Como escreveu Alain Daniélou em seu livro “Shiva e Dioniso”, que tomei como base para esse texto: “A evolução do mundo é submetida a ciclos. Cada um desses dividido em quatro períodos denominados yugas. Essa divisão das idades do mundo era conhecido por todo mundo antigo”.
Existem muitas contradições sobre o início e a duração desses ciclos e não vou me prender a essa questão.
Apenas os últimos acontecimentos me fizeram lembrar do período que a Terra atravessa.
Kali Yuga (Sânscrito: कलियुग) “Idade do Vício” também denominada a “Idade de Ferro” e “Idade dos Conflitos” é a última das quatro etapas que o mundo atravessa ciclicamente; E ONDE NÓS ESTAMOS AGORA!!! E onde a humanidade trabalha para a sua própria destruição.
Escrituras Antigas geralmente apresentam a Kali Yuga como uma era de crescente degradação humana, cultural, social, ambiental e espiritual, onde a desordem no equilíbrio natural vai aumentando num ritmo cada vez mais acelerado, sendo simbolicamente referida como Idade das Trevas.
“A supremacia do homem sobre o mundo terrestre e a destruição gradual por ele das outras espécies vivas provocam a vingança do deus, manifestada pela loucura que inspira àqueles que se opõem a ele, loucura muito evidente no comportamento da humanidade moderna, formada por massas inconscientes conduzidas por dirigentes irresponsáveis e maléficos”. (A. Daniélou)
Alguns textos antigos realmente previram as condições que agora existem no crepúsculo da Kali Yuga. Destes, os mais antigos são os Hindus.
“Mergulhados nos recônditos da ignorância e pensando: Somos pessoas sábias e instruídas; esses loucos, expostos a mil males, erram em aventuras como cegos conduzidos por um cego.” (Mundaka Upanishad)
“Os homens serão atormentados pela inveja, irritáveis, sectários, indiferentes às consequências de seus atos. São ameaçados pela doença, pela fome, pelo medo e terríveis calamidades naturais. Seus desejos são mal orientados, seu saber utilizado para fins maléficos. São desonestos. Muitos perecerão. A classe dos nobres e dos agricultores declinam. A classe operária, durante a Idade de Kali, pretende governar… os chefes de estado são em sua maioria de origem inferior. São ditadores e tiranos.”
“Matam-se os fetos e os heróis. Os trabalhadores querem assumir papéis intelectuais, os intelectuais o dos trabalhadores. Os ladrões tornam-se reis e os reis ladrões. As mulheres virtuosas são raras. A promiscuidade propaga-se. A estabilidade e o equilíbrio desaparecem. A terra não produz quase nada em certos lugares e muito em outros. Os poderosos apropriam-se do bem público e deixam de proteger o povo. Cientistas de origem inferior são honrados como brâmanes e entregam, a pessoas que não são dignas, os segredos perigosos das ciências. Os mestres aviltam-se vendendo o saber.”
“Os homens de bem retiram-se da vida pública. Comida já cozida é vendida em praça pública. Os sacramentos e a religião também estão à venda.”
“A chuva é errática. Os comerciantes, desonestos. As pessoas que mendigam ou que procuram um emprego são cada vez mais numerosas. A linguagem é grosseira, a palavra não é mantida, a inveja é crescente. Pessoas sem moralidade pregam a virtude aos outros. A censura reina… associações criminosas formam-se nas cidades e nos países. Faltará água assim como alimentos. Os homens perderão o sentido dos valores”.
“Os ritos perecerão nas mãos de homens sem virtude. Pessoas praticando ritos transviados espalhar-se-ão por toda parte. Pessoas não qualificadas estudarão os textos sagrados e tornar-se-ão supostos peritos. Os homens matar-se-ão uns aos outros e matarão também as crianças, as mulheres e os animais. Os sábios serão condenados à morte”. (Linga Purâna)
Lembrem-se… são textos antigos… muito antigos. E é triste ver que eles acertaram em suas previsões.
Veremos no final da Idade de Ferro um fenômeno bem característico: o aparecimento de falsas religiões que, no dizer de Daniélou, afastam os homens de seu papel na criação e servem como desculpa para suas depredações… as religiões da cidade sobrepujam a religião da natureza.
“A impertinência e o orgulho com que os “crentes” atribuem a “deus” seus preconceitos sociais, alimentares, sexuais, que, aliás, variam de uma região a outra, seriam cômicos se não resultassem inevitavelmente em formas de tirania, de caráter puramente temporal. A obrigação de conformar-se com crenças e modos de ação arbitrários é um meio de aviltar e submeter a personalidade do indivíduo, do qual todas as tiranias, sejam elas religiosas ou políticas, de direita ou de esquerda, sabem servir-se muito bem”. (Alain Daniélou em Shiva e Dioniso – A Religião da Natureza e do Eros)
Mas o Kali Yuga é também um período privilegiado, onde alguns podem alcançar a perfeição em curto tempo. E excelentes mestres continuarão a praticar os ritos corretos da maneira correta. Apesar de serem um tanto difícil de serem encontrados em meio a tanta falsidade…
Oliver St John, em seu excelente artigo The Aeon of Hormaku (publicado em Stella Tenebrae – Journal of Hermética Magick Volume One Number 2 (Ordo Astri)) diz que o solstício de 21/12/2012 viu “uma reificação na Terra das forças cósmicas de um Novo Aeon.” E de acordo com os escritos do falecido Kenneth Grant, o ano de 2012 foi de grande importância para os Iniciados.
Nas palavras de St John: “Com toda a probabilidade o mundo vai acordar na manhã seguinte após o solstício, 21 de dezembro de 2012, sem perceber quaisquer mudanças notáveis. Os trens vão funcionar na hora, o lixo será recolhido e cartões de Natal serão entregues. É duvidoso que os canais de televisão e estações de rádio transmitam notícias de uma nova Ordem Mundial,ou de uma intervenção extraterrestre. Profecia não é o mesmo que previsão, e não temos nenhuma ideia de qualquer resultado material, ou se de fato deve haver um. Kenneth Grant alertou aos adeptos mágicos que eles devem preparar-se, e isso é precisamente o que estamos fazendo. Trabalho mágico Hermético exige que o aspirante fique acordado, mesmo se desconsiderarmos as teorias completamente indefinidas, o conselho é ouvido”. (Oliver St John – Welcome to the Aeon of Hormaku,2012)
Como bem me disse um dos verdadeiros sábios de nossa era: “O fim da Kali Yuga é eminente, e uma nova corrente está varrendo em nossa direção, não sem seus perigos concomitantes…. A única coisa que você pode fazer é segurar seu chapéu, pois muito possivelmente poderá estar neste planeta quando a fase inicial da Mudança ocorrer”.
Afinal, a Manifestação de Nuit está em um fim.
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Fonte: KALI YUGA – A época em que vivemos
Revisão final: Ícaro Aron Soares.
Postagem original feita no https://mortesubita.net/yoga-fire/kali-yuga-a-epoca-em-que-vivemos/