Lon Milo DuQuette, célebre ocultista, emérito escritor é um dos principais membros da Ordo Templi Orientis e da Igreja Gnóstica Católica nos Estados Unidos. Recentemente teve uma de suas obras publicada em português pela Editora Madras, trata-se do “A Magia de Aleister Crowley, Um Manual dos Rituais de Thelema”. Lon escreveu muitos livros importantes e reconhecidos, entre eles estão: “Angels, Demons & Gods of the New Millennium”, “Enochian Vision Magick” e “The Key to Solomon’s Key: Secrets of Magic and Masonry”. Junto com Christopher Hyatt publicou os excelentes “Aleister Crowley’s Illustrated Goetia: Sexual Evocation” e “Enochian World of Aleister Crowley: Enochian Sex Magick”.
Aos sessenta anos de idade, Lon está em plena atividade: além de suas inclinações literárias, DuQuette dá palestras, cursos, seminários e workshops por todo o mundo e produz séries de DVD’s como o box “The Great Work – Iniciation Into the Mysteries”.
Mesmo com uma agenda bastante atarefada e com mais de mil e-mails para responder, Lon nos concedeu uma breve entrevista para falar sobre Goetia. Com a Palavra, Lon Milo DuQuette…
1. Cada Magista possui motivações próprias para praticar a Goetia. Em sua opinião, em quais ocasiões o Magista deveria utilizar a Goetia?
DuQuette – Em minha opinião, a natureza do trabalho Goético é tal que o Magista deve ter uma estaca emocional muito forte no sucesso da evocação.
Para mim, a evocação Goética funciona melhor quando já exauri todos os outros meios para resolver um problema, ou seja, quando não tenho outra escolha.
O problema deve ser de caráter pessoal. Eu aprendi que é desastroso tentar fazer uma evocação Goética para outra pessoa ou junto com outra pessoa.
2. É possível estabelecer uma relação entre a Goetia e o conceito de Sombra de Jung? Como?
DuQuette – Eu não conheço muito sobre Jung, então prefiro não dizer.
3. Goetia é significado de baixa magia para você? Porque há tantos escritores e ocultistas que a condenam?
DuQuette – Quando você evoca um Espírito Goético, você evoca uma espécie de aventura, uma experiência incomum. Essas “aventuras” raramente são agradáveis, na maioria das vezes a experiência é completamente desagradável.
Em todo caso, a evocação terá idealmente o caráter de construir a experiência que o fortalecerá e o transformará no tipo de pessoa que fará com que a sua vontade aconteça. Frequentemente essas experiências podem ser consideradas “baixas e sujas”.
Algumas pessoas consideram Goetia como baixa magia porque na maioria das vezes esse caminho é muito áspero, árduo.
Em minha mente isso poderia ser considerado “baixo” somente porque você está lidando com forças cegas sobre as quais você jamais teve controle antes da evocação.
Isso pode parecer “baixa magia” para pessoas que pensam que Magick é só com anjinhos fofinhos.
4. Em sua opinião, qual é a importância da Goetia para a espiritualidade do Magista?
DuQuette – Pode ser vitalmente importante. Isso depende somente do Magista. Ignorar “o que está abaixo” não é uma boa idéia.
5. O que podemos aprender com essas práticas?
DuQuette – Você pode aprender muito sobre você mesmo nas operações Goéticas.
As pessoas costumam dizer que a Goetia traz o pior daquilo que está no Mago.
Eu lhes falo: Sim! É exatamente isso que deve acontecer!
Trazer o pior de você para que você possa se confrontar com isso… Conquistar isso…
Redirecionar esse poder aterrador para que ele trabalhe por você e não contra você.
6. Qual é a origem dos Espíritos da Goetia? Astaroth, por exemplo, ele possui alguma relação com a Deusa Astarte dos fenícios ou o espírito da Goetia chamado Astaroth é um ser absolutamente independente? Poderia explicar?
DuQuette – É óbvio que muitos dos 72 Espíritos listados na Goetia são corrupções de deidades pagãs. Mas de fato eu não vejo estes como sendo muito mais do que nomes ligados a arquétipos mais genéricos.
7. Conheço praticantes que não executam banimentos após as operações de Goetia. Essa prática é nociva? Os banimentos são recomendados?
DuQuette – Eu faço banimentos antes e após evocações Goéticas. Isso faz parte de minha rotina operacional. Outros Magistas podem se sentir mais confortáveis sem os banimentos. É uma questão que deve ser resolvida por eles.
8. Um espírito da Goetia pode se manifestar através da voz de um ser humano numa operação mágicka? Algo semelhante a uma “possessão” ou estado de transe? Em quais circunstâncias isso seria possível?
DuQuette – Eu acredito que sim, é claro. Eu não me preocupo como isso pode ser possível. Acima de tudo, isso é Magick…
9. Muito se fala sobre os modos de operação da goetia. Quais técnicas poderiam ser recomendadas?
DuQuette – Eu só posso falar sobre o melhor método para mim. Minha técnica é “bem baixa”. Uso uma corda fina de seda negra para fazer o círculo e um triângulo. Não uso as conjurações clássicas, prefiro fazer minhas próprias invocações e conjurações.
10. Tendo evocado o espírito o que garante que ele irá cumprir a vontade do Magista?
DuQuette – O Espírito faz aquilo que é falado ou não faz. Se ele não faz então deve-se evoca-lo novamente e ter uma conversa mais forte com ele. Se após várias tentativas o espírito não resolver cooperar, deve-se considerar a hipótese de conjurá-lo novamente para sua total aniquilação. Eu só tive que fazer isso uma vez.
11. Quais conselhos você daria aos estudantes e Magistas sobre Goetia?
DuQuette – Não mudem de idéia sobre aquilo que querem no meio de uma conjuração.
A tentação para que isso ocorra vem do Espírito que está sendo evocado. Isso foi feito contra você sua vida inteira.
fonte: http://www.mortesubita.org
#Goécia
Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/lon-milo-duquette-fala-sobre-go%C3%A9tia