O que contamos no Sefirat ha Omer?

A palavra “sefirat” basicamente significa cálculo ou contagem.

O que contamos?

Conta-se coisas de valor.

Conta-se unidades de tempo até um objetivo desejado; para uma criança, poderia ser: “Quantos dias faltam para as férias?” Para um adulto: “Quantas semanas ou meses até que eu consiga meu diploma? Ou “Quantos anos até que eu possa pedir uma promoção?”

Freqüentemente os itens contados são unidades de tempo. No judaísmo, tempo tem grande valor; é proibido desperdiçá-lo, ou matar o tempo.

Na tradição Judaica, o termo “sefirá” também possui significado específico, e refere-se à contagem dos 49 dias entre Pêssach e Shavuot. Em Pêssach, o povo judeu foi redimido de um terrível período de escravidão física na “casa do cativeiro”, no Egito. Em Shavuot, que comemora D’us outorgando Seu precioso presente, a Torá, ao povo judeu no Monte Sinai, celebramos nossa passagem da Escravidão Espiritual à Liberdade Espiritual.

O objetivo da Redenção Física é a Redenção Espiritual. Sem a Espiritual, a Física nada significaria. A única fonte de moralidade é D’us; o ser humano é muito criativo, mas é incapaz de inventar um código moral. O melhor que o ser humano pode fazer por si só é estabelecer regras que impeçam a sociedade de mergulhar no caos.

A Torá prescreve um modo de vida que eleva o ser humano acima da natureza puramente física, ao nível de um ser moral e espiritual. Isso lhe possibilita entender que a consciência dentro dele foi plantada por D’us, e que ele tem a capacidade de atingir e modelar seu comportamento até determinado ponto, além daquele de seu Criador.

Ele ou ela vêm a perceber que a saída da Escravidão aconteceu apenas para tornar-se um servo novamente, mas desta vez não para servir a um ser humano chamado de “amo”, mas ao contrário, para ser um Servo de D’us, o verdadeiro Mestre do Universo.

Seu Tempo e Sua Vida

A natureza da obrigação de Sefirat Haômer é contar. O Talmud diz: “U’sfartem lachem,” – “Vocês deverão contar por si mesmos”, o que implica que cada um deve fazer sua própria contagem, individualmente. Isto significa dizer que há uma obrigação para cada pessoa de contar, de exprimir sua percepção de que outro dia de sua vida chegou, trazendo uma nova oportunidade para o crescimento espiritual. Por isso a pessoa não pode cumprir sua obrigação de contar através de ouvir a contagem feita por uma outra.

Isto é de certa forma análogo a um sorvete: se estou pronto a saboreá-lo, outra pessoa não pode fazer a bênção no meu lugar. Comer um alimento requer permissão do seu provedor, o Criador do Universo, (e não ao fabricante do sorvete). Isto é feito por uma bênção precedente: “que tudo é criado pela Sua palavra.” E também, agradecer através de uma bênção posterior.

Similarmente, no contexto de Sefirat Haômer, é “o meu tempo”, designado a mim pelo meu Criador, de tornar-me uma pessoa melhor – contando – e por isso uma outra pessoa não pode contar por mim.

Por que luto?

Durante a contagem do Ômer estamos envoltos numa espécie de luto parcial, com certas restrições de comportamento, que são aliviadas em Lag Baômer, o trigésimo terceiro dia do Ômer.

No período entre Pêssach e Shavuot uma tragédia recaiu sobre os alunos de Rabi Akiva ; quase todos faleceram. A causa da morte é atribuída a falta de respeito entre eles.

Considerando-se o fato de que o ilustre mestre tinha proclamado que a essência da Torá é “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, como poderiam então um grande número de estudantes terem ignorado o ensinamento básico de seu mestre?

O comportamento ético entre o homem e outro homem e entre o Homem e D’us pode ser chamado de principal objetivo da Torá. O Rebe explica que amor entre os estudantes de Rabi Akiva nunca faltou. Ao contrário, justamente por amor eles não aguentaram quando um colega interpretava o ensinamento do mestre de maneira diferente da que achavam certa. Começaram a ridicularizar uns aos outros com a intenção de fazer com que revissem os ensinamentos e os aplicassem conforme seu mestre, como deveriam ser, do seu ponto de vista.

O amor nunca faltou entre os alunos; o que faltou foi amor com respeito, e esta é a grande lição que podemos entender deste capítulo tão triste de nossa História.

Dois heróis

Dois gigantes da História Judaica estão envolvidos na observância dos dias de Sefirat Haômer: Rabi Akiva e seu aluno, Rabi Shimon bar Yochai.

Rabi Akiva está envolvido com o aspecto triste destes dias, porque, conforme a tradição, 24 mil estudantes seus pereceram durante este período.

Rabi Akiva demonstrou sua enorme fé superando a grande tristeza e dor da perda ao reconstruir sua yeshivá. Assim fazendo, ele reafirmou sua capacidade singular de vislumbrar a luz na mais negra escuridão.

Outro grande sábio desta época foi Rabi Shimon bar Yochai, um dos cinco alunos de Rabi Akiva que sobreviveram à tragédia. Seu nome está associado com o aspecto mais feliz de Sefirat Haômer; o dia de Lag Baômer.

Seu maior papel vivido na História Judaica é como autor do sagrado livro do Zôhar. Esta obra é a base da Torá oculta, conhecida como Cabalá, um dos alicerces da Chassidut.

Rabi Shimon foi sepultado em Meron, Israel. Todos os anos, em Lag Baômer, data de seu falecimento, dezenas de milhares de judeus reúnem-se no local para comemorar a data. Acendem tochas, dançam e cantam com grande alegria, conforme o pedido feito pelo próprio Rabi Shimon.

Fonte: Chabad.org.br

#SefirathaOmer

Postagem original feita no https://www.projetomayhem.com.br/o-que-contamos-no-sefirat-ha-omer

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