A Imagem do Ciclo de Manifestação

Paulo Jacobina*

Excerto de A Manifestação

Confira a primeira parte deste artigo, explicando os Conceitos Base da Manifestação aqui.

A Imagem em destaque é uma representação alegórica do Ciclo da Manifestação e, tendo em vista que toda a manifestação, independente da forma adotada, encontra-se submetida às mesmas regras básicas, ao se compreender as chaves de interpretação contidas na imagem, pode-se aplicar tal compreensão a todas as formas manifestas. Assim, visando-se o resgate da consciência, serão abordados, de forma didática, os símbolos que compõem a imagem alegórica.

Apesar de se tratar de uma imagem estática, ela representa o Ciclo da Manifestação, e, portanto, o movimento existe em seu interior, bem como todos os símbolos se encontram difundidos por toda a imagem. A imagem é una, formada por um conjunto de partes que a integram de maneira indissociável e a sua divisão realizada a seguir, na mais é que um mecanismo didático visando facilitar a compreensão.

Ao se observar a imagem em destaque, percebe-se que ela apresenta um formato vagamente circular; uma série de símbolos e cores; e diversas linhas, que podem se encontrar contínuas ou pontilhadas, bem como retas ou onduladas.

O Círculo

Embora a imagem seja vagamente circular, ela possui indicações de que se expande ao infinito, fazendo com que as ondulações mais externas diminuam até se tornarem um círculo perfeito.

Esse círculo é o Ciclo da Manifestação, trazendo consigo os simbolismos da Totalidade; do número 1 (um); do Sol; da Unidade, do Chrestos, da Mônada; do Todo; d’Aquele que É.

Embora esses simbolismos estejam associados a conceitos de Deus, deve-se lembrar que a imagem trata do Manifesto e não do Imanifesto, ou seja, ela representa os símbolos da manifestação do Imanifesto, mas sem simbolizar, de fato, o Imanifesto, uma vez que Ele é incognoscível.

Linha Mediana Horizontal

Dentre todas as marcações apresentadas na imagem, a primeira a ser analisada é a linha mediana equatorial, que divide a imagem em duas metades, uma meridional, localizada abaixo, e uma setentrional, localizada acima.

A Linha Mediana Horizontal é a marcação que simbolicamente divide a unidade, transformando-a na dualidade, representada pelo número 2 (dois). Simbolizando o espelho no qual a metade que está em cima é um reflexo invertido da metade que se encontra em baixo, tal qual a metade inferior representa o reflexo invertido da metade superior.

A metade meridional está associada aos simbolismos da noite; do inverno; da reclusão da matéria e preponderância do espiritual; da energia Yin; da energia negativa; da passividade; da gestação; do princípio feminino; do frio; da absorção; da terra; da lua; do gelado; do silêncio; do inconsciente; da intuição; do escuro; do elemento terra; do mercúrio; do fixo.

Enquanto a metade setentrional está ligada aos simbolismos do dia; do verão; da preponderância da matéria e reclusão do espiritual; da energia Yang; da energia ativa; da atividade; da fecundação; do princípio masculino; do calor; da penetração; do céu; do sol; do quente; do som; do consciente; da lógica; do claro; do elemento fogo; do enxofre; do móvel.

Apesar de cada metade da imagem se encontrar associada a determinados simbolismos, isso não significa que os simbolismos da metade oposta não existam nela. O que ocorre é que os simbolismos de cada metade são os predominantes naquela metade, pois a imagem representa estaticamente o Ciclo, que é composto por fatores em movimento.

Ademais, como a própria ideia da dualidade está associada ao espelho, tem-se que cada um dos lados é o oposto, o inverso do outro, e não que eles sejam completamente distintos, apenas que estão organizados de forma inversa e, ao se fundirem, formam a Unidade.

Ao passo que a linha mediana horizontal divide a imagem em duas metades, como um espelho de duas faces, ela, ao realizar essa divisão, cria um terceiro símbolo, o da ocorrência de uma transição entre os significados da metade superior com os da metade inferior, também representado pelo simbolismo do sal ou do arsênico; e o do número três.

Contudo, como a linha é o espelho de duas faces, a transição se manifesta de forma invertida de acordo com o caminho a ser seguido.

O lado esquerdo da linha simboliza o nascer do sol; às seis horas; marca o início do dia; o fim da noite; o equinócio da primavera; a alvorada; o elemento ar.

Por sua vez, o lado direito da linha simboliza o pôr-do-sol; às dezoito horas; marca o fim do dia; o início da noite; o equinócio de outono; o crepúsculo; o elemento água.

Os dois lados da linha significam a mesma coisa, mas em caminhos opostos, dando origem ao simbolismo do número 4 (quatro), também expresso na Cruz.

Linha Mediana Vertical

A linha mediana vertical divide a imagem em duas partes iguais, a da direita e a da esquerda; que são as formas da manifestação verificada no simbolismo da transição ocorrida no espelho de duas faces da linha mediana horizontal.

A metade da direita está associada ao simbolismo do outono; à diminuição do dia e ao aumento da noite; diminuição da preponderância material; crescimento da preponderância espiritual.

Já a metade da esquerda está associada ao simbolismo da primavera; ao aumento do dia e diminuição da noite; crescimento da preponderância material; diminuição da preponderância espiritual.

Tal qual ocorre com a metade meridional e a setentrional, as metades da direita e da esquerda também são idênticas, mas dispostas em sentidos opostos, como uma imagem vista em um espelho.

À proporção que a linha mediana vertical divide a imagem em duas metades, os seus lados também apresentam significados.

O lado de baixo da linha simboliza a morte e a fecundação; a meia noite; o ápice das energias da metade setentrional da imagem; o solstício de inverno.

A seu turno, o lado de cima da linha simboliza a meia-idade; o meio dia; o ápice das energias da metade meridional da imagem; o solstício de verão.

A Cruz

Unindo-se as duas linhas medianas, forma-se a figura de uma cruz de braços iguais. Cada um desses braços está associado a alguns símbolos que lhe são predominantes.

O braço inferior está associado ao simbolismo do elemento terra, como a manifestação das formas e a correlação com a saúde, o corpo, a força e a resiliência. Também está ligado à representação da energia negativa e ao ápice do inverno, representado pelo solstício de inverno.

O braço da esquerda está associado ao simbolismo do elemento ar, com a manifestação do intelecto e a correlação com a comunicação, ao intercâmbio. Também está ligado à representação da energia positiva e ao ápice da primavera, representado pelo equinócio de primavera.

O braço superior está associado ao simbolismo do elemento fogo, com a manifestação da vontade e a correlação com a expansão, a conquista, a coragem, a paixão. Também está ligado à representação da energia positiva e ao ápice do verão, representado pelo solstício de verão.

O braço da direita está associado ao simbolismo do elemento água, com a manifestação da intuição e correlação com a compaixão, a sensibilidade, a imaginação, a abnegação. Também está ligado à representação da energia negativa e ao ápice do outono, representado pelo equinócio de outono.

As Estações

Unindo-se as duas linhas medianas, obtém-se uma cruz na qual os seus braços simbolizam os pontos de ação máxima dos quatro elementos, o solstício de inverno, abaixo, associado ao elemento terra; o equinócio da primavera, à esquerda, associado ao elemento ar; o solstício de verão, acima, associado ao elemento fogo; e o equinócio de outono, à direita, associado ao elemento água.

Contudo, tais braços marcam o ponto máximo das estações, mas não o período de cada uma dessas estações. O período de cada estação se encontra delimitado por um “x”, que tem os braços projetados do centro da imagem, em ângulos de 45º, aos dos braços da cruz formada pelas linhas medianas.

Esse “x” delimita as quatro “estações” do Ciclo da Manifestação, mas isso não significa que em uma estação não se encontre presente as energias das demais estações, apenas que a energia associada àquela estação é a predominante. Cada braço deste “x” demarca tanto o início quanto o final de uma estação.

Na parte de baixo, o inverno predomina. É o momento de recolhimento como a própria origem latina do nome inverno simboliza, tempus hibernum[1]. Esse recolhimento traz a reflexão íntima da energia negativa, tanto da análise do que passou, quanto para o preparo do que está por vir.

Na parte da esquerda, a primavera[2] predomina, com o período do florescimento no qual as ações iniciadas anteriormente começam a se revelar com a ação da energia positiva, indicando o caminho que está por vir.

Na parte de cima, o verão predomina. É o período da plenitude, da energia positiva, representado pelo próprio nome latino ueranum tempus[3]. É o período no qual as ações estão em seu ápice.

Na parte da direita, a predominância é do outono. É o momento da colheita ocasionada pela energia negativa, como o próprio nome latino do outono traz[4], tempus autumnum, no qual se recebe os frutos daquilo que foi semeado.

As Fases

Com a união da cruz das medianas e com o “x” das estações, forma-se uma estrela de oito pontas como um timão, no qual oito períodos podem ser localizados entre cada braço desta estrela. Cada um desses períodos representa uma fase associada a um aspecto da consciência.

Em sentindo horário, iniciando-se do braço inferior da estrela de oito pontas, encontra-se as seguintes fases simbólicas: infância, associada ao aspecto da atenção correta; adolescência, associada ao aspecto da fala correta; juventude, associada ao aspecto da ação correta; jovem-adulto, associado ao aspecto do esforço correto; maturidade, associado ao aspecto do meio de vida correto; seni-maturidade, associado ao aspecto da concentração correta; senilidade, associado ao aspecto do pensamento correto; e ancião, associado ao aspecto da compreensão correta.

Seguindo por esse sentido, percebe-se que cada nova fase apresenta um acréscimo na consciência se comparada à fase anterior, ilustrando a jornada do Eu na Senda Infinita. A contrário senso, seguindo no sentido anti-horário, cada nova fase apresenta um decréscimo na consciência se comparada a fase que a precede, ilustrando a jornada do Agente Modelador na Senda Infinita.

Os Signos

Tendo por base a cruz, verifica-se que os seus braços representam o ápice das estações, mas há uma transição que ocorre no período entre um braço e outro.

Cada um desses períodos de transição é composto por três fases, pois a transformação, como visto anteriormente, é representada pelo simbolismo do número três. O número três é composto pelo simbolismo do princípio passivo, do ativo e do novo, decorrente da mescla dos dois anteriores.

Esses três períodos devem ser analisados sempre na seguinte sequência: de acordo com o braço da cruz se inicia a análise em direção ao braço subsequente. A primeira fase simboliza o mercúrio, o princípio volátil, passivo, cardinal; a segunda, simboliza o enxofre, o princípio fixo, ativo; enquanto a terceira fase simboliza o sal ou arsênico, o princípio transformador, mutável, decorrente da união dos símbolos das fases anteriores.

Assim, fazendo uma análise iniciada no braço inferior em direção ao braço direito, as três fases que separam os braços seguem a seguinte interpretação: mercúrio ou cardinal; enxofre ou fixo; e sal ou mutável. Contudo, caso a análise seja realizada no sentido inverso, a fase que outrora foi interpretada como mercúrio ou cardinal, passa a ser interpretada como sendo sal ou mutável; enquanto a fase enxofre ou fixo continua sendo interpretada da mesma forma, pois representa a continuidade do caminho que se está seguindo.

Tendo em vista que são quatro braços e entre cada um deles existem três fases transitórias, estabelece-se a ocorrência de doze fases, sendo cada uma dessas fases é simbolizada por um signo zodiacal.

Assim, seguindo o sentido anti-horário iniciando-se no braço inferior da cruz, encontra-se a seguinte sequência de signos ou arquétipos:

Sagitário:

O símbolo de Sagitário apresenta a dualidade existente dentro do ser. As forças que buscam sutilizá-lo e as que buscam adensá-lo. É dentro desse arquétipo que a Manifestação escolhe, por seu livre-arbítrio, o caminho a ser seguido: transforma-se de um “animal”, tomado pelo instinto, em um “homem”, seguindo à intuição ou o caminho inverso, qual seja, deixar de ser aquele que segue à intuição e transformar-se naquele que é levado pelo instinto. É nesse arquétipo que ocorre a transição entre as faixas vibracionais. Simboliza o Fogo e tem polaridade positiva.

Escorpião:

O símbolo de Escorpião representa a transformação, na qual as forças existentes naquilo que se manifestava anteriormente são transmutadas e alimentam uma nova forma. Tal transformação costumeiramente é representada pelo simbolismo do renascimento, que é o início de uma nova fase, após a morte da anterior. Simboliza a Água e tem polaridade negativa.

Libra:

O símbolo de Libra está associado à busca pelo equilíbrio. É o ponto de encontro entre dois caminhos, o que conduz ao interior e o que conduz ao exterior. Para alcançar esse equilíbrio, torna-se necessário um distanciamento e a imparcialidade do resultado a ser obtido. O equilíbrio se encontra na harmonização do caminho a ser seguido, no estabelecimento de um fluxo constante e harmônico. Simboliza o Ar e tem polaridade positiva.

Virgem:

O símbolo de Virgem se associa ao estabelecimento da potencialização das funções de cada parte integrante do todo. Estabelecendo a eficiência e, consequentemente, a fartura, a prosperidade. É neste arquétipo que o caminho a ser trilhado ganha impulso. Simboliza a Terra e tem polaridade negativa.

Leão:

O símbolo de Leão representa o arquétipo de uma fonte de força que irradia e alimenta o sistema no qual se encontra. Simboliza o Fogo e tem polaridade positiva.

Câncer:

O símbolo de Câncer representa o guardião das sensações das experiências pretéritas, que são utilizadas para pautar o caminho a ser trilhado. Simboliza a Água e tem polaridade negativa.

Gêmeos:

O símbolo de Gêmeos está associado à relação com aquilo que se encontra dividido, fragmentado. Por isso, traz em si o simbolismo do movimento existente entre aquilo que está separado. Simboliza o Ar e tem polaridade positiva.

Touro:

O símbolo de Touro corresponde à estabilização da força aplicada ao caminho que se segue. Por se tratar da estabilização, simboliza a concretude, a solidez e a busca pela sua percepção, manutenção de forma prática. Simboliza a Terra e tem polaridade negativa.

Áries:

O símbolo de Áries representa a impulsividade da criação, na qual as forças ali aplicadas proporcionam a diferenciação, a autoafirmação. Também simboliza o Fogo e possui polaridade positiva.

Peixes:

O símbolo de Peixes representa o ponto em que os opostos se tocam e qualquer coisa pode ser gerada, saindo da “prisão” na qual se encontrava. Também simboliza a Água e tem polaridade negativa.

Aquário:

O símbolo de Aquário está associado ao visionário, que revoluciona o antigo e indica um novo caminho a seguir. Também simboliza o Ar e tem a polaridade positiva.

Capricórnio:

O símbolo de Capricórnio se vincula ao conceito de fazer, de buscar construir algo que foi planejado e, por isso, associa-se à ideia de responsabilidade, de controle e disciplina. É a fase responsável por estabelecer as metas a serem cumpridas de forma objetiva e prática, adotando-se as formas necessárias para isso. Também simboliza a Terra e tem polaridade negativa.

Embora cada signo tenha a predominância de uma polaridade, por exemplo, negativa em Capricórnio e positiva em Sagitário, as duas polaridades se fazem presentes em todos os Signos.

As quatro influências:

Da mesma forma que a Manifestação ocorre de maneira integral, ao se analisar os simbolismos que atuam em cada signo, deve-se compreender que outros quatro núcleos de simbolismo também influenciam o signo em análise, tal qual ilustrado na imagem menor superior direita – Influências:

O sextil, formado por dois núcleos de consciência localizados à 60ᵒ em referência ao centro da imagem. Associado ao simbolismo do elemento ar, no qual as interações dessas influências fazem surgir reflexões positivas na esfera mental.

A quadratura, formada por dois núcleos de consciência localizados à 90ᵒ em referência ao centro da imagem. Associada ao simbolismo do elemento terra, no qual as interações dessas influências fazem surgir a necessidade de se fixar, decorrente da aplicação da energia da terra, gerando conflito entre o ímpeto natural de fluir e o de estagnar.

O trígono, formado por dois núcleos de consciência localizados à 120ᵒ em referência ao centro da imagem. Associado ao simbolismo do elemento água, no qual as interações dessas influências fazem aflorar novos e positivos sentimentos e emoções[5], associados à intuição.

A oposição, formada por um núcleo de consciência localizado à 180ᵒ em referência à Conjunção. Associada ao simbolismo do elemento fogo, no qual as interações dessas influências destacam a essência transformadora, presente no contraste decorrente dos aspectos complementares.

Além das quatro influências apresentadas na imagem menor superior direita – Influências –, na própria imagem também aparece um quinto elemento denominado “conjunção”. A conjunção, nada mais é do que o núcleo de consciência que se encontra em análise e que é influenciado, principalmente, pelos outros quatro núcleos de consciência apresentados na imagem: sextil, quadratura, trígono e oposição.

Da mesma maneira com que os outros quatro núcleos de consciência exercem influências associadas ao simbolismo dos quatro elementos básicos, o núcleo de consciência indicado como “conjunção” também possui um elemento simbólico, o quinto elemento, também chamado de quintessência, éter, akasha, dentre outros.

A interação entre esses núcleos de consciência dá origem ao simbolismo encontrado no número 5 (cinco) e no número 8 (oito).

Notas

[1] Traduzindo do latim, a expressão tempus hibernum significa tempo de hibernar.

[2] Primo uere ou princípio da boa estação.

[3] Ueranum tempus significa tempo de frutificação.

[4] Em latim, outono é tempus autumnum, que significa tempo de ocaso.

[5] Sentimento é a forma de se compreender o que se encontra dentro de si; sensação é a forma de se compreender o que se encontra fora de si; enquanto a emoção é a forma de se compreender o que se encontra fora por algo que se encontra dentro ou de se compreender o que se encontra dentro por algo que se encontra fora.


Paulo Jacobina mantêm o canal Pedra de Afiar, voltado a filosofia e espiritualidade de uma forma prática e universalis

Postagem original feita no https://mortesubita.net/astrologia/a-imagem-do-ciclo-de-manifestacao-a-manifestacao/

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