Etimologia
“Música” deriva do grego mousike por intermédio do latim musica. Formada no grego da palavra mousa, a Musa, que vem do egípcio, e da terminação grega ike. A palavra egípcia mas ou mous, significa geração, produção ou desenvolvimento a partir de um princípio. Ela é composta pela raiz ash, que expressa tudo o que gera, desenvolve ou se manifesta, cresce ou toma forma exterior. Ash significa, em muitas línguas, unidade, o ser único, Deus, e mous se aplica a tudo que é fecundo, formativo, gerador.
A terminação ike indica que uma coisa está relacionada a outra por semelhança, ou que tem dependência ou uma emanação dela. Possui ligação com a palavra celta aik, que significa igual, e que vem da raiz egípcia e hebraica ach, símbolo de identidade, igualdade e fraternidade. Normalmente traduzida por “irmão“, no hebraico Ach é composta por duas letras, o Aleph e o Kaph.
Magia
Aqui tem início a minha grande viagem, na Kabbalah, estas letras representam o caminho 11 e o caminho 21, respectivamente. O 11º caminho é o da Inteligência Cintilante, é a vitória sobre os véus da ilusão que se desfazem pelo poder da Luz emanado de Kether. Tem como título “O Espírito Santo”, o que explica a visão de alguns autores quando dizem que a Música é uma graça divina dada pelo Espírito, vinda do céu para a Terra.
O caminho 21 é o da Inteligência Conciliatória e da Recompensa. A trajetória deste caminho se realiza por intermédio do misticismo da natureza e das artes, considerados em seus mais puros e mais elevados aspectos, fundados em uma fé natural cuja inspiração vem da beleza e harmonia do Logos refletidos no Universo.
No Tarot, os arcanos correspondentes a estes caminhos são: “O Louco” (Sopro divino, idéia de criação, criação divina) e “A Roda da Fortuna” (ciclo da vida, os quatro elementos: Fogo, Água, Terra e Ar) Numa interpretação quase literal e sem muita profundidade do Tarot (dentro do contexto musical) as duas cartas revelam uma idéia de criação divina a partir dos quatro elementos. Numa orquestra, ou num pequeno grupo musical, cada naipe de instrumentos pode facilmente representar cada um dos quatro elementos.
Neste caso, instrumentos musicais, como tambores, chocalhos, baquetas, e pandeiros representam o elemento Terra. Flautas, clarinetes, oboés, trompas, ficam com o elemento Ar. Violinos, violões, liras, harpas e outros instrumentos de corda representam o elemento Fogo. Por fim, instrumentos de percussão (normalmente fabricados de metal) como sinos, címbalos, triângulos, gongos, carrilhões e pratos (cymbal) estão associados ao elemento Água.
Nessa altura, nem preciso dizer que compositor/maestro = mago, aquele que domina a linguagem dos deuses através dos quatro elementos.
Concepções
Pasquale Bona, compositor e teórico musical italiano, define música como “a arte de manifestar os diversos afetos da nossa alma mediante o som.” Apesar de simples, não deixa de ser verdade. Robert Schuman, compositor alemão, vem a dizer: “Sou tocado por tudo que acontece no mundo… e então sinto vontade de expressar meus sentimentos na música.” Mas o inverso também ocorre, Claudio Monteverdi, compositor italiano do período barroco dizia que: “o objetivo de toda boa música é tocar a alma.”
Platão nos ensina que: “A música é um meio mais poderoso do que qualquer outro porque o ritmo e a harmonia têm a sua sede na alma. Ela enriquece esta última, confere-lhe a graça e ilumina aquele que recebe uma verdadeira educação.”
Sou da opinião de que a música é a linguagem dos deuses revelada aos humanos, e sua finalidade esta diretamente ligada com nossa harmonização com a divindade. E isso não pode ser outra coisa a não ser uma forma ou um sistema de magia.
Não por acaso, Alan Moore inclui esta forma de magia em sua própria definição do que é a magia: “Magia é arte, e essa arte, seja a escrita, a música, a escultura ou qualquer outra forma é literalmente magia. A arte é como a magia, a ciência de manipular símbolos (notas musicais), para operar mudanças de consciência.”
A partir desta postagem pretendo abordar a música nos seus aspectos mais elementares e ao mesmo tempo mais profundos, não apenas demonstrando as referências ocultistas contida nas obras dos grandes mestres, mas sua utilidade prática como magia.
Próximo post: A origem das notas musicais, melodia, harmonia e ritmo.
Referências
A Música e a Ciência se encontram – Leinig, C. E.
Música explicada como Ciência e Arte – Olivet, A. F.
Wikipedia de Ocultismo
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Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/m%C3%BAsica-origens-e-concep%C3%A7%C3%B5es