“O Ilimitado gera o limitado, isto é o absoluto (Taiji). O Taiji gera as duas aparências, o yin e o yang. As duas aparências geram as quatro imagens, pequeno yin, grande yin, pequeno yang, grande yang. As quatro imagens agem sobre os oito trigramas, e oito vezes oito resulta em sessenta e quatro hexagramas”.
Esta é a tradução de um pequeno poema composto por Fu Hsi, tido como o criador do I Ching, para explicar as suas relações.
Os oito trigramas são refinamentos do Taiji, o yin e o yang, e por isso também se encontram em constante movimento. Combinados, eles formam os sessenta e quatro hexagramas que pautam a consulta oracular. Por isso, é importante estudar o seu significado, seu simbolismo e suas relações, pois é através da interação entre os dois trigramas e de suas linhas (que podem ser móveis ou fixas) que obtemos a interpretação do hexagrama.
Para hoje, reservo apenas a análise dos trigramas.
Céu (Ch’ien), o Criativo – Três linhas yang representam o Céu. Este trigrama significa o Pai, o Criador, o Céu, o começo da criação, a força, a elevação espiritual. É o trigrama que contém o máximo de energia yang. Está associado ao movimento Metal (agora que vocês já sabem que os cinco elementos chineses não são elementos, mas movimentos, passarei a usar esse termo), pois o Metal, para os chineses, está associado também às pedras preciosas que são geradas no seio da terra, como o cristal que, se polido, é claro e transparente, e que representa o processo de transmutação.
Lago (Tui), a Suavidade – Uma linha yin sobre duas linhas yang representam o Lago. Este trigrama significa a Filha mais Nova, a Alegria e a Suavidade. Está associado ao movimento Metal, pois a sua imagem representa um espelho: a linha yin no topo é a água que reflete o céu, representado pelas duas linhas yang abaixo. Da mesma forma que um espelho apenas reflete o que existe, seja bom ou ruim, o Lago também associa-se ao pântano.
Fogo (Li), a Luminosidade – Uma linha yin cercada por duas linhas yang representam o Fogo. Este trigrama significa a Filha do Meio, o Sol, a Luz que a todos ilumina. Está associado ao movimento Fogo, e sua imagem representa o Sol que brilha no meio do Céu.
Trovão (Chen), o Incitar – Uma linha yang debaixo de duas linhas yin representam o Trovão. Este trigrama significa o Filho mais Velho, o Incitar, o movimento ascendente. Está associado ao movimento Madeira, pois a sua imagem é a de uma semente que germina debaixo da terra, representada pelas duas linhas yin no topo do trigrama.
Vento (Sun), a Serenidade – Uma linha yin debaixo de duas linhas yang representam o Vento. Este trigrama significa a Filha mais Velha, a Serenidade, o Vento que Penetra em todas as frestas e alcança a todos. Está associado ao movimento Madeira, pois o vento só é perceptível quando dobra suavemente os galhos das árvores.
(A Madeira é o que une o Céu com a Terra, e tanto o Trovão quanto o Vento fazem essa ligação: o Trovão é a energia yin da semente que sobe, o Vento é a energia yang do Céu que desce).
Água (Kan), o Abismo – Uma linha yang cercada por duas linhas yin representam a Água. Este trigrama significa o Filho do Meio, a Lua, a água em movimento, o Abismo, o Perigo. Está associado ao movimento Água, e sua imagem representa a água que corre pela Terra, pelas rochas e pelos desfiladeiros, daí conotando perigo.
Montanha (Ken), a Quietude – Uma linha yang no topo de duas linhas yin representam a Montanha. Este trigrama significa o Filho mais Novo, a Quietude, a Parada, o Repouso. Está associado ao movimento Terra, e sua imagem representa a Terra elevando-se aos Céus.
Terra (Kun), o Receptivo – Três linhas yin representam a Terra. Este trigrama significa a Mãe, a Vida, o Receptivo, a Terra que recebe a energia Criativa para dar frutos. Está associado ao movimento Terra e contém o máximo de energia yin.
Postagem original feita no https://mortesubita.net/asia-oculta/os-oito-trigramas/