Foi no ano de 538 D.C que o Budismo se introduziu no Japão. Junto com ele, vieram as estátuas de Buda, antigos sutras, bem com o incenso. Daquele momento em diante, o incenso de tornou uma parte inseparável da história japonesa e seu uso se espalhou pelo país.
Lafcadio Hearn, estudioso da cultura japonesa, escreveu que “aonde quer que o budismo resida, há incenso. Em cada casa que contém um templo ou tábuas budistas, incenso é queimado de tempos em tempos, e até mesmo nas partes mais remotas do país, você encontrará incenso queimando diante de imagens esquecidas – pequenas imagens de pedra de Fudô, Jizô ou Kannon (Kwan Yin)”.
Nessa época, o rei Shomyo de Kudara enviou uma coleção de sutras, incenso, uma imagem de Buda e um conjunto completo de móveis para um templo. Outros monges budistas trouxeram incenso para o Japão. O principal incenso que eles trouxeram foi uma mistura picada chamada Shoko. As misturas variam de acordo com as práticas, assim como ainda são feitas em algumas tradições budistas. Muitas vezes, uma certa cerimônia ou meditação exigirá um tipo de incenso único, ao contrário de uma complexa combinação de ingredientes.
Há três materiais usados para incenso que são associados às três famílias búdicas da Mandala Taizoukai, ou Mandala do Ventre do Mundo, em antigos textos budistas. A Aquilária é associada a Vairocana (Dainichi Nyorai), representante da Família Buda, e simboliza a transmutação do “veneno da ignorância”. O Sândalo é associado à Família do Lótus e simboliza a transmutação do “veneno do apego”. O Cravo é associado à Famíia da Sabedoria e simboliza a transmutação do “veneno da aversão”. Esses incensos podem ser usados individualmente para uma prática específica, ou combinados como um “incenso todo-poderoso”.
Às vezes esses tipos de incenso não estão disponíveis. Algumas substituições são permitidas pelos monges budistas, nas quais se inclui Patchouli, Cássia, Canela, dentre outros. Dessa forma, isso torna difícil distinguir que tipos de incenso vieram das substituições budistas e que tipos vieram da medicina chinesa, que foi posteriormente introduzida no Japão. Muito se discute até que ponto a medicina tradicional chinesa influenciou as misturas de incenso budista, mas os três tipos de incenso acima mencionados são os tradicionais utilizados por esta tradição.
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