Como Identificar Picaretas e Charlatões

Texto original de Yuri Motta

O TDC sempre foi um Blog voltado para fornecer material de confiança para os iniciados, buscadores, estudantes e estudiosos. Nos últimos anos, acabamos, por força da confiança depositada em nós, nos tornando um farol para denunciar picaretas, esquisotéricos e charlatões que infestam o meio.

Aos poucos, acabamos percebemos que é um trabalho inútil. Denunciávamos um pacto picareta, no mesmo dia alguém mandava um email perguntando “Parabéns pelo post. Agora que vc falou do pacto picaretum, pode indicar um pacto sério com Lúcifer?” e por ai vai… ou seja, nas palavras de P.T. Barnum, “nasce um otário a cada minuto” e esses idiotas às vezes precisam passar pela experiência kármica de serem dilapidados por uma amarração caríssima, uma cabala ginecológica, um falso rabino ou um tratamento de mesa positrônica quântica para que possa aprender pela dor da perda monetária ou humilhação de se tornar uma “noiva do rabino”.

A partir de 2015 estaremos retornando para nossas origens e postaremos mais textos sobre hermetismo, espiritualidade, investigação cética do ocultismo e textos clássicos. Deixarei então, este post sobre o assunto para que vocês coloquem nos favoritos e quando alguém pedir recomendações sobre algum “mestre”, “rav”, “professor” ou “bruxo” qualquer coisa vocês mandem a pessoa olhar aqui.

COMO IDENTIFICAR UM CHARLATÃO

Google

A indicação mais simples de todas. Entre com o nome do sujeito no Google. Normalmente você já cairá em sites de pessoas que foram enganadas ou alguma postagem antiga daqui. Esse procedimento simples já ajuda a resolver 80% dos casos. Contudo, muitos picaretas trocam de sobrenome ou reformulam seus sites de tempos em tempos, justamente para tentar escapar deste procedimento.

Títulos Mirabolantes

O picareta na maior parte das vezes vai ter um título na frente do nome, embora usar um título na frente do nome não seja razão para você chamar alguém de picareta, é quase sempre certeza que o picareta vai ter algo na frente do nome para dar certeza de que ele é alguma coisa (que quase sempre não é).

“Rav”, “Mago”, “Bruxo”, “professor”, “Babalorixá”, “Pai”, “Mãe” e outros, são títulos que eles pegam de religiões ou práticas espirituais para usar a favor deles próprios, as vezes desvirtuando religiões que eles próprios não conhecem, como exemplo a Umbanda e o Candomblé e especialmente a Quimbanda, muitos se dizem pai ou mãe de santo, mas não dirigem nenhum terreiro, o que é, para quem entende do assunto uma grande piada (de mal gosto). Ou seja, se a pessoa se intitula “pai-de-santo” mas não dirige nenhum terreiro, é certeza de ser furada…

Entidades “do bem”

Todo picareta da espiritualidade que se preze vai se gabar por ter um monte de entidades (do bem ou do mal, vai por conta do freguês) à sua disposição para qualquer feitiço, amarração “do amor” ou pacto “da prosperidade” de lúcifer/goécia que queira, e essas entidades vão “falar no ouvido dele” o que deve ser feito e até QUANTO DEVE SER COBRADO. Amigos, entidades sérias tem coisas muito mais importantes para fazer no mundo espiritual do que auxiliar o picareta a trazer um marido de volta ou uma coisa insignificante do tipo. Qualquer um que prometer “trazer a pessoa amada” É PICARETA. Ponto final. Não há “prazo”, “mais caro”, “amarração do bem”, “alguém fez trabalho contra”, “demanda” ou o caraio de judas… existe apenas um patife querendo abusar da sua fragilidade emocional.

História Espetacular

Todo charlatão tem um passado espetacular, as histórias deles são quase sempre iguais, eles são pessoas que tinham dons latentes desde pequenos e faziam coisas que pessoas normais não faziam.

Alguns inventam viagens mirabolantes para Israel, Curas milagrosas de câncer, avós milionárias que o sustentam, etc… Para resumir, de uma forma ou de outras eles são incríveis e melhores que eu, você ou qualquer um no mundo, mas perdem seu tempo fazendo “caridade” em lhe trazer a mulher amada (em troca de algum dinheiro, claro!).

Nos sites do charlatão sempre diz que ele tem “reconhecimento e fama sem limites”, mas ele nunca fala DE ONDE, nem QUANDO, nem QUEM o reconhece, pois quase ninguém o conhece realmente e não há nada sobre ele em nenhum lugar que não seja o próprio site.

Ordens Falsas

Geralmente as ordens falsas são sempre semelhantes: os líderes delas não são líderes por trabalharem duro e subirem os degraus, são líderes porque INVENTARAM as tais ordens com nomes cada vez mais mirabolantes e que nunca ninguém ouviu falar.

Quase sempre vão se manter às custas do dinheiro dos que são afiliados delas; como são poucos a mensalidade tende a ser alta, nem sempre é mensalidade, a criatividade não tem limites, pode ser cursos, livros, materiais, taxas para iniciação, etc.

Geralmente o objetivo central é o dono da tal “ordem” viver do dinheiro dela, assim como algumas igrejas, mas quase nenhum consegue.

Nunca um charlatão vai falar que é da Maçonaria, AMORC, TOM, FRA, CALEN, Astrum Argentum, Arcanum Arcanorum ou Círculo Iniciático de Hermes, por exemplo, pois nas Ordens sérias os membros são identificados facilmente pelos outros membros, às vezes com um simples telefonema para confirmar a veracidade da informação.

MUITO CUIDADO com “Maçonarias” que fazem SPAM, anunciam no Google, Facebook ou Orkut… NENHUMA ordem séria faz recrutamento por Spam. Não importa o quão lindo e maravilhoso seja o site ou o quanto falem que é “regular”…

Preços

Preços altos são um grande indício, por quê?

Porque se ele conseguir tirar 1.000 reais ou mais de você, não tem problema você sumir depois, afinal você já pagou quase um salário mínimo então se pagar mais para o farsante já é lucro para ele.

E por mais engraçado que pareça se a coisa for cara as pessoas automaticamente botam mais fé que pode dar certo.

ESTE TÓPICO É ESPECIALMENTE IMPORTANTE EM RELAÇÃO A ORDENS “MAÇÔNICAS” de internets… se tem “regular” no nome, pode ter certeza que NÃO é… as “iniciações” podem chegar a R$ 5.000,00 nesses verdadeiros caça-níqueis de curiosos.

Os Produtos e Serviços

Os produtos são diversos, não importa se for alguma coisa material, ou algum ritual, todo produto e serviço nada mais é que uma Promessa, geralmente em cima do seu desespero… seja de trazer amor ou riqueza, não importa o que seja, o que o charlatão vende é sempre algum “resultado”.

Estranhamente eles sempre vão vender promessas de coisas que eles não possuem: quase sempre os que vendem riqueza são golpistas pobres e desesperados, geralmente os que prometem amor de volta são solteironas ou solteirões largadas, o que promete “alma gêmea” é casado e trai a mulher sistematicamente, e os que prometem “dar mediunidade”, capacidades especiais, poderes mágicos geralmente são os que não possuem nada disso, por isso sabem enrolar bem que tem as mesmas necessidades que eles.

Pactos, Almas Gêmeas e outras coisas sem Sentido

Como a pessoa vende um pacto para te deixar rico ou ter prosperidade se ela mesma que vende o pacto não consegue isso e precisa vender pactos para ganhar dinheiro?

Se fosse real, a própria pessoa estaria morando em uma ilha particular ou casado com alguém especial.

Quando acusados, eles sempre se fazem de vítimas

Se tem uma verdade sobre o picareta, é que ele nunca está errado, quando sua amarração não funcionar, vai ser culpa sua, pois não teve fé, ou até pode ser que existia uma energia negativa impedindo o trabalho e ele vai precisar de mais dinheiro.

Se alguma aluna assediada o encurralar ou uma classe inteira descobrir que o “professor” não mora em Copacabana, mas na Vila Penha, ele diz que ela é louca e que ele é um pobre coitado vítima da inveja dos outros. Mas não consegue desmentir… e no final do dia, retorna para a favela de onde nunca vai sair…

Se alguém acusar o charlatão, muito raramente ele vai ameaçar a pessoa com magia, a não ser que tenha certeza que a pessoa acredita nos poderes dele. Nessas horas as diversas “entidades” que são empregadas dele não poderão fazer nada, o charlatão vai te ameaçar com outras coisas, como processo por exemplo ou vai sair chorando aos quatros cantos que é uma pessoa injustiçada e seus acusadores são pessoas invejosas.

No mais, na maior parte das vezes, quando o charlatão estiver com seu dinheiro, ele vai sumir.”

REPASSEM ESTE POST. Publiquem em listas pequenas de Facebook ou grupos, pois os charlatões gostam de lugares ermos, onde as pessoas sejam crédulas ou não possuam acesso à informação. VERIFIQUEM A PROCEDÊNCIA DE QUALQUER PROFESSOR DE QUALQUER COISA ESOTÉRICA.

#Fraudes

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/como-identificar-picaretas-e-charlat%C3%B5es

A Música na Umbanda

Um dos mais importantes fundamentos na umbanda é o ponto cantado e as cantigas em louvor aos Orixás. Estes pontos funcionam de maneira análoga aos mantras que evocam determinadas energias, entre diversas finalidades, servem tanto para trazer as entidades como para se despedir delas. As pessoas responsáveis por isso recebem o título de Curimba, eles “defendem” a gira com uma série de pontos corretamente selecionados, purificam o ambiente e auxiliam o médium na incorporação.

De origem africana, o atabaque é um instrumento Sagrado, Consagrado e Firmado por Orixás e Guias. Constituído por couro animal, madeira e ferragens, essas três partes correspondem as seguintes regências: O couro pertence ao Caboclo que dá força ao atabaqueiro para tocá-lo, a madeira a Pai Xangô que dá ao atabaque a condição de justiça para não ser utilizado para o mal, a ferragem aos Exús que não permitem que eles sofram demandas. “É na verdade o caminho e a ligação entre o homem e seus orixás, os toques são o código de acesso e a chave para o mundo espiritual“
Existem três tipos de atabaques:
Rum (grave) – É o primeiro atabaque, onde fica o chefe da Curimba. Ele lidera todos os outros curimbeiros que se seguem. Geralmente é quem dá início aos cânticos e o toque. Estes deverão ter conhecimentos mais aprofundados sobre a doutrina umbandista e música.
Rumpi (médio) – Neste fica o segundo curimbeiro que auxilia “puxando” e cantando os pontos, podendo também iniciar o toque.
Lê (agudo) – O terceiro curimbeiro realça o toque e acompanha o canto. Nestes últimos atabaques, geralmente são colocadas pessoas amadoras com relação ao conhecimento musical e doutrina umbandista.
O uso do atabaque na Umbanda também ajuda no processo de sincronização do ritmo cardíaco de todas as pessoas no terreiro, tornando possível que tanto pessoas muito agitadas, como muito sonolentas tenham seu ritmo cardíaco normalizado.
Em suma, os atabaqueiros transmitem a vibração da espiritualidade superior através dos atabaques, criando um campo energético favorável à atração de determinados espíritos, são como mensageiros entre nós e o mundo espiritual.
Sabemos que, grosso modo, a comunicação entre os planos espiritual e material, efetua-se através da sintonização de frequências. Cantar e bater palmas juntos, faz com que a vibração das pessoas entre na mesma faixa de freqüência do trabalho que será realizado, afastando maus espíritos, diluindo miasmas, larvas astrais e criando toda uma atmosfera psíquica com condições ideais para a realização das práticas espirituais.
No plano espiritual, antes de dar início no processo de incorporação, os guias aguardam nossa vibração equilibrar-se com a vibração deles, desta forma, quando começamos a cantar os pontos dos guias que trabalharão na gira, estamos avisando os guias que estamos prontos. Uma só melodia, ritmo cardíaco igualado, foco em um mesmo objetivo, tudo isso fortalece os trabalhos dentro de uma egrégora e facilita a aproximação das entidades.
Os cantos, quando vibrados de coração (assim como nos mantras indianos é a vibração do osso esterno, localizado logo a frente do coração), atuam diretamente nos chakras superiores, notavelmente o cardíaco, laríngeo e frontal, ativando-os naturalmente e melhorando a sintonia com a espiritualidade superior, assim como, os toques dos atabaques atuam nos chakras inferiores, criando condições ideais para a prática da mediunidade de incorporação.
“Ah, como é lindo o batuque do Tambor
Ah, como é lindo o batuque do Tambor
Na Umbanda linda de Nosso Senhor
Na Umbanda linda de Nosso Senhor
É a mensagem que enaltece os Orixás
É a oração que elevo ao senhor
É a vibração que nos faz incorporar
Sem batuque na Umbanda não se pode trabalhar
Eu não sabia, mas agora aprendi
Que o canto faz a gira de Umbanda
Quem canta, encanta a vida dos Orixás
É uma benção divina que emana muita paz”
(Louvação aos Atabaqueiros)
Referências
MATTOS, Sandro da Costa O livro Básico dos Ogans.
ORPHANAKE, João Edson A umbanda às suas ordens.
http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/umbanda2.htm
http://www.umbandacomamor.com.br/aumbanda/elementos/atabaques.html
https://www.daemon.com.br/wiki/index.php?title=Umbanda

Fabio Almeida

Fabio Almeida

#Arte #Música #Umbanda

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-m%C3%BAsica-na-umbanda

Diferença entre Duplo-Etérico e Psicossoma

Pergunta: É o psicossoma ou o duplo etérico que se desintegra após a morte?

Nesse caso, o desencarnado se manifestaria por qual corpo energético?

Resposta: Duplo etérico é uma coisa, e perispírito (ou psicossoma) é outra. O duplo é uma camada energética mais sutil que o corpo físico e mais denso que o perispírito, composta de uma modificação do fluido cósmico universal (energia cósmica), a qual tem a função de servir de “combustível vibracional” para o corpo físico durante a encarnação. É essa camada que liga e mantém em contato o corpo físico e o perispírito, já que esses dois têm densidades energéticas muito diferentes.

Para você ter uma idéia (bem grosseira), imagine um aparelho de ultra-som. Para que haja a perfeita integração entre as ondas que o aparelho emite (muito sutis) e o corpo físico do paciente (muito denso em relação às ondas), o médico usa um gel de contato, para garantir que não haverá falhas na transmissão das ondas, para garantir que as ondas chegarão inteiras ao corpo e serão captadas de volta com perfeição pelo aparelho. Bom, o duplo etérico seria o gel de contato entre o perispírito (muito sutil) e o corpo físico (muito denso em relação ao perispírito), funcionando como uma zona de contato perfeito entre os dois, garantindo perfeita transmissão de energias… (esse é um exemplo meia-boca, mas foi o único modo que encontrei de fazer os meus alunos entenderem mais ou menos “onde” ficava o duplo etérico!)

Muita gente considera o duplo como um corpo, outros preferem dizer que é apenas a camada energética que emana do corpo físico, e por aí vai.

Pessoalmente, pelo que tenho estudado e visto até aqui, não considero o duplo etérico como um corpo propriamente, mas apenas um elo energético de ligação (em FORMATO vaporoso-energético de corpo físico), entre o corpo físico e o perispírito durante a encarnação, funcionando também como uma “bateria” de onde o corpo físico tira as energias mais sutis para o seu funcionamento e onde estão também os chacras ou centros de força de que tanto falamos.

Já o perispírito é o corpo com que nos manifestamos no plano espiritual ou astral. É também composto de uma variação do fluido cósmico universal, mas numa “versão mais light”, ou seja, numa constituição mais sutil, de densidade bem menor que a do corpo físico e menor também que a do duplo etérico. Segundo o Espiritismo, é o perispírito que funciona como molde para a formação de cada novo corpo físico e é nele também que ficariam gravadas todas as nossas experiências encarnatórias e também aquelas vividas entre uma encarnação e outra, como se fosse uma fita cassete ou, pra ser mais moderna, um CD-R (Compact-Disc Regravável).

E é com o perispírito que os encarnados se projetam durante o sono, com o cordão de prata fazendo a “ponte” entre os dois nesse desprendimento parcial e temporário.

Outras correntes informam que o perispírito tem ainda os seus próprios centros de força, em correlação com os do duplo etérico, mas com funções mais sutis, digamos assim.

Quando o corpo físico morre, o perispírito se desprende e, com ele, a consciência que animava aquele corpo. Já o duplo permanece com o corpo físico e se desintegra lentamente num período de algumas horas (em alguns casos esse processo poderá levar mais tempo) após o desencarne.

O tempo para que o duplo se desintegre pode variar muito de acordo com o tipo de morte, a idade do corpo físico, o nível de esclarecimento espiritual da pessoa, ou os “créditos espirituais” que ela tenha.

Por exemplo, sabemos que o duplo de um suicida pode demorar até anos para se desfazer completamente, por se tratar de morte violenta, com interrupção da encarnação antes da hora e em completo desacordo com as leis universais. Já uma pessoa idosa que esteja muito doente, terá seu duplo bem desgastado pela idade e a doença, tornando o processo de desintegração do mesmo mais rápido, pelo menos em teoria.

Quanto mais “carga” houver no duplo do desencarnante, mais difícil será o desligamento do seu perispírito e, consequentemente, mais penoso será também para a consciência/espírito.

Portanto, o duplo realmente se decompõe após a morte do corpo físico, mas o perispírito ainda se mantém por várias encarnações, até que o espírito evolua o suficiente para não precisar nem desse corpo sutil, o que seria a chamada “Segunda morte”, quando o espírito passaria a se manifestar só em corpo mental (3)

Pergunta: Ainda segundo o autor do livro, para a nova encarnação seria formado (sem mesóclise) um novo psicossoma, feito por elementais (espíritos da natureza) e tal… hum… Isso procede?

– Resposta: Não, na verdade, o que se forma novo é o duplo etérico, baseado no molde físico e mental oferecido pelo perispírito ou psicossoma. Quanto a ser feito por elementais, não sei, mas me parece estranho que uma tarefa tão importante e “especializada” seja confiada a consciências ainda num estágio mais primitivo. Parece-me mais lógico que outros espíritos ajudem nessa tarefa (provavelmente em parceria com os elementais apropriados para essa tarefa), ou até que o processo ocorra de forma automática, na medida em que o perispírito do reencarnante se liga ao novo corpo físico em formação a partir da fecundação.

Pergunta: Então, conservamos o perispírito no período extrafísico… É isso mesmo?

– Resposta: Agora você já pode relaxar. Conservamos, sim, o perispírito e “largamos” o corpo físico com o duplo etérico para trás, ok?

– Maísa Intelisano –

Lista de livros recomendados sobre o assunto:

Projeciologia – Waldo Vieira – Ed. IIPC.

– Viagem Espiritual II – Wagner Borges – Ed. Universalista.

– O Duplo Etérico – Major Arthur Powell – Ed. Pensamento.

– O Corpo Astral – Major Arthur Powell – Ed. Pensamento.

– O Corpo Mental – Major Arthur Powell – Ed. Pensamento.

– Espírito, Perispírito e Alma – Hernani Guimarães Andrade – Ed. Pensamento.

– Elucidações do Além – Ramatis/Hercílio Maes – Ed. do Conhecimento.

– A Transição Chamada Morte – Charles Hampton – Ed. Pensamento.

– O Homem e Seus Corpos – Annie Wood Besant – Ed. Pensamento.

– O Homem Visível e Invisível – Annie Wood Besant e Charles Webster Leadbeater – Ed. Pensamento.

– A Crise da Morte – Ernesto Bozzano – Ed. Maltese.

– Fenômenos de Bilocação: Desdobramento – Ernesto Bozzano – Ed. Correio Fraterno do ABC.

– O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Ed. da Fed. Espírita Brasileira – FEB.

– A Viagem de Uma Alma – Peter Richelieu – Ed. Pensamento.

– The Techiniques of Astral Projection – Robert Crookall – Ed. Aquarian Press – London. – OBS. Há uma tradução desse livro para o Castelhano editada na Argentina na década de 1980: “Las Técnicas de la Proyeccion Astral” – Ed.Lidiun – Buenos Aires.

– The Study and Practice of Astral Projection – Rober Crookall – Ed. Citadel Press – USA.

– Out of the Body – Robert Crookall – Ed. Citadel Press – USA.

– More Astral Projection – Robert Crookall – Ed. Aquarian Press – London.

– The Supreme Adventure – Robert Crookall – Ed. Aticc Press – Great Britain.

– As Provas da Vida Após a Morte – Martin Ebon – Ed. Pensamento.

– Morte: A Grande Aventura – Alice A. Bailey – Ed. Fundação Avatar.

– Pratical Astral Projection – Yram – Ed. Samuel Weiser – USA. OBS. Esse ótimo livro de relatos projetivos do Yram (pseudônimo do projetor francês Marcel Louis Fohan) em inglês é uma tradução adaptada do original francês “Le Medecin de L´âme” – Há uma tradução para o Castelhano editada na Argentina na década de 1980: “El Medico Del Alma” – Ed. Kier – Buenos Aires.

– Em diversas obras da série de livros “Nosso Lar” do espírito André Luiz, passadas espiritualmente a Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, há diversos lances esclarecedores sobre o duplo etérico, o psicossoma, as projeções da consciência, os chacras, o corpo mental, a mediunidade e as narrativas de vida após a morte.

– Da mesma forma, há diversos lances esclarecedores nas obras do teosofista e clarividente inglês Charles Webster Leadbeater (livros: O Que Há Além da Morte, Clarividência, O Plano Astral, O Plano Mental, Auxiliares Invisíveis, Os Sonhos, O lado Oculto das Coisas, e outros. Todos editados em Português pela Editora Pensamento).

– Há uma matéria excelente de Edvaldo Kulchesk sobre o duplo etérico publicada na Revista Cristã de Espiritismo (Edição Especial n. 6). A mesma pode ser acessada na coluna da Vivência Editorial (editora da revista).

#Espiritismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/diferen%C3%A7a-entre-duplo-et%C3%A9rico-e-psicossoma

A Função do Ogã e da Música na Umbanda – com Severino Sena

Bate-Papo Mayhem 161 – gravado dia 13/04/2021 (Terça) Marcelo Del debbio bate papo com Severino Sena – A Função do Ogã e da Música na Umbanda

Os bate-Papos são gravados ao vivo todas as 3as, 5as e sábados com a participação dos membros do Projeto Mayhem, que assistem ao vivo e fazem perguntas aos entrevistados. Além disto, temos grupos fechados no Facebook e Telegram para debater os assuntos tratados aqui.

Faça parte do Projeto Mayhem aqui:

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Livros de Hermetismo: https://daemoneditora.com.br/

#Batepapo #Umbanda #UmbandaSagrada

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A Banda Ghost e o Teoria da Conspiração

A noite do dia 20 de Setembro de 2013 teve início ainda às 18h30, quando o grupo Ghost subiu ao palco. A apresentação do grupo sueco é toda baseada em um clima sinistro no qual a sonoridade eclesiástica se encontra com o heavy rock. Guitarras e coros parecem dialogar, mesmo que estranhamente, como se formassem a trilha sonora de uma missa macabra.

Muito da atmosfera proporcionada pelo grupo vem do figurino adorado pelos seis integrantes no palco. Nenhum dos cinco músicos mostra o rosto e usam capas e máscaras sinistras, enquanto o vocalista, que adota o nome de Papa Emeritus II durante a performance, permanece como o protagonista. Ele usa maquiagem de caveira e uma a roupa que simula o Papa da religião cristã.

Ao final do Show, a palheta usada pelo Guitarrista durante toda a performance foi arremessada pelo papa Emeritus II para a multidão que estava nas primeiras filas, caindo “coincidentemente” nas mãos de um membro do Arcanum Arcanorum.

Astralmente, a palheta (como todas as palhetas usadas por qualquer artista em shows deste porte) se torna um objeto mágicko que contém, em si, toda a essência e poder daquele evento.

A energia contida naquele objeto é tão grande que, nos três dias seguintes, ninguém na casa dele conseguiu dormir, tendo pesadelos e agitação constante. O portal de contato entre a palheta e a Egrégora da banda, que lida com uma energia gigantesca do Caminho da Mão Esquerda, entrou em conflito com a pequena egrégora católica da casa. Em conversas por email, ficou decidido que o melhor seria enviar o objeto para o Templo do Arcanum Arcanorum, onde esta energia poderia ser canalizada de maneira muito mais efetiva…

É uma energia densa, de contestação e afronta às egrégoras do Status Quo dogmáticas das massas acéfalas católicas e evangélicas. Pessoas com mediunidade mais aflorada se sentem incomodadas apenas em estar perto do objeto, de tão forte que é este portal.

Agora, a palheta repousa no altar do Sr. Caveira, um dos Exus patronos e protetores do AA e de todo o projeto do Teoria da Conspiração, que fará excelente uso de toda esta energia.

Sucesso é a única possibilidade!

#Arcanum #Arte

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A ponte em reforma

» Parte final da série “Para ser um médium” ver a introdução | ver parte 1 | ver parte 2 | ver parte 3 | ver parte 4

Segundo a falsa ideia de que não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa-vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados. É assim, por exemplo, que o indivíduo, propenso a raiva, quase sempre se desculpa com o seu temperamento. Em vez de se confessar culpado, culpa seu organismo, acusando a Deus por suas próprias faltas. (Hahnemann em O evangelho segundo o espiritismo) [1]

Para ser um médium é preciso abandonar o que fomos, e nos preparar, sem medos ou falsas expectativas, para o que viremos a ser – novos homens e mulheres forjados no único fogo que queima sem se ver, e arde pela eternidade.

Para ser um médium é preciso reconhecer nossa própria alma, tomar posse, mergulhar profundo dentro de nós mesmos, pois que só assim nos conheceremos em verdade. Manuais de natação e mergulho podem ser importantes, mas há algo que são incapazes de nos ensinar – somente mergulhando, sem medos ou dúvidas improdutivas, é que saberemos. O grande poeta português já nos alertou:

Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu. [2]

E, se a alma não for pequena, se o amor não for brisa passageira, se a vontade não for chama inconstante que se apaga com os ventos contrários, valerá a pena… Em nosso inconsciente profundo encontraremos, decerto, muitos monstros e demônios, mas caberá a nós, somente a nós, educá-los, persuadi-los, mostrar que só existe um caminho para uma vida plena de liberdade e sentido, e que todos os outros são apenas falsos atalhos e estradas sem saída, que nos fazem girar em torno de nosso próprio ego, sem realmente sairmos do lugar.

Os maiores perigos no início do caminho espiritual são as idealizações, as ilusões encantadas. Já falamos do “complexo de santidade” anteriormente, mas uma outra ilusão tão ou mais comum é a ilusão do céu de ócio eterno, alcançado mediante barganhas com alguma espécie de deus estranho… O que Deus precisa de nós? Apenas que aprendamos a posicionar nossa alma tal qual espelho a refletir a luz solar. Apenas que consideremos que todo pequeno ser, e todo grande ser, são como crianças a tatear um berçário cósmico, descobrindo aos poucos o que significa, afinal, amor infinito.

Um dos espíritos que respondeu a Kardec no Livro dos Espíritos talvez tenha vislumbrado tal amor de forma um pouco mais abrangente do que temos conseguido: “O amor é a lei de atração para os seres vivos e organizados. A atração é a lei de amor para a matéria inorgânica… Não esqueçam que um espírito, qualquer que seja seu grau de adiantamento no plano cósmico, está sempre colocado entre um superior, que o guia e aperfeiçoa, e um inferior, para o qual é pedido que cumpra esses mesmos deveres, em troca” [3]. Portanto, se não nos perguntamos por que a gravidade nunca deixa de atuar, constante e harmoniosa, por incontáveis eras, da mesma forma não devemos nos perguntar se Deus precisa de alguma coisa de nós – não é Deus quem precisa, são nossos irmãos. Devemos tão somente aumentar o centro de massa de nosso próprio amor, para que cada vez mais seres gravitem em torno dele.

Para ser um médium é preciso reconhecer todas as nuances do amor, é preciso ter um plano para conquistá-lo e estudá-lo, refleti-lo e irradia-lo, conforme tem sido feito pelos seres de cima, em nosso benefício, há tantas eras.

Mas para amar o próximo é preciso antes ter amor dentro de si, e para si. É preciso investigar o sótão da alma e reconhecer que lá há sujeira, e eventualmente arregaçar as mangas e fazer uma pequena faxina, e depois uma grande faxina, até que todos os monstros e demônios não tenham mais onde se ocultar… Será preciso encará-los frente a frente, e aceitá-los como são: apenas partes de nossa animalidade, fruto de nossa longa teia de vidas e espécies vividas. Não será o caso de decapitar tais monstros com uma espada reluzente e afiada… Guarde a espada. Os monstros passarão a ser seus amigos, lembranças de tempos em que você era ignorante do amor, e que agora não têm mais necessidade de serem antagonistas de sua saga. E, se não há exatamente um final feliz neste grandioso conto de fadas, há ao menos uma imensa ilusão em desencanto. Não há guerra: há apenas a ignorância a se desvanecer como a neblina da manhã ante os primeiros raios de sol…

Para ser um médium é preciso compreender que existe, afinal, uma terra de vida e uma terra de morte. E se entre tais territórios há hoje apenas uma tênue ponte de madeira quebradiça e cordas prestes a arrebentar, façamos a reforma!

Pois é esta ponte, somente ela, o que separa nossa alma da vida eterna. E é somente amando que conseguiremos progredir em sua reforma… Um remendo de corda, uma nova placa de madeira de lei, um pequeno gesto de amor, dia após dia. Passos na travessia, passos cuidadosos, rumo ao outro lado, onde há música…

Há esta ponte entre nós e o Absoluto: atravessá-la, através do amor, é o único sentido, o único significado, a única razão para ser, afinal, um médium.

Todos pensam em mudar o mundo. Quão poucos pensam em mudar a si mesmos. (Tolstói)

para Maria Luiza.

» Esta série termina aqui, mas você ainda pode ler o Epílogo que escrevi para ela em meu blog.

***

[1] Cap. IX, item 10. Com ligeiras adaptações.

[2] Trecho final do poema Mar português, de Fernando Pessoa.

[3] São Vicente de Paulo, 888a. Com ligeiras adaptações.

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Crédito das imagens: [topo] moodboard/Corbis; [ao longo] Martin Puddy/Corbis (ponte em Angkor Wat, Cambodja)

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Ad infinitum

Se gostam do que tenho escrito por aqui, considerem conhecer meu livro. Nele, chamo 4 personagens para um diálogo acerca do Tudo: uma filósofa, um agnóstico, um espiritualista e um cristão. Um hino a tolerância escrito sobre ombros de gigantes como Espinosa, Hermes, Sagan, Gibran, etc.

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#Espiritualidade #Mediunidade #FernandoPessoa #amor #Espiritismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-ponte-em-reforma

A Bruxa de Endor

A Bruxa de Endor, também conhecida como a Médium ou a Necromante de Endor (hebraico: בַּעֲלַת־אֹוב בְּעֵין דּוֹר‎ baʿălaṯ-ʾōḇ bəʿĒyn Dōr, “aquela que possui o ʾōḇ de Endor”) é uma mulher que, de acordo com a Bíblia hebraica, foi consultada por Saul para realizar um ritual noturno e convocar o espírito de Saul profeta Samuel. Saul desejava receber conselhos sobre como derrotar os filisteus em batalha, depois que as tentativas anteriores de consultar a Deus por meio de sorteios sagrados e outros meios falharam. Quando convocado, no entanto, o espírito de Samuel apenas profere uma profecia de condenação contra Saul. Este evento ocorre no Primeiro Livro de Samuel [28. 3-25]; também é mencionado no livro deuterocanônico do Eclesiástico [46. 19-20].

A mulher da história é chamada no hebraico bíblico de ” אֵשֶׁת בַּעֲלַת־אֹוב בְּעֵין דֹּור” (ʾēšeṯ baʿălaṯ-ʾōḇ bəʿĒyn Dōr), “uma mulher, possuidora de um ʾōḇ em Endor”. A palavra אֹ֖וב ‘ōḇ foi sugerida por Harry Hoffner para se referir a um poço ritual para convocar os mortos do submundo, com base em paralelos em outras culturas do Oriente Próximo e do Mediterrâneo. A palavra ” ‘ōḇ ” tem cognatos em outras línguas regionais (como a palavra suméria “ab”, acadiano “âbu”, hitita “a-a-bi”, ugarítico “ib”) e o ritual da bruxa de Endor tem paralelos nos textos mágicos babilônicos e hititas, bem como na Odisseia. Outras sugestões para uma definição de ” ‘ōḇ ” incluem um espírito familiar, um talismã, ou um odre, em referência ao ventriloquismo.

Na Septuaginta, a tradução da Bíblia escrita em grego, ela é chamada de
” ἐγγαστρίμυθος ἐν Αενδωρ “, engastrímythos en Aendōr, enquanto a Vulgata, a tradução latina da Bíblia, tem ” pythonem em Aendor “, ambos os termos são referências a oráculos pagãos contemporâneos.

A bruxa também afirma ver “elohim surgindo” (verbo plural) do chão, ao usar a palavra tipicamente traduzida como “deus(es)” para se referir aos espíritos dos mortos. Isso também é paralelo ao uso da palavra cognata acadiana ” ilu ” (“deus”) de maneira semelhante.

Quando o profeta Samuel morre, ele é enterrado em Ramá. Saul, o rei de Israel, busca conselho de Deus para escolher um curso de ação contra as forças reunidas do exército filisteu. Ele não recebe resposta de sonhos, profetas, ou do Urim e Tumim. Tendo anteriormente expulsado todos os necromantes e magos de Israel, Saul, de forma anônima, procura uma bruxa e encontra uma vivendo na vila de Endor. Saul a visita disfarçado e pede que ela invoque o espírito de Samuel. A mulher a princípio se recusa, por causa do decreto de Saul contra a feitiçaria, mas Saul garante que ela não será punida [1 Samuel, 28. 8-25].

A mulher invoca um espírito, que ela descreve como tendo a aparência de um velho envolto em um manto. Saul se curva ao espírito, mas aparentemente é incapaz de vê-lo por si mesmo. O espírito reclama de ser perturbado, repreende Saul por desobedecer a Deus e prediz a queda de Saul. Reitera uma profecia pré-mortem de Samuel, e acrescenta que Saul perecerá na batalha no dia seguinte, junto com todo o seu exército. Saul desmaia de terror; a mulher o conforta, mata um bezerro e lhe prepara uma refeição para restaurar suas forças [1 Samuel 28:3-25].

No dia seguinte, o exército israelita é derrotado conforme profetizado: Saul é ferido mortalmente pelos filisteus e comete suicídio ao cair sobre sua espada [1 Samuel 31:1-4] – ou, de acordo com um relato paralelo, ao pedir a um jovem amalequita para que desferisse o golpe mortal [2 Samuel, 1:6-10]. Em 1 Crônicas, afirma-se que a morte de Saul foi, em parte, uma punição por buscar conselho de um médium ao invés de Deus [1 Crônicas, 10.13-14].

Na Septuaginta (século II a.C.), a mulher é descrita como uma ventríloquista, o que possivelmente reflete a visão consistente dos tradutores alexandrinos de que os demônios não existem. Por outro lado, o livro hebraico do Eclesiástico, composto no mesmo período, representa como um fato que Samuel profetizou a Saul após sua morte [Eclesiástico, 46:19-20]. O historiador judeu Flávio Josefo, que escreveu no século I d.C., também parece achar a história completamente confiável [Antiguidades Judaicas 6.14].

O Yalkut Shimoni (século 11), um texto que faz parte do Midrash, identifica a bruxa anônima como Zefanias, a mãe de Abner, um dos generais do rei Davi [Yalkut Shimoni, 140 e Lev. R. 26]. Com base na afirmação da bruxa de ter visto algo, e Saul ter ouvido uma voz desencarnada, o Yalkut sugere que os necromantes são capazes de ver os espíritos dos mortos, mas são incapazes de ouvir seu discurso, enquanto a pessoa para quem o falecido foi convocado ouve a voz, mas não consegue ver nada.

De acordo com Antoine Augustin Calmet, que escreveu no século 18:

“Os judeus de nossos dias acreditam que, depois que o corpo de um homem é enterrado, seu espírito vai e vem, e sai do local onde está destinado a visitar seu corpo e saber o que se passa ao seu redor; que vaga durante um ano inteiro após a morte do corpo, e que foi durante esse ano de atraso que a Pitonisa de Endor evocou a alma de Samuel, após o qual a evocação não teria poder sobre seu espírito.”

Os Padres da Igreja e alguns escritores cristãos modernos têm debatido as questões teológicas levantadas por este texto, que à primeira vista parece afirmar que é possível (embora proibido) que os humanos convoquem os espíritos dos mortos através de magia.

O Rei James, em seu tratado filosófico Daemonologie (1597), rejeitou a teoria de que a bruxa realizava um ato de ventriloquismo, mas também negou que ela tivesse realmente convocado o espírito de Samuel. Ele escreveu que às vezes é permitido ao Diabo assumir a semelhança dos santos, citando 2 Coríntios 11:14, que diz que “Satanás pode se transformar em um anjo de luz”. James descreve a bruxa de Endor como a “Pitonisa de Saul”, comparando-a á Pítia, o antigo oráculo grego. Ele afirma a realidade da feitiçaria, e argumenta que se tais coisas não fossem possíveis, elas não seriam proibidas nas Escrituras:

“Certo é que a Lei de Deus nada fala em vão, nem lança maldições, nem impõe castigos às sombras, condenando-a a ser doente, o que não é em essência ou ser como a chamamos.”

Outras glosas medievais da Bíblia também sugeriam que o que a bruxa invocou não era o fantasma de Samuel, mas um demônio que toma sua forma ou uma ilusão criada pela bruxa. Martinho Lutero, que acreditava que os mortos estavam inconscientes, leu que era “o fantasma do Diabo”, enquanto João Calvino leu que “não era o verdadeiro Samuel, mas um espectro”.

Augustin Calmet menciona brevemente a bruxa de Endor em seu Tratado sobre as Aparições de Espíritos (1759), entre outras provas bíblicas da “realidade da magia”. Ele reconhece que esta interpretação é contestada, e diz que não deduzirá nada da passagem “exceto que esta mulher passou por uma bruxa, [e] que Saul a estimava assim”.

Uma vez que esta passagem afirma que a bruxa chorou de medo quando viu o espírito de Samuel, alguns intérpretes rejeitam a sugestão de que a bruxa foi responsável por invocar o espírito de Samuel, e alegam que isso foi obra de Deus. Joyce Baldwin (1989) escreve que “o incidente não nos diz nada sobre a veracidade das alegações de consultar os mortos por parte dos médiuns, porque as indicações [do comportamento da mulher] são de que este foi um evento extraordinário para ela, e assustador, porque ela não estava no controle.”

Os espíritas tomaram a história como evidência da mediunidade espiritual nos tempos antigos. A história foi citada em debates entre apologistas espíritas e críticos cristãos. Um jornal espiritualista de Chicago em 1875 afirmou: “A mulher de Endor era uma médium, respeitável, honesta, cumpridora da lei e muito mais semelhante a Cristo do que” os críticos cristãos do Espiritismo.

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Fontes:

Bíblia Sagrada Ave-Maria.

História dos Hebreus, por Flávio Josefo.

The Encyclopedia of Jewish Myth, Magic, and Mysticism, por Rabbi Geoffrey W. Dennis.

Hoffner, Harry A. (1967). “Second Millenium Antecedents to the Hebrew ‘Ôḇ”. Journal of Biblical Literature. Atlanta, Georgia: Society of Biblical Literature. 86 (4): 385–401.

Calmet, Augustin (2016). Treatise on the Apparitions of Spirits and on Vampires or Revenants: of Hungary, Moravia, et al. The Complete Volumes I & II. pp. 47, 237.

Baldwin, Joyce (1989). 1 and 2 Samuel: An introduction and commentary. p. 159.

“The Religion of Ghosts”. Spiritualist at Work. Vol. 1, no. 19. Chicago. 24 April 1875. p. 1.

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Texto adaptado, revisado e enviado por Ícaro Aron Soares.

Postagem original feita no https://mortesubita.net/paganismo/a-bruxa-de-endor/

Os Corvos de Wotan, parte 3

» Parte 3 da série sobre Odin ver parte 1 | ver parte 2

A fonte da sabedoria

Ainda abaixo de uma das gigantescas raízes de Yggdrasil, a árvore cósmica a sustentar todos os reinos míticos da mitologia nórdica, se encontra uma nascente d’água muito especial: Mímisbrunnr. É neste pequeno lago que vivia o Mímir, um reconhecido sábio (seu nome significa algo como “o sábio”, ou ainda “aquele que se lembra”). Odin ficou sabendo da existência desta fonte, que se acreditava dar “a sabedoria de todas as eras” aqueles que a bebiam regularmente (daí a sabedoria do próprio Mímir, seu guardião). Ora, como Odin era um deus que buscava a sabedoria, ele a visitava regularmente para beber um pouco de sua água, assim também ficando amigo de seu protetor.

O que ficou mais conhecido desta história, entretanto, foi o fato de Odin ter arrancado um de seus olhos (não se sabe qual ao certo) e o mergulhado no lago, onde jaz até hoje, oculto no lodo, onde talvez só ele e o Mímir saibam localizar. Diz-se que Odin realizou tal sacrifício em troca da sabedoria do Mímir, mas obviamente algo aqui não faz sentido: se Odin já conhecia a localização do poço, se já era amigo do Mímir, qual seria a necessidade de sacrificar um olho em troca de sabedoria (da qual ele já dispunha gratuitamente)?

Este me parece mais um mito cuja interpretação exige que usemos os olhos da alma, e não do corpo. Para mim, está muito clara a metáfora de “se ter um olho no mundo espiritual, e um olho no mundo terreno”. Ora, por mais que Odin pudesse galopar os céus em seu corcel de oito patas, ele aparentemente não podia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, ou pelo menos não podia estar no plano terreno e no plano espiritual ao mesmo tempo. Esta bela história nos aponta, portanto, para um fato bastante conhecido do caminho espiritual, e até mesmo da própria prática da magia ou da mediunidade: abre-se um olho lá, fecha-se um olho cá. Mas, querer fazer ambas as coisas ao mesmo tempo pode nos levar a loucura, a não ser, talvez, que sejamos também da raça dos deuses.

A cabeça perdida e encontrada

Infelizmente o destino do Mímir não foi dos mais agradáveis… Na apocalíptica guerra entre os vanir e os æsir, o Mímir teve sua cabeça cortada por um guerreiro vanir. Ora, os vanir eram um povo relativamente pacífico e místico, que cultuava deuses da fertilidade e da sabedoria, e também se dizia que muitos eram capazes de ver o futuro. Eles já habitavam o norte europeu, mas foram invadidos pelos æsir (ou “meio-deuses”), um conglomerado de tribos guerreiras e expansionistas, que vinham da Ásia e do sul europeu em busca de novos territórios. Como o Mímir, juntamente com Odin, pertencia aos æsir, foram deles a iniciativa do ataque.
Os vanir eventualmente foram conquistados e tornaram-se um subgrupo dos æsir, até que as eras se passassem e todos fossem confundidos com um só povo: o povo nórdico…

Mas, voltando a grande batalha: Odin, não se dando por rogado, encontrou a cabeça perdida do Mímir após o final da chacina e, com sua magia, manteve seu amigo vivo como uma peculiar (e, provavelmente, assustadora) cabeça falante que ele carrega consigo para onde quer que vá – pois o Mímir ainda é um grande e sábio conselheiro.

Esta épica batalha, que poderia ser lamentada como um fato trágico, na realidade é festejada como o alvorecer da civilização – de qualquer civilização, pois todas começaram assim, e todas tem mitos muito próximos [1] –, quando tribos sedentárias e pacíficas, que já dominavam a agricultura, são invadidas e quase dizimadas por tribos nômades guerreiras. Mas, no fim, tudo se ajusta: a cultura das tribos nativas, geralmente mais profunda e espiritual (por se tratar de gente “que tinha tempo de viver, e não apenas caçar e coletar”), é assimilada aos poucos pela cultura invasora, e com o passar dos séculos é como se todas fossem uma só cultura – e, de fato, já o são.

O próprio fato de Odin ainda hoje ser visto como um deus de sabedoria e magia, e não apenas um grande guerreiro, demonstra que talvez, no fim, a cultura dos vanir tenha se sobressaído à cultura dos æsir, e isso talvez indique que ainda podemos ter a esperança de uma volta a este antigo mundo pacífico: onde a fertilidade é mais exaltada do que a ferocidade.

Mas, e quanto à cabeça decepada e falante do Mímir, o que diabos isso significa? Olha, não vou dizer que sei o que isso significa, mas este mito me remete pelo menos a duas considerações: a primeira, é que os nórdicos já sabiam valorizar a importância da cabeça em relação ao corpo, o que a neurociência apenas confirmou; a segunda, é que eles tinham algum senso de humor.

O deus enforcado

Como já disse no início, Odin também é reverenciado por ter trazido ao conhecimento dos homens as runas, que nada mais eram do que o primeiro alfabeto do povo nórdico, o que possibilitou a origem da escrita entre eles. O que eu não mencionei é o quão estranha é, a primeira vista, a história que nos conta como Odin obteve tal conhecimento…

Diz-se que ele, desejando adentrar reinos ocultos do mundo espiritual, enforcou-se na própria árvore cósmica, Yggdrasil, por nove dias e nove noites (nove também são os reinos míticos da mitologia nórdica em geral), enquanto era estocado por sua própria lança (não está claro quem o “auxiliava” neste ritual, talvez fosse ainda o Mímir quando tinha o corpo inteiro)… Ao final de todo esse sacrifício, Odin acordou (se é que ele morreu no processo, entende-se que após os nove dias ele ressuscitou [2]) e trouxe consigo a memória do conhecimento da escrita rúnica.

Ora, sabe-se que todos os deuses inventores da escrita foram grandes, ou ainda são: pois foi exatamente a escrita que possibilitou que o conhecimento sobre eles fosse preservado de forma mais exata (o que não necessariamente é algo sempre bom). No Egito antigo sabe-se que tal tarefa coube ao deus Thoth. Posteriormente, na Grécia, existiu também Hermes, que partilhava de tantas características em conjunto com Thoth, que muitas vezes faziam referência a ambos os deuses sob o título de Toth-Hermes. Entre os romanos, Hermes foi conhecido como o deus Mercúrio e, de fato, muitos historiadores acreditam que os romanos também confundiam Mercúrio com o próprio Odin, quando se referiam aos povos nórdicos – assim, o ciclo se fecha…

Mas, o que me interessa aqui é que todos os deuses inventores da escrita também eram reconhecidos como grandes intermediários entre o mundo dos homens e o mundo dos deuses, ou seja: eram médiuns, ou xamãs [3].

E é exatamente daí que parte a compreensão do que diabos Odin foi tentar fazer ao se enforcar numa árvore cósmica: ora, é claro que se trata de ainda mais uma metáfora. A árvore Yggdrasil sustenta todo o Cosmos e, dessa forma, o ato de “enforcar-se” nela nada mais é do que o ato de “perder a consciência deste mundo, e viajar com ela alhures”… Além desta referência mais clara ao xamanismo (ou a viagem astral) há ainda a questão das “estocadas de lança”: uma imagem muito comum na arte das cavernas, a arte rupestre, de nossa pré-história longínqua, e que também está intimamente relacionada às práticas xamãnicas.

O ato simbólico de se cortar, espetar, estocar com lanças, ou até mesmo destroçar o próprio corpo, significa, para o xamã, o abandono total do apego ao corpo, para que ele possa se elevar mais facilmente, e mais profundamente, aos reinos etéreos de sua própria alma, ou da Alma do Mundo, ou de Yggdrasil. Estes sacrifícios foram necessários para que os xamãs, os grandes heróis míticos de outrora, pudessem nos trazer conhecimentos ocultos, que podiam variar desde “onde caçar amanhã”, a “quais plantas e ervas coletar para fabricar este ou aquele remédio”, a até mesmo a própria inspiração divina para algo totalmente novo, como a escrita rúnica.

» Na última parte: finalmente, os corvos…

***

[1] No Mahabharata hindu temos histórias de batalhas muito parecidas, de onde surgiram grandes reinos e, eventualmente, a própria civilização. Na Europa não será diferente: mesmo a origem de Roma teve seu episódio de brutalidade para com tribos pacíficas na região próxima. No Brasil, poderíamos nos referir aos indígenas como os vanir, e aos colonizadores europeus como os æsir (como já disse, a história é escrita pelos vencedores).

[2] Avatares que morrem por “x dias” e ressuscitam com novos conhecimentos místicos existem aos montes na mitologia em geral.

[3] Você pode achar estranho o termo “xamã” aparecer toda hora neste relato, e tem toda razão: o termo surgiu do estudo antropológico dos primeiros místicos tribais da Sibéria, mas acabou por ganhar o mundo num significado bem mais amplo, referindo-se a todo e qualquer chefe espiritual tribal de toda e qualquer cultura selvagem antiga. Dessa forma, obviamente os índios do Brasil não chamam a seus xamãs como xamãs, mas sim como pajés, e assim vai… É nesse sentido que os termos “xamã” e “xamanismo” (a prática espiritual do xamã) são utilizados ao longo desta série.

***

Crédito das imagens: [topo] viking-mythology.com (A fonte do Mímir); [ao longo] Anônimo

O Textos para Reflexão é um blog que fala sobre espiritualidade, filosofia, ciência e religião. Da autoria de Rafael Arrais (raph.com.br). Também faz parte do Projeto Mayhem.

Prêmio Clube de Autores de Literatura Contemporânea

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#Mitologia #Odin #Paganismo #xamanismo

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/os-corvos-de-wotan-parte-3

‘Satanomicon

Lord Ahriman – Registrado na FBN

Direitos cedidos ao Morte Súbita Inc.

Lord Ahriman poderia ser chamado sem medo de errarmos de o pai do satanismo no Brasil. Ele foi o fundador da Igreja de Lúcifer, IDL a primeira organização satânica a se erguer do lado de baixo da linha do equador. Também guarda o mérito de ter trazido para os trópicos a primeira cópia da Bíblia Satânica e o de ter sido o mestre primeiro de toda uma geração de satanistas, entre eles Bastard Obito, Betopataca e Morbitvs Vividvs, que vos escreve este prefácio.

Sua maior façanha, entretanto foi ele mesmo. Poucas pessoas foram aquelas que eu verdadeiramente admirei e respeitei já que em geral os seres humanos não possuem muito a chance de erguerem-se do lamaçal de mediocridade em que foram colocados. A maioria dos que admirei foi de uma maneira distante, pois ou estavam mortos a séculos ou separados pela barreiras da distância.  Mas neste hall da fama de pessoas admiráveis tive o prazer de conhecer Lord Ahriman.

Minha própria descoberta do satanismo foi causada diretamente pela fundação da IDL, onde eu e outros irmãos vivemos momentos únicos de saber e sabor, afinal este homem além de versado em filosofia e ocultismo foi também um grande cozinheiro. Infelizmente com esta obra o leitor não poderá provar nenhum macarrão a putanesca, mas poderá ter a mesma sensação de conversar e aprender com o autor, que tivemos naquela época.

Um livro no fundo é sempre isso. Um portal de invocação, com o qual podemos nos encontrar com pessoas que viveram em outras épocas e lugares. Não há melhor forma de invocar um ser do mundo dos mortos do que folhear páginas escritas por ele e manter no silêncio de nossa mente um diálogo interno como se ele estivesse bem ali na nossa frente.

O Satanomicon foi escrito entre Fevereiro de 2000 e Setembro de 2001 e trata de diversos pontos importantes sobre o modo de vida satanista. Ele reúne e apresenta aos que se aventurarem na sua leitura as mesmas sementes que fertilizaram o que já poderíamos chamar de um pensamento genuinamente satânico e independente latino-americano.

Hail Lord Ahriman! Hail Satan!

Morbitvs Vividvs,

Anno Satanas XLI

Índice

I.  Um grito no Estige

II. Um pouco de história

III. Gnose da sombra

IV. O plano astral

 

V. Os arquétipos infernais

VI. Palavras da escuridão

 

 

 

 

Postagem original feita no https://mortesubita.net/satanismo/satanomicon/

A Gnose Afro-Americana e o Candomblé Gnóstico

Uma visão moderna dos Cultos-Afro e de suas potencialidades mágicas.

O MOTIVO PELO QUAL ESTE CURSO FOI ELABORADO: Durante meus mais de vinte anos de estudos teóricos e experiências práticas no Ocultismo, tenho travado contato com as mais variadas correntes de pensamento Esotérico.

Como pesquisador que sou, não me contento em permanecer na superfície da questão, como a grande maioria de interessados no tema; muito pelo contrário, pois eu procuro me aprofundar sobremaneira no assunto que me desperta interesse, adquirindo a maior quantidade de informações possível, sejam relatos pessoais, sejam escritos de que natureza forem, para, então, colocar em prática os ensinamentos de dito Sistema.

Tenho experimentado de tudo um pouco, em se tratando de Magia, sofrendo, por assim dizer, “na própria carne”, os resultados de minhas experiências e, porque não dizer, de minha ousadia.

Após algum tempo de militância em determinado Sistema de Magia, coloco os resultados obtidos numa balança imaginária, pesando os prós e os contras, até que me tenho por satisfeito com uma resposta clara e sem evasivas, obtida entre duas únicas opções: tal Sistema FUNCIONA, ou NÃO FUNCIONA.

Assim, concluindo definitivamente minhas pesquisas em tal Sistema, passo a incluí-lo em minhas práticas pessoais (meu próprio Sistema, se assim quiserem), caso a conclusão de meus estudos seja de que tal Sistema funciona; ou, então, descarto tal Sistema em definitivo, caso conclua que o mesmo não funciona.

Muitos dos Sistemas de Magia tidos em elevada conta por especialistas diversos, funcionam a contento. Outros, entretanto, ficam muito a desejar.

Como este não é o momento de abordar tal assunto (o que faço em detalhes no meu livro “CURSO DE MAGIA”), deter-me-ei a examinar os Cultos- Afro, sob um prisma Gnóstico e Esotérico.

Voltando ao assunto de Sistemas que funcionam ou não, vamos falar do Candomblé e seus congêneres.

Tenho observado, ao passar dos anos, que muitas pessoas, interessadas em Ocultismo, nutrem um forte preconceito contra o Candomblé e assemelhados.

Apesar disso, quando encontram-se “no aperto”, buscam, de imediato, “socorro” dentro das práticas mágicas candomblecistas.

Socorridos, entretanto, e mais, sanado o problema que os afligia, “dão as costas” para a tal de “macumba”, coisa que não compreendem mas sabem que funciona, voltando aos seus cristais e florais.

Atitude simplista, para dizer o mínimo.

A “macumba”, designação genérica de tudo quanto seja de origem Afro, manteve a fama de ser infalível; apesar disso, poucos estudiosos do assunto se deteviram a examinar o assunto a luz da ciência experimental, para concluir como funciona a “macumba” e, mais ainda, quando funciona, e por qual motivo, assim como compreender suas falhas e deficiências, que aumentam no mesmo passo em que o assunto é difundido – mas não explicado.

Interessante observar que, nos últimos anos, houve uma verdadeira explosão de livros sobre “macumba”, muitos dos quais ensinando trabalhos para os mais diversos fins, tal qual fossem receitas de bolo.

Assim, sem explicar nem justificar, passam adiante ensinamentos que exigem, para serem postos em prática, um profundo conhecimento dos Cultos- Afro, sem o que tais práticas tornar-se-iam perigosas para todos os envolvidos.

Mais ainda, incentivam ao leitor realizar tal trabalho, sem alertar para os cuidados que devem cercar tais práticas.

Dessa forma, indivíduos inescrupulosos, pouco conhecedores do assunto, mas sabedores das necessidades humanas, travestem-se de “Pais-de-Santo” ou “Mães-de-Santo”, realizando todo tipo de trabalhos, jogando búzios, interferindo na vida de todo e qualquer cidadão, sem o menor cuidado ou escrúpulo.

O resultado? Fracasso, desilusão, além da sensação de que “macumba não funciona”.

Eis o motivo deste curso – explicar tudo, tirar todos os véus, trazer o conhecimento mágico-místico-religioso à luz da ciência experimental, para que todos, admiradores ou não do assunto, possam compreender no que consistem tais práticas, tirando, assim, suas próprias conclusões.

Vamos, portanto, ao curso.

“INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE MAGIA DE ORIGEM AFRO”

“CANDOMBLÉ, VUDÚ, HOODOO, PETRO, RADA, LUCUMÍ, SANTERÍA, PALO-MAYOMBE, UMBANDA, QUIMBANDA E CATIMBÓ: SUAS SEMELHANÇAS, DIFERENÇAS, TABÚS E FUNDAMENTOS.”

Visão moderna dos Sistemas do Candomblé, do Vudú, da Umbanda e da Quimbanda.

Muitas vezes, quando se fala em Magia, as pessoas pensam imediatamente nas práticas executadas nos Cultos Afro-Brasileiros, Afro-Americanos e Afro- Ameríndios.

Diversas pessoas tem visões semelhantes desses Cultos, mas os conceitos difundidos são preconceituosos, misteriosos e dogmáticos, o que faz, pouco a pouco, com que a Realidade Mágica desses Cultos se perca para sempre.

Para começar, o Candomblé, o Vudú, a Santería, o Palo-Mayombe e o Lucumí são cultos muito semelhantes, de origem africana, mas tremendamente desenvolvidos nas Américas. Já a Umbanda é um culto muito distinto, com bem poucas semelhanças com os outros dois, enquanto a Quimbanda é algo totalmente diferente. O Catimbó é uma espécie de meio-caminho entre a Umbanda e a Quimbanda. O Hoodoo reúne características do Vudú, porém tem diversas peculiaridades, sendo a mais importante delas trabalhar apenas com Elementais, Elementares, Sombras, Cascarões, Larvas e “Almas”. Petro e Rada são duas raízes diferentes do Vudú haitiano, sendo o culto Rada mais voltado às Entidades do panteão Afro original, enquanto o Petro é mais voltado ao culto de Loas semelhantes aos Guias de nossas Umbanda e Quimbanda. O Voudon Gnóstico, apesar do nome, e da nítida influência do Vudú e do Hoodoo, é mais uma Ordem Hermética (uma vez que é ligado à O.T.O.A. – Ordo Templi Orientis Antiqua) do que um culto ou uma religião, razão pela qual está fora deste texto. Todos, porém, tem entre si uma semelhança marcante e de suma importância: são todas “Religiões Thelêmicas”, ou “Cultos Thelêmicos”, como queiram. E o que significa uma religião ser “Thelêmica”? Significa que cada indivíduo, dentro dela, tem sua própria religião, seu próprio Deus, distintos dos de qualquer outro indivíduo. E foi por isso que os cultos africanos sobreviveram na mudança para o novo mundo, cresceram e se multiplicaram.

Sendo assim, vamos começar a definir a Quimbanda.

A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus, Pombas-Giras, Caboclos Quimbandeiros, Pretos-Velhos Quimbandeiros, e assim por diante. Na Quimbanda não há nenhum tipo de “Iniciação”, quer seja mágica, mística ou religiosa. Basicamente, há duas formas de se praticar a Quimbanda – a Evocação e a Invocação das Entidades. Qualquer que seja o meio escolhido, normalmente desenha-se o “Sigilo” (chamado “Ponto Riscado” na Umbanda e na Quimbanda) da Entidade no chão, pedindo-se, em seguida, sua intervenção. No caso da Invocação, a pessoa que “receber” a Entidade (chamado “Cavalo” ou “Burro” na Umbanda ou na Quimbanda) passa a ter os poderes da mesma; são então feitos pedidos à pessoa “incorporada”, que pedirá então algumas coisas para a execução do “trabalho de magia” . Em geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém, ou então para submeter-se uma pessoa à vontade de outra. Quando se Evoca Entidades na Quimbanda, porém, faz-se oferendas simples, visando obter a intervenção da Entidade para obter o que se deseja, normalmente alguma maldade. Na Umbanda, o que acontece é a mesmíssima coisa, com uma diferença essencial: só se “trabalha” para o bem, pois as Entidades que “baixam” na Umbanda são somente benéficas. Em alguns “terreiros” de Umbanda foram implantados “Rituais Iniciáticos”, herdados de culturas diversas. Na Umbanda, vê-se uma nítida influência do Kardecismo, bem como da mentalidade católico-cristã, além do público e notório sincretismo religioso entre os Orixás da Umbanda (que só comungam dos nomes com os Orixás do Candomblé) e os Santos Católicos. O Catimbó é uma mistura completa entre a Umbanda e a Quimbanda, com algumas diferenças: as Entidades que “baixam” são chamadas de “Mestres”; se são benfazejos, diz-se que “fazem fumaça às direitas”, e dos malévolos se diz que “fazem fumaça às esquerdas”. Concluí-se daí que no Catimbó se “trabalha” indistintamente para o bem e para o mal. Além disso, no Catimbó não se cultuam Deuses ou outras Entidades de grande envergadura de poder, apenas “baixam” Entidades com especial identificação social no grupo aonde se desenvolve a “mesa” do Catimbó. Na Santería ocorrem práticas semelhantes às dos cultos descritos acima, mas há também um culto aos Orixás, no estilo do Candomblé, só que com toda a influência Católico-Cristã imaginável.

Mas existem sutis diferenças entre esses cultos. Na Umbanda, as Entidades são “espíritos” de pessoas desencarnadas (mortas); na Quimbanda, “baixam” indistintamente “espíritos” de pessoas mortas (normalmente de pessoas perniciosas ou criminosas), ou Demônios mesmo. No Catimbó só “baixam” os “espíritos” de mortos.

Mas, será que o que “baixa” em todas essas “sessões” é mesmo uma “alma”? E será que todas essas “almas” são sábias, sinceras e magicamente capazes? Não creio. Para mim, o que ocorre muitas das vezes, é o seguinte: A) o “médium”, desejoso de “receber um guia”, induzido pelo “chefe do terreiro” de que ele/ela “tem mediunidade, precisa desenvolvê-la”, acaba por criar uma Imagem Telemática correspondente a sua idéia do “guia”, que, então, cria “vida”, passando a agir como desejado…

B) cena “A”: alguém morre; seu corpo físico jaz inerte, seu corpo astral separa-se do cadáver físico e, em pouco tempo, o corpo mental do falecido separa-se também do corpo astral, ficando este último também destinado a morrer, a decompor-se; cena “B”: um Elementar Artificial, um Íncubo, um Súcubo, um Vampiro, uma Larva Astral, alguma dessas Entidades simples, busca sobreviver …vampirizando alguém! É porém difícil “sugar vitalidade a força” de alguém; cena “C”: a Larva da “cena B” encontra um cadáver de corpo astral (Cascarão Astral), penetra nele e o “aviva”; cena “D”: o “Cascarão Avivado” encontra uma pessoa receptiva, um “médium”, e começa o ataque; o “médium” acaba por ir a um “terreiro” ou “centro”, aonde “seu guia” o levou, e aonde irá “desenvolver sua mediunidade”; cena “E”: o “médium” já “desenvolvido”, recebendo seu “guia”, dá consultas, passes, faz trabalhos, aconselha…e o “guia” (o Cascarão Avivado) vampiriza o “médium” e as pessoas que vão consultá-los.

É claro que existem incorporações ou possessões reais, mas são muito raras na Umbanda e no Kardecismo. Ocorrem muito freqüentemente no Candomblé e correlatos, mas são raríssimos nos cultos à desencarnados.

Sem mais comentários sobre o assunto.

Agora, Candomblé, Vudú, Palo-Mayombe e Lucumí.

O que digo a seguir é minha experiência e enfoque pessoais. Quem desejar aprofundar-se no assunto deve consultar as obras dos seguintes autores, colocados em ordem de importância: Pierre “Fatumbí” Verger, Fernandes Portugal, Caribé, Bernard Maupoil, William Bascon, Michael Bertiaux, Luis Manuel Nuñes, Jorge Alberto Varanda, Roger Bastide, Juana Elbein dos Santos, Courtney Willis, Ogã Jimbereuá, Babalorixá Ominarê, Lydia Cabrera, Migene Gonzalez-Wippler e João Sebastião das Chagas Varella. Já os apreciadores de Mitologia em geral, deverão conhecer a obra de Joseph Campbell, o mais importante autor do assunto. A Editora Pallas tem bons títulos sobre Candomblé e Vudú. Este texto trata dos aspectos reais das Práticas Mágicas dos Cultos em questão. Desculpem a crueza, mas a verdade é cruel, e dói.

Muitos estudiosos de Magia, bem como inúmeros autores do gênero, colocam os Deuses dos diversos panteãos como Arquétipos. Considerando-os assim, alguns praticantes da Magia Ritual creem que pode-se trabalhar magicamente com os Deuses Internos, como se trabalhassemos com os Arquétipos Universais. Aqui existe um enorme equívoco, pois os Deuses Internos englobam aspectos arquetípicos, não se limitando, porém, a serem Arquétipos simplesmente.

Na verdade, há uma obra muito boa sobre Magia Planetária (Planetary Magick, editora Llewellyn), que, porém, considera os Deuses de diversos panteãos como a mesma coisa que os Arquétipos. Eu particularmente discordo desse prisma, pois considero que os Arquétipos são acessíveis a qualquer pessoa, enquanto que os Deuses só são acessíveis aos que tenham alguma identificação e familiaridade com os mesmos. Na verdade, a experiência chamada de “União com Os Arquétipos Universais”, quando a pessoa entra em “transe” e sofre a “possessão” da Divindade, é o contato que ocorre da pessoa com seu Microcosmos, ou seja, com seu “Universo Interior”, portanto, somente com os Arquétipos Universais, e não com o todo da Egrégora dos Deuses Internos do Homem. A diferença é, portanto, patente, no que diz respeito ao “transe” do sujeito “possuído” pelo Orixá (aonde são despertados poderes latentes dentro do próprio indivíduo), e da Evocação ou Invocação da energia do Orixá como um todo, uma Entidade de existência independente da psique do Mago. O que ocorre entre os profanos, os não-iniciados, o “bolar” no Santo, é somente a “União com O Arquétipo”; o que ocorre na Invocação, feita pelo Mago de forma consciente, é “abrir sua mente” para uma energia externa, de vida autônoma, externa ao Microcosmos do Mago. Portanto, podemos concluir que o Arquétipo Universal existe num nível sub-consciente de cada indivíduo, mas somente manifesta-se no Microcosmos; já o Deus Interno existe num nível Macrocósmico e, após uma iniciação, num nível Macro-Micro-Cósmico, isto é, pode manifestar-se dentro ou fora do indivíduo. Com isso quero dizer que um Orixá pode manifestar-se fora da psique do Mago, até mesmo fora de seu corpo, inclusive, algumas vezes, a um nível social. O poder de um Arquétipo é o de despertar talentos latentes na psique do indivíduo, enquanto que o poder de um Deus Interno (sendo uma Egrégora), é amplo, de uma envergadura bem maior que a psique de um indivíduo apenas, incomensurável em termos humanos. Com isto quero dizer que uma Egrégora antiga e poderosa como a dos Deuses Internos pode quase tudo. Sem exagero. E em se tratando de Deuses Internos (ou Panteônicos), podemos distinguir duas categorias: os Deuses adormecidos, cujo culto inexiste na atualidade, e os Deuses ativos, cujos cultos existem. Nessa última categoria estão os Deuses e Deusas cultuados no Candomblé, no Vudú, no Palo-Mayombe e no Lucumí. Fico, inclusive, muito curioso com a atitude de certos grupos de ocultistas, que cultuam Deuses adormecidos, e torcem o nariz para os Deuses do panteão Afro, talvez considerando-os algo inferior, muito provavelmente pelo motivo de que esses Deuses são cultuados pelo povo, não pelas elites culturais…preconceito e ignorância de sobra! Esses Deuses e Deusas dos Cultos Mágico-Religiosos Afro-Americanos são designados da seguinte forma: na “Fé Indígena” (Indigenous Faith), como o Culto é chamado na Nigéria (África), são chamados de Orixás e Odus, o mesmo ocorrendo nos Candomblés de origem Nigeriana ou Yorubana (“Nação” Keto ou Alaketo); nos Candomblés de origem Daomeana (Fon ou Gêge), são chamados Voduns e Odus; nos Candomblés de origem Angolana (“Nação” Angola), são conhecidos por Inkices ou Santos, e Odus; na Santería, praticada nos Estados Unidos (Puerto Rico, New Orleans, Miami, etc), são chamados de Orichás ou Santos, e Odus; no Vudú, praticado no Haiti e na França, são conhecidos como Loas e Odus; no Lucumí, praticado em Cuba e nos Estados Unidos (Miami), são os Nganga, Orichás, Padrinhos, Prenda, Ndoki, Odus, entre outros nomes, ocorrendo o mesmo no Palo-Mayombe.

Veja-se que o nome do panteão altera-se de região para região, e assim também se alteram as características das Entidades. É interessante notar que o nome Odu (Odus no plural), está presente em todas as “Nações” de Candomblé, e suas atribuições são idênticas em todas as citadas culturas.

Pois Odus são Entidades objetivas que personificam, de forma antropomórfica, as energias das figuras geomânticas. Vê-se que, quando o simbolismo e a energia não sofrem alterações, os nomes permanecem idênticos. O contrário ocorreu com a vinda dos Orixás da África para o Brasil, pois na África os Orixás não possuem as subdivisível ditas “qualidades”, fato que ocorreu no Brasil. Por isso é que o Culto aos Orixás, no Brasil, é mais rico e complexo do que na Nigéria atual, sem nenhuma conotação pejorativa quanto ao Culto praticado na Nigéria. Apenas digo que, no Brasil, cultua-se doze variedades de Xangô, enquanto na Nigéria há somente uma; aqui cultua-se onze Oyá, dezesseis Oxum, dez Oxalá, nove Yemanjá, vinte e um Exu, enquanto na Nigéria há um de cada. É bem verdade que a troca de informações entre Nigerianos e Brasileiros, do Culto, está levando “qualidades” de Orixás para lá, e trazendo para cá as práticas mais modernas do Culto. Assim, em breve, graças às trocas de informações, o Culto aos Orixás estará aprimorado e talvez até estandardizado no Brasil e na Nigéria. Mas aqui o assunto é outro.

Vide os Apêndices desta obra relativos a “Arquétipos” e “Deus, As Egrégoras Coletivas e Os Deuses Internos do Homem”, para compreender a mecânica de que falamos acima.

Somente recomendo, aos que pretendem praticar a Magia Planetária, a Magia Evocativa, a Magia Invocativa ou o “Casamento dos Homens com Os Deuses” (conceito de Aleister Crowley, uma das práticas secretas da O.T.O., revelada no livro “The Secret Rituals of the O.T.O.”, de autoria de Francis X. King)) com os Deuses dos panteãos Afro, que estudem a respectiva mitologia, familiarizem-se com as suas energias, para não sofrerem revezes nem decepções. Estejam avisados que essas energias são incomensuráveis, além de extremamente ativas, pois há, em todo o mundo, pessoas cultuando-os dioturnamente, vivendo para o Culto, alimentando a Egrégora a cada momento, ampliando sua envergadura de poder.

Apesar disso tudo, há muita gente que duvida das potencialidades mágicas dos Cultos-Afro; há também os que creem que tudo quanto se faz nesses Cultos funciona a contento, independentemente dos Fundamentos Mágicos que sejam ou não aplicados às práticas rituais. Pensando nisso gostaria de abordar alguns aspectos importantes desses cultos, muitas vezes mal interpretados pelas pessoas em geral. E é justamente visando separar o joio do trigo, embora revelando muitos segredos guardados com zêlo por muito tempo, que descrevo, a seguir, os Fundamentos Mágicos Racionais das Práticas Mágico-Místico-Liturgicas dos Cultos-Afro.

Espero estar contribuído assim, de alguma forma, para a preservação desse culto que tanto me atrai, e que estudo e pesquiso fazem anos. Afinal, em 1988, fui consagrado Babalaô (Nação Alaketo) – sacerdote de Ifá – , além de ter sido iniciado no culto de Yiá-Mí Oxorongá.

Iniciação

é tipicamente shamânica, quanto a parte do Iniciando, com práticas primitivas (raspar os cabelos da cabeça, esfregar folhas na cabeça e outras partes do corpo, fazer cortes em diversas partes do corpo – cabeça, testa, mãos, pés, língua, braços – para passar “pós mágicos” nos cortes abertos – Kuras – , sacrificar animais deixando o sangue escorrer sobre a região do Chakra Coronário, colocação de substâncias vegetais e animais sobre o Chakra Coronário – o Adoxú, no formato de um cone – , colocação de uma pena de alguma ave no local do Chakra Frontal – Terceiro Olho – , entre outras coisas), requerendo total submissão do Iniciando – Iaô – ao Sacerdote ou Sacerdotisa – Pai ou Mãe de Santo, Babalorixá ou Yialorixá – , que guarda os cabelos daquele, tendo assim, meios de impor sua autoridade à força…

A Iniciação no Candomblé é lenta (21 dias no mínimo) e penosa (a pessoa terá de se submeter aos ditames do Sacerdote, devendo comer o que lhe é permitido – com algumas restrições por toda a vida – , falar quando lhe é permitido, usar as roupas nas cores autorizadas – mais uma vez com restrições para o resto da vida – , até mesmo quais atividades sociais e profissionais poderá ter dali para diante). Uma das partes mais curiosas do Ritual Iniciático reside na pintura da cabeça e do corpo do Iniciando com pontos coloridos, feitos com pós coloridos, numa espécie de Cromo-Punctura rudimentar.

Vê-se aí, nesse conjunto de práticas antiquadas, o aspecto da autoridade do Mestre, inquestionável, sobre a vida do Discípulo, traço típico das iniciações em sociedades primitivas.

Quando, porém, observarmos a parte do Iniciador, do Sacerdote ou da Sacerdotisa, veremos uma enorme quantidade de práticas típicas da feitiçaria, portanto, de caráter muito distinto das práticas shamânicas.

Eis um dos mais flagrantes aspectos da ambiguidade do Candomblé.

Como disse o brilhante ocultista norte-americano Robert North, o que falta aos Cultos-Afro é uma “Auto-Iniciação”. Concordo plenamente. Seguindo as orientações dele, o iniciando deverá praticar uma técnica conhecida nos meios ocultistas como “visualizar uma imagem como se fosse uma porta e mentalmente atravessar a porta”. Daí, o iniciando travará contato com as Entidades que habitam o plano correspondente vibratoriamente à dita imagem.

Mas que imagem é essa? Os desenhos dos Vevés, Pontos-Riscados, Sigilos das Entidades, Figuras Geomânticas (Odus), entre outras. Essa técnica permite uma auto-iniciação com menos riscos que a Invocação Mágica (a “incorporação” da Entidade na pessoa), que evoca riscos óbvios de acidentes.

O que deve, porém, ficar claro, é que ninguém é “filho” desse ou daquele Orixá, ou de qualquer outra Entidade, nem tem tal ou qual Odu. Na verdade, as pessoas identificam-se com um Arquétipo, em geral composto, isto é, com qualidades mescladas de várias Entidades, o que caracteriza o Orixá e suas qualidades, bem como os outros Orixás da pessoa. Identificando-se com o Arquétipo, a pessoa passa a louvá-lo ou cultuá-lo, atraindo então a Entidade Egregórica correspondente ao Arquétipo da identificação pessoal. Fica claro, agora, o motivo pelo qual há pessoas com “santo forte”, outras sempre “acompanhadas” pelo seu Orixá ou Guia, e assim por diante? Lembrem-se de que a energia que flui no contato do Mago com a Egrégora é mutual e simbiótico, isto é, se recebe o tanto que se dá…

No caso dos Odu, eles apresentam-se e manifestam-se em cada momento, mudando de acordo com as chamadas “marés tatwicas”, as marés elementais.

Somente ocasionalmente cristalizam-se num local, situação ou espécie de atividade, promovendo constante sucesso ou fracasso. E os remédios já são conhecidos.

 

Sacudimento

Dá-se esse nome às Práticas Mágicas que são realizadas quando existe uma presença energética intrusa (em pessoas, objetos ou lugares) – Exus ou Egums, isto é, Entidades Demoníacas, Vampiros, Íncubos, Súcubos, Larvas, Espíritos de Desencarnados, entre outras – ; passa-se pelo corpo da pessoa atingida uma série de plantas, folhas, grãos crus, pipocas, legumes, verduras, até mesmo aves (pombo, frango); esses componentes tem atribuições diversas em se tratando de elementos naturais – presentes por analogia nos componentes do sacudimento – , impregnando-se-os com o fluído magnético, que tem a propriedade de sugar energia (no caso, a intrusa), o que então providenciará a remoção das energias intrusas. É prática primitiva que, porém, tem seus méritos; na verdade, há um elemento de grande importância, que não pode faltar, pois é o que faz o “Trabalho” funcionar: o ovo! Sim, um simples ovo de galinha é o suficiente para o “Trabalho” funcionar. Com um ovo e a atitude mental adequada, consegue-se resultados espetaculares.

Na simplicidade está a chave dos grandes mistérios. Quer dizer, a Energia intrusa, nefasta, é transferida para os elementos passados pelo corpo da pessoa; em seguida, esses elementos são deixados em local determinado (praia, cachoeira, rio, praça, encruzilhada, estrada, enterrados, atirados barranco abaixo, cruzeiro do cemitério, etc.), aonde a Energia tornar-se-á inofensiva, ou atingirá curiosos que porventura toquem o material energeticamente contaminado.

 

Ebós

Dá-se esse nome aos sacrifícios ou oferendas, dedicados a alguma Entidade, consistindo nas comidas, bebidas e animais votivos da mesma Entidade; quer dizer, todas as práticas mágicas convencionais do Camdomblé tem o nome de Ebós. Os Ebós funcionam por causa do uso de Condensadores Líquidos e Sólidos, infundidos da vontade do Mago, além de, algumas vezes, a Energia Vital que se desprende de um animal sendo imolado, além da própria Energia do sangue de dito animal. Este é o segredo para a eficiência dos Ebós. E também da ineficiência de muitas bobagens batizadas de Ebó, mas que, na verdade, não são nada, magicamente falando. Para os interessados, basta consultar um dos numerosos livros sobre Ebós – do Ogã Gimbereuá, do Babalorixá Ominarê, de Fernandes Portugal e de Antony Ferreira, por exemplo – para verificar o uso constante de Condensadores Líquidos e Sólidos (pimentas, cebolas e alhos, atribuídas ao Elemento Fogo, por exemplo).

Existem três espécies de Ebós: A) Periódico: dado em períodos de tempo regulares, para fortalecer o elo com a Entidade, ou para fortalecer uma Entidade Artificial criada pelo próprio grupo ou operador; B) Propiciatório: dado quando se deseja obter algo de uma Entidade, dando-se-lhe algo, esperando o favor almejado em troca; C) Expiatório: dado quando se necessita reparar alguma falta para com a Entidade que, aborrecida com o indivíduo, passa a prejudicá-lo; nos três tipos deve haver uma analogia adequada.

Só para ilustrar, incenso é uma oferenda que, além de agradar as Entidades (desde que de aroma análogo à Esfera da Entidade), pode permitir sua materialização (com sua possível aparição espectral); para Entidades Negativas ou perigosas/nefastas, o sangue (quente) de sacrifício animal faz efeito semelhante; a cebola constitui um elemento de grande vibração quando ofertada à alguma Entidade, o mesmo podendo dizer-se dos ovos; as velas são parte importante de qualquer ofertório, as de cera de abelha adequadas às Entidades Positivas, e as de cebo adequadas às Entidades Negativas.

Devemos sempre buscar as leis de analogia ao desejarmos ofertar algo para qualquer Entidade. Seguindo estes princípios, qualquer Mago poderá elaborar seus próprios Ebós, se esse for seu desejo.

 

Pós Mágicos

Também chamados de Atim (Alaketo), Pemba (Angola), Zorra (para o mal), são diversas substâncias misturadas e posteriormente reduzidas a pó; são usadas para atrair boas coisas (saúde, amizade, amor respeito, bons negócios, dinheiro, proteção contra maus fluidos, paz, etc.), espalhando-se nas mãos, pés, sapatos, roupas, cabeça e utensílios da pessoa, ou soprando-o na residência, veículo, local de trabalho, Templo, etc.; ou então para levar desgraças aos desafetos (doenças, acidentes, maus fluidos, ruína, morte), espalhando-se nos locais, ou soprando-se/jogando-se sobre a vítima.

Respeitando-se as leis de analogia, pode-se compor pós mágicos respectivos aos quatro elementos da natureza, que serão Condensadores Sólidos da vontade do Mago. Para maiores detalhes do assunto, ver o livro de Franz Bardon “Initiation Into Hermetics”, citado na bibliografia desta obra.

 

Azeite de Dendê

 

Elemento que constantemente é utilizado nas práticas ritualísticas Afro-Negras, constituindo poderoso Condensador Líquido; Condensador é um elemento capaz de condensar a vontade e os desejos do Mago.

 

Pólvora

Muito utilizada nos Cultos Afro, ao incandescer ou explodir libera tremenda energia ígnea (do Elemento Fogo), podendo ser utilizada para curar, livrar de alguma influência maléfica, criar embaraços ou até mesmo matar, tudo em analogia completa ao Elemento Fogo, isto é, ao seu campo de ação.

Recebe o nome de “Ponto-de-Fogo”. Nas obras do autor N.A.Molina encontra-se constante referência a ditas práticas, o mesmo ocorrendo nos livros de Antônio de Alva e Antônio Alves Teixeira Neto.

 

Nome Mágico

 

Chamado também de Orukó, é o Nome Mágico que a pessoa adota após a Iniciação no Culto; também os Templos (Ilê) recebem um Orukó.

Folhas Mágicas

Camdomblé e seus similares tem como grande fundamento o uso mágico, litúrgico e medicinal das ervas, folhas, frutos, raízes e outros elementos vegetais. Portanto, seria necessário um volume de centenas de páginas para abordar, de forma adequada, o assunto. De qualquer forma, selecionei algumas folhas e frutos especiais, devido às suas particularidades: A) Folha de Pinhão Branco (Jatrofa Curcas) – usada para substituir o sangue animal nas oferendas a Exu; B) Folha de Acocô (Naelvia Boldos) – usada da mesma forma que a anterior, inclusive sobre a cabeça das pessoas, quando falta o animal a ser imolado para o Orixá; C) Folha de Iroco (Clorophora Excelsa) – usada como substituto do sangue animal nas oferendas, iniciações e assentamentos de Orixás; D) Noz de Cola ou Obi (Sterculia Acuminata) – usada em todos os rituais iniciáticos do Camdomblé, exceto no culto à Xangô, que recebe, ao invés desta, o E) Orobô, Orogbo ou Falsa Noz de Cola (Garcínea Guinetóides).

Tendo-se em vista o que foi dito acima, poderemos tornar nosso Camdomblé mais moderno, utilizando as Essências de Flores e de Ervas (Essências Florais) como se utilizam as folhas, frutos, Flores, raízes, etc.

E, também, substituindo muitos elementos por uma substância sua, dinamizada homeopaticamente. Creio que dinamizações de D-1 ou D-3 combinadas com dinamizações de 10MM seriam o mais adequado, unindo presença física e energética. E, para evitar o sacrifício animal ou a destruição de elementos naturais, pode-se preparar tais substâncias pelos meios radiestésico ou radiônico (ver a obra intitulada “MATERIALIZAÇÕES Radiestésicas”, de autoria dos Irmãos Servranx, que trata do uso do Decágono para reproduzir magicamente a energia de qualquer substância).

 

Banhos Energéticos

Abô ou Omieró (banho pronto e, em geral, putrefato) e Amací (banho fresco feito com ervas maceradas com água da chuva), são um dos mais ricos, complexos e deturpados (magicamente falando) aspectos dos Cultos Afro- Negros; os banhos devem ter apenas duas finalidades: Atração e Repulsão.

Conhecendo-se a natureza dos elementos a serem utilizados no banho, através do conhecimento das leis de analogia, pode-se preparar um banho dotado das características de Atração ou de Repulsão de qualquer tipo de energia. Só isso. Basta escolher qual (ou quais) o elemento da natureza adequado (água, ar, terra, fogo), impregná-lo (o banho) com o fluído Elétrico (para Repulsão) ou Magnético (para Atração), e está tudo pronto. De qualquer forma, a obra de Franz Bardon aborda o assunto com maestria.

Defumação

Vale aqui o que foi dito relativamente aos Banhos.

Podem atrair ou repulsar energias.

 

Assentamentos (de Orixás, Exus, Egums, Odus, etc.)

Chamadas em ioruba “Igbas” pu “Ibás”, os Assentamentos são essencialmente uma construção de um corpo físico não-animado, para receber determinada energia. Cria-se um Elementar Artificial com corpo físico.

Assenta-se Orixás, Exus, Egums (Cascarões de desencarnados), Odus, além de outras Entidades cultuadas no Camdomblé – Ikú, a Morte; Yiá-Mi-Oxorongá, o pássaro negro que personifica todas as feiticeiras e suas energias, entre outras -.

Os elementos, vegetais (folhas, ervas, raízes, madeiras, folhas, cascas, frutos, nozes, caroços), minerais (águas, argilas, barros, terras, rochas, cristais, gemas, metais, areias, calcário), animais – insetos, répteis, mamíferos, aves, peixes, aracnídeos, batráquios, etc – (sangue, peles, chifres, garras, unhas, falanges de dedos, pêlos, olhos, dentes, prêsas, línguas, víscera, ossos, testículos, fluidos, cabeças, etc.) e humanos (sangue de aborto, sangue de acidentado, sangue de morto, feto, unhas, crânios, falanges de dedos, dentes, cérebros, línguas, fluidos corpóreos – até mesmo sêmen e fluidos vaginais -, cabelos, fezes, urina, sangue menstrual, placenta, testículos, víscera, tíbias, ossos diversos, corações, etc.), além de objetos variados (facas, lâminas, navalhas, pembas, giletes, cacos de vidro, ladrilhos, pó ou poeira de lugares variados, folhas de jornais e revistas, pedaços de veículos acidentados, bebidas variadas, condimentos, tinturas naturais, o pó produzido pelos cupins, etc.), são colocados num jarro, porrão, panela ou vaso, misturados com cimento e água, posteriormente assentados em camadas. Daí, sacrificam-se os animais votivos sobre o assentamento, decora-se o mesmo com as insígnias ou os paramentos da Entidade, além de enfeitar os elementos de decoração com pedaços dos animais sacrificados – cabeça, asas, penas, patas, etc -, além de praticar-se atos litúrgicos diversos, incluindo orações, cânticos e louvações.

Tudo isso é muito forte, além de Energeticamente eficiente. Apenas creio que podemos realizar coisa melhor sem todo esse trabalho.

Francis King descreve, em diversas obras suas, coisas interessantíssimas e de grande utilidade mágica, como “O Casamento dos Homens com Os Deuses” e o “The Homunculus”; Aleister Crowley no seu “MAGICK” dá os fundamentos do Mistério da Eucaristia, entre outras preciosidades; Franz Bardon no seu “Initiation Into Hermetics” versa sobre os mesmos Mistérios Eucarísticos, além da criação de Elementares e Elementais Artificiais, Animação Mágica de Figuras e Esculturas, além de muito, muito mais; Pascal Beverly Randolph no seu “Magia Sexualis” (em especial na edição espanhola) descreve também a Animação Mágica de Figuras (imagens, pinturas, fotografias, desenhos); Peter James Carroll nos seus “Liber Null & Psychonaut” e “Liber Kaos”, descreve didaticamente outras práticas de muito interesse. Com esse material em mãos, o Mago tem condições plenas de criar seus próprios Assentamentos, sem ter de realizar práticas ou rituais primitivos, nem sacrificar animais ou trabalhar com materiais orgânicos perecíveis.

Para aqueles que desejarem realizar um assentamento no melhor sistema africano, purgando as bobagens, dou a minha versão da conjuração chamada de “Evocação ao nível da Feitiçaria”, de autoria de Peter James Carroll: Construir um boneco, de material proveniente da natureza, com as próprias mãos (contando, é óbvio, com as ferramentas adequadas); dar forma humanóide ou de algum ser real ou mitológico; utilizar, para a escultura, argila, ou tabatinga, ou barro, ou madeira, ou pedra; anexam-se gemas, cristais, rochas e metais que possuam correspondência energética com a energia que desejamos obter do assentamento; todos os materiais utilizados deverão ser purificados com água mineral, sumo de ervas Energeticamente compatíveis, defumação com substâncias adequadas, além de eventuais desimpregnações por meio de gráficos emissores de Ondas-de-Forma; o interior do boneco deverá ser ôco, aonde deverá ser derramado um condensador líquido universal, o que permitirá a “Animação Mágica” da figura, fato este que dará à mesma movimento…(ver Initiation into Hermetics, de Franz Bardon); vasos com flores energeticamente compatíveis poderão ser mantidos próximos do assentamento, o que manterá energia viva perto de nossa criação; símbolos geomânticos ativos, gravados no boneco, ajudarão a definir e manter a energia definida e sob controle; a decoração externa ou acabamento do homúnculo é livre, devendo-se, porém, evitar materiais perecíveis, derivados ou extraidos de cadáveres de animais ou seres humanos, pois, caso contrário, o assentamento emitirá energias nocivas no ambiente; tomar muito cuidado com o formato do boneco, para que o mesmo não emita RADIAÇÕES nocivas – deveremos, durante a execução do corpo físico da entidade, verificar radiestésicamente, todo o tempo, a qualidade das EMISSÕES; utilizando-nos dos pêndulos cabalísticos para efetuar esse controle, nosso boneco deverá emanar “A Terra”, “Sôpro de Vida”, “Espírito” e “Shin”, além de poder emanar (embora devamos ter cuidado com essa energia) “Magia”; quanto as EMANAÇÕES nefastas, que deveremos evitar a qualquer custo, estão “V-e” (Verde Negativo Elétrico), “Matar” (Vermelho Elétrico), “Necromancia”, “Forças-do-Mal”, “O Adversário”, “Shin” invertido, “Iavê” invertido, “Ilha-de-Páscoa”, “A Terra” invertido, figuras geomânticas nefastas, entre outras coisas; seria muito bom que nossa criação emitisse, além das energias harmônicas, a energia-invertida das energias nefastas; se nossa figura destinar-se a causar influência em terceiros, provavelmente emitirá “Magia” – nesse caso, mantê-la longe de áreas de repouso, trabalho ou lazer, num local aonde somente tenhamos acesso quando quisermos realizar um ato mágico, e não um local aonde se realize outras atividades; isto é, no quarto ou escritório, nem pensar!; a entidade trabalhará somente para o Mago, portanto, só deverá emitir radiações benéficas; realizado o corpo físico da entidade, dirigir-se a ela como se a mesma tivesse vida, conversando com a mesma, afirmando e reafirmando nossos desejos e pedidos, sempre dentro do mesmo âmbito; poderemos realizar vários assentamentos, para ter paz e harmonia, para repelir a má-sorte e acidentes, para proteger contra inimigos e malfeitores, para evitar acidentes e enfermidades, para atrair amor e amizade, para obter conhecimento de planos ocultos ou pessoas distantes, para atrair a prosperidade e a riqueza, entre muitas outras coisas; para melhor definir a envergadura de poder de cada entidade, podemos tomar por base as casas astrológico-geomânticas, que contém em si a energia de uma Egrégora poderosa; tudo isso feito, mentalizar a existência de nosso boneco também no mundo da mente, criando uma Imagem Telemática idêntica em aparência e atribuições ao boneco; e, para terminar, tudo quanto existe deve ter um nome, motivo pelo qual nosso boneco deverá ter um nome, se possível análogo às suas quantidades e qualidades, escolhido ou montado com cuidados numerológicos, visando evitar, entre outras coisas, que a criatura se volte contra o criador…

Tudo feito adequadamente, essa entidade artificial poderá, inclusive, ser invocada e evocada pelo seu criador. Agirá então, a entidade, como qualquer inteligência original. Obviamente, poderão ser criadas entidades artificiais para as mais diversas finalidades, mas, coisas nefastas atraem energias perigosas, e assim por diante. Bom senso faz bem.

Para os que preferem “assentar” Entidades não-antropomórficas, podemos utilizar um cristal de quartzo para “corpo” de nossa criação, uma vasilha de cristal translúcido como receptáculo (à lá Dr. Edward Bach). Areia no fundo, para firmar a base do cristal, condensador sólido sob o cristal, condensador líquido pincelado ou espargido sobre o cristal. Pode-se utilizar de Essências Florais para enriquecer o condensador líquido; sigilo ou pantáculo consagrado são uma boa idéia para potencializar o conjunto. Um “Cofrinho Emissor de Raio PY” para colocar-se os “pedidos” à Entidade. Uma pirâmide, que mantenha todo o conjunto dentro de sua geometria, pode manter a energia num nível surpreendente. Substâncias homeopaticamente dinamizadas poderão tornar o Elementar poderoso e versátil. Pode-se utilizar gráficos moduladores de ondas-de-forma para definir melhor a natureza e a envergadura da Entidade. Por outro lado, ao se querer cultuar os Orixás, pode-se realizar rituais simples como a queima de velas coloridas (compatíveis, é claro), ou até mesmo oferendas de ovos ou de rodelas de cebola, com uma vela acesa no centro da rodela de cebola. Só não se deve tentar “assentar” um Orixá, ou cultuar um assentamento, pois são coisas totalmente distintas e que não devem jamais ser misturadas. Por aí é que se vê que muita coisa que se faz no Camdomblé é cultuar Elementares, suponde se estar cultuando o próprio Orixá.

Para os desejosos em se aprofundar no assunto, ver a obra de Franz Bardon, “Initiation into Hermetics”, e a obra de Peter James Carroll, “Liber Kaos”.

A indicação da utilização de materiais orgânicos perecíveis, freqüentemente encontrada nas instruções para a construção do GOLEM, não trará nenhuma vantagem ao Mago que deseje executar assentamentos de Energias Afro; há exceções, mas devem ser deixadas para quem sabe o que está fazendo.

Para terminar o assunto, evitando induzir alguém em erro, é conveniente lembrar que não devemos tratar um assentamento como se fosse um ídolo. O assentamento não pode ser louvado como uma imagem sacra num altar de Igreja.

O assentamento é, na realidade, uma poderosa “Imagem Talismânica”, criada para tornar mais efetiva a concentração quando da “chamada” (Invocação ou Evocação) da respectiva Entidade.

 

Águas

São utilizadas em praticamente todos os tipos de rituais, tendo especial importância devido a procedência (de poço, de chuva, de praia, de alto mar, de rio, de vala, de cachoeira, de lago, de açude, etc.). Seu uso é tanto interno quanto esterno.

 

Pedras

São importantes devido ao uso litúrgico, sendo o elemento principal da maioria dos assentamentos (são chamadas Otá ou Okutá). Nas pedras reside a força dos Orixás, e nelas devem concentrar-se o Culto, segundo a tradição religiosa. Pena não haverem utilizações mais amplas e práticas das pedras no Camdomblé, além da falta de conhecimento relativo às virtudes terapêuticas e mágicas das mesmas. De qualquer forma, há um Culto às Pedras, e isso é importante! E os cristais de quartzo são pedras! – Metais: diferentemente das pedras, os metais, no Camdomblé, tem papel coadjuvante apenas, tendo cada Entidade seus metais correspondentes, mas o conhecimento do assunto no meio é tão superficial que nada há para dizer.

 

As receitas (inflexíveis e complexas)

Peter James Carroll, brilhante autor e ocultista britânico, diz, em suas obras, que, se um ritual é tão complexo que precisamos escrevê-lo detalhadamente para não cometermos deslizes, esse ritual precisa, urgentemente, ser simplificado, de forma que caiba todo na cabeça! É exatamente assim que penso. Os Ebós utilizados no Camdomblé são como receitas de bolo: detalhados até na quantidade de cada elemento! Claro está que a tradição tem seu lugar, mas esse lugar é no folclore ou na religião, não na Magia e no Hermetismo. Para elaborar as próprias “receitas mágicas” seja lá do que for, o Mago deve conhecer as leis de analogia, bastando decidir se deseja atrair uma Energia, repulsá-la, influenciar alguém (ou a si mesmo) com a Energia Elemental escolhida, ou tratar uma enfermidade pelos fluidos eletro-magnéticos. Para aprofundar-se no assunto, ver as obras de Franz Bardon.

Só para deixar claro, os tópicos para que um “trabalho” funcione são: 1) vontade do operador; 2) invocação ou evocação de alguma Entidade cuja envergadura e natureza do poder permita realizar o que se deseja; 3) direcionamento da energia invocada, evocada ou criada.

Divinação

No Camdomblé, é feita utilizando-se da Geomancia. Há o Jogo da Alobaça (praticada com uma cebola cortada em quatro), o Jogo de Búzios (praticado com quatro ou dezesseis búzios da espécie “Ciprae Moneta” e seus semelhantes) e o Opelê-Ifá (praticado com o Opelê). Dividi-se essas práticas em divinações litúrgicas e profanas. O método Afro, apesar de rudimentar, é preciso e com ele obtem-se bons resultados. Só é necessário ater-se à interpretação da Geomancia Racional, descartando a interpretação clássica, por esta última ser insuficiente e inadequada, além de basear-se em parâmetros equivocados.

 

Criação de Zumbis

Aviva-se um cadáver físico de alguém, cria-se um Elementar Artificial, colocando-se o mesmo “dentro” do cadáver, que então terá novamente vida, muito embora de forma distinta. Mas esse processo é trabalhoso, perigoso e de conseqüências imprevisíveis.

 

Paramentos

São as roupas e insígnias dos Orixás e outros, que mostram clara distinção dos Arquétipos aos quais se deseja vinculá-los.

 

Armas

Vale aqui o que disse no item “paramentos”.

 

Fundamentos de Ifá

São os fundamentos da Geomancia e da Magia Geomântica.

 

Animais

Os Animais Sagrados são considerados Animais Votivos, e imolados em holocausto aos Orixás e Exus; uma deturpação do sentido verdadeiro tanto das correspondências das Entidades com os animais, quanto com relação a função dos sacrifícios animais.

 

Plantas

O mais importante item da cultura mágica Afro, pois as plantas são usadas em todos os rituais, da Iniciação aos funerais, da Magia à terapêutica. Há muito o que aprender sobre fitoterapia com o Camdomblé.

 

Efó

São os encantamentos recitados em Ioruba, que acompanham todos os rituais. Podem ser recitados ou cantados.

 

Evocação, Louvação

É o que se pratica quando se oferece algo (Ebó) à Entidade, pedindo sua proteção ou intervenção.

 

Invocação

É o que se chama “virar no santo” ou “bolar no santo”. Consiste em “receber” a Energia do Orixá de forma passiva, deixando-se usar como instrumento da Entidade.

Talismãs

São os “fios de contas”, “Axés” – breves -, alianças de cobre, pós mágicos dentro de saquinhos de tecido, entre outras coisas. A Magia Pantacular inesiste no Camdomblé.

Mangaka

É o bonequinho todo cravejado de pregos. Consiste simplesmente numa estátua animada magicamente, que contém, em seu interior, um condensador líquido. São cravejados nela inúmeros pregos. Quando se tira um prego, se condensa o desejo no mesmo, enfiando-se a seguir de volta no bonequinho.

Assim, o Homúnculo agirá de acordo com a vontade do Mago. É originário do Congo, atual Zaire.

Música, Ritmos e Cantos

Elementos de suma importância nos rituais Afro, aonde as emoções são expressadas livre e primitivamente, facilitando a atuação da Energia Evocada ou Invocada.

Consagrações

São práticas litúrgicas usadas sempre, em tudo. Os rituais em geral são simples, mas eficazes.

Ebós com Animais

São feitos com partes dos animais (intestinos, por exemplo), que recebem o testemunho da vítima, Condensadores Sólidos e/ou Líquidos, sendo posteriormente enterrados; aí, passado um tempo, o efeito se fará sentir por ação do Elemento Terra (por decomposição).

Há alguns tipos de Ebós que utilizam animais vivos (sapo com a boca costurada, cabra, porco ou coelho com caranguejo vivo costurado dentro do ventre, lagartixa ou caranguejo enrolado em filó), aonde se colocam o testemunho da vítima junto com elementos que farão o animal sofrer lenta e terrível agonia; aí, o que ocorre, é que o animal (sempre) emite Ondas Biológicas (as Ondas utilizadas para diagnóstico e tratamento em Tele- Terapias, Radiestesia e Radiônica), emitindo-as, no caso, permeadas de dor e sofrimento terríveis. Junta-se nessa emissão de Ondas Biológicas do animal a Energia também de Ondas Biológicas da vítima, através de seu testemunho (o Testemunho liga-se a seu “dono” por meio do Raio-Testemunho, o raio que liga a pessoa aos seus pedaços ou imagens). Atingido o alvo, é claro que o resultado será desastroso.

 

Assentamentos de Odus

Assenta-se a Energia das Figuras Geomânticas, da mesma forma que se faz com as outras Energias. O principal problema que se enfrenta aqui é que as interpretações das figuras geomânticas dentro do Camdomblé (e seus similares) é sempre ambíguo, tendo sempre aspectos bons e ruins. Uma reformulação é necessária, para desmanchar esse verdadeiro labirinto.

Só uma dica: pode-se fazer a fixação da energia das figuras geomânticas por meio de um simples Pantáculo! Para que tanto trabalho? Sobre Pantáculos, ver a obra de Franz Bardon.

 

Magia Sexual

Inexiste nos cultos Afro, exceto no Vudú Haitiano. Mesmo assim, está muito aquém de algo realmente prático e eficiente. Ver a obra “Magia Sexualis” de Pascal Beverly Randolph.

 

FT e FPA

Forças das Trevas e Forças Psíquicas Assassinas são dois conceitos metafísicos que definem a Energia da Magia maléfica Afro. Desse prisma, podem ser eliminadas pela Radiônica ou Ondas-de-Forma.

 

Boneco Vodu

 

O clássico bonequinho cheio de alfinetes é simplesmente um boneco de cera, madeira ou pano, com diversos elementos da vítima, que, por práticas ritualísticas, passa a ser um Testemunho Artificial Vivo da vítima; deve ser Animado Magicamente, batizado (utilizando-se da Egrégora do Batismo), posteriormente deixado para “Saturar de Energia” (deixado enterrado por toda uma lunação), o que fará com que o que for feito ao bonequinho cause algum efeito na vítima; daí, se espeta o boneco com alfinetes de aço, devidamente impregnadas com nosso desejo. E o desejado deve ocorrer, em breve. Quando se deseja a morte da vítima, se enterra o bonequinho, com caixão e tudo, reproduzindo um verdadeiro funeral (utiliza-se da Egrégora do Funeral, Enterro). Todas essas práticas podem ser classificadas como de “transplantação” ou “Magia Mumíaca”. Sobre o assunto, ver a obra completa de Franz Bardon (em especial o capítulo VIII do “Initiation Into Hermetics” e o “The Practice of Magical Evocation” em sua totalidade).

Podem ser utilizados, também, em magia benéfica, ou até mesmo em magia de proteção – criando-se, por exemplo, várias égides nossas, deixando-as em locais diversos, visando dispersar ataques mágicos desferidos contra nós.

Sobre isso, ver os livros de Frater U.D., sobre Sigilização Mágica e Magia Sexual.

 

Ferros dos Assentamentos

Usados sobre a massa do assentamento, emitem Ondas-de-Forma análogas às qualidades da Entidade.

 

Importância do Ovo

 

É um dos principais fundamentos da Cultura Mágica Afro, conforme disse antes. Só por curiosidade, o ôvo tem a capacidade de sugar Energias nocivas das pessoas, locais e objetos, quer seja pela colocação do mesmo junto a um testemunho da vítima, ou por passá-lo na própria pessoa (ou colocado no local) alvo da Energia nefasta. Se, após impregnado e saturada de dita Energia, for enterrado, o efeito da Energia some, e a mesma se dissipa nos Elementos. Se, porém, for atirado longe, de forma a espatifar-se, a Energia retorna a quem a enviou…e bem rápido! É importante, porém, frisar, que a Energia “sugada” pelo ovo pode, facilmente, passar para o operador, num instante! Além disso, há práticas místicas que transmutam a Energia natural do ovo em outra coisa; por exemplo, há uma “cantiga” que permite dar, ao ovo, a mesma Energia de um galo vivo! Dessa forma, ao se ofertar o ovo, se entrega à Entidade um galo! Só um alerta importante: NÃO TRABALHEM COM OVOS, sem um prévio conhecimento sobre o assunto.

Estejam avisados!

Troca-de-Cabeça

É a troca da vitalidade do enfermo ou do moribundo pela energia de outro ser, saudável e vigoroso.

Eu aconselho fazer-se com ovos, pedras ou plantas; no Camdomblé se faz com animais; há quem faça com pessoas…

Círculo Mágico

Só aparece na divinação, quer seja na peneira ou no colar de contas (Jogo dos Búzios), ou ainda no Opón, tábua de madeira usada na divinação por Ifá.

 

Tarot

 

 

Inexiste a tradição do uso de cartas para divinação ou meditação, mas já existe um Tarot do Voodoo de New Orleans, e um Tarot dos Orixás, da editora Pallas.

 

Proteção contra ataques psíquicos

 

 

Práticas inexistentes nos Cultos Afro.

 

Espelhos Mágicos

 

 

Existem, mas muito rudimentares, e em pequeno número; são mais comuns em Cuba. Ver obra de Franz Bardon e Pascal Beverly Randolph.

Uso de Testemunhos

 

Nos Cultos Afro, se utiliza muito, para Magia a distância, algum Testemunho (no sentido radiestésico) da pessoa visada. Para os Camdomblecistas, são testemunhos válidos quaisquer sinais da pessoa (sangue, urina, fezes, cabelos, aparos de unhas, esperma, SECREÇÕES vaginais, saliva, suor), sua foto (apesar que muitos Sacerdotes do Culto não gostam muito de trabalhar com fotos, enquanto outros exigem fotos novas – tudo bobagem, pois foto é um excelente testemunho, não importa a idade nem o tamanho), a roupa usada e suja (em especial as roupas íntimas e as meias), fronha do travesseiro, sapatos, palmilhas, assinatura, e, até mesmo, a pegada da pessoa – a terra aonde ela pisou ou o pó do local aonde pisou – , o que eu acho muito arriscado para um uso sério.

De qualquer modo, mesmo em se tratando de testemunhos válidos, a falta de cuidados no manuseio dos mesmos pode invalidar o ato mágico. Muito melhor contruir-se testemunhos artificiais do que trabalhar com um testemunho de valor energético duvidoso.

Assim, podemos observar que o Camdomblé navega num mar da mais profunda ambiguidade.

Enquanto suas práticas iniciáticas são decididamente shamânicas do lado do Iniciando ou Iniciado (ao menos durante seu período como Iaô), as mesmas práticas, isto é, as práticas complementares àquelas, mas realizadas pelo Iniciador, são claramente do nível da feitiçaria.

Na Geomancia, rica e elaborada, com um panteão próprio (uma vez que todos os Odus tem suas representações antropomórficas), o método de praticála é sempre simplificado, utiliza-se de instrumentos primitivos sem nenhum significado oculto, ignora-se as fusões das figuras, que portanto são 256 ao invés de apenas 16; essas, por sua vez, variam quanto a natureza da energia a todo momento, ora significando benesses, ora o oposto – e isto a mesma figura! Por exemplo, tomemos a melhor figura geomântica, no domínio energético e sutil, “Laetitia”, 1222; no Camdomblé, é o melhor Odu, “Obará”, 1222. No Camdomblé, Obará prenuncia riquezas (atribuição de Fortuna Major, 2211), promete que seus filhos nascem pobres mas morrem ricos. Obará só tem um aspecto nefasto: seus filhos são os mais sujeitos a feitiços, inveja, olho-grande e coisas afins. Laetitia significa “alegria”, simbolizada por uma barraca, que provê a proteção do céu. Ou a bobagem foi pura burrice, ou é coisa de painhos querendo faturar…

A Geomancia Afro é mais uma forma de Astrologia Horária; como todas essas, não possui um “evolutivo”. Somente a nossa “Nova Geomancia” a Geomancia Racional, possuí o “evolutivo”, obtido através da rotação das casas, resultado do resto na operação de divisão do total de traços obtidos por doze (ver obra do Panisha sobre o assunto).

Outras figuras de manifesta ambiguidade são o Odu Oxé e a figura Amissio (perda), 1212; como Odu, significa riqueza, mas como figura geomântica significa empobrecimento e, até mesmo, a morte. O Odu Oyekú, o Odu da morte (Oyá-Ikú), em nada corresponde a Populus, embora ambas tenham a mesma figura numérica, 2222. O Odu Odí é tido como o pior dos Odus, enquanto que a figura de Carcer é uma figura de entraves, tendo seu aspecto bom na casa 12 (entrava os acidentes, obstáculos e doenças), e algumas vezes bom na casa 8 (entrava as mudanças, mas também a morte). Isso só para começar. Mas basta de Geomancia.

O Camdomblé possuí um dos mais belos e ricos panteãos de Deuses jamais conhecidos, embora muitos aspectos de relevância tenham se perdido ao longo do tempo. E com a ausência desses elementos fica muito complicado encontrar as corretas atribuições com Deuses de outros panteãos, bem como com a Árvore da Vida. Aspectos relativos a sexualidade, tão patentes entre os Deuses da Índia, são praticamente ausentes entre os Deuses Afro, ou, quando presentes, seus dados são por demais perfunctórios, tornando sua utilização mágica muito arriscada. Creio que o resgate do “elo perdido” é necessitado com urgência.

Como se não bastasse o que relatei acima, temos, no Camdomblé, práticas mágicas do nível da feitiçaria, com alguns poucos toques de shamanismo. Curioso é que muitos praticantes do Camdomblé creem que, para que a Magia funcione, é necessário ter-se o auxílio de um “parceiro astral”, um Exu ou um Egum, devidamente assentado, com todos os Ossé (tratamentos e obrigações) em dia (portanto, potencializado). Quer dizer, o Exu (ou o Egum) deve existir tanto no plano físico, através do assentamento (ver Evocação ao nível da Feitiçaria), como nos planos sutis, pela manutenção da imagem mental da entidade (ver Evocação ao nível do Shamanismo).

E, para encerrar com “Chave-de-Ouro” o assunto, uma verdadeira barbaridade, prova cabal da profunda ignorância daqueles que se dizem detentores dos Fundamentos do Culto: definem os Orixás como sendo Elementais! Seria bom que essas pessoas estudassem um pouco de Mitologia, Arquétipos, Egrégoras e Elementais, para saírem do poço de ignorância que está destruindo o último Culto Vivo aos Deuses Internos do Homem, o Camdomblé!

Trocando em miúdos, na Umbanda e na Quimbanda, se pratica e Invocação Mágica (a qual se chama de Incorporação), e a Evocação Mágica – quando se busca, pelas oferendas compostas de velas coloridas, bebidas, charutos e outras coisas, criar uma atmosfera propícia à manifestação da Entidade – , quando então se pede à Entidade o que se deseja.

Já as oferendas no Candomblé – Ebós – tem dois aspectos distintos, o primeiro sendo a criação de uma atmosfera propícia à manifestação da Entidade, e o segundo a criação de Elementares, para a execução de operações mágicas. Nada, aliás, que não se consiga repetir por outras dezenas de métodos mais simples, práticos e baratos – o que, porém, não invalida a tradição. Praticar o Camdomblé com artigos importados da África ou da Nigéria é tão absurdo quanto importar gêlo das geleiras dos polos ou neve da América do Norte ou Europa para realizar rituais da Wicca adequados ao inverno…

É lamentável constatar que o Candomblé, religião Thelêmica, Sistema de Magia antes de tudo Pragmático, foi transformado num culto vazio, pobre, custoso e dominado por pessoas ignorantes, inescrupulosas e mercantilistas.

Apêndices

 

 

“CAMPO DE ATUAÇÃO, CORES VOTIVAS E SAUDAÇÕES AOS ORIXÁS

 

 

OXALÁ: paz, harmonia, longevidade, velhice, vitória;
– “XEU EU BABÁ!” (para o Velho – OXALUFÃ)
– “ÊPA BABÁ!” (para o Moço – OXAGUIÃ, e outras qualidades)
> branco, algumas vezes branco e azul;

XANGÔ: justiça, conquista, vitória, amor, sexo, lar, trabalho, riqueza;
– “OXÉ CAÔ CABIECILE!”
> branco e vermelho, algumas vezes só vermelho;

XANGÔ AFONJÁ: ídem Xangô.
> branco e vermelho;

XANGÔ AYRÁ: ídem Xangô, além de intelectualidade.
> branco, algumas vezes branco e vermelho;

XANGÔ AGANJÚ: ídem Xangô.
> marrom e vermelho;

OGUM: guerra, vitória, trabalhos manuais, habilidades;
– “OGUNHÊ PATACURÍ!”
> azul-escuro, azulão;

ABALUAIÊ: saúde, doenças, morte;
– “AJUBERÚ, ATÔTÔ!”
> branco e preto, preto e vermelho, preto e amarelo, branco-preto-vermelho;

OXUMARÉ: riqueza, boa sorte;
– “ARRÔBÔBÔI!”
> preto e amarelo;

EXÚ, BÁRA, ELEGBARÁ, LEGBÁ, BOMBOMGIRA: tudo;
– “LARÔIÊ EXÚ, EXÚ É MOJIBÁ!”
> preto, vermelho, branco e roxo, algumas vezes preto e vermelho, ou branco;

ERÊ: alegria, paz, harmonia, infância;
– “ERÊ-MIM!”
> azul-claro, ou rosa-claro, ou branco, ou dourado, ou verde-claro;

OXÓSSI: caça, amor, fartura, agricultura;
– “OKÊ ARÔ!”
> azul-claro;

NANÃ: morte, saúde, longevidade;
– “SALÚBA, NÂN!”
> roxo e branco, algumas vezes só branco;

OXUM: amor, sexo, boa sorte, riqueza, prosperidade;
– “ÓRÁIÊIÊO!”
> dourado, algumas vezes dourado e branco;

IEMANJÁ: harmonia, paz, lar, prosperidade, fartura;
– “ÔDÔIÁ!”
> branco ou incolor, algumas vezes azul-claro, outras azul e branco;

OBÁ: justiça, amor;
– “ÔBÁ XIRÊE!”
> vermelho, algumas vezes coral;

OYÁ: sexo, amor, guerra, os mortos;
– “ÊPARRÊI!”
> coral, algumas vezes vermelho, outras vermelho e coral, ou coral e branco;

IRÔCO: hemorragias;
– “IRÔDEGÍ!”
> cinza;

YEWÁ: visão, vidência;
– “RIRÓ!”
> amarelo e vermelho;

OSSÃE: ervas, saúde, medicina, alquimia, magia;
– “EUEU ASSA!”
> branco e verde;

TEMPO: o tempo, as forças da natureza;
– “ZÁRA, TEMPO!”
> amarelo e vermelho;

LOGUM-EDÉ: amor, sexo, caça;
– “LÓSSI, LÓSSI, LOGUM!”
> azul-claro e dourado;

IFÁ: destino, futuro, segredos;
– “ODÚDÚA DÁDÁ ÔRÚMILÁ – AXÉ IFÁ!”
> verde e amarelo;

YIÁ-MÍ-OXORONGÁ: magia-negra;
– “AXÉ!”
> preto;

AJÊ: riqueza, fartura, prosperidade;
– “AXÉ!”
> dourado e prateado;

EXÚ DE QUIMBANDA/POMBA-GIRA DE QUIMBANDA: tudo;
– “LARÔIÊ!”
> preto e vermelho, algumas vezes preto-branco-vermelho

 

CORRELAÇÃO DE NOMES NOS CULTOS AFROS

 

Segue os nomes respectivamente de ORIXÁ (ALAKETU) VODUM (GÊGE) e INKICE (ANGOLA)

OXALÁ OLISASSA LEMBA-DI-LÊ
XANGÔ SOBÔ, BADÊ ZAZE
OGUM GU ROXIMOCUMBI
IBÊJE ERÊ VUNJI
EXÚ BÁRA, ELEGBARA, LEGBÁ BOMBOMGIRA
OMOLÚ, OMULÚ {XAPANÃ, SAPATÁ, AZOANÍ, KIKONGO, CAJANJÁ
{BABALUAIÊ, INTÔTO
OXUMARÉ, OXUMARÊ {BESSÉM, ABESSÉM, SIMBÍ, {ANGOROMÉIA,
{DAMBALAH, SOBOADÃ {ANGORÔ
OXÓSSI, ODÉ ODÉ, AGUÊ KIBUCOMOTOLOMBO
{NANÃ, NANÃ BURUKÚ, TABOSSI RADIALONGA
{ANÃBURUKÚ
OXUM AZIRÍ KISSIMBÍ
{IEMANJÁ, YEMONJÁ, INAÊ, MARBÔ {JANAÍNA, MUCUNÃ,
{YIÊMÔNDJÁ {KAIALA, KIANDA,
{OLOXUM
YANSÃ OYÁ KAIONGO
TEMPO TEMPO KATENDE
IRÔCO LÔCO LÔCO
IFÁ FÁ IFÁ
YEWÁ YEWÁ YEWÁ
YIÁ-MÍ-OXORONGÁ AJÉ, ADJÉ, OXÔ ADJÉ
AJÊ, ADJÊ ADJÊ-XALÚGA AJÊ

 

OS ARCANOS MAIORES DO TAROT E OS ORIXÁS

 

ARCANO ORIXÁ
0 O LOUCO IAÔ – O INICIANDO
I O MAGO OSSAIN
II A GRÃ-SACERDOTISA NANÃ
III A IMPERATRIZ IEMANJÁ
IV O IMPERADOR XANGÔ
V O PAPA/O HIEROFANTE OXALÁ
VI OS NAMORADOS OXÓSSI
VII O CARRO OGUM
VIII A JUSTIÇA OBÁ
IX O HEREMITA/O HERMITÃO OMOLU
X A RODA DA FORTUNA IFÁ
XI A FORÇA OYÁ
XII O PENDURADO/O ENFORCADO LOGUM-EDÉ
XIII A MORTE ÉGUM
XIV A TEMPERANÇA OXUMARÊ
XV O DIABO EXÚ
XVI A TORRE TEMPO
XVII A ESTRELA OXUM
XVIII A LUA YEWÁ
XIX O SOL IBEJI
XX O RENASCIMENTO/O JUÍZO BABÁ-ÉGUM
XXI O MUNDO O ÔVO CÓSMICO DE DAMBALLAH E AYIDA

 

OS ODÚS E O JOGO DOS BÚZIOS

Segue i jogo com dezesseis búzios – “merindilogum”

nº de búzios abertos * figura geomântica * nome em latim  * nome em yoruba

0 * nenhuma * nenhum * Opira
1 * 1111 * Via * Ogbé ou Ejí-Onile
2 * 1112 * Cauda Draconis * Ogundá
3 * 1121 * Puer * Iretê ou Mejioco
4 * 1122 * Fortuna Minor * Irossum
5 * 1211 * Puela * Oturá ou Ejí-Oligbon
6 * 1212 * Amissio * Oxé
7 * 1221 * Carcer * Odí
8 * 1222 * Laetitia * Obará
9 * 2111 * Caput Draconis * Ossá
10 * 2112 * Conjunctio * Iwóri ou Obetegundá
11 * 2121 * Aquisitio * Ofum
12 * 2122 * Albus * Iká
13 * 2211 * Fortuna Major * Owanrin
14 * 2212 * Rubeus * Eji-Laxeborá ou Oturupon
15 * 2221 * Tristitia * Okaran
16 * 2222 * Populus * Aláfia ou Oyekú

 

por J. R. R. Abrahão

[…] Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-gnose-afro-americana-e-o-candomble-gnostico/ […]

Postagem original feita no https://mortesubita.net/cultos-afros/a-gnose-afro-americana-e-o-candomble-gnostico/