Nas nossas vidas do dia-a-dia, a virtude da coragem não recebe muita atenção. Coragem é uma qualidade reservada para soldados, bombeiros e ativistas. Segurança é o que mais importa hoje em dia. Talvez você foi ensinado a evitar ser ousado demais ou destemido demais. É muito perigoso. Não assuma riscos desnecessários. Não atraia atenção para si mesmo em público. Siga tradições familiares. Não fale com estranhos. Fique de olho em pessoas suspeitas. Mantenha-se seguro.
Mas um efeito colateral de superenfatizar a importância da segurança pessoal na sua vida é que isso faz com que você viva reativamente. Ao invés de criar suas próprias metas, fazer planos e realizá-los, e persegui-los com Vontade, você se mantém “seguro”. Continua trabalhando no emprego estável, mesmo que ele não te traga satisfação. Fica no relacionamento insatisfatório, mesmo que você se sinta morto por dentro quando comparado à paixão que um dia você teve. Quem você pensa que é para empenar o sistema? Aceite o que você recebeu da vida, e faça o melhor que puder com isso. Siga o fluxo, e não páre o barco. Sua única esperança é que as correntes da vida irão arrastá-lo para uma direção favorável.
Sem dúvida que existem perigos reais na vida que você deve evitar. Mas há um imenso golfo entre negligência e coragem. Eu não estou me referindo à coragem heróica necessária para arriscar sua vida para salvar alguém de um prédio em chamas. Por coragem eu quero dizer a habilidade de encarar esses medos imaginários e recuperar a vida muito mais poderosa que você negou a si mesmo. Medo de fracasso. Medo de rejeição. Medo de falir. Medo de ficar sozinho. Medo de humilhação. Medo de falar em público. Medo de ser banido pela família e amigos. Medo de desconforto físico. Medo de arrependimento. Medo de sucesso.
Quantos desses medos estão te segurando? Como você viveria se não tivesse nenhum medo? Você ainda teria sua inteligência e seu bom senso para navegar seguramente ao redor dos perigos reais, mas sem sentir a emoção do medo, você estaria mais inclinado a assumir mais riscos, especialmente quando o pior cenário não iria machucá-lo de modo algum? Você daria discursos mais frequentemente, falaria mais com estranhos, pediria por mais vendas, mergulharia diretamente naqueles projetos ambiciosos que você tem sonhado? E se você aprendesse a aproveitar essas coisas que você atualmente teme? Que tipo de diferença isso faria na sua vida?
Você já se convenceu anteriormente de que você não está realmente com medo de nada… que sempre há boas e lógicas razões para que você não faça certas coisas? Seria rude apresentar-se para um estranho. Você não deveria tentar falar em público porque você não tem nada a dizer. Pedir por um aumento seria inapropriado porque você deveria esperar pela próxima avaliação formal. Porém, essas são apenas racionalizações – pense sobre como sua vida mudaria se você pudesse, corajosa e confiantemente fazer essas coisas sem medo algum.
O que é Coragem?
Eu gosto das definições de coragem acima, as quais sugerem que a coragem é uma habilidade que o incita a tomar ações ao invés de permanecer parado, com medo. A palavra coragem deriva do latim cor, que significa “coração”. Mas coragem verdadeira tem um sentido mais intelectual do que sentimental. Ela requer que usemos a parte cerebral única que os humanos possuem (o neocortex) para adquirir o controle, tirando-o do cérebro límbico emocional que você compartilha com outros mamíferos. Seu cérebro límbico avisa o perigo, mas o neocortex raciocina que o perigo não é real, que você simplesmente sente o medo e toma as ações mesmo assim. Quanto mais você aprender a agir ao invés de sentir medo e paralisar, mais humano você se torna. Quanto mais você seguir seus medos, mais você viverá como um mamífero inferior. Então a questão “Você é um homem ou um rato?” é consistente com a neurologia humana.
Pessoas corajosas ainda estão com medo, mas elas não deixam o medo paralizá-las. Pessoas pouco corajosas irão ceder cada vez mais ao medo, o que têm o efeito de fortalecer o medo ao longo do tempo. Quando você evita enfrentar um medo e daí se sente aliviado por ter escapado dele, isso atua como uma recompensa psicológica que reforça o comportamento-medroso-de-rato, fazendo com que a probabilidade de você evitar enfrentar um medo aumente ainda mais no futuro. Você está literalmente condicionando a si mesmo para tornar-se cada vez mais tímido e parecido com um rato.
Tal comportamento de fuga causa estagnação a longo prazo. Conforme você vai envelhecendo, você reforça suas reações de medo ao ponto em que é difícil até imaginar a si mesmo encarando seus medos. Você começa a tomar seus medos como garantidos; eles se tornam reais para você. Você cria um casulo em torno de si mesmo que o isola de todos esses medos; um estável mas infeliz casamento, um emprego que não exige que você assuma riscos, um salário que o mantém confortável. Daí você racionaliza seu comportamento: Você têm uma família para sustentar e não pode assumir riscos, você está muito velho para mudar de carreira, você não pode perder peso porque você possui genes “gordos”. Cinco anos… dez anos… vinte anos passam, e você percebe que sua vida não mudou muito. Você se acomodou. Tudo o que restou agora é viver o resto de seus anos tão alegremente quanto possível, e daí acomodar-se na terra, quando você finalmente alcançará total segurança e proteção.
Mas há algo acontecendo por trás das câmeras, não há? Aquela pequena voz na parte de trás de sua mente lembra que esta não é o tipo de vida que você queria viver. Ela quer mais, muito mais. Ela quer que você se torne muito mais rico e abundante, que você tenha um relacionamento extraordinário, que você adquira um corpo totalmente saudável e forte, que você aprenda novas habilidades, que viaje o mundo, que tenha muitos amigos admiráveis, que ajude pessoas em necessidade, que faça uma importante diferença. Essa voz te diz que esse emprego no qual você está se acomodando, onde você vende bugigangas pelo resto da vida, simplesmente não vai bastar. Essa voz o reprova sempre que você dá uma olhada na sua barriga acima do peso ou quando falta ar ao subir um lance de escadas. Ela envia mensagens de desapontamento quando vê o que sua família se tornou. Ela te diz que as razões pelas quais você tem problemas em se auto-motivar é que você não está realmente fazendo o que deveria estar fazendo com sua vida… porque você tem medo. E se você se recusa a escutá-la, ela sempre estará lá, incomodando-o sobre seus resultados medíocres até que você morra, cheio de remorsos pela vida que deveria ter sido.
Entao como você responde a essa voz geniosa que não quer calar? O que você faz quando confrontado por aquele frio na barriga de que algo não está correto na sua vida? Qual é o seu modo favorito de silenciá-lo? Talvez afogá-lo assistindo TV, escutando rádio, trabalhando longas horas em um emprego medíocre, ou consumindo álcool e cafeína e açúcar.
Mas sempre que você faz isso, você abaixa seu nível de consciência. Você afunda em direção ao instinto animal e se afasta de tornar-se um ser humano totalmente consciente. Você reage à vida ao inves de proativamente perseguir seus ideais. Você cai em um estado de impotência adquirida, onde você começa a acreditar que suas metas não são possíveis ou praticáveis para você. Você se torna cada vez mais e mais como um rato, chegando até a tentar convencer a si mesmo que uma vida como rato não deve ser tão ruim, afinal de contas, pois todos ao seu redor parecem achar que está tudo bem em levar uma vida assim. Você se envolve com seus amigos ratos, e em algumas poucas ocasiões que você encontra um ser humano totalmente consciente você se assusta mortalmente por lembrar-se o quanto de sua coragem foi perdida.
Aumente sua Consciência
A saída desse círculo vicioso é criar coragem e enfrentar sua voz interior. Encontre um lugar onde possa ficar sozinho com caneta e papel (ou computador e teclado). Escute essa voz, e encare o que quer que ela esteja lhe dizendo, não importa o quão difícil seja ouvir. (A voz é somente uma abstração – você pode não ouvir nenhuma palavra; ao invés disso você talvez veja o que você deveria estar fazendo ou simplesmente sentir-lo emocionalmente. Mas eu irei continuar a me referir como “a voz” para esse exemplo.) Essa voz poderá lhe dizer que seu casamento está morto por dez anos, e que você está recusando aceitar isso porque têm medo do divórcio. Poderá lhe dizer que você desistiu de perder peso porque você falhou em todas as tentativas anteriores, e que você é viciado em comida. Poderá lhe dizer que seus amigos com os quais você têm saído são incongruentes com a pessoa que você deseja se tornar, e que você precisa deixar esse grupo de referência para trás e construir um novo. Poderá lhe dizer que você sempre quis ser um ator ou um escritor, mas que você se acomodou com um emprego de vendedor porque parecia ser mais seguro e estável. Poderá lhe dizer que você sempre quis ajudar pessoas com necessidades, mas que você não está fazendo isso da forma que deveria. Poderá lhe dizer que você está desperdiçando seus talentos.
Veja se consegue reduzir essa voz para apenas uma palavra ou duas. O que ela está lhe dizendo? Saia. Peça demissão. Fale. Escreva. Dance. Atue. Exercite-se. Venda. Mude. Troque. Deixe. Pergunte. Aprenda. Perdoe. Seja lá o que for que você consiga desse modo, escreva. Talvez você até tenha diferentes palavras para cada área da sua vida.
Agora você tem que tomar o difícil passo de conscientemente reconhecer de que isso é o que você realmente quer. Está TUDO BEM se você pensa que isso não é possível pra você. Está TUDO BEM se você não vê uma forma de consegui-lo. Mas não negue que você o quer. Você diminui sua consciência quando faz isso. Quando você olhar para seu corpo obeso, admita que você realmente quer ficar saudável e em forma. Quando você acender aquele próximo cigarro, não negue que você queria ser um não-fumante. Quando você encontrar o(a) parceiro(a) dos seus sonhos em potencial, não negue que você adoraria estar em um relacionamento com aquela pessoa. Quando você encontra uma pessoa que parece estar em completa paz consigo mesma, não negue que você deseja ter esse nível de paz interior também. Tire-se da negação. Ao invés disso, mova-se para um lugar onde você admite, “Eu realmente quero isso, mas eu apenas não sinto ainda que tenho a habilidade para consegui-lo”. Está perfeitamente BEM querer algo que você pensa que não pode ter. E você provavelmente está errado em concluir que não pode tê-lo. Mas primeiro, pare de mentir para si mesmo e fingir que você não quer realmente aquilo.
Mova do Medo para a Ação, Mesmo que Você Ache que Vá Falhar
Agora que você reconheceu algumas coisas que você têm tido medo de encarar, como você se sente? Você provavelmente ainda se sente paralisado antes de agir. Tudo bem. Enquanto mergulhar diretamente no medo e confrontá-lo cara-a-cara pode ser bastante eficiente, isso talvez requeira mais coragem do que você acha que pode reunir nesse exato momento.
O ponto mais importante que eu quero que você aprenda neste artigo é que a verdadeira coragem é uma habilidade mental, não emocional. Neurologicamente isso significa usar a região cerebral do neocortex racional para dominar os impulsos emocionais límbicos. Em outras palavras, você usa sua inteligência humana, lógica e vontade independente para superar as limitações que você herdou como um mamífero emocional.
Agora, isso pode logicamente fazer sentido, mas é mais fácil falar do que fazer. Você pode logicamente saber que não estará em perigo real se você subir em um palco e falar em frente a 1000 pessoas, mas o seu medo é disparado mesmo assim, e os medos imaginários o previne de voluntariar-se para qualquer coisa parecida com isso. Ou talvez você deva saber que está em emprego sem futuro, mas parece não ser capaz de reunir suas forças para dizer as palavras, “eu me demito”.
Coragem, no entanto, não requer que você tome ações drásticas nessas situações. Coragem é uma habilidade mental que você deve aprender e treinar, assim como musculação fortalece seus músculos. Você não iria para uma academia pela primeira vez e tentaria levantar 140 kg, então não pense que para ser corajoso você precisa enfrentar seu medo mais paralisante logo de primeira.
Há dois métodos que eu sugiro para adquirir coragem. O primeiro método é análogo ao treinamento progressivo com pesos. Comece com pesos que você pode levantar mas que ainda assim sejam desafiadores, e então vá progressivamente aumentando para pesos mais pesados conforme sua força aumenta.
Entao pegue um pedaço de papel e escreva um de seus medos que você gostaria de superar. Daí numere de um a dez, e escreva dez variações desse medo, com o número um sendo o que gera a menor sensação de ansiedade e o número dez o de maior ansiedade. Esta é a sua hierarquia do medo. Por exemplo, se você está com medo de convidar alguém para um encontro, então o número um na sua lista poderia ser ir para um lugar público e sorrir para alguém que você ache atraente (medo muito suave). Número dois pode ser sorrir para dez estranhas(os) atraentes em um único dia. Número dez pode ser convidar a pessoa ideal para você em frente de todos os seus amigos mútuos, quando você está quase certo de que será recusado de cara e todos que estão no local irão rir (medo extremo). Agora comece com o objetivo de completar o número um da sua lista. Assim que você obteve sucesso (e sucesso nesse caso é simplesmente tomar ação, não importando as consequências), então mova para o número dois, e assim por diante, até que você esteja preparado para atacar o medo número dez ou se você não sente que o medo o(a) está limitando mais. Você pode precisar ajustar os itens na sua lista para torná-los praticáveis para realmente experimentá-los. E se você em algum momento sentir que o próximo item é muito difícil, então divida-o em gradientes adicionais. Por exemplo, se você pode levantar 130 kg mas não 140 kg, então tente levantar 135 kg ou mesmo 131 kg. Use esse processo tão gradualmente quanto achar necessário, de modo que o próximo passo seja um desafio considerável mas que você se sinta satisfatoriamente confiante de que pode completá-lo. E fique à vontade para repetir um passo anterior múltiplas vezes se você achar isso útil para prepará-lo para o próximo. Siga seu próprio ritmo.
Seguindo esse processo de treinamento progressivo, você irá realizar duas coisas. Você irá parar de reforçar a reação medo/fuga que exibiu no passado. E irá condicionar a si mesmo para agir mais corajosamente em situações futuras. Daí seus sentimentos de medo irão diminuir ao mesmo tempo que sua expressão de coragem aumenta. Neurologicamente, você estará enfraquecendo o controle límbico sobre suas ações enquanto fortalece o controle do neocortex, gradualmente transformando seus comportamentos inconscientes similares aos de rato para comportamentos conscientes, mais humanos.
A segunda opção para aumentar coragem é adquirir conhecimento e habilidades adicionais dentro do domínio de seu medo. Confrontar medos cara-a-cara pode ser útil, mas se seu medo é amplamente devido a ignorância e falta de habilidade, então geralmente você pode reduzir ou eliminar o medo com informação e treinamento. Por exemplo, se você está com medo de pedir demissão de seu emprego e começar seu próprio negócio mesmo sabendo que adoraria estar nessa situação, então inicie lendo livros e participando de aulas sobre como abrir um negócio. Passe uma tarde na biblioteca local pesquisando sobre o assunto, ou faça uma pesquisa online. Entre para a Câmara de Comércio local e qualquer outra organização de comércio relevante no seu campo de atuação. Compareça a conferências. Crie conexões com outras pessoas. Peça a ajuda de um especialista. Aumente suas habilidades ao ponto que você começa a se sentir mais confiante e que você poderia na verdade conseguir, e que esse conhecimento irá lhe ajudar a agir mais ousada e corajosamente quando você estiver pronto. Esse método é especialmente eficiente quando boa parte de seu medo é relacionado ao desconhecido. Geralmente basta ler um livro ou dois sobre o assunto para que o medo se dissipe o suficiente, de tal forma que você conseguirá agir.
Esses são, pessoalmente, meus dois métodos favoritos, mas há muitas outras formas de se condicionar a conquistar o medo, incluindo programação neuro-linguística, terapia de implosão, desensibilização sistemática e auto-confrontação. Você pode pesquisá-los através de ferramentas de busca online se você deseja aprender esses métodos e aumentar suas ferramentas de destruir medos no seu arsenal. A maioria deles podem ser facilmente praticados individualmente (terapia de implosão sendo a óbvia exceção).
O processo exato que você usa para criar coragem não é importante. O que é importante é que você conscientemente o faça. Assim como seus músculos atrofiarão se você não os exercita regularmente, sua coragem atrofiará se você não desafiar a si mesmo a encarar consistentemente seus medos. Na ausência desse tipo de condicionamento consciente, você irá automaticamente se tornar fraco em ambos mente e corpo. Se você não está exercitando regularmente sua coragem, então você está automaticamente fortalecendo seus medos; não há meio termo. Assim como seus músculos irão automaticamente atrofiar por falta de uso, sua coragem vai automaticamente decair na ausência de condicionamento consciente.
Agora isso pode exageradamente pessimista, então aqui está uma forma de encarar isso positivamente. Cargas pesadas podem ser um fardo difícil de carregar, mas elas são ferramentas úteis para construir músculos fortes. Você não olharia para um halteres de 20 kg e diria, “Por que você tem de ser tão pesado?” Ele é o que é. “Pesado” é o SEU pensamento, não uma propriedade intrínseca do halteres. Similarmente, não olhe para as coisas que você teme e diga, “Por que você tem de ser tão assustador?” Medo é a SUA reação, não uma propriedade do objeto de sua ansiedade.
O Medo não é seu inimigo. É uma bússola apontando para você áreas que precisam ser desenvolvidas. Então, quando você encontrar um novo medo, celebre-o como uma oportunidade para crescimento, da mesma forma que você celebraria se alcançasse um novo nível de capacidade no treinamento com pesos.
Tenha um Vislumbre de Sua Própria Grandeza
Então, o que você fará com a sua recém adquirida coragem? Onde ela o levará? A resposta é que ela o permitirá levar uma vida com muito mais significado e satisfação. Você irá começar a viver de verdade como um ser humano ousado ao invés de um tímido roedor. Você irá descobrir e desenvolver seus maiores talentos. Você irá começar a viver muito mais consciente e intencionalmente do que jamais viveu antes. Ao invés de reagir aos acontecimentos, você irá proativamente “manufaturar” seus próprios eventos e circunstâncias.
Coragem é algo que você só pode realmente experimentar sozinho. É uma vitória privada, não pública. Reunir a coragem para ouvir seus desejos mais íntimos NÃO é uma atividade de grupo e NÃO resulta de chegar a um consenso com outros. Kahlil Gibran escreve em The Prophet, “A visão de um homem não empresta suas asas a outro homem”. O propósito de sua existência é somente você pode descobrir. Ninguém na Terra passou pelas mesmas experiências que você passou, e ninguém pensa nas mesmas coisas nem da mesma forma que você.
Vendo de uma perspectiva, essa é uma realização solitária. Se você mora sozinho ou se gosta de uma profunda intimidade com um parceiro amoroso, lá no fundo você tem que encarar a realidade que sua vida é somente sua para ser vivida. Você pode escolher temporariamente entregar o controle de sua vida para outros, seja para um companheiro, um cônjuge ou simplesmente às pressões da vida diária, mas você nunca pode entregar a sua responsabilidade pessoal pelos resultados. Se você assume controle direto e cônscio sobre sua vida ou se meramente reage a eventos assim que eles acontecem para você, não importa: você e somente você têm de tolerar as consequências.
Se você se comprometer a seguir o caminho da coragem, você vai ser inevitavelmente forçado a confrontar o que talvez seja o maior de todos os medos – que você é muito mais poderoso e capaz do que havia percebido inicialmente, que o seu poder máximo é muito maior que qualquer coisa que você experimentou no passado, e que com esse poder vêm tremenda responsabilidade. Você talvez não possa resolver todos os problemas desse planeta, mas você pode causar significante impacto nas vidas de muitas pessoas, e que esse impacto irá reverberar através das gerações futuras que virão.
Qual é a diferença entre você e uma daquelas figuras históricas lendárias que causaram tal impacto? Ambos possuem/possuíram muitos medos idênticos. Ambos nasceram com talentos em algumas áreas e deficiências em outras. A única coisa te segurando é o medo, e a única coisa que fará com que ultrapasse isso é a coragem. O que você faz da sua vida não depende de seus pais, de seu chefe ou de seu cônjuge. Depende de você e somente de você.
Ter um vislumbre da sua própria grandeza pode ser uma das experiências mais perturbadoras imagináveis. E ainda mais perturbadoras é a percepção dos imensos desafios que o esperam se você a aceitar. Viver conscientemente não é um caminho fácil, mas é uma experiência humana única, e requer fazer a decisão comprometida para permanentemente deixar para trás o rato que mora dentro de você. Ir atrás de seus maiores e mais ambiciosos sonhos e experimentar a derrota e o desapontamento, ir contra suas limitações mais humildemente humanas ao invés de viver com um medíocre preenchimento de potencial – esses medos são comuns a todos nós.
As primeiras vezes que você encontrar tais medos, você pode querer rapidamente retornar para a segurança ilusória da vida como um rato. Mas se você continuar exercitando sua coragem, você vai eventualmente amadurecer ao ponto onde você pode abertamente aceitar os desafios e responsabilidades de vida de um ser humano totalmente consciente. Continuar a viver como um roedor simplesmente não terá mais significado para você. Voce irá admitir, nos mais profundos recônditos de seu ser: Eu acordei para esse incrível potencial em mim, e eu aceito o que quer que ele requeira de mim. O que quer que isso me custe, o que quer que eu tenha de sacrificar para seguir esse caminho, peça. Eu estou pronto. Mesmo que você ainda experimente medo, você o reconhecerá pela ilusão que é, e saberá como usar sua coragem humana para encará-lo, de tal modo que o medo não mais terá o poder de pará-lo.
Aceite a Audaciosa Aventura
Enquanto você desenvolve um senso de verdadeiro propósito na vida, você pode começar a sentir uma desconexão importuna entre sua situação de vida atual e a vida em que visualiza estar. Esses dois mundos podem parecer tão diferentes que você não pode mentalmente conceber como construir uma ponte entre eles. Como você conseguiria balancear a realidade prática de tomar conta de suas obrigações tridimensionais como ganhar dinheiro para pagar suas contas e impostos, agradar seu chefe, cuidar de sua família, e manter responsabilidades sociais com pessoas que nem estão ligadas com o que você está passando versus a nova visão de si mesmo que você desesperadamente trazer à realidade? Um inteiro grupo de novos medos parecem se reunir, relacionados a essa aparente mudança impossível. Como você irá se sustentar? O que irá acontecer com seus relacionamentos? Estará você apenas se iludindo?
O melhor conselho que eu posso dar aqui é: esqueça de tentar construir uma ponte. Ao invés disso, foque em independentemente começar o processo de manifestar a nova visão de si mesmo a partir do início, como se fosse uma linha totalmente separada em sua vida. Se isso cria uma incongruência temporária na sua vida, faça-a assim mesmo. Por exemplo, suponha que você trabalha atualmente como um advogado de divórcios, mas sua coragem diz que você deve eventualmente abandonar tal trabalho. Você enxerga a si mesmo ensinando apaixonadamente a casais como curar seus relacionamentos. Mas você não pode nem imaginar a si mesmo, como um advogado, tentando falar sobre relacionamentos saudáveis, e além desse problema, você não consegue ver nenhuma forma de viver decentemente nessa nova carreira, ao menos não rapidamente. Há simplesmente uma desconexão muito grande entre a nova visão e a realidade prática. Então ao invés de tentar tapar os buracos, apenas começe a construir sua nova visão totalmente do zero em qualquer tempo vago que você tenha, mesmo que seja somente uma ou duas horas por semana. Continue fazendo seu trabalho normalmente como um advogado, mas em seu tempo livre, comece a publicar textos anonimamente em fórums de relacionamentos para dar conselhos a casais sobre como curar seus relacionamentos. Use suas habilidades de oratória que adquiriu como advogado para começar a palestrar para pequenos grupos sobre cura de relacionamentos. Pode também criar um novo site na web, e começar a escrever e publicar artigos sobre sua nova paixão. Você não precisa esconder o fato que trabalha como advogado, mas não se preocupe em construir uma ponte entre esses mundos. Viva em paradoxo. Apenas comece a desenvolver seu novo Você, e permita que o antigo continue em paralelo por um tempo.
O que vai acontecer é que você vai desenvolver habilidades em sua nova iniciativa, e irá eventualmente estar apto a se sustentar com isso, mesmo que não consiga ver como nesse momento. Você pode não ver como irá se sustentar em sua nova visão, mas não tem problema. Apenas comece assim mesmo, fazendo de graça, sem nenhuma preocupação sobre como torna-la em uma nova carreira de tempo integral. Pacientemente espere por clareza; você irá eventualmente encontrar um caminho para fazer dar certo. Então quando a época for certa, você poderá pacificamente abandonar a antiga carreira e focar toda sua energia na nova. Em algum ponto você vai poder comprometer-se totalmente para o seu novo Eu. Sua paixão pelo novo trabalho irá invariavelmente esmagar seus medos de deixar para trás sua antiga fonte de estabilidade. Então, ao invés de tentar transformar sua antiga carreira em sua nova, apenas comece o processo de construir a nova, e deixe a antiga gradualmente apagar. Mesmo que você só possa investir uma hora por semana nesse novo empreendimento, você irá provavelmente descobrir que essa hora é mais prazerosa que todas as outras horas juntas, e essa paixão irá direcioná-lo para encontrar um meio de gradualmente crescer essa presença até que preencha a maioria dos seus dias. A coisa mais importante é começar agora por introduzir sua nova visão de si mesmo na sua vida diária, mesmo que você só possa fazê-lo em uma pequena quantidade.
Não importa quão difícil isso possa parecer, faça a escolha de viver conscientemente. Não sucumba à realidade meio-consciente de pensamentos baseados em medo, preenchendo sua vida com distrações para evitar encarar o que você sente naqueles espaços silenciosos entre seus pensamentos. Ou você exercita seus dotes humanos de coragem e vai progressivamente treinando sua força para enfrentar seus mais profundos e tenebrosos medos para viver como o ser poderoso que realmente é, ou admita que seus medos são grandes demais, e abrace a vida como um roedor. Mas faça essa escolha conscientemente e com total percepção das consequências. Se você vai deixar o medo vencer a batalha da sua vida, então proclame-o vitorioso e desista da luta. Se você simplesmente evita viver consciente e corajosamente, então isso é o equivalente a desistir da vida em si mesma, onde sua existência restante se torna um pouco mais do que um período de espera antes da morte física – o nada como sendo o oposto à audaciosa aventura.
Não morra sem embarcar na corajosa aventura que sua vida deveria ser. Você pode ir à falência. Você pode experimentar falhas e rejeições repetidamente. Você pode ter de passar por múltiplos relacionamentos disfuncionais. Mas essas são apenas pedras ao longo do caminho de uma vida vivida corajosamente. Elas são suas vitórias privadas, esculpindo um espaço mais profundo dentro de você para ser preenchido pela abundância da alegria, felicidade e satisfação. Então vá em frente e sinta o medo – então convoque a coragem para seguir seus sonhos mesmo assim. Isso sim é força invencível!
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Escrito e publicado originalmente por Steve Pavlina em The Courage to Live Consciously. Thank you for this amazing article, Steve!
#consciência #Virtudes
Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/a-coragem-para-viver-conscientemente