like the seemingly arbitrary assignment of gender to a noun, can have an effect on people’s ideas of concrete objects in the world.7

In fact, you don’t even need to go into the lab to see these effects of language; you can see them with your own eyes in an art gallery. Look at some famous examples of personification in art — the ways in which abstract entities such as death, sin, victory, or time are given human form. How does an artist decide whether death, say, or time should be painted as a man or a woman? It turns out that in 85 percent of such personifications, whether a male or female figure is chosen is predicted by the grammatical gender of the word in the artist’s native language. So, for example, German painters are more likely to paint death as a man, whereas Russian painters are more likely to paint death as a woman.

The fact that even quirks of grammar, such as grammatical gender, can affect our thinking is profound. Such quirks are pervasive in language; gender, for example, applies to all nouns, which means that it is affecting how people think about anything that can be designated by a noun. That’s a lot of stuff!

I have described how languages shape the way we think about space, time, colors, and objects. Other studies have found effects of language on how people construe events, reason about causality, keep track of number, understand material substance, perceive and experience emotion, reason about other people’s minds, choose to take risks, and even in the way they choose professions and spouses.8 Taken together, these results show that linguistic processes are pervasive in most fundamental domains of thought, unconsciously shaping us from the nuts and bolts of cognition and perception to our loftiest abstract notions and major life decisions. Language is central to our experience of being human, and the languages we speak profoundly shape the way we think, the way we see the world, the way we live our lives.

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NOTES

1 S. C. Levinson and D. P. Wilkins, eds., Grammars of Space: Explorations in Cognitive Diversity (New York: Cambridge University Press, 2006).

2 Levinson, Space in Language and Cognition: Explorations in Cognitive Diversity (New York: Cambridge University Press, 2003).

3 B. Tversky et al., “ Cross-Cultural and Developmental Trends in Graphic Productions,” Cognitive Psychology 23(1991): 515–7; O. Fuhrman and L. Boroditsky, “Mental Time-Lines Follow Writing Direction: Comparing English and Hebrew Speakers.” Proceedings of the 29th Annual Conference of the Cognitive Science Society (2007): 1007–10.

4 L. Boroditsky, “Do English and Mandarin Speakers Think Differently About Time?” Proceedings of the 48th Annual Meeting of the Psychonomic Society (2007): 34.

5 D. Casasanto et al., “How Deep Are Effects of Language on Thought? Time Estimation in Speakers of English, Indonesian Greek, and Spanish,” Proceedings of the 26th Annual Conference of the Cognitive Science Society (2004): 575–80.

6 Ibid., “How Deep Are Effects of Language on Thought? Time Estimation in Speakers of English and Greek” (in review); L. Boroditsky, “Does Language Shape Thought? English and Mandarin Speakers’ Conceptions of Time.” Cognitive Psychology 43, no. 1(2001): 1–22.

7 L. Boroditsky et al. “Sex, Syntax, and Semantics,” in D. Gentner and S. Goldin-Meadow, eds., Language in Mind: Advances in the Study of Language and Cognition (Cambridge, MA: MIT Press, 2003), 61–79.

8 L. Boroditsky, “Linguistic Relativity,” in L. Nadel ed., Encyclopedia of Cognitive Science (London: MacMillan, 2003), 917–21; B. W. Pelham et al., “Why Susie Sells Seashells by the Seashore: Implicit Egotism and Major Life Decisions.” Journal of Personality and Social Psychology 82, no. 4(2002): 469–86; A. Tversky & D. Kahneman, “The Framing of Decisions and the Psychology of Choice.” Science 211(1981): 453–58; P. Pica et al., “Exact and Approximate Arithmetic in an Amazonian Indigene Group.” Science 306(2004): 499–503; J. G. de Villiers and P. A. de Villiers, “Linguistic Determinism and False Belief,” in P. Mitchell and K. Riggs, eds., Children’s Reasoning and the Mind (Hove, UK: Psychology Press, in press); J. A. Lucy and S. Gaskins, “Interaction of Language Type and Referent Type in the Development of Nonverbal Classification Preferences,” in Gentner and Goldin-Meadow, 465–92; L. F. Barrett et al., “Language as a Context for Emotion Perception,” Trends in Cognitive Sciences 11(2007): 327–32.

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-linguagem-e-o-pensamento

Quem são os Sufis?

Os sufis são uma antiga maçonaria espiritual cujas origens nunca foram traçadas nem datadas; nem eles mesmos se interessam muito por esse tipo de pesquisa, contentando-se em mostrar a ocorrência da sua maneira de pensar em diferentes regiões e períodos. Conquanto sejam, de ordinário, erroneamente tomados por uma seita muçulmana, os sufis sentem-se à vontade em todas as religiões: exatamente como os “pedreiros-livres e aceitos”, abrem diante de si, em sua loja, qualquer livro sagrado – seja a Bíblia, seja o Corão, seja a Torá – aceito pelo Estado temporal. Se chamam ao islamismo a “casca” do sufismo, é porque o sufismo, para eles, constitui o ensino secreto dentro de todas as religiões. Não obstante, segundo Ali el-Hujwiri, escritor sufista primitivo e autorizado, o próprio profeta Maomé disse: “Aquele que ouve a voz do povo sufista e não diz aamin (amém) é lembrado na presença de Deus como um dos insensatos”. Numerosas outras tradições o associam aos sufis, e foi em estilo sufista que ele ordenou a seus seguidores que respeitassem todos os “Povos do Livro”, referindo-se dessa maneira aos povos que respeitavam as próprias escrituras sagradas – expressão usada mais tarde para incluir os zoroastrianos.

Tampouco são os sufis uma seita, visto que não acatam nenhum dogma religioso, por mais insignificante que seja, nem se utilizam de nenhum local regular de culto. Não têm nenhuma cidade sagrada, nenhuma organização monástica, nenhum instrumento religioso. Não gostam sequer que lhes atribuam alguma designação genérica que possa constrangê-los à conformidade doutrinária. “Sufi” não passa de um apelido, como “quacre”, que eles aceitam com bom humor. Referem-se a si mesmos como “nós amigos” ou “gente como nós”, e reconhecem-se uns aos outros por certos talentos, hábitos ou qualidades de pensamento naturais. As escolas sufistas reuniram-se, com efeito, à volta de professores particulares, mas não há graduação, e elas existem apenas para a conveniência dos que trabalham com a intenção de aprimorar os estudos pela estreita associação com outros sufis. A assinatura sufista característica encontra-se numa literatura amplamente dispersa desde, pelo menos, o segundo milênio antes de Cristo, e se bem o impacto óbvio dos sufis sobre a civilização tenha ocorrido entre o oitavo e o décimo oitavo séculos, eles continuam ativos como sempre. O seu número chega a uns cinqüenta milhões. O que os torna um objeto tão difícil de discussão é que o seu reconhecimento mútuo não pode ser explicado em termos morais ou psicológicos comuns – quem quer que o compreenda é um sufi. Posto que se possa aguçar a percepção dessa qualidade secreta ou desse instinto pelo íntimo contato com sufis experientes, não existem graus hierárquicos entre eles, mas apenas o reconhecimento geral, tácito, da maior ou menor capacidade de um colega.

O sufismo adquiriu um sabor oriental por ter sido por tanto tempo protegido pelo islamismo, mas o sufi natural pode ser tão comum no Ocidente como no Oriente, e apresentar-se vestido de general, camponês, comerciante, advogado, mestre-escola, dona-de-casa, ou qualquer outra coisa. “Estar no mundo mas não ser dele”, livre da ambição, da cobiça, do orgulho intelectual, da cega obediência ao costume ou do respeitoso temor às pessoas de posição mais elevada – tal é o ideal do sufi.

Os sufis respeitam os rituais da religião na medida em que estes concorrem para a harmonia social, mas ampliam a base doutrinária da religião onde quer que seja possível e definem-lhe os mitos num sentido mais elevado – por exemplo, explicando os anjos como representações das faculdades superiores do homem. Oferecem ao devoto um “jardim secreto” para o cultivo da sua compreensão, mas nunca exigem dele que se torne monge, monja ou eremita, como acontece com os místicos mais convencionais; e mais tarde, afirmam-se iluminados pela experiência real – “quem prova, sabe” – e não pela discussão filosófica. A mais antiga teoria de evolução consciente que se conhece é de origem sufista, mas embora muito citada por darwinianos na grande controvérsia do século XIX, aplica-se mais ao indivíduo do que à raça. O lento progresso da criança até alcançar a virilidade ou a feminilidade figura apenas como fase do desenvolvimento de poderes mais espetaculares, cuja força dinâmica é o amor, e não o ascetismo nem o intelecto.

A iluminação chega com o amor – o amor no sentido poético da perfeita devoção a uma musa que, sejam quais forem as crueldades aparentes que possa cometer, ou por mais aparentemente irracional que seja o seu comportamento, sabe o que está fazendo. Raramente recompensa o poeta com sinais expressos do seu favor, mas confirma-lhe a devoção pelo seu efeito revivificante sobre ele. Assim, Ibn El-Arabi (1165-1240), um árabe espanhol de Múrcia, que os sufis denominam o seu poeta maior, escreveu no Tarju-man el-Ashwaq (o intérprete dos desejos):

“Se me inclino diante dela como é do meu dever E se ela nunca retribui a minha saudação Terei, acaso, um justo motivo de queixa? A mulher formosa a nada é obrigada”

Esse tema de amor foi, posteriormente, usado num culto extático da Virgem Maria, a qual, até o tempo das Cruzadas, ocupara uma posição sem importância na religião cristã. A maior veneração que ela recebe hoje vem precisamente das regiões da Europa que caíram de maneira mais acentuada sob a influência sufista.

Diz de si mesmo, Ibn El-Arabi:

“Sigo a religião do Amor.

Ora, às vezes, me chamam

Pastor de gazelas [divina sabedoria]
Ora monge cristão,

Ora sábio persa.

Minha amada são três –

Três, e no entanto, apenas uma;

Muitas coisas, que parecem três,

Não são mais do que uma.

Não lhe dêem nome algum,

Como se tentassem limitar alguém

A cuja vista

Toda limitação se confunde”

Os poetas foram os principais divulgadores do pensamento sufista, ganharam a mesma reverência concedida aos ollamhs, ou poetas maiores, da primitiva Irlanda medieval, e usavam uma linguagem secreta semelhante, metafórica, constituída de criptogramas verbais. Escreve Nizami, o sufi persa: “Sob a linguagem do poeta jaz a chave do tesouro”. Essa linguagem era ao mesmo tempo uma proteção contra a vulgarização ou a institucionalização de um hábito de pensar apropriado apenas aos que o compreendiam, e contra acusações de heresia ou desobediência civil. Ibn El-Arabi, chamado às barras de um tribunal islâmico de inquisição em Alepo, para defender-se da acusação de não-conformismo, alegou que os seus poemas eram metafóricos, e sua mensagem básica consistia no aprimoramento do homem através do amor a Deus. Como precedente, indicava a incorporação, nas Escrituras judaicas, do Cântico erótico de Salomão, oficialmente interpretado pelos sábios fariseus como metáfora do amor de Deus a Israel, e pelas autoridades católicas como metáfora do amor de Deus à Igreja.

Em sua forma mais avançada, a linguagem secreta emprega raízes consonantais semíticas para ocultar e revelar certos significados; e os estudiosos ocidentais parecem não ter se dado conta de que até o conteúdo do popular “As mil e uma noites” é sufista, e que o seu título árabe, Alf layla wa layla, é uma frase codificada que lhe indica o conteúdo e a intenção principais: “Mãe de Lembranças”. Todavia, o que parece, à primeira vista, o ocultismo oriental é um antigo e familiar hábito de pensamento ocidental. A maioria dos escolares ingleses e franceses começam as lições de história com uma ilustração de seus antepassados druídicos arrancando o visco de um carvalho sagrado. Embora César tenha creditado aos druidas mistérios ancestrais e uma linguagem secreta – o arrancamento do visco parece uma cerimônia tão simples, já que o visco é também usado nas decorações de Natal -, que poucos leitores se detêm para pensar no que significa tudo aquilo. O ponto de vista atual, de que os druidas estavam, virtualmente, emasculando o carvalho, não tem sentido.

Ora, todas as outras árvores, plantas e ervas sagradas têm propriedades peculiares. A madeira do amieiro é impermeável à água, e suas folhas fornecem um corante vermelho; a bétula é o hospedeiro de cogumelos alucinógenos; o carvalho e o freixo atraem o relâmpago para um fogo sagrado; a raiz da mandrágora é antiespasmódica. A dedaleira fornece digitalina, que acelera os batimentos cardíacos; as papoulas são opiatos; a hera tem folhas tóxicas, e suas flores fornecem às abelhas o derradeiro mel do ano. Mas os frutos do visco, amplamente conhecidos pela sabedoria popular como “panacéia”, não têm propriedades medicinais, conquanto sejam vorazmente comidos pelos pombos selvagens e outros pássaros não-migrantes no inverno. As folhas são igualmente destituídas de valor; e a madeira, se bem que resistente, é pouco utilizada. Por que, então, o visco foi escolhido como a mais sagrada e curativa das plantas? A única resposta talvez seja a de que os druidas o usavam como emblema do seu modo peculiar de pensamento. Essa árvore não é uma árvore, mas se agarra igualmente a um carvalho, a uma macieira, a uma faia e até a um pinheiro, enverdece, alimenta-se dos ramos mais altos quando o resto da floresta parece adormecido, e a seu fruto se atribui o poder de curar todos os males espirituais. Amarrados à verga de uma porta, os ramos do visco são um convite a beijos súbitos e surpreendentes. O simbolismo será exato se pudermos equiparar o pensamento druídico ao pensamento sufista, que não é plantado como árvore, como se plantam as religiões, mas se auto-enxerta numa árvore já existente; permanece verde, embora a própria árvore esteja adormecida, tal como as religiões são mortas pelo formalismo; e a principal força motora do seu crescimento é o amor, não a paixão animal comum nem a afeição doméstica, mas um súbito e surpreendente reconhecimento do amor, tão raro e tão alto que do coração parecem brotar asas. Por estranho que pareça, a Sarça Ardente em que Deus apareceu a Moisés no deserto, supõem agora os estudiosos da Bíblia, era uma acácia glorificada pelas folhas vermelhas de um locanthus, o equivalente oriental do visco.

Talvez seja mais importante o fato de que toda a arte e a arquitetura islâmicas mais nobres são sufistas, e que a cura, sobretudo dos distúrbios psicossomáticos, é diariamente praticada pelos sufis hoje em dia como um dever natural de amor, conquanto só o façam depois de haverem estudado, pelo menos, doze anos. Os ollamhs, também curadores, estudavam doze anos em suas escolas das florestas. O médico sufista não pode aceitar nenhum pagamento mais valioso do que um punhado de cevada, nem impor sua própria vontade ao paciente, como faz a maioria dos psiquiatras modernos; mas, tendo-o submetido a uma hipnose profunda, ele o induz a diagnosticar o próprio mal e prescrever o tratamento. Em seguida, recomenda o que se há de fazer para impedir uma recorrência dos sintomas, visto que o pedido de cura há de provir diretamente do paciente e não da família nem dos que lhe querem bem.

Depois de conquistadas pelos sarracenos, a partir do século VIII d.C, a Espanha e a Sicília tornaram-se centros de civilização muçulmana renomados pela austeridade religiosa. Os letrados do norte, que acudiram a eles com a intenção de comprar obras árabes a fim de traduzi-las para o latim, não se interessavam, contudo, pela doutrina islâmica ortodoxa, mas apenas pela literatura sufista e por tratados científicos ocasionais. A origem dos cantos dos trovadores – a palavra não se relaciona com trobar, (encontrar), mas representa a raiz árabe TRB, que significa “tocador de alaúde” – é agora autorizadamente considerada sarracena. Apesar disso, o professor Guillaume assinala em “O legado do Islã” que a poesia, os romances, a música e a dança, todos especialidades sufistas, não eram mais bem recebidas pelas autoridades ortodoxas do Islã do que pelos bispos cristãos. Árabes, na verdade, embora fossem um veículo não só da religião muçulmana mas também do pensamento sufista, permaneceram independentes de ambos.

Em 1229 a ilha de Maiorca foi capturada pelo rei Jaime de Aragão aos sarracenos, que a haviam dominado por cinco séculos. Depois disso, ele escolheu por emblema um morcego, que ainda encima as armas de Palma, a nossa capital. Esse morcego emblemático me deixou perplexo por muito tempo, e a tradição local de que representa “vigilância” não me pareceu uma explicação suficiente, porque o morcego, no uso cristão, é uma criatura aziaga, associada à bruxaria. Lembrei-me, porém, de que Jaime I tomou Palma de assalto com a ajuda dos Templários e de dois ou três nobres mouros dissidentes, que viviam alhures na ilha; de que os Templários haviam educado Jaime em le bon saber, ou sabedoria; e de que, durante as Cruzadas, os Templários foram acusados de colaboração com os sufis sarracenos. Ocorreu-me, portanto, que “morcego” poderia ter outro significado em árabe, e ser um lembrete para os aliados mouros locais de Jaime, presumivelmente sufis, de que o rei lhes estudara as doutrinas.

Escrevi para Idries Shah Sayed, que me respondeu:

“A palavra árabe que designa o morcego é KHuFFaasH, proveniente da raiz KH-F-SH. Uma segunda acepção dessa raiz é derrubar, arruinar, calcar aos pés, provavelmente porque os morcegos freqüentam prédios em ruínas. O emblema de Jaime, desse modo, era um simples rébus que o proclamava “o Conquistador”, pois ele, na Espanha, era conhecido como “El rey Jaime, Rei Conquistador”. Mas essa não é a história toda. Na literatura sufista, sobretudo na poesia de amor de Ibn El-Arabi, de Múrcia, disseminada por toda a Espanha, “ruína” significa a mente arruinada pelo pensamento impenitente, que aguarda reedificação.

O outro único significado dessa raiz é “olhos fracos, que só enxergam à noite”. Isso pode significar muito mais do que ser cego como um morcego. Os sufis referem-se aos impenitentes dizendo-os cegos à verdadeira realidade; mas também a si mesmos dizendo-se cegos às coisas importantes para os impenitentes. Como o morcego, o sufi está cego para as “coisas do dia” – a luta familiar pela vida, que o homem comum considera importantíssima – e vela enquanto os outros dormem. Em outras palavras, ele mantém desperta a atenção espiritual, adormecida em outros. Que “a humanidade dorme num pesadelo de não-realização” é um lugar-comum da literatura sufista. Por conseguinte, a sua tradição de vigilância, corrente em Palma, como significado de morcego, não deve ser desprezada.”

A absorção no tema do amor conduz ao êxtase, sabem-no todos os sufis. Mas enquanto os místicos cristãos consideram o êxtase como a união com Deus e, portanto, o ponto culminante da consecução religiosa, os sufis, só lhe admitem o valor se ao devoto for facultado, depois do êxtase, voltar ao mundo e viver de forma que se harmonize com sua experiência.

Os sufis insistiram sempre na praticabilidade do seu ponto de vista. A metafísica, para eles, é inútil sem as ilustrações práticas do comportamento humano prudente, fornecidas pelas lendas e fábulas populares. Os cristãos se contentame em usar Jesus como o exemplar perfeito e final do comportamento humano. Os sufis, contudo, ao mesmo tempo que o reconhecem como profeta divinamente inspirado, citam o texto do quarto Evangelho: “Eu disse: Não está escrito na vossa Lei que sois deuses?” – o que significa que juizes e profetas estão autorizados a interpretar a lei de Deus – e sustenta que essa quase divindade deveria bastar a qualquer homem ou mulher, pois não há deus senão Deus. Da mesma forma, eles recusaram o lamaísmo do Tibete e as teorias indianas da divina encarnação; e posto que acusados pelos muçulmanos ortodoxos de terem sofrido a influência do cristianismo, aceitam o Natal apenas como parábola dos poderes latentes no homem, capazes de apartá-lo dos seus irmãos não-iluminados. De idêntica maneira, consideram metafóricas as tradições sobrenaturais do Corão, nas quais só acreditam literalmente os não-iluminados. O Paraíso, por exemplo, não foi, dizem eles, experimentado por nenhum homem vivo; suas huris (criaturas de luz) não oferecem analogia com nenhum ser humano e não se deviam imputar-lhes atributos físicos, como acontece na fábula vulgar.

Abundam exemplos, em toda a literatura européia, da dívida para com os sufis. A lenda de Guilherme Tell já se encontrava em “A conferência dos pássaros”, de Attar (séc. XII), muito antes do seu aparecimento na Suíça. E, embora dom Quixote pareça o mais espanhol de todos os espanhóis, o próprio Cervantes reconhece sua dívida para com uma fonte árabe. Essa imputação foi posta de lado, como quixotesca, por eruditos; mas as histórias de Cervantes seguem, não raro, as de Sidi Kishar, lendário mestre sufista às vezes equiparado a Nasrudin, incluindo o famoso incidente dos moinhos (aliás de água, e não de vento) tomados equivocadamente por gigantes. A palavra espanhola Quijada (verdadeiro nome do Quixote, de acordo com Cervantes) deriva da mesma raiz árabe KSHR de Kishar, e conserva o sentido de “caretas ameaçadoras”.

Os sufis muçulmanos tiveram a sorte de proteger-se das acusações de heresia graças aos esforços de El-Ghazali (1051-1111), conhecido na Europa por Algazel, que se tornou a mais alta autoridade doutrinária do islamismo e conciliou o mito religioso corânico com a filosofia racionalista, o que lhe valeu o título de “Prova do Islamismo”. Entretanto, eram freqüentemente vítimas de movimentos populares violentos em regiões menos esclarecidas, e viram-se obrigados a adotar senhas e apertos de mão secretos, além de outros artifícios para se defenderem.

Embora o frade franciscano Roger Bacon tenha sido encarado com respeitoso temor e suspeita por haver estudado as “artes negras”, a palavra “negra” não significa “má”. Trata-se de um jogo de duas raízes árabes, FHM e FHHM, que se pronunciam fecham e facham, uma das quais significa “negro” e a outra “sábio”. O mesmo jogo ocorre nas armas de Hugues de Payns (dos pagãos), nascido em 1070 ,que fundou a Ordem dos Cavaleiros Templários: a saber, três cabeças pretas, blasonadas como se tivessem sido cortadas em combate, mas que, na realidade, denotam cabeças de sabedoria.

“Os sufis são uma antiga maçonaria espiritual…” De fato, a própria maçonaria começou como sociedade sufista. Chegou à Inglaterra durante o reinado do rei Aethelstan (924-939) e foi introduzida na Escócia disfarçada como sendo um grupo de artesãos no princípio do século XIV, sem dúvida pelos Templários. A sua reformação, na Londres do início do século XVIII, por um grupo de sábios protestantes, que tomaram os termos sarracenos por hebraicos, obscureceu-lhes muitas tradições primitivas. Richard Burton, tradutor das “Mil e uma noites”, ao mesmo tempo maçom e sufi, foi o primeiro a indicar a estreita relação entre as duas sociedades, mas não era tão versado que compreendesse que a maçonaria começara como um grupo sufista. Idries Shah Sayed mostra-nos agora que foi uma metáfora para a “reedificação”, ou reconstrução, do homem espiritual a partir do seu estado de decadência; e que os três instrumentos de trabalho exibidos nas lojas maçônicas modernas representam três posturas de oração. “Buizz” ou “Boaz” e “Salomão, filho de Davi”, reverenciados pelos maçons como construtores do Templo de Salomão em Jerusalém, não eram súditos israelitas de Salomão nem aliados fenícios, como se supôs, senão arquitetos sufistas de Abdel-Malik, que construíram o Domo da Rocha sobre as ruínas do Templo de Salomão, e seus sucessores. Seus verdadeiros nomes incluíam Thuban abdel Faiz “Izz”, e seu “bisneto”, Maaruf, filho (discípulo) de Davi de Tay, cujo nome sufista em código era Salomão, por ser o “filho de Davi”. As medidas arquitetônicas escolhidas para esse templo, como também para o edifício da Caaba em Meca, eram equivalentes numéricos de certas raízes árabes transmissoras de mensagens sagradas, sendo que cada parte do edifício está relacionada com todas as outras, em proporções definidas.

De acordo com o princípio acadêmico inglês, o peixe não é o melhor professor de ictiologia, nem o anjo o melhor professor de angelologia. Daí que a maioria dos livros modernos e artigos mais apreciados a respeito do sufismo sejam escritos por professores de universidades européias e americanas com pendores para a história, que nunca mergulharam nas profundezas sufistas, nunca se entregaram às extáticas alturas sufistas e nem sequer compreendem o jogo poético de palavras pérseo-arábicas. Pedi a Idries Shah Sayed que remediasse a falta de informações públicas exatas, ainda que fosse apenas para tranqüilizar os sufis naturais do Ocidente, mostrando-lhes que não estão sós em seus hábitos peculiares de pensamento, e que as suas intuições podem ser depuradas pela experiência alheia. Ele consentiu, embora consciente de que teria pela frente uma tarefa muito difícil. Acontece que Idries Shah Sayed, descendente, pela linha masculina, do profeta Maomé, herdou os mistérios secretos dos califas, seus antecessores. É, de fato, um Grande Xeque da Tariqa (regra) sufista, mas como todos os sufis são iguais, por definição, e somente responsáveis perante si mesmos por suas consecuções espirituais, o título de “xeque” é enganoso. Não significa “chefe”, como também não significa o “chefe de fila”, velho termo do exército para indicar o soldado postado diante da companhia durante uma parada, como exemplo de exercitante militar.

A dificuldade que ele previu é que se deve presumir que os leitores deste livro tenham percepções fora do comum, imaginação poética, um vigoroso sentido de honra, e já ter tropeçado no segredo principal, o que é esperar muito. Tampouco deseja ele que o imaginem um missionário. Os mestres sufistas fazem o que podem para desencorajar os discípulos e não aceitam nenhum que chegue “de mãos vazias”, isto é, que careça do senso inato do mistério central. O discípulo aprende menos com o professor seguindo a tradição literária ou terapêutica do que vendo-o lidar com os problemas da vida cotidiana, e não deve aborrecê-lo com perguntas, mas aceitar, confiante, muita falta de lógica e muitos disparates aparentes que, no fim, acabarão por ter sentido. Boa parte dos principais paradoxos sufistas está em curso em forma de histórias cômicas, especialmente as que têm por objeto o Kboja (mestre-escola) Nasrudin, e ocorrem também nas fábulas de Esopo, que os sufis aceitam como um dos seus antepassados.

O bobo da corte dos reis espanhóis, com sua bengala de bexiga, suas roupas multicoloridas, sua crista de galo, seus guizos tilintantes, sua sabedoria singela e seu desrespeito total pela autoridade, é uma figura sufista. Seus gracejos eram aceitos pelos soberanos como se encerrassem uma sabedoria mais profunda do que os pareceres solenes dos conselheiros mais idosos. Quando Filipe II da Espanha estava intensificando sua perseguição aos judeus, decidiu que todo espanhol que tivesse sangue judeu deveria usar um chapéu de certo formato. Prevendo complicações, o bobo apareceu na mesma noite com três chapéus. “Para quem são eles, bobo?”, perguntou Filipe. “Um é para mim, tio, outro para ti e outro para o inquisidor-mor”. E como fosse verdade que numerosos fidalgos medievais espanhóis haviam contraído matrimônio com ricas herdeiras judias, Filipe, diante disso, desistiu do plano. De maneira muito semelhante, o bobo da corte de Carlos I, Charlie Armstrong (outrora ladrão de carneiros escocês), que o rei herdara do pai, tentou opor-se à política da Igreja arminiana do arcebispo Laud, que parecia destinada a redundar num choque armado com os puritanos. Desdenhoso, Carlos pedia a Charlie seu parecer sobre política religiosa, ao que o bobo lhe respondeu: “Entoe grandes louvores a Deus, tio, e pequenas laudes ao Diabo”. Laud, muito sensível à pequenez do seu tamanho, conseguiu que expulsassem Charlie Armstrong da corte (o que não trouxe sorte alguma ao amo).

#sufismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/quem-s%C3%A3o-os-sufis

O Dia da Marmota

Pode uma marmota prever o tempo ? Cientificamente é por demais questionável, mas uma tradição de mais de cem anos numa pequena cidade do nordeste dos Estados Unidos chama a atenção de todo o mundo a cada ano e já foi parar até no cinema.

O Dia da Marmota (Groundhog Day) é uma festa tradicional nos Estados Unidos que é celebrada a cada dia 2 de fevereiro. Segundo a tradição, as pessoas devem observar uma toca de marmota Marmota monax e, se o animal sair da toca por o tempo estar nublado, isso significa que o inverno terminará cedo. Se, ao contrário, o sol estiver a brilhar e o animal se asustar com a sua sombra e voltar para a toca, então o inverno durará mais 6 semanas.

A cidade de Punxsutawney, localizada a aproximadamente 120 quilômetros a nordeste de Pittsburgh, entrou para o mapa do mundo justamente com a festa do Dia da Marmota. Lá vive “Punxsutawney Phil”, a marmota que todos os anos anuncia de o inverno vai durar ou não mais seis semanas. Ela é conhecida na cidade como a Previsora das Previsoras e é cuidadodamente protegida pelo Punxsutawney Groundhog Club, um grupo de cidadãos da localidade que desde 1887 promove o festival e que neste mesmo ano intitulou Punxsutawney como “the weather capital of the world” (a capital mundial do tempo). Quem chega a Punxsutawney é recebido por uma placa que anuncia que a previsão oficial da marmota de fato funciona e que seminários sobre os prognósticos são oferecidos anualmente.

O site oficial do Festival da Marmota de Punxsutawney diz que a marmota passa grande parte do ano em um ambiente Punxsutawneynte climatizado na biblioteca da cidade. A cada dia 2 de fevereiro, ela é retirada de sua toca às 07:25 da manhã para dizer ao mundo a sua previsão do tempo. A marmora Phil teria mais de cem anos de idade, brincam os moradores locais. De acordo com eles, a extraordinária longevidade de Phil é resultado da relação com a marmota Phyllis, a sua “esposa’, e uma dieta especial.

Mas, afinal, a previsão do tempo da marmota Phil funciona ? As suas previsões foram analisadas na 86ª Convenção da Sociedade Americana de Meteorologia em Atlanta e os resultados não impressionaram os pesquisadores. Um meteorologista destacou que o grau de precisão dos prognósticos da marmota desde o primeiro registro em 1887 é de apenas 39 por cento. Apesar da incerteza se a recente elevação da temperatura do planeta é resultado do aquecimento global ou de causas naturais, um grupo de estudantes de Meteorologia da Purdue Universityfez pouco caso do debate sobre a marmota. “Elas são péssimas prognosticadoras”, disse Kim Klockow durante a convenção em Atlanta. “Nós ainda amamos as marmotas, mas pra saber do tempo é melhor jogar uma moeda pra cima do que acreditar nelas”, concluiu.

A festa do Dia da Marmota se tornou tão popular que atrai milhares de pessoas a cada dia 2 de fevereiro e até nas telas do cinema foi parar. Imagine um dia em que tudo parece dar errado. Phil se tornou estrela no filme Feitiço do Tempo (Groundhog Day em seu título original, filmado em 1993.

A divertida história, já exibida diversas vezes na televisão brasileira, conta a história de um dia que certamente ninguém gostaria de viver. Imagine agora que esse dia se repita incontáveis vezes sem que você possa fazer nada para evitar isso. Esta é a maldição que vive Phil Connors (Bill Murray), um meteorologista e apresentador de televisão, egocêntrico ao extremo, sem amigos, nem amores, que após ter passado um dia aborrecidíssimo em Punxsutawney acorda todos os dias no mesmo dia, sem que mais ninguém, além dele, perceba essa situação. Cercado por desconhecidos, sem condições de sair da cidade, Phil se vê preso no dia 2 de fevereiro, em plena comemoração do Dia da Marmota.

A curiosidade é que Feitiço do Tempo não foi filmado na cidade onde acontece a grande festa do Dia da Marmota. A Columbia Pictures decidiu rodar o filme em local que fosse mais acessível a uma grande cidade. Punxsutawney se localiza numa zona rural de difícil acesso, com poucas auto-estradas na região, o que fez que os produtores escolhessem Woodstock, Illinois, para filmar O Feitiço do Tempo.

@MDD – Feitiço do Tempo é um dos meus filmes favoritos. É uma grande metáfora a respeito de reencarnações.

#Humor

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-dia-da-marmota

Osho e o Ciúme

Mais um excelente texto de Osho, desta vez sobre a causa do ciúme:

Osho, o que é o ciúme e por que isso magoa tanto?

Ciúme é comparação. E fomos ensinados a comparar, fomos condicionados a comparar, comparar sempre. Alguém possui uma casa melhor, alguém tem um corpo mais bonito, alguém tem mais dinheiro, alguém possui uma personalidade mais carismática. Compare, continue comparando a si mesmo com todo mundo que você encontrar, e o resultado será um grande ciúme; esse é o sub produto do condicionamento da comparação.

De outra maneira, se você deixa de comparar, o ciúme desaparece. Assim você simplesmente sabe que você é você e ninguém mais, e que não há nenhuma necessidade de ser outro alguém. É bom que você não se compare com as árvores, senão você começaria a se sentir muito ciumento: porque você não é verde? E porque Deus tem sido tão duro com você – e nenhuma flor? É melhor você não se comparar com os pássaros, com os rios, com as montanhas; do contrário você irá sofrer. Você só se compara com os seres humanos, porque você foi condicionado a só se comparar com os seres humanos; você não se compara com os pavões e com os papagaios. Senão seu ciúme seria bem maior; você estaria tão sobrecarregado de ciúmes que você não seria capaz de viver de maneira nenhuma.

A comparação é uma atitude muito tola, porque cada pessoa é única e incomparável. Uma vez que esse entendimento se estabelece em você, o ciúme desaparece. Cada um é único e incomparável. Você é apenas você mesmo: ninguém nunca foi como você e ninguém nunca será como você. E você também não precisa ser nenhum outro.

Deus cria somente originais; ele não acredita em cópias carbono.

Um grupo de galinhas estava no quintal quando uma bola de futebol passou por sobre a cerca e caiu no meio delas. Um galo chegou gingando, estudou-a, e então disse, “Não estou reclamando garotas, mas vejam o trabalho que eles estão fazendo no vizinho ao lado”.

Na porta do vizinho grandes coisas estão acontecendo: a grama é mais verde, as rosas são mais rosadas. Todo mundo parece estar tão feliz – exceto você. Você está continuamente comparando. E a mesma coisa está acontecendo com os outros, eles também estão comparando. Talvez eles também achem que seu gramado é mais verde – sempre parece mais verde à distância – que você tem uma esposa mais bonita… Você está cansado, você não pode acreditar como você permitiu se envolver com essa mulher, você não sabe como se livrar dela – e o vizinho pode estar com ciúmes de você, que você tem uma mulher tão bonita! E você pode estar com ciúmes dele…

Todo mundo tem ciúmes de todo mundo. E com ciúmes criamos um tal inferno, e com ciúmes nos tornamos muito medíocres.

Um velho fazendeiro estava mal-humoradamente avaliando os estragos da inundação.

“Hiram!” Gritou o vizinho, “seus porcos foram todos levados pela correnteza”.

“E quanto aos porcos do Thompsom?” Perguntou o fazendeiro.

“Eles também foram levados”.

“E os de Larsen?”

“Também”.

“Hum!” Exclamou o fazendeiro, comemorando. “Não foi tão ruim como eu pensava”.

Se todos estão na miséria, isso parece bom; se todos estão perdendo, isso parece bom. Se todos estão felizes e bem sucedidos, isso tem um sabor muito amargo.

Mas por que antes de tudo a idéia do outro entra na sua cabeça? Deixe-me lembrá-lo novamente: porque você não permitiu sua própria seiva fluir; você não permitiu sua própria felicidade brotar, você não permitiu seu próprio ser florescer. Daí você se sentir vazio no íntimo, então você olha para o exterior de cada um e de todo mundo porque isso é só o que você pode ver.

Você conhece seu íntimo e você conhece o exterior dos outros:

isso gera ciúmes. Eles conhecem seu exterior e eles conhecem o interior deles: isso gera ciúmes. Ninguém mais conhece seu íntimo. Lá você sabe que você não é nada, não vale nada. E os outros parecem tão sorridentes exteriormente. O sorriso deles pode ser falso, mas como você pode saber que são falsos? Talvez seus corações sejam também sorridentes. Você sabe que seu sorriso é falso porque seu coração não está sorrindo de maneira alguma, ele pode estar lamentando e chorando.

Você conhece sua interioridade, e só você a conhece, ninguém mais. E você conhece o exterior de todos, e as pessoas fizeram o exterior delas parecer bonito. Exteriores são vitrines e são muito enganadoras.

Há uma antiga história Sufi:

Um homem estava muito oprimido pelo seu sofrimento. Ele costumava orar diariamente a Deus, “Porque eu? Todos parecem ser tão felizes, porque só eu estou sofrendo tanto?” Um dia, em grande desespero, ele orou a Deus, “Você pode me dar o sofrimento de qualquer um outro e estou pronto para aceitar isso. Mas leve o meu, não posso mais suportá-lo”.

Aquela noite ele teve um belo sonho, belo e muito revelador. Ele sonhou naquela noite que Deus aparecia no céu e dizia para todos, “Tragam todos os seus sofrimentos para o templo”. Todos estavam cansados de sofrer – na verdade todos tinham orado alguma vez ou outra, “Estou pronto para aceitar o sofrimento de qualquer um outro, porém leve o meu sofrimento, é demais, é insuportável”.

Assim todo mundo colocou seu próprio sofrimento em sacolas e levaram para o templo e todos pareciam muito felizes; o dia havia chegado, suas preces foram ouvidas. E esse homem também correu para o templo.

E então Deus falou, “Coloquem suas sacolas na parede”. Todos as sacolas foram colocadas na parede e então Deus declarou: “Agora vocês podem escolher. Podem pegar qualquer sacola”.

E a coisa mais surpreendente foi: que esse homem que tinha estado sempre orando, correu em direção a sua sacola antes que alguém mais pudesse escolhê-la! Ele contudo, ficou surpreso porque todo mundo correu para sua própria sacola e todos estavam contentes com a escolha. O que aconteceu? Pela primeira vez, todos viram a miséria dos outros, o sofrimento dos outros – as sacolas deles eram tão grandes, ou até mesmo maiores!

E o segundo problema era, as pessoas tinham se acostumado com os seus próprios sofrimentos. E agora escolher o sofrimento de outra pessoa – quem sabe que tipo de sofrimento estará dentro da sacola? Pra que se incomodar? Pelo menos você está familiarizado com o seu próprio sofrimento e você já está acostumado com ele, e ele é suportável. Por tantos anos você o tolerou – porque escolher o desconhecido?

E todos foram para casa felizes. Nada havia mudado, eles estavam trazendo o mesmo sofrimento de volta, mas todos estavam felizes e sorridentes e alegres porque conseguiram suas próprias sacolas de volta.

Pela manhã ele orou para Deus e disse, “Grato pelo sonho; nunca mais pedirei novamente. Tudo que você me tem dado é bom para mim, tem que ser bom para mim; eis porque você me deu isso”.

Devido ao ciúme você está em constante sofrimento; você torna-se medíocre para os outros. E por causa do ciúme você começa a ficar falso, porque você começa a fingir. Você começa a fingir coisas que você não possui, você começa a fingir coisas as quais você não pode ter, que não são naturais a você. Você se torna cada vez mais artificial. Imitando os outros, competindo com os outros, que mais você pode fazer? Se alguém tem alguma coisa e você não tem, e você não tem a possibilidade natural de ter isso, o único jeito é arranjar algum substituto barato para isso.

Eu soube que Jim e Nancy Smith divertiram-se muito na Europa nesse verão. É tão legal quando um casal finalmente tem a oportunidade de realmente viver bem. Eles estiveram por toda parte e fizeram de tudo. Paris, Roma… Você diz o nome, eles estiveram lá e viram tudo.

Porém foi tão embaraçante voltar para casa e passar pela alfândega. Vocês sabem como a os oficiais da alfândega espionam todos os seus pertences. Eles abriram uma sacola e tiraram três perucas, cuecas de seda, perfume, tintura para os cabelos… Realmente embaraçante. E era apenas a sacola de Jim!

Basta olhar para dentro de sua mala e você irá encontrar tantas coisas artificiais, falsas, coisas fictícias – pra que? Porque você não pode ser natural e espontâneo? – devido aos ciúmes.

O homem ciumento vive no inferno. Pare de comparar e os ciúmes desaparecem, a mediocridade desaparece, a falsidade desaparece. Mas você só pode deixá-los se seus tesouros íntimos começarem a crescer; não existe outra maneira.

Cresça, torne-se um individuo mais e mais autêntico. Ame e respeite a si mesmo do jeito que Deus lhe fez e então, imediatamente, as portas do paraíso se abrem para você. Elas sempre estiveram abertas, você simplesmente nunca deu atenção a elas.

#Osho

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/osho-e-o-ci%C3%BAme

A vida secreta das plantas

Desde os tempos mais remotos que, em todas as culturas os homens adquiriram profundos conhecimentos sobre a vida das plantas, sempre em relação com uma concepção universal de vida, conhecimento que se integrava nas grandes ciências da Alquimia, Astrologia, Medicina, etc.

As fontes principais deste saber foram as Escolas de Mistérios e a comunicação directa dos Médico-Magos com os elfos, silfos, fadas, duendes e demais espíritos elementais que convivem com as plantas, os quais intruiram o homem. Tão grandes conhecimentos foram-se perdendo gradualmente com o correr dos milénios, com brilhantes renascimentos na Grécia, Roma e entre os celtas, até às últimas luzes impulsionadas pelos povos incas e aztecas.

Passado o desastre da queda do Império Romano, e após séculos de obscurantismo, um novo hálito da Tradição desperta a Europa e a partir de Itália surge o Renascimento; génios da talha de Da Vinci, Paracelso ou Giordano Bruno, entre outros, permitiram que o Ocidente redescobrisse aquelas antigas Ciências, ainda que isso só fosse possível de maneira muito fragmentária.

O materialismo desenvolvido a partir do século XVII foi obstruindo cada vez mais esses contactos e, enquanto se edificava uma pseudociência mecanicista e dogmática, perdeu-se lentamente a capacidade de percepcionar o lado subtil da Natureza e os seus habitantes; alcançaram-se concepções muito precisas do mundo material em contraste com uma ignorância quase absoluta do invisível, verdadeiro agente dos fenómenos físicos e químicos.

No século XX, em que o materialismo entronizou a sua miopia, foram definitivamente cortados esses já tão frágeis vínculos. Chegou-se a considerar a vida como uma mera dinâmica de fenómenos ordenados, mas sem nenhuma transcendência. Os seres foram vistos como coisas que possuiam um mecanismo vital, e em consequência disso afirmou-se que nas plantas existia um tal fenómeno e que, por isso estavam vivas.

No meio desta obscuridade surgiu a figura singular de Helena Blavatsky que, apesar da incompreensão e da intolerância reinantes, manteve vigente num selecto grupo de mentes lúcidas a concepção da Vida-Una. Assim chegámos ao século XX, onde uma série de descobertas dera à Ciência oficial a possibilidade de considerar fenómenos que se afastavam de sua própria óptica materialista; e sem por isso abandonar as suas alienações, começa a estudar com maior humildade e menos preconceitos determinados fenómenos considerados noutros tempos pouco sérios. O cientista do século XIX foi intransigente, manifestando orgulhosamente o seu pretenso saber; o do século XX, pelo contrário, menciona os seus achados com muita cautela. E o facto é que na segunda metade do nosso século experiências inquestionáveis obrigaram-no à mais extrema prudência, face à probabilidade da vida ser uma realidade para além do estritamente material.

Estamos quiçá, assistindo à aceitação de algo que os esoteristas de todos os tempos afirmaram: que as plantas e tudo quanto existe têm tanta vida como nós e o Universo na sua totalidade.

Paracelso

Não podemos, nesta breve resenha dedicada à vida oculta das plantas, deixar de mencionar a grande figura de Paracelso.

Nos inícios do Renascimento, ao lado de outras grandes personagens, surge o génio maravilhoso de um grande alquimista e médico ilustre chamado Aureolus Philipo Teofrastos Bombast de Hohenheim.

Nasceu em Einsiedeln, Suiça, em 10 de Novembro de 1943; desde muito jovem o seu pais ensinou-lhe que a Medicina se encontra na Natureza, e só aí é que os homens deviam buscá-la. Dado que tinha um físico muito frágil, o seu pai levava-o a viajar constantemente, convencido de que a mudança de ares o fortificaria. Nessas viagens aprendeu a conhecer as plantas que tinham propriedades curativas ou tóxicas, seu pai também o iniciou nos conhecimentos de Medicina, Cirurgia, Alquimia, Teologia e Latim. Ainda muito jovem conheceu em Levanthal o bispo beneditino Eberhard Baungartner, tido como um dos mais notáveis alquimistas do seu tempo, recebendo os seus ensinamentos com grande avidez. No entanto, o seu maior anseio era poder curar os enfermos, orientando sempre a sua formação para esse fim.

Mais tarde viajou para Basileia, onde aprendeu ainda mais sobre Astrologia e outras Ciências afins. Porém os ensinamentos da Universidade conservavam o espírito medieval pleno de conhecimentos anquilosados; assim, decide procurar um verdadeiro Mestre embarcando para Wurzburg ao encontro do abade beneditino Tritemius, autêntico Adepto, que o instruiu na verdadeira Ciência. Dada a sua vocação, orientou tudo o que aprendeu para a cura das doenças, valendo-se principalmente das propriedades das plantas, assim como de comunicações com os espíritos elementais da Natureza, como ele próprio refere. Deu a conhecer, mais tarde, através de publicações, alguns ensinamentos de carácter ocultista, aplicados sempre à Medicina que tanto amou. Destaca entre os seus ensinamentos o que se refere à inter-relação das plantas com as múltiplas manifestações dos seres vivos no Cosmos, e que definiu como “Signatura”.

O seu amplo espírito levou-o a utilizar diversas vertentes no campo das terapêuticas, tais como a Fitoterapia, a Homeopatia e medicamentos de origem mineral. Chegou a desenvolver uma verdadeira Medicina mágica, aproximando-se de uma certa forma dos Mestres-Magos da Antiguidade.

É a ele, pois, que devemos a pequena chave deste conhecimento oculto, que oferecemos ao leitor através do presente artigo.

As plantas, o Homem e o Cosmos

Em 1966, Backster, famoso técnico na detecção de mentiras através de um galvanómetro, teve o impulso de conectar os seus eléctrodos às folhas duma dracena, acompanhando a reacção desta face à água vertida sobre as suas raízes. Qual não foi o seu espanto ao ver que o galvanómetro produzia um gráfico com linhas extremamente acidentadas: seria possível que a planta fosse capaz de exteriorizar emoções?

A maneira mais eficiente de provocar num ser humano uma reacção suficientemente forte para que o galvanómetro salte é ameaçar pôr em perigo o seu bem-estar. Foi precisamente isto que Backster decidiu fazer à planta: introduzir uma folha de dracena na sua chávena de café quente; o galvanómetro não registou nada. Reflectiu um momento e ocorreu-lhe uma ameaça maior: queimar a folha a que tinha aplicado os eléctrodos. No próprio momento em que pensou nisso o gráfico descreveu uma prolongada linha ascendente. Backster não se tinha movido na direcção da planta nem do gravador. Seria possível que a dracena estivesse lendo o seu pensamento?

Saiu da sala e voltou em seguida com alguns fósforos, observando então que o gráfico registava outro traço brusco para cima, sem dúvida causado pela sua determinação em levar à prática a ameaça que tinha pensado. Dispôs-se a queimar a folha. Desta vez o gráfico assinalou uma reacção mais baixa. Quando, efectivamente, começou a fazer os movimentos de tentar queimar as folhas, não houve reacção alguma. A planta parecia capaz de saber distinguir entre uma tentativa verdadeira e outra simulada.

Backster também comprovou que quando as plantas se viam irremediavelmente ameaçadas, recorriam ao “desmaio”. Assim, a sua planta não reagia a nenhum estímulo sempre que se encontrava na presença de um fisiólogo, cujo trabalho requeria destruir plantas a fim de obter o seu extrato seco.

Para averiguar se as plantas possuiam uma certa forma de memória deu-se início a um plano segundo o qual Backster iria tentar identificar o assassino secreto de uma planta. Seis estudantes, com os olhos vendados, tiraram à sorte um papelinho dobrado de um saco, havendo num deles instruções para arrancar e destruir completamente uma das suas plantas existentes numa sala contígua. O “assassino” tinha que cometer o crime em segredo, com a outra planta por única testemunha. Conectando a planta sobrevivente com um polígrafo e fazendo com que os alunos desfilassem um a um diante dela, Backster conseguiu identificar o culpado, pois só na presença de um deles é que a planta descreveu no polígrafo uma curva frenética de movimentos; a seguir, o estudante confirmou ter sido ele o “assassino”.

Numa outra série de observações, Backster notou que parecia criar-se uma espécie de vínculo de afinidade entre uma planta e o seu tratador, qualquer que fosse a distância que os separasse. Chegou a esta apreciação mediante cronómetros e anotando todas as suas actividades durante o dia, comprovando logo que a curva descrita pelo polígrafo coincidia com as diferentes emoções vividas pela planta ao longo da jornada.

Vogel, cientista inspirado nas experiências de Backster, dispôs três folhas na cabeceira da sua cama e todas as manhãs durante um minuto, exortava amorosamente duas delas a viver, ignorando deliberadamente a outra. Passado uma semana, esta última estava murcha, enquanto que as outras mostravam-se viçosas. Um dia convidou um psicólogo a ir a sua casa; a planta da sala, que tinha um polígrafo conectado, teve uma reacção instantânea e intensa, ficando de repente como morta. Quando Vogel perguntou ao psicólogo em que é que tinha pensado, este respondeu-lhe que tinha comparado mentalmente o filolendro de Vogel com um que tinha em casa, e pensou quão inferior era o de Vogel ao seu. De uma forma evidente, a planta de Vogel mostrou-se tão cruelmente ferida “nos seus sentimentos” que se recusou a reagir durante o resto do dia; com efeito, esteve quase duas semanas sombria e mal-humorada. A partir daí Vogel não teve dúvidas de que as plantas podiam ter aversão aos pensamentos dos seres humanos.

Isto não foi apenas comprovado com seres humanos; Backster pôde demonstrar a um grupo de estudantes da Universidade de Yale que os movimentos de uma aranha na sala em que uma planta estava conectada com o seu equipamento podiam originar importantes alterações no gráfico produzido por esta como, por exemplo, imediatamente antes da aranha escapar a uma tentativa humana de limitar os seus movimentos.

“Parecia – comentava Backster – que a planta captava cada uma das decisões da aranha em fugir, causando uma reacção na folha”.

Numa outra ocasião Backster cortou-se num dedo e untou-o com iodo; a planta que estava a ser observada por meio do polígrafo reagiu imediatamente à morte, segundo parece, de algumas células do dedo.

“A faculdade de sentir – assegura Backster – não parece acabar no nível celular. Pode-se estender ao molecular, ao atómico e até ao subatómico. Concluindo, todas as classes de seres que foram consideradas, convencionalmente, inanimadas, necessitam de uma nova avaliação”.

As plantas e a música

Dorothy Retallack, organista e soprano profissional que tinha dado concertos no Beacon Club de Denver, começou a realizar uma experiência biológica de laboratório com plantas. Juntamente com a amiga formaram dois grupos diferentes de plantas, entre as quais havia filolendros, milho, rabanetes, gerânios, etc. Em seguida, frente a um dos grupos, fizeram soar segundo a segundo as notas musicais “Si” e “Ré”, tocadas a piano e gravadas numa fita magnética; aqueles sons aborrecidos e monótonos, após três semanas de experimentação, fizeram com que todas as plantas começassem a murchar, e algumas delas, inclusivé, afastaram-se da fonte do som, como se fossem desviadas por uma forte ventania. O grupo de plantas que se tinha desenvolvido em paz floresceu.

Também realizou uma experiência de oito semanas com cabaças de Verão, transmitindo para o seu interior música de duas estações de rádio de Denver: uma delas “rock”, e a outra, música clássica. As cucurbitáceas não foram de modo algum indiferentes a estes dois estilos musicais: as expostas às peças de Haydn, Beethoven, Brahms, Schubert e de outros autores europeus dos séculos XVIII e XIX, orientaram-se na direcção do aparelho de rádio, e uma delas enroscou-se amorosamente em torno do transistor. As outras cabaças desenvolveram-se de forma a evitar a música “rock”, e até tentaram trepar pelas paredes resvaladiças da sua caixa de cristal. Em princípios de 1969, a senhora Retallack organizou uma série de ensaios semelhantes com milho, cabaças, petúnias, calêndulas, etc., tendo obtido o mesmo resultado. A música “rock” fazia que, de início, algumas plantas crescessem anormalmente altas e com folhas excessivamente pequenas, ou que ficassem paralisadas; ao cabo de quinze dias, todas as calêndulas tinham morrido, enquanto que outras idênticas, às quais chegavam os compassos de música clássica, floresciam a dois metros dali. Ocorreu algo ainda mais interessante: durante a primeira semana, as plantas expostas à música “rock”consumiam muito mais água do que as expostas à música clássica, embora tirassem menor proveito, já que ao examinar as suas raízes estas estavam esquálidas e só tinham uma polegada de longitude, ao passo que as do outro grupo eram grossas, espessas e quatro vezes mais compridas. Vemos, pois, que um determinado tipo de música exerce influências benéficas no crescimento e desenvolvimento das plantas, graças à sensibilidade que estas possuem, enquanto que outros ritmos produzem efeitos negativos, impedindo o seu desenvolvimento ou provocando enfermidades e, inclusivé, a morte.

Uma vez mais corroboramos a íntima vinculação das plantas com o meio ambiente.

Os Chamanes

O Médico-Mago da Antiguidade, que acumulava uma enorme Sabedoria ao longo dos tempos e dos ciclos históricos, tem na actualidade um modesto mas não menos enigmático herdeiro, o “chamane”.

Os chamanes, os “medicine man” dos povos marginais de todo o mundo, não são supersticiosos ignorantes que pretendem conjurar forças estranhas que desconhecem ou temem; bem pelo contrário; são, no seu meio, personagens de uma reputada capacidade e inteligência, e que reúnem condições de liderança face aos seus semelhantes.

Para alguém se tornar chamane de um povo é fundamental ter uma particular disposição ou abertura para com o mundo natural, o que lhe permite comunicar activamente com a Natureza, com o Espírito das montanhas, dos vales, dos bosques, dos animais e das plantas.

Um aspecto essencial destes singelos médico-magos é, pois, a possibilidade de entrarem em comunicação com os elementais das plantas, estabelecendo com eles uma espécie de diálogo que lhes permite encontrar o tipo de substâncias vegetais que podem utilizar para tratar determinadas maleitas dos seus povos; segundo as suas próprias referências, este diálogo é levado a cabo através das técnicas do êxtase. Segundo os investigadores, há milhares de anos atrás os estados místicos alcançavam-se por vontade própria, ao passo que actualmente os chamanes perderam muito do seu poder e necessitam de utilizar plantas alucinogéneas para realizarem o seu labor; não obstante, é preciso reconhecer neles um passado de alguma forma vigente, um conhecimento intuitivo da vida secreta das plantas, e hoje a Ciência actual voltou o seu olhar para eles em busca de tratamentos mais naturais. No entanto, esta Ciência não chega a compreender que o que necessita de aplicar não é uma maior acumulação de conhecimentos e de técnicas, mas uma concepção radicalmente diferente do Universo. Entretanto, próximo de nós estão estes seres singelos que preservam da soberba e ignorância do nosso século conhecimentos fabulosos.

Peter Tompkins e Christopher Bird

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-vida-secreta-das-plantas/