No Mundo Ocidental só recentemente se fala em “mantra”, porém desde épocas remotas os orientais já utilizavam palavras e frases, na maioria das vezes sem sentido literal algum, com a finalidade de obterem certos resultados psíquicos e somáticos, constituindo-se assim os mantras.
No Ocidente, somente os iniciados “de algumas Doutrinas, como os Rosacruzes, utilizavam equivalente de mantra que são as vocalizações (emissão de sons de vogais)”.
Recentemente foi retirado o véu de mistérios que envolviam muitos conhecimentos de algumas doutrinas e com isto vários livros de ocultismo, de exercícios de mediação, de orientação para “relax”, etc. foram publicados e muitos deles inundaram o ocidente com uma série de mantas.
O termo mantra é de origem sânscrita, e de uma forma lata os mantras podem ser considerados versos de algumas obras védicas usados para encantamentos e feitiços, contudo num sentido mais profundo, significa muito mais do que isso. Em essência, não se trata propriamente de palavras de poder, e sim de combinações de sons capazes de funcionarem como suporte mágico para a mente.
A origem dos mantras é muito remota e a maior parte deles em uso atualmente foi retirado de alguns livros que os brahmanes mantiveram cuidadosamente guardados, pois cada mantra é capaz de produzir um determinado efeito físico ou psíquico imediato.
De uma certa forma os Mantras sempre foram usados na magia oriental, como se pode ver pelos MAMNTRA-TANTRA-ZASTRA, obras que se referem à magia em geral, e aos encantamentos “em particular”.
Dizem os mantra-vid (conhecimentos dos Mantras) que os mantras são mais invocações mágicas do que orações religiosas propriamente.
Um mantra também tem sentido não esotérico, tais como: linguagem sagrada, sentença, hino védico, salmo, conjuro, verso ou fórmula mística de encantamentos. Não nos interessa nesta palestra fixar com precisão o significado do termo, mas apenas analisar se eles funcionam e, se afirmativo, quais os princípios cientificamente comprovados a que estão ligados.
Nosso intento nesta palestra é explicar alguns detalhes importantes a respeito das razões dos mantras, das suas bases, desmistificando alguns aspetos e, de uma forma sucinta, advertir sobre as suas finalidades, sem esquecer de citar também as possibilidades negativas que eles podem oferecer e ainda sobre possíveis perigos que eles podem acarretar quando praticados de forma indiscriminada.
Como vimos antes, mantras, em essência, são vocalizações, são determinadas emissões sonoras com um certo ritmo, tom, e intensidade. Geralmente é constituído por palavras em significado aparente, mas cuja finalidade é proporcionar certos efeitos místicos e psíquicos. Por extensão podemos incluir nesse conceito algumas frases, palavras, ou até mesmo os sons das vogais.
Qual é, portanto, o “modus operandi” dos mantras? – Um som precisamente pronunciado pode despertar vibrações ressonantes nos mundos do hiper físico e com isso despertar reações, ativar comandos, e isso por certo se fazer sentir no mundo físico. Já vimos que uma vibração de uma determinada nota sonora ativa a vibração de todas as notas ressonantes no “Teclado Cósmico de Vibrações”.
Como citamos antes, uma vibração é suscetível de originar uma outra vibração em diferentes elementos. Quando uma nota musical é tocada num piano, mesmo que só uma corda seja golpeada, ainda assim outras cordas vibram também. Não são todas as outras cordas que vibram conjuntamente, apenas algumas. Isto é o que se chama ressonância e há leis físicas, que regem essa manifestação, sobre a qual há suficientes estudos efetuados pela ciência. Mas, não são somente outras cordas que entram em vibração, outros objetos também podem fazer isso como, por exemplos, cristais, vidros, até mesmo coisas grandes e pesadas podem vibrar quando uma nota musical é produzida.
Na verdade os sons podem ressoar até mesmo além do mundo físico, desde que no Universo tudo é integrado; no Cosmos todas as coisas se interligam. Por isto, um mantra adequado é capaz de provocar ressonância em muitos níveis cósmicos. A ressonância de um som necessariamente não se faz sentir apenas sobre a natureza física das coisas, mas também em níveis mais sutis da natureza humana. Assim é que sentimentos e emoções podem, de alguma forma, ser afetados pelos sons.
Para nós Ocidentais isto parece algo absurdo, uma tolice, tão somente uma perda de tempo, pura e simplesmente uma prática inócua, porém vejamos esse assunto com um tanto mais de profundidade, procurando estabelecer comparações com certos fenômenos acústicos conhecidos pela ciência atual.
O que é uma vogal? O que é uma palavra ou uma frase senão um som ou um conjunto de sons…? – Quando um som é emitido ele tem como fonte alguma coisa que vibra, quer seja uma corda vocal do laringe; quer seja uma corda, uma palheta, ou uma membrana de um instrumento musical, sem esquecer que até mesmo o atrito de duas superfícies podem emitir sons. Uma coisa, porém é certa, quando um som é emitido sempre deve haver algo vibrando para produzi-lo, pois se trata de uma manifestação essencialmente vibratória regida, portanto, pelas leis comuns da mecânica ondulatória, por esta razão um mantra é mais do que simplesmente uma oração religiosa. Em essência é uma forma de invocação mágica poderosa.
Eis o primeiro ponto que temos que fixar em mente: Para que possa ocorrer um efeito de um som ele deve ter vibrações precisas, pois, assim como uma nota musical de um piano não faz vibrar todas as cordas, um determinado som pode não ser ressonante com aquilo sobre o que se pretende atuar. Assim, um mantra deve ser entoado com precisão para que um determinado fim possa ser atingido.
O canto também, quando devidamente composto, tem uma finalidade esotérica precisa, bem assim como a vocalização de determinadas sílabas. Quando usadas com precisão, as vocalizações podem determinar a liberação de várias forças sobre quem canta e sobre quem escuta. Cada som tem uma freqüência vibratória própria e que ao ser entoada, cantada, ou mesmo pronunciada, pelo já citado efeito da ressonância, algum órgão do corpo começa a sofrer alterações, passando a funcionar mais ou menos ativamente. As glândulas de secreções internas que regulam muitas funções importantes do organismo respondem à ação vibratória dos sons, eis o porquê das vacas produzirem mais leite quando escutam determinadas músicas, e das galinhas botarem mais ovos em cada período de postura, com foi citado em outra palestra desta série. Não restam dúvidas de que os sons causam efeitos tanto na área somática quanto na psíquica do indivíduo e disto não se poder dizer que os mantras sejam algo sem sentido válido.
No organismo a atuação dos mantras não se faz apenas sobe as glândulas de secreções internas, também se faz sobre o próprio cérebro de uma forma bem definida. No tema O PODER DOS SONS, nós vimos como as condições emocionais podem ser afetadas pelos sons.
Já podemos compreender que os mantras atuando sobre as glândulas podem ser utilizadas para melhorar a saúde da pessoa, e mesmo para curar certas afecções, contudo não é bom esquecer que toda moeda tem duas faces, eles também podem prejudicar, por isto é vital que o discípulo seja assistido por um competente “guru” ou, mais precisamente, por um mantra-vidyâ (conhecedor dos mantras).
Afirmamos que é lícito utilizar os sons para as necessidades pessoais, mas não de modo indiscriminado. Não se deve utilizar tudo aquilo que se vai encontrando pelo mundo à fora, há necessidade de “se separar o joio do trigo”. A sensatez requer que seja investigada também a origem de um mantra antes que a pessoa passe a utilizá-lo. Do manancial de mantras que existem por aí citados em inúmeros livros e ensinados por pessoas não devidamente qualificados, perguntamos, então, se todos são capazes de desenvolver uma ação efetiva, sutil, e benéfica. Por acaso não pode alguns deles haver sido manipulados e adulterados pela “conjura”? Por acaso eles seriam imunes à ingerência de certas forças que sempre procuraram influir em todas as atividades humanas? – Evidentemente não, por isto se torna difícil se saber exatamente o que um determinado mantra é capaz de provocar numa pessoa.
Conhecemos casos de pessoas que após o uso de certos mantras, mesmo visando um fim aparentemente válido, sofreram distúrbios orgânicos sérios, ocorreram sintomas que desapareceram apenas com a suspensão dos exercícios. Por isto não se deve tentar essa prática, quando oferecida sem que haja alguma garantia dada por uma fonte idônea. Assim, podemos dizer que há mantras cuja finalidade é exatamente causar prejuízo aos seres humanos. As mãos dos “magos negros” sempre se estenderam até onde puderam e, por certo, não pouparam os mantras.
Também, podem existir mantas criados por algum incompetente e que na realidade não provocam efeito algum restando, apenas, a perda de tempo precioso que poderia ser usado para outras finalidades.
Sobre os mantras, diz a Doutrina Secreta: “É o mais eficaz e poderoso agente mágico e a primeira das chaves para se abrir a porta da comunicação entre os mortais e os imortais”.
Por meio de um mantra a mente pode entrar em “alfa”, o cérebro pode passar a vibrar numa freqüência adequada para que ocorra uma precisa expansão da consciência e assim outros planos e universos relativos possam ser abandonados”.
Tal como acontece com os símbolos e rituais, assim também determinados sons quando devidamente entoados podem servir de linguagem entre o mundo material e o de outros planos de existência.
Independentemente desta ação direta, o mantra serve também para fortalecer a vontade da pessoa, condicionando a mente para a consecução de algo que se visa obter, como aquela inerente aos símbolos e aos rituais.
Autor: José Laércio do Egito – F.R.C.
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